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QUADROS, Ronice Müller. Estudos de línguas de sinais: uma entrevista com Ronice Müller de
Quadros. ReVEL, vol. 10, n. 19, 2012 [www.revel.inf.br].




     ESTUDOS DE LÍNGUAS DE SINAIS – UMA ENTREVISTA COM
                             RONICE MÜLLER DE QUADROS

                                       Ronice Müller de Quadros1


                             Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC




ReVEL – Este número da ReVEL foi proposto a fim de contribuir com os
estudos sobre as línguas de sinais com a ênfase nos estudos linguísticos.
A seu ver, qual seria o estado da arte dos estudos linguísticos sobre a
Libras no Brasil?


Ronice Quadros – Os estudos linguísticos sobre a Libras no Brasil estão
começando a se estabelecer de forma mais ampla. Esses estudos tiveram início na
década de 80, com Lucinda Ferreira Brito (1984, 1990, 1993, 1995). Por exemplo,
Ferreira Brito (1984, 1993) apresentou ao mundo duas línguas de sinais brasileiras, a
língua de sinais dos centros urbanos brasileiros (atualmente referida como Libras),
focando na variante de São Paulo, e a língua de sinais Urubu-Kaapor, pertencente à
família Tupi-Guarani, uma língua usada na comunidade indígena Urubu-Kaapor do
interior do Maranhão. Nesse artigo, a autora apresenta algumas similaridades e
diferenças entre essas duas línguas. Por exemplo, na língua de sinais Urubu-Kaapor,
o uso do espaço parece ter uma flexibilidade bem maior do que na língua de sinais
usada em São Paulo, em que os sinais são realizados em um espaço bem mais restrito.
Por outro lado, ambas as línguas usam os intensificadores e os quantificadores depois
do nome ou incorporados ao nome.




1
    Webpage: http://www.ronice.cce.prof.ufsc.br/.


ReVEL, v. 10, n. 19, 2012                                                ISSN 1678-8931 363
Ainda a década de 90, contaram com produções acadêmicas pontuais em diferentes
estados do país. Felipe (1998), Karnopp (1994, 1999) e Quadros (1997, 1999) são
exemplos desta fase das pesquisas sobre a Libras.


Felipe (1998) apresenta uma descrição tipológica para os verbos da Libras. A autora
apresenta os verbos em duas classes principais, aqueles que não apresentam flexão e
os que apresentam flexão. Os primeiros são verbos de flexão zero, pois são
produzidos sem estarem associados a algum morfema. Os segundos são referidos
como verbos direcionais pela autora. São verbos que apresentam uma trajetória de
movimento incorporada a sua raiz. A autora também apresenta os verbos quanto à
categoria semântica. Os verbos instrumentais, por exemplo, são aqueles que
incorporam o instrumento à sua raiz (como PINTAR-COM-PINCEL); os verbos de
movimento envolvem eventos (como ENTREGAR) e os verbos locativos envolvem
locativos (como IR).


Karnopp (1994, 1999) apresenta uma descrição básica da estrutura fonológica da
Libras. A autora se aprofunda no parâmetro configuração de mão e analisa os
processos fonológicos de apagamento, assimilação e substituição em uma criança
surda, adquirindo a língua de sinais brasileira. A autora baseia sua análise em dados
coletados longitudinalmente de uma criança surda, filha de pais surdos, coletados
mensalmente entre 1 e 4 anos de idade. A menina apresenta várias evidências de
aplicação de processos fonológicos. Entre eles, por exemplo, a criança apresenta
substituição de uma configuração de mão mais complexa por uma configuração de
mão mais simples: PATO produzido com a configuração de mão 5 sendo aberta e
fechada ao invés da configuração de mão com dois dedos selecionados. Esse tipo de
exemplo evidencia que crianças surdas em fase de aquisição apresentam os mesmos
processos fonológicos observados em crianças adquirindo uma língua falada.


Quadros (1997) apresenta uma análise de crianças surdas adquirindo a Libras como
primeira língua, em nível sintático. A autora apresenta uma descrição do fenômeno
do licenciamento de argumentos nulos e faz um estudo considerando o padrão de
aquisição dessas estruturas na aquisição monolíngue da Libras (L1), de dados
coletados de forma transversal, de diferentes crianças surdas, filhas de pais surdos,
adquirindo a Libras como primeira língua. A autora observa que as crianças


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produzem sentenças com pronomes nulos tanto com verbos com flexão marcada,
como com flexão não marcada. No entanto, os contextos dessas marcações
determinam a recuperação dos referentes por via sintática ou por via pragmática. O
uso da apontação, o estabelecimento de nominais no espaço, o uso do espaço fazem
parte do sistema sintático da Libras, apresentando uma evolução durante os
diferentes estágios de aquisição. Inicialmente, as crianças surdas não estabelecem os
nominais no espaço de forma apropriada. Esse uso apropriado do espaço e utilizado
de forma complexa na língua vai ser estabelecido por volta dos cinco anos de idade.


Quadros (1999) apresenta a estrutura da frase na Libras, incluindo uma análise dos
verbos simples (sem marcação de flexão) e verbos com concordância (com flexão
marcada). A autora identifica uma assimetria entre esses dois grupos de verbos que
se reflete nas estruturas geradas nessa língua. Por exemplo, o licenciamento de
pronomes nulos apresenta um comportamento diferenciado quando seleciona verbos
com ou sem concordância. Outra consequência observada no comportamento
sintático da Libras diante do tipo de verbo selecionado está relacionado com a
ordenação dos sinais. As sentenças com verbos com concordância parecem
apresentar maior flexibilidade na ordenação do que aquelas com verbos simples. A
autora também descreve estruturas com verbos “pesados” (heavy verbs), ou seja, (a)
formas produzidas por meio de classificadores que incorporam a ação verbal, (b)
verbos manuais (aqueles que incorporam instrumentos ou partes de objetos) e (c)
verbos com flexão aspectual (incorporada ao verbo por meio de mudança no padrão
do movimento). Essas estruturas sempre apresentam esses verbos na posição final,
tendo os argumentos estabelecidos em posição que antecedem esses verbos pesados,
independente da classe a qual o verbo pertence. A autora também apresenta as
sentenças com tópicos, com interrogativas e com foco. A partir de toda essa descrição,
a autora propõe duas estruturas sintáticas que podem ser aplicadas à Libras de
acordo com as duas classes verbais existentes (com e sem flexão verbal).


A partir do novo milênio, os estudos sobre a Libras começam a ganhar força. Não
podemos ignorar o acontecimento da Lei de Libras (Lei 10.436/2002) e a sua
regulamentação em 2005 (Decreto 5626/2005) como fundamentais para o
estabelecimento das pesquisas com Libras no Brasil. Com essa legislação, temos a
criação do Curso de Letras Libras, na Universidade Federal de Santa Catarina, em


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2005. Em seguida, temo esse curso criado na Universidade Federal de Goiás e na
Universidade Federal da Paraíba. O reconhecimento da Libras como língua nacional
impulsionaram os estudos sobre essa língua.


Nesse milênio, realizamos a 9o. Conferência de Questões Teóricas de Pesquisas
de/sobre Línguas de Sinais (o TISLR), em 2006, na Universidade Federal de Santa
Catarina. Esse evento também marca as produções de pesquisas com a Libras no
Brasil e fora do país. O TISLR é um evento ligado à Sociedade Internacional de
Pesquisadores de Línguas de Sinais (http://www.slls.eu) e é considerado o evento
internacional mais importante de estudos de línguas de sinais. No Brasil, reunimos
pesquisadores de 33 países apresentando pesquisas sobre diferentes línguas de sinais
e impactos teóricos para a Linguística em geral. Desse evento, foram produzidos dois
volumes disponíveis gratuitamente para download com os textos na íntegra
apresentados por ocasião do evento em inglês e uma versão com artigos selecionados
traduzidos para o português e para a Libras (Quadros, 2008; Quadros e Vasconcellos,
2008).


Vejo que a partir dos Cursos de Letras Libras, há possibilidades de se alastrarem por
todo o país contando com mais pesquisadores surdos. Isso garantirá a devida
documentação dessa língua.




ReVEL – Quais são as áreas da Linguística que têm dispensado maior
atenção à Libras e quais são as que ainda deixam a desejar?


Ronice Quadros – Como as produções acadêmicas são pontuais ainda, temos
trabalhos que envolvem diferentes áreas da Linguística. No entanto, há uma
produção intensa em pesquisas envolvendo a aquisição da linguagem, no campo da
psicolinguística. Isso se dá, em função da necessidade de responder aos problemas
identificados no desenvolvimento da criança surda. A questão da aquisição da
linguagem, portanto, torna-se fundamental (por exemplo, Karnopp, 1994; Quadros,
1995, 1997). Atualmente, a produção nesta área ganha força com a criação do Banco
de Dados de Aquisição de Língua de Sinais, do Núcleo de Pesquisas em Aquisição da




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Língua   de   Sinais   (NALS),    da    Universidade   Federal   de   Santa   Catarina
(http://www.nals.cce.ufsc.br ).


Temos também alguns trabalhos no campo da fonologia, da morfologia, da sintaxe e
da semântica e pragmática. Há alguns estudos relativos à sociolinguística, linguística
do texto e análise do discurso. Todas estas áreas requerem mais estudos. O momento
atual requer a constituição do Corpus de Libras que tem como objetivo organizar
dados com diferentes tipos textuais para estudos que podem incluir vários campos da
Linguística. O primeiro passo para a constituição do Corpus de Libras foi dado com o
desenvolvimento de um software chamado de Identificador de Sinais (www.idsinais.
Libras.ufsc.br). O Identificador de Sinais – ID – é uma ferramenta que disponibiliza
os nomes dados aos sinais para as glosas utilizados nos sistemas de transcrição, bem
como a respectiva escrita deste sinal utilizando a escrita de sinais. É uma ferramenta
que foi proposta para servir de apoio às pesquisas relacionadas com corpus de línguas
de sinais. Atualmente, o ID apresenta em torno de 1.000 sinais que foram levantados
por meio de reuniões periódicas realizadas com a equipe de pesquisa do Núcleo de
Aquisição de Línguas de Sinais – NALS. O grupo se reúne e debate sobre os sinais que
surgem nos vídeos que estão sendo descritos e “batiza” os sinais que ainda não foram
batizados. Os sinais batizados com um ID são imediatamente incorporados no
sistema de identificadores de sinais.


O futuro exige ações que viabilizem a documentação da Libras para fins de pesquisa
sobre essa língua, com a participação mais efetiva de pesquisadores surdos.




ReVEL – A relação entre uma língua oral e uma língua de sinais que
convivem juntas é semelhante a de duas línguas orais nessas condições?
Como você vê a relação entre o português e a Libras?


Ronice Quadros – As línguas de sinais estão em contato com as línguas faladas em
cada país que utilizam essas línguas. Há sim relação que decorre do contato entre
essas línguas que são comuns às línguas orais em contato. No entanto, há também
algumas implicações que decorrem da diferença de modalidade dessas línguas. As
línguas de sinais são visuais-espaciais, enquanto as línguas faladas são orais


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auditivas. Por exemplo, quando a língua de sinais toma emprestado um item lexical
da língua falada, apesar de representar esse item lexical da língua falada, ele toma
uma forma visual-espacial na língua de sinais, ou seja, entre línguas orais, o item
emprestado pode manter ou não características fonológicas de uma ou outra língua.
No caso do empréstimo para a língua de sinais, a informação fonológica não é
preservada na língua de sinais. O que passa a acontecer é que a palavra emprestada
passa a ter uma representação visual na Libras, embora tenhamos como recuperar o
fato de ser um item lexical da língua falada. Por exemplo, a palavra ‘bar’ envolve um
sinal que foi emprestado da palavra ‘bar’ em português. O sinal produzido em Libras
utiliza configurações de mão que identificam letras do português, mas produzidos
com padrão fonológico da Libras: BAR. Esse processo fonológico é típico na produção
de sinais que representaram palavras do português por meio dessas configurações de
mão. Veja que nunca tiveram a representação fonológica do português desde o
momento que foram emprestados a esta língua, apesar da relação letra-sinal existente
por meio de configurações de mão associadas a letras do alfabeto em português. Isso
decorre da modalidade da língua de sinais que é visual-espacial usada por vários
surdos que não ouvem a língua portuguesa falada.




ReVEL – Quais são as principais dificuldades a serem superadas e os
requisitos básicos a serem preenchidos quando um linguista se propõe a
pesquisar a Libras?


Ronice Quadros – O linguista que decide pesquisar a língua de sinais precisa
aprender esta língua. Para mim, esta é a grande dificuldade por parte dos linguístas
que iniciam esta empreitada. Aprender uma língua exige muita dedicação e anos de
envolvimento com pessoas que usam essa língua que extrapola a participação em
cursos de Libras, exatamente como acontece com qualquer processo de aprendizagem
de uma L2. Além disso, normalmente, o linguista não se depara com uma L2 apenas,
mas com uma M2, isto é, uma língua em uma segunda modalidade. Como a língua de
sinais apresenta a modalidade visual-espacial, o desafio do linguista é passar a olhar
para língua e analisa-la visual-espacialmente. As formas de organização de sistemas
linguísticos visuais-espaciais requerem também do linguista o desenvolvimento de
habilidades para observar e identificar os fenômenos linguísticos que são de outra


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ordem,    mesmo     que     fazendo   parte   dos   campos   linguísticos   estudados
tradicionalmente. Isso seria menos complicado para linguistas surdos que usam a
Libras, ou linguistas ouvintes bilíngues. De qualquer forma, a formação dos linguistas
atuais, normalmente, não compreende o desenvolvimento dessas habilidades. Isso
teria que ser incorporado como desafio pelo próprio linguista que decide estudar esta
língua.




ReVEL – Em seus estudos, destaca-se o interesse pela aquisição de
linguagem e pelo bilinguismo. Fale um pouco sobre como esses temas se
desenvolveram nos últimos anos e para onde estão caminhando hoje.


Ronice Quadros – Quando atuava como professora de crianças surdas na educação
infantil e na educação básica, eu não compreendia porque aquelas crianças estavam
tendo problemas com a linguagem. Em 1990, eu iniciei um projeto de estudos com os
professores da Escola Municipal Helen Keller sobre pesquisas que abordavam a
aquisição da língua de sinais em crianças surdas, filhas de pais surdos. Os estudos
sempre concluíam que o desenvolvimento da linguagem dessas crianças era normal.
Como, a maioria das crianças surdas na escola não eram filhas de pais surdos, a
conclusão era óbvia, as crianças não estão tendo acesso a uma língua visual-espacial
de forma efetiva. Elas chegam na escola tardiamente já apresentando atrasos no
desenvolvimento da linguagem. Com estes estudos como base, inicie as pesquisas
sobre a aquisição da língua de sinais, em 1992. Ao mesmo tempo, sempre havia uma
necessidade emergente de discutir a questão do acesso a língua portuguesa pelos
alunos surdos. Assim, sempre estudei a questão do bilinguismo. A aquisição de L1 e
de L2 por crianças e jovens surdos é tema do meu primeiro livro publicado em 1997,
Educação de Surdos: A Aquisição da Linguagem, pela Editora ArtMed. A partir disso,
sempre tive produções de pesquisas envolvendo tanto a aquisiçãoo da L1, como da
L2. Atualmente, meu projeto de pesquisa que me toma quase todo o tempo está
voltado para a aquisição bilíngue intermodal, ou seja, a análise do desenvolvimento
da língua de sinais e da língua portuguesa de forma simultânea. Acreditamos que
compreender como esse processo se dá, dará mais subsídios concretos para propostas
de educação bilíngue para surdos e para pessoas ouvintes que tenham interesse em se




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tornarem bilíngues intermodais. O termo intermodal aqui indica que você é bilíngue
com uma língua visual-espacial e outra oral-auditiva.




ReVEL – Você poderia sugerir algumas leituras essenciais sobre línguas
de    sinais/Libras      para     nossos     leitores     (alunos,     professores      e
pesquisadores da área de Letras e Linguística)?


Ronice Quadros – Para alunos e professores, eu posso indicar alguns livros
português que apresentam desde uma visão mais geral sobre o que seja a Libras (por
exemplo, o livro ‘O que é Libras’ da Audrei Gesser, Editora Parábola; o livro ‘Por uma
Gramática da Língua de Sinais Brasileira, da Lucinda Ferreira Brito, Editora Tempo
Brasileiro; o livro ‘Estudos Linguísticos: Língua de Sinais Brasileira’, de minha
autoria com a co-autora Lodenir Karnopp e o livro ‘Instrumentos de avaliação: língua
de sinais’, de minha autoria com a Carina Rebello Cruz, ambos da Editora ArtMed; o
livro ‘História da língua de sinais dos surdos brasileiros: um estudo descritivo de
mudanças fonológicas e lexicais da Libras, de Heloise Gripp Diniz, e as traduções de
20 textos do 9o. Encontro Internacional de Pesquisas Teóricas sobre Línguas de
Sinais, incluindo vários autores, ambos editados pela Editora Arara Azul e
disponíveis em http://editora-arara-azul.com.br). Entre estas duas publicações,
temos livros disponíveis que vão discutir questões mais aplicadas ao ensino da Libras
ou à educação de surdos (por exemplo, ‘Libras em contexto’, de Tanya Amaro Felipe,
da FENEIS; ‘Curso de Libras I, II e III, do Nelson Pimenta, nos quais sou co-autora,
da LSBvídeo; ‘Educação de Surdos: Aquisição da Linguagem’, de minha autoria, da
Editora ArtMed, os livros da série pesquisas ‘Estudos Surdos I, II, III e IV’, , incluindo
vários autores, editados pela Editora Arara Azul e disponíveis para download
gratuitamente em http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/pesquisas-em-estudos-
surdos/).


Na área específica dos estudos linguísticos, há dissertações e teses que podem servir
de referência para os pesquisadores. Seguem algumas sugestões:




ReVEL, v. 10, n. 19, 2012                                          ISSN 1678-8931 370
ADRIANO, N. A. (2010) Sinais Caseiros: uma exploração de aspectos linguisticos,
  Dissertação      do   mestrado.   Programa   de   Pós-Graduação   em    Linguística.
  Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis.
ANATER, G. I. P. (2009) As marcações linguísticas não-manuais na aquisição da
  língua de sinais brasileira(LSB): Um estudo de caso longitudinal. Dissertação do
  mestrado. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Universidade Federal de
  Santa Catarina. Florianópolis.
BARROS, M. A. (2008) ELiS - Escrita das Línguas de Sinais: proposta teórica e
  verificação prática. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina.
  Florianópolis.
CASTRO, C. de A. S. (2007) Composicionalidade semântica em Libras: fronteiras e
  encaixes. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de
  Janeiro.
COSTA, D. A. F. (2001) A apropriação da escrita por crianças e adolescentes surdos:
  interação entre fatores contextuais, l1 e l2 na busca de um bilingüísmo funcional.
  Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais.
DINIZ, Heloise Gripp (2010). A história da Libras: um estudo descritivo de
  mudanças fonológicas e lexicais. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Centro
  de Comunicação e Expressão – Universidade Federal de Santa Catarina, Santa
  Catarina.
FARIA, C. V. De S. (2003) Aspectos da morfologia da língua brasileira de sinais. Tese
  de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
FARIA, S. P. N. (2009) Representações lexicais da língua de sinais brasileira. Uma
  proposta lexicográfica. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília.
FAVORITO, W. (2006) O difícil são as palavras: representações de/sobre
  estabelecidos e outsiders na escolarização de jovens e adultos surdos. Tese de
  Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas.
FELIPE, T. (1998) A relação sintático-semântica dos verbos e seus argumentos na
  LIBRAS. Tese de doutorado. UFRJ. Rio de Janeiro.
FINAU, R. A. (2004) Os sinais de tempo e aspecto na Libras. Tese de Doutorado.
  Universidade Federal do Paraná. Curitiba.
GESSER, A. (2006) Um olho no professor surdo e outro na caneta: ouvintes
  aprendendo a língua brasileira de sinais. Tese de Doutorado. Universidade
  Estadual de Campinas. Campinas.


ReVEL, v. 10, n. 19, 2012                                      ISSN 1678-8931 371
KARNOPP, L. B. (1994) Aquisição do Parâmetro Configuração de Mão dos Sinais da
  LIBRAS: Estudo sobre quatro crianças surdas filhas de pais surdos. Dissertação de
  Mestrado. Istituto de Letras e Artes. PUCRS. Porto Alegre.
KARNOPP, L. B. (1999) Aquisição fonológica na Língua Brasileira de Sinais: Estudo
  longitudinal de uma criança surda. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre.
LEITE, T. A. de. (2008) A segmentação da língua de sinais brasileira ( Libras): Um
  estudo lingüístico descritivo a partir da conversação espontânea entre surdos. Tese
  de Doutorado. Universidade de São Paulo. São Paulo.
NASCIMENTO, G. R. P. do. (2008) Aspectos da organização de textos escritos por
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PATERNO, U. (2007) A política Linguística da rede estadual de ensino de Santa
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PIZZIO, A. L. A variabilidade da ordem das palavras na aquisição da língua de sinais
  brasileira: construções com tópico e foco. Florianópolis: UFSC. Dissertação de
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PIZZIO, A. L. A tipologia Linguística e a língua de sinais brasileira: elementos que
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QUADROS, R. M. de. (1995) As categorias vazias pronominais: uma análise
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QUADROS, R. M. de (1999) Phrase structure of Brazilian sign language. Tese de
  Doutorado. PUCRS. Porto Alegre.
QUADROS, R. M. de. (1997) Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Artes
  Médicas. Porto Alegre.
RAMOS, C. R. (2000) Uma Leitura da Tradução de Alice no País das Maravilhas para
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  Janeiro. Rio de Janeiro.
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  da língua brasileira de sinais. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de
  Janeiro. Rio de Janeiro.
SOUZA, W. P. de A. (2009) A construção da argumentação na língua brasileira de
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ReVEL, v. 10, n. 19, 2012                                      ISSN 1678-8931 372
SILVA, L. (2010) Investigando a categoria aspectual na aquisição da língua brasileira
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VIHALVA, Shirley. Mapeamento das línguas de sinais emergentes [dissertação] : um
  estudo sobre as comunidades linguísticas Indígenas de Mato Grosso do Sul .
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  Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação
  em Linguística.




Referências citadas na entrevista:


FELIPE, T. (1998) A relação sintático-semântica dos verbos e seus argumentos na
  LIBRAS. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de
  Janeiro.
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  Sign Language Studies. 42: 45-46. Linstok Press, In: Silver Spring, USA.
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FERREIRA-BRITO, L. (1995) Por uma gramática de línguas de sinais. Tempo
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KARNOPP, L. B. (1994) Aquisição do Parâmetro Configuração de Mão dos Sinais da
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  Mestrado. Instituto de Letras e Artes. PUCRS. Porto Alegre.
KARNOPP, L. B. (1999) Aquisição fonológica na Língua Brasileira de Sinais: estudo
  longitudinal de uma criança surda. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre.
QUADROS, R. M. de. As categorias vazias pronominais: uma análise alternativa com
  base na língua de sinais brasileira e reflexos no processo de aquisição. Dissertação
  de Mestrado. PUCRS. Porto Alegre. 1995.
QUADROS, R. M. de Phrase structure of Brazilian sign language. Tese de Doutorado.
  PUCRS. Porto Alegre. 1999.
QUADROS, R. M. de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Artes Médicas.
  Porto Alegre. 1997.


ReVEL, v. 10, n. 19, 2012                                       ISSN 1678-8931 373

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  • 1. QUADROS, Ronice Müller. Estudos de línguas de sinais: uma entrevista com Ronice Müller de Quadros. ReVEL, vol. 10, n. 19, 2012 [www.revel.inf.br]. ESTUDOS DE LÍNGUAS DE SINAIS – UMA ENTREVISTA COM RONICE MÜLLER DE QUADROS Ronice Müller de Quadros1 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC ReVEL – Este número da ReVEL foi proposto a fim de contribuir com os estudos sobre as línguas de sinais com a ênfase nos estudos linguísticos. A seu ver, qual seria o estado da arte dos estudos linguísticos sobre a Libras no Brasil? Ronice Quadros – Os estudos linguísticos sobre a Libras no Brasil estão começando a se estabelecer de forma mais ampla. Esses estudos tiveram início na década de 80, com Lucinda Ferreira Brito (1984, 1990, 1993, 1995). Por exemplo, Ferreira Brito (1984, 1993) apresentou ao mundo duas línguas de sinais brasileiras, a língua de sinais dos centros urbanos brasileiros (atualmente referida como Libras), focando na variante de São Paulo, e a língua de sinais Urubu-Kaapor, pertencente à família Tupi-Guarani, uma língua usada na comunidade indígena Urubu-Kaapor do interior do Maranhão. Nesse artigo, a autora apresenta algumas similaridades e diferenças entre essas duas línguas. Por exemplo, na língua de sinais Urubu-Kaapor, o uso do espaço parece ter uma flexibilidade bem maior do que na língua de sinais usada em São Paulo, em que os sinais são realizados em um espaço bem mais restrito. Por outro lado, ambas as línguas usam os intensificadores e os quantificadores depois do nome ou incorporados ao nome. 1 Webpage: http://www.ronice.cce.prof.ufsc.br/. ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 363
  • 2. Ainda a década de 90, contaram com produções acadêmicas pontuais em diferentes estados do país. Felipe (1998), Karnopp (1994, 1999) e Quadros (1997, 1999) são exemplos desta fase das pesquisas sobre a Libras. Felipe (1998) apresenta uma descrição tipológica para os verbos da Libras. A autora apresenta os verbos em duas classes principais, aqueles que não apresentam flexão e os que apresentam flexão. Os primeiros são verbos de flexão zero, pois são produzidos sem estarem associados a algum morfema. Os segundos são referidos como verbos direcionais pela autora. São verbos que apresentam uma trajetória de movimento incorporada a sua raiz. A autora também apresenta os verbos quanto à categoria semântica. Os verbos instrumentais, por exemplo, são aqueles que incorporam o instrumento à sua raiz (como PINTAR-COM-PINCEL); os verbos de movimento envolvem eventos (como ENTREGAR) e os verbos locativos envolvem locativos (como IR). Karnopp (1994, 1999) apresenta uma descrição básica da estrutura fonológica da Libras. A autora se aprofunda no parâmetro configuração de mão e analisa os processos fonológicos de apagamento, assimilação e substituição em uma criança surda, adquirindo a língua de sinais brasileira. A autora baseia sua análise em dados coletados longitudinalmente de uma criança surda, filha de pais surdos, coletados mensalmente entre 1 e 4 anos de idade. A menina apresenta várias evidências de aplicação de processos fonológicos. Entre eles, por exemplo, a criança apresenta substituição de uma configuração de mão mais complexa por uma configuração de mão mais simples: PATO produzido com a configuração de mão 5 sendo aberta e fechada ao invés da configuração de mão com dois dedos selecionados. Esse tipo de exemplo evidencia que crianças surdas em fase de aquisição apresentam os mesmos processos fonológicos observados em crianças adquirindo uma língua falada. Quadros (1997) apresenta uma análise de crianças surdas adquirindo a Libras como primeira língua, em nível sintático. A autora apresenta uma descrição do fenômeno do licenciamento de argumentos nulos e faz um estudo considerando o padrão de aquisição dessas estruturas na aquisição monolíngue da Libras (L1), de dados coletados de forma transversal, de diferentes crianças surdas, filhas de pais surdos, adquirindo a Libras como primeira língua. A autora observa que as crianças ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 364
  • 3. produzem sentenças com pronomes nulos tanto com verbos com flexão marcada, como com flexão não marcada. No entanto, os contextos dessas marcações determinam a recuperação dos referentes por via sintática ou por via pragmática. O uso da apontação, o estabelecimento de nominais no espaço, o uso do espaço fazem parte do sistema sintático da Libras, apresentando uma evolução durante os diferentes estágios de aquisição. Inicialmente, as crianças surdas não estabelecem os nominais no espaço de forma apropriada. Esse uso apropriado do espaço e utilizado de forma complexa na língua vai ser estabelecido por volta dos cinco anos de idade. Quadros (1999) apresenta a estrutura da frase na Libras, incluindo uma análise dos verbos simples (sem marcação de flexão) e verbos com concordância (com flexão marcada). A autora identifica uma assimetria entre esses dois grupos de verbos que se reflete nas estruturas geradas nessa língua. Por exemplo, o licenciamento de pronomes nulos apresenta um comportamento diferenciado quando seleciona verbos com ou sem concordância. Outra consequência observada no comportamento sintático da Libras diante do tipo de verbo selecionado está relacionado com a ordenação dos sinais. As sentenças com verbos com concordância parecem apresentar maior flexibilidade na ordenação do que aquelas com verbos simples. A autora também descreve estruturas com verbos “pesados” (heavy verbs), ou seja, (a) formas produzidas por meio de classificadores que incorporam a ação verbal, (b) verbos manuais (aqueles que incorporam instrumentos ou partes de objetos) e (c) verbos com flexão aspectual (incorporada ao verbo por meio de mudança no padrão do movimento). Essas estruturas sempre apresentam esses verbos na posição final, tendo os argumentos estabelecidos em posição que antecedem esses verbos pesados, independente da classe a qual o verbo pertence. A autora também apresenta as sentenças com tópicos, com interrogativas e com foco. A partir de toda essa descrição, a autora propõe duas estruturas sintáticas que podem ser aplicadas à Libras de acordo com as duas classes verbais existentes (com e sem flexão verbal). A partir do novo milênio, os estudos sobre a Libras começam a ganhar força. Não podemos ignorar o acontecimento da Lei de Libras (Lei 10.436/2002) e a sua regulamentação em 2005 (Decreto 5626/2005) como fundamentais para o estabelecimento das pesquisas com Libras no Brasil. Com essa legislação, temos a criação do Curso de Letras Libras, na Universidade Federal de Santa Catarina, em ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 365
  • 4. 2005. Em seguida, temo esse curso criado na Universidade Federal de Goiás e na Universidade Federal da Paraíba. O reconhecimento da Libras como língua nacional impulsionaram os estudos sobre essa língua. Nesse milênio, realizamos a 9o. Conferência de Questões Teóricas de Pesquisas de/sobre Línguas de Sinais (o TISLR), em 2006, na Universidade Federal de Santa Catarina. Esse evento também marca as produções de pesquisas com a Libras no Brasil e fora do país. O TISLR é um evento ligado à Sociedade Internacional de Pesquisadores de Línguas de Sinais (http://www.slls.eu) e é considerado o evento internacional mais importante de estudos de línguas de sinais. No Brasil, reunimos pesquisadores de 33 países apresentando pesquisas sobre diferentes línguas de sinais e impactos teóricos para a Linguística em geral. Desse evento, foram produzidos dois volumes disponíveis gratuitamente para download com os textos na íntegra apresentados por ocasião do evento em inglês e uma versão com artigos selecionados traduzidos para o português e para a Libras (Quadros, 2008; Quadros e Vasconcellos, 2008). Vejo que a partir dos Cursos de Letras Libras, há possibilidades de se alastrarem por todo o país contando com mais pesquisadores surdos. Isso garantirá a devida documentação dessa língua. ReVEL – Quais são as áreas da Linguística que têm dispensado maior atenção à Libras e quais são as que ainda deixam a desejar? Ronice Quadros – Como as produções acadêmicas são pontuais ainda, temos trabalhos que envolvem diferentes áreas da Linguística. No entanto, há uma produção intensa em pesquisas envolvendo a aquisição da linguagem, no campo da psicolinguística. Isso se dá, em função da necessidade de responder aos problemas identificados no desenvolvimento da criança surda. A questão da aquisição da linguagem, portanto, torna-se fundamental (por exemplo, Karnopp, 1994; Quadros, 1995, 1997). Atualmente, a produção nesta área ganha força com a criação do Banco de Dados de Aquisição de Língua de Sinais, do Núcleo de Pesquisas em Aquisição da ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 366
  • 5. Língua de Sinais (NALS), da Universidade Federal de Santa Catarina (http://www.nals.cce.ufsc.br ). Temos também alguns trabalhos no campo da fonologia, da morfologia, da sintaxe e da semântica e pragmática. Há alguns estudos relativos à sociolinguística, linguística do texto e análise do discurso. Todas estas áreas requerem mais estudos. O momento atual requer a constituição do Corpus de Libras que tem como objetivo organizar dados com diferentes tipos textuais para estudos que podem incluir vários campos da Linguística. O primeiro passo para a constituição do Corpus de Libras foi dado com o desenvolvimento de um software chamado de Identificador de Sinais (www.idsinais. Libras.ufsc.br). O Identificador de Sinais – ID – é uma ferramenta que disponibiliza os nomes dados aos sinais para as glosas utilizados nos sistemas de transcrição, bem como a respectiva escrita deste sinal utilizando a escrita de sinais. É uma ferramenta que foi proposta para servir de apoio às pesquisas relacionadas com corpus de línguas de sinais. Atualmente, o ID apresenta em torno de 1.000 sinais que foram levantados por meio de reuniões periódicas realizadas com a equipe de pesquisa do Núcleo de Aquisição de Línguas de Sinais – NALS. O grupo se reúne e debate sobre os sinais que surgem nos vídeos que estão sendo descritos e “batiza” os sinais que ainda não foram batizados. Os sinais batizados com um ID são imediatamente incorporados no sistema de identificadores de sinais. O futuro exige ações que viabilizem a documentação da Libras para fins de pesquisa sobre essa língua, com a participação mais efetiva de pesquisadores surdos. ReVEL – A relação entre uma língua oral e uma língua de sinais que convivem juntas é semelhante a de duas línguas orais nessas condições? Como você vê a relação entre o português e a Libras? Ronice Quadros – As línguas de sinais estão em contato com as línguas faladas em cada país que utilizam essas línguas. Há sim relação que decorre do contato entre essas línguas que são comuns às línguas orais em contato. No entanto, há também algumas implicações que decorrem da diferença de modalidade dessas línguas. As línguas de sinais são visuais-espaciais, enquanto as línguas faladas são orais ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 367
  • 6. auditivas. Por exemplo, quando a língua de sinais toma emprestado um item lexical da língua falada, apesar de representar esse item lexical da língua falada, ele toma uma forma visual-espacial na língua de sinais, ou seja, entre línguas orais, o item emprestado pode manter ou não características fonológicas de uma ou outra língua. No caso do empréstimo para a língua de sinais, a informação fonológica não é preservada na língua de sinais. O que passa a acontecer é que a palavra emprestada passa a ter uma representação visual na Libras, embora tenhamos como recuperar o fato de ser um item lexical da língua falada. Por exemplo, a palavra ‘bar’ envolve um sinal que foi emprestado da palavra ‘bar’ em português. O sinal produzido em Libras utiliza configurações de mão que identificam letras do português, mas produzidos com padrão fonológico da Libras: BAR. Esse processo fonológico é típico na produção de sinais que representaram palavras do português por meio dessas configurações de mão. Veja que nunca tiveram a representação fonológica do português desde o momento que foram emprestados a esta língua, apesar da relação letra-sinal existente por meio de configurações de mão associadas a letras do alfabeto em português. Isso decorre da modalidade da língua de sinais que é visual-espacial usada por vários surdos que não ouvem a língua portuguesa falada. ReVEL – Quais são as principais dificuldades a serem superadas e os requisitos básicos a serem preenchidos quando um linguista se propõe a pesquisar a Libras? Ronice Quadros – O linguista que decide pesquisar a língua de sinais precisa aprender esta língua. Para mim, esta é a grande dificuldade por parte dos linguístas que iniciam esta empreitada. Aprender uma língua exige muita dedicação e anos de envolvimento com pessoas que usam essa língua que extrapola a participação em cursos de Libras, exatamente como acontece com qualquer processo de aprendizagem de uma L2. Além disso, normalmente, o linguista não se depara com uma L2 apenas, mas com uma M2, isto é, uma língua em uma segunda modalidade. Como a língua de sinais apresenta a modalidade visual-espacial, o desafio do linguista é passar a olhar para língua e analisa-la visual-espacialmente. As formas de organização de sistemas linguísticos visuais-espaciais requerem também do linguista o desenvolvimento de habilidades para observar e identificar os fenômenos linguísticos que são de outra ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 368
  • 7. ordem, mesmo que fazendo parte dos campos linguísticos estudados tradicionalmente. Isso seria menos complicado para linguistas surdos que usam a Libras, ou linguistas ouvintes bilíngues. De qualquer forma, a formação dos linguistas atuais, normalmente, não compreende o desenvolvimento dessas habilidades. Isso teria que ser incorporado como desafio pelo próprio linguista que decide estudar esta língua. ReVEL – Em seus estudos, destaca-se o interesse pela aquisição de linguagem e pelo bilinguismo. Fale um pouco sobre como esses temas se desenvolveram nos últimos anos e para onde estão caminhando hoje. Ronice Quadros – Quando atuava como professora de crianças surdas na educação infantil e na educação básica, eu não compreendia porque aquelas crianças estavam tendo problemas com a linguagem. Em 1990, eu iniciei um projeto de estudos com os professores da Escola Municipal Helen Keller sobre pesquisas que abordavam a aquisição da língua de sinais em crianças surdas, filhas de pais surdos. Os estudos sempre concluíam que o desenvolvimento da linguagem dessas crianças era normal. Como, a maioria das crianças surdas na escola não eram filhas de pais surdos, a conclusão era óbvia, as crianças não estão tendo acesso a uma língua visual-espacial de forma efetiva. Elas chegam na escola tardiamente já apresentando atrasos no desenvolvimento da linguagem. Com estes estudos como base, inicie as pesquisas sobre a aquisição da língua de sinais, em 1992. Ao mesmo tempo, sempre havia uma necessidade emergente de discutir a questão do acesso a língua portuguesa pelos alunos surdos. Assim, sempre estudei a questão do bilinguismo. A aquisição de L1 e de L2 por crianças e jovens surdos é tema do meu primeiro livro publicado em 1997, Educação de Surdos: A Aquisição da Linguagem, pela Editora ArtMed. A partir disso, sempre tive produções de pesquisas envolvendo tanto a aquisiçãoo da L1, como da L2. Atualmente, meu projeto de pesquisa que me toma quase todo o tempo está voltado para a aquisição bilíngue intermodal, ou seja, a análise do desenvolvimento da língua de sinais e da língua portuguesa de forma simultânea. Acreditamos que compreender como esse processo se dá, dará mais subsídios concretos para propostas de educação bilíngue para surdos e para pessoas ouvintes que tenham interesse em se ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 369
  • 8. tornarem bilíngues intermodais. O termo intermodal aqui indica que você é bilíngue com uma língua visual-espacial e outra oral-auditiva. ReVEL – Você poderia sugerir algumas leituras essenciais sobre línguas de sinais/Libras para nossos leitores (alunos, professores e pesquisadores da área de Letras e Linguística)? Ronice Quadros – Para alunos e professores, eu posso indicar alguns livros português que apresentam desde uma visão mais geral sobre o que seja a Libras (por exemplo, o livro ‘O que é Libras’ da Audrei Gesser, Editora Parábola; o livro ‘Por uma Gramática da Língua de Sinais Brasileira, da Lucinda Ferreira Brito, Editora Tempo Brasileiro; o livro ‘Estudos Linguísticos: Língua de Sinais Brasileira’, de minha autoria com a co-autora Lodenir Karnopp e o livro ‘Instrumentos de avaliação: língua de sinais’, de minha autoria com a Carina Rebello Cruz, ambos da Editora ArtMed; o livro ‘História da língua de sinais dos surdos brasileiros: um estudo descritivo de mudanças fonológicas e lexicais da Libras, de Heloise Gripp Diniz, e as traduções de 20 textos do 9o. Encontro Internacional de Pesquisas Teóricas sobre Línguas de Sinais, incluindo vários autores, ambos editados pela Editora Arara Azul e disponíveis em http://editora-arara-azul.com.br). Entre estas duas publicações, temos livros disponíveis que vão discutir questões mais aplicadas ao ensino da Libras ou à educação de surdos (por exemplo, ‘Libras em contexto’, de Tanya Amaro Felipe, da FENEIS; ‘Curso de Libras I, II e III, do Nelson Pimenta, nos quais sou co-autora, da LSBvídeo; ‘Educação de Surdos: Aquisição da Linguagem’, de minha autoria, da Editora ArtMed, os livros da série pesquisas ‘Estudos Surdos I, II, III e IV’, , incluindo vários autores, editados pela Editora Arara Azul e disponíveis para download gratuitamente em http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/pesquisas-em-estudos- surdos/). Na área específica dos estudos linguísticos, há dissertações e teses que podem servir de referência para os pesquisadores. Seguem algumas sugestões: ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 370
  • 9. ADRIANO, N. A. (2010) Sinais Caseiros: uma exploração de aspectos linguisticos, Dissertação do mestrado. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. ANATER, G. I. P. (2009) As marcações linguísticas não-manuais na aquisição da língua de sinais brasileira(LSB): Um estudo de caso longitudinal. Dissertação do mestrado. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. BARROS, M. A. (2008) ELiS - Escrita das Línguas de Sinais: proposta teórica e verificação prática. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. CASTRO, C. de A. S. (2007) Composicionalidade semântica em Libras: fronteiras e encaixes. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. COSTA, D. A. F. (2001) A apropriação da escrita por crianças e adolescentes surdos: interação entre fatores contextuais, l1 e l2 na busca de um bilingüísmo funcional. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais. DINIZ, Heloise Gripp (2010). A história da Libras: um estudo descritivo de mudanças fonológicas e lexicais. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Centro de Comunicação e Expressão – Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina. FARIA, C. V. De S. (2003) Aspectos da morfologia da língua brasileira de sinais. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. FARIA, S. P. N. (2009) Representações lexicais da língua de sinais brasileira. Uma proposta lexicográfica. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. FAVORITO, W. (2006) O difícil são as palavras: representações de/sobre estabelecidos e outsiders na escolarização de jovens e adultos surdos. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas. FELIPE, T. (1998) A relação sintático-semântica dos verbos e seus argumentos na LIBRAS. Tese de doutorado. UFRJ. Rio de Janeiro. FINAU, R. A. (2004) Os sinais de tempo e aspecto na Libras. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Paraná. Curitiba. GESSER, A. (2006) Um olho no professor surdo e outro na caneta: ouvintes aprendendo a língua brasileira de sinais. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas. ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 371
  • 10. KARNOPP, L. B. (1994) Aquisição do Parâmetro Configuração de Mão dos Sinais da LIBRAS: Estudo sobre quatro crianças surdas filhas de pais surdos. Dissertação de Mestrado. Istituto de Letras e Artes. PUCRS. Porto Alegre. KARNOPP, L. B. (1999) Aquisição fonológica na Língua Brasileira de Sinais: Estudo longitudinal de uma criança surda. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre. LEITE, T. A. de. (2008) A segmentação da língua de sinais brasileira ( Libras): Um estudo lingüístico descritivo a partir da conversação espontânea entre surdos. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. São Paulo. NASCIMENTO, G. R. P. do. (2008) Aspectos da organização de textos escritos por universitários surdos. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Pernambuco. Recife. PATERNO, U. (2007) A política Linguística da rede estadual de ensino de Santa Catarina em relação à educação de surdos. 2007, 157p. Dissertação - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. PIZZIO, A. L. A variabilidade da ordem das palavras na aquisição da língua de sinais brasileira: construções com tópico e foco. Florianópolis: UFSC. Dissertação de Mestrado, 2006. PIZZIO, A. L. A tipologia Linguística e a língua de sinais brasileira: elementos que distinguem nomes de verbos. Florianópolis: UFSC. Tese de Doutorado, 2011. QUADROS, R. M. de. (1995) As categorias vazias pronominais: uma análise alternativa com base na língua de sinais brasileira e reflexos no processo de aquisição. Dissertação de Mestrado. PUCRS. Porto Alegre. QUADROS, R. M. de (1999) Phrase structure of Brazilian sign language. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre. QUADROS, R. M. de. (1997) Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Artes Médicas. Porto Alegre. RAMOS, C. R. (2000) Uma Leitura da Tradução de Alice no País das Maravilhas para a Língua Brasileira de Sinais. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. SANTOS, D. V. dos. (2002) Estudo de línguas de sinais: um contexto para a análise da língua brasileira de sinais. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. SOUZA, W. P. de A. (2009) A construção da argumentação na língua brasileira de sinais. Tese de Doutorado. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 372
  • 11. SILVA, L. (2010) Investigando a categoria aspectual na aquisição da língua brasileira de sinais. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Linguística. VIHALVA, Shirley. Mapeamento das línguas de sinais emergentes [dissertação] : um estudo sobre as comunidades linguísticas Indígenas de Mato Grosso do Sul . Florianópolis, SC, 2009. 124 f., Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Referências citadas na entrevista: FELIPE, T. (1998) A relação sintático-semântica dos verbos e seus argumentos na LIBRAS. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. FERREIRA-BRITO, L. (1984) Similarities and Differences in Two Sign Languages. Sign Language Studies. 42: 45-46. Linstok Press, In: Silver Spring, USA. FERREIRA-BRITO, L. (1990) Epistemic, Alethic, and Deontic Modalities in a Brazilian Sign Language. In: S.D. Fisher and P. Siple (eds.) Theoretical Issues in Sign Language Research. Vol. 1. University of Chicago Press. 1990. FERREIRA-BRITO, L. (1995) Por uma gramática de línguas de sinais. Tempo Brasileiro. UFRJ. Rio de Janeiro. KARNOPP, L. B. (1994) Aquisição do Parâmetro Configuração de Mão dos Sinais da LIBRAS: estudo sobre quatro crianças surdas filhas de pais surdos. Dissertação de Mestrado. Instituto de Letras e Artes. PUCRS. Porto Alegre. KARNOPP, L. B. (1999) Aquisição fonológica na Língua Brasileira de Sinais: estudo longitudinal de uma criança surda. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre. QUADROS, R. M. de. As categorias vazias pronominais: uma análise alternativa com base na língua de sinais brasileira e reflexos no processo de aquisição. Dissertação de Mestrado. PUCRS. Porto Alegre. 1995. QUADROS, R. M. de Phrase structure of Brazilian sign language. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre. 1999. QUADROS, R. M. de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Artes Médicas. Porto Alegre. 1997. ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 373