O documento discute os desafios que as empresas enfrentam ao contratar jovens da Geração Y, que são dinâmicos mas também impacientes e desrespeitosos. As empresas precisam encontrar um equilíbrio, aproveitando os pontos positivos dos jovens sem abrir mão de valores como respeito e hierarquia. Diálogo é apontado como essencial para um bom entendimento.
VEJA - Como Neymar jovens criam problemas nas empresas
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Como Neymar, jovens criam problemas
nas empresas
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/como-
neymar-jovens-profissionais-criam-problemas-nas-
empresas
Gestores esforçam-se para entender e travar diálogo
com a ‘geração Y’, que alia dinamismo e audácia a doses
de insubordinação e desrespeito
Derick Almeida
Neymar, após discussão com ex-técnico do Santos, pede desculpas (Douglas Aby Saber/
Fotoarena)
Empresas ganham quando aliam valores do passado com as melhores características dos
jovens. A única solução é o diálogo
Desrespeito à hierarquia e certa dose de atrevimento, dentro e fora dos campos,
transformaram o talentoso atacante dos Santos, Neymar, em exemplo de insubordinação
juvenil. Para os especialistas ouvidos pelo site de VEJA, a conturbada relação do atleta
de apenas 18 anos com seu superior, o ex-técnico Dorival Júnior, não é um caso isolado,
pelo menos no universo corporativo. O exemplo é representativo dos desafios por que
passam gestores de empresas dos mais diversos portes ao recrutar profissionais em início
de carreira. As empresas, dizem os especialistas, devem aproveitar o que esses jovens têm
de bom, mas sem abrir mão de valores corporativos fundamentais. A solução é o diálogo.
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Dinâmicos, brilhantes, interativos e audaciosos, mas também impacientes,
descomprometidos, desrespeitosos e até insubordinados. Estes são traços comuns aos
integrantes da chamada ‘geração Y’, formada essencialmente por jovens nascidos entre
1979 e 1995. Tais características foram moldadas em um meio bem diferente do mundo
a que estavam acostumadas as gerações anteriores: a internet. Neste ‘novo’ universo, tão
caro aos mais jovens, predominam as relações horizontais, fáceis e sem barreiras; a total
independência para definir horários e prioridades; uma boa dose de narcisismo e o
costume de ter tudo sempre à mão, ou melhor, a um clique. Por fim, muitos de seus
membros vêm de famílias com pais ausentes, o que só agrava a dificuldade de lidar com
figuras de autoridade.
O comportamento deste grupo, que hoje enfrenta seus primeiros desafios profissionais,
costuma causar, a priori, estranhamento. Hoje, não são incomuns relatos de jovens recém-
contratados que, sem cerimônia, questionam – quando não criticam – diretamente seu
superior. Qualquer semelhança com o caso Neymar não é mera coincidência, dizem os
especialistas.
As empresas, por sua vez, a despeito de estarem inseridas na era tecnológica, possuem
também seus traços culturais – de outra época, é claro, quando a sociedade era pensada
como algo menos mutável e mais estratificado. Valorizam, por exemplo, o respeito, a
hierarquia, o trabalho em equipe, além do cumprimento de inúmeras regras, horários e
metas.
Embate é natural – Diante dessas distinções, Paula Giannetti, superintendente do
departamento de Recursos Humanos do Grupo Santander, explica que o embate é
inevitável, e precisa ser encarado como algo natural. “O jovem da atualidade sabe o que
é ser um indivíduo e quer ter poder de escolher”, afirma.
Para se adaptar a este ‘fenômeno cultural’, as empresas esforçam-se para entender a
geração Y. A própria Paula Gianetti coordena uma iniciativa que visa atingir esse
objetivo. Trata-se da rede social ‘Caminhos e Escolhas’, do Santander. É a forma que o
banco encontrou para se aproximar do público jovem e ouvir suas demandas, mas também
para comunicar seus valores e, até, selecionar candidatos para vagas de trabalho.
Os especialistas alertam para os mais problemáticos aspectos negativos dessa geração: a
ambição desmedida, a falta de compromisso e o atrevimento. Diante deles, os gestores
defendem que as empresas não arredem pé de conceitos fundamentais ao bom andamento
dos negócios, como respeito, fidelidade e foco no trabalho.
Defesa dos princípios – Manter comunicação com a geração Y não significa aceitar
passivamente deficiências incômodas de alguns jovens, as quais podem, a propósito,
prejudicar eles próprios. “A arrogância desta nova geração é clara e pode trazer
conseqüências desagradáveis para sua carreira. Ambição é muito diferente de quebra de
hierarquia. O jovem precisa atravessar um longo caminho para chegar onde deseja e não
almejar a patente mais alta da corporação em apenas um ano”, explica Renato Grinberg,
diretor do site Trabalhando.com.br.
Para Grinberg, os ambientes sociais diferentes – o corporativo e do jovem em início de
carreira – têm de, em vez de se repelir, se aproximar a fim de extrair o que há de melhor
em cada um. Frente a esse desafio, alguns administradores de empresas ainda estariam
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um pouco perdidos. “Alguns chefes chegam a instigar os jovens a interpelar hierarquias,
devido ao talento que mostraram ao longo do tempo. Por outro lado, há aqueles que
tentam frear a ansiedade dos mais novos ao lhes oferecer um plano de carreira, com boas
perspectivas de crescimento e, mais importante, preparação para encarar a sucessão
natural dos cargos dentro da empresa”, analisa Fernando Montero, diretor da Human
Brasil.
A fórmula correta para apaziguar os ânimos e extrair dos jovens tudo o que eles possam
oferecer tem de ser encontrada por cada companhia. A busca do diálogo, contudo,
continua a ser o básico – ainda que, para isso, seja preciso lançar mãos das ferramentas
da própria internet.
Os especialistas são unânimes em afirmar que o balanço final é favorável. A chegada dos
jovens ao mercado de trabalho agrega uma série de valores às empresas. “Vamos olhar
de maneira positiva, por exemplo, para o fato de o jovem querer fazer tudo ao mesmo
tempo. Pode-se aprender muito com eles”, ressalta Paula Giannetti. Entretanto, esse
profissional precisa conhecer bem os limites a sua volta. “O jovem de destaque, para que
conquiste o sucesso efetivo, deve honrar seus compromissos na empresa para que seus
gestores adquiram confiança”, afirma Renato Grinberg.
Tags: carreira, diálogo, empresa, geração y, neymar.