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Equações Diferenciais Lineares de Ordem Superior

Problemas de valor inicial e de valor de contorno
Problema de valor inicial
Para uma equação diferencial de n-ésima ordem, o problema
dny
Resolva: an ( x) n
dx

d n 1y
dy
an 1 ( x) n 1 ... a1 ( x)
dx
dx

a0 ( x) y

Sujeita a: y( x0 ) y0 , y´(x0 ) y0´,...,y (n 1) ( x0 ) y0 (n 1)

g ( x)

(1)

Em que y0, y0´, ...y0(n-1) são constantes arbitrárias, é chamado de um problema
de valor inicial. Os valores específicos y(x0) = y0, y´(x0) = y0´, ..., y(n-1)(x0) =
y0(n-1) são chamados de condições iniciais. Procuramos uma solução em algum
intervalo I contendo x0.
No caso de uma equação linear de segunda ordem, uma solução para o
problema de valor inicial
a 2 ( x)

d2y
dx 2

a1 ( x)

dy
dx

a0 ( x) y

g ( x),

y ( x0 )

y0 ,

y´( x0 )

y0 ´ ,

é uma função que satisfaça a equação diferencial em I cujo gráfico passa pelo
ponto (x0, y0) com inclinação igual a y0´.
O próximo teorema nos fornece condições suficientes para a existência
de uma única solução para (1).
- Teorema – Existência de uma Única Solução
Sejam an(x), an-1(x), …, a1(x), a0(x) e g(x) são contínuas em um intervalo I
com an(x) 0 para todo x neste intervalo. Se x = x0 é algum ponto deste
intervalo, então existe uma única solução y(x) para o problema de valor inicial
(1) neste intervalo.
- Definição – Dependência Linear
Dizemos que um conjunto de funções f1(x), f2(x), ..., fn(x) é linearmente
dependente em um intervalo I se existem constantes c1, c2, ..., cn não todas
nulas, tais que
c1 f1 ( x) c2 f 2 ( x) ... cn f n ( x)

0

para todo x no intervalo.
- Definição – Independência Linear
Dizemos que um conjunto de funções f1(x), f2(x), ..., fn(x) é linearmente
independente em um intervalo I se ele não é linearmente dependente no
intervalo.

Wronskiano
O seguinte teorema proporciona condição suficiente para a
independência linear de n funções em um intervalo. Supomos que cada função
seja diferenciável pelo menos n – 1 vezes.
- Teorema – Critério para Independência Linear de Funções
Suponha que f1(x), f2(x), ..., fn(x) sejam diferenciáveis pelo menos n – 1 vezes.
Se o determinante
f1 ,......f 2 ,......... f n
,
f1´,.....f 2 ´,........ f n ´
,
:::
f1

( n 1)

, f2

( n 1)

,..., f n

( n 1)

for diferente de zero em pelo menos um ponto do intervalo I, então as funções
f1(x), f2(x), ..., fn(x) serão linearmente independentes no intervalo.
O determinante do teorema precedente é denotado por

W ( f1 ( x), f 2 ( x),..., f n ( x))
é chamado de Wronskiano das funções.

- Corolário
Se f1(x), f2(x), ..., fn(x) possuem pelo menos n – 1 derivadas e são linearmente
dependentes em I, então

W ( f1 ( x), f 2 ( x),..., f n ( x))

0

para todo x no intervalo.

Soluções para Equações Lineares

Equações Homogêneas
Uma equação diferencial de n – ésima ordem da forma
a n ( x)

dny
dx n

a n 1 ( x)

dn 1
dx n 1

... a1 ( x)

dy
dx

a0 ( x) y

0

(3)

g ( x),

(4)

é chamada de homogênea, enquanto
an ( x)

dny
dx n

an 1 ( x)

dn 1
dy
... a1 ( x)
a0 ( x ) y
n 1
dx
dx

com g(x) não identicamente zero, é chamada de não – homogênea.
A palavra homogênea neste contexto não se refere aos coeficientes
como sendo funções homogêneas.
- Teorema – Princípio da Superposição – Equações Homogêneas
Sejam y1, y2, ..., yk soluções para a equação diferencial linear de n – ésima
ordem homogênea (3) em um intervalo I. Então, a combinação linear
y

c1 y1 ( x) c2 y 2 ( x) ... ck y k ( x),

(5)

em que os ci, i = 1, 2, ..., k são constantes arbitrárias, é também uma solução
no intervalo.

- Corolários
(A) Um múltiplo y = c1y1(x) de uma solução y1(x) para uma equação
diferencial linear homogênea é também uma solução.

(B) Uma equação diferencial linear homogênea sempre possui a solução
trivial y = 0.
- Teorema – Critério para Independência Linear de Soluções
Sejam y1, y2, ...., yn n soluções para a equação diferencial linear homogênea de
n – ésima ordem (3) em um intervalo I. Então, o conjunto de soluções é
linearmente independente em I se e somente se
W ( y1 , y 2 ,..., y n )

0

para todo x no intervalo.
- Definição – Conjunto Fundamental de Soluções
Qualquer conjunto y1, y2, ...., yn de n soluções linearmente independentes para
a equação diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um
intervalo I é chamado de conjunto fundamental de soluções no intervalo.
- Teorema
Sejam y1, y2, ...., yn n soluções linearmente independentes para a equação
diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I.
Então, toda solução Y(x) para (3) é uma combinação linear das n soluções
independentes y1, y2, ...., yn ou seja, podemos encontrar constantes C1, C2, ...,
Cn, tais que
y

C1 y1 ( x) C 2 y 2 ( x) ... C n y n ( x).

- Teorema – Existência de um Conjunto Fundamental
Existe um conjunto fundamental de soluções para a equação diferencial linear
homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I.
- Definição – Solução Geral – Equações Homogêneas
Sejam y1, y2, ...., yn n soluções linearmente independentes para a equação
diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I. A
solução geral para a equação no intervalo é definida por
y

C1 y1 ( x) C2 y 2 ( x) ... Cn y n ( x),

em que os ci, i = 1, 2, ..., n são constantes arbitrárias.
- Teorema
Sejam y1, y2, ...., yn soluções para a equação diferencial linear homogênea de
n – ésima ordem (3) em um intervalo I e seja yp qualquer solução para a
equação não – homogênea (4) no mesmo intervalo. Então,
y

c1 y1 ( x) c 2 y 2 ( x) ... c k y k ( x)

y p ( x)

é também uma solução para a equação não – homogênea no intervalo para
quaisquer constantes c1, c2, ..., ck.
- Teorema
Seja yp uma dada solução para a equação diferencial linear não – homogênea
de n – ésima ordem (4) em um intervalo I e sejam {y1, y2, ..., yn} um conjunto
fundamental de soluções para a equação homogênea associada (3) no
intervalo. Então, para qualquer solução Y(x) de (4) em I, podemos encontrar
constantes C1, C2, ..., Cn tais que
Y

C1 y1 ( x) C 2 y 2 ( x) ... C n y n ( x)

y p ( x).

- Definição – Solução Geral – Equações Não-Homogêneas
Seja yp uma dada solução para a equação diferencial linear não-homogênea de
n – ésima ordem (4) em um intervalo I e seja
yc

c1 y1 ( x) c 2 y 2 ( x) ... c n y n ( x)

a solução geral para a equação homogênea associada (3) no intervalo. A
solução geral para a equação não-homogênea no intervalo é definida por
y

c1 y1 ( x) c 2 y 2 ( x) ... c n y n ( x)

y p ( x)

y c ( x)

y p ( x).

- Teorema – Princípio de Superposição – Equações Não-homogêneas
Sejam yp1, yp2, ..., ypk k soluções particulares para a equação diferencial linear
de n – ésima ordem (4) em um intervalo I, correspondendo a k funções
distintas g1, g2, ..., gk. Isto é, suponha que ypi seja uma solução particular para
a equação diferencial correspondente
a n ( x) y ( n )

a n 1 ( x) y ( n

1)

... a1 ( x) y´ a 0 ( x) y

em que i = 1, 2, ..., k. Então,
yp

y p1 ( x)

y p 2 ( x) ...

y pk ( x)

g i ( x),
é uma solução particular para
a n ( x) y ( n )

a n 1 ( x) y ( n

1)

... a1 ( x) y´ a 0 ( x) y

g1 ( x)

g 2 ( x) ...

g k ( x).

Construindo Uma Segunda Solução a partir de uma Solução Conhecida

Caso Geral - Redução de Ordem
a 2 ( x) y´´ a1 ( x) y´ a 0 ( x) y

0

(1)

Dividindo a equação (1) por a2(x), esta toma a forma padrão
y´´ P( x) y´ Q( x) y

(2)

0

em que P(x) e Q(x) são contínuas em algum intervalo I. Vamos supor ainda
que y1(x) seja uma solução conhecida para (2) em I e que y1(x)
0 para todo
x no intervalo. Se definirmos y u ( x) y1 ( x) , segue-se que

y´´ Py´ Qy

y´ uy1´ y1u´
y´´ uy1´´ 2 y1´u´ y1u´´
u[ y1´´ Py1´ Qy 1 ] y1u´´ (2 y1´ Py1 )u´ 0.

|
[zero]
Isso implica que devemos ter
y1u´´ (2 y1´ Py1 )u´ 0

ou
0, (3)

y1 w´ (2 y1´ Py1 ) w

desenvolvendo encontramos
w

Integrando novamente u c1

u´ c1

e

Pdx

y1

2

Pdx

e
2

y1 ( x)

dx c 2 , e portanto
y

u ( x) y1 ( x)

c1 y1 ( x)

P ( x ) dx

e

dx c 2 y1 ( x).

2

y1 ( x)

Escolhendo c2 = 0 e c1 = 1, concluímos que uma segunda solução para a
equação (2) é satisfeita.
Agora, y1(x) e y2(x) são linearmente independentes, pois

y1 ...y1
W ( y1 ( x), y 2 ( x))
y1´..

e

Pdx

e

y1

2

dx

Pdx

y1´

y1

Pdx

e
Pdx

e

y1

2

dx

é diferente de zero em qualquer intervalo em que y1(x) seja diferente de zero.
Equações Lineares Homogêneas com Coeficientes Constantes
Considerando o caso especial da equação de segunda ordem
ay´´ by´ cy

0

(2)

Equação Auxiliar
Se tentarmos uma solução da forma y = emx, então y´ = memx e y´´ = m2e,mx;
assim a equação (2) torna-se
am 2 e mx

bmemx

ce mx

0 ou e mx (am 2

bm c)

0.

Como emx nunca se anula para valores reais de x, então a única maneira de
fazer essa função exponencial satisfazer a equação diferencial é escolher m de
tal forma que ele seja raiz da equação quadrática
am 2

bm c

0

(3)
Essa última equação é chamada de equação auxiliar ou equação
característica da equação diferencial (2). Consideramos três casos, a saber: as
soluções para a equação auxiliar correspondem a raízes reais distintas, raízes
reais iguais e raízes complexas conjugadas.
CASO I – Raízes Reais Distintas

e m1 x e

y1

e m2 x .

y2

CASO II – Raízes Reais Iguais

y

c1e m1x

c 2 xe m1x .

CASO III – Raízes Complexas Conjugadas
2

e

0 são reais e i = - 1.

y

C1e (

i )x

C2 e (

i )x

.

Para este fim, usamos a fórmula de Euler:
ei
y

cos

c1e ax cos x c 2 e ax sen x

i sen
e ax (c1 cos x c 2 sen x).

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equações diferenciais

  • 1. Equações Diferenciais Lineares de Ordem Superior Problemas de valor inicial e de valor de contorno Problema de valor inicial Para uma equação diferencial de n-ésima ordem, o problema dny Resolva: an ( x) n dx d n 1y dy an 1 ( x) n 1 ... a1 ( x) dx dx a0 ( x) y Sujeita a: y( x0 ) y0 , y´(x0 ) y0´,...,y (n 1) ( x0 ) y0 (n 1) g ( x) (1) Em que y0, y0´, ...y0(n-1) são constantes arbitrárias, é chamado de um problema de valor inicial. Os valores específicos y(x0) = y0, y´(x0) = y0´, ..., y(n-1)(x0) = y0(n-1) são chamados de condições iniciais. Procuramos uma solução em algum intervalo I contendo x0. No caso de uma equação linear de segunda ordem, uma solução para o problema de valor inicial a 2 ( x) d2y dx 2 a1 ( x) dy dx a0 ( x) y g ( x), y ( x0 ) y0 , y´( x0 ) y0 ´ , é uma função que satisfaça a equação diferencial em I cujo gráfico passa pelo ponto (x0, y0) com inclinação igual a y0´. O próximo teorema nos fornece condições suficientes para a existência de uma única solução para (1). - Teorema – Existência de uma Única Solução Sejam an(x), an-1(x), …, a1(x), a0(x) e g(x) são contínuas em um intervalo I com an(x) 0 para todo x neste intervalo. Se x = x0 é algum ponto deste intervalo, então existe uma única solução y(x) para o problema de valor inicial (1) neste intervalo.
  • 2. - Definição – Dependência Linear Dizemos que um conjunto de funções f1(x), f2(x), ..., fn(x) é linearmente dependente em um intervalo I se existem constantes c1, c2, ..., cn não todas nulas, tais que c1 f1 ( x) c2 f 2 ( x) ... cn f n ( x) 0 para todo x no intervalo. - Definição – Independência Linear Dizemos que um conjunto de funções f1(x), f2(x), ..., fn(x) é linearmente independente em um intervalo I se ele não é linearmente dependente no intervalo. Wronskiano O seguinte teorema proporciona condição suficiente para a independência linear de n funções em um intervalo. Supomos que cada função seja diferenciável pelo menos n – 1 vezes. - Teorema – Critério para Independência Linear de Funções Suponha que f1(x), f2(x), ..., fn(x) sejam diferenciáveis pelo menos n – 1 vezes. Se o determinante f1 ,......f 2 ,......... f n , f1´,.....f 2 ´,........ f n ´ , ::: f1 ( n 1) , f2 ( n 1) ,..., f n ( n 1) for diferente de zero em pelo menos um ponto do intervalo I, então as funções f1(x), f2(x), ..., fn(x) serão linearmente independentes no intervalo.
  • 3. O determinante do teorema precedente é denotado por W ( f1 ( x), f 2 ( x),..., f n ( x)) é chamado de Wronskiano das funções. - Corolário Se f1(x), f2(x), ..., fn(x) possuem pelo menos n – 1 derivadas e são linearmente dependentes em I, então W ( f1 ( x), f 2 ( x),..., f n ( x)) 0 para todo x no intervalo. Soluções para Equações Lineares Equações Homogêneas Uma equação diferencial de n – ésima ordem da forma a n ( x) dny dx n a n 1 ( x) dn 1 dx n 1 ... a1 ( x) dy dx a0 ( x) y 0 (3) g ( x), (4) é chamada de homogênea, enquanto an ( x) dny dx n an 1 ( x) dn 1 dy ... a1 ( x) a0 ( x ) y n 1 dx dx com g(x) não identicamente zero, é chamada de não – homogênea. A palavra homogênea neste contexto não se refere aos coeficientes como sendo funções homogêneas.
  • 4. - Teorema – Princípio da Superposição – Equações Homogêneas Sejam y1, y2, ..., yk soluções para a equação diferencial linear de n – ésima ordem homogênea (3) em um intervalo I. Então, a combinação linear y c1 y1 ( x) c2 y 2 ( x) ... ck y k ( x), (5) em que os ci, i = 1, 2, ..., k são constantes arbitrárias, é também uma solução no intervalo. - Corolários (A) Um múltiplo y = c1y1(x) de uma solução y1(x) para uma equação diferencial linear homogênea é também uma solução. (B) Uma equação diferencial linear homogênea sempre possui a solução trivial y = 0. - Teorema – Critério para Independência Linear de Soluções Sejam y1, y2, ...., yn n soluções para a equação diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I. Então, o conjunto de soluções é linearmente independente em I se e somente se W ( y1 , y 2 ,..., y n ) 0 para todo x no intervalo. - Definição – Conjunto Fundamental de Soluções Qualquer conjunto y1, y2, ...., yn de n soluções linearmente independentes para a equação diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I é chamado de conjunto fundamental de soluções no intervalo.
  • 5. - Teorema Sejam y1, y2, ...., yn n soluções linearmente independentes para a equação diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I. Então, toda solução Y(x) para (3) é uma combinação linear das n soluções independentes y1, y2, ...., yn ou seja, podemos encontrar constantes C1, C2, ..., Cn, tais que y C1 y1 ( x) C 2 y 2 ( x) ... C n y n ( x). - Teorema – Existência de um Conjunto Fundamental Existe um conjunto fundamental de soluções para a equação diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I. - Definição – Solução Geral – Equações Homogêneas Sejam y1, y2, ...., yn n soluções linearmente independentes para a equação diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I. A solução geral para a equação no intervalo é definida por y C1 y1 ( x) C2 y 2 ( x) ... Cn y n ( x), em que os ci, i = 1, 2, ..., n são constantes arbitrárias. - Teorema Sejam y1, y2, ...., yn soluções para a equação diferencial linear homogênea de n – ésima ordem (3) em um intervalo I e seja yp qualquer solução para a equação não – homogênea (4) no mesmo intervalo. Então, y c1 y1 ( x) c 2 y 2 ( x) ... c k y k ( x) y p ( x) é também uma solução para a equação não – homogênea no intervalo para quaisquer constantes c1, c2, ..., ck.
  • 6. - Teorema Seja yp uma dada solução para a equação diferencial linear não – homogênea de n – ésima ordem (4) em um intervalo I e sejam {y1, y2, ..., yn} um conjunto fundamental de soluções para a equação homogênea associada (3) no intervalo. Então, para qualquer solução Y(x) de (4) em I, podemos encontrar constantes C1, C2, ..., Cn tais que Y C1 y1 ( x) C 2 y 2 ( x) ... C n y n ( x) y p ( x). - Definição – Solução Geral – Equações Não-Homogêneas Seja yp uma dada solução para a equação diferencial linear não-homogênea de n – ésima ordem (4) em um intervalo I e seja yc c1 y1 ( x) c 2 y 2 ( x) ... c n y n ( x) a solução geral para a equação homogênea associada (3) no intervalo. A solução geral para a equação não-homogênea no intervalo é definida por y c1 y1 ( x) c 2 y 2 ( x) ... c n y n ( x) y p ( x) y c ( x) y p ( x). - Teorema – Princípio de Superposição – Equações Não-homogêneas Sejam yp1, yp2, ..., ypk k soluções particulares para a equação diferencial linear de n – ésima ordem (4) em um intervalo I, correspondendo a k funções distintas g1, g2, ..., gk. Isto é, suponha que ypi seja uma solução particular para a equação diferencial correspondente a n ( x) y ( n ) a n 1 ( x) y ( n 1) ... a1 ( x) y´ a 0 ( x) y em que i = 1, 2, ..., k. Então, yp y p1 ( x) y p 2 ( x) ... y pk ( x) g i ( x),
  • 7. é uma solução particular para a n ( x) y ( n ) a n 1 ( x) y ( n 1) ... a1 ( x) y´ a 0 ( x) y g1 ( x) g 2 ( x) ... g k ( x). Construindo Uma Segunda Solução a partir de uma Solução Conhecida Caso Geral - Redução de Ordem a 2 ( x) y´´ a1 ( x) y´ a 0 ( x) y 0 (1) Dividindo a equação (1) por a2(x), esta toma a forma padrão y´´ P( x) y´ Q( x) y (2) 0 em que P(x) e Q(x) são contínuas em algum intervalo I. Vamos supor ainda que y1(x) seja uma solução conhecida para (2) em I e que y1(x) 0 para todo x no intervalo. Se definirmos y u ( x) y1 ( x) , segue-se que y´´ Py´ Qy y´ uy1´ y1u´ y´´ uy1´´ 2 y1´u´ y1u´´ u[ y1´´ Py1´ Qy 1 ] y1u´´ (2 y1´ Py1 )u´ 0. | [zero] Isso implica que devemos ter y1u´´ (2 y1´ Py1 )u´ 0 ou 0, (3) y1 w´ (2 y1´ Py1 ) w desenvolvendo encontramos w Integrando novamente u c1 u´ c1 e Pdx y1 2 Pdx e 2 y1 ( x) dx c 2 , e portanto
  • 8. y u ( x) y1 ( x) c1 y1 ( x) P ( x ) dx e dx c 2 y1 ( x). 2 y1 ( x) Escolhendo c2 = 0 e c1 = 1, concluímos que uma segunda solução para a equação (2) é satisfeita. Agora, y1(x) e y2(x) são linearmente independentes, pois y1 ...y1 W ( y1 ( x), y 2 ( x)) y1´.. e Pdx e y1 2 dx Pdx y1´ y1 Pdx e Pdx e y1 2 dx é diferente de zero em qualquer intervalo em que y1(x) seja diferente de zero. Equações Lineares Homogêneas com Coeficientes Constantes Considerando o caso especial da equação de segunda ordem ay´´ by´ cy 0 (2) Equação Auxiliar Se tentarmos uma solução da forma y = emx, então y´ = memx e y´´ = m2e,mx; assim a equação (2) torna-se am 2 e mx bmemx ce mx 0 ou e mx (am 2 bm c) 0. Como emx nunca se anula para valores reais de x, então a única maneira de fazer essa função exponencial satisfazer a equação diferencial é escolher m de tal forma que ele seja raiz da equação quadrática am 2 bm c 0 (3)
  • 9. Essa última equação é chamada de equação auxiliar ou equação característica da equação diferencial (2). Consideramos três casos, a saber: as soluções para a equação auxiliar correspondem a raízes reais distintas, raízes reais iguais e raízes complexas conjugadas. CASO I – Raízes Reais Distintas e m1 x e y1 e m2 x . y2 CASO II – Raízes Reais Iguais y c1e m1x c 2 xe m1x . CASO III – Raízes Complexas Conjugadas 2 e 0 são reais e i = - 1. y C1e ( i )x C2 e ( i )x . Para este fim, usamos a fórmula de Euler: ei y cos c1e ax cos x c 2 e ax sen x i sen e ax (c1 cos x c 2 sen x).