O documento discute como companhias de petróleo como BG, Shell e Statoil estão começando a investir em pesquisa e desenvolvimento no Brasil ao lado da Petrobras, cumprindo cláusulas em seus contratos de concessão. A BG planeja investir até US$ 2 bilhões até 2025 e firmou acordos amplos com universidades, enquanto a Shell define projetos em blocos e a Statoil foca em aumentar a produção no campo de Peregrino.
Brasil Energia - Os novos beneméritos do petróleo - 19-07-2013
1. Brasil Energia Petróleo & Gás
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Os novos beneméritos do petróleo
Cláusula dos contratos de concessão diversificam os atores no fomento à pesquisa no país
[19.07.2013] 14h33m / Por Ricardo Vigliano
O relacionamento da indústria de óleo e gás com o meio acadêmico brasileiro sempre foi marcado pelo protagonismo isolado da Petrobras, mas esse
cenário começou a mudar com a instituição da cláusula de investimento em P&D nos contratos de concessão de blocos exploratórios da ANP. Outras
companhias de petróleo, como BG, Shell e Statoil, começam a dividir essa missão com a petroleira brasileira, ainda que no papel de coadjuvantes.
Sócia da Petrobras no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, a BG é uma novata de peso na definição de prioridades para a destinação dos recursos
do petróleo para a inovação no país. O investimento da britânica em instituições de pesquisa poderá alcançar US$ 2 bilhões até 2025.
A companhia quer inovar também na aplicação dos recursos. Ao contrário do contrato padrão entre empresa e universidade, delimitado a um projeto
específico, a BG optou por um contrato guarda-chuva, englobando vários projetos em uma mesma linha de pesquisa. “A proposta é estabelecer programas
nos quais o desafio tecnológico é visto de maneira ampla e pode se desdobrar em vários projetos a partir de uma plataforma de pesquisa de longo prazo”,
resume o gerente de Inovação da petroleira, Giancarlo Ciola.
Grupos de diversos departamentos das universidades trabalharão em conjunto em vários projetos. Assim, a ideia da BG é montar uma rede dentro da
instituição, de forma que os projetos se multipliquem em árvore. “Esse é o caminho para formar centros de excelência, mais do que grupos de excelência”,
avalia Ciola.
A petroleira entra com as demandas, colabora na elaboração da proposta de trabalho, pensa em soluções a partir dos resultados da pesquisa e provê os
recursos necessários, como material, equipamentos e bolsas para pesquisadores. Enquanto isso, as universidades desenvolvem o projeto, orientam os grupos
de pesquisa, acompanham a rotina da empresa e pensam nos desafios do dia a dia. Não existe um teto de investimento por projeto.
A BG já alinhou mais de dez programas com universidades, com destaque para o estudo de rochas carbonáticas, firmado com a UFRJ. O programa envolve
formação de recursos humanos, intercâmbio de estudantes com instituições do exterior, investimento em infraestrutura de pesquisa e o trabalho conjunto de
vários departamentos.
Outro exemplo é o programa de eficiência energética firmado com USP, Unicamp e as universidades federais de Itajubá (Unifei) e do ABC (UFABC). O
programa envolve projetos de P&D propostos pelas quatro instituições, que serão trabalhados em rede.
O relacionamento da petroleira com as universidades será gerenciado no centro de tecnologia que a BG está construindo no Parque Tecnológico do Rio,
com inauguração prevista para 2014. A unidade terá uma atuação global, centralizando as demandas da empresa no resto do mundo.
Nem todos os recursos em pesquisa serão direcionados a universidades. A BG também prevê a destinação de parte do investimento para os centros de
pesquisa dos fornecedores. “O melhor arranjo é o que conecta operador, universidade e fornecedor, porque precisamos garantir que esse recurso chegue à
cadeia de bens e serviços. Precisamos transferir o conhecimento da universidade para a indústria para que o resultado do projeto não fique guardado na
prateleira”, explica Ciola.
Projetos em lote
A Shell, a partir deste ano, também passou a definir seus projetos de P&D em bloco. O rito começa na identificação das competências oferecidas por
universidades, institutos de tecnologia e centros de pesquisa e o casamento com as demandas da companhia. Daí surgem projetos que são submetidos à
aprovação do corpo técnico da empresa.
O primeiro agregado totalizou 22 projetos, que abrangem temas desde segurança do fluxo de produção até estudos ambientais associados à operação. Os
projetos serão financiados conforme a urgência operacional da companhia. A prioridade é para os projetos incrementais, que melhoram processos e
procedimentos conhecidos. Nesse rol estão projetos com duração de até três anos.
Entre os objetivos incrementais estão, por exemplo, uma tecnologia para aumentar a eficiência do fraturamento em reservatórios de gás não convencional.
“São tecnologias que trazem um resultado mais imediato para a companhia”, justifica o gerente de Tecnologia da Shell, João Mariano.
No segundo grupo de prioridade estão os projetos de inovação, como um sistema de imageamento passivo, que adquire dados sísmicos pela vibração das
rochas, dispensando a utilização de canhões de ar comprimido, como nas campanhas de aquisição convencional. A tecnologia, que será desenvolvida na
USP, poderá ser aproveitada para monitorar os reservatórios operados pela Shell no Parque das Conchas, na Bacia de Campos. O prazo para a execução
desses projetos é de até dez anos.
A Shell classifica ainda projetos como emergentes, quando o conceito difere muito das tecnologias conhecidas. Para essa categoria, que ainda não tem
projetos identificados, o prazo para a apresentação do resultado pode chegar a 15 anos.
O investimento projetado pela companhia em projetos de P&D é da ordem de US$ 40 milhões entre 2014 e 2019. Os projetos deverão contemplar o
desenvolvimento da segunda fase do Parque das Conchas, na Bacia de Campos.
A companhia já aplicou R$ 28 milhões em 13 projetos de P&D no Brasil de 2006 a 2013. Os projetos foram firmados com UFRN, UFRJ, PUC-Rio, USP,
Unicamp e UFRGS. A cifra é superior ao compromisso previsto nos contratos de concessão, com base na produção de petróleo e gás da companhia no
período, que somaria R$ 16 milhões. A diferença poderá ser debitada no investimento em futuros projetos.
Foco Peregrino
No caso da Statoil, o objetivo é gerar conhecimento no Brasil para aumentar a produção no país e aprofundar estudos em nível global. Um dos principais
focos são as tecnologias de IOR (increased oil recovery) para aumentar o esforço de recuperação no reservatório de Peregrino, na Bacia de Campos. Mas o
cardápio inclui ainda carbonatos, processamento submarino, gerenciamento de CO e tecnologias para águas profundas.
Segundo o vice-presidente de Relações Institucionais da Statoil no país, Mauro Andrade, a agenda de P&D da empresa é uma combinação do que a
petroleira demanda no Brasil e o que pode ser expandido do conhecimento iniciado na Noruega. Carbonatos e águas profundas, por exemplo, são temas
que estarão na agenda exploratória da Statoil no Brasil e no exterior, enquanto o processamento submarino e o CO são conhecimentos em desenvolvimento