Este documento discute mudanças na sociedade, nas políticas sociais e no perfil dos trabalhadores sociais. A sociedade contemporânea enfrenta desafios como o envelhecimento populacional e a globalização. Novas abordagens como a mediação social e trabalho em rede são necessárias. Os trabalhadores sociais precisam desenvolver competências em comunicação, análise, autogestão e reflexão para lidar com a complexidade atual.
1. PARADIGMAS DE INTERVENÇÃO NA
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Competências e perfis profissionais em
contextos de intervenção social:
Desafios e responsabilidades
Helena Neves Almeida
helena.almeida@fpce.uc.pt
1
2. ENQUADRAMENTO
TEÓ
TEÓRICO
PERTINENCIA DO TEMA EM TRABALHO SOCIAL
MUDANÇAS NA SOCIEDADE
MUDANÇAS NO PERFIL PROFISSIONAL
MUDANÇAS NA FORMAÇÃO E TREINO DOS
TRABALHADORES SOCIAIS
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3. MUDANÇAS NA SOCIEDADE
o Derrube-enfraquecimento dos pilares económicos e
sociais centrais do Sistema de Bem-estar Social
(lento crescimento económico, aumento
conflitualidade, desemprego, …
critica da sustentabilidade e eficácia
o Mudança no papel e funções da família
o Crescente institucionalização das relações sociais
o Expansão dos Direitos das Mulheres e das Crianças
o Globalização
o Sociedade da informação
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4. NOVAS PROBLEMÁTICAS
Envelhecimento populacional, movimentos
migratórios, conflitos relacionais, crianças e
idosos em risco e em situação de maus
tratos, aumento de pessoas deficientes,
desemprego, endividamento das famílias
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5. NOVAS POLÍTICAS SOCIAIS
Políticas Globais e Locais
Políticas Territorializadas
Política Social de Mercado
RECONSTRUÇÃO DA POLÍTICA DE BEM-
ESTAR SOCIAL
Ênfase em princípios de mercado
Emergência de Governação por contrato
Desenvolvimento de maior responsabilidade
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6. NOVAS ABORDAGENS POLÍTICAS E
PROFISSIONAIS
Abordagem Ecológica, Empowerment,
Advocacy, Mediação, Trabalho em Rede
o RECONSTRUÇÃO DO TRABALHO SOCIAL E DOS
SERVIÇOS/ORGANIZAÇÕES
o MUDANÇA DE PARADIGMAS INTERVENÇÃO
SOCIAL
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7. MUDANÇAS NO PERFIL
DO TRABALHO SOCIAL
Postulados Básicos:
o Trabalho Social é sempre uma construção
Social
o Trabalho Social está sempre em construção
o Trabalho Social baseia-se em teorias das
ciências sociais e a prática diária permite
reformulá-las ou construir novas teorias.
o Trabalho Social não é neutro
o Trabalho Social inclui rotinas e criatividade
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8. Abordagens Teóricas
o Abordagem Holística da Prática Social
(partenariado- Intervenção em Rede, cidadania,
abordagem humanista)
o Mediação Social e Comunitária
(normalização social+cidadania+humanização
dos serviços+inovação e renovação da
politica social) 8
9. o Gestão Social
Gestão de caso
DESAFIOS Gestão de serviços
Gestão de recursos
Coordenação, Avaliação de Riscos,
Planeamento, Implementação de Programas
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10. MUDANÇ
MUDANÇAS NA FORMAÇÃO E
FORMAÇ
TREINO DE TRABALHADORES SOCIAIS
AS IMPLICAÇÕES DO
ACORDO DE BOLONHA QUE TIPO DE
COMPETÊNCIAS
DEVE TER UM
A REALIDADE TRABALHADOR
PORTUGUESA SOCIAL ?
http://www.youtube.com/watch?v=ZrDxe9g
K8Gk
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11. O QUE É O TRABALHO SOCIAL?
“A profissão de Trabalho Social promove a mudança
social, a resolução de problemas nas relações
humanas e o reforço da emancipação das pessoas
para promoção do bem-estar.
Ao utilizar teorias do comportamento humano e dos
sistemas sociais, o Trabalho Social intervém nas
situações em que as pessoas interagem com o seu
meio. Os princípios dos direitos humanos e da
justiça social são fundamentais para o Trabalho
Social.”
(Definição Internacional, IASSW e IFSW, Julho 2001) 11
12. O CONCEITO DE
COMPETÊNCIA
O conceito de competência não é novo, mas
adquire visibilidade na modernidade, marcada
pelo progresso tecnológico e científico e as
qualificações necessárias para fazer face a
estas mutações que se repercutem na
sociedade:
- Na área educacional/formação
- Na área do trabalho/prática profissional
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13. COMPETÊNCIA PROFISSIONAL
O’HAGAN, Kieran (1996), Competence in Social Work: a Practical
Guide for Professionals, London, Jessica Kingsley Publishers ltd., 1-
24.
“A COMPETÊNCIA PROFISSIONAL É A DEMONSTRAÇÃO DE
CONHECIMENTOS, CAPACIDADES E VALORES NO TRABALHO,
DENTRO DOS PARÂMETROS ACORDADOS”(O’Hagen,1996:5)
ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXÃO – UMA PRÁTICA
COMPETENTE
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14. O termo competência exprime-se actualmente em termo de:
SABER,
SABER FAZER e
SABER SER
A competência não é um estado ou um conhecimento possuído, ela não se traduz
nem em saber nem em saber fazer. Ela não é assimilável a algo que se adquire
apenas com a formação. Possuir conhecimentos ou capacidade, não significa ser
competente. Muitas vezes, pessoas que possuem conhecimentos ou capacidades
não sabem mobilizá-los ou utilizá-los de forma pertinente e no momento oportuno de
uma dada situação.
A COMPETÊNCIA NÃO RESIDE NOS RECURSOS (CONHECIMENTOS E
CAPACIDADES), MAS NA MOBILIZAÇÃO DESSES RECURSOS.
BOTERF, Guy. (1995), De la Competence, Paris: Les editions d’organization.
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15. • Competências interpessoais
• Competências de avaliação
• Competências de escrita
• Competências de organização do trabalho
(conhecimento da lei, conhecimento dos recursos locais,
conhecimento do comportamento humano)
Martin Davis (1995)
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16. A COMPETENCIA É UM PRODUTO
• ESPECIFICIDADE DO SABER TEÓRICO FORMAÇÃO
ACADÉMICA
• SABER FAZER RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM
CONTEXTO
• PROGRESSÃO NO CONHECIMENTO FORMAÇÃO
CONTINUADA
• SABER SER PRÁTICA REFLEXIVA (DIMENSÃO
ÉTICA DA PROFISSÃO)
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17. Anthony Maluccio (1999:354)
A competência social e humana é geralmente
definida como um reportório de habilidades
(skills).
Porém, na perspectiva ecológica, Competência é
produto da interligação entre capacidades,
habilidades, motivações, qualidades
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18. O CONTRIBUTO DE
MARTIN DAVIES
Tab. 1 - Social work’s Competences
Skills Knowledge Qualities
Assessment Law Perseverance
Writing Local Resources Confrontation and use of
authority
Workload Management Human Behaviour and its Creativity
Social Context
Assertiveness and self-
Welfare Rights confidence
Ability to work with hostility
Skill in working within time-
limits
Ability to work in stress
situations
Sinopsis: Davies, Martin (1995). The essential social worker. An introduction to professional practice in the 1990s. 3rd
edition. England: Arena - Ashgate Publishing Limited. 201-207. 18
19. NEIL THOMPSON (2000:82)
Competência é objectivada no desempenho de
um determinado papel, e implica a noção de
“skill” / conjunto de “skills”.
Skill = Habilidade para desenvolver uma
determinada actividade de forma efectiva e
consistente durante um período de tempo.
Estas habilidades podem ser aprendidas, mas
tb podem integrar qualidades pessoais (ser
uma pessoa organizada, paciente, sensível, confidente)
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20. O CONTRIBUTO DE
NEIL THOMPSON
Tab. 2 - Social Work’s Competences and Skills
Competences Skills
Communicate and engage Communication
Promote and enable Self-aware
Assess and plan Analysis
Intervene and provide services Handling Feelings
Work in organizations Self-management
Develop professional competence Presentation
Co-ordination
Sensitivity and Observation
Reflection
Creativity
Think on feet
Humility
Resilience
Partnership
Survival Skills
Sinopsis: Thompson, Neil (2000). Understanding social work. Preparing for practice. N.York: Palgrave. 20
21. TRABALHO INDIVIDUAL
COMPETÊNCIAS E SABERES PROFISSIONAIS.
INTERDEPENDÊNCIAS DINÂMICAS
Considere a série de competências e saberes descritos por Thompson (2000). Para cada
uma, centre a sua atenção sobre o seu próprio nível de desenvolvimento de saberes.
Que confiança sente em relação a cada uma delas?
Em que medida sente que precisa de desenvolver as suas competências?
Consegue priorizá-las, identificando aquelas que considera mais importantes?
Utilize o espaço abaixo indicado para tomar algumas notas.
[Tenha em consideração que não existem respostas certas para este exercício. Trata-se apenas de uma
oportunidade para reflectir sobre as suas competências e começar a considerar formas de as desenvolver]
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22. Priorize as seguintes Competências e Saberes
(1 = a mais importante)
Competencias Prioridades
(1 = a mais importante ; 6= a menos importante)
Comunicar e Envolver
Promover e Facilitar o Acesso
Diagnosticar/Avaliar e Planificar
Intervir e Providenciar Serviços
Trabalhar em Organizações
Desenvolver Competência Profissional
Habilidades Prioridades
(1 = a mais importante ; 15= a menos importante)
Comunicação
Auto-consciência
Análise
Lidar com sentimentos
Autogestão (Assertividade, Gestão do stress e Gestão
do tempo)
Apresentação de Informação
Coordenação(Gestão de cuidados, Trabalho
multidisciplinary, Gestão do trabalho)
Sensibilidade e Observação (Leitura de Linguagem
corporal e Empatia)
Reflexão
Criatividade (Boas Práticas)
Think on feet (Pensar face ao imprevisível)
Humildade
Resiliência
Trabalho em Parceria 22
Survival Skills
23. VAMOS TERMINAR A FRASE…..
SER COMPETENTE É………………
Metodologia:
Divisão da turma por grupos
Cada pessoa escreve num papel uma frase
Cada grupo delibera sobre a frase que
melhor identifica o pensamento do grupo
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24. COMO NOS PODEMOS TORNAR MAIS
COMPETENTES?
Reflectindo sobre a prática
Acreditando em si próprio
Aprendendo com os outros
Fazendo uso da supervisão e do treino 24
25. Colocando o relacionamento no coração da
Intervenção Social
Estando preparado para a mudança: Saber
lidar com a complexidade, incerteza e risco
social
Desenvolvendo uma prática reflexiva
Sendo um sujeito activo
http://www.youtube.com/watch?v=ZvKrIjNvGn8
http://www.youtube.com/watch?v=ZKyPDIFJbQw&feature=related
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26. UM EPISÓDIO PROFISSIONAL
" Numa consulta eu disse:
-Traga-me temas.
Ele fez uma lista desde a poluição até à prostituição.
- Sim senhor; quer falar disso, porque é que não havemos de falar?
E então a gente falava, discutia:
-Que é que você acha disso?
E ele dizia muito a medo, muito inseguro, que queria era ouvir a mim dizê-lo, o que é
que eu achava sobre aquilo. E eu sentia-me na obrigação de dizer o que é que eu
achava sobre aquilo, com certeza.
Eu tinha a percepção de que este indivíduo estava a crescer em conjunto, ele precisava
da palavra, ele queria ouvir-me falar sobre aquilo porque ele não tinha espaço lá fora,
nem na família, nem na relação com os colegas de trabalho. Ele trabalhava para uma
empresa, num hipermercado, mas não falava com ninguém, ele limitava-se a carregar
coisas, a trabalhar como uma máquina. Não falava com ninguém. Então ele tem aqui um
espaço privilegiado: um dia ele quis saber o que é que as drogas faziam. E eu expliquei-
lhe tintim por tintim; ele ficou maravilhado. O espaço é também pedagógico"
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(Saúde Mental/Toxicodependência, 1998, Assistente Social, 37 anos).
27. NOVO EPISÓDIO PROFISSIONAL
"Vamos supor que a família é de longe e que o candidato não consegue vir para a
instituição sem ter alojamento. Temos de negociar estas coisas todas com a família,
se pode vir, se tem algum familiar cá em Coimbra, como é que o candidato vem, etc.
A avaliação é feita com a família também. O nosso objectivo não é que as pessoas
obtenham aqui competências em termos profissionais. Mas competências em termos
pessoais, sociais. A formação profissional é muito alargada. Temos que ir para além
do desempenho profissional, do desempenho de tarefas, nós temos que ter em
conta o desempenho pessoal, social. E tudo isto tem de ser feito com a família. Nós
podemos formar aqui um indivíduo com deficiência que pode vir a ser um bom
profissional, mas que depois não tem competências em termos pessoais e sociais, e
obviamente não vai conseguir ter um emprego no mercado normal de trabalho. Às
vezes essas competências são mais valorizadas lá fora do que as competências
profissionais. Se não forem responsáveis, não forem autónomos... as coisas são
difíceis...É necessário formar as pessoas a vários níveis de saber.
(Deficiência/Reabilitação, 1998, Assistente social, 38 anos).
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