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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes 
Departamento de Comunicação Social 
JULIANA DANTAS 
VINE X INSTAGRAM:ESTUDO DE CASO COMPARATIVO SOBRE A PRODUÇÃO AUDIOVISUAL PARA PEQUENAS MÍDIAS 
NATAL – RN 
2013
JULIANA DANTAS 
VINE X INSTAGRAM:ESTUDO DE CASO COMPARATIVO SOBRE A PRODUÇÃO AUDIOVISUAL PARA PEQUENAS MÍDIAS 
Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM/CCHLA/UFRN) como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social (Habilitação Rádio e TV). 
Orientadora: Profa. Ms. SONIA REGINA SOARES DA CUNHA 
NATAL – RN 
2013
FOLHA DE APROVAÇÃO 
JULIANA DANTAS 
VINE X INSTAGRAM: ESTUDO DE CASO COMPARATIVO SOBRE A PRODUÇÃO AUDIOVISUAL PARA PEQUENAS MÍDIAS 
Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM/CCHLA/UFRN) como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social (Habilitação Rádio e TV). 
Aprovada em: ____/_____/_____ 
Comissão Examinadora: 
_____________________________________________________________________ 
Profa. Ms. SONIA REGINA SOARES DA CUNHA (UFRN) – Orientador 
_____________________________________________________________________ 
Prof. Ms. EMILY GONZAGA DE ARAUJO (UFRN) – Examinador 
_____________________________________________________________________ 
Prof. Ms. BRUNO SERGIO FRANKLIN FARIAS GOMES (UFRN) – Examinador 
Coordenador Pro Tempore do Curso de Comunicação Social: 
Prof. Dr. ITAMAR DE MORAIS NOBRE 
NATAL - RN 
2013
Aos meus pais.
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente, agradeço a família que sempre incentivou meus estudos, mesmo diante das situações mais difíceis. À Fernanda Dantas, minha mãe e exemplo de bravura. À José Everaldo Dantas e Ernestina Honorato Dantas, meus avós-pai e mãe, responsáveis pela minha criação e doutores de minha educação. Aos meus tios-irmãos Fabiano Dantas, Fábio Henrique Dantas e Fernando Dantas pois sempre tiveram paciência e proporcionaram grande aprendizado a sua irmã caçula. E aos meus primos-sobrinhos Alexia Amanda de Almeida Dantas e Nathan Gabriel Pereira Dantas. E agradeço também Karl Dantas pela paciência e ensinamentos constantes. 
Agradeço aos amigos por me guiarem em diversas das minhas escolhas e nunca desvirtuarem meu caminho. Aos amigos da Rua Dr. José Francisco da Silva, em especial a Idaliana Fagundes de Souza por estar ao meu lado desde o primeiro ano de minha vida. Aos amigos do curso de Comunicação Social ajudantes em minha formação, são eles: Arthur Barbalho, Davi Severiano, Hana Dourado, Isaías Bezerra e Jomar Dantas. À Deivson Mendes, João Paulo Santos, Frank Aleixo e Thyago Cesar pela constante amizade e parceria. E um agradecimento especial ao amigo Fábio Felipe Wanderley, meu irmão e professor, o maior presente que o destino deu ao meu renascimento, quando ingressei no curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2009. 
Aos mestres e doutores do corpo docente do Departamento de Comunicação Social, fundamentais para minha formação. Em especial àqueles que me estimularam a buscar conhecimento mesmo quando eu pensava em desistir: Ao Chefe do DECOM, Sebastião Faustino por ser um exemplo de gestor. Ao Coordenador Ary Azevedo por despertar meus anseios para a Publicidade e Propaganda. À Ângela Pavan, responsável por aprimorar minha sensibilidade em relação ao outro. À Ruy Rocha. Aos professores Bruno Gomes e Emily Gonzaga por serem tão compreensíveis e solícitos com essa aluna que nem sempre se dedicou o bastante. E agradeço especialmente a minha orientadora Sônia Regina, que me acolheu no passo mais importante de minha graduação, segurou minha mão e me ajudou a prosseguir. 
Por fim, agradeço à Rodrigo Tavares, Gustavo Mantovani, Carla Miranda e Rodrigo Ceni, meus ídolos e amigos, por serem o constante pulsar de meu coração. Agradeço a Lucas Silveira por ser o porta-voz do alimento que me fortalece todos os dias, a banda Fresno. Por me reerguer de todas as minhas quedas e me fazer enfrentar meus medos dizendo que “os sonhos são objetivos que a gente re-batiza desse jeito apenas para que pareçam inatingíveis. E o nosso salto pode ser do tamanho que a gente conseguir imaginar. Basta que a gente perca o medo de molhar os pés.”
A revolução não acontece quando a sociedade adota novas ferramentas. Acontece quando a sociedade adota novos comportamentos. (Clay Shirky)
RESUMO 
DANTAS, Juliana. VINE X INSTAGRAM: Estudo de Caso comparativo sobre a produção audiovisual para pequenas mídias. 2013. 57p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado). Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM/UFRN). Orientadora: Profa. MSc. Sonia Regina Soares da Cunha. 
O objetivo deste estudo investigativo é registrar, descrever e analisar aspectos da micro produção audiovisual utilizando-se os aplicativos Vine e Instagram e veiculada através do aparelho de celular inteligente (smartphone). A metodologia escolhida foi a do estudo de caso duplo (YIN, 2005), aliando-se também, as técnicas de revisão de literatura e documental, entrevistas e observação participante. A investigação revelou que os sites de redes sociais (Vine e Instagram) são plataformas de comunicação audiovisual baseadas na web e que permitem interação entre os integrantes, devidamente cadastrados. Estes agentes sociais se reconhecem como consumidores e ao mesmo tempo, se identificam como produtores de uma nova mídia, cuja informação e inspiração surgem de fontes muito além da mídia hegemônica tradicional. 
Palavras-Chave: Redes Sociais. Comunicação. Audiovisual.
ABSTRACT 
DANTAS, Juliana. VINE x INSTAGRAM: Comparative Case Study on audiovisual production for small media. 2013. 57p. Conclusion Paper degree. Communication Department of the Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM / UFRN). Advisor: Prof. MSc. Sonia Regina Soares da Cunha. 
The objective of this study is describe and analyze aspects of micro audiovisual production using Vine and Instagram apps and conveyed through the smartphone device. The methodology chosen was the double case study (YIN, 2005), and literature review, interviews and participant observation. The investigation revealed that social networking sites (Vine and Instagram) are audiovisual media platforms, web based and allow interaction among registered members. These social actors identify themselves as consumers and at the same time as producers of new media, which information and inspiration come from sources beyond the traditional mainstream media. 
Keywords: Social Networks. Communication. Audiovisual.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Ilustração 1 – Vine vs Instagram ..................................................................................... 13 
Ilustração 2 – Diagrama da Rede Social .......................................................................... 24 
Ilustração 3 – 6 TV De-coll/age, Wolf Vostell, 1963 ...................................................... 26 
Ilustração 4 –Instagram Candidato Obama ..................................................................... 32 
Ilustração 5 – Aplicativo Vine ......................................................................................... 33 
Ilustração 6 – Mecanismo gravação do Vine................................................................... 34 
Ilustração 7 – Mecanismo gravação do Instagram .......................................................... 34 
Ilustração 8 – Tela compartilhamento do Vine e do Instagram ....................................... 41 
Ilustração 9 – Tela de exploração do Vine e do Instagram ............................................. 42 
Ilustração 10 – Geolocalizador do Instagram .................................................................. 43 
Ilustração 11 –Cignoli gravando vídeo ............................................................................ 44 
Ilustração 12 – Cignoli pergunta: "Vine ou Instagram?" ................................................ 45 
Ilustração 13 – Comentários seguidos de Cignoli ........................................................... 45 
Ilustração 14 – Ryle gravando vídeo ............................................................................... 46
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1 – "Não importa qual celular você usa. Mas, sim qual o sistema dele." ............. 16 
Gráfico 2 – Visualização vídeos BR vs EUA .................................................................... 17 
Gráfico 3 – Comparativo audiência vídeos pelo smartphone em 26 países ...................... 18 
Gráfico 4 –Queda visualização de vídeos China e EUA 2012/2013 ................................. 19 
Gráfico 5 – Atividades paralelas junto com smartphone ................................................... 21 
Gráfico 6 – Difusão de smartphones ................................................................................. 22 
Gráfico 7 – Uso Redes Sociais smartphone BR & EUA ................................................... 29 
Gráfico 8 – Aplicativos no smartphone ............................................................................. 30 
Gráfico 9 –Preferência do usuário entre smartphone e outras mídias ............................... 37 
Gráfico 10 – Atividades no smartphone/semanal .............................................................. 38 
Gráfico 11 – Comparativo entre links Vine vs Instagram ................................................. 39
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 
1.1 De facilitador a faz tudo: o smartphone nosso de cada dia ................................. 14 
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 20 
2.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 20 
2.2. Objetivos Específicos ........................................................................................ 21 
3. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 22 
4. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 24 
4.1. Redes Sociais na Internet ................................................................................... 24 
4.2. Aplicativo ........................................................................................................... 28 
4.3. Instagram ............................................................................................................ 30 
4.4. Vine .................................................................................................................... 33 
5. METODOLOGIA .................................................................................................... 36 
5.1. Estudo de Caso Comparativo sobre a micro comunicação audiovisual ............. 36 5.2. A cultura da narrativa midiática digital como lócus investigativo ..................... 36 
5.3. Comparativo da Prática Social Midiática (Vine vs Instagram) ......................... 39 
5.4. Diferenças entre Vine & Instagram .................................................................... 40 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 48 
6.1. Propriedade Intelectual ....................................................................................... 50 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 53 
ANEXOS ........................................................................................................................ 56 
Anexo I – Entrevista Meagan Cignoli ............................................................................. 56 
Anexo II – Entrevista Rachel Ryle .................................................................................. 57
12 
1. INTRODUÇÃO 
O conceito de "Indústria Cultural” formulado na Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos, 1947 (Dialektik der Aufklärung – Philosophische Fragmente) por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer alerta sobre a dominação exercida pela mídia hegemônica, ou seja, da imposição de certos padrões midiáticos repetitivos, despertando nos agentes sociais as necessidades de consumo. 
O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este conhece-os na medida em que pode manipulá-los. O homem de ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las. É assim que seu em-si torna para-ele. Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato da dominação. (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.18). 
Porém, para Henry Jenkins (2008) há um novo processo de transformação da produção cultural, ou seja, o consumidor não apenas consome, mas também vislumbra a possibilidade de participar do processo de produção midiática, integrando uma "cultura participativa", que segundo Henry Jenkins (2008) é a “cultura em que fãs e outros consumidores são convidados a participar ativamente da criação e da circulação de novos conteúdos” (JENKINS, 2008, p. 333). 
O compartilhamento do cotidiano feito através da internet, faz com que o hábito de ler uma notícia num jornal impresso ao acordar de manhã, por exemplo, se torne obsoleto. Os novos hábitos mostram que, entre as atividades diárias prioritárias, estão: checagem de e-mails pessoais e profissionais; acesso às redes sociais (Facebook, Twitter etc.) para se manter atualizado sobre as notícias do mundo, ou da própria cidade; e além disso, para obter informações sobre a vida de pessoas próximas, ou não tão próximas, como as celebridades. E da mesma maneira com que o agente social checa e acompanha o cotidiano das outras pessoas, ao mesmo tempo, também compartilha flashes (em forma de textos, fotos e vídeos) dos acontecimentos diários da própria vida. E numa cadeia contínua, o compartilhamento se processa ad infinitum, através dos inúmeros agentes que utilizam o formato da micro comunicação para dar sequência ao processo midiático através das redes sociais conectadas pela internet. Para Donaton (2007) esse processo pode identificar o papel ativo assumido pelo agente social. 
A chave para entender a mudança é a transferência de poder: de quem faz e distribui os produtos de entretenimento para quem os consome. Em outras palavras, o poder está migrando dos estúdios de cinema, das redes de televisão, das gravadoras e das
13 
agências de propaganda para o sujeito no sofá com o controle remoto, ou para a mulher que compra uma entrada de cinema no multiplex de seu bairro, ou para o adolescente que baixa música na internet. O consumidor ganhou poder e liberdade (DONATON, 2007 p. 25). 
O poder e a liberdade que chegaram com o avanço tecnológico passam pelas pequenas mídias e os aplicativos desenvolvidos especialmente para permitir que os usuários tenham acesso, via internet, às redes sociais, como Twitter, Facebook, YouTube, entre outras, tanto para receber como para enviar conteúdo. Em especial os smartphones1 são hoje, mais do que simples aparelhos de telefone celular, são dispositivos de alta tecnologia que permitem a execução de uma infinidade de tarefas, entre elas tirar fotos, gravar vídeos e enviar o material para as redes sociais através da conexão pela internet. 
Diante deste novo cenário de consumo da comunicação e cultura, este estudo investigativo busca registrar, descrever e analisar a nova forma de comunicação interpessoal audiovisual feita pelos agentes sociais, com o uso dos smartphones para gravar, editar e compartilhar vídeos de no máximo 15 segundos, através dos aplicativos Instagram do Facebook e Vine do Twitter, no ciberespaço. 
Ilustração 1: Vine vs Instagram (Imagem: Mashable.com) 
1 Segundo o Dicionário de Referências (2013, online) "smartphone é um aparelho que combina um telefone celular (móvel) com um computador portátil, capaz de oferecer acesso à internet, arquivamento de dados (áudio e vídeo), capacidade para trocar e-mails entre outras funções”. A palavra smartphone tem origem datada de 1995 e pode ser traduzida como telefone inteligente. Smart = inteligente + phone = telefone. (tradução da orientadora)
14 
1.1 De facilitador a faz tudo: o smartphone nosso de cada dia 
No começo dos anos 2000 deu-se início a uma era que muitos acreditavam só acontecer em filmes de ficção cientifica ou, quem sabe, daqui há algumas dezenas de anos: A nova era digital e, dentro dela, a era dos smartphones. O termo smartphone (telefone inteligente) é designado para aparelhos que funcionam tanto como telefone quanto como computador. Esses aparelhos vieram com o propósito de facilitar a vida do ser pós-moderno que tem a intenção de aproveitar os espaços de tempo entre suas atividades para fazer algo útil em relação ao seu trabalho, estudo ou entretenimento. 
Em 1992, ocorreu o primeiro ensaio sobre a nova era digital, quando a IBM lançou o Simon, aparelho que possuía recursos como PDA (PersonalAssistantSistem) e fax, além de já dispor de uma tela resistiva sensível ao toque. Dez anos após, a empresa Kyocera lançou o aparelho QCP 6035 que custava na época cerca de R$ 3 mil no mercado nacional. O modelo mesclava as funções de celular com computador através do sistema operacional Palm OS e permitia a conexão com a internet porém o alto custo inviabilizou o consumo em massa. 
Em 2002, os consumidores brasileiros tiveram acesso aos aparelhos de telefonia móvel com tecnologia GSM (Global System for Mobile Communications) e tela colorida. O pioneiro no mercado brasileiro foi o Communicator 9210 da Nokia, custando em torno de R$ 3,5 mil. No mesmo ano também foi lançado o Treo 300 da Handspring, primeiro aparelho celular que dispunha de um teclado com layout QWERT, o modelo de teclado mais utilizado em computadores até os dias atuais. Em 2005, a operadora de telefonia móvel TIM lançou um plano de serviços que custava cerca de R$ 400 por mês, e que permitia ao consumidor adquirir um aparelho Blackberry, podendo receber e enviar e-mails. Depois foi a vez da HP lançar o iPac Mobile Mensseger que tinha como o seu atrativo principal a conectividade com as redes GSM, GPRS (General Packet Radio Service), Wi-Fi, e EDGE (Enhanced Data rates for GSM Evolution). 
Em 2007, a Apple lançou o iPhone, um aparelho multitarefas com a capacidade de memória interna de 8 gigabyte. O iPhone possibilitava o usuário integrar as funções de celular (com acesso à internet, busca online, Wi-Fi, emails, sistema operacional Mac OS X, adaptado para o dispositivo móvel e hoje conhecido como iOS, e tecnologias GSM e EDGE); do iPod (compartilhador de músicas/tocador digital da Apple); e câmera (2megapixels). Entre os
15 
diferenciais estavam a duração da bateria (5h/conversação e 16h/reprodução musical) e uma tela de 3.5 polegadas sensível ao toque dos dedos (Multitouch) equipada com teclado virtual e com sensor de movimento que permitia a visualização das imagens em qualquer sentido (horizontal ou vertical). Segundo Steve Jobs, diretor da Apple na época (morreu em 2011), o iPhone tornava realidade o sonho de transformar o dedo em caneta. "Vamos usar o melhor aparelho para selecionar itens. Nascemos com dez deles, os nossos dedos. A tela ignora toques acidentais e entende as ordens simultâneas de diversos dedos." (JOBS apud GLOBO, 2007, online) 
O outro sistema operacional (aberto) é o Android, desenvolvido pelo Google em 2007. Para a editora da CBS TV, Jéssica Dolcourt (2013) os aparelhos com Android mais utilizados pelos usuários são: Motorola DroidMaxx; Samsung Galaxy Note 3; SamsungGalaxy S4; HTCOne; GoogleNexus 5; HTC One Mini. A plataforma Android é a mais popular entre as empresas de tecnologia devido ao baixo custo, bem como porque é personalizável. Apesar de ter sido projetado especialmente para telefones celulares e tablets, este sistema operacional também tem sido utilizado em televisores, jogos, câmeras digitais e outros aparelhos eletrônicos. 
Em setembro de 2013, foi lançada a mais recente versão do iOS 7 da Apple. A capacidade de armazenamento em seus dispositivos móveis (iPhone, iPad e iPod) chega aos 64 gigabyte. Os novos dispositivos, lançados em paralelo ao novo sistema operacional, contam com leitura biométrica, tecnologia que pretende revolucionar o uso do cartão de crédito. Durante os últimos anos a Apple aperfeiçoou o seu smartphone (iPhone) acrescentando outras funções para a interface com o usuário, entre elas, GPS; câmera de vídeo com resolução de 1080p (alta definição), 8-MP; sensor iluminado na parte de trás do aparelho que captura imagens com pouca luz e flash que permanece ligado durante gravações de vídeo; duas câmeras de vídeo (frente e verso); slowmotion (câmera lenta) (120 fps); identificador de rostos; fotos panorâmicas; fotos e vídeos ao mesmo tempo usando o botão do volume para iniciar a gravação, que conta com um giroscópio interno para estabilizar a imagem durante a captura; jogos eletrônicos; correio de voz visual e mais de um milhão de aplicativos da Apple e de terceiros que podem ser baixados para ativar outros serviços. (iPhone, Wikipedia, 2013, online). 
Com tantos recursos técnicos e de ponta, um dos pontos mais criticados pelos usuários é a falta de privacidade, que pode ajudar a localizar e até bloquear o aparelho no caso de perda ou roubo, mas também, permite que agências de segurança internacionais tenham acesso aos
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dados dos usuários (localização geográfica, notas, leituras, e-mails, mensagens etc.). Recentemente, a mídia mundial alertou sobre a invasão de dados não só de iPhones, mas também dos proprietários de BlackBerrys e aparelhos com o sistema Android. 
Segundo dados da Gartner (2013) os smartphones com sistema Android são os mais vendidos nos Estados Unidos. Entre os aparelhos celulares, as marcas mais vendidas em 2012 foram: 1º Samsung, 2º Nokia e 3º Apple. Entretanto, quando analisamos os números das trocas de dados através da internet móvel, o sistema iOS da Apple vem em primeiro lugar. Para Tim Cook (2013), diretor da Apple, "o sucesso da empresa não é medido pela venda unitária, porque a Apple nunca conseguiu ser líder através dessa métrica, mas sim, através das estatísticas de utilização do sistema iOS" (COOK apud GROBART, 2013, online), onde revela um gráfico positivo. 
Gráfico1: "Não importa qual celular você usa. Mas, sim qual o sistema dele." (Fonte: GARTNER, 2013) 
Com tantas funções e aplicações, fica fácil para o usuário concentrar a maioria das atividades diárias para realização através do dispositivo móvel, entre elas receber e enviar e- mails e mensagens, e principalmente, atualizar o perfil nas redes sociais. Mas, o que este estudo investigativo objetiva registrar e analisar é o compartilhamento e visualização de vídeos através dos smarthphones. 
Através da ferramenta Think Insights do Google, disponível em http://thinkwithgoogle.com é possível elaborar gráficos instantâneos sobre hábitos dos usuários
17 
de smartphones em 48 países. O portal Our Mobile Planet (Nosso Planeta Móvel) oferece diversas possibilidades de pesquisa personalizadas, que podem ser baixadas gratuitamente, entre elas, uma comparação entre Brasil e Estados, por exemplo, sobre o número de usuários que utiliza o aparelho para ver vídeos. Em 2013, a média diária da visualização de vídeos pelos brasileiros, através das telas dos aparelhos celulares, é quatro por cento maior do que a dos americanos. 
Gráfico 2: Visualização vídeos BR vs EUA. (Fonte: Google, 2013) 
De acordo com o portal do Google (2013), dos 48 países cadastrados, apenas 24 disponibilizam informações sobre visualização de vídeos pelo celular. A base da pesquisa é de mil entrevistados em cada país, mas na Arábia Saudita, foram 500 pessoas entrevistadas. Os dados da pesquisa são de 2013. Para obter os resultados a seguir, foi introduzida a pergunta: "qual é a porcentagem de usuários de smartphones que assiste vídeos diariamente?" 
Abaixo podemos analisar o gráfico com o resultado total de visualização de vídeos em 26 países, bem como uma lista com algumas porcentagens, do país com maior, para o país com menor número de usuários que assistem vídeos pelo smartphone. 
28% 
24% 
Brasil 
Eua 
Diariamente
18 
Arábia Saudita – 64.1 % 
Emirados Árabes – 55.3 % 
Tailândia – 53.3 % 
Vietnã – 49.2 % 
México – 48.3 % 
Turquia – 45.8 % 
Índia – 44 % 
Coréia – 43 % 
Brasil – 28 % 
Estados Unidos – 24 % 
Gráfico 3: Comparativo audiência vídeos pelo smartphone em 26 países (Fonte: Google, 2013) 
Assistir vídeos é apenas uma das atividades desenvolvidas pelos usuários de smartphones, pois a maioria dos usuários utiliza a conexão com a internet através do aparelho para acessar a rede social e atualizar a mensagem de status, bem como verificar mensagens ou e-mails (Google, 2013). 
14% 
11% 
64% 
29% 
19% 
14% 
14% 
28% 
18% 
24% 
43% 
19% 
55% 
25% 
24% 
39% 
10% 
13% 
28% 
36% 
16% 
18% 
44% 
48% 
14% 
49% 
África do Sul 
Alemanha 
Árabia Saudita 
Argentina 
Austrália 
Áustria 
Bélgica 
Brasil 
Canadá 
China 
Coreia 
Dinamarca 
Emirados Árabes 
Espanha 
Estados Unidos 
Filipinas 
Finlândia 
França 
Grécia 
Hong Kong 
Hungria 
Japão 
Índia 
México 
Reino Unido 
Vietnã 
Frequência de visualização de vídeos pelo smartphone 
2013
19 
Entretanto, de acordo com o estudo realizado pelo Google (2013) a China e os Estados Unidos apresentaram queda de 2012 para 2013; com relação ao fenômeno de assistir vídeo pelo smartphone, enquanto os dados coletados em outros países revelam um crescimento contínuo conforme podemos observar no gráfico a seguir. 
É possível observar nos dados demonstrados pela pesquisa Google (2012/2013) que a comunicação audiovisual, feita através de aplicativos disponibilizados aos dispositivos móveis, aumentou em 2013. Graças a esses aplicativos os agentes sociais tornam-se cada vez mais capazes e independentes para dar vida aos textos e fotografias, e assim compartilhar produtos audiovisuais artísticos, bem como narrativas do cotidiano através do ciberespaço. 
11% 
20% 
20% 
13% 
25% 
38% 
25% 
17% 
10% 
11% 
30% 
28% 
18% 
24% 
55% 
24% 
18% 
14% 
2012 
2013 
Gráfico 4: Queda Visualização Vídeos China e EUA 2012/2013. (Fonte: Google, 2013)
20 
2. OBJETIVOS 
A chegada de redes sociais exclusivas para dispositivo móvel, como o Instagram e o Vine, fez com que o usuário produzisse cada vez mais o seu próprio conteúdo. Esse conteúdo é publicado através desses aplicativos, e é muito interessante para as marcas a atração de mais e mais usuários. Com a evolução tecnológica dos dispositivos e da velocidade da internet fornecida pelas operadores de celular além do fácil acesso a redes Wi-Fi, os usuários estão cada vez mais visualizando vídeos em seus smartphones. Essa visualização, feita por diversas plataformas, influencia também a produção de vídeos por parte do usuário, principalmente para compartilhar o cotidiano. 
2.1 Objetivo Geral 
Investigar os novos hábitos dos agentes sociais através da produção audiovisual que vem sendo compartilhada por usuários nos aplicativos Vine e Instagram. Perceber que um novo modelo participativo de comunicação está sendo produzido nas redes sociais se faz necessário nesse momento pois trata-se de um tema novo no âmbito da comunicação voltada para hábitos socais. Esses hábitos atuais mostram que embora os usuários façam outras atividades, ele sempre está ao alcance de seu dispositivo para registrar e compartilhar qualquer coisa que seja. É muito comum, principalmente no Instagram, o usuário compartilhar qual livro está lendo no momento ou qual música está ouvindo, comentar a participação de um artista num programa de TV ou o desempenho de um determinado ator de uma série televisiva.
21 
O dado acima reforça a ideia de que cada vez mais o usuário quer compartilhar suas atividades em tempo real. Podemos ver que a maioria dos entrevistados ouve música no mesmo momento em que utiliza o seu smartphone. 
2.2 Objetivos Específicos 
Definir a diferença de dois processos de comunicação que estão sendo feitos pelos usuários de redes sociais através dos aplicativos móveis Instagram e Vine. No último ano, os usuários passaram a compartilhar seu cotidiano e criar conteúdo através de vídeos e essa pesquisa pretende facilitar a compreensão sobre o surgimento dessa nova forma de micro comunicação audiovisual. 
0% 
10% 
20% 
30% 
40% 
50% 
60% 
70% 
Alemanha 
Argentina 
Brasil 
Canadá 
China 
EmiradosÁrabes 
EstadosUnidos 
Japão 
ReinoUnido 
Ouve música 
Lê um livro 
Assiste TV 
Joga videogame 
Lê jornal ou revista 
Assiste filmes 
Gráfico 5: atividades paralelas junto com smartphone (Fonte: Google, 2013)
22 
3. JUSTIFICATIVA 
Essas mudanças sociais e culturais criaram novas formas de pensar e agir, novos estilos de vida e, consequentemente, novas técnicas de comunicação que buscam atingir um público cada vez mais complexo. Atualmente, o crescimento do uso de dispositivos móveis (celulares, smartphones, tablets) se torna cada vez mais evidente. Os usuários estão se tornando seres participativos, e as empresas estão em busca desse usuário para que ele produza o seu próprio conteúdo e compartilhe cada vez mais. 
No gráfico abaixo (Base mil entrevistados, Google, 2013) podemos observar a penetração de smartphones na população da Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, China, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América, Japão e Reino Unido nos anos de 2012 e 2013. 
Gráfico 6: Difusão de smartphones (Fonte: Google, 2013) 
No Brasil, a difusão de smartphones passou de 13,8% em 2012 para 26,3% em 2013. Assistimos a um processo de inovação tecnológica veloz que impacta profundamente o campo da comunicação. A inclusão digital e a facilidade do acesso à banda larga no últimos anos influenciam o compartilhamento de informação. Os novos espaços, proporcionados e potencializados pela internet, somados à perda de força dos meios convencionais de 
29% 
24% 
14% 
33% 
33% 
61% 
44% 
20% 
51% 
40% 
31% 
26% 
56% 
47% 
74% 
56% 
25% 
62% 
Difusão de smartphones 
2012 
2013
23 
comunicação e à mudança nos perfis e hábitos dos agentes sociais permite que cada vez mais novos conteúdos de informação sejam compartilhados através das redes sociais. Nos Estados Unidos, 57% dos entrevistados para a pesquisa do portal do Google (2013) disseram que utilizam a internet através do smartphone para não perder nenhuma informação quando estiver fora de casa. 73% dos usuários do mesmo país disseram que o smartphone é um bom passatempo em momentos de espera. No Brasil, 70% dos entrevistados utilizam a internet através do smartphone quando não tem outro dispositivo. Isso mostra que o uso da internet através do smartphone ainda está ligado a atividades de segundo plano. O agente social busca estar informado e conectado com o mundo durante todo o tempo, fazendo com que o smartphone passasse de instrumento de comunicação entre duas pessoas, para um meio de comunicação multi tarefas em tempo real.
24 
4. REFERENCIAL TEÓRICO 
4.1. Redes Sociais na Internet 
A popularização do computador e do acesso à internet na última década fez com que os ciclos sociais construídos ao longo da vida das pessoas tivessem a necessidade de ocupar o ciberespaço. Esse novo meio de agregar e fortalecer laços sociais através do computador foi nomeado de “Redes Sociais”. A pesquisadora comunicacional Raquel Recuero (2009) baseando-se em Wasserman & Faust, 1994 e Degenne & Forse, 1999, conceitua que “uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)" (grifos do original) (RECUERO, 2009, p.24). 
Ilustração 2: Diagrama da Rede Social (Fonte: WikiMedia, 2009)
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Assim como nos ciclos sociais offline, as redes sociais operam em diferentes tipos e convívios. O LinkedIn, por exemplo, é uma rede social criada exclusivamente para fins profissionais. Lá os usuários podem ampliar o networking através das conexões, bem como pesquisar vagas de empregos, cursos, seminários, entre outras ofertas apresentadas por outros usuários, e pelas instituições e grupos interligados pela rede. As redes sociais como o Orkut, Facebook e Twitter, por exemplo, são sites de relacionamento em geral. No entanto, existem aspectos que igualam as diversas redes sociais, como a troca e compartilhamento de informações e interesses em busca de objetivos em comum dos usuários. 
A criação, publicação e compartilhamento de fotos e vídeos são os objetivos mútuos das redes sociais Vine e Instagram. Para serem agentes participativos destas redes, os usuários são obrigados a publicar conteúdos fotográficos ou audiovisuais, com a opção do uso de um texto de apoio. O artigo 5°, parágrafo VIII – da lei brasileira de direitos autorais define o audiovisual como: 
Tudo que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá- lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação (Lei de Direitos Autorais -nº 9.610, 1998) 
São exemplos de tipos de produtos que se enquadram nessa definição: novelas, seriados, comerciais, transmissões de qualquer tipo de eventos, filmes, videogames, reportagens, videoclipes e curtas. Este último é o “produto-chave” utilizado na rede social Vine, e cada vez mais no Instagram. 
O uso do audiovisual como compartilhamento de cotidiano nestas duas redes faz com que os agentes sociais produzam seus conteúdos de diversas formas. É notória a presença de estilos característicos de produção audiovisual no Vine e no Instagram. Enquanto alguns usuários compartilham a experiência audiovisual através de imagens diretas do próprio cotidiano, outros tornam essa experiência mais elaborada, transformando-se num vídeo artista dentro da rede social. 
Este fato nos leva a ponderar sobre uma possível conexão com o que ocorreu no início da era do cinema, ou seja, o desejo dos antigos cineastas era também, o de registrar em imagens com movimento, as cenas do cotidiano, como por exemplo, a chegada do trem na estação filmado pelos irmãos franceses Auguste Lumière e Louis Lumière, e que se tornou o primeiro
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filme (P&B) da história do cinema, exibido em 1985, como “A Chegada do Trem na Estação” (L'arrivée d'un Train à La Ciotat). 
Michael Rush (2003, p.10) afirma que “na primeira época, era o ‘tempo real’ que interessava aos artistas: vídeo, não-processado e não-editado, podia capturar o tempo como era experiência, logo aqui e agora, internamente ou externamente". Com o avanço tecnológico, ocorreu também o aperfeiçoamento da prática social cinematográfica. Em 1902, o diretor francês Georges Méliès foi o primeiro a utilizar efeitos especiais e técnicas de edição no filme “Viagem à Lua” (Le Voyage Dans La Lune). 
Nos anos 1960 artistas e cineastas apresentaram ao mundo a videoarte, a arte em vídeo, feita por artistas que procuravam quebrar paradigmas cinematográficos. O barateamento da produção e a difusão do vídeo incentivaram práticas não comerciais do uso da mídia audiovisual por artistas do mundo todo. Um dos pioneiros da videoarte foi o artista alemão Wolf Vostell, ao lançar em 1963, o filme Sun In You Heade e a instalação artística 6 TV De-coll/age. 
Ilustração 3: 6TVDe-coll/age, Wolf Vostell, 1963 (Fonte: Museu Reina Sofia, Madrid, 1965)
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Apesar da maioria dos vídeos compartilhados nas redes sociais Vine e Instagram seguirem uma linearidade, eles se adequam na categoria de videoarte por, em grande parte, utilizarem elementos minimalistas e ferramentas de baixo custo e exibição não centralizada. 
A preponderância da ideia, a transitoriedade dos meios e a precariedade dos materiais utilizados, a atitude crítica frente às instituições, notadamente o museu, assim como formas alternativas de circulação das propostas artísticas, em especial durante a década de 1970, são algumas de suas estratégias [da arte conceitual]. (FREIRE, 2006, p.10) 
Contudo, o conteúdo da narrativa audiovisual produzida e compartilhada nestas redes sociais é, na grande maioria, formado por storytelling, ou seja, o ato de contar (tell) histórias (story), que segundo Scartozzoni (2011) é a forma mais antiga de entretenimento. Provavelmente na pré-história, as pessoas se reuniam à noite, antes de dormir, em volta da fogueira, para relatar os principais acontecimentos do dia. 
Storytelling pode ser definido de várias maneiras, mas a que importa nesse caso é que se trata de uma poderosa ferramenta para compartilhar conhecimento, utilizada pelo homem muito antes do que qualquer mídia social. Para ser mais exato, há algo em torno de 30 a 100 mil anos, quando acredita-se que o Homo Sapiens Sapiens desenvolveu a linguagem. (SCARTOZZONI, 2011, s/p.) 
O que muda com a evolução tecnológica é que a contação de histórias feitas oralmente por nossos antepassados ganhou efeitos especiais com a chegada do digital, através da combinação de imagens com a trilha sonora, que inclui voz e música. (BULL & KAJDER, 2004). Atualmente, o digital storytelling ganhou popularidade graças ao uso dessa prática pela comunicação publicitária. Como contar histórias é parte importante da comunicação humana, os publicitários perceberam que as empresas que comunicavam seus valores através de histórias verdadeiras, ganhavam a confiança dos consumidores, e também, dos funcionários. 
Mas, não foi só o marketing que descobriu os poderes do digital storytelling. Nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia, desde 1990, o fundador da Organização Não Governamental Center for Digital Storytelling (CDS), Joe Lambert, capacita estudantes e professores para a produção e compartilhamento de narrativas pessoais, e até, de narrativas de eventos históricos, através da combinação multimidiática de gráficos, textos, vídeo, música, áudio etc. (MILLER, 2009). 
A oferta multimídia favoreceu a criação da transmedia storytelling, a contação de histórias em transmídia, em várias plataformas de mídias. Como explica o professor Henry Jenkins (2009) uma história transmídia representa a integração da experiência do entretenimento através de diferentes plataformas midiáticas. Uma série como Heroes ou Lost
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pode sair da TV para os quadrinhos, internet, jogos eletrônicos, bonecos etc., atraindo assim, novos consumidores à medida em que vai se expandindo, e permitindo que os fãs mais dedicados participem cada vez mais profundamente da narrativa. Pois, os fãs podem traduzir os próprios interesses sobre a história e os personagens, em entradas para Wikipédia, fan videos, cosplay e uma série de outras práticas participativas que ampliam a história para uma infinidade de novas direções. (JENKINS, 2009). Em muitos casos os agentes sociais também utilizam o digital storytelling para transitar entre diferentes redes sociais contando a mesma história de diferentes formas (texto, foto, vídeo etc.). 
As redes sociais de compartilhamento de fotos e vídeos se tornaram muito populares nos últimos três anos. A maioria dos usuários de dispositivos móveis não dispensa o uso de um aplicativo para compartilhar o cotidiano, seja por foto ou vídeo. Esse compartilhamento, antes feito por texto através do Twitter ou do Facebook, se tornou complexo de acordo com o aumento da capacidade de transmissão de dados via internet, tanto para receber como para enviar, e de acordo com a redução dos preços dos pacotes (dados e voz) oferecidos pelas operadoras de telecomunicações no mercado brasileiro. 
4.2. Aplicativo 
Para a comunicação (através de texto, imagem, áudio, vídeo) chegar ao usuário, e ser enviada pelo usuário do smartphone, ela precisa ser feita através de aplicativos. Para navegar pela internet (Safari, Internet Explorer, Google Chrome, Opera, Firefox etc.) o usuário precisa instalar o aplicativo do browser no smartphone. Os smartphones possuem um software próprio do sistema do aparelho que permite seu funcionamento, entre eles podemos citar: Windows Phone, da Microsoft; o iOS, da Apple; e o Android, do Google. Os aplicativos atuam dentro desses sistemas, através de programas de computação desenvolvidos especificamente para determinadas atividades. No caso do Vine, o aplicativo serve para captação, edição e compartilhamento de vídeos através do Twitter ou Facebook. 
Um mercado em crescente expansão é o de desenvolvimento de aplicativos, principalmente por jovens universitários que participam de concursos de microempreendedoríssimo, feiras de tecnologia ou encontros de startups. As fabricantes de
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smartphones estimulam o desenvolvimento de novos aplicativos de acordo com a demanda do mercado, principalmente entre os jovens usuários, e oferecem esses produtos (muitas vezes gratuitamente) em lojas virtuais, por exemplo: Windows Phone (Microsoft), App Store e Itunes (Apple), Google Play (Android/Google). 
Os aplicativos que permitem postar mensagens através das redes sociais (Facebook, Twitter, entre outras) estão entre os mais populares junto ao público. 
O gráfico abaixo mostra o uso das redes sociais, através dos aplicativos, disponíveis gratuitamente. 
Essa distribuição gratuita faz com que as grandes empresas possuam a maior fortuna da nova era digital: os dados. Assim como nos mecanismos de pesquisa, os dados pessoais fornecidos para participar das redes sociais também são valiosíssimos. Uma empresa que possui mais de um bilhão de registros com incontáveis dados pessoais de cada usuário pode facilmente usa-los para o fim que desejar. 
Atualmente, cerca de 1 bilhão de pessoas utilizam smartphones em todo mundo e, segundo um estudo elaborado pela empresa global de serviços financeiros Morgan Stanley (2013), o número de usuários cresce numa taxa mundial de 42%. O gráfico abaixo mostra em 
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Brasil 
Estados Unidos 
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Twitter 
Foursquare 
Google+ 
Instagram 
LinkedIn 
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Gráfico 7: Uso Redes Sociais smartphone BR & EUA (Fonte: Google, 2013)
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média quantos aplicativos os consumidores possuem em seu smartphone (Google, 2013, base mil usuários). 
4.3. Instagram 
Entre fevereiro e março de 2010, o brasileiro Mike Krieger e o norte-americano Kevin Systrom criaram um aplicativo onde o usuário poderia compartilhar fotos e mensagens de status (check in), além de uma agenda. O aplicativo nomeado de Burbn era um piloto do que mais tarde se tornaria um dos aplicativos mais famosos do mundo da informática, o Instagram. Na época, o Burbn possuía pouca usabilidade, ou seja, precisava ser simplificado para ser usado por um número maior de agentes sociais. 
Entretanto, como as câmeras de celular, em geral, possuíam baixa qualidade para captura das imagens, houve grande interesse na melhora da usabilidade do aplicativo. Assim, em outubro do mesmo ano, o aplicativo Burbn se transformou no Instagram, possibilitando ao usuário capturar e editar imagens através do smartphone de forma fácil e rápida, além de permitir a inserção de filtros que modificavam a cor e textura das imagens. Essas imagens poderiam então, ser compartilhadas na linha do tempo do perfil do usuário (que para usar o 
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Gráfico 8: Aplicativos no smartphone (Fonte: Google, 2013)
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serviço é obrigado a se cadastrar na rede social), e consequentemente, permitir o compartilhamento entre o seu ciclo social (amigos, familiares) através das outras redes sociais, como Facebook e Twitter. 
O aplicativo Instagram foi liberado apenas para usuários do sistema iOS. Em pouco mais de três meses do lançamento, o Instagram atingiu a marca de um milhão de usuários. Um ano depois o Instagram foi eleito o “app do ano” pela Apple Store, com cerca de 15 milhões de usuários cadastrados (Huffington Post, 2011). Nesse mesmo período, a equipe desenvolvedora do aplicativo, formada por quatro pessoas, anunciou que estava trabalhando numa versão para o sistema Android. Em 2012, a assessoria de comunicação do então candidato à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou a criação de uma conta no Instagram como parte da campanha eleitoral. 
Estamos felizes de dar as boas-vindas ao presidente Barack Obama ao Instagram! Estamos ansiosos para ver como o presidente Obama usará o Instagram para dar aos seguidores um aspecto visual do que acontece no dia-a-dia de um presidente dos Estados Unidos. (SYSTROM, 2012, online). 
O serviço se tornou ainda mais popular dentro do meio artístico e jornalístico pois, para acompanhar os bastidores da campanha eleitoral do atual presidente dos Estados Unidos era necessário estar cadastrado na rede social.
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Em abril de 2012, foi lançada a versão do aplicativo Instagram para o sistema operacional Android. Ao atingir a marca de trinta milhões de usuários, o aplicativo foi vendido para o Facebook por cerca de R$ 2.5 bilhões. 
Estou animado em compartilhar a notícia de que concordamos em adquirir o Instagram e que a sua talentosa equipe vai se juntar ao Facebook. Por anos, temos focado na construção de uma melhor experiência para compartilhar fotos com seus amigos e familiares. Agora, seremos capazes de trabalhar ainda mais estreitamente com a equipe do Instagram para também oferecer as melhores experiências para compartilhar fotos de celulares com pessoas do seu interesse. (ZUCKERBERG, 2012). 
Em Junho de 2013 o Instagram adicionou a possibilidade de gravação, edição e compartilhamento de vídeos a sua plataforma, devido ao grande sucesso que o Vine vinha fazendo desde o seu lançamento, no início do ano. No entanto, a corrida para distribuição da micro comunicação audiovisual está só começando. Além do Vine/Twitter e do Instagram/Facebook que analisamos neste estudo investigativo, podemos acrescentar Viddy, que permite o compartilhamento de vídeos até 15 segundos e Cinemagram que permite a animação de pequenas partes de um vídeo clipe e o 8mm. 
Ilustração 4: Instagram Candidato Obama (Fonte: Instagram, 2013)
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4.4. Vine 
A rede social Twitter foi desenvolvida para permitir aos usuários o compartilhamento de mensagens com até 140 caracteres. Com o lançamento do aplicativo Vine, os usuários podem escolher entre os 140 caracteres e seis segundos de vídeo, ou ambos. Os vídeos parecem imagens GIF2, mas com áudio. Para o criador do Twitter, Jack Dorsey, "o Vine propõe uma nova maneira de comunicar arte para o mundo" (DORSEY apud BOSKER, 2013, s/p.). 
2Sigla para Graphics Interchange Format. Segundo o dicionário de referências (2013, online) “Um conjunto de normas em formato de arquivo para armazenamento de imagens digitais a cores e animações curtas.” (Tradução da autora) 
Ilustração 5: Aplicativo Vine (Fonte: Vine, 2013)
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A boa usabilidade do aplicativo tornou-o rapidamente popular entre os usuários. Entretanto, diferente do Instagram, o usuário do Vine não tem acesso a esta rede social por completo através do computador, ou seja, o aplicativo opera apenas através do smartphone. Para poder assistir o vídeo que ele produziu no Vine, na tela de um computador, o usuário é obrigado a exportá-lo para uma rede social (Twitter ou Facebook) onde um link é gerado, e possibilita o compartilhamento em outros sites. Ilustração 7: Mecanismo de gravação do Instagram (Foto: Juliana Dantas, 2013) 
Ilustração 6: Mecanismo de gravação do Vine (Foto: Juliana Dantas, 2013)
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O usuário do Vine não tem o botão on/off para iniciar/parar a gravação do vídeo, para proceder a esta operação o usuário deve tocar o dedo na tela do smartphone, para iniciar a gravação, que irá parar assim que o dedo for retirado. O mecanismo de gravação ocorre da mesma forma no Instagram, mas lá o usuário precisa pressionar um botão. Assim que o vídeo é enviado para a rede Vine, ele se mantém automaticamente rodando, de forma contínua, em loop. Essa dinâmica de gravação possibilita o desenvolvimento de micro produtos midiáticos audiovisuais em stop motion com maior facilidade. Fato que tornou o aplicativo bastante popular no ciberespaço, em virtude da criatividade de alguns usuários ao produzirem vídeos bem humorados e interessantes. O Vine foi lançado gradativamente para o sistema operacional Android e Windows Phone, aumentando ainda mais a popularidade na rede.
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5. METODOLOGIA 
5.1. Estudo de Caso Comparativo sobre a micro comunicação audiovisual 
O objetivo deste estudo é registrar, descrever e analisar aspectos da micro produção audiovisual através dos aplicativos Vine e Instagram. No mercado mundial, há menos de um ano, estes aplicativos conquistaram milhões de fãs. A comprovação pode ser feita na rede social Facebook, onde estão as páginas Best Vines, com 18 milhões de curtidas e a página oficial do Instagram com 7 milhões de curtidas. O método do estudo de caso comparativo foi escolhido por ser o mais apropriado caminho para responder as questões desta pesquisa. A técnica permite ao pesquisador atuar, ao mesmo tempo, tanto como observador como investigador. [...] o estudo de caso é o método que contribui para a compreensão dos fenômenos sociais complexos, sejam individuais, organizacionais, sociais ou políticos. É o estudo das peculiaridades, das diferenças daquilo que o torna único e por essa mesma razão, o distingue ou o aproxima dos demais fenômenos. (DUARTE, 2010) Segundo Robert Yin (2005) um estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidas. A investigação do estudo de caso comparativo permite que o investigador trabalhe de forma distinta, dentro do espaço investigativo no qual as muitas variáveis que podem encontradas, formam um campo de dados inédito, em virtude dos poucos estudos sobre o tema. Yin (2005) esclarece que o estudo de caso comparativo beneficia o investigador ao permitir o desenvolvimento da pesquisa a partir das proposições teóricas que orientam a busca de dados, bem como referendam os achados. E finalmente, Yin (2005) explica que o estudo de caso comparativo permite ao investigador buscar múltiplas fontes de evidências, no caso deste estudo duas (Vine & Instagram), e fazer a triangulação dos dados de forma convergente. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas neles envolvidas.” (YIN, 2005, p.27)
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5.2. A cultura da narrativa midiática digital como lócus investigativo 
A internet possibilitou novas formas de interação entre as pessoas graças aos dispositivos sociais midiáticos disponibilizados, como blogs, podcasts, videocasts, entre outros. As salas de bate-papos e fórum de grupos especializados disputaram a atenção do público e conquistaram a audiência no início dos anos 2000. Mais tarde, a criação de blogs de qualquer temática, inclusive blogs pessoais, se tornou uma prática muito popular entre os conectados. Era como escrever num diário que todo mundo poderia ler, e essa prática demonstrava que os usuários tinham interesse em compartilhar narrativas do próprio cotidiano. 
O gráfico acima mostra tanto a relação do consumidor com seu smartphone quanto relevância do dispositivos com relação a outros meios de comunicação. Estamos transitando numa nova era digital que faz com que os hábitos interativos e comunicacionais se moldem mais uma vez. Com a recém chegada dos óculos inteligentes do Google (Google Glass) e popularização dos relógios inteligentes da Sansung (Galaxy Gear), muitos afirmam que a era dos smartphones está chegando ao fim. Assim como muitos afirmaram o fim da era do rádio, televisão e jornal impresso. "Primeiro eles ocupavam grandes salas, depois nossas mesas, depois nosso colo e, agora, estão na palma de nossa mão. A seguir, estarão em nosso rosto. 
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No lugar da TV 
No lugar do PC 
Smartphone p/tudo 
Smartphone é essencial 
Gráfico 9: Preferência do usuário entre smartphone e outras mídias (Fonte: Google, 2013)
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Eventualmente, estarão em nosso cérebro!"(CARLSON, 2012). Na verdade as relações com os meios não são simplesmente esquecidas ou finalizadas, elas são adaptadas. Dentro de um mesmo meio, no caso o dispositivo móvel, é possível passar uma mensagem de diferentes formas, como uma ligação, mensagem de texto, e-mail ou uso das redes sociais. A utilização das redes sociais, no entanto, estão se tornando a forma mais popular da transmissão dessa mensagem. Ao menos 50% dos consumidores de smartphones dos Estados Unidos acessaram uma rede social através do seu dispositivo na última semana. Mais de 30% dos usuários brasileiros tirou uma foto ou fez um vídeo através do smartphone e quase 40% dos canadenses assistiram um vídeo através de um aplicativo (Google, 2013). 
Isso demonstra que o agente social está se tornando cada vez mais um ser participativo nesse processo de produção de mensagens através de modos de produção para compartilhar o cotidiano. Não se consome apenas conteúdo de grandes corporações midiáticas, é perceptível uma mudança no centro gravitacional cultural. Cada vez mais o conteúdo daquele que está próximo do consumidor é assistido e estimulado e, por isso, novos processos de produção são criados e uma análise desses processos se faz necessária. 
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Aplicativo 
Rede Social 
Ver Vídeos 
Tirou Foto 
Gráfico 10: Atividades no smartphone/semanal (Fonte: Google, 2013)
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5.3. Comparativo da Prática Social Midiática (Vine vs Instagram) 
Seis meses após o lançamento do Vine, o Instagram lançou uma atualização permitindo o compartilhamento de vídeos através de sua plataforma. Esse fato torna perceptível que cada vez mais as redes sociais influenciam os agentes a criarem conteúdo audiovisual. O gráfico abaixo revela a corrida, entre maio e junho de 2013, entre as duas redes sociais, quanto ao compartilhamento de vídeos através de links. 
Tanto o Instagram/Facebook quanto o Vine/Twitter seguem prosperando no mercado brasileiro. O Instagram, por possuir 150 milhões de usuários (GLOBO, G1, 2013), está em fase de massificação, isto é, alcançando maioria dos usuários de dispositivos móveis – sem restrições - não importando idade ou classe social. O Vine, embora possua apenas 40 milhões de usuários (OLHAR DIGITAL, 2013), se destaca em todo o ciberespaço, e não apenas dentro dos dispositivos móveis. Como exemplo, podemos citar a página do Facebook Best Vines, criada para a divulgação de vídeos criativos e engraçados que conta com cerca de 18 milhões de curtidas (FACEBOOK, 2013), e foi a página que cresceu de forma mais rápida na história do Facebook. Podemos acompanhar o salto no compartilhamento de Vines após a criação da página no gráfico anterior. A página tem crescido, em média, a uma taxa de 110 mil 'curtidas' por dia, ou seja, quatro vezes mais do que qualquer outra página no Facebook já registrou. Por semana, a Best Vines totaliza, em média, 693 mil novos 'likes' (CANALTECH, 2013, online). 
Gráfico 11: Comparativo entre links Vine vs Instagram (Fonte: Ag.RS, 2013)
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Embora a prática criativa dentro das duas plataformas tenham suas diferenças, o que distingue de fato uma rede social da outra são os hábitos de seus usuários. A maioria dos usuários do Instagram usam da narrativa do storytelling, diferente da maioria dos usuários do Vine que aproveitam dos desafios do aplicativo para descontruir essa narrativa. Jordan Cook, colunista do site americano Tech Crunch, fala a respeito da diferença da linguagem audiovisual produzida por agente sociais do Instagram e Vine “Agora, as pessoas vão apenas postar vídeos de seus pés, cafés e animais de estimação. Ao mesmo tempo, a comunidade crescente de criativos e designers do Vine provavelmente irá continuar a florescer, também.” (COOK apud TECH CRUNCH, 2013). 
5.4. Diferenças entre Vine e Instagram 
Quanto a duração, um vídeo do Vine pode durar precisamente 6,5 segundos. Segundo o Twitter (2013), esse é o tempo ideal para que o usuário passe sua mensagem de forma sucinta, assim como os 140 caracteres disponíveis na rede social escrita. Ainda segundo o Twitter (2009) privar o número de caracteres (e no caso do Vine, o tempo) força o agente social a “pensar fora da caixa” e produzir conteúdo de forma mais direcionada. 
No Instagram, o usuário transita confortavelmente pois tem a possibilidade de produzir vídeo com até 15 segundos. Por outro lado, esse tempo se torna longo ao receptor da mensagem, uma vez que a rapidez da troca de informação da nova era digital pede mais agilidade nesse sentindo, principalmente se tratando da narrativa que predomina no Instagram, a fotografia. 
Falando da edição, ambas as plataformas permitem gravar diversos clipes e agrupá-los ou descartá-los no mesmo vídeo. O Vine permite até que o usuário mude a narrativa do vídeo antes de postá-lo, podendo trocar os clipes de posição, diferente do Instagram onde os clipes devem seguir uma ordem linear dentro do vídeo. O Instagram, porém, ganha em permitir a importação de um vídeo do arquivo de câmera (material gravado na memória do smartphone), enquanto o Vine obriga o usuário a produzir inteiramente através de sua plataforma. O Instagram também conta com recursos de filtro e estabilização de imagem. O Vine, por sua vez, é básico nesse sentido. Porém, o recurso “cinema” (permite a estabilização da imagem) que é ativado automaticamente na plataforma do Instagram, proporcionando uma queda na qualidade do vídeo e o usuário não tem a opção de não usá-lo. 
Ambas as plataformas permitem a troca de câmera (traseira/frontal) durante a gravação do projeto e os vídeos publicados nas duas redes sociais são salvos automaticamente no arquivo da câmera do smartphone. Um ponto positivo para o Vine é a possibilidade de finalizar um
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projeto e, ao voltar para criar um novo, poder reutilizar os clipes utilizados em projetos anteriores, pois os mesmos ficam salvos. No Instagram o usuário não tem esse recurso, mas se quiser pode continuar um projeto do ponto em que havia parado. 
Os recursos de edição em ambos os aplicativos são aperfeiçoados através das atualizações. Antes, o Vine não permitia o uso da câmera frontal, nem o corte de clipes. Isso tornava a usabilidade mais complexa, pois um usuário que fizesse um movimento errado num stop motion, por exemplo, era obrigado a começar o vídeo novamente. O Instagram, por sua vez, não dava acesso ao usuário para importar um vídeo do arquivo da câmera. Esses recursos estão sendo lançados gradativamente, com o objetivo de estimular a produção de conteúdo audiovisual. O Instagram constantemente lança novos filtros para que o usuário realize experimentações e o Vine está cada vez mais aprimorando as ferramentas de sua plataforma para possibilitar que os usuários aperfeiçoem a técnica e criem cada vez mais vídeos melhores. 
Ambos os aplicativos permitem o compartilhamento da produção audiovisual em outras redes sociais. O Instagram permite que o usuário compartilhe o vídeo tanto por e-mail quanto pelas redes sociais Twitter, Facebook, Tumblr, Mixi (japonesa) e Weibo (chinesa). Para ativar o compartilhamento em uma das duas redes sociais asiáticas, o usuário deve mudar a localização nas configurações do smartphone para China ou Japão. O serviço de fotos, permite ao usuário compartilhar também no Foursquare (geolocalização) e no Flickr (site de fotos e vídeos). 
Ilustração 8: Tela Compartilhamento Vine (esq) e Instagram (dir) (Fonte: V&I, 2013)
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O Vine permite que o usuário compartilhe os vídeos apenas no Facebook e no Twitter, sendo que no Twitter, o vídeo fica exposto na linha do tempo do usuário, diferente do Instagram onde o vídeo é exportado através de um link. O Vine dispõe ainda do recurso “canais”, que permite ao usuário classificar os próprios vídeos em um dos canais disponíveis: ("Comedy, Art& Experimental, Scary, Cats, Dogs, Family, Beauty& Fashion, Food, Health & Fitness, Nature, News & Politics, Special FX, Sports, UrbaneWeird"), facilitando a localização do vídeo por outros usuários. O usuário também pode usar etiquetas/categorias (tags) para identificar as palavras-chave dos vídeos, em ambas as redes sociais, porém somente no Vine existe um sistema de avaliação (ranking) das tags mais utilizadas. Funciona como o TrendingTopics do Twitter. 
Ilustração 9: Tela Exploração Vine (esq) e Instagram (dir) (Fonte: V&I, 2013) 
O Instagram ainda não tem esse recurso mas o usuário pode acompanhar, através de um mural, as indicações dos vídeos, fotos e tags mais acessados. As duas plataformas permitem a marcação de outros usuários na postagem e de um serviço de geolocalização (suportados pelo Foursquare), porém somente o Instagram dispõe de um mapa navegável.
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No computador, o Instagram oferece uma plataforma onde o usuário pode acessar a própria conta, curtir e comentar como se estivesse no smartphone. Embora o Vine permita a exibição do vídeo na tela do computador (através do link gerado pelo Twitter ou Facebook) o usuário não dispõe de uma plataforma para interagir. 
Além disso, algumas diferenças são encontradas ao acessar as redes pelo computador, ou seja, no Vine o usuário pode silenciar o vídeo, opção que não existe no Instagram. Existem também sites como: Seenive, Vinescope, Statigr.am e o Web.stagram que incorporam os perfis dos usuários do Vine e do Instagram e transmite a produção audiovisual e fotográfica através do ciberspaço. 
Com referência a exibição dos vídeos, o Vine se destaca em dois pontos: primeiro, os vídeos da rede de contatos do usuário começam automaticamente na linha do tempo, sem a necessidade de um toque para iniciá-lo (o toque é necessário caso o usuário queria pausar o vídeo). O outro destaque é na forma de exibição do Vine, em que o vídeo fica rodando sem parar (looping). O fato de um vídeo no Vine começar automaticamente e se repetir ad infinitum, faz com que o vídeo tenha uma característica de GIF animado (Graphics Interchange Format - GIF). No Instagram disponibiliza um botão tocar (play) no canto superior e o usuário tem que tocar a tela para iniciar o vídeo. Após o vídeo iniciado, é necessário um segundo toque para ativar o som do vídeo, que começa silenciado automaticamente. E no Instagram os vídeos 
Ilustração 10: Geolocalizador do Instagram (Fonte: Instagram, 2013)
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possuem uma linearidade de início-meio-fim na exibição, fortalecendo a narratividade proposta pela prática storytelling. 
Na relação formato x conteúdo, a batalha (Vine x Instagram) acaba no empate. Tudo isso porque o recurso de gravar um vídeo de 6 segundos e depois loopá-lo infinitamente permite que o espectador aproveite o vídeo ao máximo, diferente do Instagram, onde a experiência é no formato começo-meio-fim. 
Por outro lado, o Instagram permite uma captação mais livre e completa da imagem. Nesse sentido, o recurso de vídeo do Instagram pode ser melhor pra gravar uma cena que está acontecendo em tempo real como, por exemplo, uma cena emblemática de um protesto. 
Como o Vine só tem 6 segundos, você precisa acertar exatamente o momento que vai dizer tudo o que você quer dizer. Você praticamente precisa fazer um mini-roteiro antes de gravar. 
O ator e videomaker, Adam Goldberg, um dos caras que mais fazem sucesso no Vine, pensa mais ou menos assim. Ele não considera um serviço melhor que o outro, dizendo que eles são diferentes “como maçãs e laranjas”. Mas, para Adam, a estética do Vine é impossível de se conseguir no Instagram. 
“Apenas o Vine deixa você criar estranhas cenas oníricas no estilo David Lynch". (BAREM apud YOUPIX, 2013). 
A fotógrafa americana Meagan Cignoli faz muito sucesso nas duas redes sociais. Atualmente, possui 396 mil seguidores no Vine (Vine, 2013) e 47 mil seguidores no Instagram (Instagram, 2013). 
Em junho deste ano, a pedido do site americano Tech Crunch (2013), Meagan produziu o mesmo vídeo (em stop motion, sua especialidade) nas duas plataformas, Vine e Instagram. 
Ilustração 11: Cignoli gravando vídeo (Fonte: Instagram, 2013)
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Depois de pronto e disponibilizado pelas redes sociais, Cignoli perguntou aos seguidores do seu perfil nas duas redes: “Eu gravei o mesmo vídeo duas vezes, uma no Vine e outra no Instagram. Qual dos dois vocês mais gostaram?” (Tradução da autora). 
Ambas postagens de Meagan Cignoli contabilizaram cerca de três mil comentários e a maioria preferiu o vídeo do Vine, como, por exemplo, o usuário @clingclong que afirmou: “No Vine é melhor principalmente por causa do looping.” (Instagram, 2013) (Tradução da autora). Outros usuários definiram os vídeos do Vine como sendo “mais suave” do que o vídeo do Instagram, que teria ficado mais “grosseiro”. 
Ilustração 7: Cignoli pergunta: "Vine ou Instagram?" (Fonte: V&I, 2013) 
Ilustração 8: Comentários dos seguidores de Cignoli (Fonte: V&I, 2013)
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De acordo com Meagan Signoli (2013) a videoarte fica melhor no Vine e a narração de histórias do cotidiano é mais fácil no Instagram. “O Instagram cria um efeito de sonho, que é lindo. O Vine é para rapidez, ótimo para stop motion. As câmeras são muito diferentes.” (Tradução da autora) 
Existem, nas duas redes sociais, videoartistas e usuários interessados apenas em compartilhamento de cotidiano através do digital storytelling. Um exemplo é a ilustradora americana Rachel Ryle, usuária (apenas) do Instagram com 192 mil seguidores 
Ryle (2013) acha a produção dos videoartistas do Vine bastante criativa e divertida, mas prefere trabalhar com o Instagram. Recentemente o perfil de Ryle, no Instagram, ficou em primeiro lugar num levantamento feito pelo site americano BuzzFeed como “o perfil mais criativo do Instagram em 2013” (BuzzFeed, 2013). 
Para produzir os vídeos pelo Instagram, Ryle utiliza clipes pré-gravados, importados do arquivo da câmera do smartphone, e da captura de clipes dentro do próprio aplicativo. A ilustradora é famosa pelas animações em geral, inspiradas em cenas do cotidiano. Ryle (2013) 
Ilustração 9: Ryle gravando vídeo (Fonte: Instagram, 2013)
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explica que “olho para os itens de uso diário e imediatamente começo a me perguntar como poderia fazê-los criar vida através da animação. Assim crio meu conceito, e começo o processo de animação.” (Tradução da autora) 
No Vine existem também diversos exemplos de perfis que objetivam o compartilhamento do cotidiano. O perfil da socialite americana Paris Hilton e do cantor britânico Paul McCartney são exemplos.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este estudo investigativo baseou-se na metodologia do estudo de caso duplo (YIN, 2005), aliando-se as técnicas de entrevistas e observação participante. Analisamos os sites de redes sociais (Vine e Instagram) que são plataformas de comunicação audiovisual baseadas na web e que permitem relevante interação entre os integrantes, devidamente cadastrados. Estes agentes sociais se reconhecem como consumidores e ao mesmo tempo, se identificam como produtores de uma nova mídia, cuja informação e inspiração surgem de fontes muito além da mídia hegemônica tradicional. Escolhemos dois perfis para compor o recorte empírico deste estudo, a saber: a artista de animação audiovisual (stop motion), Meagan Cignoli, um dos perfis mais famosos do Vine, premiada em Cannes com o Leão Cibernético com a campanha “Fix in Six” desenvolvida no Vine para marca Lower’s, além de ser autora de diversos filmes nos sites do Mashable e Tech Crunch. A outra entrevistada é a ilustradora e também especialista em animação audiovisual (stop motion), Rachel Ryle, que ganhou o título de perfil mais criativo do Instagram em 2013. Em suas respostas (Anexos I e II) Cignoli (2013) e Ryle (2013) deixam claro que os dois aplicativos podem e devem coexistir no ciberespaço, pois tanto o Vine como o Instagram criam produtos audiovisuais similares, mas de maneira diferente. Enquanto Cignoli (2013, online) sugere que "o Vine é fantástico para comédia, stop motion, para marcas e comunicação publicitária". Ryle (2013, online) comenta que "os vídeos do Instagram são etéreos e funcionam perfeitamente dentro de uma estética dos movimentos mais lentos, das cenas mais bonitas, inclusive com filtros e superexposição". Em sua página pessoal na internet "onceinaryle" (Era uma vez em Ryle, 2013) a artista afirma que "verdade seja dita, sou uma ótima contadora de histórias, mas uma péssima escritora. Espero que meus escritos melhorem à medida em que vou compartilhando com vocês histórias engraçadas que acontecem em minha vida. E se isso falhar, então talvez eu transforme tudo em um vídeo". Nosso estudo investigativo ressalta que aí pode estar um desencadeador cultural que nos força a produzir memórias videográficas, ou seja, precisamos do arquivo digitalizado audiovisual porque gostamos de contar histórias, mas não gostamos de escrevê-las. Desde a pré-história a comunicação oral sempre esteve presente, mas precisamos do registro para comunicar a cultura, para preservar o patrimônio cultural imaterial; e o desenvolvimento das ferramentas técnicas e dos programas de computação que possibilitam o
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arquivamento digital do áudio (voz e música) e do vídeo (foto, imagem em movimento e texto impresso) e, principalmente, permitem a disponibilização de todo esse material, por meio da cultura participativa das redes sociais possibilitas pelo advento da internet, como bem conceitua Recuero (2009, p.24) “a rede social é formada pelos atores (pessoas, instituições ou grupos) e suas conexões." Essa capacidade de preservar a cultura, como se através dela prolongássemos nossos dias num mundo cada vez mais fadado à destruição, faz com que cada vez mais o ser humano busque a evolução da técnica como uma forma de transformação. 
Os novos meios e tecnologias pelos quais nos ampliamos e prolongamos constituem vastas cirurgias coletivas levadas ao corpo social com completo desdém pelos anestésicos. [...] Ao se operar uma sociedade com uma nova tecnologia, a área que sofre a incisão não é mais afetada. A área da incisão e do impacto fica entorpecida. O sistema inteiro é que muda. (MCLUHAN, 1964, p 84) 
Cada animação, em vídeo stop motion no Vine ou no Instagram, é uma narrativa particular de um momento único através do aparato tecnológico, o smartphone. Como se o próprio homem entrasse no aparelho de celular e ganhasse vida em outra dimensão, como definiu McLuhan (1964, p.59) “Os homens se tornam fascinados por qualquer extensão de si mesmos em qualquer material que não seja o deles próprios” A história da cultura cinematográfica é plena de transformações, cujas personagens principais, os cineastas, diretores, roteiristas, produtores entre tantos que contribuíram para revelar ao mundo as possibilidades de mudança, dentro e fora da mídia hegemônica. Os videoartistas dos anos 1960 se tornaram exemplos concretos de como a arte pode ajudar a desconstruir estereótipos e definições mercadológicas implementados pela indústria cultural, ou seja, como analisaram Adorno e Horkheimer (1985) há que se estar alerta acerca da dominação exercida pela mídia hegemônica, com padrões midiáticos repetitivos, despertando nos agentes sociais as necessidades de consumo. “Nenhuma sociedade teve o conhecimento suficiente de suas ações a ponto de poder desenvolver uma imunidade contra suas novas extensões ou tecnologias. Hoje começamos a perceber que a arte pode ser capaz de prover uma tal imunidade.” (MCLUHAN, 1964, p 84) Essa transição de identidade ainda necessita de pesquisas científicas adequadas para registrar o papel do consumidor/produtor e do produtor/artista dentro da cultura participativa das redes sociais, ou cultura de convergência (JENKINS, 2005). O agente social está sendo influenciado por essas duas plataformas (Vine e Instagram) a conhecer e praticar linguagens audiovisuais. Embora existam usuários mais ousados, não deixa
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de ser pertinente o fato de que num futuro próximo a maioria dos usuários (fotógrafos, videomakers, ou não) de smartphones (pequeno dispositivo móvel antes usado apenas para fazer e receber ligações), possuirão um conhecimento – de básico a avançado – sobre a linguagem audiovisual. 
6.1. Propriedade intelectual 
Um ponto que destacamos nesta investigação é a questão da propriedade intelectual em tempos de cultura digital participativa. As duas vídeo artistas entrevistadas, Ryle e Cignoli afirmaram desconhecer o teor completo dos contratos que aceitaram, ao preencher o cadastro de usuário das redes (tanto Vine como Instagram). Em síntese as empresas afirmam que a responsabilidade sobre o conteúdo da publicação é do usuário responsável pelo cadastro, mas em virtude do vídeo ter sido veiculado através do site que pertence a empresa proprietária da rede social, o autor do vídeo transfere para a referida empresa todos os direitos sobre o produto compartilhado. 
Você detém seus direitos sobre qualquer conteúdo que você enviar, postar ou exibir nos serviços ou através deles. A fim de tornar os serviços disponíveis para você e outros usuários, o Vine precisa de uma licença de você. Ao enviar, postar ou exibir conteúdo nos ou através dos serviços, você nos concede uma licença mundial, não- exclusiva e isenta de royalties (com o direito de sublicenciar) para usar, copiar, reproduzir, processar, adaptar, modificar, publicar, transmitir, exibir e distribuir tal conteúdo em toda e qualquer mídia ou métodos de distribuição. (VINE, 2013, online) 
O Instagram não reivindica a posse de qualquer conteúdo que você postar no ou através do Serviço. Em vez disso, você decide conceder ao Instagram uma licença não exclusiva, totalmente paga e livre de royalties, transferível, sublicenciável, uma licença mundial para usar o conteúdo que você postar no ou através do serviço, sujeito à política de privacidade do serviço. (INSTAGRAM, 2013, online) 
Para ter acesso aos serviços oferecidos pelas operadoras de telecomunicações, os agentes precisam antes, informar todos os dados cadastrais (pessoal/profissional), aceitar e assinar um contrato de serviços, que lhes permitirá enviar e receber ligações, mensagens de textos, acessar a internet, entre outras atividades que podem ser realizadas através do aparelho de celular inteligente (smartphone). Ao criar um cadastro online, tanto no Vine quanto no Instagram, o usuário é aconselhado a ler os termos de serviço da rede social e depois, deverá apertar o botão que confirma a aceitação total dos termos. Nos contratos constam informações acerca da idade mínima
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permitida para se cadastrar na rede social, política de privacidade, restrição de conteúdo, segurança, direitos e deveres do usuário e da empresa proprietária da rede social, entre outras. O agente social produtor de conteúdo audiovisual para Instagram ou Vine, ao aceitar os termos do contrato, transfere os direitos sobre sua propriedade intelectual. Em seu artigo "A economia criativa e a cultura popular: fetichismo da propriedade intelectual em tempos de capitalismo cultural" a pesquisadora e professora da UFRN, Regina Cunha (2013, p.1) alerta sobre os perigos da nova economia participativa e criativa que busca o enquadramento dos produtores culturais nas antigas leis de mercados. "A economia criativa trata da geração de riqueza a partir de coisas intangíveis, como o conhecimento, a cultura e a criatividade. São ofícios e manifestações culturais produzidos com saberes ancestrais, muitas vezes passados oralmente, de geração em geração". Cunha (2013) cita Marx para destacar que estamos vivendo um tempo de fetichismo da propriedade intelectual forçado pelo capitalismo cultural. 
Estamos considerando uma situação em que o trabalhador não apenas possua o instrumento, mas na qual esta forma do trabalhador como proprietário [...] em outras palavras, o desenvolvimento artesanal e urbano do trabalho. Por isto, também, encontramos aqui as matérias primas e meios de subsistência mediados como propriedade do artesão, mediados através de seu ofício, de sua propriedade do instrumento. [...] Resumidamente, o caráter essencial dos sistemas de guildas, ou corporativos (trabalho artesanal como sujeito e elemento constituinte da propriedade) é analisável em termos de uma relação com o instrumento de produção: a ferramenta como propriedade. (MARX, 1985, p.94-95 apud CUNHA, 2013, p.5). 
Contudo, um aplicativo sem usuários criativos e compartilhadores não faz sucesso e não gera dinheiro. Contas inativas também não são interessantes para nenhuma empresa de rede social, nem para qualquer outro tipo de empresa. Cignoli (2013) não concorda com a licença que é obrigada a passar para o Vine, mas afirmou que aceitou os termos. Ao responder sobre a questão da possiblidade do aplicativo Vine ter contribuído para torná-la mais conhecida do público e inclusive com ofertas de trabalho com melhor remuneração, Cignoli (2013) afirma que “sou grata ao Vine, estou feliz que eu o usei intensamente desde o lançamento, conquistando uma audiência. A exposição foi muito útil para a minha carreira. Mas eu acho que eu me esforcei para filmar todas essas horas e criar esse tipo de trabalho.” 
Ryle (2013) afirma que não se preocupa com os direitos do Instagram sobre suas produções e respondendo ao mesmo questionamento feito a Cignoli a artista informou que “o Instagram tem colaborado para meu sucesso, proporcionando exposição da minha arte. Eu não teria sido capaz de obter o mesmo resultado satisfatório sem o serviço do Instagram.”
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A regra é que o usuário produza, compartilhe e coopere com a comunicação mediada por computador (CMC) através da plataforma oferecida pela rede social. O usuário, por sua vez, usa o serviço da plataforma para se promover, ou promover seu trabalho artístico (no caso desta investigação o produto audiovisual). Um pintor não compartilha os direitos da sua obra de arte com a empresa dona do pincel ou das tintas. Da mesma forma o fotógrafo não era obrigado a compartilhar os direitos das fotos com as indústrias produtoras das películas, como Kodak; ou ainda ceder os direitos para os fabricantes das máquinas fotográficas, Cannon ou Nikon, por exemplo. Entretanto, novas regras sobre a propriedade intelectual estão sendo escritas, em tempos de capitalismo na cultural digital, e elas precisam ser discutidas por todos os agentes sociais que compartilham do ciberespaço, quer estejam nele, ou ainda, fora dele. .
53 
REFERÊNCIAS 
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54 
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_____, G1. Instagram atinge a marca de 150 milhões de usuários. In: G1, Globo, 8/9/2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2013/09/instagram-atinge-marca-de-150-milhoes-de- usuarios.html> Acesso em: 8 Dez 2013. 
_____, Olhar Digital. Vine ultrapassa marca de 40 milhões de usuário. In: OlharDigital, 20/8/2013. Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/36893/36893> Acesso em: 8 Dez 2013. 
_____, Sap Blog.5 estatísticas surpreendentes do mundo móvel.In: Blog.sap, 22/2/2013. Disponível em: <http://blogs.sap.com/brazil/mobile-applications/5-estatisticas-surpreendente-mundo-movel-1505> Acesso em: 17 Out 2013.
55 
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RUSH, Michael. Video Art. Nova Iorque,Thames& Hudson, 2003. 
SCARTOZZONI, Bruno. Storytelling e Transmídia: afinal, o que é e para que serve? In: UpdateOrDie, 17/03/2011. Disponível em: <http://www.updateordie.com/2011/03/17/storytelling-e-transmidia- afinal-o-que-e-e-para-que-serve/#.UqYURvRDuSo> Acesso em: 8 Dez 2013. 
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YAROW, Jay. Mary Meeker's Latest Must-Read Presentation On The State Of The Web.In: BusinessInsider, 3/12/2012. Disponível em: <http://www.businessinsider.com/mary-meeker-2012- internet-trends-year-end-update-2012-12?op=1> Acesso em: 16 Out 2013. 
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. trad. Daniel Grassi. – 3. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2005.
56 
ANEXO I 
Entrevista feita por e-mail com a fotógrafa Meagan Cignoli (2013)
57 
ANEXO II 
Entrevista feita por e-mail com a ilustradora Rachel Ryle (2013)

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Departamento de Comunicação Social JULIANA DANTAS VINE X INSTAGRAM:ESTUDO DE CASO COMPARATIVO SOBRE A PRODUÇÃO AUDIOVISUAL PARA PEQUENAS MÍDIAS NATAL – RN 2013
  • 2. JULIANA DANTAS VINE X INSTAGRAM:ESTUDO DE CASO COMPARATIVO SOBRE A PRODUÇÃO AUDIOVISUAL PARA PEQUENAS MÍDIAS Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM/CCHLA/UFRN) como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social (Habilitação Rádio e TV). Orientadora: Profa. Ms. SONIA REGINA SOARES DA CUNHA NATAL – RN 2013
  • 3. FOLHA DE APROVAÇÃO JULIANA DANTAS VINE X INSTAGRAM: ESTUDO DE CASO COMPARATIVO SOBRE A PRODUÇÃO AUDIOVISUAL PARA PEQUENAS MÍDIAS Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM/CCHLA/UFRN) como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social (Habilitação Rádio e TV). Aprovada em: ____/_____/_____ Comissão Examinadora: _____________________________________________________________________ Profa. Ms. SONIA REGINA SOARES DA CUNHA (UFRN) – Orientador _____________________________________________________________________ Prof. Ms. EMILY GONZAGA DE ARAUJO (UFRN) – Examinador _____________________________________________________________________ Prof. Ms. BRUNO SERGIO FRANKLIN FARIAS GOMES (UFRN) – Examinador Coordenador Pro Tempore do Curso de Comunicação Social: Prof. Dr. ITAMAR DE MORAIS NOBRE NATAL - RN 2013
  • 5. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a família que sempre incentivou meus estudos, mesmo diante das situações mais difíceis. À Fernanda Dantas, minha mãe e exemplo de bravura. À José Everaldo Dantas e Ernestina Honorato Dantas, meus avós-pai e mãe, responsáveis pela minha criação e doutores de minha educação. Aos meus tios-irmãos Fabiano Dantas, Fábio Henrique Dantas e Fernando Dantas pois sempre tiveram paciência e proporcionaram grande aprendizado a sua irmã caçula. E aos meus primos-sobrinhos Alexia Amanda de Almeida Dantas e Nathan Gabriel Pereira Dantas. E agradeço também Karl Dantas pela paciência e ensinamentos constantes. Agradeço aos amigos por me guiarem em diversas das minhas escolhas e nunca desvirtuarem meu caminho. Aos amigos da Rua Dr. José Francisco da Silva, em especial a Idaliana Fagundes de Souza por estar ao meu lado desde o primeiro ano de minha vida. Aos amigos do curso de Comunicação Social ajudantes em minha formação, são eles: Arthur Barbalho, Davi Severiano, Hana Dourado, Isaías Bezerra e Jomar Dantas. À Deivson Mendes, João Paulo Santos, Frank Aleixo e Thyago Cesar pela constante amizade e parceria. E um agradecimento especial ao amigo Fábio Felipe Wanderley, meu irmão e professor, o maior presente que o destino deu ao meu renascimento, quando ingressei no curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2009. Aos mestres e doutores do corpo docente do Departamento de Comunicação Social, fundamentais para minha formação. Em especial àqueles que me estimularam a buscar conhecimento mesmo quando eu pensava em desistir: Ao Chefe do DECOM, Sebastião Faustino por ser um exemplo de gestor. Ao Coordenador Ary Azevedo por despertar meus anseios para a Publicidade e Propaganda. À Ângela Pavan, responsável por aprimorar minha sensibilidade em relação ao outro. À Ruy Rocha. Aos professores Bruno Gomes e Emily Gonzaga por serem tão compreensíveis e solícitos com essa aluna que nem sempre se dedicou o bastante. E agradeço especialmente a minha orientadora Sônia Regina, que me acolheu no passo mais importante de minha graduação, segurou minha mão e me ajudou a prosseguir. Por fim, agradeço à Rodrigo Tavares, Gustavo Mantovani, Carla Miranda e Rodrigo Ceni, meus ídolos e amigos, por serem o constante pulsar de meu coração. Agradeço a Lucas Silveira por ser o porta-voz do alimento que me fortalece todos os dias, a banda Fresno. Por me reerguer de todas as minhas quedas e me fazer enfrentar meus medos dizendo que “os sonhos são objetivos que a gente re-batiza desse jeito apenas para que pareçam inatingíveis. E o nosso salto pode ser do tamanho que a gente conseguir imaginar. Basta que a gente perca o medo de molhar os pés.”
  • 6. A revolução não acontece quando a sociedade adota novas ferramentas. Acontece quando a sociedade adota novos comportamentos. (Clay Shirky)
  • 7. RESUMO DANTAS, Juliana. VINE X INSTAGRAM: Estudo de Caso comparativo sobre a produção audiovisual para pequenas mídias. 2013. 57p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado). Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM/UFRN). Orientadora: Profa. MSc. Sonia Regina Soares da Cunha. O objetivo deste estudo investigativo é registrar, descrever e analisar aspectos da micro produção audiovisual utilizando-se os aplicativos Vine e Instagram e veiculada através do aparelho de celular inteligente (smartphone). A metodologia escolhida foi a do estudo de caso duplo (YIN, 2005), aliando-se também, as técnicas de revisão de literatura e documental, entrevistas e observação participante. A investigação revelou que os sites de redes sociais (Vine e Instagram) são plataformas de comunicação audiovisual baseadas na web e que permitem interação entre os integrantes, devidamente cadastrados. Estes agentes sociais se reconhecem como consumidores e ao mesmo tempo, se identificam como produtores de uma nova mídia, cuja informação e inspiração surgem de fontes muito além da mídia hegemônica tradicional. Palavras-Chave: Redes Sociais. Comunicação. Audiovisual.
  • 8. ABSTRACT DANTAS, Juliana. VINE x INSTAGRAM: Comparative Case Study on audiovisual production for small media. 2013. 57p. Conclusion Paper degree. Communication Department of the Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DECOM / UFRN). Advisor: Prof. MSc. Sonia Regina Soares da Cunha. The objective of this study is describe and analyze aspects of micro audiovisual production using Vine and Instagram apps and conveyed through the smartphone device. The methodology chosen was the double case study (YIN, 2005), and literature review, interviews and participant observation. The investigation revealed that social networking sites (Vine and Instagram) are audiovisual media platforms, web based and allow interaction among registered members. These social actors identify themselves as consumers and at the same time as producers of new media, which information and inspiration come from sources beyond the traditional mainstream media. Keywords: Social Networks. Communication. Audiovisual.
  • 9. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 – Vine vs Instagram ..................................................................................... 13 Ilustração 2 – Diagrama da Rede Social .......................................................................... 24 Ilustração 3 – 6 TV De-coll/age, Wolf Vostell, 1963 ...................................................... 26 Ilustração 4 –Instagram Candidato Obama ..................................................................... 32 Ilustração 5 – Aplicativo Vine ......................................................................................... 33 Ilustração 6 – Mecanismo gravação do Vine................................................................... 34 Ilustração 7 – Mecanismo gravação do Instagram .......................................................... 34 Ilustração 8 – Tela compartilhamento do Vine e do Instagram ....................................... 41 Ilustração 9 – Tela de exploração do Vine e do Instagram ............................................. 42 Ilustração 10 – Geolocalizador do Instagram .................................................................. 43 Ilustração 11 –Cignoli gravando vídeo ............................................................................ 44 Ilustração 12 – Cignoli pergunta: "Vine ou Instagram?" ................................................ 45 Ilustração 13 – Comentários seguidos de Cignoli ........................................................... 45 Ilustração 14 – Ryle gravando vídeo ............................................................................... 46
  • 10. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – "Não importa qual celular você usa. Mas, sim qual o sistema dele." ............. 16 Gráfico 2 – Visualização vídeos BR vs EUA .................................................................... 17 Gráfico 3 – Comparativo audiência vídeos pelo smartphone em 26 países ...................... 18 Gráfico 4 –Queda visualização de vídeos China e EUA 2012/2013 ................................. 19 Gráfico 5 – Atividades paralelas junto com smartphone ................................................... 21 Gráfico 6 – Difusão de smartphones ................................................................................. 22 Gráfico 7 – Uso Redes Sociais smartphone BR & EUA ................................................... 29 Gráfico 8 – Aplicativos no smartphone ............................................................................. 30 Gráfico 9 –Preferência do usuário entre smartphone e outras mídias ............................... 37 Gráfico 10 – Atividades no smartphone/semanal .............................................................. 38 Gráfico 11 – Comparativo entre links Vine vs Instagram ................................................. 39
  • 11. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 De facilitador a faz tudo: o smartphone nosso de cada dia ................................. 14 2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 20 2.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 20 2.2. Objetivos Específicos ........................................................................................ 21 3. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 22 4. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 24 4.1. Redes Sociais na Internet ................................................................................... 24 4.2. Aplicativo ........................................................................................................... 28 4.3. Instagram ............................................................................................................ 30 4.4. Vine .................................................................................................................... 33 5. METODOLOGIA .................................................................................................... 36 5.1. Estudo de Caso Comparativo sobre a micro comunicação audiovisual ............. 36 5.2. A cultura da narrativa midiática digital como lócus investigativo ..................... 36 5.3. Comparativo da Prática Social Midiática (Vine vs Instagram) ......................... 39 5.4. Diferenças entre Vine & Instagram .................................................................... 40 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 48 6.1. Propriedade Intelectual ....................................................................................... 50 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 53 ANEXOS ........................................................................................................................ 56 Anexo I – Entrevista Meagan Cignoli ............................................................................. 56 Anexo II – Entrevista Rachel Ryle .................................................................................. 57
  • 12. 12 1. INTRODUÇÃO O conceito de "Indústria Cultural” formulado na Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos, 1947 (Dialektik der Aufklärung – Philosophische Fragmente) por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer alerta sobre a dominação exercida pela mídia hegemônica, ou seja, da imposição de certos padrões midiáticos repetitivos, despertando nos agentes sociais as necessidades de consumo. O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este conhece-os na medida em que pode manipulá-los. O homem de ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las. É assim que seu em-si torna para-ele. Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato da dominação. (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.18). Porém, para Henry Jenkins (2008) há um novo processo de transformação da produção cultural, ou seja, o consumidor não apenas consome, mas também vislumbra a possibilidade de participar do processo de produção midiática, integrando uma "cultura participativa", que segundo Henry Jenkins (2008) é a “cultura em que fãs e outros consumidores são convidados a participar ativamente da criação e da circulação de novos conteúdos” (JENKINS, 2008, p. 333). O compartilhamento do cotidiano feito através da internet, faz com que o hábito de ler uma notícia num jornal impresso ao acordar de manhã, por exemplo, se torne obsoleto. Os novos hábitos mostram que, entre as atividades diárias prioritárias, estão: checagem de e-mails pessoais e profissionais; acesso às redes sociais (Facebook, Twitter etc.) para se manter atualizado sobre as notícias do mundo, ou da própria cidade; e além disso, para obter informações sobre a vida de pessoas próximas, ou não tão próximas, como as celebridades. E da mesma maneira com que o agente social checa e acompanha o cotidiano das outras pessoas, ao mesmo tempo, também compartilha flashes (em forma de textos, fotos e vídeos) dos acontecimentos diários da própria vida. E numa cadeia contínua, o compartilhamento se processa ad infinitum, através dos inúmeros agentes que utilizam o formato da micro comunicação para dar sequência ao processo midiático através das redes sociais conectadas pela internet. Para Donaton (2007) esse processo pode identificar o papel ativo assumido pelo agente social. A chave para entender a mudança é a transferência de poder: de quem faz e distribui os produtos de entretenimento para quem os consome. Em outras palavras, o poder está migrando dos estúdios de cinema, das redes de televisão, das gravadoras e das
  • 13. 13 agências de propaganda para o sujeito no sofá com o controle remoto, ou para a mulher que compra uma entrada de cinema no multiplex de seu bairro, ou para o adolescente que baixa música na internet. O consumidor ganhou poder e liberdade (DONATON, 2007 p. 25). O poder e a liberdade que chegaram com o avanço tecnológico passam pelas pequenas mídias e os aplicativos desenvolvidos especialmente para permitir que os usuários tenham acesso, via internet, às redes sociais, como Twitter, Facebook, YouTube, entre outras, tanto para receber como para enviar conteúdo. Em especial os smartphones1 são hoje, mais do que simples aparelhos de telefone celular, são dispositivos de alta tecnologia que permitem a execução de uma infinidade de tarefas, entre elas tirar fotos, gravar vídeos e enviar o material para as redes sociais através da conexão pela internet. Diante deste novo cenário de consumo da comunicação e cultura, este estudo investigativo busca registrar, descrever e analisar a nova forma de comunicação interpessoal audiovisual feita pelos agentes sociais, com o uso dos smartphones para gravar, editar e compartilhar vídeos de no máximo 15 segundos, através dos aplicativos Instagram do Facebook e Vine do Twitter, no ciberespaço. Ilustração 1: Vine vs Instagram (Imagem: Mashable.com) 1 Segundo o Dicionário de Referências (2013, online) "smartphone é um aparelho que combina um telefone celular (móvel) com um computador portátil, capaz de oferecer acesso à internet, arquivamento de dados (áudio e vídeo), capacidade para trocar e-mails entre outras funções”. A palavra smartphone tem origem datada de 1995 e pode ser traduzida como telefone inteligente. Smart = inteligente + phone = telefone. (tradução da orientadora)
  • 14. 14 1.1 De facilitador a faz tudo: o smartphone nosso de cada dia No começo dos anos 2000 deu-se início a uma era que muitos acreditavam só acontecer em filmes de ficção cientifica ou, quem sabe, daqui há algumas dezenas de anos: A nova era digital e, dentro dela, a era dos smartphones. O termo smartphone (telefone inteligente) é designado para aparelhos que funcionam tanto como telefone quanto como computador. Esses aparelhos vieram com o propósito de facilitar a vida do ser pós-moderno que tem a intenção de aproveitar os espaços de tempo entre suas atividades para fazer algo útil em relação ao seu trabalho, estudo ou entretenimento. Em 1992, ocorreu o primeiro ensaio sobre a nova era digital, quando a IBM lançou o Simon, aparelho que possuía recursos como PDA (PersonalAssistantSistem) e fax, além de já dispor de uma tela resistiva sensível ao toque. Dez anos após, a empresa Kyocera lançou o aparelho QCP 6035 que custava na época cerca de R$ 3 mil no mercado nacional. O modelo mesclava as funções de celular com computador através do sistema operacional Palm OS e permitia a conexão com a internet porém o alto custo inviabilizou o consumo em massa. Em 2002, os consumidores brasileiros tiveram acesso aos aparelhos de telefonia móvel com tecnologia GSM (Global System for Mobile Communications) e tela colorida. O pioneiro no mercado brasileiro foi o Communicator 9210 da Nokia, custando em torno de R$ 3,5 mil. No mesmo ano também foi lançado o Treo 300 da Handspring, primeiro aparelho celular que dispunha de um teclado com layout QWERT, o modelo de teclado mais utilizado em computadores até os dias atuais. Em 2005, a operadora de telefonia móvel TIM lançou um plano de serviços que custava cerca de R$ 400 por mês, e que permitia ao consumidor adquirir um aparelho Blackberry, podendo receber e enviar e-mails. Depois foi a vez da HP lançar o iPac Mobile Mensseger que tinha como o seu atrativo principal a conectividade com as redes GSM, GPRS (General Packet Radio Service), Wi-Fi, e EDGE (Enhanced Data rates for GSM Evolution). Em 2007, a Apple lançou o iPhone, um aparelho multitarefas com a capacidade de memória interna de 8 gigabyte. O iPhone possibilitava o usuário integrar as funções de celular (com acesso à internet, busca online, Wi-Fi, emails, sistema operacional Mac OS X, adaptado para o dispositivo móvel e hoje conhecido como iOS, e tecnologias GSM e EDGE); do iPod (compartilhador de músicas/tocador digital da Apple); e câmera (2megapixels). Entre os
  • 15. 15 diferenciais estavam a duração da bateria (5h/conversação e 16h/reprodução musical) e uma tela de 3.5 polegadas sensível ao toque dos dedos (Multitouch) equipada com teclado virtual e com sensor de movimento que permitia a visualização das imagens em qualquer sentido (horizontal ou vertical). Segundo Steve Jobs, diretor da Apple na época (morreu em 2011), o iPhone tornava realidade o sonho de transformar o dedo em caneta. "Vamos usar o melhor aparelho para selecionar itens. Nascemos com dez deles, os nossos dedos. A tela ignora toques acidentais e entende as ordens simultâneas de diversos dedos." (JOBS apud GLOBO, 2007, online) O outro sistema operacional (aberto) é o Android, desenvolvido pelo Google em 2007. Para a editora da CBS TV, Jéssica Dolcourt (2013) os aparelhos com Android mais utilizados pelos usuários são: Motorola DroidMaxx; Samsung Galaxy Note 3; SamsungGalaxy S4; HTCOne; GoogleNexus 5; HTC One Mini. A plataforma Android é a mais popular entre as empresas de tecnologia devido ao baixo custo, bem como porque é personalizável. Apesar de ter sido projetado especialmente para telefones celulares e tablets, este sistema operacional também tem sido utilizado em televisores, jogos, câmeras digitais e outros aparelhos eletrônicos. Em setembro de 2013, foi lançada a mais recente versão do iOS 7 da Apple. A capacidade de armazenamento em seus dispositivos móveis (iPhone, iPad e iPod) chega aos 64 gigabyte. Os novos dispositivos, lançados em paralelo ao novo sistema operacional, contam com leitura biométrica, tecnologia que pretende revolucionar o uso do cartão de crédito. Durante os últimos anos a Apple aperfeiçoou o seu smartphone (iPhone) acrescentando outras funções para a interface com o usuário, entre elas, GPS; câmera de vídeo com resolução de 1080p (alta definição), 8-MP; sensor iluminado na parte de trás do aparelho que captura imagens com pouca luz e flash que permanece ligado durante gravações de vídeo; duas câmeras de vídeo (frente e verso); slowmotion (câmera lenta) (120 fps); identificador de rostos; fotos panorâmicas; fotos e vídeos ao mesmo tempo usando o botão do volume para iniciar a gravação, que conta com um giroscópio interno para estabilizar a imagem durante a captura; jogos eletrônicos; correio de voz visual e mais de um milhão de aplicativos da Apple e de terceiros que podem ser baixados para ativar outros serviços. (iPhone, Wikipedia, 2013, online). Com tantos recursos técnicos e de ponta, um dos pontos mais criticados pelos usuários é a falta de privacidade, que pode ajudar a localizar e até bloquear o aparelho no caso de perda ou roubo, mas também, permite que agências de segurança internacionais tenham acesso aos
  • 16. 16 dados dos usuários (localização geográfica, notas, leituras, e-mails, mensagens etc.). Recentemente, a mídia mundial alertou sobre a invasão de dados não só de iPhones, mas também dos proprietários de BlackBerrys e aparelhos com o sistema Android. Segundo dados da Gartner (2013) os smartphones com sistema Android são os mais vendidos nos Estados Unidos. Entre os aparelhos celulares, as marcas mais vendidas em 2012 foram: 1º Samsung, 2º Nokia e 3º Apple. Entretanto, quando analisamos os números das trocas de dados através da internet móvel, o sistema iOS da Apple vem em primeiro lugar. Para Tim Cook (2013), diretor da Apple, "o sucesso da empresa não é medido pela venda unitária, porque a Apple nunca conseguiu ser líder através dessa métrica, mas sim, através das estatísticas de utilização do sistema iOS" (COOK apud GROBART, 2013, online), onde revela um gráfico positivo. Gráfico1: "Não importa qual celular você usa. Mas, sim qual o sistema dele." (Fonte: GARTNER, 2013) Com tantas funções e aplicações, fica fácil para o usuário concentrar a maioria das atividades diárias para realização através do dispositivo móvel, entre elas receber e enviar e- mails e mensagens, e principalmente, atualizar o perfil nas redes sociais. Mas, o que este estudo investigativo objetiva registrar e analisar é o compartilhamento e visualização de vídeos através dos smarthphones. Através da ferramenta Think Insights do Google, disponível em http://thinkwithgoogle.com é possível elaborar gráficos instantâneos sobre hábitos dos usuários
  • 17. 17 de smartphones em 48 países. O portal Our Mobile Planet (Nosso Planeta Móvel) oferece diversas possibilidades de pesquisa personalizadas, que podem ser baixadas gratuitamente, entre elas, uma comparação entre Brasil e Estados, por exemplo, sobre o número de usuários que utiliza o aparelho para ver vídeos. Em 2013, a média diária da visualização de vídeos pelos brasileiros, através das telas dos aparelhos celulares, é quatro por cento maior do que a dos americanos. Gráfico 2: Visualização vídeos BR vs EUA. (Fonte: Google, 2013) De acordo com o portal do Google (2013), dos 48 países cadastrados, apenas 24 disponibilizam informações sobre visualização de vídeos pelo celular. A base da pesquisa é de mil entrevistados em cada país, mas na Arábia Saudita, foram 500 pessoas entrevistadas. Os dados da pesquisa são de 2013. Para obter os resultados a seguir, foi introduzida a pergunta: "qual é a porcentagem de usuários de smartphones que assiste vídeos diariamente?" Abaixo podemos analisar o gráfico com o resultado total de visualização de vídeos em 26 países, bem como uma lista com algumas porcentagens, do país com maior, para o país com menor número de usuários que assistem vídeos pelo smartphone. 28% 24% Brasil Eua Diariamente
  • 18. 18 Arábia Saudita – 64.1 % Emirados Árabes – 55.3 % Tailândia – 53.3 % Vietnã – 49.2 % México – 48.3 % Turquia – 45.8 % Índia – 44 % Coréia – 43 % Brasil – 28 % Estados Unidos – 24 % Gráfico 3: Comparativo audiência vídeos pelo smartphone em 26 países (Fonte: Google, 2013) Assistir vídeos é apenas uma das atividades desenvolvidas pelos usuários de smartphones, pois a maioria dos usuários utiliza a conexão com a internet através do aparelho para acessar a rede social e atualizar a mensagem de status, bem como verificar mensagens ou e-mails (Google, 2013). 14% 11% 64% 29% 19% 14% 14% 28% 18% 24% 43% 19% 55% 25% 24% 39% 10% 13% 28% 36% 16% 18% 44% 48% 14% 49% África do Sul Alemanha Árabia Saudita Argentina Austrália Áustria Bélgica Brasil Canadá China Coreia Dinamarca Emirados Árabes Espanha Estados Unidos Filipinas Finlândia França Grécia Hong Kong Hungria Japão Índia México Reino Unido Vietnã Frequência de visualização de vídeos pelo smartphone 2013
  • 19. 19 Entretanto, de acordo com o estudo realizado pelo Google (2013) a China e os Estados Unidos apresentaram queda de 2012 para 2013; com relação ao fenômeno de assistir vídeo pelo smartphone, enquanto os dados coletados em outros países revelam um crescimento contínuo conforme podemos observar no gráfico a seguir. É possível observar nos dados demonstrados pela pesquisa Google (2012/2013) que a comunicação audiovisual, feita através de aplicativos disponibilizados aos dispositivos móveis, aumentou em 2013. Graças a esses aplicativos os agentes sociais tornam-se cada vez mais capazes e independentes para dar vida aos textos e fotografias, e assim compartilhar produtos audiovisuais artísticos, bem como narrativas do cotidiano através do ciberespaço. 11% 20% 20% 13% 25% 38% 25% 17% 10% 11% 30% 28% 18% 24% 55% 24% 18% 14% 2012 2013 Gráfico 4: Queda Visualização Vídeos China e EUA 2012/2013. (Fonte: Google, 2013)
  • 20. 20 2. OBJETIVOS A chegada de redes sociais exclusivas para dispositivo móvel, como o Instagram e o Vine, fez com que o usuário produzisse cada vez mais o seu próprio conteúdo. Esse conteúdo é publicado através desses aplicativos, e é muito interessante para as marcas a atração de mais e mais usuários. Com a evolução tecnológica dos dispositivos e da velocidade da internet fornecida pelas operadores de celular além do fácil acesso a redes Wi-Fi, os usuários estão cada vez mais visualizando vídeos em seus smartphones. Essa visualização, feita por diversas plataformas, influencia também a produção de vídeos por parte do usuário, principalmente para compartilhar o cotidiano. 2.1 Objetivo Geral Investigar os novos hábitos dos agentes sociais através da produção audiovisual que vem sendo compartilhada por usuários nos aplicativos Vine e Instagram. Perceber que um novo modelo participativo de comunicação está sendo produzido nas redes sociais se faz necessário nesse momento pois trata-se de um tema novo no âmbito da comunicação voltada para hábitos socais. Esses hábitos atuais mostram que embora os usuários façam outras atividades, ele sempre está ao alcance de seu dispositivo para registrar e compartilhar qualquer coisa que seja. É muito comum, principalmente no Instagram, o usuário compartilhar qual livro está lendo no momento ou qual música está ouvindo, comentar a participação de um artista num programa de TV ou o desempenho de um determinado ator de uma série televisiva.
  • 21. 21 O dado acima reforça a ideia de que cada vez mais o usuário quer compartilhar suas atividades em tempo real. Podemos ver que a maioria dos entrevistados ouve música no mesmo momento em que utiliza o seu smartphone. 2.2 Objetivos Específicos Definir a diferença de dois processos de comunicação que estão sendo feitos pelos usuários de redes sociais através dos aplicativos móveis Instagram e Vine. No último ano, os usuários passaram a compartilhar seu cotidiano e criar conteúdo através de vídeos e essa pesquisa pretende facilitar a compreensão sobre o surgimento dessa nova forma de micro comunicação audiovisual. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Alemanha Argentina Brasil Canadá China EmiradosÁrabes EstadosUnidos Japão ReinoUnido Ouve música Lê um livro Assiste TV Joga videogame Lê jornal ou revista Assiste filmes Gráfico 5: atividades paralelas junto com smartphone (Fonte: Google, 2013)
  • 22. 22 3. JUSTIFICATIVA Essas mudanças sociais e culturais criaram novas formas de pensar e agir, novos estilos de vida e, consequentemente, novas técnicas de comunicação que buscam atingir um público cada vez mais complexo. Atualmente, o crescimento do uso de dispositivos móveis (celulares, smartphones, tablets) se torna cada vez mais evidente. Os usuários estão se tornando seres participativos, e as empresas estão em busca desse usuário para que ele produza o seu próprio conteúdo e compartilhe cada vez mais. No gráfico abaixo (Base mil entrevistados, Google, 2013) podemos observar a penetração de smartphones na população da Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, China, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América, Japão e Reino Unido nos anos de 2012 e 2013. Gráfico 6: Difusão de smartphones (Fonte: Google, 2013) No Brasil, a difusão de smartphones passou de 13,8% em 2012 para 26,3% em 2013. Assistimos a um processo de inovação tecnológica veloz que impacta profundamente o campo da comunicação. A inclusão digital e a facilidade do acesso à banda larga no últimos anos influenciam o compartilhamento de informação. Os novos espaços, proporcionados e potencializados pela internet, somados à perda de força dos meios convencionais de 29% 24% 14% 33% 33% 61% 44% 20% 51% 40% 31% 26% 56% 47% 74% 56% 25% 62% Difusão de smartphones 2012 2013
  • 23. 23 comunicação e à mudança nos perfis e hábitos dos agentes sociais permite que cada vez mais novos conteúdos de informação sejam compartilhados através das redes sociais. Nos Estados Unidos, 57% dos entrevistados para a pesquisa do portal do Google (2013) disseram que utilizam a internet através do smartphone para não perder nenhuma informação quando estiver fora de casa. 73% dos usuários do mesmo país disseram que o smartphone é um bom passatempo em momentos de espera. No Brasil, 70% dos entrevistados utilizam a internet através do smartphone quando não tem outro dispositivo. Isso mostra que o uso da internet através do smartphone ainda está ligado a atividades de segundo plano. O agente social busca estar informado e conectado com o mundo durante todo o tempo, fazendo com que o smartphone passasse de instrumento de comunicação entre duas pessoas, para um meio de comunicação multi tarefas em tempo real.
  • 24. 24 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1. Redes Sociais na Internet A popularização do computador e do acesso à internet na última década fez com que os ciclos sociais construídos ao longo da vida das pessoas tivessem a necessidade de ocupar o ciberespaço. Esse novo meio de agregar e fortalecer laços sociais através do computador foi nomeado de “Redes Sociais”. A pesquisadora comunicacional Raquel Recuero (2009) baseando-se em Wasserman & Faust, 1994 e Degenne & Forse, 1999, conceitua que “uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)" (grifos do original) (RECUERO, 2009, p.24). Ilustração 2: Diagrama da Rede Social (Fonte: WikiMedia, 2009)
  • 25. 25 Assim como nos ciclos sociais offline, as redes sociais operam em diferentes tipos e convívios. O LinkedIn, por exemplo, é uma rede social criada exclusivamente para fins profissionais. Lá os usuários podem ampliar o networking através das conexões, bem como pesquisar vagas de empregos, cursos, seminários, entre outras ofertas apresentadas por outros usuários, e pelas instituições e grupos interligados pela rede. As redes sociais como o Orkut, Facebook e Twitter, por exemplo, são sites de relacionamento em geral. No entanto, existem aspectos que igualam as diversas redes sociais, como a troca e compartilhamento de informações e interesses em busca de objetivos em comum dos usuários. A criação, publicação e compartilhamento de fotos e vídeos são os objetivos mútuos das redes sociais Vine e Instagram. Para serem agentes participativos destas redes, os usuários são obrigados a publicar conteúdos fotográficos ou audiovisuais, com a opção do uso de um texto de apoio. O artigo 5°, parágrafo VIII – da lei brasileira de direitos autorais define o audiovisual como: Tudo que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá- lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação (Lei de Direitos Autorais -nº 9.610, 1998) São exemplos de tipos de produtos que se enquadram nessa definição: novelas, seriados, comerciais, transmissões de qualquer tipo de eventos, filmes, videogames, reportagens, videoclipes e curtas. Este último é o “produto-chave” utilizado na rede social Vine, e cada vez mais no Instagram. O uso do audiovisual como compartilhamento de cotidiano nestas duas redes faz com que os agentes sociais produzam seus conteúdos de diversas formas. É notória a presença de estilos característicos de produção audiovisual no Vine e no Instagram. Enquanto alguns usuários compartilham a experiência audiovisual através de imagens diretas do próprio cotidiano, outros tornam essa experiência mais elaborada, transformando-se num vídeo artista dentro da rede social. Este fato nos leva a ponderar sobre uma possível conexão com o que ocorreu no início da era do cinema, ou seja, o desejo dos antigos cineastas era também, o de registrar em imagens com movimento, as cenas do cotidiano, como por exemplo, a chegada do trem na estação filmado pelos irmãos franceses Auguste Lumière e Louis Lumière, e que se tornou o primeiro
  • 26. 26 filme (P&B) da história do cinema, exibido em 1985, como “A Chegada do Trem na Estação” (L'arrivée d'un Train à La Ciotat). Michael Rush (2003, p.10) afirma que “na primeira época, era o ‘tempo real’ que interessava aos artistas: vídeo, não-processado e não-editado, podia capturar o tempo como era experiência, logo aqui e agora, internamente ou externamente". Com o avanço tecnológico, ocorreu também o aperfeiçoamento da prática social cinematográfica. Em 1902, o diretor francês Georges Méliès foi o primeiro a utilizar efeitos especiais e técnicas de edição no filme “Viagem à Lua” (Le Voyage Dans La Lune). Nos anos 1960 artistas e cineastas apresentaram ao mundo a videoarte, a arte em vídeo, feita por artistas que procuravam quebrar paradigmas cinematográficos. O barateamento da produção e a difusão do vídeo incentivaram práticas não comerciais do uso da mídia audiovisual por artistas do mundo todo. Um dos pioneiros da videoarte foi o artista alemão Wolf Vostell, ao lançar em 1963, o filme Sun In You Heade e a instalação artística 6 TV De-coll/age. Ilustração 3: 6TVDe-coll/age, Wolf Vostell, 1963 (Fonte: Museu Reina Sofia, Madrid, 1965)
  • 27. 27 Apesar da maioria dos vídeos compartilhados nas redes sociais Vine e Instagram seguirem uma linearidade, eles se adequam na categoria de videoarte por, em grande parte, utilizarem elementos minimalistas e ferramentas de baixo custo e exibição não centralizada. A preponderância da ideia, a transitoriedade dos meios e a precariedade dos materiais utilizados, a atitude crítica frente às instituições, notadamente o museu, assim como formas alternativas de circulação das propostas artísticas, em especial durante a década de 1970, são algumas de suas estratégias [da arte conceitual]. (FREIRE, 2006, p.10) Contudo, o conteúdo da narrativa audiovisual produzida e compartilhada nestas redes sociais é, na grande maioria, formado por storytelling, ou seja, o ato de contar (tell) histórias (story), que segundo Scartozzoni (2011) é a forma mais antiga de entretenimento. Provavelmente na pré-história, as pessoas se reuniam à noite, antes de dormir, em volta da fogueira, para relatar os principais acontecimentos do dia. Storytelling pode ser definido de várias maneiras, mas a que importa nesse caso é que se trata de uma poderosa ferramenta para compartilhar conhecimento, utilizada pelo homem muito antes do que qualquer mídia social. Para ser mais exato, há algo em torno de 30 a 100 mil anos, quando acredita-se que o Homo Sapiens Sapiens desenvolveu a linguagem. (SCARTOZZONI, 2011, s/p.) O que muda com a evolução tecnológica é que a contação de histórias feitas oralmente por nossos antepassados ganhou efeitos especiais com a chegada do digital, através da combinação de imagens com a trilha sonora, que inclui voz e música. (BULL & KAJDER, 2004). Atualmente, o digital storytelling ganhou popularidade graças ao uso dessa prática pela comunicação publicitária. Como contar histórias é parte importante da comunicação humana, os publicitários perceberam que as empresas que comunicavam seus valores através de histórias verdadeiras, ganhavam a confiança dos consumidores, e também, dos funcionários. Mas, não foi só o marketing que descobriu os poderes do digital storytelling. Nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia, desde 1990, o fundador da Organização Não Governamental Center for Digital Storytelling (CDS), Joe Lambert, capacita estudantes e professores para a produção e compartilhamento de narrativas pessoais, e até, de narrativas de eventos históricos, através da combinação multimidiática de gráficos, textos, vídeo, música, áudio etc. (MILLER, 2009). A oferta multimídia favoreceu a criação da transmedia storytelling, a contação de histórias em transmídia, em várias plataformas de mídias. Como explica o professor Henry Jenkins (2009) uma história transmídia representa a integração da experiência do entretenimento através de diferentes plataformas midiáticas. Uma série como Heroes ou Lost
  • 28. 28 pode sair da TV para os quadrinhos, internet, jogos eletrônicos, bonecos etc., atraindo assim, novos consumidores à medida em que vai se expandindo, e permitindo que os fãs mais dedicados participem cada vez mais profundamente da narrativa. Pois, os fãs podem traduzir os próprios interesses sobre a história e os personagens, em entradas para Wikipédia, fan videos, cosplay e uma série de outras práticas participativas que ampliam a história para uma infinidade de novas direções. (JENKINS, 2009). Em muitos casos os agentes sociais também utilizam o digital storytelling para transitar entre diferentes redes sociais contando a mesma história de diferentes formas (texto, foto, vídeo etc.). As redes sociais de compartilhamento de fotos e vídeos se tornaram muito populares nos últimos três anos. A maioria dos usuários de dispositivos móveis não dispensa o uso de um aplicativo para compartilhar o cotidiano, seja por foto ou vídeo. Esse compartilhamento, antes feito por texto através do Twitter ou do Facebook, se tornou complexo de acordo com o aumento da capacidade de transmissão de dados via internet, tanto para receber como para enviar, e de acordo com a redução dos preços dos pacotes (dados e voz) oferecidos pelas operadoras de telecomunicações no mercado brasileiro. 4.2. Aplicativo Para a comunicação (através de texto, imagem, áudio, vídeo) chegar ao usuário, e ser enviada pelo usuário do smartphone, ela precisa ser feita através de aplicativos. Para navegar pela internet (Safari, Internet Explorer, Google Chrome, Opera, Firefox etc.) o usuário precisa instalar o aplicativo do browser no smartphone. Os smartphones possuem um software próprio do sistema do aparelho que permite seu funcionamento, entre eles podemos citar: Windows Phone, da Microsoft; o iOS, da Apple; e o Android, do Google. Os aplicativos atuam dentro desses sistemas, através de programas de computação desenvolvidos especificamente para determinadas atividades. No caso do Vine, o aplicativo serve para captação, edição e compartilhamento de vídeos através do Twitter ou Facebook. Um mercado em crescente expansão é o de desenvolvimento de aplicativos, principalmente por jovens universitários que participam de concursos de microempreendedoríssimo, feiras de tecnologia ou encontros de startups. As fabricantes de
  • 29. 29 smartphones estimulam o desenvolvimento de novos aplicativos de acordo com a demanda do mercado, principalmente entre os jovens usuários, e oferecem esses produtos (muitas vezes gratuitamente) em lojas virtuais, por exemplo: Windows Phone (Microsoft), App Store e Itunes (Apple), Google Play (Android/Google). Os aplicativos que permitem postar mensagens através das redes sociais (Facebook, Twitter, entre outras) estão entre os mais populares junto ao público. O gráfico abaixo mostra o uso das redes sociais, através dos aplicativos, disponíveis gratuitamente. Essa distribuição gratuita faz com que as grandes empresas possuam a maior fortuna da nova era digital: os dados. Assim como nos mecanismos de pesquisa, os dados pessoais fornecidos para participar das redes sociais também são valiosíssimos. Uma empresa que possui mais de um bilhão de registros com incontáveis dados pessoais de cada usuário pode facilmente usa-los para o fim que desejar. Atualmente, cerca de 1 bilhão de pessoas utilizam smartphones em todo mundo e, segundo um estudo elaborado pela empresa global de serviços financeiros Morgan Stanley (2013), o número de usuários cresce numa taxa mundial de 42%. O gráfico abaixo mostra em 87% 89% 22% 28% 6% 6% 24% 15% 22% 19% 7% 11% 1% 17% Brasil Estados Unidos Facebook Twitter Foursquare Google+ Instagram LinkedIn Pinterest Gráfico 7: Uso Redes Sociais smartphone BR & EUA (Fonte: Google, 2013)
  • 30. 30 média quantos aplicativos os consumidores possuem em seu smartphone (Google, 2013, base mil usuários). 4.3. Instagram Entre fevereiro e março de 2010, o brasileiro Mike Krieger e o norte-americano Kevin Systrom criaram um aplicativo onde o usuário poderia compartilhar fotos e mensagens de status (check in), além de uma agenda. O aplicativo nomeado de Burbn era um piloto do que mais tarde se tornaria um dos aplicativos mais famosos do mundo da informática, o Instagram. Na época, o Burbn possuía pouca usabilidade, ou seja, precisava ser simplificado para ser usado por um número maior de agentes sociais. Entretanto, como as câmeras de celular, em geral, possuíam baixa qualidade para captura das imagens, houve grande interesse na melhora da usabilidade do aplicativo. Assim, em outubro do mesmo ano, o aplicativo Burbn se transformou no Instagram, possibilitando ao usuário capturar e editar imagens através do smartphone de forma fácil e rápida, além de permitir a inserção de filtros que modificavam a cor e textura das imagens. Essas imagens poderiam então, ser compartilhadas na linha do tempo do perfil do usuário (que para usar o 28 17 17 30 26 23 33 32 36 29 Gráfico 8: Aplicativos no smartphone (Fonte: Google, 2013)
  • 31. 31 serviço é obrigado a se cadastrar na rede social), e consequentemente, permitir o compartilhamento entre o seu ciclo social (amigos, familiares) através das outras redes sociais, como Facebook e Twitter. O aplicativo Instagram foi liberado apenas para usuários do sistema iOS. Em pouco mais de três meses do lançamento, o Instagram atingiu a marca de um milhão de usuários. Um ano depois o Instagram foi eleito o “app do ano” pela Apple Store, com cerca de 15 milhões de usuários cadastrados (Huffington Post, 2011). Nesse mesmo período, a equipe desenvolvedora do aplicativo, formada por quatro pessoas, anunciou que estava trabalhando numa versão para o sistema Android. Em 2012, a assessoria de comunicação do então candidato à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou a criação de uma conta no Instagram como parte da campanha eleitoral. Estamos felizes de dar as boas-vindas ao presidente Barack Obama ao Instagram! Estamos ansiosos para ver como o presidente Obama usará o Instagram para dar aos seguidores um aspecto visual do que acontece no dia-a-dia de um presidente dos Estados Unidos. (SYSTROM, 2012, online). O serviço se tornou ainda mais popular dentro do meio artístico e jornalístico pois, para acompanhar os bastidores da campanha eleitoral do atual presidente dos Estados Unidos era necessário estar cadastrado na rede social.
  • 32. 32 Em abril de 2012, foi lançada a versão do aplicativo Instagram para o sistema operacional Android. Ao atingir a marca de trinta milhões de usuários, o aplicativo foi vendido para o Facebook por cerca de R$ 2.5 bilhões. Estou animado em compartilhar a notícia de que concordamos em adquirir o Instagram e que a sua talentosa equipe vai se juntar ao Facebook. Por anos, temos focado na construção de uma melhor experiência para compartilhar fotos com seus amigos e familiares. Agora, seremos capazes de trabalhar ainda mais estreitamente com a equipe do Instagram para também oferecer as melhores experiências para compartilhar fotos de celulares com pessoas do seu interesse. (ZUCKERBERG, 2012). Em Junho de 2013 o Instagram adicionou a possibilidade de gravação, edição e compartilhamento de vídeos a sua plataforma, devido ao grande sucesso que o Vine vinha fazendo desde o seu lançamento, no início do ano. No entanto, a corrida para distribuição da micro comunicação audiovisual está só começando. Além do Vine/Twitter e do Instagram/Facebook que analisamos neste estudo investigativo, podemos acrescentar Viddy, que permite o compartilhamento de vídeos até 15 segundos e Cinemagram que permite a animação de pequenas partes de um vídeo clipe e o 8mm. Ilustração 4: Instagram Candidato Obama (Fonte: Instagram, 2013)
  • 33. 33 4.4. Vine A rede social Twitter foi desenvolvida para permitir aos usuários o compartilhamento de mensagens com até 140 caracteres. Com o lançamento do aplicativo Vine, os usuários podem escolher entre os 140 caracteres e seis segundos de vídeo, ou ambos. Os vídeos parecem imagens GIF2, mas com áudio. Para o criador do Twitter, Jack Dorsey, "o Vine propõe uma nova maneira de comunicar arte para o mundo" (DORSEY apud BOSKER, 2013, s/p.). 2Sigla para Graphics Interchange Format. Segundo o dicionário de referências (2013, online) “Um conjunto de normas em formato de arquivo para armazenamento de imagens digitais a cores e animações curtas.” (Tradução da autora) Ilustração 5: Aplicativo Vine (Fonte: Vine, 2013)
  • 34. 34 A boa usabilidade do aplicativo tornou-o rapidamente popular entre os usuários. Entretanto, diferente do Instagram, o usuário do Vine não tem acesso a esta rede social por completo através do computador, ou seja, o aplicativo opera apenas através do smartphone. Para poder assistir o vídeo que ele produziu no Vine, na tela de um computador, o usuário é obrigado a exportá-lo para uma rede social (Twitter ou Facebook) onde um link é gerado, e possibilita o compartilhamento em outros sites. Ilustração 7: Mecanismo de gravação do Instagram (Foto: Juliana Dantas, 2013) Ilustração 6: Mecanismo de gravação do Vine (Foto: Juliana Dantas, 2013)
  • 35. 35 O usuário do Vine não tem o botão on/off para iniciar/parar a gravação do vídeo, para proceder a esta operação o usuário deve tocar o dedo na tela do smartphone, para iniciar a gravação, que irá parar assim que o dedo for retirado. O mecanismo de gravação ocorre da mesma forma no Instagram, mas lá o usuário precisa pressionar um botão. Assim que o vídeo é enviado para a rede Vine, ele se mantém automaticamente rodando, de forma contínua, em loop. Essa dinâmica de gravação possibilita o desenvolvimento de micro produtos midiáticos audiovisuais em stop motion com maior facilidade. Fato que tornou o aplicativo bastante popular no ciberespaço, em virtude da criatividade de alguns usuários ao produzirem vídeos bem humorados e interessantes. O Vine foi lançado gradativamente para o sistema operacional Android e Windows Phone, aumentando ainda mais a popularidade na rede.
  • 36. 36 5. METODOLOGIA 5.1. Estudo de Caso Comparativo sobre a micro comunicação audiovisual O objetivo deste estudo é registrar, descrever e analisar aspectos da micro produção audiovisual através dos aplicativos Vine e Instagram. No mercado mundial, há menos de um ano, estes aplicativos conquistaram milhões de fãs. A comprovação pode ser feita na rede social Facebook, onde estão as páginas Best Vines, com 18 milhões de curtidas e a página oficial do Instagram com 7 milhões de curtidas. O método do estudo de caso comparativo foi escolhido por ser o mais apropriado caminho para responder as questões desta pesquisa. A técnica permite ao pesquisador atuar, ao mesmo tempo, tanto como observador como investigador. [...] o estudo de caso é o método que contribui para a compreensão dos fenômenos sociais complexos, sejam individuais, organizacionais, sociais ou políticos. É o estudo das peculiaridades, das diferenças daquilo que o torna único e por essa mesma razão, o distingue ou o aproxima dos demais fenômenos. (DUARTE, 2010) Segundo Robert Yin (2005) um estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidas. A investigação do estudo de caso comparativo permite que o investigador trabalhe de forma distinta, dentro do espaço investigativo no qual as muitas variáveis que podem encontradas, formam um campo de dados inédito, em virtude dos poucos estudos sobre o tema. Yin (2005) esclarece que o estudo de caso comparativo beneficia o investigador ao permitir o desenvolvimento da pesquisa a partir das proposições teóricas que orientam a busca de dados, bem como referendam os achados. E finalmente, Yin (2005) explica que o estudo de caso comparativo permite ao investigador buscar múltiplas fontes de evidências, no caso deste estudo duas (Vine & Instagram), e fazer a triangulação dos dados de forma convergente. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas neles envolvidas.” (YIN, 2005, p.27)
  • 37. 37 5.2. A cultura da narrativa midiática digital como lócus investigativo A internet possibilitou novas formas de interação entre as pessoas graças aos dispositivos sociais midiáticos disponibilizados, como blogs, podcasts, videocasts, entre outros. As salas de bate-papos e fórum de grupos especializados disputaram a atenção do público e conquistaram a audiência no início dos anos 2000. Mais tarde, a criação de blogs de qualquer temática, inclusive blogs pessoais, se tornou uma prática muito popular entre os conectados. Era como escrever num diário que todo mundo poderia ler, e essa prática demonstrava que os usuários tinham interesse em compartilhar narrativas do próprio cotidiano. O gráfico acima mostra tanto a relação do consumidor com seu smartphone quanto relevância do dispositivos com relação a outros meios de comunicação. Estamos transitando numa nova era digital que faz com que os hábitos interativos e comunicacionais se moldem mais uma vez. Com a recém chegada dos óculos inteligentes do Google (Google Glass) e popularização dos relógios inteligentes da Sansung (Galaxy Gear), muitos afirmam que a era dos smartphones está chegando ao fim. Assim como muitos afirmaram o fim da era do rádio, televisão e jornal impresso. "Primeiro eles ocupavam grandes salas, depois nossas mesas, depois nosso colo e, agora, estão na palma de nossa mão. A seguir, estarão em nosso rosto. 28% 30% 30% 35% 100% 41% 36% 39% 23% 18% 22% 19% 22% 25% 25% 17% 23% 67% 68% 73% 79% 73% 83% 79% 81% 48% 53% 53% 53% 54% 69% 50% 61% No lugar da TV No lugar do PC Smartphone p/tudo Smartphone é essencial Gráfico 9: Preferência do usuário entre smartphone e outras mídias (Fonte: Google, 2013)
  • 38. 38 Eventualmente, estarão em nosso cérebro!"(CARLSON, 2012). Na verdade as relações com os meios não são simplesmente esquecidas ou finalizadas, elas são adaptadas. Dentro de um mesmo meio, no caso o dispositivo móvel, é possível passar uma mensagem de diferentes formas, como uma ligação, mensagem de texto, e-mail ou uso das redes sociais. A utilização das redes sociais, no entanto, estão se tornando a forma mais popular da transmissão dessa mensagem. Ao menos 50% dos consumidores de smartphones dos Estados Unidos acessaram uma rede social através do seu dispositivo na última semana. Mais de 30% dos usuários brasileiros tirou uma foto ou fez um vídeo através do smartphone e quase 40% dos canadenses assistiram um vídeo através de um aplicativo (Google, 2013). Isso demonstra que o agente social está se tornando cada vez mais um ser participativo nesse processo de produção de mensagens através de modos de produção para compartilhar o cotidiano. Não se consome apenas conteúdo de grandes corporações midiáticas, é perceptível uma mudança no centro gravitacional cultural. Cada vez mais o conteúdo daquele que está próximo do consumidor é assistido e estimulado e, por isso, novos processos de produção são criados e uma análise desses processos se faz necessária. 50% 43% 27% 58% 42% 39% 60% 51% 52% 42% 59% 36% 57% 47% 47% 58% 40% 53% 24% 37% 24% 38% 44% 44% 38% 26% 28% 41% 47% 36% 61% 51% 51% 59% 41% 61% Aplicativo Rede Social Ver Vídeos Tirou Foto Gráfico 10: Atividades no smartphone/semanal (Fonte: Google, 2013)
  • 39. 39 5.3. Comparativo da Prática Social Midiática (Vine vs Instagram) Seis meses após o lançamento do Vine, o Instagram lançou uma atualização permitindo o compartilhamento de vídeos através de sua plataforma. Esse fato torna perceptível que cada vez mais as redes sociais influenciam os agentes a criarem conteúdo audiovisual. O gráfico abaixo revela a corrida, entre maio e junho de 2013, entre as duas redes sociais, quanto ao compartilhamento de vídeos através de links. Tanto o Instagram/Facebook quanto o Vine/Twitter seguem prosperando no mercado brasileiro. O Instagram, por possuir 150 milhões de usuários (GLOBO, G1, 2013), está em fase de massificação, isto é, alcançando maioria dos usuários de dispositivos móveis – sem restrições - não importando idade ou classe social. O Vine, embora possua apenas 40 milhões de usuários (OLHAR DIGITAL, 2013), se destaca em todo o ciberespaço, e não apenas dentro dos dispositivos móveis. Como exemplo, podemos citar a página do Facebook Best Vines, criada para a divulgação de vídeos criativos e engraçados que conta com cerca de 18 milhões de curtidas (FACEBOOK, 2013), e foi a página que cresceu de forma mais rápida na história do Facebook. Podemos acompanhar o salto no compartilhamento de Vines após a criação da página no gráfico anterior. A página tem crescido, em média, a uma taxa de 110 mil 'curtidas' por dia, ou seja, quatro vezes mais do que qualquer outra página no Facebook já registrou. Por semana, a Best Vines totaliza, em média, 693 mil novos 'likes' (CANALTECH, 2013, online). Gráfico 11: Comparativo entre links Vine vs Instagram (Fonte: Ag.RS, 2013)
  • 40. 40 Embora a prática criativa dentro das duas plataformas tenham suas diferenças, o que distingue de fato uma rede social da outra são os hábitos de seus usuários. A maioria dos usuários do Instagram usam da narrativa do storytelling, diferente da maioria dos usuários do Vine que aproveitam dos desafios do aplicativo para descontruir essa narrativa. Jordan Cook, colunista do site americano Tech Crunch, fala a respeito da diferença da linguagem audiovisual produzida por agente sociais do Instagram e Vine “Agora, as pessoas vão apenas postar vídeos de seus pés, cafés e animais de estimação. Ao mesmo tempo, a comunidade crescente de criativos e designers do Vine provavelmente irá continuar a florescer, também.” (COOK apud TECH CRUNCH, 2013). 5.4. Diferenças entre Vine e Instagram Quanto a duração, um vídeo do Vine pode durar precisamente 6,5 segundos. Segundo o Twitter (2013), esse é o tempo ideal para que o usuário passe sua mensagem de forma sucinta, assim como os 140 caracteres disponíveis na rede social escrita. Ainda segundo o Twitter (2009) privar o número de caracteres (e no caso do Vine, o tempo) força o agente social a “pensar fora da caixa” e produzir conteúdo de forma mais direcionada. No Instagram, o usuário transita confortavelmente pois tem a possibilidade de produzir vídeo com até 15 segundos. Por outro lado, esse tempo se torna longo ao receptor da mensagem, uma vez que a rapidez da troca de informação da nova era digital pede mais agilidade nesse sentindo, principalmente se tratando da narrativa que predomina no Instagram, a fotografia. Falando da edição, ambas as plataformas permitem gravar diversos clipes e agrupá-los ou descartá-los no mesmo vídeo. O Vine permite até que o usuário mude a narrativa do vídeo antes de postá-lo, podendo trocar os clipes de posição, diferente do Instagram onde os clipes devem seguir uma ordem linear dentro do vídeo. O Instagram, porém, ganha em permitir a importação de um vídeo do arquivo de câmera (material gravado na memória do smartphone), enquanto o Vine obriga o usuário a produzir inteiramente através de sua plataforma. O Instagram também conta com recursos de filtro e estabilização de imagem. O Vine, por sua vez, é básico nesse sentido. Porém, o recurso “cinema” (permite a estabilização da imagem) que é ativado automaticamente na plataforma do Instagram, proporcionando uma queda na qualidade do vídeo e o usuário não tem a opção de não usá-lo. Ambas as plataformas permitem a troca de câmera (traseira/frontal) durante a gravação do projeto e os vídeos publicados nas duas redes sociais são salvos automaticamente no arquivo da câmera do smartphone. Um ponto positivo para o Vine é a possibilidade de finalizar um
  • 41. 41 projeto e, ao voltar para criar um novo, poder reutilizar os clipes utilizados em projetos anteriores, pois os mesmos ficam salvos. No Instagram o usuário não tem esse recurso, mas se quiser pode continuar um projeto do ponto em que havia parado. Os recursos de edição em ambos os aplicativos são aperfeiçoados através das atualizações. Antes, o Vine não permitia o uso da câmera frontal, nem o corte de clipes. Isso tornava a usabilidade mais complexa, pois um usuário que fizesse um movimento errado num stop motion, por exemplo, era obrigado a começar o vídeo novamente. O Instagram, por sua vez, não dava acesso ao usuário para importar um vídeo do arquivo da câmera. Esses recursos estão sendo lançados gradativamente, com o objetivo de estimular a produção de conteúdo audiovisual. O Instagram constantemente lança novos filtros para que o usuário realize experimentações e o Vine está cada vez mais aprimorando as ferramentas de sua plataforma para possibilitar que os usuários aperfeiçoem a técnica e criem cada vez mais vídeos melhores. Ambos os aplicativos permitem o compartilhamento da produção audiovisual em outras redes sociais. O Instagram permite que o usuário compartilhe o vídeo tanto por e-mail quanto pelas redes sociais Twitter, Facebook, Tumblr, Mixi (japonesa) e Weibo (chinesa). Para ativar o compartilhamento em uma das duas redes sociais asiáticas, o usuário deve mudar a localização nas configurações do smartphone para China ou Japão. O serviço de fotos, permite ao usuário compartilhar também no Foursquare (geolocalização) e no Flickr (site de fotos e vídeos). Ilustração 8: Tela Compartilhamento Vine (esq) e Instagram (dir) (Fonte: V&I, 2013)
  • 42. 42 O Vine permite que o usuário compartilhe os vídeos apenas no Facebook e no Twitter, sendo que no Twitter, o vídeo fica exposto na linha do tempo do usuário, diferente do Instagram onde o vídeo é exportado através de um link. O Vine dispõe ainda do recurso “canais”, que permite ao usuário classificar os próprios vídeos em um dos canais disponíveis: ("Comedy, Art& Experimental, Scary, Cats, Dogs, Family, Beauty& Fashion, Food, Health & Fitness, Nature, News & Politics, Special FX, Sports, UrbaneWeird"), facilitando a localização do vídeo por outros usuários. O usuário também pode usar etiquetas/categorias (tags) para identificar as palavras-chave dos vídeos, em ambas as redes sociais, porém somente no Vine existe um sistema de avaliação (ranking) das tags mais utilizadas. Funciona como o TrendingTopics do Twitter. Ilustração 9: Tela Exploração Vine (esq) e Instagram (dir) (Fonte: V&I, 2013) O Instagram ainda não tem esse recurso mas o usuário pode acompanhar, através de um mural, as indicações dos vídeos, fotos e tags mais acessados. As duas plataformas permitem a marcação de outros usuários na postagem e de um serviço de geolocalização (suportados pelo Foursquare), porém somente o Instagram dispõe de um mapa navegável.
  • 43. 43 No computador, o Instagram oferece uma plataforma onde o usuário pode acessar a própria conta, curtir e comentar como se estivesse no smartphone. Embora o Vine permita a exibição do vídeo na tela do computador (através do link gerado pelo Twitter ou Facebook) o usuário não dispõe de uma plataforma para interagir. Além disso, algumas diferenças são encontradas ao acessar as redes pelo computador, ou seja, no Vine o usuário pode silenciar o vídeo, opção que não existe no Instagram. Existem também sites como: Seenive, Vinescope, Statigr.am e o Web.stagram que incorporam os perfis dos usuários do Vine e do Instagram e transmite a produção audiovisual e fotográfica através do ciberspaço. Com referência a exibição dos vídeos, o Vine se destaca em dois pontos: primeiro, os vídeos da rede de contatos do usuário começam automaticamente na linha do tempo, sem a necessidade de um toque para iniciá-lo (o toque é necessário caso o usuário queria pausar o vídeo). O outro destaque é na forma de exibição do Vine, em que o vídeo fica rodando sem parar (looping). O fato de um vídeo no Vine começar automaticamente e se repetir ad infinitum, faz com que o vídeo tenha uma característica de GIF animado (Graphics Interchange Format - GIF). No Instagram disponibiliza um botão tocar (play) no canto superior e o usuário tem que tocar a tela para iniciar o vídeo. Após o vídeo iniciado, é necessário um segundo toque para ativar o som do vídeo, que começa silenciado automaticamente. E no Instagram os vídeos Ilustração 10: Geolocalizador do Instagram (Fonte: Instagram, 2013)
  • 44. 44 possuem uma linearidade de início-meio-fim na exibição, fortalecendo a narratividade proposta pela prática storytelling. Na relação formato x conteúdo, a batalha (Vine x Instagram) acaba no empate. Tudo isso porque o recurso de gravar um vídeo de 6 segundos e depois loopá-lo infinitamente permite que o espectador aproveite o vídeo ao máximo, diferente do Instagram, onde a experiência é no formato começo-meio-fim. Por outro lado, o Instagram permite uma captação mais livre e completa da imagem. Nesse sentido, o recurso de vídeo do Instagram pode ser melhor pra gravar uma cena que está acontecendo em tempo real como, por exemplo, uma cena emblemática de um protesto. Como o Vine só tem 6 segundos, você precisa acertar exatamente o momento que vai dizer tudo o que você quer dizer. Você praticamente precisa fazer um mini-roteiro antes de gravar. O ator e videomaker, Adam Goldberg, um dos caras que mais fazem sucesso no Vine, pensa mais ou menos assim. Ele não considera um serviço melhor que o outro, dizendo que eles são diferentes “como maçãs e laranjas”. Mas, para Adam, a estética do Vine é impossível de se conseguir no Instagram. “Apenas o Vine deixa você criar estranhas cenas oníricas no estilo David Lynch". (BAREM apud YOUPIX, 2013). A fotógrafa americana Meagan Cignoli faz muito sucesso nas duas redes sociais. Atualmente, possui 396 mil seguidores no Vine (Vine, 2013) e 47 mil seguidores no Instagram (Instagram, 2013). Em junho deste ano, a pedido do site americano Tech Crunch (2013), Meagan produziu o mesmo vídeo (em stop motion, sua especialidade) nas duas plataformas, Vine e Instagram. Ilustração 11: Cignoli gravando vídeo (Fonte: Instagram, 2013)
  • 45. 45 Depois de pronto e disponibilizado pelas redes sociais, Cignoli perguntou aos seguidores do seu perfil nas duas redes: “Eu gravei o mesmo vídeo duas vezes, uma no Vine e outra no Instagram. Qual dos dois vocês mais gostaram?” (Tradução da autora). Ambas postagens de Meagan Cignoli contabilizaram cerca de três mil comentários e a maioria preferiu o vídeo do Vine, como, por exemplo, o usuário @clingclong que afirmou: “No Vine é melhor principalmente por causa do looping.” (Instagram, 2013) (Tradução da autora). Outros usuários definiram os vídeos do Vine como sendo “mais suave” do que o vídeo do Instagram, que teria ficado mais “grosseiro”. Ilustração 7: Cignoli pergunta: "Vine ou Instagram?" (Fonte: V&I, 2013) Ilustração 8: Comentários dos seguidores de Cignoli (Fonte: V&I, 2013)
  • 46. 46 De acordo com Meagan Signoli (2013) a videoarte fica melhor no Vine e a narração de histórias do cotidiano é mais fácil no Instagram. “O Instagram cria um efeito de sonho, que é lindo. O Vine é para rapidez, ótimo para stop motion. As câmeras são muito diferentes.” (Tradução da autora) Existem, nas duas redes sociais, videoartistas e usuários interessados apenas em compartilhamento de cotidiano através do digital storytelling. Um exemplo é a ilustradora americana Rachel Ryle, usuária (apenas) do Instagram com 192 mil seguidores Ryle (2013) acha a produção dos videoartistas do Vine bastante criativa e divertida, mas prefere trabalhar com o Instagram. Recentemente o perfil de Ryle, no Instagram, ficou em primeiro lugar num levantamento feito pelo site americano BuzzFeed como “o perfil mais criativo do Instagram em 2013” (BuzzFeed, 2013). Para produzir os vídeos pelo Instagram, Ryle utiliza clipes pré-gravados, importados do arquivo da câmera do smartphone, e da captura de clipes dentro do próprio aplicativo. A ilustradora é famosa pelas animações em geral, inspiradas em cenas do cotidiano. Ryle (2013) Ilustração 9: Ryle gravando vídeo (Fonte: Instagram, 2013)
  • 47. 47 explica que “olho para os itens de uso diário e imediatamente começo a me perguntar como poderia fazê-los criar vida através da animação. Assim crio meu conceito, e começo o processo de animação.” (Tradução da autora) No Vine existem também diversos exemplos de perfis que objetivam o compartilhamento do cotidiano. O perfil da socialite americana Paris Hilton e do cantor britânico Paul McCartney são exemplos.
  • 48. 48 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo investigativo baseou-se na metodologia do estudo de caso duplo (YIN, 2005), aliando-se as técnicas de entrevistas e observação participante. Analisamos os sites de redes sociais (Vine e Instagram) que são plataformas de comunicação audiovisual baseadas na web e que permitem relevante interação entre os integrantes, devidamente cadastrados. Estes agentes sociais se reconhecem como consumidores e ao mesmo tempo, se identificam como produtores de uma nova mídia, cuja informação e inspiração surgem de fontes muito além da mídia hegemônica tradicional. Escolhemos dois perfis para compor o recorte empírico deste estudo, a saber: a artista de animação audiovisual (stop motion), Meagan Cignoli, um dos perfis mais famosos do Vine, premiada em Cannes com o Leão Cibernético com a campanha “Fix in Six” desenvolvida no Vine para marca Lower’s, além de ser autora de diversos filmes nos sites do Mashable e Tech Crunch. A outra entrevistada é a ilustradora e também especialista em animação audiovisual (stop motion), Rachel Ryle, que ganhou o título de perfil mais criativo do Instagram em 2013. Em suas respostas (Anexos I e II) Cignoli (2013) e Ryle (2013) deixam claro que os dois aplicativos podem e devem coexistir no ciberespaço, pois tanto o Vine como o Instagram criam produtos audiovisuais similares, mas de maneira diferente. Enquanto Cignoli (2013, online) sugere que "o Vine é fantástico para comédia, stop motion, para marcas e comunicação publicitária". Ryle (2013, online) comenta que "os vídeos do Instagram são etéreos e funcionam perfeitamente dentro de uma estética dos movimentos mais lentos, das cenas mais bonitas, inclusive com filtros e superexposição". Em sua página pessoal na internet "onceinaryle" (Era uma vez em Ryle, 2013) a artista afirma que "verdade seja dita, sou uma ótima contadora de histórias, mas uma péssima escritora. Espero que meus escritos melhorem à medida em que vou compartilhando com vocês histórias engraçadas que acontecem em minha vida. E se isso falhar, então talvez eu transforme tudo em um vídeo". Nosso estudo investigativo ressalta que aí pode estar um desencadeador cultural que nos força a produzir memórias videográficas, ou seja, precisamos do arquivo digitalizado audiovisual porque gostamos de contar histórias, mas não gostamos de escrevê-las. Desde a pré-história a comunicação oral sempre esteve presente, mas precisamos do registro para comunicar a cultura, para preservar o patrimônio cultural imaterial; e o desenvolvimento das ferramentas técnicas e dos programas de computação que possibilitam o
  • 49. 49 arquivamento digital do áudio (voz e música) e do vídeo (foto, imagem em movimento e texto impresso) e, principalmente, permitem a disponibilização de todo esse material, por meio da cultura participativa das redes sociais possibilitas pelo advento da internet, como bem conceitua Recuero (2009, p.24) “a rede social é formada pelos atores (pessoas, instituições ou grupos) e suas conexões." Essa capacidade de preservar a cultura, como se através dela prolongássemos nossos dias num mundo cada vez mais fadado à destruição, faz com que cada vez mais o ser humano busque a evolução da técnica como uma forma de transformação. Os novos meios e tecnologias pelos quais nos ampliamos e prolongamos constituem vastas cirurgias coletivas levadas ao corpo social com completo desdém pelos anestésicos. [...] Ao se operar uma sociedade com uma nova tecnologia, a área que sofre a incisão não é mais afetada. A área da incisão e do impacto fica entorpecida. O sistema inteiro é que muda. (MCLUHAN, 1964, p 84) Cada animação, em vídeo stop motion no Vine ou no Instagram, é uma narrativa particular de um momento único através do aparato tecnológico, o smartphone. Como se o próprio homem entrasse no aparelho de celular e ganhasse vida em outra dimensão, como definiu McLuhan (1964, p.59) “Os homens se tornam fascinados por qualquer extensão de si mesmos em qualquer material que não seja o deles próprios” A história da cultura cinematográfica é plena de transformações, cujas personagens principais, os cineastas, diretores, roteiristas, produtores entre tantos que contribuíram para revelar ao mundo as possibilidades de mudança, dentro e fora da mídia hegemônica. Os videoartistas dos anos 1960 se tornaram exemplos concretos de como a arte pode ajudar a desconstruir estereótipos e definições mercadológicas implementados pela indústria cultural, ou seja, como analisaram Adorno e Horkheimer (1985) há que se estar alerta acerca da dominação exercida pela mídia hegemônica, com padrões midiáticos repetitivos, despertando nos agentes sociais as necessidades de consumo. “Nenhuma sociedade teve o conhecimento suficiente de suas ações a ponto de poder desenvolver uma imunidade contra suas novas extensões ou tecnologias. Hoje começamos a perceber que a arte pode ser capaz de prover uma tal imunidade.” (MCLUHAN, 1964, p 84) Essa transição de identidade ainda necessita de pesquisas científicas adequadas para registrar o papel do consumidor/produtor e do produtor/artista dentro da cultura participativa das redes sociais, ou cultura de convergência (JENKINS, 2005). O agente social está sendo influenciado por essas duas plataformas (Vine e Instagram) a conhecer e praticar linguagens audiovisuais. Embora existam usuários mais ousados, não deixa
  • 50. 50 de ser pertinente o fato de que num futuro próximo a maioria dos usuários (fotógrafos, videomakers, ou não) de smartphones (pequeno dispositivo móvel antes usado apenas para fazer e receber ligações), possuirão um conhecimento – de básico a avançado – sobre a linguagem audiovisual. 6.1. Propriedade intelectual Um ponto que destacamos nesta investigação é a questão da propriedade intelectual em tempos de cultura digital participativa. As duas vídeo artistas entrevistadas, Ryle e Cignoli afirmaram desconhecer o teor completo dos contratos que aceitaram, ao preencher o cadastro de usuário das redes (tanto Vine como Instagram). Em síntese as empresas afirmam que a responsabilidade sobre o conteúdo da publicação é do usuário responsável pelo cadastro, mas em virtude do vídeo ter sido veiculado através do site que pertence a empresa proprietária da rede social, o autor do vídeo transfere para a referida empresa todos os direitos sobre o produto compartilhado. Você detém seus direitos sobre qualquer conteúdo que você enviar, postar ou exibir nos serviços ou através deles. A fim de tornar os serviços disponíveis para você e outros usuários, o Vine precisa de uma licença de você. Ao enviar, postar ou exibir conteúdo nos ou através dos serviços, você nos concede uma licença mundial, não- exclusiva e isenta de royalties (com o direito de sublicenciar) para usar, copiar, reproduzir, processar, adaptar, modificar, publicar, transmitir, exibir e distribuir tal conteúdo em toda e qualquer mídia ou métodos de distribuição. (VINE, 2013, online) O Instagram não reivindica a posse de qualquer conteúdo que você postar no ou através do Serviço. Em vez disso, você decide conceder ao Instagram uma licença não exclusiva, totalmente paga e livre de royalties, transferível, sublicenciável, uma licença mundial para usar o conteúdo que você postar no ou através do serviço, sujeito à política de privacidade do serviço. (INSTAGRAM, 2013, online) Para ter acesso aos serviços oferecidos pelas operadoras de telecomunicações, os agentes precisam antes, informar todos os dados cadastrais (pessoal/profissional), aceitar e assinar um contrato de serviços, que lhes permitirá enviar e receber ligações, mensagens de textos, acessar a internet, entre outras atividades que podem ser realizadas através do aparelho de celular inteligente (smartphone). Ao criar um cadastro online, tanto no Vine quanto no Instagram, o usuário é aconselhado a ler os termos de serviço da rede social e depois, deverá apertar o botão que confirma a aceitação total dos termos. Nos contratos constam informações acerca da idade mínima
  • 51. 51 permitida para se cadastrar na rede social, política de privacidade, restrição de conteúdo, segurança, direitos e deveres do usuário e da empresa proprietária da rede social, entre outras. O agente social produtor de conteúdo audiovisual para Instagram ou Vine, ao aceitar os termos do contrato, transfere os direitos sobre sua propriedade intelectual. Em seu artigo "A economia criativa e a cultura popular: fetichismo da propriedade intelectual em tempos de capitalismo cultural" a pesquisadora e professora da UFRN, Regina Cunha (2013, p.1) alerta sobre os perigos da nova economia participativa e criativa que busca o enquadramento dos produtores culturais nas antigas leis de mercados. "A economia criativa trata da geração de riqueza a partir de coisas intangíveis, como o conhecimento, a cultura e a criatividade. São ofícios e manifestações culturais produzidos com saberes ancestrais, muitas vezes passados oralmente, de geração em geração". Cunha (2013) cita Marx para destacar que estamos vivendo um tempo de fetichismo da propriedade intelectual forçado pelo capitalismo cultural. Estamos considerando uma situação em que o trabalhador não apenas possua o instrumento, mas na qual esta forma do trabalhador como proprietário [...] em outras palavras, o desenvolvimento artesanal e urbano do trabalho. Por isto, também, encontramos aqui as matérias primas e meios de subsistência mediados como propriedade do artesão, mediados através de seu ofício, de sua propriedade do instrumento. [...] Resumidamente, o caráter essencial dos sistemas de guildas, ou corporativos (trabalho artesanal como sujeito e elemento constituinte da propriedade) é analisável em termos de uma relação com o instrumento de produção: a ferramenta como propriedade. (MARX, 1985, p.94-95 apud CUNHA, 2013, p.5). Contudo, um aplicativo sem usuários criativos e compartilhadores não faz sucesso e não gera dinheiro. Contas inativas também não são interessantes para nenhuma empresa de rede social, nem para qualquer outro tipo de empresa. Cignoli (2013) não concorda com a licença que é obrigada a passar para o Vine, mas afirmou que aceitou os termos. Ao responder sobre a questão da possiblidade do aplicativo Vine ter contribuído para torná-la mais conhecida do público e inclusive com ofertas de trabalho com melhor remuneração, Cignoli (2013) afirma que “sou grata ao Vine, estou feliz que eu o usei intensamente desde o lançamento, conquistando uma audiência. A exposição foi muito útil para a minha carreira. Mas eu acho que eu me esforcei para filmar todas essas horas e criar esse tipo de trabalho.” Ryle (2013) afirma que não se preocupa com os direitos do Instagram sobre suas produções e respondendo ao mesmo questionamento feito a Cignoli a artista informou que “o Instagram tem colaborado para meu sucesso, proporcionando exposição da minha arte. Eu não teria sido capaz de obter o mesmo resultado satisfatório sem o serviço do Instagram.”
  • 52. 52 A regra é que o usuário produza, compartilhe e coopere com a comunicação mediada por computador (CMC) através da plataforma oferecida pela rede social. O usuário, por sua vez, usa o serviço da plataforma para se promover, ou promover seu trabalho artístico (no caso desta investigação o produto audiovisual). Um pintor não compartilha os direitos da sua obra de arte com a empresa dona do pincel ou das tintas. Da mesma forma o fotógrafo não era obrigado a compartilhar os direitos das fotos com as indústrias produtoras das películas, como Kodak; ou ainda ceder os direitos para os fabricantes das máquinas fotográficas, Cannon ou Nikon, por exemplo. Entretanto, novas regras sobre a propriedade intelectual estão sendo escritas, em tempos de capitalismo na cultural digital, e elas precisam ser discutidas por todos os agentes sociais que compartilham do ciberespaço, quer estejam nele, ou ainda, fora dele. .
  • 53. 53 REFERÊNCIAS ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed, 1985. BAREM, Manu. Instagram ou Vine? Analisamos todos os prós e contras dos dois apps! In: youPIX, 24/6/2013. Disponível em <http://youpix.com.br/redes-sociais-2/instagram-ou-vine-pra-voce-tanto- faz/> Acesso em: 30 Set 2013. BELLIS, Mary. Who Invented Touch Screen Technology?In: About.com Disponível em: <http://inventors.about.com/od/tstartinventions/a/Touch-Screen.htm>. Acessoem: 10 Set 2013. BULL, G. & KAJDER, S. (2004). Digital storytelling in the language arts classroom. Learning & Leading with Technology, 32 (4), 46-49. BURTON, Summer Anne.The 21 Most Creative Instagram Accounts Of 2013 In: BuzzFeed, 2/12/2013. Disponível em: <http://www.buzzfeed.com/summeranne/most-creative-instagram-accounts-of-2013> Acesso em: 8 Dez 2013. CARLSON, Nicholas. The End Of The Smartphone Era Is Coming. In: BusinessInsider, 22/11/2012. Disponível em: <http://www.businessinsider.com/the-end-of-the-smartphone-era-is-coming-2012-11>. Acesso em: 17 Out 2013. CARVALHO, Nadja. Da telinha do celular, pequenas mídias ditam um novo conceito.In: Periódicos UFPB. Disponível em: < http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/cm/article/view/11626>. Acesso em: João Pessoa, Paraíba, 2008. COOK, Tim. Apple chiefsdiscussstrategy. In: GROBART, S. Business Week.com, 19/09/2013. Disponível em:<http://www.businessweek.com/articles/2013-09-19/cook-ive-and-federighi-on-the- new-iphone-and-apples-once-and-future-strategy> Acesso em: 2 Dez 2013. CROOK, Jordan. A Professional Viner’s Take On Instagram Video. In: TechCrunch, 25/6/2013. Disponível em: <http://techcrunch.com/2013/06/25/a-professional-viners-take-on-instagram-video/> Acesso em: 02 Nov 2013. CUNHA, Sonia Regina Soares da. A economia criativa e a cultura popular: fetichismo da propriedade intelectual em tempos de capitalismo cultura. In: ANAIS Intercom 2013, Folkcomunicação, Manaus, AM. 2013. DICTIONARY.com. Disponível em: <http://dictionary.reference.com/browse/smartphone?s=t> Acesso em: 2 Dez 2013. DONATON, Scott. Publicidade+entretenimento: Por que estas duas indústrias precisam se unir para garantir a sobrevivência mútua. São Paulo: Cultrix, 2007. DORSEY, J. With Vine, Twitter Will Take Your Videos Now. In: BOSKER, B. The Huffington Post, 01/24/2013. Disponível em: <http://www.huffingtonpost.com/2013/01/24/vine-twitter- videos_n_2542961.html> Acesso em: 2 Dez 2013. DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. 2. ed.- 4. reimp.- São Paulo: Atlas, 2010. ERICSON.85 percent of the world's population covered by high-speed mobile internet in 2017.In: Ericsson, 5/6/2012. Disponível em: <http://www.ericsson.com/news/1617338> Acesso em: 16 Out 2013. FREIRE, Cristina. Arte Conceitual. 1. ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed, 2006.
  • 54. 54 GOOGLE. Our mobile planet. In: Think with google.Disponível em: <http://www.thinkwithgoogle.com/mobileplanet>. Acesso em: 19 Nov 2013. HAAS, Guilherme. Vine: 5 sites para encontrar os vídeos mais populares. In: TecMundo16/8/2013. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/video/43342-vine-5-sites-para-encontrar-os-videos- mais-populares.htm> Acesso em 8 Dez 2013. INSTAGRAM. Terms of use. In: Instagram, 2013. Disponível em: <http://instagram.com/about/legal/terms/>. Acesso em: 16 Nov2013. JENKINS, H. Cultura de convergência. Tradução Suzana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2008. _____. Digital Storytelling. In: Henry Jenkins. Disponível em: <http://henryjenkins.org/2009/08/transmedia_storytelling_and_en.html> Acesso em: 10 Dez 2013 JOBS, S. Apple Confirma Expectativa e lança telefone com iPod. In: Globo, G1, 09/01/2007. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,AA1413950-6174,00.html> Acesso em: 2 Dez 2013. KATCHBORLAN, Pedro. Infográfico: Vine x Instagram – uma batalha de números. In: youPIX, 13/8/2013. Disponível em <http://youpix.com.br/redes-sociais-2/infografico-vine-x-instagram-uma- batalha-em-numeros/> Acesso em: 5 de Out 2013. LEI DE DIREITOS AUTORAIS. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. In: JusBrasil. Disponível em <http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98#ali-i-- art-5--inc-VIII> Acesso em: 8 Dez 2013. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo, Cultrix, 1999. PAOLO. Global mobile statistics 2013 Part B: Mobile Web; mobile broadband penetration; 3G/4G subscribers and networks. In: MobiThinking. Disponível em: <http://mobithinking.com/mobile- marketing-tools/latest-mobile-stats/b>Acesso em 17 de Out 2013. RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. REDAÇÃO, Agência RS. Vine já ultrapassa Instagram em número de compartilhamentos – conheça o Best Vines. In: AgenciaRS, 17/6/2013. Disponível em: <http://www.agenciars.com.br/blog/vine-ja- ultrapassa-instagram-em-numero-de-compartilhamentos-conheca-o-best-vines/#> Acesso em: 8 Dez 2013. _____, Canal Tech. Página que mais cresce no Facebook promove serviço concorrente. In: CanalTech, 16/7/2013. Disponível em: <http://canaltech.com.br/noticia/facebook/Pagina-que-mais-cresce-no- Facebook-promove-servico-concorrente/> Acesso em: 8 Dez 2013. _____, G1. Instagram atinge a marca de 150 milhões de usuários. In: G1, Globo, 8/9/2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2013/09/instagram-atinge-marca-de-150-milhoes-de- usuarios.html> Acesso em: 8 Dez 2013. _____, Olhar Digital. Vine ultrapassa marca de 40 milhões de usuário. In: OlharDigital, 20/8/2013. Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/36893/36893> Acesso em: 8 Dez 2013. _____, Sap Blog.5 estatísticas surpreendentes do mundo móvel.In: Blog.sap, 22/2/2013. Disponível em: <http://blogs.sap.com/brazil/mobile-applications/5-estatisticas-surpreendente-mundo-movel-1505> Acesso em: 17 Out 2013.
  • 55. 55 ROHRER, Finlo. Vine: Six things people have learned about six-second video in a week.In: BBC, 30/1/2013.Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/news/magazine-21267741>. Acesso em: 2 Out 2013. RUSH, Michael. Video Art. Nova Iorque,Thames& Hudson, 2003. SCARTOZZONI, Bruno. Storytelling e Transmídia: afinal, o que é e para que serve? In: UpdateOrDie, 17/03/2011. Disponível em: <http://www.updateordie.com/2011/03/17/storytelling-e-transmidia- afinal-o-que-e-e-para-que-serve/#.UqYURvRDuSo> Acesso em: 8 Dez 2013. SILVA, Polyana Inácio Rezende. Dinâmicas Comunicacionais Na Representação Da Vida Cotidiana: Instagram: um modo de narrar sobre si, fotografar ou de olhar para se ver. In: Portal do Intercom. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2012/resumos/R33-1626-2.pdf> Ouro Preto, MG, 2012. SILVERMAN, David. Um livro bom, pequeno e acessível sobre pesquisa qualitativa.Tradução: Raul Rubenich. –Porto Alegre: Bookman, 2010. TALREJA, Prerna. Instagram vídeo vs. Vine: Why Vine will emerge on top. In: PolicyMic, 5/7/2013. Disponível em <http://www.policymic.com/articles/52653/instagram-video-vs-vine-why-vine-will- emerge-on-top> Acesso em: 5 Out 2013. VINE. Terms of service. In: Vine, 2013. Disponível em: <https://vine.co/terms>. Acesso em: 16 Nov 2013. YAROW, Jay. Mary Meeker's Latest Must-Read Presentation On The State Of The Web.In: BusinessInsider, 3/12/2012. Disponível em: <http://www.businessinsider.com/mary-meeker-2012- internet-trends-year-end-update-2012-12?op=1> Acesso em: 16 Out 2013. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. trad. Daniel Grassi. – 3. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2005.
  • 56. 56 ANEXO I Entrevista feita por e-mail com a fotógrafa Meagan Cignoli (2013)
  • 57. 57 ANEXO II Entrevista feita por e-mail com a ilustradora Rachel Ryle (2013)