O documento discute os desafios demográficos e econômicos que o Brasil enfrenta para retomar o crescimento, como a taxa de crescimento populacional mais lenta e a baixa taxa de poupança. Argumenta que o governo precisa promover a produtividade, realizar reformas estruturais e simplificar impostos para estimular o investimento no longo prazo.
Agronegócio contradições que comprometem o desempenho da nossa economia
Bases para o crescimento
1. Bases para o crescimento
Entre os muitos desafios a serem enfrentados para a
retomada do nosso crescimento, um deles, o demográfico,
tem sido pouco considerado como fator de grande impacto
sobre a economia brasileira.
Passamos por um rápido processo de transição
demográfica: o grupo etário de 15 a 59 anos, que
cresceu a uma taxa de 1,6% ao ano na última década,
passará a crescer 0,8% ao ano. Ou seja, teremos menor
crescimento na oferta de mão de obra. Esse dado, aliado
a uma taxa de desemprego que hoje está em 5,6%
significa que não haverá uma massa grande de
desempregados a ser incorporada ao processo
produtivo, como ocorreu nos anos recentes.
2. • A baixa taxa de poupança doméstica (16% do PIB), que tende a
diminuir ainda mais com o envelhecimento de nossa população,
representa um limite ao crescimento esperado da taxa de
investimento. A única forma do país crescer mais rápido é
promovendo a produtividade. Infelizmente, não há propostas
eficazes para lidar com desafios como esses.
• Na verdade, o governo acabou aprisionado na armadilha do
curto prazo. Passou a intervir de forma excessiva na economia,
conceder subsídios para empresas e setores escolhidos, se
fechar para o resto do mundo e ainda modificou marcos
regulatórios que precisavam apenas de ajustes.
3. • A percepção de investidores estrangeiros é que o governo
brasileiro não se preparou para as mudanças estruturais em
curso aqui e no resto do mundo. Adicionalmente, aumentou a
incerteza, ao combinar o excesso de intervenção na
economia com uma atitude leniente no combate à inflação.
• No curto prazo, é preciso resgatar a matriz econômica que
prevaleceu até recentemente: controle fiscal, taxa de câmbio
flutuante e regime de metas de inflação com liberdade de
atuação para o Banco Central. Essa agenda deve ser
complementada por um esforço imediato de simplificação
tributária, redução do número de impostos e estabilidade de
regras para o investimento.
4. • No longo prazo, como venho alertando, precisamos resgatar a
agenda de reformas estruturais, que passa pela contenção do
crescimento do gasto público, maior integração comercial,
incentivos à inovação e à competitividade e redução gradual da
carga tributária, além da educação como prioridade nacional.
Vencer esses desafios depende de um novo sentido de
liderança política, capaz de compartilhar com a população e
com o Congresso as grandes tarefas que a economia
globalizada impõe a países emergentes como o nosso.
• Temos todos os ativos para crescer e mudar o atual patamar de
desenvolvimento. Precisamos de projeto claro, planejamento
rigoroso e mobilização em torno das grandes causas nacionais.