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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Bom Jesus/Ielusc
Primeira.Pauta
72Distribuição Gratuita
Joinville.SCNovembro de 2008
Estrada Bonita
O cenário de baladas gays foi ampliado no último dia 24. A boate
Ivyx ganha uma concorrente: a balada Up. A nova casa noturna tem como
diferencial a sofisticação.
Público LGBT tem nova opção
Superlotação no terminal central
Página 3
Para lá do quilômetro 20 da BR-
101 moram personagens cuja história
compõe o turismo rural da cidade
A criação de novas linhas pode causar colapso na principal estação de ônibus
Página 6 e 7
Custo da Câmara
Mesmo pagando R$35,93 por ano
para a manutenção da Casa, a população
não aparece para conferir os trabalhos
Página 10
Conseguir o primeiro emprego ainda é difícil para os jovens sem seguindo grau
completo ou curso técnico. Há vagas disponíveis no setor industrial que não são
preenchidas por falta de preparo dos trabalhadores.
Sem qualificação, sem emprego
Página 4
Página 5
Foto: Eva Croll Foto: Rayana Borba
Foto:RayanaBorba
Associação Educacional
Luterana Bom Jesus/Ielusc
Coordenação do Curso de
Comunicação Social -
Jornalismo
Prof. Dr. Samuel Pantoja Lima
Professor responsável
Juciano Lacerda - MTB 1177 JP/PB
Luis Fernando Assunção - MTB 7856/RS
Disciplina
Produção e Difusão em
Meios Impressos II
Edição 72
Novembro de 2008
Diagramação
Cláudio Costa, Pedro Leal e Tiago Santos
Coordenação de Produção
Felipe Silveira, Ariane Olsen, Ariadna
Straliotto
Edição de Textos
Felipe Silveira, Ariane Olsen, Ariadna Stra-
liotto, Fabiane Borges e Rayana Borba
Fotografia e Edição de Imagens
Jouber Castro, Rayana Borba, Carolina
Wanzuita, Rafaela Mazzaro e Eva Croll
Impressão
Jornal A Notícia
Tiragem
2 mil exemplares
Contato com a redação
Curso de Comunicação Social -
Jornalismo.
Rua Princesa Isabel, 438, Centro. Caixa
Postal: 24 - 89201-270
Joinville/SC
Telefone
(47) 3026-8000
E-mail
primeirapauta.ielusc@gmail.com
Os artigos publicados não
refletem necessariamente a opinião do
Primeira Pauta.
Primeira.Pauta
Jornal Laboratório do Curso de
Comunicação Social
Jornalismo
Editorial
Se nas duas edições anterio-
res o Primeira Pauta apresentava
enfoques específicos – o embate
público versus privado, na primei-
ra, e o cenário político joinvilen-
se, na segunda –, agora, o jornal
optou por não aderir pelas temá-
ticas. Os repórteres foram seus
próprios pauteiros e as sugestões
não foram negadas.
Essa liberdade permitiu que
a equipe, ao mesmo tempo, pu-
desse confrontar e conciliar gosto
pessoal com critérios de interesse
público. Assim, apareceram ma-
térias bastante diversas, mas to-
das, em maior ou menor grau,
ligadas a Joinville.
As evoluções conquistadas
nesta edição não foram apenas
editoriais, mas também técnicas.
Um grupo de alunos foi até a re-
dação do jornal A Notícia enten-
der o processo de fechamento de
uma publicação profissional.
Na intenção de reproduzir
mais um aspecto do trabalho jor-
nalístico, foi combinado que se
manteria a redação “acordada”
pelo tempo necessário ao longo
da madrugada. Toda a diagra-
mação e todas as matérias foram
finalizadas noite adentro. Dificul-
dades de apuração e escassez de
informações derrubaram seis re-
portagens.
O que se lê a seguir é um mi-
údo recorte da comunidade join-
vilense.
Quando as crianças crescem
Francine Hellmann
Não eram mais crianças. Um
dia se encontraram num assal-
to. Ela a assaltante, ele a víti-
ma. Não que a cidade em que
moravam fosse muito grande a
ponto de não poderem nunca,
sendo dois jovens da mesma
idade, ter se encontrado. Eles
apenas moravam em planetas
diferentes.
Para poder opinar sobre a
infância em tempos, diz-se, de
pós-modernidade, só no que
pude pensar foi neste ato subli-
me de união entre duas classes
sociais tão opostas: o assalto.
Não fossem todos os fatores
imagináveis somados ao fato de
ela não vestir-se tão bem como
ele, estes dois formosos jovens
poderiam ter se apaixonado.
Havia neles uma coisa em co-
mum: cada qual morava em um
planeta.
Na educação dele influen-
ciaram as revistas de educação,
as orientadoras psicopedagógi-
cas da escola onde estudou e os
programas educativos da TV por
assinatura. Na dela, a escola
sem biblioteca, o tio revendedor
de crack e a pouca atenção da
mãe que cuidava de mais cinco
filhos pequenos.
Viveram suas infâncias ao
mesmo tempo, mas não era de
infâncias como a dela que se fa-
lava nos comerciais de Nescau.
Ele também era de certa forma
excluído, na lista dos mais pro-
curados não havia nenhum pa-
rente.
Então, ela sussurrou que ele
passasse o relógio e todo o di-
nheiro que levava na carteira.
Ele pôde sentir o seu mau chei-
ro e apenas o medo impediu-o
de vomitar. Ela sentiu seu perfu-
me e ele era tão belo quanto os
meninos dos seriados TV.
Na escola que ela freqüen-
tou quando criança, as aulas
eram improdutivas e o que mais
se aprendia era a física relacio-
nada à velocidade e peso das
bolinhas de papel. Na hora da
merenda, feijão de terceira qua-
lidade. Para ela, a comida era
gostosa e, muitas vezes, a me-
lhor parte de ir para a aula. À
tarde, pipa nas ladeiras do mor-
ro onde morava uma amiga sua
ou atirar pedra no esgoto a céu
aberto, em frente a sua casa.
Algumas vezes, ela nem dormia
em casa e sua mãe parecia nem
perceber.
Na escola dele, professores
especializados ensinavam brin-
cando e as bibliotecas eram
projetadas para se mostrarem
sedutoras aos olhos do futuro
da humanidade. Ir para a aula
só era chato porque o fazia per-
der algumas horas em que po-
deria estar na internet. As suas
navegações na internet eram
restringidas por seus pais, que
o julgavam jovem demais para
ter contato com todo tipo de
imagens horrorosas que a web
pode oferecer. Para ocupar o
restante do dia, ele ainda fazia
inglês e natação.
Quando ela colocou os per-
tences no bolso, falou-lhe ainda
que se gritasse ganharia um cor-
te na garganta. Então, abaixou
o caco de vidro com que o ame-
açava e saiu em disparada para
o lado oposto de onde viera.
Ele ficou parado, soluçando
em estado de choque. Estava
apenas passeando inocente-
mente pela praia. Nunca antes,
alguém no mundo sofrera tama-
nha injustiça.
Charge
P.P 02 Novembro.2008
O cidadão pode até não
saber, mas o orçamento de R$
17,5 previsto para a Câmara
de Vereadores de Joinville em
2008 sai diretamente do seu
bolso. Com isso, a cada ano
o joinvilense desembolsa R$
35,93 para manter o Legislativo.
Mesmo com essa despesa são
poucos que comparecem às
sessões e cobram o trabalho de
quem se elegeu vereador graças
ao seu voto.
O cálculo é feito com base nos
dados do Projeto Excelências,
d a O N G “ Tr a n s p a r ê n c i a
Brasil”. O site www.excelências.
org.br disponibiliza o valor
gasto com as Câmaras nas
capitais dos Estados e divide o
valor total com o número de
habitantes. Com isso, chega
ao valor aproximado que cada
contribuinte repassa através
do pagamento de impostos
municipais.
A p e s a r d e s e r q u a s e a
m e t a d e d o d e s e m b o l s a d o
em Florianópolis, onde cada
cidadão desembolsa R$ 72,57
todo ano, o orçamento da
Câmara de Joinville cresce
anualmente e quase triplicou
na última década. Em 1998, a
despesa foi de R$ 6,5 milhões
para um Legislativo formado
por 21 vereadores com salário
mensal de R$ 4,5 mil, sendo
que cada um tinha direito a
dois assessores, que recebiam
R$ 1,5 mil mensais, além de R$
62,30 de abono.
O o r ç a m e n t o d e s t e a n o
inclui os salários de R$ 6,4 mil
por vereador e R$ 15,6 mil
mensais de verba por gabinete
para contratação de até 13
assessores, além dos carros da
Câmara e a gerência do prédio,
que vai desde a vigilância até
a manutenção das atividades
tecnológicas e a compra de
móveis e insumos.
Apesar desse custo, nem
sempre os eleitores se lembram
de quem trabalha para eles.
Segundo pesquisa do Instituto
Mapa, divulgadas pelo jornal “A
Notícia” em 8 de setembro, 43%
dos eleitores de Florianópolis
não lembram em quem votaram
para o cargo de vereador nas
eleições municipais de 2004;
5% votaram em branco ou
nulo e 17% não escolheram
um vereador. Em Joinville, a
fatia é ainda maior: 51,2%
já nem lembram qual o voto
para vereador em 2004, 6,3%
votaram em branco ou nulo e
13,4% nem votaram.
Assim como o eleitor que não
sabe mais em quem votou há
quatro anos para acompanhar o
trabalho feito na Câmara, boa
parte da população não elegeu
diretamente um representante
para uma das cadeiras que
serão ocupadas a partir do
ano que vem. De acordo com a
coluna “Portal AN”, publicada
e m “A N o t í c i a” n o ú l t i m o
12 de outubro, somando os
votos dos vereadores eleitos
este ano em Joinville, chega-
se ao total de 83,6 mil. Com
os votos confirmados para as
legendas, são mais 23,8 mil
eleitores. Se levarmos em conta
que pouco mais de 60 mil
cidadãos votaram em branco,
anularam ou nem passaram
perto da urna, então 38% dos
eleitores joinvilenses não elegeu
diretamente um vereador.
Mudanças que vêm
com a eleição
Com o resultado do último
dia 5 de outubro, o número de
representantes por bancada vai
sofrer alterações no próximo
m a n d a t o d a C â m a r a d e
Joinville. O PT, que tem apenas
dois vereadores, terá quatro
a partir de janeiro do ano que
vem. Assim, ficará empatado
com o PSDB, que perdeu duas
das atuais seis cadeiras. O
PMDB caiu de quatro para
três eleitos, igualando-se ao
Democratas, que tem três
e elegeu três – entre eles,
o vereador mais votado da
história de Joinville, Patrício
Destro, com 8.540 votos. O
PPS passou de um para dois
parlamentares, enquanto o PP e
o PSL continuarão com apenas
um eleito cada. Já o PDT, que
não tinha nenhuma vaga, terá
um representante no próximo
mandato.
Dos 18 eleitos em 2004,
17 ainda estão na Câmara
de Joinville. A única exceção
é Darci de Matos (DEM), que
foi eleito deputado estadual
em 2006 e passou o cargo da
vereança para Nilton Eduardo
Santos (DEM). Apenas Fábio
Dalonso (PSDB) e João Luiz
Sdrigotti (PMDB) não foram
candidatos à reeleição em
2008. Para o ano que vem,
há dez reeleitos. A renovação
e s t a r á p r e s e n t e e m n o v e
cadeiras – sete estreantes e dois
que já exerceram mandato em
outra legislatura. Doze eleitos
não são naturais de Joinville –
dez são de outros municípios de
Santa Catarina e dois vieram
de outros estados. Apenas sete
nasceram em Joinville.
Alto custo para pouca cobrança
Foto: Rayana Borba
Joinvilense paga R$ 35,00 por ano para manter Câmara de Vereadores
Rosimeri Back
Somando brancos, nulos
e abstenções, 38% dos
joinvilenses não elegeram
diretamente nenhum vereador
Novembro.2008 03 P.P
Orçamento
Alexandre Perger
Nas eleições municipais de
2008, em Joinville, 25 mil eleitores
optaram por votar em um partido
e não em um candidato. O Partido
dos Trabalhadores foi a legenda
mais votada, com 8,7 mil votos. Em
segundo ficou o DEM com 4,4 mil
votos. Depois vem o PP, com 4,1
mil, o PMDB, com 3,1 mil, o PDT,
com 1,4 mil, e o PSDB com 1,1 mil.
As outras siglas não atingiram mil
votos.
A falta ou a presença de um
candidato majoritário na campanha
pode ser decisiva na conquista dos
votos de legenda. Em 2004, o PSDB
lançou candidato próprio, o atual
prefeito Marco Antônio Tebaldi, e
fez 6,4 mil votos. Em segundo ficou
o PT com 5,2 mil, que também
tinha candidato. O terceiro foi o PP
com 2,6 mil. O PMDB, que estava
coligado com os tucanos, fez 1,08
mil. O DEM teve apenas 355 votos.
O PDT obteve um crescimento
expressivo. O partido obteve cerca
de mil votos a mais em relação a
2004.
Os votos de legenda possuem
significado diferente para os
partidos. No PT, segundo o cientista
político e candidato a vereador
pelo partido Belini Meurer, os 8,7
mil votos na legenda significam que
a organização está forte, com cada
vez mais simpatizantes e acima de
qualquer tipo de personalismo. Para
ele, quem vota em uma legenda,
vota nas idéias, nas propostas. “É
um voto de pessoas politizadas”,
diz. O cientista político se orgulha
da militância do partido. “Não
acredito que esses votos estejam
ligados ao Carlito”, conclui Belini.
No PDT, quarta sigla bem
votada, o discurso é outro. O
presidente pedetista, Marco
Antônio dos Santos Bittencourt,
considera rachado o partido que
recebe muitos votos de legenda.
“As pessoas que votaram no PDT
tinham em quem votar, por isso
não votaram na legenda”, avalia.
Ele destaca o crescimento que o
partido teve nesses quatro anos e
reconhece a importância de um
candidato a prefeito - no caso, o
vice-prefeito Rodrigo Bornholdt.
Mesmo sem saber se vai ficar por
muito tempo como presidente, ele
confia em um fortalecimento de seu
partido nos próximos anos.
O presidente do PP, Coronel
Lourival, ressalta a tradição de seu
partido e confia que isso ajudou
a arrecadar os mais de quatro
mil votos de legenda. “Nós somos
um partido de raiz, de história e
tem pessoas que preferem honrar
isso”, orgulha-se. Ele diz que as
cinco mudanças na nomenclatura
do partido atrapalharam e
por isso eles foram obrigados
a fortalecer o número 11. O
pepista ainda reclama da falta de
representatividade do PP e comenta
que a “salvação” foi se aliar à base
do presidente.
O PMDB também aposta na
tradição. O secretário-adjunto do
partido, Clailton Breis, diz que a
legenda possui um contingente que
sempre vota 15. “PMDB é uma grife,
uma marca”, destaca o assessor.
Para ele, o fato de Joinville já ter
sido algumas vezes administrada
por governos peemedebistas
ajuda a fortalecer o partido e
conseqüentemente a atrair votos.
Apesar disso, Clailton acredita que
a presença do deputado Mauro
Mariani puxou uma parte dos mais
de três mil votos de legenda do
PMDB.
“Eu votei na legenda”, confessa
o atual prefeito e presidente do
PSDB de Joinville, Marco Antônio
Tebaldi. Ele diz que tomou essa
decisão porque tinha muitos
amigos candidatos e, por isso,
preferiu ajudar a todos. Para o
prefeito, o voto de legenda é uma
“oportunidade que o eleitor tem de
votar na ideologia dos partidos”.
Ele alega que a sigla tucana não
atingiu muitos votos nessa eleição
por não possuir candidato próprio.
Mesmo assim, Tebaldi percebe um
amadurecimento do partido nos
últimos quatro anos.
Eleitor opta por legenda
Vagas na indústria são
as mais procuradas
Daniela de Tofol
Estar inserido no mercado de
trabalho é um desafio. Além da
inexperiência dos que procuram
o primeiro emprego, a falta de
formação escolar, o tempo de
inatividade junto ao mercado
e a idade do candidato podem
atrapalhar na procura por uma
vaga. Em Joinville, a maior
parte das vagas oferecidas
pelas agências de recursos
humanos se concentram no setor
industrial, mas nem sempre
são preenchidas por falta de
qualificação profissional. Quem
não possui o segundo grau
completo, por exemplo, perde
oportunidades de emprego em
cargos simples. E a maioria
das funções em destaque no
mercado exigem no mínimo esse
nível de escolaridade.
Vanessa Tereza Francisco, 24
anos, trabalha com seleção de
profissionais em uma agência
de RH. Ela conta que apesar
da grande oferta de mão-de-
obra, é no setor industrial que
estão as maiores dificuldades
para encontrar funcionários
qualificados. A recrutadora
explica que há vários cursos
para formar pessoas aptas
a o s c a r g o s , m a s , m u i t a s
vezes, o perfil profissional e o
conhecimento esperado pela
empresa não é encontrado nos
recém-formados. “A empresa
procura um profissional com
experiência e ele custa mais
caro do que o preço oferecido
pelo contratante” revela.
A l g u n s c u r r í c u l o s
impressionam pelo número de
empregos descritos no item
“Experiências Profissionais”. Nas
agências existem desempregados
que já são conhecidos dos
recrutadores, os chamados
“funcionários pipocas”. “São
aqueles que trabalham cerca de
três meses em cada empresa”,
conta Vanessa. Entretanto, após
um longo período de trocas de
emprego, a conquista de uma
vaga se torna cada vez mais
difícil.
A e s t u d a n t e A n g é l i c a
Andrich, 16 anos, está em
busca do primeiro emprego.
Por não ter nenhum curso
profissionalizante, a jovem
optou por vagas que não exijam
experiência ou conhecimento
prévio sobre a função, como
no setor de produção e de
embalagem. Ela não procurou
cargos administrativos porque
acredita que para trabalhar
em escritório é preciso ter
mais conhecimentos. Embora
domine o computador para
fazer trabalhos escolares,
Angélica quer fazer um curso
de informática e acredita que é
importante conhecer alguém que
possa indicá-la para trabalhar.
A busca pelo emprego já dura
seis meses. Ela já deixou seu
currículo em várias agências da
cidade, mas até agora não foi
chamada para entrevistas.
Foto:RayanaBorba
A procura e a oferta nas agências de Recursos Humanos é, na maior parte, para o setor industrial
Arte:PedroLeal
Novembro.2008P.P 04
Política e Emprego
Alexandre Perger
O terminal central de Joinville
está operando no seu limite. Pro-
jetado para receber 14 linhas, hoje
ele atende 37. Isso gera uma movi-
mentação de 100 mil pessoas por
dia e, nos horários de pico, cerca de
200 por minuto. Esses 60 segundos
também são suficientes para que
18 usuários cruzem as catracas da
estação, que integra nove termi-
nais espalhados pela cidade.
A afirmação de que o terminal
está pequeno para a demanda
de linhas vem do gerente de mo-
bilidade do Instituto de Pesquisa
e Planejamento para o Desenvol-
vimento Sustentável de Joinville
(IPPUJ), o arquiteto Vladimir Tava-
res Constante. Ele revela que exis-
te um pedido para implantar mais
linhas, embora admita que se isso
for feito o terminal entra em colap-
so. Mesmo assim, não existe proje-
to de ampliação - o que está sendo
feito é um planejamento em cima
do que já existe.
Na década de 80 houve a inten-
ção de eliminar o terminal central,
porém o plano foi abandonado
depois de uma pesquisa de desti-
no constatar que a grande maioria
dos usuários descia no local. Em
2000 foi elaborada outra pesquisa
e 50% dos entrevistados responde-
ram que o destino era o centro. O
próximo levantamento está marca-
do para 2010 e o projeto de retirar
o terminal do centro dependerá da
quantidade de pessoas que o uti-
lizam.
O arquiteto Sérgio Gollnick,
que participou da implantação do
atual sistema, se opõe a idéia de
que o terminal não pode ser re-
tirado por ser o principal destino
dos joinvilenses. Para ele, isso só
ocorre porque as pessoas não têm
outra opção. “Todos são obrigados
a passar por lá”, resume. Gollnick
afirma que esse problema ocorreu
por falta de planejamento e que o
terminal como ponto de integra-
ção perdeu seu sentido, já que um
sistema de integração pode fun-
cionar com linhas indo de bairro
para bairro, dessa forma não pre-
cisariam, necessariamente, passar
pela estação central.
O arquiteto defende a retirada
do terminal porque no seu atual
estado de funcionamento ele não
qualifica o centro da cidade. A al-
ternativa seria a criação de pontos
nas bordas da região central. As-
sim, as pessoas se deslocariam até
esses locais e pegariam um ônibus
que as levaria até os terminais dos
bairros.
O engenheiro civil Rogério No-
vaes foi candidato à Prefeitura de
Joinville. Sua principal proposta
era um novo sistema viário joinvi-
lense que resolveria o problema do
transporte coletivo. A proposta de
Rogério era criação de um anel vi-
ário, com cerca de 40 km de exten-
são, que ligaria toda a cidade. Isso
diminuiria a circulação de veículos
no centro, tornando o terminal cen-
tral obsoleto. “Não é viável tirar o
terminal sem remodelar o sistema
viário”, afirma o engenheiro. De
acordo com Rogério seriam cons-
truídos vários pontos funcionais
por todo o anel e nesses abrigos as
pessoas pegariam um ônibus que
passaria por toda a cidade, elimi-
nando a estação central.
Os usuários
Alguns usuários se dividem en-
tre reclamações e satisfação com o
atual terminal central. Um exem-
plo disso é a auxiliar de cobrança
Ana Cláudia Malaquias, 21 anos,
que se diz satisfeita com quase
tudo, exceto pelos ônibus lotados
mesmo fora dos horários de pico.
Ana Cláudia acha que deveriam
haver mais linhas e também mos-
tra descontentamento com o preço
da passagem.
O estagiário André Reichert, 19
anos, entende que o pior problema
é o espaço. “É muita gente para
um espaço pequeno”, reclama. Ele
acredita que a ampliação do termi-
nal seria uma boa solução.
Para a estudante Renata Prisci-
la Hahn, 19 anos, os períodos de
maior desconforto são nos horários
de pico, quando o terminal está
mais cheio. “Às 7 horas da manhã
e as 19 horas é impossível andar
no terminal”. Segundo ela, o pro-
blema mais grave é com o atraso
dos ônibus.
Com 37 linhas de ônibus, movimento diário na estação supera 100 mil pessoas
Terminal Central
no limite
Movimento intenso durante os horários de picos dificulta saída e entrada de usuários nos coletivos
foto:RayanaBorba
foto: Rayana Borba
Trânsito
Novembro.2008 05 P.P
Ana Carolina Luz
Camila Prochnow
Do lado direito, um enorme mar-
reco serve de chamariz para o restau-
rante ao fundo. À esquerda, um hotel
de arquitetura germânica. Entre eles,
uma estrutura de cerca de três me-
tros de altura, esculpida em madeira,
na qual lê-se “Turismo Rural - Estrada
Bonita”. Atravessando o pórtico, o tu-
rista se depara com casas de jardins
bem cuidados, grandes pastos, plan-
tações e, mais ao fundo, um riacho.
Localizada no Km 20 da BR 101,
a Estrada Bonita é formada por pro-
priedades coloniais cercadas do ver-
de das montanhas. Refúgio não só
para joinvilenses, mas principalmen-
te para turistas vindos de Curitiba e
São Paulo, o local destaca-se pelas
belezas naturais aliadas à gastrono-
mia típica e a receptividade dos mo-
radores.
Entre as principais atrações, o
Museu Rural, o passeio de trator, as
trilhas pela mata e o Recanto Tia
Martha, locais que revelam persona-
lidades cheias de histórias pra contar,
como a de Ango Kersten e Tânia Ro-
sana Bilau, que revelam tradições de
quem nunca saiu dali.
Moradores completam
a graça da Estrada Bonita
foto: Eva Crollfoto: Eva Croll
foto: Eva Croll
História de Vida
P.P 06 Novembro.2008
Os olhos grandes e azuis soma-
dos à pele branca e ao sotaque ale-
mão logo evidenciam a origem de
Ango Kersten. Casado e pai de duas
filhas, sempre morou na mesma re-
sidência, na Estrada Bonita. Aos 61
anos, é agricultor, pecuarista e está
à frente de um pequeno comércio
de produtos coloniais. Além disso,
acaba tornando-se guia turístico
diariamente, já que cerca de 120
pessoas, na maioria crianças, visi-
tam o local todos os dias para co-
nhecer o Museu Rural, criado por
Ango.
Andando pelo caminho de pe-
dras que corta o jardim florido, che-
ga-se a uma venda. Lá, lingüiças,
musses, geléias, melados, conser-
vas e biscoitos dividem espaço com
peças antigas, como máquinas de
escrever, chaleiras de ferro e má-
quinas de costura já enferrujadas.
Logo ao lado, um rancho de chão
batido abriga o museu, onde Ango
preserva antigas peças agrícolas,
como moedor de milho, machado,
plantadeira manual e desnatadeira
de leite, datados de 1895 a 1903.
“Por meio desses objetos consigo
passar um pouco de história para
as pessoas”, satisfaz-se. No centro
do galpão, um trator adaptado com
uma carreta e banquinhos. “Com
ele levo as pessoas para conhecer
a propriedade”, revela, apontando
para galinhas, gansos e bovinos
que cria. Além disso, Ango também
cultiva uma plantação de cana-de-
açúcar para a produção do mela-
do.
Entristecido, lembra o que o mo-
tivou a criar o espaço: há dez anos,
em visita a Joinville, um turista ale-
mão se dirigiu a ele dizendo que os
brasileiros não preservam sua histó-
ria. “Olhei a minha volta e percebi
que era verdade”, recorda. Assim,
por meio de doações de amigos e
resgate de objetos familiares anti-
gos, Ango iniciou o acervo que hoje
conta com mais de 600 peças. O
agricultor percebeu a importância
do que estava fazendo quando um
visitante pediu-lhe uma explicação
sobre um animal do sítio. “Minha
maior frustração foi ter que explicar
para um homem de 36 anos o que
era uma galinha”, desabafa.
Como parte do roteiro, está in-
cluída uma parada na funcional cai-
xa de tratamento de água para con-
sumo doméstico. O sistema é feito a
base de raízes de junco, que filtram
os coliformes fecais presentes na
água. Relutante para aplicá-lo na
propriedade, hoje, mostra-se satis-
feito: “a eficácia é de 98% e rende
1.500 litros por dia”.	
Domingo, 15h30. Ainda com a
touca de cozinheira, Tânia Rosana
Bilau deixa a cozinha do Restauran-
te Tia Martha e senta-se à uma das
mesas do local. Simpática, cumpri-
menta muitos clientes que chegam
para o almoço apesar do adiantado
da hora. Com um grande sorriso no
rosto, a mulher de 36 anos começa
a contar a história de sua família.
Há 30 anos os pais de Tânia fun-
daram o restaurante que recebeu o
nome da avó materna. “E a idéia foi
do próprio genro”, diverte-se, lem-
brando da relação carinhosa que
seu pai tinha com a sogra. Hoje em
dia, o negócio não pertence mais à
família Bilau, que o vendeu há três
meses para os irmãos paranaenses
Cláudio e Silvério Roza. No entanto,
ela não quis distanciar-se da função.
“Minha grande paixão é a cozinha”,
deleita-se, dando água na boca ao
discorrer sobre os pratos mais pedi-
dos pelos turistas que visitam o esta-
belecimento. De acordo com Tânia,
o marreco recheado, o repolho roxo
e o purê de maçã não podem faltar.
Moradora da Estrada Bonita des-
de que nasceu, Tânia nem cogita a
hipótese de mudar-se para a cida-
de. “Aqui é tudo muito tranqüilo, até
os roubos de galinhas são raros”,
orgulha-se. E é essa calmaria que
tem atraído cada vez mais pessoas
para o lugar. Percebendo isso, há
três anos Tânia abriu, com o ma-
rido, uma pousada em frente ao
restaurante. Cinco casas para sete
pessoas foram construídas e mobi-
liadas. “Até o fim do ano, queremos
que todas tenham televisão”, conta,
contrariada, uma vez que mesmo
em busca de ar puro e sossego há
certos caprichos dos quais os turistas
não abrem mão.
Mas não só de encher de delícias
os cerca de 1.500 clientes mensais
do restaurante é que Tânia se ocu-
pa. Vice presidente da Associação
de Moradores da Estrada Bonita,
ela luta, atualmente, junto com ou-
tras 152 famílias, pela resolução
do problema do asfalto que assola
a região, já que apenas metade da
estrada recebeu pavimentação. “O
pedaço asfaltado pertence ao muni-
cípio de Joinville, e o restante, à Ga-
ruva”, explica. Tal fato gera muitos
inconvenientes para os moradores
da localidade: o domicílio eleitoral
é Joinville, no entanto, contas de
água e luz os tornam contribuintes
da cidade vizinha.
Restaurante mantém tradição
Dedicação à história
"Percebo que hoje em dia os jovens não se interessam mais por suas origens", lamenta Ango Kersten
O gosto pela culinária fez Tânia permanecer como cozinheira mesmo após venda do negócio familiar
foto: Eva Croll
foto:EvaCroll
História de Vida
07 P.PNovembro.2008
Brincadeiras ficaram no passado
Lindanir Tomelin
Tatiane Martins
Num passado que o modo de
vida contemporâneo faz parecer
muito distante, a molecada enchia
as calçadas de caçapas para jogar
bola de gude. A pelada era dispu-
tada de pés no chão no meio da
rua, às vezes até tarde da noite.
As meninas, de vestidinho rodado,
dançavam cantigas de roda. Lem-
branças como essas certamente
recheiam a memória dos que têm
mais de 30 anos.
Na infância, era o pião, a pipa,
o estilingue, a peteca e a amareli-
nha que faziam a diversão. A vida
era mais rural, mesmo nas cidades,
e seguia o curso lento do tempo. O
anjo da guarda era quem protegia
as crianças do medo das trovoadas
e de almas penadas.Os pais partici-
pavam ativamente das experiências
lúdicas dos filhos. Confeccionavam
carrinhos de madeira e bonecas de
pano. As cidades não eram violen-
tas e os espaços para brincadeiras
estavam disponíveis nas ruas, nos
quintais e nas praças.
Malvina Maria Francisco, uma
jovem senhora de 90 anos, de ca-
belos brancos e passos já não tão
firmes, conta que, durante toda a
infância, ganhou apenas três bo-
necas, todas feitas pela mãe. Mas
nem por isso essa fase da vida per-
deu sua beleza natural.
Dona de uma memória inve-
jável, ela fala com saudade dos
tempos de menina. “Lembro que
uma vez estava brincando com as
minhas irmãs e a gente fez de con-
ta que a boneca tinha morrido e
a enterramos, só que no outro dia
não conseguimos lembrar onde e
perdemos a boneca. A minha mãe
ficou uma fera”.
Malvina é mãe de cinco filhos,
tem 13 netos, 12 bisnetos e dois ta-
taranetos, e na lucidez de seus 90
anos lamenta que certa tradições
não tenham permanecido. Ela, que
acompanhou quatro gerações na
família, percebe que a modernida-
de tirou o atrativo das brincadeiras
antigas.
Para a psicóloga Eliani Veiga
Schultz, 32 anos, o número menor
dos espaços de convívio é um dos
responsáveis pela mudança do es-
tilo de vida das crianças, mas não o
único. De fato, os jardins das casas
já não têm mais as árvores frondo-
sas que a meninada de antigamen-
te gostava de escalar. Ao contrário,
os jardins dos prédios de hoje têm
plaquinhas alertando que é “proi-
bido pisar na grama”.
As próprias escolas tornaram-
se lugares onde tudo é de cimen-
to e estático, e não se pode correr.
“As crianças, engessadas por esses
ambientes precisam se movimen-
tar, fugir do isolamento. O desen-
volvimento psicológico deve ser
bem fortalecido na infância, para
garantir um adulto feliz”, ressalta
Eliani.
Com as exigências do mercado
de trabalho, os pais têm se preocu-
pado mais em preparar seus peque-
ninos para o futuro do que fazê-los
viver integralmente a primeira fase
da vida. Juliene Amanda Salvador,
7 anos, faz parte desse novo grupo
de pequenos adultos, com rotina e
horários estabelecidos. Durante a
semana, além de cursar a primei-
ra série, ela faz aulas de ginástica
olímpica, balé e natação.
Com o dia-a-dia preenchido
por atividades, quando lhe sobra
tempo, a menina, que tem o quar-
to cheio de bonecas e brinquedos,
prefere assistir a um dos DVDs de
desenhos que possui. Às bonecas,
cabe apenas a função de decorar
o ambiente. “Eu gosto de brincar,
mas prefiro assistir desenhos”.
Além dos desenhos, os jogos
eletrônicos também estão entre as
brincadeiras preferidas de hoje. No
entanto, como acredita a pedago-
ga Cheila Pelin, 25 anos, quando
reunidas, as crianças ainda bus-
cam brincadeiras coletivas. “Per-
cebo que, pelo menos na escola,
a garotada ainda brinca de pular
corda e amarelinha, como seus
pais faziam”.
Segundo o sociólogo Marco Au-
rélio da Silva, 48 anos, os seres
humanos são movidos pela curio-
sidade. Em grande medida, são
fascinados por máquinas e isso
contribui para o desenvolvimen-
to de brincadeiras repetitivas. “A
modernidade atrai a atenção das
crianças, que se tornam cada vez
mais mecanizadas. Cabe aos pais
e a sociedade um resgate das tra-
dições e da importância do que é
natural”, avalia.
Jogos eletrônicos e DVD substituem antigos carrinhos de madeira e bonecas de pano
Mariana, Amanda e Natália brincam de roda no intervalo da aula: a rotina e os horários estabelecidos dificultam o contato entre as crianças, que , hoje, interagem mais na escola do que no tempo livre
Educação
Novembro.2008P.P 08
Foto: Rayana Borba
Um esporte sem glamour, sem
muita rivalidade entre os clubes
e sem brigas. Assim é o tiro seta,
disputado em quatro cidades de
Santa Catarina: São Bento do
Sul, Jaraguá do Sul, Joinville e
Blumenau. O nome
do esporte faz refe-
rência ao formato
da bala que é dispa-
rada da espingarda.
Projéteis em forma
de seta, uma espin-
garda, um alvo mó-
vel e, é claro, o ati-
rador, compõem o
esporte. Em Joinville,
17 sociedades dis-
putam anualmente o
campeonato citadi-
no. As disputas internas são or-
ganizadas pelos próprios clubes.
As agremiações que ainda
existem em Joinville são: Esme-
ralda, Ypiranga, Tupy, Alvora-
da, Diana, Dohler, Confio, Pirai,
Dona Francisca, Rio da Prata,
Mildau, Lírica, Estrela, Cruzei-
ro, Nilson, Operário e Embraco.
Todas possuem sede própria e
treinam semanalmente. Um dos
clubes mais antigos de Joinvil-
le, o Esmeralda, teve o nome
dado por um antigo atirador que
inspirou-se na beleza da pedra
preciosa.
Fundada em 1947, a Socie-
dade Esmeralda já teve vários
endereços. Desde 1952 tem sua
sede no bairro Glória, prédio
que atualmente passa por re-
formas. Um dos atiradores fun-
dadores do esporte na cidade,
praticamente uma lenda viva, é
Rodolfo Simão, de 81 anos. Com
muito orgulho fala de tudo que
fez pelo esporte até hoje: “Acho
que sou o único da minha época
que estou vivo, fui duas vezes rei
do tiro, uma vez príncipe, qua-
tro vezes presidente do
Esmeralda”, conta o
veterano.
Em 1952, quando
Simão começou a ati-
rar, o tiro seta era bem
diferente. O esforço
para se conseguir o
material era imenso,
pois a madeira que
compõe o alvo era di-
fícil de conseguir. Só
existiam duas pistas
(retas) de tiros e logo
que se disparava, o
próprio atirador tinha que buscar
o seu chumbinho. No Esmeral-
da, atualmente são cinco pistas
e o alvo retorna com um simples
apertar de botão do atirador.
“Hoje é muito mais fácil de
atirar”, revela Simão.
Todos que chegam ao
clube alviverde cumprimen-
tam seu Simão, com muito
respeito pela sua história.
Porém, o atirador mais ex-
periente da cidade reve-
la uma certa decepção com o
tiro. “Algumas pessoas não da-
vam valor pelo que a gente fa-
zia, eu cuidava de tudo, mas
não tinha reconhecimento. Che-
guei a desistir algumas vezes,
mas como ninguém se mexia e
pediam a minha volta, eu volta-
va”.
O Esmeralda conta hoje com
45 atiradores e 20 atiradoras. A
maioria está na faixa etária aci-
ma dos 40 anos. O mais jovem
membro do clube é uma menina
de 14 anos. O atirador Nivaldo
Rupp, 53 anos, participa do tiro
desde 1975 e já coleciona cerca
de 70 troféus e inúmeras meda-
lhas. Quem comparece à casa
do marceneiro vê em sua sala
uma história dedicada ao tiro
seta. “Sempre gostei de atirar,
e faço isso por lazer, até porque
não temos retorno financeiro”,
conta Rupp.
Para aqueles que se interessam
pelo esporte, é só procurar algum
clube da cidade, que certamente
será bem vindo. Os custos são
pequenos. Considerada simbó-
lica, como uma simples aju-
da de custo, a mensalidade
no Clube Esmeralda chega
a R$25. O material é ce-
dido pelos organizadores.
O esporte não traz prê-
mios em dinheiro,
a n ã o
ser em ocasiões específicas.
Muitos integrantes preocu-
pam-se com o futuro do esporte
e pedem por uma renovação no
hall de atiradores. O interesse
dos jovens pelo tiro está muito
baixo nos últimos anos. Para os
organizadores, são necessários
divulgação e incentivos. “Nós
estamos precisando de uma re-
novação, se tivermos mais a par-
ticipação dos jovens, o tiro conti-
nuará vivo. Caso contrário, será
cada vez mais esquecido”,
conclui Rupp.
Guilherme Cardoso
A tradição do tiro em Joinville
O esporte existe na cidade há décadas, mas ainda é pouco conhecido pelo público jovem
Foto: Carolina Wanzuita
Foto: Carolina Wanzuita
Equipe do Esmeralda treina
para participar de campeonato
Novembro.2008 09 P.P
Comportamento
Quem se
interessar pelo
esporte deve
procurar um clube
para começar a
praticar
Novembro.2008P.P 10
Comportamento
O arco-íris brilha mais forte
Charles França
Se a abertura da boate Up,
no último dia 24, causou al-
voroço entre homossexuais, o
rebuliço é justificável. Joinville
tem apenas outra casa notur-
na notoriamente gay, a Ivyx. 	
Mesmo assim, não se pode di-
zer que as duas sejam concor-
rentes: o preço do ingresso já
basta para abrir um abismo
entre elas.
Na veterana, a entrada é
gratuita às sextas-feiras até
meia-noite. Aos do-
mingos, das 20 às 21
horas. O preço máxi-
mo do ingresso é de
R$ 10 a partir da vi-
rada de sábado para
domingo. Na Up, cus-
ta R$ 25, se compra-
do antecipadamente,
e R$ 30 na hora. Se-
gundo a proprietária
da Impacta, Cláu-
dia Crestani, agência
responsável pela pu-
blicidade da boate, a entrada
é mais cara porque tem o que
oferecer. Além da obrigató-
ria pista de dança, há o “loun-
ge” (sala com sofás e projeto-
res para quem quer descansar)
e ainda um bar que vende até
água-de-coco. “Queremos um
lugar moderno, sofisticadíssimo,
glamuroso. A Up é uma balada,
não uma casa de shows”, insis-
te. Portanto, nada de drag-que-
ens fazendo paródias de divas
do pop internacional ou go-go
boys e go-go girls se insinuan-
do em palcos.
Gente disposta a pagar o co-
brado, existe, acredita a publi-
citária. “O público vai
gastar dinheiro em
Balneário Camboriú,
Curitiba e Florianó-
polis. Por que não fa-
zer uma balada legal
a q u i ? ” , q u e s t i o n a .
Para segurar os endi-
nheirados em Joinville,
Cláudia tem a fórmu-
la: “Música eletrônica
fina, coisa chique. Es-
trutura, som, cardá-
pio e gente bonita”. A
publicitária ainda afirma que a
boate não fará distinções entre
os freqüentadores, desde que
não haja “bunda de fora”.
Entretanto, quem usou boné
ou chapéu na noite de inau-
guração foi barrado. Bermudas
também não foram permitidas.
O estudante P.A., que prefere
não ser identificado, conta que
três garotos não puderam entrar
porque vestiam bermudas. “O
lugar é perfeito. Tem gente bo-
nita, música boa, organização e
bons banheiros”, deslumbra-se.
Lá, encontrou Patrício Destro, o
vereador mais votado da histó-
ria de Joinville.
Quando uma estrela
começa a apagar
É injusto dizer que a Ivyx não
tenha uma pista de dança, um
“lounge” (ao ar-livre e sem te-
lões, é bom frisar) e um bar.
Mas a palavra “rústica”, que
Cláudia Crestani utiliza para
descrever a boate, adequa-se
perfeitamente à impressão cau-
sada em quem lá entra.
O clube existe há quatro
anos e, desde então, pouco
mudou. O guarda-volumes era
num lugar e hoje é noutro. A
cabine do DJ também. Alguma
tinta já foi lançada sobre as
paredes e o piso refeito, mas
nada que modificasse a estru-
tura da casa. A pouca ventila-
ção incomoda bastante: não há
aparelhos de ar-condicionado,
apenas ventiladores girató-
rios em alguns cantos. Um dos
maiores desagrados, contudo,
são os banheiros, “imundos” na
opinião de P.A..
“No começo, era divertido. As
pessoas são mais animadas do
que as que freqüentam outras
casas”, lembra a estudante de
jornalismo Francine Hellmann.
Com o tempo, a percepção mu-
dou. “O lugar é feio. Talvez por
conta do ingresso barato não se
invista tanto na estrutura”. Hoje,
ela raramente visita a boate.
Joinville tinha apenas um bar
LGBT, o Eccentric, fechado no
dia 16 de agosto. O estabele-
cimento funcionou por mais de
um ano. “O bar fechou por cau-
sa da preocupação dos clientes
com as blitz policiais. O movi-
mento nunca reduziu, mas nin-
guém sobrevive de Coca-Cola”,
justifica Carla Kemper, uma das
proprietárias.
Nova casa LGBT busca público de maior poder aquisitivo
Na nova boate
não há drag-
queens fazendo
paródias de
divas do pop
internacional
Histórias de um lobo do mar
Nascido no dia 2 de março de
1955, no município de Balneário
Barra do Sul, Antonio Carlos da
Silva é o oitavo filho de uma série
de nove irmãos. Calinho — apeli-
do dado pelos amigos de infân-
cia — é oriundo dos tempos em
que a conservação do pescado
era feita apenas com sal e que a
farinha de trigo torrada substituía
o pó de café.
As rugas desenhadas no rosto,
causadas pelo sol, e as mãos ca-
lejadas pelo ato de puxar as re-
des são traços evidentes. A barba
grande e prateada camufla par-
te da pele ressecada. O cabelo
emaranhado é resultado da umi-
dade salobra do mar e dos ventos
cortantes suportados na rotina.
A fala gaguejada e empolgante
é uma característica marcante.
Seus olhos brilham a cada histó-
ria relembrada.
Há 50 anos, Balneário Barra
do Sul era somente uma vila de
pescadores pertencente ao muni-
cípio de Parati (hoje chamado de
Araquari). Segundo relatos dos
mais antigos, lá existiam poucas
casas e moradores. A falta de
energia elétrica e água encana-
da, por exemplo, acarretava num
dificultoso e extenso trabalho fa-
miliar. O pescado desembarcado
era limpo e salgado para que
pudesse ser conservado. As
noites se tornavam curtas e in-
tensas, iluminadas por velas,
lamparinas e lampiões abas-
tecidos com querosene.
Aos oito anos, Carlos começou
a pescar com o pai e em pouco
tempo adquiriu autonomia para
lancear redes. Numa época em
que as canoas eram movidas a
remo, o desafio de sair para o
mar e voltar à terra era muito ar-
riscado. Mesmo assim, poucos ex-
perimentavam outras atividades.
Apesar da cidade de Joinville es-
tar próxima – e na época oferecer
várias oportunidades de emprego
– a liberdade e o convívio familiar
pesaram mais em
sua decisão em
permanecer
na pesca.
Os es-
tudos ti-
nham
pouca
impor-
tância
naquele
tempo.
Quem
pescava,
n ã o e s -
tudava. A
“ l i d a” d o
dia-a-dia
não
permitia esse luxo. Além disso, o
acesso a quem pretendesse estu-
dar era difícil, pois na região só
existia o ensino fundamental, que
era muito precário. A escola com
ensino médio mais próximo ficava
no centro de Araquari e as aulas
eram noturnas. Não havia trans-
porte escolar e a única estrada de
chão batido ficava inviável quan-
do chovia. O destino de quem vi-
via na vila era ser pescador.
No dia 2 de novembro de
1975, aos 19 anos, Carlos ama-
siou-se com a também pescadora
Maria Aparecida Tavares – que
trabalha há 32 anos venden-
do pescados numa banca do
centro –, com quem teve
quatro filhos: Michel, Ronal-
do, Vânia e Rosilda. Todos
inicialmente se focaram
na atividade do pai, aju-
dando a família a agre-
gar valor aos produtos
pesqueiros para aumen-
tar a renda. Hoje, só os
dois homens permane-
cem. Pouco tempo
depois do
casamento, Carlos adquiriu sua
primeira embarcação, com um
motor de popa de baixa potência.
Há seis anos, ele sofreu um
acidente com uma embarcação
de alumínio, quando retirava
mariscos de uma pedra próxima
à Ilha dos Remédios, em Bar-
ra do Sul. “Estava eu e meu fi-
lho Ronaldo, quando uma onda
muito forte jogou o barco em
cima das pedras. Caímos no mar
e a embarcação começou a se
distanciar da gente. Fomos na-
dando até ela, que já estava um
pouco longe da ilha. Quando
subimos, percebemos que os re-
mos tinham caído no mar e, com
a correnteza forte, não conse-
guimos trazê-la de volta. Fomos
obrigados a pular novamente na
água e voltar nadando”, descre-
ve o pescador.
Todos os dias que chega do
mar, ele descarrega o pescado
a poucos metros da embarca-
ção. No mesmo local, ao lado da
banca, remenda os apetrechos
de pesca. Ali, juntam-se muitos
curiosos atraídos pela cena in-
comum: um pescador entre um
bando de redes destroçadas, de
pernas cruzadas, dando apa-
rentemente uma noção de
que está capturado, como
um peixe.
Antonio Carlos da Silva, o Calinho, é pescador artesanal e ainda sobrevive do peixe retirado do mar, em Barra do Sul
Calinho conta histórias
das aventuras no mar e da
infância vivida na praia
Zé Eduardo Calcinoni
Foto: José Eduardo Calcinoni
Novembro.2008 11 P.P
Perfil
Recentemente, em uma conver-
sa com o deputado federal Carli-
to Merss, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fez a pergunta: “
Agora, vai Carlito?”. Há vinte anos
ele tentava ser prefeito de Joinvil-
le. A primeira candidatura foi em
1988, e de lá para cá ele sempre
figurou como candidato. A cadeira
na Câmara de Vereadores, con-
quistada em 1992, lhe rendeu o
título de primeiro vereador do PT
na cidade. Ele conseguiu ainda se
eleger deputado estadual na elei-
ção seguinte e deputado federal,
por dois mandatos – só na quinta
tentativa, enfim, chegou ao cargo
no Executivo municipal. As pessoas
que o rodeiam afirmam que desde
o início da campanha Carlito de-
monstrava estar com “gana” de
vencer o pleito.
Sua história na vida pública co-
meçou em 1983, quan-
do promovia reuniões do
PC do B em casa e in-
corporava com freqüên-
cia o papel de anfitrião.
Durante os debates, en-
frentava discordâncias
ideológicas com os líde-
res do partido. Enquanto
isso a esposa apresenta-
va as diretrizes da polí-
tica do Partido dos Tra-
balhadores, e foi assim
que Marinete Merss, já
filiada ao PT, colaborou para que
Carlito adotasse a bandeira do
partido.
Não só ele é figura da gestão
pública petista. Marinete, forma-
da em letras e psicologia, foi a
primeira candidata a vereadora do
PT, em Joinville, em 1986, quando
obteve 909 votos e não conseguiu
se eleger. Presidente do municipal
do PT durante dois mandatos con-
secutivos, ela é atual secretária da
Executiva Nacional do partido. Por
todo esse envolvimento, ela não
nega que se se irrita quando a re-
conhecem apenas como “a esposa
de Carlito Merss”.
A companheira sempre foi fi-
gura importante na vida do ago-
ra prefeito eleito. Mulher madura,
pele clara, com postura, mas sem
soberba. Sapatos de salto alto cla-
ros, óculos de grau usados como
faixa de cabelo não a faziam per-
der o semblante carismático com
o qual cumprimentava as pessoas
que entravam na sala. Os articu-
ladores da campanha eleitoral e
os freqüentadores comuns sempre
têm passe livre para entrar no re-
cinto, intervir na conversa e nego-
ciar com ela.
Marinete gosta de relembrar
seu primeiro encontro com Carlito,
que aconteceu antes do ingresso
de ambos na política. Apresenta-
dos por um grupo de amigos em
comum, eles se conheceram em
um baile de carnaval, no clube
Floresta, ao som da marcha “Es-
trela D'Alva”. Ela, com o segun-
do grau completo, ele bacharel
em economia. Quando a marcha
cessou e a música lenta subiu,
o moço fisgou um beijo da es-
tudante. Um ano depois, eles se
reencontraram em uma reunião
de marketing multinível, no Hotel
Colon. Ao completar um ano de
namoro, firmaram o compromisso
do noivado e três meses depois já
estavam casados. Desde então são
27 anos de convivência.
Marinete confessa que a vida
política “tira muita coisa do priva-
do e expõe no público”, deixando-
os limitados e com o tempo escas-
so. “Eu não posso contar com o
Carlito para trocar uma lâmpada
queimada, por exemplo”, confessa
com uma curta risada.
Ela diz que o fortalecimento da
relação matrimonial acontece à
medida que os obje-
tivos são renovados.
“A admiração po-
lítica recíproca nos
aproxima muito”.
Titubeando, com a
voz embargada, ela
afirma ter dois ca-
samentos com Carli-
to: um afetivo, outro
político.
Com a experiên-
cia de quem já está
engajada politica-
mente há mais de 20 anos, Mari-
nete diz que o maior estímulo de
Carlito, como petista, é o desen-
volvimento de políticas públicas vi-
sando a benefícios macro-sociais.
No histórico de atuação do depu-
tado federal, ela destaca uma ini-
ciativa que considera inovadora:
a discussão de um plano de or-
çamento regionalizado que possa
popularizar a participação no pla-
nejamento público, o que propicia-
ria atender com maior facilidade
as demandas de uma comunidade
específica.
Rosemari Comandolli, secre-
tária parlamentar desde 2004, é
militante petista há mais tempo e
outra que acompanha Carlito des-
de longa data. Amiga do deputado
desde 1988, ela conta que uma
das coisas que mais irritam Carli-
to é o cuidado exagerado dos ou-
tros com o seu figurino: “Se fosse
por ele, andaria de qualquer jeito,
com qualquer roupa. Ele é des-
pojado até demais.” Responsável
pela coordenação do seu mandato
no Congresso Nacional, Rosema-
ri diz que o deputado federal está
fazendo Joinville se inserir em Bra-
sília e vice-versa. Na capital bra-
sileira, a equipe de trabalho conta
apenas quatro pessoas que levam
o sinal do canal de trabalho “ao
ar”. Enquanto isso, ela monitora
o ritmo das atividades e conversa
diariamente com Carlito.
Na quinta vez, Carlito chegou lá
Ariadna Straliotto
Obsessão pelo trabalho e simplicidade são marcas do primeiro petista a assumir a Prefeitura de Joinville
­A celebração de uma vitória esperada há 20 anos representa uma mudança de paradigma na política joinvilense
Estilo despojado é problema
A assessora de imprensa Fabia-
na Vieira acompanha o deputado
há cinco anos. Ela tem o desafio de
manter Carlito com uma boa ima-
gem na opinião pública e trabalhar,
ao mesmo tempo, com “a realidade
da vida das pessoas.”
O diálogo com o deputado “é
constante nas principais tarefas diá-
rias, mas sempre levando em consi-
deração o modo de fazer a opinião
pública”. “Quando ele defende uma
idéia, é bem persistente.”
Fabiana diz, inclusive, que o ex-
cesso de simplicidade pode ser visto
como um defeito. “Ele tem uma pos-
tura simples e popular, que faz par-
te do seu modo de vida”.
Até nas roupas Carlito não aban-
dona seu jeito caseiro. “Se depender
dele, o traje é o mais simples pos-
sível”. Só quando a ocasião exige o
deputado se rende a um traje mais
formal.
A partir do momento que a cam-
panha teve início oficialmente, Car-
lito passou a cumprir uma agenda
exaustiva. Ele recebia um roteiro de
programação diária, que iniciava às
7h e terminava às 22h.
A secretária parlamentar Rosema-
ri Comandolli acompanhou de perto
o trabalho e elogiou a determinação
do então candidato.
“O Carlito consegue, em poucos
minutos, construir uma fala de pro-
postas com algo factível, que combi-
ne com o estilo de vida das pessoas,
daquele público”, destaca Coman-
dolli. Com agenda cheia, ele só não
conseguia prezar pela pontualidade.
Havia sempre um acessor monito-
rando o tempo.
O instalador elétrico Valsoni Ce-
lestino é o atual assessor parla-
mentar do deputado. Lico, como é
conhecido, diz que “quem trabalha
com política, doa-se integralmente
à causa e em período de eleição,
doa-se duas vezes”. Ele considera a
campanha um dos momentos mais
difíceis para o político e os funcioná-
rios, que têm a vida pessoal exposta
e momentos livres escassos.
A vida política
tira muita coisa
do âmbito
privado e expôe
no público
foto: Katia Nascimento / divulgação
P.P 12 Novembro.2008
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Edição nº 72_do_primeira_pauta,_o_jornal_laboratório_do_ielusc,_joinville

  • 1. Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Bom Jesus/Ielusc Primeira.Pauta 72Distribuição Gratuita Joinville.SCNovembro de 2008 Estrada Bonita O cenário de baladas gays foi ampliado no último dia 24. A boate Ivyx ganha uma concorrente: a balada Up. A nova casa noturna tem como diferencial a sofisticação. Público LGBT tem nova opção Superlotação no terminal central Página 3 Para lá do quilômetro 20 da BR- 101 moram personagens cuja história compõe o turismo rural da cidade A criação de novas linhas pode causar colapso na principal estação de ônibus Página 6 e 7 Custo da Câmara Mesmo pagando R$35,93 por ano para a manutenção da Casa, a população não aparece para conferir os trabalhos Página 10 Conseguir o primeiro emprego ainda é difícil para os jovens sem seguindo grau completo ou curso técnico. Há vagas disponíveis no setor industrial que não são preenchidas por falta de preparo dos trabalhadores. Sem qualificação, sem emprego Página 4 Página 5 Foto: Eva Croll Foto: Rayana Borba Foto:RayanaBorba
  • 2. Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc Coordenação do Curso de Comunicação Social - Jornalismo Prof. Dr. Samuel Pantoja Lima Professor responsável Juciano Lacerda - MTB 1177 JP/PB Luis Fernando Assunção - MTB 7856/RS Disciplina Produção e Difusão em Meios Impressos II Edição 72 Novembro de 2008 Diagramação Cláudio Costa, Pedro Leal e Tiago Santos Coordenação de Produção Felipe Silveira, Ariane Olsen, Ariadna Straliotto Edição de Textos Felipe Silveira, Ariane Olsen, Ariadna Stra- liotto, Fabiane Borges e Rayana Borba Fotografia e Edição de Imagens Jouber Castro, Rayana Borba, Carolina Wanzuita, Rafaela Mazzaro e Eva Croll Impressão Jornal A Notícia Tiragem 2 mil exemplares Contato com a redação Curso de Comunicação Social - Jornalismo. Rua Princesa Isabel, 438, Centro. Caixa Postal: 24 - 89201-270 Joinville/SC Telefone (47) 3026-8000 E-mail primeirapauta.ielusc@gmail.com Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do Primeira Pauta. Primeira.Pauta Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Jornalismo Editorial Se nas duas edições anterio- res o Primeira Pauta apresentava enfoques específicos – o embate público versus privado, na primei- ra, e o cenário político joinvilen- se, na segunda –, agora, o jornal optou por não aderir pelas temá- ticas. Os repórteres foram seus próprios pauteiros e as sugestões não foram negadas. Essa liberdade permitiu que a equipe, ao mesmo tempo, pu- desse confrontar e conciliar gosto pessoal com critérios de interesse público. Assim, apareceram ma- térias bastante diversas, mas to- das, em maior ou menor grau, ligadas a Joinville. As evoluções conquistadas nesta edição não foram apenas editoriais, mas também técnicas. Um grupo de alunos foi até a re- dação do jornal A Notícia enten- der o processo de fechamento de uma publicação profissional. Na intenção de reproduzir mais um aspecto do trabalho jor- nalístico, foi combinado que se manteria a redação “acordada” pelo tempo necessário ao longo da madrugada. Toda a diagra- mação e todas as matérias foram finalizadas noite adentro. Dificul- dades de apuração e escassez de informações derrubaram seis re- portagens. O que se lê a seguir é um mi- údo recorte da comunidade join- vilense. Quando as crianças crescem Francine Hellmann Não eram mais crianças. Um dia se encontraram num assal- to. Ela a assaltante, ele a víti- ma. Não que a cidade em que moravam fosse muito grande a ponto de não poderem nunca, sendo dois jovens da mesma idade, ter se encontrado. Eles apenas moravam em planetas diferentes. Para poder opinar sobre a infância em tempos, diz-se, de pós-modernidade, só no que pude pensar foi neste ato subli- me de união entre duas classes sociais tão opostas: o assalto. Não fossem todos os fatores imagináveis somados ao fato de ela não vestir-se tão bem como ele, estes dois formosos jovens poderiam ter se apaixonado. Havia neles uma coisa em co- mum: cada qual morava em um planeta. Na educação dele influen- ciaram as revistas de educação, as orientadoras psicopedagógi- cas da escola onde estudou e os programas educativos da TV por assinatura. Na dela, a escola sem biblioteca, o tio revendedor de crack e a pouca atenção da mãe que cuidava de mais cinco filhos pequenos. Viveram suas infâncias ao mesmo tempo, mas não era de infâncias como a dela que se fa- lava nos comerciais de Nescau. Ele também era de certa forma excluído, na lista dos mais pro- curados não havia nenhum pa- rente. Então, ela sussurrou que ele passasse o relógio e todo o di- nheiro que levava na carteira. Ele pôde sentir o seu mau chei- ro e apenas o medo impediu-o de vomitar. Ela sentiu seu perfu- me e ele era tão belo quanto os meninos dos seriados TV. Na escola que ela freqüen- tou quando criança, as aulas eram improdutivas e o que mais se aprendia era a física relacio- nada à velocidade e peso das bolinhas de papel. Na hora da merenda, feijão de terceira qua- lidade. Para ela, a comida era gostosa e, muitas vezes, a me- lhor parte de ir para a aula. À tarde, pipa nas ladeiras do mor- ro onde morava uma amiga sua ou atirar pedra no esgoto a céu aberto, em frente a sua casa. Algumas vezes, ela nem dormia em casa e sua mãe parecia nem perceber. Na escola dele, professores especializados ensinavam brin- cando e as bibliotecas eram projetadas para se mostrarem sedutoras aos olhos do futuro da humanidade. Ir para a aula só era chato porque o fazia per- der algumas horas em que po- deria estar na internet. As suas navegações na internet eram restringidas por seus pais, que o julgavam jovem demais para ter contato com todo tipo de imagens horrorosas que a web pode oferecer. Para ocupar o restante do dia, ele ainda fazia inglês e natação. Quando ela colocou os per- tences no bolso, falou-lhe ainda que se gritasse ganharia um cor- te na garganta. Então, abaixou o caco de vidro com que o ame- açava e saiu em disparada para o lado oposto de onde viera. Ele ficou parado, soluçando em estado de choque. Estava apenas passeando inocente- mente pela praia. Nunca antes, alguém no mundo sofrera tama- nha injustiça. Charge P.P 02 Novembro.2008
  • 3. O cidadão pode até não saber, mas o orçamento de R$ 17,5 previsto para a Câmara de Vereadores de Joinville em 2008 sai diretamente do seu bolso. Com isso, a cada ano o joinvilense desembolsa R$ 35,93 para manter o Legislativo. Mesmo com essa despesa são poucos que comparecem às sessões e cobram o trabalho de quem se elegeu vereador graças ao seu voto. O cálculo é feito com base nos dados do Projeto Excelências, d a O N G “ Tr a n s p a r ê n c i a Brasil”. O site www.excelências. org.br disponibiliza o valor gasto com as Câmaras nas capitais dos Estados e divide o valor total com o número de habitantes. Com isso, chega ao valor aproximado que cada contribuinte repassa através do pagamento de impostos municipais. A p e s a r d e s e r q u a s e a m e t a d e d o d e s e m b o l s a d o em Florianópolis, onde cada cidadão desembolsa R$ 72,57 todo ano, o orçamento da Câmara de Joinville cresce anualmente e quase triplicou na última década. Em 1998, a despesa foi de R$ 6,5 milhões para um Legislativo formado por 21 vereadores com salário mensal de R$ 4,5 mil, sendo que cada um tinha direito a dois assessores, que recebiam R$ 1,5 mil mensais, além de R$ 62,30 de abono. O o r ç a m e n t o d e s t e a n o inclui os salários de R$ 6,4 mil por vereador e R$ 15,6 mil mensais de verba por gabinete para contratação de até 13 assessores, além dos carros da Câmara e a gerência do prédio, que vai desde a vigilância até a manutenção das atividades tecnológicas e a compra de móveis e insumos. Apesar desse custo, nem sempre os eleitores se lembram de quem trabalha para eles. Segundo pesquisa do Instituto Mapa, divulgadas pelo jornal “A Notícia” em 8 de setembro, 43% dos eleitores de Florianópolis não lembram em quem votaram para o cargo de vereador nas eleições municipais de 2004; 5% votaram em branco ou nulo e 17% não escolheram um vereador. Em Joinville, a fatia é ainda maior: 51,2% já nem lembram qual o voto para vereador em 2004, 6,3% votaram em branco ou nulo e 13,4% nem votaram. Assim como o eleitor que não sabe mais em quem votou há quatro anos para acompanhar o trabalho feito na Câmara, boa parte da população não elegeu diretamente um representante para uma das cadeiras que serão ocupadas a partir do ano que vem. De acordo com a coluna “Portal AN”, publicada e m “A N o t í c i a” n o ú l t i m o 12 de outubro, somando os votos dos vereadores eleitos este ano em Joinville, chega- se ao total de 83,6 mil. Com os votos confirmados para as legendas, são mais 23,8 mil eleitores. Se levarmos em conta que pouco mais de 60 mil cidadãos votaram em branco, anularam ou nem passaram perto da urna, então 38% dos eleitores joinvilenses não elegeu diretamente um vereador. Mudanças que vêm com a eleição Com o resultado do último dia 5 de outubro, o número de representantes por bancada vai sofrer alterações no próximo m a n d a t o d a C â m a r a d e Joinville. O PT, que tem apenas dois vereadores, terá quatro a partir de janeiro do ano que vem. Assim, ficará empatado com o PSDB, que perdeu duas das atuais seis cadeiras. O PMDB caiu de quatro para três eleitos, igualando-se ao Democratas, que tem três e elegeu três – entre eles, o vereador mais votado da história de Joinville, Patrício Destro, com 8.540 votos. O PPS passou de um para dois parlamentares, enquanto o PP e o PSL continuarão com apenas um eleito cada. Já o PDT, que não tinha nenhuma vaga, terá um representante no próximo mandato. Dos 18 eleitos em 2004, 17 ainda estão na Câmara de Joinville. A única exceção é Darci de Matos (DEM), que foi eleito deputado estadual em 2006 e passou o cargo da vereança para Nilton Eduardo Santos (DEM). Apenas Fábio Dalonso (PSDB) e João Luiz Sdrigotti (PMDB) não foram candidatos à reeleição em 2008. Para o ano que vem, há dez reeleitos. A renovação e s t a r á p r e s e n t e e m n o v e cadeiras – sete estreantes e dois que já exerceram mandato em outra legislatura. Doze eleitos não são naturais de Joinville – dez são de outros municípios de Santa Catarina e dois vieram de outros estados. Apenas sete nasceram em Joinville. Alto custo para pouca cobrança Foto: Rayana Borba Joinvilense paga R$ 35,00 por ano para manter Câmara de Vereadores Rosimeri Back Somando brancos, nulos e abstenções, 38% dos joinvilenses não elegeram diretamente nenhum vereador Novembro.2008 03 P.P Orçamento
  • 4. Alexandre Perger Nas eleições municipais de 2008, em Joinville, 25 mil eleitores optaram por votar em um partido e não em um candidato. O Partido dos Trabalhadores foi a legenda mais votada, com 8,7 mil votos. Em segundo ficou o DEM com 4,4 mil votos. Depois vem o PP, com 4,1 mil, o PMDB, com 3,1 mil, o PDT, com 1,4 mil, e o PSDB com 1,1 mil. As outras siglas não atingiram mil votos. A falta ou a presença de um candidato majoritário na campanha pode ser decisiva na conquista dos votos de legenda. Em 2004, o PSDB lançou candidato próprio, o atual prefeito Marco Antônio Tebaldi, e fez 6,4 mil votos. Em segundo ficou o PT com 5,2 mil, que também tinha candidato. O terceiro foi o PP com 2,6 mil. O PMDB, que estava coligado com os tucanos, fez 1,08 mil. O DEM teve apenas 355 votos. O PDT obteve um crescimento expressivo. O partido obteve cerca de mil votos a mais em relação a 2004. Os votos de legenda possuem significado diferente para os partidos. No PT, segundo o cientista político e candidato a vereador pelo partido Belini Meurer, os 8,7 mil votos na legenda significam que a organização está forte, com cada vez mais simpatizantes e acima de qualquer tipo de personalismo. Para ele, quem vota em uma legenda, vota nas idéias, nas propostas. “É um voto de pessoas politizadas”, diz. O cientista político se orgulha da militância do partido. “Não acredito que esses votos estejam ligados ao Carlito”, conclui Belini. No PDT, quarta sigla bem votada, o discurso é outro. O presidente pedetista, Marco Antônio dos Santos Bittencourt, considera rachado o partido que recebe muitos votos de legenda. “As pessoas que votaram no PDT tinham em quem votar, por isso não votaram na legenda”, avalia. Ele destaca o crescimento que o partido teve nesses quatro anos e reconhece a importância de um candidato a prefeito - no caso, o vice-prefeito Rodrigo Bornholdt. Mesmo sem saber se vai ficar por muito tempo como presidente, ele confia em um fortalecimento de seu partido nos próximos anos. O presidente do PP, Coronel Lourival, ressalta a tradição de seu partido e confia que isso ajudou a arrecadar os mais de quatro mil votos de legenda. “Nós somos um partido de raiz, de história e tem pessoas que preferem honrar isso”, orgulha-se. Ele diz que as cinco mudanças na nomenclatura do partido atrapalharam e por isso eles foram obrigados a fortalecer o número 11. O pepista ainda reclama da falta de representatividade do PP e comenta que a “salvação” foi se aliar à base do presidente. O PMDB também aposta na tradição. O secretário-adjunto do partido, Clailton Breis, diz que a legenda possui um contingente que sempre vota 15. “PMDB é uma grife, uma marca”, destaca o assessor. Para ele, o fato de Joinville já ter sido algumas vezes administrada por governos peemedebistas ajuda a fortalecer o partido e conseqüentemente a atrair votos. Apesar disso, Clailton acredita que a presença do deputado Mauro Mariani puxou uma parte dos mais de três mil votos de legenda do PMDB. “Eu votei na legenda”, confessa o atual prefeito e presidente do PSDB de Joinville, Marco Antônio Tebaldi. Ele diz que tomou essa decisão porque tinha muitos amigos candidatos e, por isso, preferiu ajudar a todos. Para o prefeito, o voto de legenda é uma “oportunidade que o eleitor tem de votar na ideologia dos partidos”. Ele alega que a sigla tucana não atingiu muitos votos nessa eleição por não possuir candidato próprio. Mesmo assim, Tebaldi percebe um amadurecimento do partido nos últimos quatro anos. Eleitor opta por legenda Vagas na indústria são as mais procuradas Daniela de Tofol Estar inserido no mercado de trabalho é um desafio. Além da inexperiência dos que procuram o primeiro emprego, a falta de formação escolar, o tempo de inatividade junto ao mercado e a idade do candidato podem atrapalhar na procura por uma vaga. Em Joinville, a maior parte das vagas oferecidas pelas agências de recursos humanos se concentram no setor industrial, mas nem sempre são preenchidas por falta de qualificação profissional. Quem não possui o segundo grau completo, por exemplo, perde oportunidades de emprego em cargos simples. E a maioria das funções em destaque no mercado exigem no mínimo esse nível de escolaridade. Vanessa Tereza Francisco, 24 anos, trabalha com seleção de profissionais em uma agência de RH. Ela conta que apesar da grande oferta de mão-de- obra, é no setor industrial que estão as maiores dificuldades para encontrar funcionários qualificados. A recrutadora explica que há vários cursos para formar pessoas aptas a o s c a r g o s , m a s , m u i t a s vezes, o perfil profissional e o conhecimento esperado pela empresa não é encontrado nos recém-formados. “A empresa procura um profissional com experiência e ele custa mais caro do que o preço oferecido pelo contratante” revela. A l g u n s c u r r í c u l o s impressionam pelo número de empregos descritos no item “Experiências Profissionais”. Nas agências existem desempregados que já são conhecidos dos recrutadores, os chamados “funcionários pipocas”. “São aqueles que trabalham cerca de três meses em cada empresa”, conta Vanessa. Entretanto, após um longo período de trocas de emprego, a conquista de uma vaga se torna cada vez mais difícil. A e s t u d a n t e A n g é l i c a Andrich, 16 anos, está em busca do primeiro emprego. Por não ter nenhum curso profissionalizante, a jovem optou por vagas que não exijam experiência ou conhecimento prévio sobre a função, como no setor de produção e de embalagem. Ela não procurou cargos administrativos porque acredita que para trabalhar em escritório é preciso ter mais conhecimentos. Embora domine o computador para fazer trabalhos escolares, Angélica quer fazer um curso de informática e acredita que é importante conhecer alguém que possa indicá-la para trabalhar. A busca pelo emprego já dura seis meses. Ela já deixou seu currículo em várias agências da cidade, mas até agora não foi chamada para entrevistas. Foto:RayanaBorba A procura e a oferta nas agências de Recursos Humanos é, na maior parte, para o setor industrial Arte:PedroLeal Novembro.2008P.P 04 Política e Emprego
  • 5. Alexandre Perger O terminal central de Joinville está operando no seu limite. Pro- jetado para receber 14 linhas, hoje ele atende 37. Isso gera uma movi- mentação de 100 mil pessoas por dia e, nos horários de pico, cerca de 200 por minuto. Esses 60 segundos também são suficientes para que 18 usuários cruzem as catracas da estação, que integra nove termi- nais espalhados pela cidade. A afirmação de que o terminal está pequeno para a demanda de linhas vem do gerente de mo- bilidade do Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvol- vimento Sustentável de Joinville (IPPUJ), o arquiteto Vladimir Tava- res Constante. Ele revela que exis- te um pedido para implantar mais linhas, embora admita que se isso for feito o terminal entra em colap- so. Mesmo assim, não existe proje- to de ampliação - o que está sendo feito é um planejamento em cima do que já existe. Na década de 80 houve a inten- ção de eliminar o terminal central, porém o plano foi abandonado depois de uma pesquisa de desti- no constatar que a grande maioria dos usuários descia no local. Em 2000 foi elaborada outra pesquisa e 50% dos entrevistados responde- ram que o destino era o centro. O próximo levantamento está marca- do para 2010 e o projeto de retirar o terminal do centro dependerá da quantidade de pessoas que o uti- lizam. O arquiteto Sérgio Gollnick, que participou da implantação do atual sistema, se opõe a idéia de que o terminal não pode ser re- tirado por ser o principal destino dos joinvilenses. Para ele, isso só ocorre porque as pessoas não têm outra opção. “Todos são obrigados a passar por lá”, resume. Gollnick afirma que esse problema ocorreu por falta de planejamento e que o terminal como ponto de integra- ção perdeu seu sentido, já que um sistema de integração pode fun- cionar com linhas indo de bairro para bairro, dessa forma não pre- cisariam, necessariamente, passar pela estação central. O arquiteto defende a retirada do terminal porque no seu atual estado de funcionamento ele não qualifica o centro da cidade. A al- ternativa seria a criação de pontos nas bordas da região central. As- sim, as pessoas se deslocariam até esses locais e pegariam um ônibus que as levaria até os terminais dos bairros. O engenheiro civil Rogério No- vaes foi candidato à Prefeitura de Joinville. Sua principal proposta era um novo sistema viário joinvi- lense que resolveria o problema do transporte coletivo. A proposta de Rogério era criação de um anel vi- ário, com cerca de 40 km de exten- são, que ligaria toda a cidade. Isso diminuiria a circulação de veículos no centro, tornando o terminal cen- tral obsoleto. “Não é viável tirar o terminal sem remodelar o sistema viário”, afirma o engenheiro. De acordo com Rogério seriam cons- truídos vários pontos funcionais por todo o anel e nesses abrigos as pessoas pegariam um ônibus que passaria por toda a cidade, elimi- nando a estação central. Os usuários Alguns usuários se dividem en- tre reclamações e satisfação com o atual terminal central. Um exem- plo disso é a auxiliar de cobrança Ana Cláudia Malaquias, 21 anos, que se diz satisfeita com quase tudo, exceto pelos ônibus lotados mesmo fora dos horários de pico. Ana Cláudia acha que deveriam haver mais linhas e também mos- tra descontentamento com o preço da passagem. O estagiário André Reichert, 19 anos, entende que o pior problema é o espaço. “É muita gente para um espaço pequeno”, reclama. Ele acredita que a ampliação do termi- nal seria uma boa solução. Para a estudante Renata Prisci- la Hahn, 19 anos, os períodos de maior desconforto são nos horários de pico, quando o terminal está mais cheio. “Às 7 horas da manhã e as 19 horas é impossível andar no terminal”. Segundo ela, o pro- blema mais grave é com o atraso dos ônibus. Com 37 linhas de ônibus, movimento diário na estação supera 100 mil pessoas Terminal Central no limite Movimento intenso durante os horários de picos dificulta saída e entrada de usuários nos coletivos foto:RayanaBorba foto: Rayana Borba Trânsito Novembro.2008 05 P.P
  • 6. Ana Carolina Luz Camila Prochnow Do lado direito, um enorme mar- reco serve de chamariz para o restau- rante ao fundo. À esquerda, um hotel de arquitetura germânica. Entre eles, uma estrutura de cerca de três me- tros de altura, esculpida em madeira, na qual lê-se “Turismo Rural - Estrada Bonita”. Atravessando o pórtico, o tu- rista se depara com casas de jardins bem cuidados, grandes pastos, plan- tações e, mais ao fundo, um riacho. Localizada no Km 20 da BR 101, a Estrada Bonita é formada por pro- priedades coloniais cercadas do ver- de das montanhas. Refúgio não só para joinvilenses, mas principalmen- te para turistas vindos de Curitiba e São Paulo, o local destaca-se pelas belezas naturais aliadas à gastrono- mia típica e a receptividade dos mo- radores. Entre as principais atrações, o Museu Rural, o passeio de trator, as trilhas pela mata e o Recanto Tia Martha, locais que revelam persona- lidades cheias de histórias pra contar, como a de Ango Kersten e Tânia Ro- sana Bilau, que revelam tradições de quem nunca saiu dali. Moradores completam a graça da Estrada Bonita foto: Eva Crollfoto: Eva Croll foto: Eva Croll História de Vida P.P 06 Novembro.2008
  • 7. Os olhos grandes e azuis soma- dos à pele branca e ao sotaque ale- mão logo evidenciam a origem de Ango Kersten. Casado e pai de duas filhas, sempre morou na mesma re- sidência, na Estrada Bonita. Aos 61 anos, é agricultor, pecuarista e está à frente de um pequeno comércio de produtos coloniais. Além disso, acaba tornando-se guia turístico diariamente, já que cerca de 120 pessoas, na maioria crianças, visi- tam o local todos os dias para co- nhecer o Museu Rural, criado por Ango. Andando pelo caminho de pe- dras que corta o jardim florido, che- ga-se a uma venda. Lá, lingüiças, musses, geléias, melados, conser- vas e biscoitos dividem espaço com peças antigas, como máquinas de escrever, chaleiras de ferro e má- quinas de costura já enferrujadas. Logo ao lado, um rancho de chão batido abriga o museu, onde Ango preserva antigas peças agrícolas, como moedor de milho, machado, plantadeira manual e desnatadeira de leite, datados de 1895 a 1903. “Por meio desses objetos consigo passar um pouco de história para as pessoas”, satisfaz-se. No centro do galpão, um trator adaptado com uma carreta e banquinhos. “Com ele levo as pessoas para conhecer a propriedade”, revela, apontando para galinhas, gansos e bovinos que cria. Além disso, Ango também cultiva uma plantação de cana-de- açúcar para a produção do mela- do. Entristecido, lembra o que o mo- tivou a criar o espaço: há dez anos, em visita a Joinville, um turista ale- mão se dirigiu a ele dizendo que os brasileiros não preservam sua histó- ria. “Olhei a minha volta e percebi que era verdade”, recorda. Assim, por meio de doações de amigos e resgate de objetos familiares anti- gos, Ango iniciou o acervo que hoje conta com mais de 600 peças. O agricultor percebeu a importância do que estava fazendo quando um visitante pediu-lhe uma explicação sobre um animal do sítio. “Minha maior frustração foi ter que explicar para um homem de 36 anos o que era uma galinha”, desabafa. Como parte do roteiro, está in- cluída uma parada na funcional cai- xa de tratamento de água para con- sumo doméstico. O sistema é feito a base de raízes de junco, que filtram os coliformes fecais presentes na água. Relutante para aplicá-lo na propriedade, hoje, mostra-se satis- feito: “a eficácia é de 98% e rende 1.500 litros por dia”. Domingo, 15h30. Ainda com a touca de cozinheira, Tânia Rosana Bilau deixa a cozinha do Restauran- te Tia Martha e senta-se à uma das mesas do local. Simpática, cumpri- menta muitos clientes que chegam para o almoço apesar do adiantado da hora. Com um grande sorriso no rosto, a mulher de 36 anos começa a contar a história de sua família. Há 30 anos os pais de Tânia fun- daram o restaurante que recebeu o nome da avó materna. “E a idéia foi do próprio genro”, diverte-se, lem- brando da relação carinhosa que seu pai tinha com a sogra. Hoje em dia, o negócio não pertence mais à família Bilau, que o vendeu há três meses para os irmãos paranaenses Cláudio e Silvério Roza. No entanto, ela não quis distanciar-se da função. “Minha grande paixão é a cozinha”, deleita-se, dando água na boca ao discorrer sobre os pratos mais pedi- dos pelos turistas que visitam o esta- belecimento. De acordo com Tânia, o marreco recheado, o repolho roxo e o purê de maçã não podem faltar. Moradora da Estrada Bonita des- de que nasceu, Tânia nem cogita a hipótese de mudar-se para a cida- de. “Aqui é tudo muito tranqüilo, até os roubos de galinhas são raros”, orgulha-se. E é essa calmaria que tem atraído cada vez mais pessoas para o lugar. Percebendo isso, há três anos Tânia abriu, com o ma- rido, uma pousada em frente ao restaurante. Cinco casas para sete pessoas foram construídas e mobi- liadas. “Até o fim do ano, queremos que todas tenham televisão”, conta, contrariada, uma vez que mesmo em busca de ar puro e sossego há certos caprichos dos quais os turistas não abrem mão. Mas não só de encher de delícias os cerca de 1.500 clientes mensais do restaurante é que Tânia se ocu- pa. Vice presidente da Associação de Moradores da Estrada Bonita, ela luta, atualmente, junto com ou- tras 152 famílias, pela resolução do problema do asfalto que assola a região, já que apenas metade da estrada recebeu pavimentação. “O pedaço asfaltado pertence ao muni- cípio de Joinville, e o restante, à Ga- ruva”, explica. Tal fato gera muitos inconvenientes para os moradores da localidade: o domicílio eleitoral é Joinville, no entanto, contas de água e luz os tornam contribuintes da cidade vizinha. Restaurante mantém tradição Dedicação à história "Percebo que hoje em dia os jovens não se interessam mais por suas origens", lamenta Ango Kersten O gosto pela culinária fez Tânia permanecer como cozinheira mesmo após venda do negócio familiar foto: Eva Croll foto:EvaCroll História de Vida 07 P.PNovembro.2008
  • 8. Brincadeiras ficaram no passado Lindanir Tomelin Tatiane Martins Num passado que o modo de vida contemporâneo faz parecer muito distante, a molecada enchia as calçadas de caçapas para jogar bola de gude. A pelada era dispu- tada de pés no chão no meio da rua, às vezes até tarde da noite. As meninas, de vestidinho rodado, dançavam cantigas de roda. Lem- branças como essas certamente recheiam a memória dos que têm mais de 30 anos. Na infância, era o pião, a pipa, o estilingue, a peteca e a amareli- nha que faziam a diversão. A vida era mais rural, mesmo nas cidades, e seguia o curso lento do tempo. O anjo da guarda era quem protegia as crianças do medo das trovoadas e de almas penadas.Os pais partici- pavam ativamente das experiências lúdicas dos filhos. Confeccionavam carrinhos de madeira e bonecas de pano. As cidades não eram violen- tas e os espaços para brincadeiras estavam disponíveis nas ruas, nos quintais e nas praças. Malvina Maria Francisco, uma jovem senhora de 90 anos, de ca- belos brancos e passos já não tão firmes, conta que, durante toda a infância, ganhou apenas três bo- necas, todas feitas pela mãe. Mas nem por isso essa fase da vida per- deu sua beleza natural. Dona de uma memória inve- jável, ela fala com saudade dos tempos de menina. “Lembro que uma vez estava brincando com as minhas irmãs e a gente fez de con- ta que a boneca tinha morrido e a enterramos, só que no outro dia não conseguimos lembrar onde e perdemos a boneca. A minha mãe ficou uma fera”. Malvina é mãe de cinco filhos, tem 13 netos, 12 bisnetos e dois ta- taranetos, e na lucidez de seus 90 anos lamenta que certa tradições não tenham permanecido. Ela, que acompanhou quatro gerações na família, percebe que a modernida- de tirou o atrativo das brincadeiras antigas. Para a psicóloga Eliani Veiga Schultz, 32 anos, o número menor dos espaços de convívio é um dos responsáveis pela mudança do es- tilo de vida das crianças, mas não o único. De fato, os jardins das casas já não têm mais as árvores frondo- sas que a meninada de antigamen- te gostava de escalar. Ao contrário, os jardins dos prédios de hoje têm plaquinhas alertando que é “proi- bido pisar na grama”. As próprias escolas tornaram- se lugares onde tudo é de cimen- to e estático, e não se pode correr. “As crianças, engessadas por esses ambientes precisam se movimen- tar, fugir do isolamento. O desen- volvimento psicológico deve ser bem fortalecido na infância, para garantir um adulto feliz”, ressalta Eliani. Com as exigências do mercado de trabalho, os pais têm se preocu- pado mais em preparar seus peque- ninos para o futuro do que fazê-los viver integralmente a primeira fase da vida. Juliene Amanda Salvador, 7 anos, faz parte desse novo grupo de pequenos adultos, com rotina e horários estabelecidos. Durante a semana, além de cursar a primei- ra série, ela faz aulas de ginástica olímpica, balé e natação. Com o dia-a-dia preenchido por atividades, quando lhe sobra tempo, a menina, que tem o quar- to cheio de bonecas e brinquedos, prefere assistir a um dos DVDs de desenhos que possui. Às bonecas, cabe apenas a função de decorar o ambiente. “Eu gosto de brincar, mas prefiro assistir desenhos”. Além dos desenhos, os jogos eletrônicos também estão entre as brincadeiras preferidas de hoje. No entanto, como acredita a pedago- ga Cheila Pelin, 25 anos, quando reunidas, as crianças ainda bus- cam brincadeiras coletivas. “Per- cebo que, pelo menos na escola, a garotada ainda brinca de pular corda e amarelinha, como seus pais faziam”. Segundo o sociólogo Marco Au- rélio da Silva, 48 anos, os seres humanos são movidos pela curio- sidade. Em grande medida, são fascinados por máquinas e isso contribui para o desenvolvimen- to de brincadeiras repetitivas. “A modernidade atrai a atenção das crianças, que se tornam cada vez mais mecanizadas. Cabe aos pais e a sociedade um resgate das tra- dições e da importância do que é natural”, avalia. Jogos eletrônicos e DVD substituem antigos carrinhos de madeira e bonecas de pano Mariana, Amanda e Natália brincam de roda no intervalo da aula: a rotina e os horários estabelecidos dificultam o contato entre as crianças, que , hoje, interagem mais na escola do que no tempo livre Educação Novembro.2008P.P 08 Foto: Rayana Borba
  • 9. Um esporte sem glamour, sem muita rivalidade entre os clubes e sem brigas. Assim é o tiro seta, disputado em quatro cidades de Santa Catarina: São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Joinville e Blumenau. O nome do esporte faz refe- rência ao formato da bala que é dispa- rada da espingarda. Projéteis em forma de seta, uma espin- garda, um alvo mó- vel e, é claro, o ati- rador, compõem o esporte. Em Joinville, 17 sociedades dis- putam anualmente o campeonato citadi- no. As disputas internas são or- ganizadas pelos próprios clubes. As agremiações que ainda existem em Joinville são: Esme- ralda, Ypiranga, Tupy, Alvora- da, Diana, Dohler, Confio, Pirai, Dona Francisca, Rio da Prata, Mildau, Lírica, Estrela, Cruzei- ro, Nilson, Operário e Embraco. Todas possuem sede própria e treinam semanalmente. Um dos clubes mais antigos de Joinvil- le, o Esmeralda, teve o nome dado por um antigo atirador que inspirou-se na beleza da pedra preciosa. Fundada em 1947, a Socie- dade Esmeralda já teve vários endereços. Desde 1952 tem sua sede no bairro Glória, prédio que atualmente passa por re- formas. Um dos atiradores fun- dadores do esporte na cidade, praticamente uma lenda viva, é Rodolfo Simão, de 81 anos. Com muito orgulho fala de tudo que fez pelo esporte até hoje: “Acho que sou o único da minha época que estou vivo, fui duas vezes rei do tiro, uma vez príncipe, qua- tro vezes presidente do Esmeralda”, conta o veterano. Em 1952, quando Simão começou a ati- rar, o tiro seta era bem diferente. O esforço para se conseguir o material era imenso, pois a madeira que compõe o alvo era di- fícil de conseguir. Só existiam duas pistas (retas) de tiros e logo que se disparava, o próprio atirador tinha que buscar o seu chumbinho. No Esmeral- da, atualmente são cinco pistas e o alvo retorna com um simples apertar de botão do atirador. “Hoje é muito mais fácil de atirar”, revela Simão. Todos que chegam ao clube alviverde cumprimen- tam seu Simão, com muito respeito pela sua história. Porém, o atirador mais ex- periente da cidade reve- la uma certa decepção com o tiro. “Algumas pessoas não da- vam valor pelo que a gente fa- zia, eu cuidava de tudo, mas não tinha reconhecimento. Che- guei a desistir algumas vezes, mas como ninguém se mexia e pediam a minha volta, eu volta- va”. O Esmeralda conta hoje com 45 atiradores e 20 atiradoras. A maioria está na faixa etária aci- ma dos 40 anos. O mais jovem membro do clube é uma menina de 14 anos. O atirador Nivaldo Rupp, 53 anos, participa do tiro desde 1975 e já coleciona cerca de 70 troféus e inúmeras meda- lhas. Quem comparece à casa do marceneiro vê em sua sala uma história dedicada ao tiro seta. “Sempre gostei de atirar, e faço isso por lazer, até porque não temos retorno financeiro”, conta Rupp. Para aqueles que se interessam pelo esporte, é só procurar algum clube da cidade, que certamente será bem vindo. Os custos são pequenos. Considerada simbó- lica, como uma simples aju- da de custo, a mensalidade no Clube Esmeralda chega a R$25. O material é ce- dido pelos organizadores. O esporte não traz prê- mios em dinheiro, a n ã o ser em ocasiões específicas. Muitos integrantes preocu- pam-se com o futuro do esporte e pedem por uma renovação no hall de atiradores. O interesse dos jovens pelo tiro está muito baixo nos últimos anos. Para os organizadores, são necessários divulgação e incentivos. “Nós estamos precisando de uma re- novação, se tivermos mais a par- ticipação dos jovens, o tiro conti- nuará vivo. Caso contrário, será cada vez mais esquecido”, conclui Rupp. Guilherme Cardoso A tradição do tiro em Joinville O esporte existe na cidade há décadas, mas ainda é pouco conhecido pelo público jovem Foto: Carolina Wanzuita Foto: Carolina Wanzuita Equipe do Esmeralda treina para participar de campeonato Novembro.2008 09 P.P Comportamento Quem se interessar pelo esporte deve procurar um clube para começar a praticar
  • 10. Novembro.2008P.P 10 Comportamento O arco-íris brilha mais forte Charles França Se a abertura da boate Up, no último dia 24, causou al- voroço entre homossexuais, o rebuliço é justificável. Joinville tem apenas outra casa notur- na notoriamente gay, a Ivyx. Mesmo assim, não se pode di- zer que as duas sejam concor- rentes: o preço do ingresso já basta para abrir um abismo entre elas. Na veterana, a entrada é gratuita às sextas-feiras até meia-noite. Aos do- mingos, das 20 às 21 horas. O preço máxi- mo do ingresso é de R$ 10 a partir da vi- rada de sábado para domingo. Na Up, cus- ta R$ 25, se compra- do antecipadamente, e R$ 30 na hora. Se- gundo a proprietária da Impacta, Cláu- dia Crestani, agência responsável pela pu- blicidade da boate, a entrada é mais cara porque tem o que oferecer. Além da obrigató- ria pista de dança, há o “loun- ge” (sala com sofás e projeto- res para quem quer descansar) e ainda um bar que vende até água-de-coco. “Queremos um lugar moderno, sofisticadíssimo, glamuroso. A Up é uma balada, não uma casa de shows”, insis- te. Portanto, nada de drag-que- ens fazendo paródias de divas do pop internacional ou go-go boys e go-go girls se insinuan- do em palcos. Gente disposta a pagar o co- brado, existe, acredita a publi- citária. “O público vai gastar dinheiro em Balneário Camboriú, Curitiba e Florianó- polis. Por que não fa- zer uma balada legal a q u i ? ” , q u e s t i o n a . Para segurar os endi- nheirados em Joinville, Cláudia tem a fórmu- la: “Música eletrônica fina, coisa chique. Es- trutura, som, cardá- pio e gente bonita”. A publicitária ainda afirma que a boate não fará distinções entre os freqüentadores, desde que não haja “bunda de fora”. Entretanto, quem usou boné ou chapéu na noite de inau- guração foi barrado. Bermudas também não foram permitidas. O estudante P.A., que prefere não ser identificado, conta que três garotos não puderam entrar porque vestiam bermudas. “O lugar é perfeito. Tem gente bo- nita, música boa, organização e bons banheiros”, deslumbra-se. Lá, encontrou Patrício Destro, o vereador mais votado da histó- ria de Joinville. Quando uma estrela começa a apagar É injusto dizer que a Ivyx não tenha uma pista de dança, um “lounge” (ao ar-livre e sem te- lões, é bom frisar) e um bar. Mas a palavra “rústica”, que Cláudia Crestani utiliza para descrever a boate, adequa-se perfeitamente à impressão cau- sada em quem lá entra. O clube existe há quatro anos e, desde então, pouco mudou. O guarda-volumes era num lugar e hoje é noutro. A cabine do DJ também. Alguma tinta já foi lançada sobre as paredes e o piso refeito, mas nada que modificasse a estru- tura da casa. A pouca ventila- ção incomoda bastante: não há aparelhos de ar-condicionado, apenas ventiladores girató- rios em alguns cantos. Um dos maiores desagrados, contudo, são os banheiros, “imundos” na opinião de P.A.. “No começo, era divertido. As pessoas são mais animadas do que as que freqüentam outras casas”, lembra a estudante de jornalismo Francine Hellmann. Com o tempo, a percepção mu- dou. “O lugar é feio. Talvez por conta do ingresso barato não se invista tanto na estrutura”. Hoje, ela raramente visita a boate. Joinville tinha apenas um bar LGBT, o Eccentric, fechado no dia 16 de agosto. O estabele- cimento funcionou por mais de um ano. “O bar fechou por cau- sa da preocupação dos clientes com as blitz policiais. O movi- mento nunca reduziu, mas nin- guém sobrevive de Coca-Cola”, justifica Carla Kemper, uma das proprietárias. Nova casa LGBT busca público de maior poder aquisitivo Na nova boate não há drag- queens fazendo paródias de divas do pop internacional
  • 11. Histórias de um lobo do mar Nascido no dia 2 de março de 1955, no município de Balneário Barra do Sul, Antonio Carlos da Silva é o oitavo filho de uma série de nove irmãos. Calinho — apeli- do dado pelos amigos de infân- cia — é oriundo dos tempos em que a conservação do pescado era feita apenas com sal e que a farinha de trigo torrada substituía o pó de café. As rugas desenhadas no rosto, causadas pelo sol, e as mãos ca- lejadas pelo ato de puxar as re- des são traços evidentes. A barba grande e prateada camufla par- te da pele ressecada. O cabelo emaranhado é resultado da umi- dade salobra do mar e dos ventos cortantes suportados na rotina. A fala gaguejada e empolgante é uma característica marcante. Seus olhos brilham a cada histó- ria relembrada. Há 50 anos, Balneário Barra do Sul era somente uma vila de pescadores pertencente ao muni- cípio de Parati (hoje chamado de Araquari). Segundo relatos dos mais antigos, lá existiam poucas casas e moradores. A falta de energia elétrica e água encana- da, por exemplo, acarretava num dificultoso e extenso trabalho fa- miliar. O pescado desembarcado era limpo e salgado para que pudesse ser conservado. As noites se tornavam curtas e in- tensas, iluminadas por velas, lamparinas e lampiões abas- tecidos com querosene. Aos oito anos, Carlos começou a pescar com o pai e em pouco tempo adquiriu autonomia para lancear redes. Numa época em que as canoas eram movidas a remo, o desafio de sair para o mar e voltar à terra era muito ar- riscado. Mesmo assim, poucos ex- perimentavam outras atividades. Apesar da cidade de Joinville es- tar próxima – e na época oferecer várias oportunidades de emprego – a liberdade e o convívio familiar pesaram mais em sua decisão em permanecer na pesca. Os es- tudos ti- nham pouca impor- tância naquele tempo. Quem pescava, n ã o e s - tudava. A “ l i d a” d o dia-a-dia não permitia esse luxo. Além disso, o acesso a quem pretendesse estu- dar era difícil, pois na região só existia o ensino fundamental, que era muito precário. A escola com ensino médio mais próximo ficava no centro de Araquari e as aulas eram noturnas. Não havia trans- porte escolar e a única estrada de chão batido ficava inviável quan- do chovia. O destino de quem vi- via na vila era ser pescador. No dia 2 de novembro de 1975, aos 19 anos, Carlos ama- siou-se com a também pescadora Maria Aparecida Tavares – que trabalha há 32 anos venden- do pescados numa banca do centro –, com quem teve quatro filhos: Michel, Ronal- do, Vânia e Rosilda. Todos inicialmente se focaram na atividade do pai, aju- dando a família a agre- gar valor aos produtos pesqueiros para aumen- tar a renda. Hoje, só os dois homens permane- cem. Pouco tempo depois do casamento, Carlos adquiriu sua primeira embarcação, com um motor de popa de baixa potência. Há seis anos, ele sofreu um acidente com uma embarcação de alumínio, quando retirava mariscos de uma pedra próxima à Ilha dos Remédios, em Bar- ra do Sul. “Estava eu e meu fi- lho Ronaldo, quando uma onda muito forte jogou o barco em cima das pedras. Caímos no mar e a embarcação começou a se distanciar da gente. Fomos na- dando até ela, que já estava um pouco longe da ilha. Quando subimos, percebemos que os re- mos tinham caído no mar e, com a correnteza forte, não conse- guimos trazê-la de volta. Fomos obrigados a pular novamente na água e voltar nadando”, descre- ve o pescador. Todos os dias que chega do mar, ele descarrega o pescado a poucos metros da embarca- ção. No mesmo local, ao lado da banca, remenda os apetrechos de pesca. Ali, juntam-se muitos curiosos atraídos pela cena in- comum: um pescador entre um bando de redes destroçadas, de pernas cruzadas, dando apa- rentemente uma noção de que está capturado, como um peixe. Antonio Carlos da Silva, o Calinho, é pescador artesanal e ainda sobrevive do peixe retirado do mar, em Barra do Sul Calinho conta histórias das aventuras no mar e da infância vivida na praia Zé Eduardo Calcinoni Foto: José Eduardo Calcinoni Novembro.2008 11 P.P Perfil
  • 12. Recentemente, em uma conver- sa com o deputado federal Carli- to Merss, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a pergunta: “ Agora, vai Carlito?”. Há vinte anos ele tentava ser prefeito de Joinvil- le. A primeira candidatura foi em 1988, e de lá para cá ele sempre figurou como candidato. A cadeira na Câmara de Vereadores, con- quistada em 1992, lhe rendeu o título de primeiro vereador do PT na cidade. Ele conseguiu ainda se eleger deputado estadual na elei- ção seguinte e deputado federal, por dois mandatos – só na quinta tentativa, enfim, chegou ao cargo no Executivo municipal. As pessoas que o rodeiam afirmam que desde o início da campanha Carlito de- monstrava estar com “gana” de vencer o pleito. Sua história na vida pública co- meçou em 1983, quan- do promovia reuniões do PC do B em casa e in- corporava com freqüên- cia o papel de anfitrião. Durante os debates, en- frentava discordâncias ideológicas com os líde- res do partido. Enquanto isso a esposa apresenta- va as diretrizes da polí- tica do Partido dos Tra- balhadores, e foi assim que Marinete Merss, já filiada ao PT, colaborou para que Carlito adotasse a bandeira do partido. Não só ele é figura da gestão pública petista. Marinete, forma- da em letras e psicologia, foi a primeira candidata a vereadora do PT, em Joinville, em 1986, quando obteve 909 votos e não conseguiu se eleger. Presidente do municipal do PT durante dois mandatos con- secutivos, ela é atual secretária da Executiva Nacional do partido. Por todo esse envolvimento, ela não nega que se se irrita quando a re- conhecem apenas como “a esposa de Carlito Merss”. A companheira sempre foi fi- gura importante na vida do ago- ra prefeito eleito. Mulher madura, pele clara, com postura, mas sem soberba. Sapatos de salto alto cla- ros, óculos de grau usados como faixa de cabelo não a faziam per- der o semblante carismático com o qual cumprimentava as pessoas que entravam na sala. Os articu- ladores da campanha eleitoral e os freqüentadores comuns sempre têm passe livre para entrar no re- cinto, intervir na conversa e nego- ciar com ela. Marinete gosta de relembrar seu primeiro encontro com Carlito, que aconteceu antes do ingresso de ambos na política. Apresenta- dos por um grupo de amigos em comum, eles se conheceram em um baile de carnaval, no clube Floresta, ao som da marcha “Es- trela D'Alva”. Ela, com o segun- do grau completo, ele bacharel em economia. Quando a marcha cessou e a música lenta subiu, o moço fisgou um beijo da es- tudante. Um ano depois, eles se reencontraram em uma reunião de marketing multinível, no Hotel Colon. Ao completar um ano de namoro, firmaram o compromisso do noivado e três meses depois já estavam casados. Desde então são 27 anos de convivência. Marinete confessa que a vida política “tira muita coisa do priva- do e expõe no público”, deixando- os limitados e com o tempo escas- so. “Eu não posso contar com o Carlito para trocar uma lâmpada queimada, por exemplo”, confessa com uma curta risada. Ela diz que o fortalecimento da relação matrimonial acontece à medida que os obje- tivos são renovados. “A admiração po- lítica recíproca nos aproxima muito”. Titubeando, com a voz embargada, ela afirma ter dois ca- samentos com Carli- to: um afetivo, outro político. Com a experiên- cia de quem já está engajada politica- mente há mais de 20 anos, Mari- nete diz que o maior estímulo de Carlito, como petista, é o desen- volvimento de políticas públicas vi- sando a benefícios macro-sociais. No histórico de atuação do depu- tado federal, ela destaca uma ini- ciativa que considera inovadora: a discussão de um plano de or- çamento regionalizado que possa popularizar a participação no pla- nejamento público, o que propicia- ria atender com maior facilidade as demandas de uma comunidade específica. Rosemari Comandolli, secre- tária parlamentar desde 2004, é militante petista há mais tempo e outra que acompanha Carlito des- de longa data. Amiga do deputado desde 1988, ela conta que uma das coisas que mais irritam Carli- to é o cuidado exagerado dos ou- tros com o seu figurino: “Se fosse por ele, andaria de qualquer jeito, com qualquer roupa. Ele é des- pojado até demais.” Responsável pela coordenação do seu mandato no Congresso Nacional, Rosema- ri diz que o deputado federal está fazendo Joinville se inserir em Bra- sília e vice-versa. Na capital bra- sileira, a equipe de trabalho conta apenas quatro pessoas que levam o sinal do canal de trabalho “ao ar”. Enquanto isso, ela monitora o ritmo das atividades e conversa diariamente com Carlito. Na quinta vez, Carlito chegou lá Ariadna Straliotto Obsessão pelo trabalho e simplicidade são marcas do primeiro petista a assumir a Prefeitura de Joinville ­A celebração de uma vitória esperada há 20 anos representa uma mudança de paradigma na política joinvilense Estilo despojado é problema A assessora de imprensa Fabia- na Vieira acompanha o deputado há cinco anos. Ela tem o desafio de manter Carlito com uma boa ima- gem na opinião pública e trabalhar, ao mesmo tempo, com “a realidade da vida das pessoas.” O diálogo com o deputado “é constante nas principais tarefas diá- rias, mas sempre levando em consi- deração o modo de fazer a opinião pública”. “Quando ele defende uma idéia, é bem persistente.” Fabiana diz, inclusive, que o ex- cesso de simplicidade pode ser visto como um defeito. “Ele tem uma pos- tura simples e popular, que faz par- te do seu modo de vida”. Até nas roupas Carlito não aban- dona seu jeito caseiro. “Se depender dele, o traje é o mais simples pos- sível”. Só quando a ocasião exige o deputado se rende a um traje mais formal. A partir do momento que a cam- panha teve início oficialmente, Car- lito passou a cumprir uma agenda exaustiva. Ele recebia um roteiro de programação diária, que iniciava às 7h e terminava às 22h. A secretária parlamentar Rosema- ri Comandolli acompanhou de perto o trabalho e elogiou a determinação do então candidato. “O Carlito consegue, em poucos minutos, construir uma fala de pro- postas com algo factível, que combi- ne com o estilo de vida das pessoas, daquele público”, destaca Coman- dolli. Com agenda cheia, ele só não conseguia prezar pela pontualidade. Havia sempre um acessor monito- rando o tempo. O instalador elétrico Valsoni Ce- lestino é o atual assessor parla- mentar do deputado. Lico, como é conhecido, diz que “quem trabalha com política, doa-se integralmente à causa e em período de eleição, doa-se duas vezes”. Ele considera a campanha um dos momentos mais difíceis para o político e os funcioná- rios, que têm a vida pessoal exposta e momentos livres escassos. A vida política tira muita coisa do âmbito privado e expôe no público foto: Katia Nascimento / divulgação P.P 12 Novembro.2008 Perfil