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Colégio Curso Mova – Nova Iguaçu
Prof. º Alex
Alunas: Rachel Teixeira Periard, Ana Cristina Rodrigues e Daniele Silva
SISTEMA LINFÁTICO
1 O Sistema Linfático: características gerais
O sistema linfático é um sistema paralelo ao aparelho cardiovascular que
anatomicamente se constitui de vasos semelhantes às veias, denominados vasos
linfáticos. Estes vasos, que se distribuem por todo o corpo, recolhe o líquido que
envolve as células (extracelular, ou também chamado líquido tecidual ou tissular) que
não retornou aos capilares sangüíneos. Estes vasos filtram este líquido e os
reconduzem a circulação sangüínea.
Estruturalmente podemos dizer que o sistema linfático é constituído: pela linfa
(líquido), vasos e órgãos linfáticos. Como ocorre com o sistema cardiovascular, o
sistema linfático também apresenta vasos de diferentes tamanhos sendo os menores
vasos denominados capilares linfáticos. Estes capilares estão presentes em todas as
regiões corporais. Os capilares, por sua vez, se reúnem em vasos maiores
denominados vasos linfáticos e terminam em dois grandes dutos principais:
- Duto torácico – que recebe a linfa da parte inferior do corpo
- do lado esquerdo da cabeça
- do braço esquerdo
- de parte do tórax
- Duto linfático - recebe a linfa do lado esquerdo da cabeça
- do braço direito
- e de parte do tórax
A linfa é a parte líquida que circula dentro dos vasos linfáticos. A composição da linfa
é similar a do sangue, entretanto não possui hemáceas. Dos glóbulos brancos que
circulam na linfa, 99% dos são linfócitos (no sangue aproximadamente 50% dos
glóbulos brancos são linfócitos).
Importância do fluxo de Linfa
Foi estimado, a partir de pesquisas, que cerca de 50% da proteína perdida nos
capilares é recuperada pela circulação linfática. A drenagem insuficiente pode levar a
um acúmulo de líquido intersticial denominada edema. Alguns Linfedemas podem
causar deformidades. Um exemplo é a Elefantíase, um linfedema ocasionado pelo
bloqueio dos vasos linfáticos.
2 Órgão linfáticos corporais e seus aspectos histológicos
Os órgãos linfáticos do corpo são: as tonsilas (amígdalas), adenóides, baço,
linfonodos (nódulos linfáticos) e o timo (Figura 1). A seguir tais órgãos serão
genericamente caracterizados com ênfase nos seus aspectos histológicos.
Figura 1 Principais órgãos linfáticos no organismo.
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2.1 Tonsilas
Antigamente, as tonsilas eram conhecidas como amígdalas. Estão localizadas na
cavidade bucal (tonsilas palatinas) próximas ao arco palatofaríngeo, na parte posterior
da língua (tonsilas linguais), e na parte posterior da nasofaringe encontramos as
tonsilas faríngeas.
As tonsilas palatinas, faríngeas e linguais, são compostas por agregados de nódulos
linfáticos, parcialmente encapsulados, que protegem a entrada orofaríngea. Por conta
da sua localização, as tonsilas estão no caminho de qualquer corpo estranho
(microorganismos ou não) inalados com o ar ou que foram ingeridos. Estes elementos
que podem causar dano ao corpo são genericamente denominados antígenos. A
principal função das tonsilas é reagir contra esses antígenos dando origem a linfócitos
específicos (resposta imune adquirida). No caso, esta reação ocorre pela produção de
plasmócitos que secretam imunoglobulina A (Ig-A) protegendo a mucosa orofaríngea
das agressões da microbiota normal que se encontra na região e dos microorganismos
patológicos.
Doenças infecciosas e inflamatórias que envolvem faringe, tonsilas palatinas e
faríngeas respondem por uma grande proporção atenção médica, principalmente na
infância. A tonsila palatina representa um grande acumulo de tecido linfóide se
constituindo em um corpo compacto envolto por uma cápsula fina em sua superfície.
Cada tonsila palatina apresenta 10 a 20 invaginações epiteliais que penetram
profundamente no parênquima formando as criptas, as quais contêm células epiteliais
descamadas, linfócitos vivos e mortos e bactérias.
Histologicamente, utilizando técnica de coloração HE (Figura 2), nós podemos dizer
que a tonsila palatina é revestida por um epitélio pavimentoso estratificado não
queratinizado, enquanto que a tonsila faríngea é recoberta por um epitélio pseudo-
estratificado prismático ciliado. Este epitélio sofre “invaginações” que formam espécies
de dobras conhecidas como criptas. Esta estrutura é característica destas tonsilas.
Abaixo do epitélio existe um tecido conjuntivo frouxo que tem no seu interior os
nódulos linfáticos. As criptas ainda contêm resíduos de alimentos, células epiteliais
descamadas, leucócitos mortos, bactérias e outras substâncias antigênicas.
Figura 2 Tonsilas: corte histológico mostrando as criptas (*), o tecido epitelial estratificado não
queratinizado e abaixo os nódulos linfáticos imersos no tecido conjuntivo frouxo e seus centros
germinativos (1).
2.2 Linfonodos ou Nódulos Linfáticos
Os nódulos linfáticos, como já diz, são formados, na sua maior parte por linfócitos,
sendo os órgãos linfáticos mais numerosos que existem no organismo. Os nódulos
possuem três tipos específicos: linfócitos, macrófagos, plasmócitos. Anatomicamente,
os linfonodos são estruturas pequenas, ovaladas, encapsuladas e que estão
interpostas no trajeto dos vasos linfáticos. Sua função é atuar como filtros que
removem bactérias e outras partículas estranhas ao corpo que estejam circulando na
linfa. Histologicamente, os nódulos têm uma região central que possui células em
diferenciação conhecida como centro germinativo. Ao redor desta região existe um
agrupamento de células conhecido como coroa ou manto.
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Estas células possuem uma coloração mais escura já que nela se encontra uma maior
quantidade de linfócitos B já diferenciados. As células dos linfócitos B possuem um
núcleo esférico cm cromatina compactada. Nesta região também se encontram,
plasmócitos, que são células ovóides que possuem um núcleo com aparência raiada
(aspecto de raios de uma roda). As células do centro germinativo migram para a coroa
e desta para as vênulas por onde atingem a circulação sangüínea. Infelizmente, a
visualização dos macrófagos é difícil já que é necessária uma técnica especial de
coloração que não a HE. A proliferação dessas células provocada pela presença de
bactérias ou substâncias/organismos estranhos determina o aumento do tamanho dos
gânglios, que se tornam dolorosos, formando a íngua.
O linfonodo, geralmente, apresenta uma forma de feijão (Figura 3). Ele possui os
vasos linfáticos aferentes, que chegam pela superfície convexa do órgão, e vasos
linfáticos eferentes, que emergem pelo hilo do linfonodo (superfície côncava). Cada
linfonodo possui uma cápsula relativamente delgada de tecido conjuntivo denso, uma
cortical e uma medular. Na cápsula há tecido adiposo e vasos. Na cortical estão
presentes os nódulos linfáticos, onde são originados os linfócitos B. Cada nódulo
linfático possui um centro germinativo (mais claro) e uma coroa ou manto (mais
escuro). Abaixo da cápsula está presente uma área mais clara de tecido linfático
frouxo, denominada de seio marginal ou subcapsular. A cápsula envia septos que
invadem o parênquima (tecido conjuntivo) do órgão formando trabéculas. Ao lado das
trabéculas existe um espaço com tecido linfóide frouxo contínuo com o seio
subcapsular denominado de seio peritrabecular. Na região de transição entre a cortical
e a medular, denominada de cortical profunda ou paracortical, estão presentes os
linfócitos T (região timo-dependente). A região medular ocupa a parte central do
linfonodo, onde não há nódulos linfáticos. Aí estão presentes os seios medulares e os
cordões medulares. Os cordões medulares são anastomosados e estão constituídos
por linfócitos, plasmócitos, macrófagos e células reticulares. Nos seios medulares são
encontrados sinusoidais com macrófagos. As células reticulares possuem núcleo
ovulado, às vezes nucléolo evidente, e prolongamentos que formam uma rede de
sustentação para as outras células. Essas células produzem as fibras reticulares, que
fazem parte da matriz extracelular. O caminho percorrido pela linfa no linfonodo é o
seguinte: vaso linfático aferente → seio subcapsular → seio peritrabecular → seio
medular → vaso linfático eferente.
Figura. 3 Linfonodo
2.3. Timo
O timo é um órgão linfático localizado no tórax, na parte anterior ao coração. É dividido
em dois lobos, o direito e o esquerdo. Sua estrutura histológica apresenta os seguintes
aspectos: é revestido por uma cápsula fibrosa (tecido conjuntivo), que
histologicamente vai penetrando pelo parênquima tímico e formando os septos
conjuntivos que vão subdividindo os lobos em inúmeros lóbulos. Sobre esta cápsula
aparece um aglomerado de adipócitos que forma o tecido adiposo extratímico. Os
lóbulos tímicos possuem duas zonas: a zona medular e a zona cortical. A zona
cortical, é a mais periférica, apresentando linfócitos T em maturação enquanto a zona
medular é constituída de tecido conjuntivo frouxo e células reticulares epiteliais.
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As células reticulares epiteliais possuem prolongamentos que envolvem grupos de
linfócitos em diferenciação na zona cortical e também formam estruturas de células
concêntricas denominadas de corpúsculo de Hassal, cujo centro pode calcificar-se
com conseqüência da morte de células centrais. O timo se origina no embrião a partir
da 3a
bolsa faríngea presente em cada lado do corpo. Nesta bolsa se formam tubos de
células epiteliais que vão crescendo em forma de cordões para baixo até o tórax. Os
cordões perdem a comunicação com sua origem e se transformam na medular do
timo. Cada cordão representa a medular dos lóbulos de cada lobo (direito e o
esquerdo). As células reticulares emitem prolongamentos (células reticulares epiteliais)
e formam os septos, corpúsculos de Hassal e as áreas onde vão ser ocupadas pelos
linfócitos T em maturação na cortical.
Depois do desenvolvimento do estroma do órgão, surgem as células fontes que vieram
do fígado e do baço do embrião. A partir daí começa a formação de pró-linfócitos T.
Esta é a fase hepatoesplenicotímico, que ocorre no segundo mês de vida intrauterina.
Entre os lóbulos tímicos aparecem diversos espaços chamados espaços
intralobulares. Nestes espaços passam vasos sangüíneos e também vaso linfáticos
eferentes. São encontrados poucos vasos linfáticos, sendo todos eferentes. As artérias
chegam ao órgão e ramificam-se em arteríolas e capilares no parênquima cortical.
Esses capilares terminam na medular de cada lóbulo onde se originam os vasos
venosos do timo e os vasos linfáticos. Estes últimos penetram nos espaços
interlobulares e saem pela cápsula do timo. É importante destacar aqui a barreira
hematotímica presente somente na cortical dos lóbulos. Esta barreira se refere a
pouca permeabilidade dos capilares aos linfócitos da cortical. Estes capilares possuem
fortes junções oclusivas entre as células endoteliais e impede que os linfócitos ainda
em processo maturação saiam para o sangue. Quando os linfócitos atingem a fase de
pró-linfócitos ou ainda linfócitos maduros não ativos, eles caem na medular onde
penetram nas vênulas (estas não tem barreira) indo para veias, ou vasos eferentes
linfáticos e saem do órgão em direção aos tecidos linfóidessecundários.
O timo é um órgão que no recém-nascido esta no seu maior tamanho. Ele chega a
pesar 30 gramas e cresce até a puberdade. A partir da puberdade o timo começa a
evoluir até chegar a 10 gramas no idoso. No recém-nascido, o timo é grande devido ao
desenvolvimento dos órgãos imune secundários, pois esses possuem áreas timo
dependentes que tem que ser preenchidas pelos linfócitos T. Na puberdade essas
áreas já estão preenchidas, havendo apenas as substituições de linfócitos que saem
pelos novos que vem do timo.
A função do timo é promover a maturação dos linfócitos T que vieram da medula
óssea até o estágio de pro linfócitos que vão para os outros tecidos linfóides, onde se
tornam ativos para a resposta imune. Porém, o timo também dá origem a linfócitos T
maduros que vão fazer o reconhecimento do organismo para saber identificar o que é
material estranho ou próprio do organismo. Outra função importante do timo é a
produção de fatores de desenvolvimento e proliferação de linfócitos T, como a
timosina alfa, timopoetina, timulina e o fator tímico humoral. Estes fatores vão agir no
próprio tímico (hormônios parácrinos) ou agir nos tecidos secundários (hormônios
endócrinos), onde estimulam a maturação completa dos linfócitos. Se houver uma
timectomia no indivíduo, haverá uma deficiência de linfócitos T no organismo, e
ausência das áreas timo dependentes nos órgãos secundários.
TIM0
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2.4 Baço
O baço é o órgão linfático, excluído da circulação linfática, interposto na circulação
sangüínea e cuja drenagem venosa passa, obrigatoriamente, pelo fígado. Possui
grande quantidade de macrófagos que, através da fagocitose, destroem micróbios,
restos de tecido, substâncias estranhas, células do sangue em circulação já
desgastadas como eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Dessa forma, o baço “limpa” o
sangue, funcionando como um filtro desse fluído tão essencial. O baço também tem
participação na resposta imune, reagindo a agentes infecciosos. Inclusive, é
considerado por alguns cientistas, um grande nódulo linfático.
O baço é um órgão maciço avermelhado, de consistência gelatinosa, situado no
quadrante superior esquerdo do abdômen. É o maior órgão linfático secundário do
organismo e tem como função imunológica, a liberação de linfócitos B, T, plamócitos, e
outras células linfoides maduras e capazes e capazes de realizar uma resposta imune
para o sangue e não para a linfa. O baço está envolvido por uma cápsula de tecido
conjuntivo, que emite septos (trabéculas) para o interior do órgão. Estes septos não
delimitam lóbulos completos no órgão, mas formam o arcabouço (estroma) do órgão.
O parênquima do baço é dividido estrutural e fisiologicamente em duas regiões: a
polpa branca e a polpa vermelha. A polpa branca se refere aos pontos brancos que
encontramos no corte histológico do baço. Esses pontos são os corpúsculos de
Malpighi. Este corpúsculo é que dá a função de órgão linfóide ao baço. Ele representa
o sítio de maturação dos linfócitos. No centro encontramos o centro germinativo que é
o local onde existem linfoblastos e pro linfócitos B em diferenciação. Já na periferia
existem linfócitos maduros prontos a realizar alguma resposta imune, que podem sair
para o sangue. O corpúsculo recebe no centro uma arteríola, chamada arteríola da
polpa branca. Ao redor dela encontramos a bainha periarterial, que é o local onde
estão os linfócitos T (pro linfócitos T) em processo de maturação e desenvolvimento. A
polpa vermelha é o restante do órgão, que tem a coloração bem vermelha, devido à
alta concentração de hemácias no órgão. O baço é um órgão que armazena sangue, e
lança estas hemácias para circulação no caso de necessidade (sob estímulo da
adrenalina liberada numa situação de estresse/alerta), pois o organismo necessita de
mais oxigênio para o metabolismo. Na polpa vermelha encontramos diversas cadeias
de células que formam os cordões de Bilroth, formados por macrófagos, plaquetas,
plasmócitos, células reticulares. A célula reticular é a célula que sustenta fisicamente a
polpa vermelha, pois sem ela, a polpa vermelha se “desmancharia” em um caldo de
hemácias. Sua irrigação sanguínea é terminal, ou seja, recebe uma artéria terminal
(artéria lienal), que sai do tronco celíaco, ramo da artéria aorta abdominal. A artéria
lienal entra pelo hilo do baço e se divide em ramos que vão seguindo os septos
(trabéculas) atingindo o interior do órgão. A partir desses ramos surgem as arteríolas
da polpa branca que penetram no corpúsculo de Malpighi. Quando saem da polpa
branca, elas se ramificam e desembocam em sinusóides esplênicos localizados na
polpa vermelha. Nestes sinusóides estão hemácias armazenadas e estão localizadas
entre os cordões de Billroth. Os macrófagos dos cordões realizam a hemocaterese, ou
seja, fagocitam hemácias “velhas” que chegam ao baço.
Referências
1. Jacob, Stanley W. Francone, Clarice A. Lossow, Walter J.
Anatomia e fisiologia humana e Ebah.com.br