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 Fim do estado novo (1945)
 Retorno de Getúlio Vargas à presidência (1951-1954)
 Mandato de Juscelino Kubitschek (1956-1961)
 Fundação de Brasília, nova capital politica do pais (1960)
 Jânio Quadros na Presidência (1961)
 João Goulart na Presidência (1961-março de 1964)
 1945-1963 Período Democrático
 Predominância de Modelos Políticos Populistas
 O Nacionalismo com Bandeira Esquerdizante
 Nacional – Desenvolvimento X Reação das Classes Conservador
 Interesse Pela Cultura Popular X Cosmopolitismo
Nesses quase vinte anos, os fatos históricos que se sucedem fazem parte de
nossa memória nacional mais recente: o fim do Estado Novo, o afastamento
temporário de Getúlio da vida política, seu retorno , a presidência de Juscelino
Kubitschek, a fundação de Brasília nova capital do país, as presidências de
Jânio Quadros e de João Goulart.
Adotando modelos políticos populistas, o Brasil tenta encontrar os rumos de
seu desenvolvimento. Apesar da grande abertura ao capital estrangeiro
proporcionada pelo Plano de Metas do governo Juscelino, será apenas na fase
seguinte, com a ditadura militar (1964-1978), que se consolidará o modelo
econômico assentado no Estado, nas multinacionais e no capital nacional.
Em 1979, com a pose do presidente Figueiredo, é assinado o decreto de
anistia aos presos políticos, implementa-se a reforma partidária e tem início o
processo de redemocratização do país.
O Tema e a ideologia do desenvolvimento dão cores esquerdizantes ao
nacionalismo, bandeira vinculada à direita nos anos 20.
Nesse contexto, renova-se o gosto pela arte regional e popular, cujo potencial
revolucionário torna-se objeto de grande atenção. Em contrapartida, as
camadas conservadoras reagem sistematicamente contra as manifestações
políticas nacionais-populistas.
No cenário internacional do pós-guerra, a Guerra Fria e a ameaça atômica
predominam a partir de 1945, dividindo o mundo em sistemas que mutuamente
se hostilizam.
Nessa oscilação entre enfatizar o nacional e reprimi-lo, entre resgatar o
passado e descobrir o futuro, entre a consideração eminentemente política da
necessidade de testemunhar o momento político presente e uma aura quase
mítica de entusiasmo generalizado pela mídia e pela máquina – dois fetiches
ligados à explosão industrial dos anos 60 tanto na Europa quanto nos Estados
Unidos -, nasce o que alguns chamam de ―fim do Modernismo‖ e, outros, de
―Neo-Modernismo‖.
Trata-se da geração de 45, que passaremos a conhecer.
 Retrocesso em relação às conquistas de 22.
 Volta ao passado: revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito
e das referências mitológicas.
 Passadismo, academicismo.
 Introdução de uma nova cultura internacional nas letras brasileiras.
 Os grandes criadores de 45, que retomam e fecundam as experiências
desenvolvidas no país
 Prosa João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
 Poesia: João Cabral de Melo Neto.
 Literatura: constante pesquisa da linguagem + senso do compromisso entre
arte e realidade, engajamento.
 Síntese de ambas as gerações: experimentalismo + maturidade artística;
nacionalismo + universalismo.
 Guimarães Rosa: narrativas mito poéticas, que resgatam a sutileza do elo
entre a fala e o texto literário.
 Clarice Lispector: romances e contos introspectivos, que dialogam com as
fronteiras do indizível.
 João Cabral: poesia que associa compromisso social e precisão
arquitetônica, substantiva.
Do ponto de vista literário, esta geração representa um retrocesso em relação às
conquistas de 22: ela propõe uma volta ao passado, com a revalorização da rima, da
métrica, do vocabulário erudito e das referências mitológicas.
A geração de 45 é, nesse sentido, passadista, acadêmica, inexpressiva em termos
de grandes autores e grandes obras, mesmo abordando temas contemporâneos. Por
outro lado, coube a ela introduzir, muito positivamente, uma nova cultura
internacional nas letras brasileiras. Autores como Rainer Maria Rilke, Ezra Pound, T.
S. Eliot, Fernando Pessoa, Paul Valéry, Frederico Garcia Lorca influenciaram-na
significativamente.
Domingos Carvalho da silva Alphonsus de Guimarães Filho, Péricles Eugênio da
silva Ramos e Ledo Ivo constituem alguns dos principais representantes da geração
de 45.
Em contraposição a esta produção passadista, três grandes escritores se
sobressaem João Guimarães Rosa e Clarice Lispector, na prosa, e João Cabral de
Melo Neto, que chegou a pertencer à geração de 45, na poesia.
Além de praticarem a literatura como constante pesquisa de linguagem, como
expressão artística caracterizada preocupação formal e estética, tais criadores têm
em comum o senso do compromisso entre arte e realidade, o engajamento do
escritor e de sua obra na vida social.
Assim, retomam a perspectiva nacionalista da primeira fase do Modernismo a
geração de 22 e também a perspectiva universalista da segunda fase a geração de
30.
Podem-se considerar os três autores uma síntese de ambas as gerações, já que ao
experimentalismo da primeira acrescentam a maturidade artística da
segunda, unindo, também, nacionalismo e universalismo.
A sutileza do elo entre a fala e o texto transfigurados das narrativas mitopoéticas de
Guimarães Rosa, o diálogo com as fronteiras do indizível nos romances e contos
introspectivos de Clarice Lispector e a precisão arquitetônica, substantiva, da poesia
de João Cabral retoma e fecunda as experiências modernistas desenvolvidas no
país.
Simultaneamente, podemos ver esses autores como alicerce de nossa produção
literária contemporânea, seja na vertente mais ligada à exploração dos limites da
palavra poética, exemplificada pela poesia concretista das décadas de 1950 e
1960, seja na busca de engajamento, Gullar, Thiago de Melo e muitos outros.
Também entre contistas e romancistas da atualidade – como Lígia Fagundes
Telles, José Cândido de Carvalho, Fernando Sabino, Murilo Rubião, Dalton
Trevisan, Cony, Autran Dourado, Dionélio Machado e João Ubaldo Ribeiro –
verificamos ressonâncias dos escritores de 45, especialmente por meio de uma
ficção intimista que se ocupa em escavar os conflitos do homem em
sociedade, tendo como horizonte provocar uma contínua reflexão, em seus inúmeros
matizes, sobre a vida moderna.
A esses novos criadores – não podemos deixar de lembrar – somam-se aqueles
que os antecederam q que se tornaram vozes definitivas da literatura brasileira e
universal. Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Oswald
de Andrade e Graciliano Ramos constituem exemplos de menção imprescindível
neste rápido balanço de nossa produção literária moderna e contemporânea.
Os grandes autores da geração da terceira geração
modernista.
Quando seus pais viajavam para o Brasil, como imigrantes
vindos da Ucrânia, Clarice Lispector nasceu, num navio. Chegou a
Maceió com dois meses de idade, com seus pais e duas irmãs. Em
1924, a família mudou-se para o Recife, e Clarice passou a
frequentar o grupo escolar João Barbalho. Aos oito anos, perdeu a
mãe. Três anos depois, transferiu-se com seu pai e suas irmãs
para o Rio de Janeiro. Em 1939, Clarice Lispector ingressou na
faculdade de direito, formando-se em 1943. Trabalhou como
redatora para a Agência Nacional e como jornalista no jornal "A
Noite". Casou-se em 1943 com o diplomata Maury Gurgel
Valente, com quem viveria muitos anos fora do Brasil. O casal
teve dois filhos, Pedro e Paulo, Paulo era afilhado do escritor Érico
Veríssimo.
Seu primeiro romance foi publicado em 1944, "Perto do Coração
Selvagem". No ano seguinte, a escritora ganhou o Prêmio Graça
Aranha, da Academia Brasileira de Letras. Dois anos depois
publicou "O Lustre". Em 1954, saiu a primeira edição francesa de
"Perto do Coração Selvagem". Em 1956, Clarice Lispector
escreveu o romance "A Maçã no Escuro" e começou a colaborar
com a Revista Senhor, publicando contos.
Separada de seu marido, radicou-se no Rio de Janeiro. Em
1960, publicou seu primeiro livro de contos, "Laços de
Família", seguido de "A Legião Estrangeira“ e de "A Paixão
Segundo G. H.", considerado um marco na literatura brasileira.
Sua carreira literária prosseguiu com os contos infantis de "A
Mulher que matou os Peixes", "Uma Aprendizagem ou O Livro dos
Prazeres" e "Felicidade Clandestina".
Nos anos 1970, Clarice Lispector ainda publicou "Água Viva", "A
Imitação da Rosa", "Via Crucias do Corpo" e "Onde Estivestes de
Noite?".
Reconhecida pelo público e pela crítica, em 1976 recebeu o
prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de
sua obra.
No ano seguinte publicou "A Hora da Estrela", seu último
romance, que foi adaptado para o cinema em 1985.
Clarice Lispector morreu de câncer, na véspera de seu
aniversário de 57anos.
Com seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem [ver
Antologia], Clarice desperta estranhamento e surpresa em alguns
críticos, precisamente porque sua obra não se enquadrava em qualquer
programa dos modernistas, nem dos regionalistas do período anterior.
O trabalho da escritora é complexo e identificado como o ponto mais alto da
segunda fase do Modernismo. O tema dominante versa sobre a necessidade
que o homem tem de amparar-se na linguagem para suportar o desamparo
diante do universo, recoberto pelo silêncio intraduzível.
A tarefa da escritora é aprisionar esse silêncio e dar-lhe sentido. Esse trabalho
exige contínuas retomadas que vão criando um discurso
paradoxal, transitório, assim definido por Benedito Nunes: "o sentido erra entre
o exprimível dos significantes e o inexprimível do significado".
Nas obras de Clarice se destacam: o emprego intenso da metáfora, o fluxo da
consciência e o rompimento com o enredo. No conjunto, essa técnica colabora
para a visitação do mundo interior das personagens, sempre manifestado pela
subjetividade em crise. A memória serve de elo condutor entre o subjetivo e o
"real", favorecendo à auto-análise, numa espécie de "um contínuo denso de
experiência existencial".
Essa experiência resulta em despersonalização das personagens, diante da
impossibilidade da representação do mundo e do quotidiano, enquanto buscam
o centro de si mesmas. É, pois, uma queda no vazio, provocadora de
horror, como em A Paixão Segundo G.H. [ver Antologia]. Seus temas mais
comuns são: a relação entre o bem e o mal, a culpa, o crime, o castigo e o
pecado.
Num conjunto de treze contos, Clarice Lispector nos apresenta o retrato de
uma época: a nossa.
Por meio de uma linguagem cuidadosamente empregada, ela vai levando-
nos pelos caminhos de sua sensibilidade a identificar as mazelas e a
deterioração de nossas estruturas e valores. O livro enfoca e fotografa o
desmoronamento de todo um complexo de instituições, fórmulas e
convenções sociais; a coisificação do homem, mero espectador de sua
própria tragédia animal, ―fechado entre as quatro paredes de seu
sábado‖, preso nos apartamentos frios e impessoais, onde tudo vai
bem, enquadrado no esquema da maioria inócua e ridícula. ―Laços de
Família‖ se inclui entre os melhores livros de contos de nossa Literatura.
São 13 contos centrados, tematicamente, no processo de aprisionamento
dos indivíduos por meio dos "laços de família", de sua prisão doméstica, de
seu cotidiano. As formas de vida convencionais e estereotipadas vão se
repetindo a cada geração, submetendo as consciências e as vontades. A
dissecação da classe média carioca resulta numa visão, desencantada e
descrente dos liames familiares, dos "laços" de conveniência e interesse
que minam precária união familiar.
Há um aspecto a ser levantado nas personagens criadas por ela.
Usualmente, são moças, velhas, casadas, solteiras, enfim, mulheres e sua
realidade social e pessoal deflagradas sob o olhar
hipnotizante e martirizado de Clarice.
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.
Clarice Lispector
Guimarães Rosa (1908-1967) foi escritor brasileiro. O romance "Grandes
Sertões: Veredas" é sua obra prima. Fez parte do 3º Tempo do
Modernismo, caracterizado pelo rompimento com as técnicas tradicionais do
romance.
Guimarães Rosa (1908-1967) nasceu em Cordisburgo, pequena cidade do
interior de Minas Gerais. Filho de comerciante da região, aí fez seus estudos
primários, seguindo em 1918 para Belo Horizonte, para casa de seus
avós, onde estudou no Colégio Arnaldo. Cursou Medicina na Universidade de
Minas Gerais, formando-se em 1930. Datam dessa fase seus primeiros
contos, publicados na revista O Cruzeiro.
Depois de formado foi exercer a profissão em Itaguara, município de
Itaúna, onde permaneceu por dois anos. Culto, sabia falar mais de nove
idiomas. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, voltou para Belo
Horizonte para servir como médico voluntário da Força Pública. Posteriormente
atuou como oficial médico no 9º Batalhão de Infantaria em Barbacena.
Em 1934 vai para o Rio de janeiro, presta concurso para o Itamarati. Obtém o
segundo lugar. Em 1936, participou de um concurso ao Prêmio de poesia da
Academia Brasileira de Letras, com uma coletânea de contos chamada
"Magma", conquistando o primeiro lugar. Mas não publicou a obra. Em
1937, começou a escrever "Sagarana", volume de contos, retratando a
paisagem mineira, a vida das fazendas, dos vaqueiros e criadores de gado.
Com a obra participa de um concurso mas não é classificado.
Entre os anos de 1938 e 1944, foi nomeado cônsul-adjunto na cidade de
Hamburgo, Alemanha. Quando o Brasil rompeu a aliança com a Alemanha,
durante a Segunda Guerra, Guimarães foi preso, em 1942 e no ano seguinte foi
para Bogotá, como Secretário da Embaixada Brasileira. Em 1945 vai rever os
lugares onde passou a infância. Em 1946, depois de refazer a obra, publica
"Sagarana". O estilo era absolutamente novo, a paisagem mineira ressurgia viva
e colorida. Sucesso de crítica e público, Recebe o Prêmio da Sociedade Felipe
d'Oliveira, esgotando-se, num mesmo ano, duas edições
De 1946 a 1951, reside em Paris. Em 1952, em excursão ao estado de Mato
Grosso, conviveu com os vaqueiros do oeste do Brasil, e escreve uma
reportagem poética, "Com o Vaqueiro Mariano", publicada no Correio da Manhã.
Passados dez anos de sua estréia, Guimarães publica, em 1956, "Corpo de
Baile" e "Grandes Sertões: Veredas".
A novela "Corpo de Baile", obra em dois volumes, com 822 páginas, publicada
em janeiro de 1956, Guimarães continua a mesma apresentação focada em
"Sagarana", mas, agora com arrojadas experiências linguísticas. Em maio do
mesmo ano, publica "Grandes Sertões: Veredas", narrativa épica, em seiscentas
páginas, onde apresenta o mundo dos jagunços e dos coronéis. A obra causa
impacto, pela temática e pela linguagem caboclo-sertaneja.
Guimarães Rosa é promovido a embaixador, em 1958, mas prefere não sair do
Brasil, permanece no Rio de janeiro. Em 1963 é eleito para a Academia
Brasileira de Letras, somente tomou posse em 1967. Três dias depois de tomar
posse, tem um infarto.
João Guimarães Rosa morre no Rio de Janeiro, no dia 19 de novembro de 1967.
 O autor era extremamente místico, ligado a pensamentos supersticiosos.
As crenças politeístas e os fluídos bons e maus faziam parte de sua vida.
Assim, curandeiros, feiticeiros, quimbanda, umbanda, espiritismo e a força
dos astros refletiam em concordância com as ideias deste autor.
Por este motivo, se estabelece uma relação entre a inovação na fala das
personagens e o regionalismo envolto em um ―sertão místico‖, como
denomina o autor José de Nicola.
A obra de Rosa é extremamente inovadora e original. Havia o uso do
neologismos em suas obras(a arte de inventar palavras) que o autor
utilizava em seu regionalismo,onde descrevia o sertão mineiro
representado principalmente pelos jagunços(bandos de soldados,como os
cangaceiros na Região Nordeste),saindo da linguagem inteiramente
cotidiana e do sertão ‗‘superficial‘‘(as particularidades e cotidiano de
povo),para uma linguagem nutrida pela fusão da erudição,da
formalidade(neologismos) com a linguagem popular,modificando
radicalmente o regionalismo na literatura.
 O regionalismo de Rosa pode ser classificado como universal pois sertão
rosiano não é apenas um simples sertão. O sertão rosiano é o próprio
mundo dos personagens,não um lugar que causa a miséria,a pobreza dos
personagens como os de Graciliano Ramos,e sim um lugar ideal para a
reflexão psicológica dos personagens de Rosa sobre o existencialismo da
vida,sobre temas ambíguos que estão presentes em todos os
homens(como a existência do diabo,ou de Deus;). Ou seja,seus
personagens não serão enxergados apenas pelo seu costumes,e sim
também pelos seus conflitos internos e sentimentos. Com isso o sertão de
Rosa será um universo mítico e supersticioso,seus personagens terão
crenças politeístas e serão umbandistas e espíritas.O linguajar de Rosa
será uma mistura do real,do irreal e universal.
A obra, uma das mais importantes da literatura brasileira, é
elogiada pela linguagem e pela originalidade de estilo presentes no
relato de Riobaldo ,ex–jagunço que relembra suas lutas, seus
medos e o amor reprimido por Diadorim.
O romance "Grande Sertão: Veredas" é considerado uma das mais
significativas obras da literatura brasileira. Publicada em
1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão – mais de
600 páginas – e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa
fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico
da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da
segunda fase do movimento, para criar uma obra única e
inovadora. O espaço geral da obra é o sertão. Os nomes citados
podem causar estranheza e confundir os leitores que
desconhecem a região. É preciso entender, no entanto, que essa
confusão criada pelos diversos nomes e regiões é proposital. Ela
torna o enredo uma espécie de labirinto, como se fosse uma
metáfora da vida. A travessia desse labirinto, por analogia, pode
ser interpretada como a travessia da existência.
(...) a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se
deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa
que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a
idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato
é."
"O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito
governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa...―
"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.―
"Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, questão de
opiniães..."
"O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais."
Guimarães Rosa-
João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de
janeiro de 1920, na Rua da Jaqueira. Passou a infância em engenhos de
açúcar.
Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no
Colégio Marista.
Em 1940, viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo
Mendes. Este o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de
intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima.
Em 1942 marca a publicação de seu primeiro livro, ―Pedra do Sono‖. sendo
aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP
(Departamento de Administração do Serviço Público). Freqüenta, então, os
intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro
do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amadosna Revista do Brasil.
O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico
Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em
dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do
Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de
Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de
Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.
É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-
cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de
poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual, imprime ―Psicologia da
Composição‖.Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e
Luiz, respectivamente.
Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o
recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras.
A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que
reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida
severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido
para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer
pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a
residir.
Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No
ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de
Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a
Medalha de Humanidades do Nordeste.Em 1976, é condecorado
Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979, como
Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador
em Quito, Equador, e publica ―A escola das Facas‖.
Em 1982, é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do
Porto, em Portugal, como cônsul geral.
Acaba por morrer de depressão aos 79 anos.
João Cabral de Melo Neto dizia que o esforço do poeta era dizer algo
abstrato através de uma linguagem concreta. Nesse sentido, ele buscava no
exercício de diferentes linguagens despertar os sentidos. Mas não o fazia pelo
caminho mais fácil – aquele da ―poesia perfumada‖ conforme sua definição –
mas sim pelo ―caminho esburacado‖, no qual ―cada palavra era um obstáculo ao
leitor‖. Essa era a poesia de João Cabral, uma poesia áspera.
Cada palavra era por ele pensada, medida, escolhida para a construção da sua
obra, tal como faz um engenheiro com seus projetos. Construir
sentidos, construir imagens. A poesia da concretude.
Com João Cabral de Melo Neto é possível perceber que o esforço também é
prazeroso, que o pensar arduamente cada detalhe da construção de uma obra
(seja ela um poema ou não) é excitante, porque ativa a inteligência humana.
Morte e Vida severina é um livro do escritor , escrito entre 1954 e 1955 e
publicado em 1955.
O nome do livro é uma alusão ao sofrimento enfrentado pela personagem.
O livro apresenta um poema dramático, que relata a dura trajetória de
um migrante nordestino em busca de uma vida mais fácil e favorável no litoral.
Morte e Vida Severina é a narrativa em versos da viagem que o retirante
Severino faz de sua terra — a serra da Costela, nos limites da Paraíba — até
Recife, seguindo o curso do rio Capibaribe.
Chamada auto pelo próprio autor, assemelha-se às composições de caráter
religioso ou moral dos séculos XV e XVI, cuja representação teve origem nos
Presépios, encenações do nascimento de Cristo, típicas também em
Pernambuco, estado em que corre a obra de João Cabral de Melo Neto.
Os versos que compõem a narrativa são predominantemente redondilhas e
não apresentam estrutura rímica regular. Divide-se o
texto em dezoito quadros — cujos títulos são uma pequena síntese do que será
lido adiante. Os nove primeiros retratam o curso da viagem de Severino a
Recife; os outros, suas experiências na cidade que tanto esperava.
O meu nome é Severino,
como não tenho outro da pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria.
Como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos:é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da Serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos
já finados,Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
João Cabral de Melo Neto
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  • 1.
  • 2.  Fim do estado novo (1945)  Retorno de Getúlio Vargas à presidência (1951-1954)  Mandato de Juscelino Kubitschek (1956-1961)  Fundação de Brasília, nova capital politica do pais (1960)  Jânio Quadros na Presidência (1961)  João Goulart na Presidência (1961-março de 1964)  1945-1963 Período Democrático  Predominância de Modelos Políticos Populistas  O Nacionalismo com Bandeira Esquerdizante  Nacional – Desenvolvimento X Reação das Classes Conservador  Interesse Pela Cultura Popular X Cosmopolitismo
  • 3. Nesses quase vinte anos, os fatos históricos que se sucedem fazem parte de nossa memória nacional mais recente: o fim do Estado Novo, o afastamento temporário de Getúlio da vida política, seu retorno , a presidência de Juscelino Kubitschek, a fundação de Brasília nova capital do país, as presidências de Jânio Quadros e de João Goulart. Adotando modelos políticos populistas, o Brasil tenta encontrar os rumos de seu desenvolvimento. Apesar da grande abertura ao capital estrangeiro proporcionada pelo Plano de Metas do governo Juscelino, será apenas na fase seguinte, com a ditadura militar (1964-1978), que se consolidará o modelo econômico assentado no Estado, nas multinacionais e no capital nacional. Em 1979, com a pose do presidente Figueiredo, é assinado o decreto de anistia aos presos políticos, implementa-se a reforma partidária e tem início o processo de redemocratização do país.
  • 4. O Tema e a ideologia do desenvolvimento dão cores esquerdizantes ao nacionalismo, bandeira vinculada à direita nos anos 20. Nesse contexto, renova-se o gosto pela arte regional e popular, cujo potencial revolucionário torna-se objeto de grande atenção. Em contrapartida, as camadas conservadoras reagem sistematicamente contra as manifestações políticas nacionais-populistas. No cenário internacional do pós-guerra, a Guerra Fria e a ameaça atômica predominam a partir de 1945, dividindo o mundo em sistemas que mutuamente se hostilizam. Nessa oscilação entre enfatizar o nacional e reprimi-lo, entre resgatar o passado e descobrir o futuro, entre a consideração eminentemente política da necessidade de testemunhar o momento político presente e uma aura quase mítica de entusiasmo generalizado pela mídia e pela máquina – dois fetiches ligados à explosão industrial dos anos 60 tanto na Europa quanto nos Estados Unidos -, nasce o que alguns chamam de ―fim do Modernismo‖ e, outros, de ―Neo-Modernismo‖. Trata-se da geração de 45, que passaremos a conhecer.
  • 5.  Retrocesso em relação às conquistas de 22.  Volta ao passado: revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das referências mitológicas.  Passadismo, academicismo.  Introdução de uma nova cultura internacional nas letras brasileiras.  Os grandes criadores de 45, que retomam e fecundam as experiências desenvolvidas no país  Prosa João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.  Poesia: João Cabral de Melo Neto.  Literatura: constante pesquisa da linguagem + senso do compromisso entre arte e realidade, engajamento.  Síntese de ambas as gerações: experimentalismo + maturidade artística; nacionalismo + universalismo.  Guimarães Rosa: narrativas mito poéticas, que resgatam a sutileza do elo entre a fala e o texto literário.  Clarice Lispector: romances e contos introspectivos, que dialogam com as fronteiras do indizível.  João Cabral: poesia que associa compromisso social e precisão arquitetônica, substantiva.
  • 6. Do ponto de vista literário, esta geração representa um retrocesso em relação às conquistas de 22: ela propõe uma volta ao passado, com a revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das referências mitológicas. A geração de 45 é, nesse sentido, passadista, acadêmica, inexpressiva em termos de grandes autores e grandes obras, mesmo abordando temas contemporâneos. Por outro lado, coube a ela introduzir, muito positivamente, uma nova cultura internacional nas letras brasileiras. Autores como Rainer Maria Rilke, Ezra Pound, T. S. Eliot, Fernando Pessoa, Paul Valéry, Frederico Garcia Lorca influenciaram-na significativamente. Domingos Carvalho da silva Alphonsus de Guimarães Filho, Péricles Eugênio da silva Ramos e Ledo Ivo constituem alguns dos principais representantes da geração de 45. Em contraposição a esta produção passadista, três grandes escritores se sobressaem João Guimarães Rosa e Clarice Lispector, na prosa, e João Cabral de Melo Neto, que chegou a pertencer à geração de 45, na poesia. Além de praticarem a literatura como constante pesquisa de linguagem, como expressão artística caracterizada preocupação formal e estética, tais criadores têm em comum o senso do compromisso entre arte e realidade, o engajamento do escritor e de sua obra na vida social. Assim, retomam a perspectiva nacionalista da primeira fase do Modernismo a geração de 22 e também a perspectiva universalista da segunda fase a geração de 30.
  • 7. Podem-se considerar os três autores uma síntese de ambas as gerações, já que ao experimentalismo da primeira acrescentam a maturidade artística da segunda, unindo, também, nacionalismo e universalismo. A sutileza do elo entre a fala e o texto transfigurados das narrativas mitopoéticas de Guimarães Rosa, o diálogo com as fronteiras do indizível nos romances e contos introspectivos de Clarice Lispector e a precisão arquitetônica, substantiva, da poesia de João Cabral retoma e fecunda as experiências modernistas desenvolvidas no país. Simultaneamente, podemos ver esses autores como alicerce de nossa produção literária contemporânea, seja na vertente mais ligada à exploração dos limites da palavra poética, exemplificada pela poesia concretista das décadas de 1950 e 1960, seja na busca de engajamento, Gullar, Thiago de Melo e muitos outros. Também entre contistas e romancistas da atualidade – como Lígia Fagundes Telles, José Cândido de Carvalho, Fernando Sabino, Murilo Rubião, Dalton Trevisan, Cony, Autran Dourado, Dionélio Machado e João Ubaldo Ribeiro – verificamos ressonâncias dos escritores de 45, especialmente por meio de uma ficção intimista que se ocupa em escavar os conflitos do homem em sociedade, tendo como horizonte provocar uma contínua reflexão, em seus inúmeros matizes, sobre a vida moderna. A esses novos criadores – não podemos deixar de lembrar – somam-se aqueles que os antecederam q que se tornaram vozes definitivas da literatura brasileira e universal. Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Oswald de Andrade e Graciliano Ramos constituem exemplos de menção imprescindível neste rápido balanço de nossa produção literária moderna e contemporânea.
  • 8. Os grandes autores da geração da terceira geração modernista.
  • 9.
  • 10. Quando seus pais viajavam para o Brasil, como imigrantes vindos da Ucrânia, Clarice Lispector nasceu, num navio. Chegou a Maceió com dois meses de idade, com seus pais e duas irmãs. Em 1924, a família mudou-se para o Recife, e Clarice passou a frequentar o grupo escolar João Barbalho. Aos oito anos, perdeu a mãe. Três anos depois, transferiu-se com seu pai e suas irmãs para o Rio de Janeiro. Em 1939, Clarice Lispector ingressou na faculdade de direito, formando-se em 1943. Trabalhou como redatora para a Agência Nacional e como jornalista no jornal "A Noite". Casou-se em 1943 com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem viveria muitos anos fora do Brasil. O casal teve dois filhos, Pedro e Paulo, Paulo era afilhado do escritor Érico Veríssimo. Seu primeiro romance foi publicado em 1944, "Perto do Coração Selvagem". No ano seguinte, a escritora ganhou o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras. Dois anos depois publicou "O Lustre". Em 1954, saiu a primeira edição francesa de "Perto do Coração Selvagem". Em 1956, Clarice Lispector escreveu o romance "A Maçã no Escuro" e começou a colaborar com a Revista Senhor, publicando contos.
  • 11. Separada de seu marido, radicou-se no Rio de Janeiro. Em 1960, publicou seu primeiro livro de contos, "Laços de Família", seguido de "A Legião Estrangeira“ e de "A Paixão Segundo G. H.", considerado um marco na literatura brasileira. Sua carreira literária prosseguiu com os contos infantis de "A Mulher que matou os Peixes", "Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres" e "Felicidade Clandestina". Nos anos 1970, Clarice Lispector ainda publicou "Água Viva", "A Imitação da Rosa", "Via Crucias do Corpo" e "Onde Estivestes de Noite?". Reconhecida pelo público e pela crítica, em 1976 recebeu o prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de sua obra. No ano seguinte publicou "A Hora da Estrela", seu último romance, que foi adaptado para o cinema em 1985. Clarice Lispector morreu de câncer, na véspera de seu aniversário de 57anos.
  • 12. Com seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem [ver Antologia], Clarice desperta estranhamento e surpresa em alguns críticos, precisamente porque sua obra não se enquadrava em qualquer programa dos modernistas, nem dos regionalistas do período anterior. O trabalho da escritora é complexo e identificado como o ponto mais alto da segunda fase do Modernismo. O tema dominante versa sobre a necessidade que o homem tem de amparar-se na linguagem para suportar o desamparo diante do universo, recoberto pelo silêncio intraduzível. A tarefa da escritora é aprisionar esse silêncio e dar-lhe sentido. Esse trabalho exige contínuas retomadas que vão criando um discurso paradoxal, transitório, assim definido por Benedito Nunes: "o sentido erra entre o exprimível dos significantes e o inexprimível do significado". Nas obras de Clarice se destacam: o emprego intenso da metáfora, o fluxo da consciência e o rompimento com o enredo. No conjunto, essa técnica colabora para a visitação do mundo interior das personagens, sempre manifestado pela subjetividade em crise. A memória serve de elo condutor entre o subjetivo e o "real", favorecendo à auto-análise, numa espécie de "um contínuo denso de experiência existencial". Essa experiência resulta em despersonalização das personagens, diante da impossibilidade da representação do mundo e do quotidiano, enquanto buscam o centro de si mesmas. É, pois, uma queda no vazio, provocadora de horror, como em A Paixão Segundo G.H. [ver Antologia]. Seus temas mais comuns são: a relação entre o bem e o mal, a culpa, o crime, o castigo e o pecado.
  • 13.
  • 14. Num conjunto de treze contos, Clarice Lispector nos apresenta o retrato de uma época: a nossa. Por meio de uma linguagem cuidadosamente empregada, ela vai levando- nos pelos caminhos de sua sensibilidade a identificar as mazelas e a deterioração de nossas estruturas e valores. O livro enfoca e fotografa o desmoronamento de todo um complexo de instituições, fórmulas e convenções sociais; a coisificação do homem, mero espectador de sua própria tragédia animal, ―fechado entre as quatro paredes de seu sábado‖, preso nos apartamentos frios e impessoais, onde tudo vai bem, enquadrado no esquema da maioria inócua e ridícula. ―Laços de Família‖ se inclui entre os melhores livros de contos de nossa Literatura. São 13 contos centrados, tematicamente, no processo de aprisionamento dos indivíduos por meio dos "laços de família", de sua prisão doméstica, de seu cotidiano. As formas de vida convencionais e estereotipadas vão se repetindo a cada geração, submetendo as consciências e as vontades. A dissecação da classe média carioca resulta numa visão, desencantada e descrente dos liames familiares, dos "laços" de conveniência e interesse que minam precária união familiar. Há um aspecto a ser levantado nas personagens criadas por ela. Usualmente, são moças, velhas, casadas, solteiras, enfim, mulheres e sua realidade social e pessoal deflagradas sob o olhar hipnotizante e martirizado de Clarice.
  • 15. Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la. Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre. Clarice Lispector
  • 16.
  • 17. Guimarães Rosa (1908-1967) foi escritor brasileiro. O romance "Grandes Sertões: Veredas" é sua obra prima. Fez parte do 3º Tempo do Modernismo, caracterizado pelo rompimento com as técnicas tradicionais do romance. Guimarães Rosa (1908-1967) nasceu em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Filho de comerciante da região, aí fez seus estudos primários, seguindo em 1918 para Belo Horizonte, para casa de seus avós, onde estudou no Colégio Arnaldo. Cursou Medicina na Universidade de Minas Gerais, formando-se em 1930. Datam dessa fase seus primeiros contos, publicados na revista O Cruzeiro. Depois de formado foi exercer a profissão em Itaguara, município de Itaúna, onde permaneceu por dois anos. Culto, sabia falar mais de nove idiomas. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, voltou para Belo Horizonte para servir como médico voluntário da Força Pública. Posteriormente atuou como oficial médico no 9º Batalhão de Infantaria em Barbacena. Em 1934 vai para o Rio de janeiro, presta concurso para o Itamarati. Obtém o segundo lugar. Em 1936, participou de um concurso ao Prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras, com uma coletânea de contos chamada "Magma", conquistando o primeiro lugar. Mas não publicou a obra. Em 1937, começou a escrever "Sagarana", volume de contos, retratando a paisagem mineira, a vida das fazendas, dos vaqueiros e criadores de gado. Com a obra participa de um concurso mas não é classificado.
  • 18. Entre os anos de 1938 e 1944, foi nomeado cônsul-adjunto na cidade de Hamburgo, Alemanha. Quando o Brasil rompeu a aliança com a Alemanha, durante a Segunda Guerra, Guimarães foi preso, em 1942 e no ano seguinte foi para Bogotá, como Secretário da Embaixada Brasileira. Em 1945 vai rever os lugares onde passou a infância. Em 1946, depois de refazer a obra, publica "Sagarana". O estilo era absolutamente novo, a paisagem mineira ressurgia viva e colorida. Sucesso de crítica e público, Recebe o Prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira, esgotando-se, num mesmo ano, duas edições De 1946 a 1951, reside em Paris. Em 1952, em excursão ao estado de Mato Grosso, conviveu com os vaqueiros do oeste do Brasil, e escreve uma reportagem poética, "Com o Vaqueiro Mariano", publicada no Correio da Manhã. Passados dez anos de sua estréia, Guimarães publica, em 1956, "Corpo de Baile" e "Grandes Sertões: Veredas". A novela "Corpo de Baile", obra em dois volumes, com 822 páginas, publicada em janeiro de 1956, Guimarães continua a mesma apresentação focada em "Sagarana", mas, agora com arrojadas experiências linguísticas. Em maio do mesmo ano, publica "Grandes Sertões: Veredas", narrativa épica, em seiscentas páginas, onde apresenta o mundo dos jagunços e dos coronéis. A obra causa impacto, pela temática e pela linguagem caboclo-sertaneja. Guimarães Rosa é promovido a embaixador, em 1958, mas prefere não sair do Brasil, permanece no Rio de janeiro. Em 1963 é eleito para a Academia Brasileira de Letras, somente tomou posse em 1967. Três dias depois de tomar posse, tem um infarto. João Guimarães Rosa morre no Rio de Janeiro, no dia 19 de novembro de 1967.
  • 19.  O autor era extremamente místico, ligado a pensamentos supersticiosos. As crenças politeístas e os fluídos bons e maus faziam parte de sua vida. Assim, curandeiros, feiticeiros, quimbanda, umbanda, espiritismo e a força dos astros refletiam em concordância com as ideias deste autor. Por este motivo, se estabelece uma relação entre a inovação na fala das personagens e o regionalismo envolto em um ―sertão místico‖, como denomina o autor José de Nicola. A obra de Rosa é extremamente inovadora e original. Havia o uso do neologismos em suas obras(a arte de inventar palavras) que o autor utilizava em seu regionalismo,onde descrevia o sertão mineiro representado principalmente pelos jagunços(bandos de soldados,como os cangaceiros na Região Nordeste),saindo da linguagem inteiramente cotidiana e do sertão ‗‘superficial‘‘(as particularidades e cotidiano de povo),para uma linguagem nutrida pela fusão da erudição,da formalidade(neologismos) com a linguagem popular,modificando radicalmente o regionalismo na literatura.  O regionalismo de Rosa pode ser classificado como universal pois sertão rosiano não é apenas um simples sertão. O sertão rosiano é o próprio mundo dos personagens,não um lugar que causa a miséria,a pobreza dos personagens como os de Graciliano Ramos,e sim um lugar ideal para a reflexão psicológica dos personagens de Rosa sobre o existencialismo da vida,sobre temas ambíguos que estão presentes em todos os homens(como a existência do diabo,ou de Deus;). Ou seja,seus personagens não serão enxergados apenas pelo seu costumes,e sim também pelos seus conflitos internos e sentimentos. Com isso o sertão de Rosa será um universo mítico e supersticioso,seus personagens terão crenças politeístas e serão umbandistas e espíritas.O linguajar de Rosa será uma mistura do real,do irreal e universal.
  • 20.
  • 21. A obra, uma das mais importantes da literatura brasileira, é elogiada pela linguagem e pela originalidade de estilo presentes no relato de Riobaldo ,ex–jagunço que relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim. O romance "Grande Sertão: Veredas" é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e inovadora. O espaço geral da obra é o sertão. Os nomes citados podem causar estranheza e confundir os leitores que desconhecem a região. É preciso entender, no entanto, que essa confusão criada pelos diversos nomes e regiões é proposital. Ela torna o enredo uma espécie de labirinto, como se fosse uma metáfora da vida. A travessia desse labirinto, por analogia, pode ser interpretada como a travessia da existência.
  • 22. (...) a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é." "O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa...― "Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.― "Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, questão de opiniães..." "O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais." Guimarães Rosa-
  • 23.
  • 24. João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na Rua da Jaqueira. Passou a infância em engenhos de açúcar. Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no Colégio Marista. Em 1940, viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Este o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. Em 1942 marca a publicação de seu primeiro livro, ―Pedra do Sono‖. sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Freqüenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amadosna Revista do Brasil. O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo. É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice- cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual, imprime ―Psicologia da Composição‖.Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente.
  • 25. Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir. Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.Em 1976, é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979, como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador em Quito, Equador, e publica ―A escola das Facas‖. Em 1982, é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Acaba por morrer de depressão aos 79 anos.
  • 26. João Cabral de Melo Neto dizia que o esforço do poeta era dizer algo abstrato através de uma linguagem concreta. Nesse sentido, ele buscava no exercício de diferentes linguagens despertar os sentidos. Mas não o fazia pelo caminho mais fácil – aquele da ―poesia perfumada‖ conforme sua definição – mas sim pelo ―caminho esburacado‖, no qual ―cada palavra era um obstáculo ao leitor‖. Essa era a poesia de João Cabral, uma poesia áspera. Cada palavra era por ele pensada, medida, escolhida para a construção da sua obra, tal como faz um engenheiro com seus projetos. Construir sentidos, construir imagens. A poesia da concretude. Com João Cabral de Melo Neto é possível perceber que o esforço também é prazeroso, que o pensar arduamente cada detalhe da construção de uma obra (seja ela um poema ou não) é excitante, porque ativa a inteligência humana.
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  • 28. Morte e Vida severina é um livro do escritor , escrito entre 1954 e 1955 e publicado em 1955. O nome do livro é uma alusão ao sofrimento enfrentado pela personagem. O livro apresenta um poema dramático, que relata a dura trajetória de um migrante nordestino em busca de uma vida mais fácil e favorável no litoral. Morte e Vida Severina é a narrativa em versos da viagem que o retirante Severino faz de sua terra — a serra da Costela, nos limites da Paraíba — até Recife, seguindo o curso do rio Capibaribe. Chamada auto pelo próprio autor, assemelha-se às composições de caráter religioso ou moral dos séculos XV e XVI, cuja representação teve origem nos Presépios, encenações do nascimento de Cristo, típicas também em Pernambuco, estado em que corre a obra de João Cabral de Melo Neto. Os versos que compõem a narrativa são predominantemente redondilhas e não apresentam estrutura rímica regular. Divide-se o texto em dezoito quadros — cujos títulos são uma pequena síntese do que será lido adiante. Os nove primeiros retratam o curso da viagem de Severino a Recife; os outros, suas experiências na cidade que tanto esperava.
  • 29. O meu nome é Severino, como não tenho outro da pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria. Como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem falo ora a Vossas Senhorias? Vejamos:é o Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos já finados,Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida). João Cabral de Melo Neto