Aristóteles fundou a escola Liceu em Atenas para estudar ciências naturais. Ele classificou os campos do saber em teoréticos, práticos e produtivos. A filosofia para Aristóteles era o estudo de todos os campos do conhecimento, com a metafísica e teologia sendo os pontos mais altos.
2. ARISTÓTELES
Viveu entre 384 a.C. e 322 a.C.
em Estagira, na Macedônia, filho
do médico Nicômaco – que era
amigo pessoal do rei macedônico
Amintas III, que viria a ser o avô
de Alexandre Magno, o grande
imperador responsável pelo
domínio sobre a Grécia e a Pérsia.
A amizade das famílias fez que Aristóteles fosse escolhido como
preceptor do grande Alexandre Magno entre 343 a.C. e 340 a.C.
3. Tendo sido aluno de Platão na Academia, Aristóteles funda a sua
própria escola, o Liceu, nos arredores de Atenas.
O Liceu é antes de tudo um centro de estudo das ciências
naturais.
Havia dois tipos de cursos:
• Esotéricos: direcionado ao público mais avançado e restrito,
tratava da lógica, da física e da metafísica, com aulas no
período da manhã.
• Exotéricos: direcionado a um público amplo, com aulas no
período da tarde, discutia temas relacionados à retórica, à
política e literatura.
4. A história da Filosofia atribui a Aristóteles a inauguração de uma
nova era no desenvolvimento do conhecimento, chamado
Período Sistemático.
Aristóteles produz uma verdadeira enciclopédia de todo o saber
produzido até à sua época pelos gregos, em todos os ramos do
pensamento e da prática. Para ele, a Filosofia era nada menos
que esse conjunto de saberes.
Não se trata, portanto, de um saber específico, mas uma forma
de conhecer todas as coisas.
5. Além de ser o conhecimento da totalidade dos conhecimentos e
das práticas humanas, a Filosofia (em Aristóteles) estabelece
uma diferença entre esses conhecimentos, distribuindo-os numa
escala que vai dos mais simples aos mais complexos e
superiores.
Cada sabe, portanto, possui um objeto específico,
procedimentos específicos, formas próprias de demonstração e
prova. Cada campo de conhecimento é uma ciência – ou, para
os gregos, epistéme.
6. Aristóteles afirma que antes de os campos científicos se
constituírem, antes de desenvolverem procedimentos próprios, é
necessário antes conhecer (e respeitar) os princípios gerais que
governam o pensamento – independentemente do conteúdo que
possa vir a ser pensado.
Ele dá o nome de analítica ao estudo dos princípios e das
formas do pensamento, independentemente do conteúdo. Na
Idade Média, a analítica passou a ser chamada de lógica.
A lógica não é uma ciência, mas um instrumento da ciência.
7. Classificação aristotélica dos campos do saber:
• Ciências produtivas: estudam as práticas produtivas ou a
técnicas nela envolvidas. Concentra-se nas ações humanas
cuja finalidade ultrapassa a ação em si, objetivando um objeto
ou uma obra.
• Arquitetura (objetiva a edificação de algo);
• Economia (objetiva a produção agrícola, o artesanato, o
comércio, isto é, produções que visam a sobrevivência e
o acúmulo de riqueza);
• Medicina (objetiva a saúde e a cura das doenças);
8. • Pintura, escultura, poesia, teatro;
• Oratória;
• Arte da guerra;
• Arte da caça;
• Arte da navegãção.
São objeto das ciências produtivas todas as atividades
humanas, técnicas ou artísticas, que resultam num produto
ou numa obra distintos do produtor.
9. • Ciências práticas: estudam as práticas humanas que têm
nelas mesmas seu próprio fim – ou seja, que não têm por
finalidade um produto separado do agente.
Não resultam em obra distinta do agente.
• Ética, cuja ação é realizada pela vontade guiada pela
razão e tendo o bem do indivíduo como finalidade. Este
bem é alcançado pela prática voluntária das virtudes
morais.
• Política, resultante de uma ação racional e voluntária,
tendo como fim o bem da comunidade ou o bem comum.
10. • Ciências teoréticas ou contemplativas: estudam as coisas cuja
existência independe dos homens e de suas ações. Não
sendo obra humana, podem ser por estes apenas
contempladas. Na concepção aristotélica, são as verdadeiras
theorias >> que significa contemplação da verdade.
O que existe por si mesmo, independentemente do homem?
São as coisas da natureza e as coisas divinas.
Aristóteles as classifica por ordem de importância, iniciando
na menos importante para a importância mais elevada.
11. I. Ciência das coisas naturais submetidas à mudança
(devir):
a. Física;
b. Biologia;
c. Meteorologia;
d. Psicologia (os gregos consideravam a alma,
psyché, como um ser natural e existente sob formas
variadas em todos os seres vivos > homens,
plantas, animais);
II. Ciências das coisas naturais não submetidas à mudança
(devir):
a. Matemática;
12. III. Ciência da realidade pura: Não é natural mutável, nem
natural imutável, nem resulta da ação ou da fabricação
humana. Trata-se da essência ou substância de tudo
que existe, em toda e qualquer realidade – seja natural,
matemática, ética, política ou técnica.
Aristóteles a chama de Filosofia Primeira.
Nos séculos seguintes, desenvolveu-se uma tradição
entre os bibliotecários de colocar os livros de Filosofia
Primeira logo após os livros de Física. Desta forma,
eles passaram a ser conhecidos como livros de
Metafísica, pois para os gregos meta é o que está além,
o que vem depois.
13. IV. Ciência das coisas divinas: São a causa e a finalidade
de tudo o que existe na natureza e no homem. A palavra
grega para Deus é théos e as coisas divinas são
chamadas theion. Por isso, a última ciência aristotélica
recebe o nome de teologia.
Para Aristóteles, a Filosofia tem na Metafísica e na Teologia seus
pontos mais altos.
14. A classificação aristotélica permaneceu válida como indicação do
campo de investigação filosófica até o século XIX, quando o
desenvolvimento das ciências particulares propiciou que se
separassem do tronco geral da Filosofia.
15. A partir da classificação aristotélica, pode-se delimitar os três
campos de investigação da Filosofia:
1. Conhecimento do ser: realidade fundamental e primordial de
todas as coisas, a essência de toda realidade. Este é o
campo da Ontologia, que abriga a Metafísica e a Teologia.
2. Conhecimento das ações humanas ou dos valores e das
finalidades da ação humana:
a. Ações que têm por finalidade a própria ação: Ética e
Política;
b. Ações que têm por finalidade um produto ou obra: as
técnicas e as artes e seus valores.
16. 3. Conhecimento da capacidade humana de conhecer:
Conhecimento do próprio pensamento em exercício.
a. Lógica: contém as leis gerais do pensamento;
b. Teoria do conhecimento: procedimentos pelos quais se
pode obter o conhecimento;
c. Ciências diversas;
d. Teoria das ciências (epistemologia): estuda e avalia os
procedimentos empregados pelas diferentes ciências na
busca pelo conhecimento.
17. Fontes bibliográficas:
ABRÃO, Bernadette Siqueira. A história da filosofia. São
Paulo, Ed. Nova Fronteira, 2004
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, 13ª edição,
Ed. Ática, 2005
GHIRALDELLI JR., Paulo. Introdução à filosofia. Barueri, Ed.
Manole, 2003