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MEMÓRIAS E ATOS DE LEITURA – RESSONÂNCIAS ACERCA DA
                    LITERATURA E MARCAS AINDA VÍVIDAS




                                               JANETE MARCIA DO NASCIMENTO
                                    Mestre em letras – Linguagem e Sociedade UNIOESTE.

                                                      CTESOP / jmarcia15@yahoo.com.br




Palavras chave: Leitura – Atos – Desejos – Vivências – Escrita – Ressonâncias




Introdução




          Este texto deseja expressar vivências de leitura de obras literárias ao
longo de décadas de trabalho docente em diferentes níveis e modalidades de
ensino. Será um texto narrado em primeira pessoa, por objetivar, dentre outros
aspectos, compartilhar atos de leitura de obras literárias, em geral infantis e infanto
juvenis para crianças, adolescentes, jovens e adultos realizadas em diferentes
momentos, lugares e com diversas pessoas em ocasiões distintas. Um elo se faz
notar: os espaços de leitura aqui expressos são espaços de docência – salas de
aula.

          Outro objetivo que moveu a escrita desse texto consiste no desejo de
publicar memórias ainda vívidas de experiências concretas do passado e do
presente, que corporificam o fio condutor da minha constituição como sujeito
docente professora escrileitora, pesquisadora e leitora voraz de obras literárias, que
por não caberem mais em mim, escorrem pelas aulas que, às vezes, inicio com
leituras, das quais gosto. Assim, serão narrados aqui, situações e feedbacks
diversos, que se desenharam durante aulas que inicio com a leitura de uma, duas ou
mais páginas de alguma obra literária. São momentos únicos, que se tornaram atos
constantes de deleite, prazer e conhecimento de diferentes obras, autores,
contextos. Práticas, às vezes inusitadas, que se fizeram e se fazem no cotidiano de
salas de aulas em escolas de ensino fundamental, em turmas de graduação e de
especialização, dentre outros lugares.

             A metodologia utilizada consistirá na apresentação de relatos chamados
atos de leitura. Tais atos serão discutidos a partir das marcas temporais /
cronológicas de surgimento, os relatos de memória1, bem como as obras literárias
que os alimentaram. Serão também mostrados nesse trabalho, alguns feedbacks de
pessoas (acadêmicos de graduação e crianças do Ensino Fundamental) que
aceitaram participar da corporificação desse texto, expressando suas intensidades
ao participarem dos atos de leitura que se dão durante as aulas.




Discussões e resultados




             Escrever sobre experiências vividas e ainda vívidas sobre leitura e
literatura é fazer, no máximo, escolhas. Pois ler, é viajar para muitos mundos,
adentrar vidas desconhecidas, compartilhar com elas sentidos que não os nossos. É
conviver com diferentes tempos, espaços, intensidades e vivências possíveis,
constantes ou não, próximas ou não. A leitura abre possibilidades; reconstrói
sentidos, define caminhos a serem percorridos. Estabelece elos! Possibilita nascer
escritas! Por isso, escrever pode significar costurar, emendar restos / sobras de
leitura. Aquilo que não cabe mais em nós, às vezes suplica por derramar-se em
forma de tinta no papel, para que outros tenham acesso às nossas sobras. Para que
possamos multiplicar e talvez imprimir nosso deleite em outras pessoas, lugares,
desejos!

             Gosto de ler. E quando leio, espalho pedaços de mim nos outros.
Compartilho minhas intensidades e possibilito desejos, de ler e de talvez escrever.
Mostro saídas, que se descobrem nos outros. Por isso, quero escrever sobre alguns
prazeres aqui nesse texto, que pretende ser leve, breve e se possível, belo!
Discutirei os momentos em que atos de leitura se deram em mim, por meio de

1
 Como em Memórias inventadas – as infâncias de Manoel de Barros – livro no qual o autor narra suas
memórias de infância de forma belíssima afirmando que só teve infância – a primeira, a segunda e a terceira,
pois segundo ele, continua a ser criança.
relatos de memórias de leitura, bem como dos atos ainda presentes no meu fazer
docente e suas intensidades.




Primeiro Ato: Ressonâncias acerca da leitura e marcas vívidas da literatura




          Lembro-me vividamente do meu primeiro contato com um livro de
literatura. Era infantil. Foi no grupo escolar onde estudei, em São Sebastião – um
pequeno distrito situado próximo ao município de Toledo, onde moro atualmente e
desde a infância. Eu tinha sete anos de idade e estava no primeiro ano primário. Já
sabia ler algumas palavras, mas não podíamos naquela época “pegar” ou “tocar” o
livro, que já era bem usado. A professora lia para nós, que escutávamos em silêncio,
quase sem respirar! Não me lembro do título ou do texto, mas as imagens
desbotadas de crianças e paisagens coloridas povoam ainda hoje, minhas
memórias. Não sei se era o único livro que lá havia, mas é dele que me lembro.
Apenas dele. No decorrer da escola primária, não me lembro de ter lido ou ouvido
outros livros de histórias, além deste que citei ou dos fragmentos de textos dos livros
didáticos de comunicação e expressão (era assim que se chamava a língua
portuguesa naquela época). Mas recordo-me de que as narrativas me encantavam!
Eu adorava ler, ouvir, entrar naquele mundo contado por escritas que me roubavam
da realidade o tempo todo para que eu pudesse habitar outros mundos.

          Na adolescência, com a mudança para a cidade, as leituras se
modificaram. Conheci os gibis, os romances, os filmes que passavam na televisão,
os desenhos animados e tantas outras formas de ler e me encantar. Tive sempre
muitos irmãos (somos seis em casa), primos, amigos e vizinhos com quem
trocávamos muitas leituras, sempre! Minha irmã devorava os romances. Eu preferia
os gibis que os meninos liam. Eram variados os estilos: Tex Willer, Conan, Recruta
Zero, Fantasma, Disney, A turma da Mônica e tantos mais.

          Ler gibis era uma nova modalidade para fazer voar a imaginação! Se até
então os textos sem imagens nos faziam viajar por mundos desconhecidos, ver o
traço do desenhista ganhar vida nas imagens nos faziam deleitar de prazer. Eu
gostava de criar na memória o texto, apenas olhando as imagens, para só depois ler
os balões. Os desenhos eram um belo atrativo. Quando lia os balões, os textos
davam novos sentidos aos desenhos. Eram outras vidas nascendo nas histórias que
eu lia. Não havia final nos gibis, apenas novos começos! As histórias curtas me fazia
querer devorar, de uma só vez, um gibi inteiro. E quanto mais gordo ele fosse, mais
eu gostava. Na verdade, eu gosto de gibis até hoje!




Figura 1: Minhas memórias de leituras: Os Gibis que líamos na adolescência.




             As narrativas nos enredavam por mundos que não conhecíamos e os
tornavam nossos. Realidade e fantasia se misturavam constantemente. Lembro-me
de que eu vivia no mundo da lua. Depois descobri que era o mundo dos livros. Era
fantástico! Na escola, nos tempos de ginásio e ensino médio, li a coleção vaga-lume
quase completa. As histórias eram belíssimas! Eram narrativas para adolescentes
que nos faziam ler e conversar sobre elas. Gostávamos de ler para ter assunto com
os colegas na hora do recreio. Trocávamos livros, histórias, e sem o saber, vidas!
Isso me constituiu: as leituras que me alimentam ainda hoje!




Figura 2: Os livros da coleção vaga-lume eram os melhores que tinha na Biblioteca do Colégio. Todo mundo
gostava de ler. Eu amava!




             Ainda na adolescência, com os sonhos da mocidade, vieram as revistas e
as surpresas que elas traziam dentro. Eram músicas, dicas de modas, horóscopo,
variedades, histórias de amor, pôsteres de artistas famosos, etc. Mais tarde vieram
os romances “gordos”: Julia, Sabrina, Bianca e outros tantos. Minha irmã e eu
gostávamos de literatura norte americana. Eram romances tórridos de Sidney
Sheldon, Danielle Steel, Agatha Cristie, dentre outros. Havia também os bolsilivros
de faroeste, que meu primo preferido me emprestava. Eu lia um daqueles livros num
único dia. Entre a escola e as tarefas da casa, eu fugia para alguma leitura das que
gostava. É curiosa a forma como tudo isso acontecia, alheio aos olhares de nossos
pais, sempre tão envolvidos com o trabalho. Criávamos um universo particular, do
qual não participavam e sobre o qual pouco ou nada falávamos. Era o nosso mundo
e nós o reinventávamos sempre! Lembro-me de que nossos pais não compravam
livros. Mas sempre os tínhamos em casa. Pois trocávamos com primos, amigos,
vizinhos. Foi uma fase inesquecível! Uma coisa que muito nos marcou foi o universo
da biblioteca pública. Minha irmã e eu disputávamos livros lidos e ela ganhava
sempre! Pois lia muito rápido. Minha adolescência foi a melhor fase da minha vida.
Penso que durará ainda muito tempo, porque continuo gostando das mesmas
coisas. A vantagem é que meu universo se ampliou bastante. Hoje conheço muito
mais autores e livros. Tenho mais possibilidades de compartilhá-los!




Segundo ato: Quando a leitura de livros infantis entrou na minha vida, parecia
já ser tarde demais




          Quando concluí a graduação em Pedagogia, já com quase 21 anos de
idade, minha irmã começou a cursar Letras. Lá ela conheceu e comigo compartilha
até hoje as delícias da Literatura Infantil e Infanto Juvenil. A leveza das obras de
Lygia Bojunga, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Bartolomeu Campos Queirós,
Elias José, Tatiana Belinki, dentre outros, amenizavam a “dureza” das disciplinas
teóricas que eu então ministrava na Universidade nos cursos de licenciatura. Foram
tempos novos e mágicos para mim, que de tanto gostar, passei a ler meus pequenos
tesouros para os alunos da graduação. Fui gostando cada vez mais! Leitura e
literatura povoaram meu mundo, e eu fiz delas, minha morada! Estudei leitura e
literatura na Especialização, no Mestrado e passei a ter sempre obras literárias na
bolsa. Sou devoradora de livros. Vivencio essas delícias com todos à minha volta. E
contagio, sempre! Comecei lendo pedaços, textos curtos, poemas. De repente, me vi
lendo livros inteiros com cem, duzentas páginas para os alunos para quem tenho
lecionado. A cada aula, um pedaço, algumas páginas, enfim. Este foi o começo
desse ato que pratico até hoje.

                Muitas coisas aconteceram e me surpreendo com os depoimentos dos
alunos para quem leio, ao iniciar nossas aulas na graduação e na especialização.
Muitos adultos comentam que sou a primeira professora a ler para eles. As pessoas
passam a buscar os livros que ostro. Algumas os relêem e me relatam a emoção da
releitura. Tais relatos me lembram Bartolomeu Campos Queiros ao dizer que pouco
importa quantos livros já lemos, mas sim aqueles que relemos sempre 2. Reler é, de
fato, uma delícia. Desenvolvi técnicas de livros artesanais e as tenho ensinado em
oficinas e cursos para alunos, professores e colegas. A magia sempre acontece, e
sempre me surpreende!




Terceiro ato: Da bolsa amarela para outras cores e tons




                Minha irmã sugeriu que eu lesse O sofá estampado, de Lygia Bojunga.
Ela disse que eu amaria! Ela ainda está certa, porque eu já o li inúmeras vezes, para
muitas pessoas, em diferentes momentos da vida; já o comprei outras tantas, e
também já doei este livro, perdi, comprei de novo, enfim! O fato é que sempre tenho
um sofá estampado comigo. É impressionante a leveza com que a autora adentra o
universo infantil nessa obra, de modo a nos fazer pensar se o texto foi, de fato,
escrito por uma pessoa adulta. Depois do sofá, li outras obras de Bojunga. Tantas
quanto pude. Mas a Bolsa amarela me transformou numa outra pessoa. Conhecer a
Raquel foi um divisor de águas na minha vida! Por isso, vou apresentá-la: “Raquel é
uma menina de nove anos de idade, mais ou menos, que mora com sua família –
pais e irmãos. Por ser a caçula, é muito esquecida por todos. Sua voz é muito
marcante no texto. Reclama de tudo e tudo sofre, segundo ela, por ser a caçula e
por ser menina. Três vontades a dominam em momentos distintos: a vontade de ter
nascido menino, a vontade de ser grande e a vontade de ser escritora. As se

2
    Palestra proferida no XV Cole – Congresso de leitura do Brasil no ano de 2005.
expressarem, tais vontades engordam a ponto de a menina não conseguir escondê-
las. Ao ganhar uma bolsa amarela de uma tia que gosta de comprar coisas que não
usa para depois doá-las à família de Raquel, a menina decide guardar / esconder
seus segredos / vontades / invenções dentro da bolsa amarela que passa a ser seu
universo particular”3.

                A narrativa fluida de Bojunga nos leva a duvidar das marcas reais /
imaginárias traçadas nesta obra. Entramos junto com a Raquel na Bolsa Amarela e
para lá também levamos nossos segredos. O vai e vem da narrativa atemporal
sugere encontros que se dão entre realidade / fantasia, alegria / tristeza, medo /
coragem, enfim. Inúmeros sentimentos se misturam, definem-se em determinados
momentos da obra e voltam a se confundir noutros, em múltiplos sentidos. A bolsa
amarela me mostra labirintos de pensamentos infantis há tempos adormecidos em
vívidas e por vezes esquecidas memórias. Expressos por fatos e vivências da
Raquel, fizeram-me rememorar diálogos (inventados?) (vivenciados?) por mim na
infância, com animais, plantas, nuvens, céu, estrelas, lua e outros elementos da
natureza, como os passarinhos e as borboletas, muito comuns no sítio onde nasci e
vivi toda minha infância. Ter morado no campo me possibilitou invencionar narrativas
que, até conhecer a bolsa amarela me faziam ter dúvidas de que eles haviam
acontecido dentro ou fora de mim. Devo escrever também, que de intensas
maneiras, o estampado do sofá, de Bojunga, me remete às estampas das roupas
que minha mãe costurava e que eu, muitas vezes reproduzia, dando vida às minhas
elegantes bonecas que ganhava uma vez por ano, no Natal.

                As cores da literatura colorem nossa vida, constantemente. Os tons se
definem de maneiras diversas em momentos distintos. A literatura para crianças, em
geral, devido ao seu aspecto ilustrativo, colorido, trás leveza e serenidade aos
eventos do cotidiano infantil, e talvez por isso, denota uma seriedade que não faz
parte do mundo adulto. Ao ler para os acadêmicos da graduação, isso fica explícito.
Apesar de a maioria gostar de ouvir as histórias que leio, alguns resistem ao fato de
que elas sejam infantis. Ao ler um conto como felicidade clandestina de Clarice
Lispector, por exemplo, o ato de ler ganha diferentes significados, pois a princípio,
nada neste conto, a não ser o próprio texto nos remete a ideia de que ele narre as

3
    Relato de memória – leitura e releitura da obra A Bolsa Amarela (Lygia Bojunga).
angústias de uma infância – a história de uma menina, sem posses e devoradoras
de livros, que implora por ter emprestados os livros que a filha do dono de livraria
não lia.




Quarto ato: Das delícias de ler e sentir




             Para desenhar esse texto sobre os atos de leitura que tenho realizado ao
longo de meus fazeres docentes, decidi compartilhar as intensidades daqueles que
tem tornado possíveis tais atos: os acadêmicos para quem leio há anos. Então
propus em algumas turmas de cursos de licenciatura (Pedagogia, Geografia e
Matemática – do CTESOP / UNIMEO – turmas de 2012), que me escrevessem
sobre “o que sentem quando leio alguma história na sala de aula”. O objetivo foi
conhecer os sentidos das leituras que faço, do ponto de vista de quem lê com os
ouvidos as histórias, em geral, de literatura infantil ou infanto juvenil, como já foi
explicado anteriormente. Seguem alguns dos relatos:



“Ao escutar uma história, como as que a              “Acho um modo interessante de começar a
professora lê, leva nossos sentidos a                aula, já que não somos acostumados a pegar
interpretar, e às vezes entrar no contexto           livros de histórias.”
histórico imaginando quais os próximos
passos que irá ocorrer na estorinha. Ou seja,        “Quando a professora de Políticas lê histórias
dispersamos nossas preocupações diárias e            infantis, faz com que viajemos pelo menos um
nos envolvemos com algo que nos distrai e ao         pouco do dia, pois vivemos num mundo
mesmo tempo se torna prazeroso, pois a               conturbado, cheio de deveres e estressante.
nossa imaginação nos leva a algo que                 Com essas leituras, além da nossa
desconhecemos e que muitas vezes não                 imaginação viajar em fantasias, tiramos ainda
praticamos este conhecimento, esta dádiva            lições que pode servir e ajudar no nosso
nos dada que é a imaginação.”                        cotidiano, quando viramos adultos não
                                                     ligamos, e muitas vezes não temos tempo
“Eu acho muito legal, uma didática diferente de      para ler essas histórias, a professora fornece
trabalhar, momento para ouvirmos, refletir e de      para nós acadêmicos este momento de
distração, o que torna a aula mais                   distração, ou lembramos de nossa infância.”
interessante.”
                                                     “Na minha opinião, a professora Janete tem
“Quero que a professora continue com as              um costume bonito, pois ao chegar na nossa
histórias, pois o início das delas já nos deixa      aula, ela pede licença para contar uma
atentos e curiosos, são histórias com                história, que ela trás. As histórias são um
mensagens gostosas de ouvir, um momento              pouco infantis, mas para nós que estamos
diferente, de viajar... são histórias simples e ao   estudando para ser docentes, é muito
mesmo tempo, complexas. Obrigada!”                   gratificante, pois a leitura é muito necessária
                                                     para todos. Obrigado, professora Janete.”
“Conforme a professora relata a história, vou          Isso faz com que eu me esqueça das
formando o ambiente em que se passa                    dificuldades da aula e me sinta mais tranqüilo,
embasada nos detalhes. Quando as histórias             mais criança.”
se estendem muito, confesso que me disperso
facilmente, mas quando não, as narrações me            “Me sinto muito bem, parece que sou
deixam intrigada e curiosa para saber o que            expectadora, que estou presente lá dentro da
ocorrerá depois.”                                      história, fico quietinha, sem dar uma palavra
                                                       sequer, apenas escutando, o que se
“Como eu não gosto muito de leitura, ouvir a           transforma em „ver‟, na minha imaginação.
professora ler é melhor porque faz a gente             Neste instante me sinto leve, parece que a
refletir com o que a leitura diz. Como a               tensão do decorrer do meu dia some, assim,
professora lê compassado, é muito gostoso              do nada, desaparece. Me lembro de uma fase
ouvir ela lendo, dá para ficar imaginando como         quando era criança, foi quando minha mãe
a história está acontecendo, imaginar cenas.           estava montando o enxoval da minha irmã que
Eu prefiro ouvir do que ler porque quando              estava pra nascer. Pois como eu tinha nove
lemos e não entendemos a história não tem              anos, com medo de que eu ficasse cm ciúmes,
sentido, mas quando ouvimos a leitura eu               minha tia me presenciou com uma coleção de
entendo melhor.”                                       livrinhos infantis, que todas as noites quando
                                                       ia dormir minha mãe lia para mim, juntamente
“Quando a professora lê as histórias vou               com meu pai, nós quatro, juntos. Desta
navegando em uma imaginação que nem eu                 maneira me sentia muito bem, assim como me
mesma, na correria sei que tenho. Na história          sinto hoje, nas aulas de filosofia, parece que
da andorinha Sinhá e do gato Malhado4 trouxe           volto ao tempo e começo a sentir novamente
muito para minha vida, pois nos ensina que se          aquela paz de espírito, viajando deste modo,
queremos algo não importa se pareça                    sem rumo e barreiras, apenas viajando dentro
impossível, mas devemos lutar por nossos               da história.”
sonhos. Me incentivou mais na prática da
leitura percebendo que é algo importante e de          “Ao ouvir as histórias infantis contadas pela
muito valor. Pois se não temos a prática da            professora Janete, sinto vontade de chegar
leitura somos ignorantes, pois é nela que              logo ao final, pois a forma como a mesma
adquirimos muitos conhecimentos.”                      conta as histórias me cativa e faz com que eu
                                                       queira ouvir mais histórias. No decorrer das
“Ouvir a professora lendo uma história é               histórias somos instigados a soltar a
sempre uma forma de fugir dos pensamentos              imaginação e prever o final das mesmas,
rotineiros e viajar, relaxar. É um prazer              quando a professora conta com entusiasmo e
inexplicável, pois os textos nos fazem rever           emoção, obtemos os mesmos sentimentos.
nossa forma tão rígida de viver a vida. A leitura      Eu, particularmente sou apaixonada por
nos dá outras possibilidades.”                         histórias infantis, e quando ouço alguém lendo
                                                       a minha expectativa em relação às mesmas é
“Não é um sentimento muito nítido.                     maior do que quando eu leio.”
Geralmente eu prefiro ler, mas a sua leitura,
provavelmente devido à expressão facial e ao           “A hora da leitura em sala de aula, é um
tom de voz que você usa, torna-se                      momento de distração, de alegria, reflexão de
interessante e faz com que eu me sinta                 nossas atitudes, escolhas. Sinto prazer em
interessada no desfecho da estória, que na             ouvir as histórias contadas pela professora.
maioria das vezes não é um desfecho comum.             Fico imaginando como são os lugares, os
Apesar de eu ter o gosto totalmente diferente          personagens, entre outros. Desperta também
do seu, aprecio sua leitura.”                          a curiosidade, atenção para ver qual será o
                                                       final da história. É interessante o momento em
“Quando a professora está lendo alguma                 que a professora, após contar a história,
história, eu paro de pensar e fico fixado,             pergunta aos alunos o que acharam, se
tentando desenhara história na minha cabeça.           gostaram e qual foi a interpretação e
                                                       compreensão de cada aluno a respeito da
4
  O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá – (Jorge          história contada.”
Amado). Li esta obra inteira para esta turma no
ano anterior, na disciplina de didática. Foi            “Simplesmente imagino junto com a história,
emocionante o envolvimento da turma. Um ato            não tem como ouvir e não passar um filme na
intenso de trocas de emoções. Muitos choraram          mente, como se fossem as imagens em
com final infeliz da história de amor entre o gato e   movimento, é mesmo muito legal uma
                                                       descontração assim.”
a andorinha.
“Adoro as histórias, acho bem interessante           muda completamente. Um            método     de
pois, é uma forma de nos distrair, de ir além da     aprendizagem excelente!”
realidade. Todos os professores deveriam ler
histórias pra gente. Por mim, a professora           “Ao escutar as histórias que a professora
pode continuar contando histórias até o final        conta, viajo no mundo desses encantos
do ano que vem. Eu gosto muito das histórias         literários, pois saio do mundo real e passo a
até descobri a gatinha. Rsrs5.”                      imaginar essas histórias fantásticas, que
                                                     transmitem esperança, alegria e diversão e
“A leitura feita antes de ser passado o              ainda mais, a emoção e expectativa de ouvir
conteúdo é método muito bom, pois traz               mais e mais histórias”.
tranqüilidade e faz com que a aula se torne
mais agradável depois de um dia de trabalho          “Alegria,     emoção     (curiosidade,    raiva,
cansativo e corrido”.                                felicidade, liberdade, descontração); momento
                                                     próprio, individual, de pensamento só meu,
“O que eu sinto ao ouvir as histórias da             minha imaginação. Construção de ideias,
professora Janete é... calma. Também há              imagens,       representações,     viajar     na
momentos de tranquilidade; curiosidade (para         imaginação, imaginar sem repreensão; deixar
saber o final); Emoção (alegria, tristeza,...        fluir   os sentimentos,       compreender      a
Dependendo do contexto); Imaginação;                 mensagem passada, interpretá-la e utilizá-la
Aprendizado; Desenvolvimento (da percepção           corretamente. Deixar o lúdico fazer-se
auditiva)”.                                          presente em mim. Voltar a ser criança (...).”

“Quando a professora conta as histórias, eu          “A leitura de livros de histórias em sala de
aprecio como um descanso. Pois a gente faz           aula, para mim, é muito importante para
matemática, temos muitas listas, muitos textos       estimular e incentivar o aluno a ler também.
e um período muito curto para observar tudo          Com a leitura feita pelo professor, o aluno fala
isso. E quando a professora faz uma atividade        a história mentalmente, criando características
diferente, ou conta uma história foge dessa          dos personagens e acontecimentos. Muitos
rotina cansativa, e a professora faz essa            alunos de nosso curso não tem o hábito de ler
mesclagem, e dá aula ao mesmo tempo”.                esse tipo de leitura. Talvez seja uma forma de
                                                     iniciar esse hábito. Como professor, vejo essa
“Ao observar a leitura, percebo um mundo             atividade não muito produtiva, pois é algo que
encantador a ser desvendado, a imaginação,           não é visto da mesma maneira por todos.
curiosidade,    levar     ao   movimento      do     Alguns participam, outros não”.
pensamento, a viajar na história, e também a
contextualizar a história no nosso contexto”.        “A leitura no início da aula nos traz um
                                                     momento de distração, em que fazemos o uso
“Na minha opinião as histórias são muito bem         da imaginação. Com isso conseguimos ter
desenvolvidas em cima de conteúdos, às               mais concentração na aula”.
vezes precisamos de algo diferente que nos
motive a ir além e essas histórias fazem toda a      “No meu ponto de vista, esta prática que a
diferença. As histórias nos influenciam e nos        professora usa de ler histórias é maravilhosa.
fazem buscar motivos para continuar a vencer         Quando a professora conta as histórias as
na vida. Muitas vezes suas histórias se              mesmas parecem ser de verdade e isso faz a
encaixam em momentos de nossa vida que               história ficar mais bonita e divertida. Acho que
nos fazem entender e valorizar cada vez mais         todos professores deveriam adotar esta prática
aquilo que nos é dado”.                              porque a leitura deixa a aula mais gostosa.
                                                     Além disso, comecei a olhar a leitura de
“Quando a professora lê, nós podemos sair um         maneira diferente”.
pouco desse mundo e nos distrair, voltar aos
bons tempos onde nossos pais contavam
histórias. Isso é bom, pois o ânimo da aula

5
    A acadêmica, que é do 2° Ano de Matemática
refere-se a Dalva – personagem central do
romance entre uma gata e um tatu em O sofá
estampado. Li a primeira parte da obra e perguntei
quem eles achavam que eram os personagens.
Todos pensaram que fossem pessoas, mas são
animais. Ela sugeriu que poderia ser uma gata e
ficou muito feliz com sua descoberta.
Considerações finais




          Este foi um texto homenagem. Àqueles que de muitas formas
compartilham comigo durante décadas de docência, as delícias dos atos de leitura.
Sejam eles os autores, os alunos que me ouvem ler, os amigos que me suportam ao
mostrar os livros que passo a conhecer, e todos os envolvidos nos diferentes grupos
dos quais faço parte e que passam a me conhecer e a compartilhar meus singelos
atos de leitura. Ler e ver ressoar os efeitos nas pessoas que convivem conosco,
diariamente é digno de homenagem. É o tipo da coisa, que como diria Queiros
(2005) a gente não dá conta de viver e admirar sozinho. Gosto disso! Me alimenta
ver brilho nos olhos dos alunos, adultos ou crianças, ao concluir a leitura do texto,
seja ele curto ou longo. Muitas vezes me perco no texto por não resistir à
curiosidade de conferir com olhares fortuitos, as expressões que vão se desenhando
nas pessoas enquanto leio. Elas variam de acordo com o texto. Mas trazem sempre
a intensidade de quem ouve, atento, ao desenrolar de uma historia, na maioria das
vezes desconhecida. É curioso ver os alunos pedirem se não tenho algum livro na
bolsa, quando começo a aula sem mencionar a leitura de algum texto. É interessante
ser cobrada sobre isso e ao mesmo tempo ter que cobrar constantemente a leitura
dos conteúdos das disciplinas! Ou seja, ler por prazer é muito mais interessante.
Isso me faz crer que a literatura pode ocupar um espaço até então, repleto de
sentidos na vida de pessoas que afirmamos sempre, não gostar de ler. Britto (2003)
sugere que quando uma criança de três anos lê com a voz emprestada da mãe, da
professora ou de qualquer outro adulto, já estabelece um contato com a linguagem
escrita, que é a voz da escrita, diferente da voz de quem conta, relata, fala, reconta.
E isso, segundo o autor, é ler também. Penso que de certa forma, estamos formando
leitores que poderão ler quando gostam de ouvir as leituras que fazemos em sala de
aula. Penso, portanto, que atos de leitura podem vir a ser leituras!




Referências Bibliográficas



BARK, Jaspre. Diário das invenções de Leonardo Da Vinci. São Paulo: Ciranda
Cultural, 2009.
BARROS, Manoel de. Memórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros. _ São
Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.

BOJUNGA, Lygia. A bolsa amarela. 33ª Ed. Rio de Janeiro: Ed. Casa Lygia Bojunga, 2003.

______________. O sofá estampado. 19ª Ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1995.

FRANÇA, Mary e Eliardo. A verdade verdadeira – contos de Andersen. São Paulo: ática,
2004. 3ª edição

LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro. Rocco Ed., 1998 – 1ª edição.

QUEIROS, Bartolomeu Campos. Onde tem bruxa tem fada. 3ª ed. São Paulo: Moderna,
2002.

Sites das imagens:

http://www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=gibi+tex+online+willer,+conan,+recruta+zero,+fantas
ma&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.,cf.osb&biw=1280&bih=619&um=1&ie=UTF-
8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=olPdT-DdJ4L68gSGwqX4Cg – gibis diversos.

http://poptude.blogspot.com.br/2012/04/livros-da-colecao-vaga-lume-vao-parar.html   -   coleção
vaga-lume.

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  • 1. MEMÓRIAS E ATOS DE LEITURA – RESSONÂNCIAS ACERCA DA LITERATURA E MARCAS AINDA VÍVIDAS JANETE MARCIA DO NASCIMENTO Mestre em letras – Linguagem e Sociedade UNIOESTE. CTESOP / jmarcia15@yahoo.com.br Palavras chave: Leitura – Atos – Desejos – Vivências – Escrita – Ressonâncias Introdução Este texto deseja expressar vivências de leitura de obras literárias ao longo de décadas de trabalho docente em diferentes níveis e modalidades de ensino. Será um texto narrado em primeira pessoa, por objetivar, dentre outros aspectos, compartilhar atos de leitura de obras literárias, em geral infantis e infanto juvenis para crianças, adolescentes, jovens e adultos realizadas em diferentes momentos, lugares e com diversas pessoas em ocasiões distintas. Um elo se faz notar: os espaços de leitura aqui expressos são espaços de docência – salas de aula. Outro objetivo que moveu a escrita desse texto consiste no desejo de publicar memórias ainda vívidas de experiências concretas do passado e do presente, que corporificam o fio condutor da minha constituição como sujeito docente professora escrileitora, pesquisadora e leitora voraz de obras literárias, que por não caberem mais em mim, escorrem pelas aulas que, às vezes, inicio com leituras, das quais gosto. Assim, serão narrados aqui, situações e feedbacks diversos, que se desenharam durante aulas que inicio com a leitura de uma, duas ou mais páginas de alguma obra literária. São momentos únicos, que se tornaram atos constantes de deleite, prazer e conhecimento de diferentes obras, autores, contextos. Práticas, às vezes inusitadas, que se fizeram e se fazem no cotidiano de
  • 2. salas de aulas em escolas de ensino fundamental, em turmas de graduação e de especialização, dentre outros lugares. A metodologia utilizada consistirá na apresentação de relatos chamados atos de leitura. Tais atos serão discutidos a partir das marcas temporais / cronológicas de surgimento, os relatos de memória1, bem como as obras literárias que os alimentaram. Serão também mostrados nesse trabalho, alguns feedbacks de pessoas (acadêmicos de graduação e crianças do Ensino Fundamental) que aceitaram participar da corporificação desse texto, expressando suas intensidades ao participarem dos atos de leitura que se dão durante as aulas. Discussões e resultados Escrever sobre experiências vividas e ainda vívidas sobre leitura e literatura é fazer, no máximo, escolhas. Pois ler, é viajar para muitos mundos, adentrar vidas desconhecidas, compartilhar com elas sentidos que não os nossos. É conviver com diferentes tempos, espaços, intensidades e vivências possíveis, constantes ou não, próximas ou não. A leitura abre possibilidades; reconstrói sentidos, define caminhos a serem percorridos. Estabelece elos! Possibilita nascer escritas! Por isso, escrever pode significar costurar, emendar restos / sobras de leitura. Aquilo que não cabe mais em nós, às vezes suplica por derramar-se em forma de tinta no papel, para que outros tenham acesso às nossas sobras. Para que possamos multiplicar e talvez imprimir nosso deleite em outras pessoas, lugares, desejos! Gosto de ler. E quando leio, espalho pedaços de mim nos outros. Compartilho minhas intensidades e possibilito desejos, de ler e de talvez escrever. Mostro saídas, que se descobrem nos outros. Por isso, quero escrever sobre alguns prazeres aqui nesse texto, que pretende ser leve, breve e se possível, belo! Discutirei os momentos em que atos de leitura se deram em mim, por meio de 1 Como em Memórias inventadas – as infâncias de Manoel de Barros – livro no qual o autor narra suas memórias de infância de forma belíssima afirmando que só teve infância – a primeira, a segunda e a terceira, pois segundo ele, continua a ser criança.
  • 3. relatos de memórias de leitura, bem como dos atos ainda presentes no meu fazer docente e suas intensidades. Primeiro Ato: Ressonâncias acerca da leitura e marcas vívidas da literatura Lembro-me vividamente do meu primeiro contato com um livro de literatura. Era infantil. Foi no grupo escolar onde estudei, em São Sebastião – um pequeno distrito situado próximo ao município de Toledo, onde moro atualmente e desde a infância. Eu tinha sete anos de idade e estava no primeiro ano primário. Já sabia ler algumas palavras, mas não podíamos naquela época “pegar” ou “tocar” o livro, que já era bem usado. A professora lia para nós, que escutávamos em silêncio, quase sem respirar! Não me lembro do título ou do texto, mas as imagens desbotadas de crianças e paisagens coloridas povoam ainda hoje, minhas memórias. Não sei se era o único livro que lá havia, mas é dele que me lembro. Apenas dele. No decorrer da escola primária, não me lembro de ter lido ou ouvido outros livros de histórias, além deste que citei ou dos fragmentos de textos dos livros didáticos de comunicação e expressão (era assim que se chamava a língua portuguesa naquela época). Mas recordo-me de que as narrativas me encantavam! Eu adorava ler, ouvir, entrar naquele mundo contado por escritas que me roubavam da realidade o tempo todo para que eu pudesse habitar outros mundos. Na adolescência, com a mudança para a cidade, as leituras se modificaram. Conheci os gibis, os romances, os filmes que passavam na televisão, os desenhos animados e tantas outras formas de ler e me encantar. Tive sempre muitos irmãos (somos seis em casa), primos, amigos e vizinhos com quem trocávamos muitas leituras, sempre! Minha irmã devorava os romances. Eu preferia os gibis que os meninos liam. Eram variados os estilos: Tex Willer, Conan, Recruta Zero, Fantasma, Disney, A turma da Mônica e tantos mais. Ler gibis era uma nova modalidade para fazer voar a imaginação! Se até então os textos sem imagens nos faziam viajar por mundos desconhecidos, ver o traço do desenhista ganhar vida nas imagens nos faziam deleitar de prazer. Eu gostava de criar na memória o texto, apenas olhando as imagens, para só depois ler
  • 4. os balões. Os desenhos eram um belo atrativo. Quando lia os balões, os textos davam novos sentidos aos desenhos. Eram outras vidas nascendo nas histórias que eu lia. Não havia final nos gibis, apenas novos começos! As histórias curtas me fazia querer devorar, de uma só vez, um gibi inteiro. E quanto mais gordo ele fosse, mais eu gostava. Na verdade, eu gosto de gibis até hoje! Figura 1: Minhas memórias de leituras: Os Gibis que líamos na adolescência. As narrativas nos enredavam por mundos que não conhecíamos e os tornavam nossos. Realidade e fantasia se misturavam constantemente. Lembro-me de que eu vivia no mundo da lua. Depois descobri que era o mundo dos livros. Era fantástico! Na escola, nos tempos de ginásio e ensino médio, li a coleção vaga-lume
  • 5. quase completa. As histórias eram belíssimas! Eram narrativas para adolescentes que nos faziam ler e conversar sobre elas. Gostávamos de ler para ter assunto com os colegas na hora do recreio. Trocávamos livros, histórias, e sem o saber, vidas! Isso me constituiu: as leituras que me alimentam ainda hoje! Figura 2: Os livros da coleção vaga-lume eram os melhores que tinha na Biblioteca do Colégio. Todo mundo gostava de ler. Eu amava! Ainda na adolescência, com os sonhos da mocidade, vieram as revistas e as surpresas que elas traziam dentro. Eram músicas, dicas de modas, horóscopo,
  • 6. variedades, histórias de amor, pôsteres de artistas famosos, etc. Mais tarde vieram os romances “gordos”: Julia, Sabrina, Bianca e outros tantos. Minha irmã e eu gostávamos de literatura norte americana. Eram romances tórridos de Sidney Sheldon, Danielle Steel, Agatha Cristie, dentre outros. Havia também os bolsilivros de faroeste, que meu primo preferido me emprestava. Eu lia um daqueles livros num único dia. Entre a escola e as tarefas da casa, eu fugia para alguma leitura das que gostava. É curiosa a forma como tudo isso acontecia, alheio aos olhares de nossos pais, sempre tão envolvidos com o trabalho. Criávamos um universo particular, do qual não participavam e sobre o qual pouco ou nada falávamos. Era o nosso mundo e nós o reinventávamos sempre! Lembro-me de que nossos pais não compravam livros. Mas sempre os tínhamos em casa. Pois trocávamos com primos, amigos, vizinhos. Foi uma fase inesquecível! Uma coisa que muito nos marcou foi o universo da biblioteca pública. Minha irmã e eu disputávamos livros lidos e ela ganhava sempre! Pois lia muito rápido. Minha adolescência foi a melhor fase da minha vida. Penso que durará ainda muito tempo, porque continuo gostando das mesmas coisas. A vantagem é que meu universo se ampliou bastante. Hoje conheço muito mais autores e livros. Tenho mais possibilidades de compartilhá-los! Segundo ato: Quando a leitura de livros infantis entrou na minha vida, parecia já ser tarde demais Quando concluí a graduação em Pedagogia, já com quase 21 anos de idade, minha irmã começou a cursar Letras. Lá ela conheceu e comigo compartilha até hoje as delícias da Literatura Infantil e Infanto Juvenil. A leveza das obras de Lygia Bojunga, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Bartolomeu Campos Queirós, Elias José, Tatiana Belinki, dentre outros, amenizavam a “dureza” das disciplinas teóricas que eu então ministrava na Universidade nos cursos de licenciatura. Foram tempos novos e mágicos para mim, que de tanto gostar, passei a ler meus pequenos tesouros para os alunos da graduação. Fui gostando cada vez mais! Leitura e literatura povoaram meu mundo, e eu fiz delas, minha morada! Estudei leitura e literatura na Especialização, no Mestrado e passei a ter sempre obras literárias na bolsa. Sou devoradora de livros. Vivencio essas delícias com todos à minha volta. E
  • 7. contagio, sempre! Comecei lendo pedaços, textos curtos, poemas. De repente, me vi lendo livros inteiros com cem, duzentas páginas para os alunos para quem tenho lecionado. A cada aula, um pedaço, algumas páginas, enfim. Este foi o começo desse ato que pratico até hoje. Muitas coisas aconteceram e me surpreendo com os depoimentos dos alunos para quem leio, ao iniciar nossas aulas na graduação e na especialização. Muitos adultos comentam que sou a primeira professora a ler para eles. As pessoas passam a buscar os livros que ostro. Algumas os relêem e me relatam a emoção da releitura. Tais relatos me lembram Bartolomeu Campos Queiros ao dizer que pouco importa quantos livros já lemos, mas sim aqueles que relemos sempre 2. Reler é, de fato, uma delícia. Desenvolvi técnicas de livros artesanais e as tenho ensinado em oficinas e cursos para alunos, professores e colegas. A magia sempre acontece, e sempre me surpreende! Terceiro ato: Da bolsa amarela para outras cores e tons Minha irmã sugeriu que eu lesse O sofá estampado, de Lygia Bojunga. Ela disse que eu amaria! Ela ainda está certa, porque eu já o li inúmeras vezes, para muitas pessoas, em diferentes momentos da vida; já o comprei outras tantas, e também já doei este livro, perdi, comprei de novo, enfim! O fato é que sempre tenho um sofá estampado comigo. É impressionante a leveza com que a autora adentra o universo infantil nessa obra, de modo a nos fazer pensar se o texto foi, de fato, escrito por uma pessoa adulta. Depois do sofá, li outras obras de Bojunga. Tantas quanto pude. Mas a Bolsa amarela me transformou numa outra pessoa. Conhecer a Raquel foi um divisor de águas na minha vida! Por isso, vou apresentá-la: “Raquel é uma menina de nove anos de idade, mais ou menos, que mora com sua família – pais e irmãos. Por ser a caçula, é muito esquecida por todos. Sua voz é muito marcante no texto. Reclama de tudo e tudo sofre, segundo ela, por ser a caçula e por ser menina. Três vontades a dominam em momentos distintos: a vontade de ter nascido menino, a vontade de ser grande e a vontade de ser escritora. As se 2 Palestra proferida no XV Cole – Congresso de leitura do Brasil no ano de 2005.
  • 8. expressarem, tais vontades engordam a ponto de a menina não conseguir escondê- las. Ao ganhar uma bolsa amarela de uma tia que gosta de comprar coisas que não usa para depois doá-las à família de Raquel, a menina decide guardar / esconder seus segredos / vontades / invenções dentro da bolsa amarela que passa a ser seu universo particular”3. A narrativa fluida de Bojunga nos leva a duvidar das marcas reais / imaginárias traçadas nesta obra. Entramos junto com a Raquel na Bolsa Amarela e para lá também levamos nossos segredos. O vai e vem da narrativa atemporal sugere encontros que se dão entre realidade / fantasia, alegria / tristeza, medo / coragem, enfim. Inúmeros sentimentos se misturam, definem-se em determinados momentos da obra e voltam a se confundir noutros, em múltiplos sentidos. A bolsa amarela me mostra labirintos de pensamentos infantis há tempos adormecidos em vívidas e por vezes esquecidas memórias. Expressos por fatos e vivências da Raquel, fizeram-me rememorar diálogos (inventados?) (vivenciados?) por mim na infância, com animais, plantas, nuvens, céu, estrelas, lua e outros elementos da natureza, como os passarinhos e as borboletas, muito comuns no sítio onde nasci e vivi toda minha infância. Ter morado no campo me possibilitou invencionar narrativas que, até conhecer a bolsa amarela me faziam ter dúvidas de que eles haviam acontecido dentro ou fora de mim. Devo escrever também, que de intensas maneiras, o estampado do sofá, de Bojunga, me remete às estampas das roupas que minha mãe costurava e que eu, muitas vezes reproduzia, dando vida às minhas elegantes bonecas que ganhava uma vez por ano, no Natal. As cores da literatura colorem nossa vida, constantemente. Os tons se definem de maneiras diversas em momentos distintos. A literatura para crianças, em geral, devido ao seu aspecto ilustrativo, colorido, trás leveza e serenidade aos eventos do cotidiano infantil, e talvez por isso, denota uma seriedade que não faz parte do mundo adulto. Ao ler para os acadêmicos da graduação, isso fica explícito. Apesar de a maioria gostar de ouvir as histórias que leio, alguns resistem ao fato de que elas sejam infantis. Ao ler um conto como felicidade clandestina de Clarice Lispector, por exemplo, o ato de ler ganha diferentes significados, pois a princípio, nada neste conto, a não ser o próprio texto nos remete a ideia de que ele narre as 3 Relato de memória – leitura e releitura da obra A Bolsa Amarela (Lygia Bojunga).
  • 9. angústias de uma infância – a história de uma menina, sem posses e devoradoras de livros, que implora por ter emprestados os livros que a filha do dono de livraria não lia. Quarto ato: Das delícias de ler e sentir Para desenhar esse texto sobre os atos de leitura que tenho realizado ao longo de meus fazeres docentes, decidi compartilhar as intensidades daqueles que tem tornado possíveis tais atos: os acadêmicos para quem leio há anos. Então propus em algumas turmas de cursos de licenciatura (Pedagogia, Geografia e Matemática – do CTESOP / UNIMEO – turmas de 2012), que me escrevessem sobre “o que sentem quando leio alguma história na sala de aula”. O objetivo foi conhecer os sentidos das leituras que faço, do ponto de vista de quem lê com os ouvidos as histórias, em geral, de literatura infantil ou infanto juvenil, como já foi explicado anteriormente. Seguem alguns dos relatos: “Ao escutar uma história, como as que a “Acho um modo interessante de começar a professora lê, leva nossos sentidos a aula, já que não somos acostumados a pegar interpretar, e às vezes entrar no contexto livros de histórias.” histórico imaginando quais os próximos passos que irá ocorrer na estorinha. Ou seja, “Quando a professora de Políticas lê histórias dispersamos nossas preocupações diárias e infantis, faz com que viajemos pelo menos um nos envolvemos com algo que nos distrai e ao pouco do dia, pois vivemos num mundo mesmo tempo se torna prazeroso, pois a conturbado, cheio de deveres e estressante. nossa imaginação nos leva a algo que Com essas leituras, além da nossa desconhecemos e que muitas vezes não imaginação viajar em fantasias, tiramos ainda praticamos este conhecimento, esta dádiva lições que pode servir e ajudar no nosso nos dada que é a imaginação.” cotidiano, quando viramos adultos não ligamos, e muitas vezes não temos tempo “Eu acho muito legal, uma didática diferente de para ler essas histórias, a professora fornece trabalhar, momento para ouvirmos, refletir e de para nós acadêmicos este momento de distração, o que torna a aula mais distração, ou lembramos de nossa infância.” interessante.” “Na minha opinião, a professora Janete tem “Quero que a professora continue com as um costume bonito, pois ao chegar na nossa histórias, pois o início das delas já nos deixa aula, ela pede licença para contar uma atentos e curiosos, são histórias com história, que ela trás. As histórias são um mensagens gostosas de ouvir, um momento pouco infantis, mas para nós que estamos diferente, de viajar... são histórias simples e ao estudando para ser docentes, é muito mesmo tempo, complexas. Obrigada!” gratificante, pois a leitura é muito necessária para todos. Obrigado, professora Janete.”
  • 10. “Conforme a professora relata a história, vou Isso faz com que eu me esqueça das formando o ambiente em que se passa dificuldades da aula e me sinta mais tranqüilo, embasada nos detalhes. Quando as histórias mais criança.” se estendem muito, confesso que me disperso facilmente, mas quando não, as narrações me “Me sinto muito bem, parece que sou deixam intrigada e curiosa para saber o que expectadora, que estou presente lá dentro da ocorrerá depois.” história, fico quietinha, sem dar uma palavra sequer, apenas escutando, o que se “Como eu não gosto muito de leitura, ouvir a transforma em „ver‟, na minha imaginação. professora ler é melhor porque faz a gente Neste instante me sinto leve, parece que a refletir com o que a leitura diz. Como a tensão do decorrer do meu dia some, assim, professora lê compassado, é muito gostoso do nada, desaparece. Me lembro de uma fase ouvir ela lendo, dá para ficar imaginando como quando era criança, foi quando minha mãe a história está acontecendo, imaginar cenas. estava montando o enxoval da minha irmã que Eu prefiro ouvir do que ler porque quando estava pra nascer. Pois como eu tinha nove lemos e não entendemos a história não tem anos, com medo de que eu ficasse cm ciúmes, sentido, mas quando ouvimos a leitura eu minha tia me presenciou com uma coleção de entendo melhor.” livrinhos infantis, que todas as noites quando ia dormir minha mãe lia para mim, juntamente “Quando a professora lê as histórias vou com meu pai, nós quatro, juntos. Desta navegando em uma imaginação que nem eu maneira me sentia muito bem, assim como me mesma, na correria sei que tenho. Na história sinto hoje, nas aulas de filosofia, parece que da andorinha Sinhá e do gato Malhado4 trouxe volto ao tempo e começo a sentir novamente muito para minha vida, pois nos ensina que se aquela paz de espírito, viajando deste modo, queremos algo não importa se pareça sem rumo e barreiras, apenas viajando dentro impossível, mas devemos lutar por nossos da história.” sonhos. Me incentivou mais na prática da leitura percebendo que é algo importante e de “Ao ouvir as histórias infantis contadas pela muito valor. Pois se não temos a prática da professora Janete, sinto vontade de chegar leitura somos ignorantes, pois é nela que logo ao final, pois a forma como a mesma adquirimos muitos conhecimentos.” conta as histórias me cativa e faz com que eu queira ouvir mais histórias. No decorrer das “Ouvir a professora lendo uma história é histórias somos instigados a soltar a sempre uma forma de fugir dos pensamentos imaginação e prever o final das mesmas, rotineiros e viajar, relaxar. É um prazer quando a professora conta com entusiasmo e inexplicável, pois os textos nos fazem rever emoção, obtemos os mesmos sentimentos. nossa forma tão rígida de viver a vida. A leitura Eu, particularmente sou apaixonada por nos dá outras possibilidades.” histórias infantis, e quando ouço alguém lendo a minha expectativa em relação às mesmas é “Não é um sentimento muito nítido. maior do que quando eu leio.” Geralmente eu prefiro ler, mas a sua leitura, provavelmente devido à expressão facial e ao “A hora da leitura em sala de aula, é um tom de voz que você usa, torna-se momento de distração, de alegria, reflexão de interessante e faz com que eu me sinta nossas atitudes, escolhas. Sinto prazer em interessada no desfecho da estória, que na ouvir as histórias contadas pela professora. maioria das vezes não é um desfecho comum. Fico imaginando como são os lugares, os Apesar de eu ter o gosto totalmente diferente personagens, entre outros. Desperta também do seu, aprecio sua leitura.” a curiosidade, atenção para ver qual será o final da história. É interessante o momento em “Quando a professora está lendo alguma que a professora, após contar a história, história, eu paro de pensar e fico fixado, pergunta aos alunos o que acharam, se tentando desenhara história na minha cabeça. gostaram e qual foi a interpretação e compreensão de cada aluno a respeito da 4 O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá – (Jorge história contada.” Amado). Li esta obra inteira para esta turma no ano anterior, na disciplina de didática. Foi “Simplesmente imagino junto com a história, emocionante o envolvimento da turma. Um ato não tem como ouvir e não passar um filme na intenso de trocas de emoções. Muitos choraram mente, como se fossem as imagens em com final infeliz da história de amor entre o gato e movimento, é mesmo muito legal uma descontração assim.” a andorinha.
  • 11. “Adoro as histórias, acho bem interessante muda completamente. Um método de pois, é uma forma de nos distrair, de ir além da aprendizagem excelente!” realidade. Todos os professores deveriam ler histórias pra gente. Por mim, a professora “Ao escutar as histórias que a professora pode continuar contando histórias até o final conta, viajo no mundo desses encantos do ano que vem. Eu gosto muito das histórias literários, pois saio do mundo real e passo a até descobri a gatinha. Rsrs5.” imaginar essas histórias fantásticas, que transmitem esperança, alegria e diversão e “A leitura feita antes de ser passado o ainda mais, a emoção e expectativa de ouvir conteúdo é método muito bom, pois traz mais e mais histórias”. tranqüilidade e faz com que a aula se torne mais agradável depois de um dia de trabalho “Alegria, emoção (curiosidade, raiva, cansativo e corrido”. felicidade, liberdade, descontração); momento próprio, individual, de pensamento só meu, “O que eu sinto ao ouvir as histórias da minha imaginação. Construção de ideias, professora Janete é... calma. Também há imagens, representações, viajar na momentos de tranquilidade; curiosidade (para imaginação, imaginar sem repreensão; deixar saber o final); Emoção (alegria, tristeza,... fluir os sentimentos, compreender a Dependendo do contexto); Imaginação; mensagem passada, interpretá-la e utilizá-la Aprendizado; Desenvolvimento (da percepção corretamente. Deixar o lúdico fazer-se auditiva)”. presente em mim. Voltar a ser criança (...).” “Quando a professora conta as histórias, eu “A leitura de livros de histórias em sala de aprecio como um descanso. Pois a gente faz aula, para mim, é muito importante para matemática, temos muitas listas, muitos textos estimular e incentivar o aluno a ler também. e um período muito curto para observar tudo Com a leitura feita pelo professor, o aluno fala isso. E quando a professora faz uma atividade a história mentalmente, criando características diferente, ou conta uma história foge dessa dos personagens e acontecimentos. Muitos rotina cansativa, e a professora faz essa alunos de nosso curso não tem o hábito de ler mesclagem, e dá aula ao mesmo tempo”. esse tipo de leitura. Talvez seja uma forma de iniciar esse hábito. Como professor, vejo essa “Ao observar a leitura, percebo um mundo atividade não muito produtiva, pois é algo que encantador a ser desvendado, a imaginação, não é visto da mesma maneira por todos. curiosidade, levar ao movimento do Alguns participam, outros não”. pensamento, a viajar na história, e também a contextualizar a história no nosso contexto”. “A leitura no início da aula nos traz um momento de distração, em que fazemos o uso “Na minha opinião as histórias são muito bem da imaginação. Com isso conseguimos ter desenvolvidas em cima de conteúdos, às mais concentração na aula”. vezes precisamos de algo diferente que nos motive a ir além e essas histórias fazem toda a “No meu ponto de vista, esta prática que a diferença. As histórias nos influenciam e nos professora usa de ler histórias é maravilhosa. fazem buscar motivos para continuar a vencer Quando a professora conta as histórias as na vida. Muitas vezes suas histórias se mesmas parecem ser de verdade e isso faz a encaixam em momentos de nossa vida que história ficar mais bonita e divertida. Acho que nos fazem entender e valorizar cada vez mais todos professores deveriam adotar esta prática aquilo que nos é dado”. porque a leitura deixa a aula mais gostosa. Além disso, comecei a olhar a leitura de “Quando a professora lê, nós podemos sair um maneira diferente”. pouco desse mundo e nos distrair, voltar aos bons tempos onde nossos pais contavam histórias. Isso é bom, pois o ânimo da aula 5 A acadêmica, que é do 2° Ano de Matemática refere-se a Dalva – personagem central do romance entre uma gata e um tatu em O sofá estampado. Li a primeira parte da obra e perguntei quem eles achavam que eram os personagens. Todos pensaram que fossem pessoas, mas são animais. Ela sugeriu que poderia ser uma gata e ficou muito feliz com sua descoberta.
  • 12. Considerações finais Este foi um texto homenagem. Àqueles que de muitas formas compartilham comigo durante décadas de docência, as delícias dos atos de leitura. Sejam eles os autores, os alunos que me ouvem ler, os amigos que me suportam ao mostrar os livros que passo a conhecer, e todos os envolvidos nos diferentes grupos dos quais faço parte e que passam a me conhecer e a compartilhar meus singelos atos de leitura. Ler e ver ressoar os efeitos nas pessoas que convivem conosco, diariamente é digno de homenagem. É o tipo da coisa, que como diria Queiros (2005) a gente não dá conta de viver e admirar sozinho. Gosto disso! Me alimenta ver brilho nos olhos dos alunos, adultos ou crianças, ao concluir a leitura do texto, seja ele curto ou longo. Muitas vezes me perco no texto por não resistir à curiosidade de conferir com olhares fortuitos, as expressões que vão se desenhando nas pessoas enquanto leio. Elas variam de acordo com o texto. Mas trazem sempre a intensidade de quem ouve, atento, ao desenrolar de uma historia, na maioria das vezes desconhecida. É curioso ver os alunos pedirem se não tenho algum livro na bolsa, quando começo a aula sem mencionar a leitura de algum texto. É interessante ser cobrada sobre isso e ao mesmo tempo ter que cobrar constantemente a leitura dos conteúdos das disciplinas! Ou seja, ler por prazer é muito mais interessante. Isso me faz crer que a literatura pode ocupar um espaço até então, repleto de sentidos na vida de pessoas que afirmamos sempre, não gostar de ler. Britto (2003) sugere que quando uma criança de três anos lê com a voz emprestada da mãe, da professora ou de qualquer outro adulto, já estabelece um contato com a linguagem escrita, que é a voz da escrita, diferente da voz de quem conta, relata, fala, reconta. E isso, segundo o autor, é ler também. Penso que de certa forma, estamos formando leitores que poderão ler quando gostam de ouvir as leituras que fazemos em sala de aula. Penso, portanto, que atos de leitura podem vir a ser leituras! Referências Bibliográficas BARK, Jaspre. Diário das invenções de Leonardo Da Vinci. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.
  • 13. BARROS, Manoel de. Memórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros. _ São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010. BOJUNGA, Lygia. A bolsa amarela. 33ª Ed. Rio de Janeiro: Ed. Casa Lygia Bojunga, 2003. ______________. O sofá estampado. 19ª Ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1995. FRANÇA, Mary e Eliardo. A verdade verdadeira – contos de Andersen. São Paulo: ática, 2004. 3ª edição LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro. Rocco Ed., 1998 – 1ª edição. QUEIROS, Bartolomeu Campos. Onde tem bruxa tem fada. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2002. Sites das imagens: http://www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=gibi+tex+online+willer,+conan,+recruta+zero,+fantas ma&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.,cf.osb&biw=1280&bih=619&um=1&ie=UTF- 8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=olPdT-DdJ4L68gSGwqX4Cg – gibis diversos. http://poptude.blogspot.com.br/2012/04/livros-da-colecao-vaga-lume-vao-parar.html - coleção vaga-lume.