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Os “Escritos” como caminho a Francisco


       Os Escritos de Francisco de Assis são uma fonte inexaurível de riquezas
porque seu autor viveu com uma intensidade profunda as mais variadas experiências
de abertura a Deus, a todas as classes e situações de pessoas, a todas as criaturas da
natureza, a todos os sentimentos e aspirações humanos, a todas as experiências de fé.
Essas experiências transparecem nos seus escritos. São a via privilegiada para acessar
o coração de nosso santo, porque lhes expõem as vibrações interiores. A esse
manancial é imprescindível recorrer cotidianamente para manter viva a seiva do
carisma que corre em nossas veias.

       Encontrar São Francisco de Assis1 é uma aventura do espírito, doce, forte,
inquietante, aventura sempre nova. Às vezes ele nos vem ao encontro como os lugares
da nossa infância, onde tudo aparece assim presente, bom, familiar e, ao mesmo
tempo, assim distante, perdido. Mas, acima de tudo, mais vivo do que nunca!
Francisco é um homem radicalmente enraizado no seu tempo e “peregrino do
Absoluto”. Ele parece inatingível e fora do nosso dia-a-dia. Porém, olhos e corações
perseguem-no com estupor de uma pergunta: está Francisco longe de nós ou estamos
nós vivendo distantes da verdade de nós mesmos?
       O mistério de Francisco não é uma novidade. Este fazia, muitas vezes,
Francisco ser incompreensível para os seus primeiros companheiros, como nos é
descrito pelos Fioretti, quando Frei Masseo de Marignano, homem de grande santidade
e discrição, que facilmente falava com Deus e de Deus, e por isso muito amado por
Francisco, interpelava o Santo sobre o porquê de ele atrair as pessoas: Fior 10.
Francisco, com a sua resposta, corta toda tentação de triunfalismos humanos e
responde (Ler o texto: 1505).
       O mistério de Francisco se encontra e se esconde, assim, no mistério da Graça e
nas buscas e realidades históricas das pessoas e do mundo do seu tempo. Em Francisco
encontramos a inaudita atualidade de uma figura e de uma mensagem. A ele o nosso
tempo está olhando com interesse. Ali, parece, está escondido o mistério ao qual
anelamos. Ali, cremos, há o caminho ao mistério, sonho e utopia ínsitos nossos.
Francisco repropôs a cada pessoa e ao coletivo “a vida do Evangelho de Jesus Cristo”.
Esta vida enriqueceu, de maneira extraordinária, a humanidade. Para tanto, necessário
se faz vivê-lo. O Evangelho deu a Francisco coragem viril e a candura de uma criança,
amor filial ao Pai e amor fraterno a cada criatura, senso vivo de uma justiça superior à
história do seu tempo e “doçura na alma e no corpo” no cuidar das chagas dos próprios

1
    Cf Carlo Paolazzi, Lettura degli “Scritti” di Francesco d‟Assisi, 3-4.
2


irmãos. Por um momento, a luz do projeto de Deus, plenamente revelado em Cristo,
volta a desposar-se em Francisco com o nosso sonho, mesmo se bruxuleante, sempre
vivo de um mundo pacífico e de uma humanidade reconciliada, que procura e conhece
e vive a suprema justiça do amor.

       Nascido de uma experiência de vida, o ideal evangélico franciscano se impõe
com força somente quando o encontramos encarnado e vivido por alguém “com
simplicidade e pureza”, como Francisco exigia de si mesmo e dos seus irmãos. A
quem, para encontrar Francisco, considera importante os escritos históricos, temos
dois caminhos a percorrer. Uma é a das narrações dos Biógrafos, que narram a
aventura de Francisco e da sua primeira fraternidade, caminho mais percorrido nesses
800 anos. O outro é escutar o próprio Francisco, através dos seus Escritos. Além da
Regra bulada e do Cântico do Irmão Sol, todos os demais Escritos de Francisco
ficaram no esquecimento. Francisco, a partir dos seus escritos, ficou esquecido,
também porque, no seu Testamento, ele se autodefine “simples e iletrado”. Nos
últimos anos, para conhecer Francisco, os olhos e a atenção se voltaram para os seus
Escritos.
       Hoje sabemos que os Escritos são a Fonte primeira para encontrarmos a sua
interioridade e sua identidade profundas e o seu projeto de vida evangélica (óbvio,
sempre é importante manter a relação com as Biografias). O caminho dos Escritos, que
são breves, é muito mais difícil e austero. Este caminho nos obriga a esquecer as cores
afetuosas, heróicas de tantas páginas biográficas para descer até o coração de
Francisco, redesenhando o mundo e a vida com os seus olhos e as suas palavras: o
caminho do seu rezar e louvar, das trevas juvenis de São Damião até o êxtase do
Alverne; suas cartas, Admoestações... o seu grande projeto de fraternidade “segundo a
forma do santo Evangelho”, que encontramos nas Regras, empenho particular de
Francisco, desafio à Igreja e para nós, hoje. Para chegarmos a Francisco, precisamos
ter claro que saber ou entender não basta, é necessário viver o Evangelho para
entender Francisco e a sua proposta.



Estudo dos Escritos de São Francisco: Sirvo- me de:

- “Fontes Franciscanas”: Frei José Carlos Pedroso, OFMCap.
- Algum estudo, texto de Frei Aldir Crocoli, OFMCap.
- Estudos de Frei Inácio Dellazari, OFM.
- Estudos e pesquisas meus (Exp. Assis 2007 e agora).
3


1. O que são Fontes ou uma Fonte? Água. Beber da Fonte, na fonte e não água
tratada, ou de reservatório.

       Todo estudo sério e histórico precisa ir às Fontes. Bíblia: estudar e conhecer
bem línguas e a terra Santa, e ter o pensar de Deus, entrar nele, ocupar-se com ele.
       Falando em FF, queremos saber qual a melhor forma de ter informações
genuínas sobre São Francisco de Assis e o movimento franciscano.
       Francisco nunca foi tão conhecido como hoje. Mas foi só no fim do século XIX
que se começou a trabalhar o material franciscano a partir das fontes garantidas,
autênticas. Antes, era comum usar uma metodologia popular, que só visava a
divulgação.

1.     Fontes.
Fontes históricas são documentos de qualquer tipo em que possamos descobrir de
maneira direta os fatos passados pelos quais estamos interessados.
       Muitas vezes são importantes também documentos indiretos, que são antigos e
se basearam nas fontes. Na verdade, são subsídios para o estudo. Mas os subsídios
adquirem valor de fontes se os documentos mais antigos em que foram baseados
tiverem sido perdidos.

1.1. Tipos de Fontes.
Há dois tipos principais de Fontes: os vestígios e os testemunhos.
Os vestígios foram deixados inconscientemente. Vestígios são, por exemplo, objetos
(ossos, utensílios, armas...) ou tradições (como instituições, usos, costumes, ritmos de
vida...) ou mesmo escritos (como acordos políticos, anotações pessoais ou
comerciais...).
Os testemunhos foram deixados por pessoas que quiseram passar alguma coisa para a
história. Estes podem ser mudos, orais ou escritos. Em geral são mais claros e
reveladores, mas podem não ser tão originais, porque nós sempre julgamos e
selecionamos o que comunicamos. É como que uma interpretação.
Testemunhos mudos são, por exemplo, os monumentos, os ritos que se instituíram
para preservar a história. Testemunhos orais são, por exemplo, mitos, provérbios,
cânticos...
Os testemunhos escritos costumam ser os mais importantes e são constituídos
geralmente por narrativas, documentários ou expressões de atividades artísticas.

1.2. As Fontes Franciscanas. Nesta Experiência Assis nós iremos entrar em contato
com várias das Fontes Franciscanas: Vestígios e os testemunhos (fontes mudas, como
4


as grutas, monumentos; Fontes orais (não teremos) e Escritos – que também podem ser
tendenciosos, pois sempre se escolhe o que se quer falar ou escrever). Aqui vamos nos
ater aos documentos escritos e que podemos dividir em 3 grandes secções: os Escritos
de S. Francisco, as Biografias e as Crônicas. Vamos dar a lista completa e alguma
apresentação das mais importantes.

2. Os Escritos de São Francisco

2.1. Introdução. O que não são:
 - um programa apresentado por Francisco;
- definições do que ele pensava;
- o que queria que os outros pensassem;
- um pensar abstrato ou intelectual. Francisco não é intelectual.
       O que são: o que Francisco escreveu é o transbordamento do que ele sentia
diante de Deus, das pessoas e da criação. A Deus ele celebra, canta a criação, exorta as
pessoas.
       Frei Dorvalino Fassini opina: “Fonte é mais do que o texto em seu sentido
historiográfico. A Fonte, que se encarnou em Jesus Cristo, irrompe também em
Francisco, Clara, Egídio, Junípero e em cada vocacionado à Vida Franciscana. (...) Por
isso, vai-se ao texto não pra ver Francisco, mas para descobrir como ele se historiou
com a Fonte”.
       O que é importante para nós: é que nesses Escritos nós auscultamos, apalpamos
e entramos em contato com a sua experiência viva, com a sua personalidade, com suas
intenções, com a graça das origens. É assim que encontramos nele uma proposta de
vida.
       É importante não se limitar aos Escritos. Todas as Fontes, mesmo exigindo uma
leitura crítica e atenta, são necessárias para entendê-lo, no seu tempo, na sua terra.
Ajudam-nos a colher a sua Forma Vitae, ou como diz a velha antífona: Forma
minorum! . É óbvio que todos os estudos que nos ajudam a compreender a Idade
Média são de ajuda, ou até fundamentais.
       Os Escritos precisam ser lidos, meditados, rezados e assimilados. É preciso ter
calma, reverência. Muita escuta e desejo de interagir. Cada Escrito se torna muito
pobre e reduzido se não for bebido no conjunto de todos os outros.
       Francisco sabia escrever (atestam-no os seus Autógrafos). Não sabia o latim
erudito. Escreveu e ditou ou fez escrever. Alguns textos são bem originais e outros
ricamente adornados com citações bíblicas: encarregava irmãos para adorná-los, como
é o caso da Rnb e da CtaM. Geralmente ditava a um irmão, e, possivelmente, ditava no
5


seu dialeto e o escrivão (um irmão perito na arte da escrita) já ia escrevendo no latim
que conhecia.

2.2.   Quais são?

      Os Escritos que hoje possuímos são pouco mais de trinta, trinta e oito (nas nossa
FF são 36 – Não registram a Bênção a Santa Clara (Ep 108), a Carta aos Frades
Franceses – esta só é testemunhada na Crônica de Tomás de Ecleston) e a Carta a Frei
Jacoba (há alusão na 3Cel 37). É muito para quem se auto-definiu “ignorans et idiota”
(ctaO 39: Ignorante e iletrado; Test 19; PA 11; 1Cel 27,1; TC 36,3). Ver também nas
FF, à página 8.

2.2.1. Exortações (são 3):
- Admoestações
- Testamento
- Cântico “Ouvi, pobrezinhas!”

2.2.2. Proposta de vida, textos legislativos (são 6):
       - Regra não bulada
       - Regra bulada
       - Regra para os Eremitérios
       - Forma de Vida para Santa Clara
       - Última Vontade para Santa Clara
       - Fragmentos de outra Regra não bulada

2.2.3. Cartas (são 11):
       - Primeira Cara aos Fiéis
       - Segunda Carta aos Fiéis
       - Primeira Carta aos Custódios
       - Segunda Carta aos Custódios
       - Primeira Carta aos Clérigos
       - Segunda Carta aos Clérigos
       - Cara a toda a Ordem
       - Carta ao Ministro
       - Carta aos Governantes dos povos
       - Carta ao Frei Leão
       - Carta a Santo Antônio
6


2.2.4. Orações (são 10):
        - Oração diante do Crucifixo
        - Exortação ao Louvor de Deus
        - Louvores para todas as Horas
        - Ofício da Paixão
        - Exposição sobre o Pai Nosso
        - Bênção a Frei Leão
        - Louvores a Deus Altíssimo
        - Saudação à Beata Virgem Maria
        - Saudação às Virtudes
       - Cântico de Frei Sol

2.2.5. Fragmentos em outros livros:
       - Bênção a Frei Bernardo
       - Testamento de Sena
       - Ditado da Verdadeira e Perfeita Alegria
       - Carta aos Bolonheses
       - Carta a Santa Clara sobre o Jejum e
              - Bênção a Santa Clara
              - Carta a Frei Jacoba
              - Carta aos Frades Franceses

E tem ainda os não autênticos ou inseguros, entre estes: a „Oração simples pela paz‟
(que surgiu na França em 1914).

2.3. Francisco autor?
        Há uma grande variedade de modalidades nas quais Francisco passa por autor:
a)      Algumas vezes ele escreveu diretamente, sem auxílio de ninguém e de próprio
punho (BLe, CtaL).
b)      Outras vezes escreveu sozinho, mas ditando o conteúdo a um secretário. É o
caso das orações, CISol.
c)      Ou alguém simplesmente anotava o que Francisco falava (Adm) e não sabemos
se ele revisou os textos ou não.
d)      Em outras, ele escreveu ou ditou o que fora debatido por um grupo
(Testamento) ou em um capítulo. Ou ainda, um assunto fora debatido com Francisco e
alguém escreveu. Este é o caso da Rnb. As informações de que Cesário de Espira teria
acrescentado textos bíblicos atualmente já não é pacífica, pois certos textos são o
próprio conteúdo central.
e)      Outras vezes ainda ele praticamente nada pôs de próprio, apenas recolheu
citações bíblicas (Ofp). Neste caso, sua espiritualidade se revela (e muito) na seleção
feita dos testos.
7


f)     Por fim, fez o primeiro esboço da Rb. No texto trabalharam també]m Frades e a
Cúria Romana.
Todas estas são formas de autoria. Francisco escreveu em latim. Dois textos no
italiano vulgar: CISol e OCr.

2.4.   História dos Escritos.

      Falávamos, acima, de “Forma minorum”. Com esta expressão se atinge o âmago
da vida franciscana. A Regra não é a forma, ou seja, o modo, o como, o todo e o
elemento constitutivo dessa vida. Esta encontramos na figura viva de nosso pai
comum, Francisco, que por sua vida e por sua exuberante personalidade representa o
tipo original e o modelo perene da vida franciscana, o ponto de referência para quem
recebeu o dom da vida franciscana.

       Como é que os Escritos de São Francisco chegaram até nós? Dizem nossas FF
(p. 14) que „desde muito cedo, houve, por parte dos Frades Menores, grande interesse
em recolher tudo aquilo que São Francisco escreveu ou mandou escrever‟. Assim
foram surgindo escritos, Manuscritos que recolhiam tudo o que havia sobre o santo,
em particular o que viera dele, inclusive alguns mosteiros dos Beneditinos foram
copiando e anexando alguns textos de Francisco aos seus Manuscritos.
   Frei Caetano Esser, na segunda metade do séc. XX examinou os Escritos de São
Francisco, entrou em contato com mais do que uma centena de Manuscritos. Vários,
destes, provém do século XIII, sendo o mais importante o códice 338 da Biblioteca
Comunal de Assis (Metade do Séc.). Fazer coletâneas era normal: Francisco era
importante e o Movimento Franciscano forte e de projeção na Igreja e nas
Universidades; São Francisco tinha incentivado os destinatários de seus escritos a
fazerem cópias, a guardá-los na memória e a colocá-los em prática (CtaG, seu final;
final da ctaO; final da ctaCl e ctaCust). Assim, grande é o número de Manuscritos que
trazem coletâneas, umas mais completas e outras menos dos Escritos do Santo. Ao
longo do primeiro século franciscano houve uma verdadeira proliferação destas
coletâneas (foram copiadas).
       Alguns têm uma documentação muito antiga, outros constam de coleções
medievais, e outros foram descobertos há bem pouco tempo. Sua apresentação: 1) os
testemunhos mais antigos; 2) as coleções medievais; 3) outras descobertas.

2.4.1. Os testemunhos mais antigos:
a)        Autógrafos (saíram das mãos de Francisco): são 3: a Bênção a Frei Leão e
os Louvores a Deus Altíssimo, estão nos dois lados de um mesmo pergaminho,
conservado e exposto na Basílica de S. Francisco em Assis. A Carta a Frei Leão, está
8


exposta na catedral de Espoleto. São pergaminhos pequenos, que Frei Leão guardou no
seu hábito até o fim da vida. Pergaminhos: é de couro. Papiro: de planta. Trapo: pano
(China).
b)        O códice B. 24 da Biblioteca Vallicelliana em Roma. Pertence à Abadia do
Subiaco e contém um missal em que se transcreveu (entre os anos 1219 e 1238) a
Primeira Carta aos Clérigos. É o códice mais antigo com um Escrito de Francisco.
Contém o sinal “Tau com a cabeça”, como na Bênção a Frei Leão.
c)        Um sermão de 1231: Pregando aos universitários de Paris, no dia 13 de
julho de 1231, um dominicano citou a Admoestação 6, atribuindo-a explicitamente a
S. Francisco.

2.4.2. As coleções medievais.

Há 4 coleções antigas, já estudadas por Paul Sabatier (1858-1928) e Sofrônio Clasen
OFM (+1975).
a) O Códice 338 de Assis: Pertencia ao Sacro Convento de Assis e foi seqüestrado em
1810, passando a pertencer ao governo italiano, que desde 1981, permitiu que voltasse
a ser guardado no convento. Foi escrito por frades do Sacro Convento antes de 1279,
metade do século.
b) A compilação de Avinhão. Trabalho de um Frade que, por volta do ano 1340,
reuniu informações sobre o Santo que não constavam na Legenda Maior.
c) O grupo da Porciúncula. São 8 manuscritos feitos por copistas profissionais,
provenientes dos conventos da estrita observância. São do século XIV, um deles
certamente antes de 1370.
d) O grupo do norte ou da província da Colônia. São 11 manuscritos, feitos por
profissionais, fora da Ordem: cônegos regulares ou crucíferos. São do fim do século
XIV ou do começo do século XV.
       Estes grupos somam uns 30 códices, que constituem a base de quase todos os
outros manuscritos conhecidos.

      Todas essas coleções apresentam as Admoestações, a 2CtaF, a CtaO e a SV. As
3 primeiras dão também a Regra bulada e o Testamento.
      Assis, Avinhão e Norte dão também a REr e os LH. Avinhão e Porciúncula
trazem a BL e a SBVM. Assis e Avinhão dão o OP e o CIS. Só Avinhão traz a OC e a
CtaA. Só Porciúncula tem a CtaM e Rnb. Avinhão dá um pedacinho do cap. 16 da
Rnb.
9


2.4.3. Outras descobertas. Há também algumas coleções conservadas em códices do
século XIV e XV. A mais importante está guardada no Antonianum de Roma.
Numerosos manuscritos só dão um ou dois Escritos, em geral a Rb e o Test.
Todos estes pergaminhos foram descobertos nos últimos anos do séc. XIX ou no
século XX. “Ouvi, pobrezinhas” só foi descoberto em 1976, por Giovanni Boccali,
após indicações das Clarissas.

2.4.3.1.      Edições impressas.
Nos tempos modernos as edições dos Escritos de Francisco estão ligadas a estudiosos
que as publicaram. Eis os mais importantes:
1) Lucas Wadding: fez a primeira edição desde a invenção da imprensa (uma coleção
não sistemática). É um frade irlandês que publicou os Annales Minorum. Usou a
palavra Opusculos (obrinhas). Hoje falamos em Escritos. Este livro era enorme e tinha
710 páginas. Ele como que recolheu tudo o que tinha. Não precisou pela autenticidade
e nem pela sistemática. A primeira tradução de Escritos de S. Francisco foi Francesa,
1632.
2) Paulo Sabatier: é um pastor protestante e escreveu uma Vida de São Francisco, em
1893. Estudou os pergaminhos que falavam de Francisco e revolucionou as buscas
franciscanas, já muito insatisfeitas com a coleção de Wadding por ter incluído obras
legítimas juntamente com outras inseguras ou apócrifas. As publicações de Sabatier
animou outros estudiosos e pesquisar e rever os Escritos de São Francisco e as Fontes
históricas. A questão franciscana movimentou os estudiosos. A partir disto
começaram, já no século XX a aparecer edições críticas.
3) Leonardo Lemmens (franciscano - 1904), publicação dos estudiosos de Quaracchi,
perto de Florença. Limitou-se aos escritos em latim, logo não incluiu o Cântico de Frei
Sol, cujo original era em italiano, e estava no códice 338, usado por ele. Heinrich
Boehmer (leigo - 1904), de Tübingen. Apresenta a história dos Escritos, a edição de
Wadding e distingue os diversos escritos do Santo. A partir destas os Escritos de
Francisco ficaram já bem reduzidos. Sabatier colaborou com os dois, que estudaram
separadamente, mas a conclusão é muito próxima.
4) Caetano Esser (edição crítica é de 1976. Viveu de 1913-1978). Nos primeiros
decênios do século XX os estudiosos encontravam muitos novos manuscritos. Estava
em alta a Questão Franciscana. Os Escritos foram cada vez melhor conhecidos. Esser
fez sua tese sobre o Testamento. Comparou um por um os pergaminhos que traziam o
texto. Foi percebendo a dependência entre os diversos códices e estabeleceu a base
para uma edição crítica. Continuou a estudar todos os escritos do Santo. Conseguiu
reunir 196 códices que continham os Escritos, sem contar mais 56 que só tinham a
Regra não bulada e o Testamento. Em 1976 saíram duas edições críticas: a de Esser e a
10


outra de João Boccali, ofm. Este publicou uma concordância dos Escritos de Francisco
e de Santa Clara. O texto de Esser serviu de base para as traduções modernas.
5) Em 2001 (25 anos depois) foi celebrado um Congresso em cima dessa edição e foi
tomada a decisão de manter esta Edição, mas também se decidiu publicar um anexo
com várias modificações e melhoramentos. Este trabalho continua. Sempre avançamos
e melhoramos. No Brasil, em 2004 fomos contemplados com uma nova edição das FF
com os textos de Francisco e de Clara e das principais fontes do primeiro século
franciscano.
6) Uma nova edição. Em 1995 as Edizioni Porziunola, de Assis apresentaram as
Fontes Franciscani (latim). São 2.581 páginas em papel bíblia. Traz todas as Fontes
mais importantes, com preciosas introduções atualizadas (traz os Escritos, a Legenda e
o Processo de Santa Clara). É edição na versão crítica.
7) 2009: Edizione critica, a cura di Carlo Paolazzi, ofm. Francesco d‟Assisi. Scritti.
Para celebrar o 8º Centenário da Aprovação da Forma de vida.

2.4.3.2.     Para se ter uma idéia de como se faz uma edição crítica.

       O fundamental é estudar todos os pergaminhos antigos para chegar a estabelecer
um texto seguro, isto é, o mais próximo possível do que foi escrito no tempo de S.
Francisco.
„Quanto mais velho o pergaminho mais próximo do texto verdadeiro‟, é princípio
válido (caso o códice 338 de Assis), mas nem sempre garantido. Um texto
intermediário pode ter copiado com maior autenticidade. Então, para termos uma idéia,
há regras que foram estabelecidas:
1.      O latim menos certo ou textos com os italianismos não corrigidos.
2.      Alguns textos estavam decorados (Testamento e Regra): é preferível a forma
diferente.
3.      A Ordem mudou muito e certas expressões sobre a vida fraterna não se
entendiam mais. Então o costume era tomar outra palavra em uso. Aqui é importante o
conhecimento da história, pode ajudar a perceber o texto corrigido.
4.      A linguagem teológica de Francisco e companheiros é anterior à Escolástica. O
texto mais antigo é o menos correto, ou com linguagem certamente mais antiga.
5.      S. Francisco usava uma prosa despojada, sem belezas de estilo. Entre um
pergaminho que tem um texto mais bonito e outro com linguagem mais rude, é preciso
ficar com o menos bonito.
11


2.4.3.3.    Datação dos Escritos. Conforme página 18s das nossas Fontes
Franciscanas e Clarianas.

2.5. Metodologia de leitura.
       Para uma metodologia mais científica de leitura importa ter presente as diversas
formas em que Francisco foi autor. Isso interfere na compreensão.
       Ter presente o momento cronológico ou psicológico, pessoal em que elaborou:
é ver o texto, contexto e pretexto. Há sempre um porquê e um para quê.
       Francisco é homem longe das ambições literárias, mas, por sua origem, é
mercador dotado de inato espírito prático, no agir, no falar, no escrever. Cada palavra é
importante: pode fechar um negócio ou perdê-lo! Ligado ao seu mundo interior, a
palavra de Francisco é instrumento ágil e segura que está direcionada ao objetivo.

       Para não fazer uma leitura fundamentalista, é importante fazer umas perguntas:
quando; por que (Francisco responde a qual situação; o que se passava com Francisco
(contexto pessoal).
       É importante ainda saber desde onde se lê, isto é: a partir de que lugar social.
Assim, não existe uma leitura neutra. Certas dimensões do conteúdo apenas quem vive
a experiência poderá perceber.
       Ter cuidado de não ler os Escritos com a idéia de mito de Francisco que as
biografias nos passaram (Fioretti).




3.1. Em grupos:

1) Admoestações. Ler, conforme acima, e Admoestação VI. Tentar evidenciar quando
foi escrito, o que estava acontecendo, o problema entre os Frades que Francisco
procura sanar. A espiritualidade do texto, e qual o Escrito onde o mesmo tema é
abordado: ler no contexto, com a maneira de pensar de Francisco. Atualizar.

2) Testamento: ler, conforme acima; tomar um parágrafo do Testamento: o que
Francisco quer confirmar ou corrigir; o que estava acontecendo. A espiritualidade do
texto e onde Francisco tem voltado a este tema? Ler no contexto. Atualizar.

3) Ouvi, pobrezinhas: ler, conforme acima. Ler o texto, entender o que estava
acontecendo com a Clarissas em São Damião e a preocupação de Francisco. Perceber
12


o jeito de Francisco falar com as Irmãs. Espiritualidade no contexto dos demais
Escritos. Atualizar.

4) Regra bulada: Ler, conforme acima. Tomar o cap. IX. Quais dificuldades havia na
vida da Fraternidade? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, sua firmeza.
Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar.

5. Regra não bulada. Ler, conforme acima. Tomar o cap. V, 13-17. Quais dificuldades
havia na vida da Fraternidade? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, sua
firmeza. Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar.

6. Regra para os Eremitérios. Ler, conforme acima. O porquê deste texto. Quais
dificuldades havia na vida da Fraternidade? Perceber o jeito de Francisco, as palavras
que usa, sua energia e convicção. Entender a espiritualidade do texto com outros
Escritos. Atualizar.

7. Forma de Vida para Santa Clara. Ler, conforme acima. Essencialmente, o que
Francisco diz? Quais dificuldades havia na Fraternidade, ou qual segurança quer
transmitir? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, o seu coração de mãe.
Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar.

8. 2ctaF. Ler, conforme acima. Tomar os vv. 4.22-27. Quais dificuldades havia entre
os Irmãos e Irmãs da Penitência? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa,
sua firmeza. Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar.

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Os Escritos de São Francisco como caminho para conhecê-lo

  • 1. Os “Escritos” como caminho a Francisco Os Escritos de Francisco de Assis são uma fonte inexaurível de riquezas porque seu autor viveu com uma intensidade profunda as mais variadas experiências de abertura a Deus, a todas as classes e situações de pessoas, a todas as criaturas da natureza, a todos os sentimentos e aspirações humanos, a todas as experiências de fé. Essas experiências transparecem nos seus escritos. São a via privilegiada para acessar o coração de nosso santo, porque lhes expõem as vibrações interiores. A esse manancial é imprescindível recorrer cotidianamente para manter viva a seiva do carisma que corre em nossas veias. Encontrar São Francisco de Assis1 é uma aventura do espírito, doce, forte, inquietante, aventura sempre nova. Às vezes ele nos vem ao encontro como os lugares da nossa infância, onde tudo aparece assim presente, bom, familiar e, ao mesmo tempo, assim distante, perdido. Mas, acima de tudo, mais vivo do que nunca! Francisco é um homem radicalmente enraizado no seu tempo e “peregrino do Absoluto”. Ele parece inatingível e fora do nosso dia-a-dia. Porém, olhos e corações perseguem-no com estupor de uma pergunta: está Francisco longe de nós ou estamos nós vivendo distantes da verdade de nós mesmos? O mistério de Francisco não é uma novidade. Este fazia, muitas vezes, Francisco ser incompreensível para os seus primeiros companheiros, como nos é descrito pelos Fioretti, quando Frei Masseo de Marignano, homem de grande santidade e discrição, que facilmente falava com Deus e de Deus, e por isso muito amado por Francisco, interpelava o Santo sobre o porquê de ele atrair as pessoas: Fior 10. Francisco, com a sua resposta, corta toda tentação de triunfalismos humanos e responde (Ler o texto: 1505). O mistério de Francisco se encontra e se esconde, assim, no mistério da Graça e nas buscas e realidades históricas das pessoas e do mundo do seu tempo. Em Francisco encontramos a inaudita atualidade de uma figura e de uma mensagem. A ele o nosso tempo está olhando com interesse. Ali, parece, está escondido o mistério ao qual anelamos. Ali, cremos, há o caminho ao mistério, sonho e utopia ínsitos nossos. Francisco repropôs a cada pessoa e ao coletivo “a vida do Evangelho de Jesus Cristo”. Esta vida enriqueceu, de maneira extraordinária, a humanidade. Para tanto, necessário se faz vivê-lo. O Evangelho deu a Francisco coragem viril e a candura de uma criança, amor filial ao Pai e amor fraterno a cada criatura, senso vivo de uma justiça superior à história do seu tempo e “doçura na alma e no corpo” no cuidar das chagas dos próprios 1 Cf Carlo Paolazzi, Lettura degli “Scritti” di Francesco d‟Assisi, 3-4.
  • 2. 2 irmãos. Por um momento, a luz do projeto de Deus, plenamente revelado em Cristo, volta a desposar-se em Francisco com o nosso sonho, mesmo se bruxuleante, sempre vivo de um mundo pacífico e de uma humanidade reconciliada, que procura e conhece e vive a suprema justiça do amor. Nascido de uma experiência de vida, o ideal evangélico franciscano se impõe com força somente quando o encontramos encarnado e vivido por alguém “com simplicidade e pureza”, como Francisco exigia de si mesmo e dos seus irmãos. A quem, para encontrar Francisco, considera importante os escritos históricos, temos dois caminhos a percorrer. Uma é a das narrações dos Biógrafos, que narram a aventura de Francisco e da sua primeira fraternidade, caminho mais percorrido nesses 800 anos. O outro é escutar o próprio Francisco, através dos seus Escritos. Além da Regra bulada e do Cântico do Irmão Sol, todos os demais Escritos de Francisco ficaram no esquecimento. Francisco, a partir dos seus escritos, ficou esquecido, também porque, no seu Testamento, ele se autodefine “simples e iletrado”. Nos últimos anos, para conhecer Francisco, os olhos e a atenção se voltaram para os seus Escritos. Hoje sabemos que os Escritos são a Fonte primeira para encontrarmos a sua interioridade e sua identidade profundas e o seu projeto de vida evangélica (óbvio, sempre é importante manter a relação com as Biografias). O caminho dos Escritos, que são breves, é muito mais difícil e austero. Este caminho nos obriga a esquecer as cores afetuosas, heróicas de tantas páginas biográficas para descer até o coração de Francisco, redesenhando o mundo e a vida com os seus olhos e as suas palavras: o caminho do seu rezar e louvar, das trevas juvenis de São Damião até o êxtase do Alverne; suas cartas, Admoestações... o seu grande projeto de fraternidade “segundo a forma do santo Evangelho”, que encontramos nas Regras, empenho particular de Francisco, desafio à Igreja e para nós, hoje. Para chegarmos a Francisco, precisamos ter claro que saber ou entender não basta, é necessário viver o Evangelho para entender Francisco e a sua proposta. Estudo dos Escritos de São Francisco: Sirvo- me de: - “Fontes Franciscanas”: Frei José Carlos Pedroso, OFMCap. - Algum estudo, texto de Frei Aldir Crocoli, OFMCap. - Estudos de Frei Inácio Dellazari, OFM. - Estudos e pesquisas meus (Exp. Assis 2007 e agora).
  • 3. 3 1. O que são Fontes ou uma Fonte? Água. Beber da Fonte, na fonte e não água tratada, ou de reservatório. Todo estudo sério e histórico precisa ir às Fontes. Bíblia: estudar e conhecer bem línguas e a terra Santa, e ter o pensar de Deus, entrar nele, ocupar-se com ele. Falando em FF, queremos saber qual a melhor forma de ter informações genuínas sobre São Francisco de Assis e o movimento franciscano. Francisco nunca foi tão conhecido como hoje. Mas foi só no fim do século XIX que se começou a trabalhar o material franciscano a partir das fontes garantidas, autênticas. Antes, era comum usar uma metodologia popular, que só visava a divulgação. 1. Fontes. Fontes históricas são documentos de qualquer tipo em que possamos descobrir de maneira direta os fatos passados pelos quais estamos interessados. Muitas vezes são importantes também documentos indiretos, que são antigos e se basearam nas fontes. Na verdade, são subsídios para o estudo. Mas os subsídios adquirem valor de fontes se os documentos mais antigos em que foram baseados tiverem sido perdidos. 1.1. Tipos de Fontes. Há dois tipos principais de Fontes: os vestígios e os testemunhos. Os vestígios foram deixados inconscientemente. Vestígios são, por exemplo, objetos (ossos, utensílios, armas...) ou tradições (como instituições, usos, costumes, ritmos de vida...) ou mesmo escritos (como acordos políticos, anotações pessoais ou comerciais...). Os testemunhos foram deixados por pessoas que quiseram passar alguma coisa para a história. Estes podem ser mudos, orais ou escritos. Em geral são mais claros e reveladores, mas podem não ser tão originais, porque nós sempre julgamos e selecionamos o que comunicamos. É como que uma interpretação. Testemunhos mudos são, por exemplo, os monumentos, os ritos que se instituíram para preservar a história. Testemunhos orais são, por exemplo, mitos, provérbios, cânticos... Os testemunhos escritos costumam ser os mais importantes e são constituídos geralmente por narrativas, documentários ou expressões de atividades artísticas. 1.2. As Fontes Franciscanas. Nesta Experiência Assis nós iremos entrar em contato com várias das Fontes Franciscanas: Vestígios e os testemunhos (fontes mudas, como
  • 4. 4 as grutas, monumentos; Fontes orais (não teremos) e Escritos – que também podem ser tendenciosos, pois sempre se escolhe o que se quer falar ou escrever). Aqui vamos nos ater aos documentos escritos e que podemos dividir em 3 grandes secções: os Escritos de S. Francisco, as Biografias e as Crônicas. Vamos dar a lista completa e alguma apresentação das mais importantes. 2. Os Escritos de São Francisco 2.1. Introdução. O que não são: - um programa apresentado por Francisco; - definições do que ele pensava; - o que queria que os outros pensassem; - um pensar abstrato ou intelectual. Francisco não é intelectual. O que são: o que Francisco escreveu é o transbordamento do que ele sentia diante de Deus, das pessoas e da criação. A Deus ele celebra, canta a criação, exorta as pessoas. Frei Dorvalino Fassini opina: “Fonte é mais do que o texto em seu sentido historiográfico. A Fonte, que se encarnou em Jesus Cristo, irrompe também em Francisco, Clara, Egídio, Junípero e em cada vocacionado à Vida Franciscana. (...) Por isso, vai-se ao texto não pra ver Francisco, mas para descobrir como ele se historiou com a Fonte”. O que é importante para nós: é que nesses Escritos nós auscultamos, apalpamos e entramos em contato com a sua experiência viva, com a sua personalidade, com suas intenções, com a graça das origens. É assim que encontramos nele uma proposta de vida. É importante não se limitar aos Escritos. Todas as Fontes, mesmo exigindo uma leitura crítica e atenta, são necessárias para entendê-lo, no seu tempo, na sua terra. Ajudam-nos a colher a sua Forma Vitae, ou como diz a velha antífona: Forma minorum! . É óbvio que todos os estudos que nos ajudam a compreender a Idade Média são de ajuda, ou até fundamentais. Os Escritos precisam ser lidos, meditados, rezados e assimilados. É preciso ter calma, reverência. Muita escuta e desejo de interagir. Cada Escrito se torna muito pobre e reduzido se não for bebido no conjunto de todos os outros. Francisco sabia escrever (atestam-no os seus Autógrafos). Não sabia o latim erudito. Escreveu e ditou ou fez escrever. Alguns textos são bem originais e outros ricamente adornados com citações bíblicas: encarregava irmãos para adorná-los, como é o caso da Rnb e da CtaM. Geralmente ditava a um irmão, e, possivelmente, ditava no
  • 5. 5 seu dialeto e o escrivão (um irmão perito na arte da escrita) já ia escrevendo no latim que conhecia. 2.2. Quais são? Os Escritos que hoje possuímos são pouco mais de trinta, trinta e oito (nas nossa FF são 36 – Não registram a Bênção a Santa Clara (Ep 108), a Carta aos Frades Franceses – esta só é testemunhada na Crônica de Tomás de Ecleston) e a Carta a Frei Jacoba (há alusão na 3Cel 37). É muito para quem se auto-definiu “ignorans et idiota” (ctaO 39: Ignorante e iletrado; Test 19; PA 11; 1Cel 27,1; TC 36,3). Ver também nas FF, à página 8. 2.2.1. Exortações (são 3): - Admoestações - Testamento - Cântico “Ouvi, pobrezinhas!” 2.2.2. Proposta de vida, textos legislativos (são 6): - Regra não bulada - Regra bulada - Regra para os Eremitérios - Forma de Vida para Santa Clara - Última Vontade para Santa Clara - Fragmentos de outra Regra não bulada 2.2.3. Cartas (são 11): - Primeira Cara aos Fiéis - Segunda Carta aos Fiéis - Primeira Carta aos Custódios - Segunda Carta aos Custódios - Primeira Carta aos Clérigos - Segunda Carta aos Clérigos - Cara a toda a Ordem - Carta ao Ministro - Carta aos Governantes dos povos - Carta ao Frei Leão - Carta a Santo Antônio
  • 6. 6 2.2.4. Orações (são 10): - Oração diante do Crucifixo - Exortação ao Louvor de Deus - Louvores para todas as Horas - Ofício da Paixão - Exposição sobre o Pai Nosso - Bênção a Frei Leão - Louvores a Deus Altíssimo - Saudação à Beata Virgem Maria - Saudação às Virtudes - Cântico de Frei Sol 2.2.5. Fragmentos em outros livros: - Bênção a Frei Bernardo - Testamento de Sena - Ditado da Verdadeira e Perfeita Alegria - Carta aos Bolonheses - Carta a Santa Clara sobre o Jejum e - Bênção a Santa Clara - Carta a Frei Jacoba - Carta aos Frades Franceses E tem ainda os não autênticos ou inseguros, entre estes: a „Oração simples pela paz‟ (que surgiu na França em 1914). 2.3. Francisco autor? Há uma grande variedade de modalidades nas quais Francisco passa por autor: a) Algumas vezes ele escreveu diretamente, sem auxílio de ninguém e de próprio punho (BLe, CtaL). b) Outras vezes escreveu sozinho, mas ditando o conteúdo a um secretário. É o caso das orações, CISol. c) Ou alguém simplesmente anotava o que Francisco falava (Adm) e não sabemos se ele revisou os textos ou não. d) Em outras, ele escreveu ou ditou o que fora debatido por um grupo (Testamento) ou em um capítulo. Ou ainda, um assunto fora debatido com Francisco e alguém escreveu. Este é o caso da Rnb. As informações de que Cesário de Espira teria acrescentado textos bíblicos atualmente já não é pacífica, pois certos textos são o próprio conteúdo central. e) Outras vezes ainda ele praticamente nada pôs de próprio, apenas recolheu citações bíblicas (Ofp). Neste caso, sua espiritualidade se revela (e muito) na seleção feita dos testos.
  • 7. 7 f) Por fim, fez o primeiro esboço da Rb. No texto trabalharam també]m Frades e a Cúria Romana. Todas estas são formas de autoria. Francisco escreveu em latim. Dois textos no italiano vulgar: CISol e OCr. 2.4. História dos Escritos. Falávamos, acima, de “Forma minorum”. Com esta expressão se atinge o âmago da vida franciscana. A Regra não é a forma, ou seja, o modo, o como, o todo e o elemento constitutivo dessa vida. Esta encontramos na figura viva de nosso pai comum, Francisco, que por sua vida e por sua exuberante personalidade representa o tipo original e o modelo perene da vida franciscana, o ponto de referência para quem recebeu o dom da vida franciscana. Como é que os Escritos de São Francisco chegaram até nós? Dizem nossas FF (p. 14) que „desde muito cedo, houve, por parte dos Frades Menores, grande interesse em recolher tudo aquilo que São Francisco escreveu ou mandou escrever‟. Assim foram surgindo escritos, Manuscritos que recolhiam tudo o que havia sobre o santo, em particular o que viera dele, inclusive alguns mosteiros dos Beneditinos foram copiando e anexando alguns textos de Francisco aos seus Manuscritos. Frei Caetano Esser, na segunda metade do séc. XX examinou os Escritos de São Francisco, entrou em contato com mais do que uma centena de Manuscritos. Vários, destes, provém do século XIII, sendo o mais importante o códice 338 da Biblioteca Comunal de Assis (Metade do Séc.). Fazer coletâneas era normal: Francisco era importante e o Movimento Franciscano forte e de projeção na Igreja e nas Universidades; São Francisco tinha incentivado os destinatários de seus escritos a fazerem cópias, a guardá-los na memória e a colocá-los em prática (CtaG, seu final; final da ctaO; final da ctaCl e ctaCust). Assim, grande é o número de Manuscritos que trazem coletâneas, umas mais completas e outras menos dos Escritos do Santo. Ao longo do primeiro século franciscano houve uma verdadeira proliferação destas coletâneas (foram copiadas). Alguns têm uma documentação muito antiga, outros constam de coleções medievais, e outros foram descobertos há bem pouco tempo. Sua apresentação: 1) os testemunhos mais antigos; 2) as coleções medievais; 3) outras descobertas. 2.4.1. Os testemunhos mais antigos: a) Autógrafos (saíram das mãos de Francisco): são 3: a Bênção a Frei Leão e os Louvores a Deus Altíssimo, estão nos dois lados de um mesmo pergaminho, conservado e exposto na Basílica de S. Francisco em Assis. A Carta a Frei Leão, está
  • 8. 8 exposta na catedral de Espoleto. São pergaminhos pequenos, que Frei Leão guardou no seu hábito até o fim da vida. Pergaminhos: é de couro. Papiro: de planta. Trapo: pano (China). b) O códice B. 24 da Biblioteca Vallicelliana em Roma. Pertence à Abadia do Subiaco e contém um missal em que se transcreveu (entre os anos 1219 e 1238) a Primeira Carta aos Clérigos. É o códice mais antigo com um Escrito de Francisco. Contém o sinal “Tau com a cabeça”, como na Bênção a Frei Leão. c) Um sermão de 1231: Pregando aos universitários de Paris, no dia 13 de julho de 1231, um dominicano citou a Admoestação 6, atribuindo-a explicitamente a S. Francisco. 2.4.2. As coleções medievais. Há 4 coleções antigas, já estudadas por Paul Sabatier (1858-1928) e Sofrônio Clasen OFM (+1975). a) O Códice 338 de Assis: Pertencia ao Sacro Convento de Assis e foi seqüestrado em 1810, passando a pertencer ao governo italiano, que desde 1981, permitiu que voltasse a ser guardado no convento. Foi escrito por frades do Sacro Convento antes de 1279, metade do século. b) A compilação de Avinhão. Trabalho de um Frade que, por volta do ano 1340, reuniu informações sobre o Santo que não constavam na Legenda Maior. c) O grupo da Porciúncula. São 8 manuscritos feitos por copistas profissionais, provenientes dos conventos da estrita observância. São do século XIV, um deles certamente antes de 1370. d) O grupo do norte ou da província da Colônia. São 11 manuscritos, feitos por profissionais, fora da Ordem: cônegos regulares ou crucíferos. São do fim do século XIV ou do começo do século XV. Estes grupos somam uns 30 códices, que constituem a base de quase todos os outros manuscritos conhecidos. Todas essas coleções apresentam as Admoestações, a 2CtaF, a CtaO e a SV. As 3 primeiras dão também a Regra bulada e o Testamento. Assis, Avinhão e Norte dão também a REr e os LH. Avinhão e Porciúncula trazem a BL e a SBVM. Assis e Avinhão dão o OP e o CIS. Só Avinhão traz a OC e a CtaA. Só Porciúncula tem a CtaM e Rnb. Avinhão dá um pedacinho do cap. 16 da Rnb.
  • 9. 9 2.4.3. Outras descobertas. Há também algumas coleções conservadas em códices do século XIV e XV. A mais importante está guardada no Antonianum de Roma. Numerosos manuscritos só dão um ou dois Escritos, em geral a Rb e o Test. Todos estes pergaminhos foram descobertos nos últimos anos do séc. XIX ou no século XX. “Ouvi, pobrezinhas” só foi descoberto em 1976, por Giovanni Boccali, após indicações das Clarissas. 2.4.3.1. Edições impressas. Nos tempos modernos as edições dos Escritos de Francisco estão ligadas a estudiosos que as publicaram. Eis os mais importantes: 1) Lucas Wadding: fez a primeira edição desde a invenção da imprensa (uma coleção não sistemática). É um frade irlandês que publicou os Annales Minorum. Usou a palavra Opusculos (obrinhas). Hoje falamos em Escritos. Este livro era enorme e tinha 710 páginas. Ele como que recolheu tudo o que tinha. Não precisou pela autenticidade e nem pela sistemática. A primeira tradução de Escritos de S. Francisco foi Francesa, 1632. 2) Paulo Sabatier: é um pastor protestante e escreveu uma Vida de São Francisco, em 1893. Estudou os pergaminhos que falavam de Francisco e revolucionou as buscas franciscanas, já muito insatisfeitas com a coleção de Wadding por ter incluído obras legítimas juntamente com outras inseguras ou apócrifas. As publicações de Sabatier animou outros estudiosos e pesquisar e rever os Escritos de São Francisco e as Fontes históricas. A questão franciscana movimentou os estudiosos. A partir disto começaram, já no século XX a aparecer edições críticas. 3) Leonardo Lemmens (franciscano - 1904), publicação dos estudiosos de Quaracchi, perto de Florença. Limitou-se aos escritos em latim, logo não incluiu o Cântico de Frei Sol, cujo original era em italiano, e estava no códice 338, usado por ele. Heinrich Boehmer (leigo - 1904), de Tübingen. Apresenta a história dos Escritos, a edição de Wadding e distingue os diversos escritos do Santo. A partir destas os Escritos de Francisco ficaram já bem reduzidos. Sabatier colaborou com os dois, que estudaram separadamente, mas a conclusão é muito próxima. 4) Caetano Esser (edição crítica é de 1976. Viveu de 1913-1978). Nos primeiros decênios do século XX os estudiosos encontravam muitos novos manuscritos. Estava em alta a Questão Franciscana. Os Escritos foram cada vez melhor conhecidos. Esser fez sua tese sobre o Testamento. Comparou um por um os pergaminhos que traziam o texto. Foi percebendo a dependência entre os diversos códices e estabeleceu a base para uma edição crítica. Continuou a estudar todos os escritos do Santo. Conseguiu reunir 196 códices que continham os Escritos, sem contar mais 56 que só tinham a Regra não bulada e o Testamento. Em 1976 saíram duas edições críticas: a de Esser e a
  • 10. 10 outra de João Boccali, ofm. Este publicou uma concordância dos Escritos de Francisco e de Santa Clara. O texto de Esser serviu de base para as traduções modernas. 5) Em 2001 (25 anos depois) foi celebrado um Congresso em cima dessa edição e foi tomada a decisão de manter esta Edição, mas também se decidiu publicar um anexo com várias modificações e melhoramentos. Este trabalho continua. Sempre avançamos e melhoramos. No Brasil, em 2004 fomos contemplados com uma nova edição das FF com os textos de Francisco e de Clara e das principais fontes do primeiro século franciscano. 6) Uma nova edição. Em 1995 as Edizioni Porziunola, de Assis apresentaram as Fontes Franciscani (latim). São 2.581 páginas em papel bíblia. Traz todas as Fontes mais importantes, com preciosas introduções atualizadas (traz os Escritos, a Legenda e o Processo de Santa Clara). É edição na versão crítica. 7) 2009: Edizione critica, a cura di Carlo Paolazzi, ofm. Francesco d‟Assisi. Scritti. Para celebrar o 8º Centenário da Aprovação da Forma de vida. 2.4.3.2. Para se ter uma idéia de como se faz uma edição crítica. O fundamental é estudar todos os pergaminhos antigos para chegar a estabelecer um texto seguro, isto é, o mais próximo possível do que foi escrito no tempo de S. Francisco. „Quanto mais velho o pergaminho mais próximo do texto verdadeiro‟, é princípio válido (caso o códice 338 de Assis), mas nem sempre garantido. Um texto intermediário pode ter copiado com maior autenticidade. Então, para termos uma idéia, há regras que foram estabelecidas: 1. O latim menos certo ou textos com os italianismos não corrigidos. 2. Alguns textos estavam decorados (Testamento e Regra): é preferível a forma diferente. 3. A Ordem mudou muito e certas expressões sobre a vida fraterna não se entendiam mais. Então o costume era tomar outra palavra em uso. Aqui é importante o conhecimento da história, pode ajudar a perceber o texto corrigido. 4. A linguagem teológica de Francisco e companheiros é anterior à Escolástica. O texto mais antigo é o menos correto, ou com linguagem certamente mais antiga. 5. S. Francisco usava uma prosa despojada, sem belezas de estilo. Entre um pergaminho que tem um texto mais bonito e outro com linguagem mais rude, é preciso ficar com o menos bonito.
  • 11. 11 2.4.3.3. Datação dos Escritos. Conforme página 18s das nossas Fontes Franciscanas e Clarianas. 2.5. Metodologia de leitura. Para uma metodologia mais científica de leitura importa ter presente as diversas formas em que Francisco foi autor. Isso interfere na compreensão. Ter presente o momento cronológico ou psicológico, pessoal em que elaborou: é ver o texto, contexto e pretexto. Há sempre um porquê e um para quê. Francisco é homem longe das ambições literárias, mas, por sua origem, é mercador dotado de inato espírito prático, no agir, no falar, no escrever. Cada palavra é importante: pode fechar um negócio ou perdê-lo! Ligado ao seu mundo interior, a palavra de Francisco é instrumento ágil e segura que está direcionada ao objetivo. Para não fazer uma leitura fundamentalista, é importante fazer umas perguntas: quando; por que (Francisco responde a qual situação; o que se passava com Francisco (contexto pessoal). É importante ainda saber desde onde se lê, isto é: a partir de que lugar social. Assim, não existe uma leitura neutra. Certas dimensões do conteúdo apenas quem vive a experiência poderá perceber. Ter cuidado de não ler os Escritos com a idéia de mito de Francisco que as biografias nos passaram (Fioretti). 3.1. Em grupos: 1) Admoestações. Ler, conforme acima, e Admoestação VI. Tentar evidenciar quando foi escrito, o que estava acontecendo, o problema entre os Frades que Francisco procura sanar. A espiritualidade do texto, e qual o Escrito onde o mesmo tema é abordado: ler no contexto, com a maneira de pensar de Francisco. Atualizar. 2) Testamento: ler, conforme acima; tomar um parágrafo do Testamento: o que Francisco quer confirmar ou corrigir; o que estava acontecendo. A espiritualidade do texto e onde Francisco tem voltado a este tema? Ler no contexto. Atualizar. 3) Ouvi, pobrezinhas: ler, conforme acima. Ler o texto, entender o que estava acontecendo com a Clarissas em São Damião e a preocupação de Francisco. Perceber
  • 12. 12 o jeito de Francisco falar com as Irmãs. Espiritualidade no contexto dos demais Escritos. Atualizar. 4) Regra bulada: Ler, conforme acima. Tomar o cap. IX. Quais dificuldades havia na vida da Fraternidade? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, sua firmeza. Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar. 5. Regra não bulada. Ler, conforme acima. Tomar o cap. V, 13-17. Quais dificuldades havia na vida da Fraternidade? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, sua firmeza. Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar. 6. Regra para os Eremitérios. Ler, conforme acima. O porquê deste texto. Quais dificuldades havia na vida da Fraternidade? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, sua energia e convicção. Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar. 7. Forma de Vida para Santa Clara. Ler, conforme acima. Essencialmente, o que Francisco diz? Quais dificuldades havia na Fraternidade, ou qual segurança quer transmitir? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, o seu coração de mãe. Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar. 8. 2ctaF. Ler, conforme acima. Tomar os vv. 4.22-27. Quais dificuldades havia entre os Irmãos e Irmãs da Penitência? Perceber o jeito de Francisco, as palavras que usa, sua firmeza. Entender a espiritualidade do texto com outros Escritos. Atualizar.