2. “Antes de falarmos de projecto, é preciso
sabermos do que estamos a falar.”
O que é o projecto?
3. Projecto
(latim projectus, -us, acção de se estender)
s. m.
1. O que planeamos fazer.
2. Desígnio, tenção, plano, empresa, cometimento.
3. Primeira redacção de uma lei, estatutos, etc., que se submete à
aprovação.
4. Constr. Plano gráfico e descritivo.
Grafia alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990: projeto
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
“Assim, projecto é plano de acção, intenção, desígnio, intento,
programa, projéctil, roteiro, empresa, esboço, lançamento… Daí a
existência de: - projecto de vida, projecto de viagem, projecto de acção,
projecto de orçamento, projecto de intervenção, projecto de uma casa,
projecto de desenvolvimento económico, projecto urbanístico, projecto
político, projecto educativo, etc.” (Cortesão, 1990, p.81)
5. Como Cortesão et all. (2002), poderíamos perguntar:
O que é, então, um projecto?
O que o distingue de uma outra qualquer actividade de
ensino-aprendizagem?
Será que esta utilização da expressão “projecto” é
apenas uma questão de moda?
6. a “um trabalho que se elabora em conjunto, crescendo com
contribuições e actividades por vezes muito diversificados.”
“a concepções de formação e educação que não se coadunam com
a uniformização e que não se esgotam na instrução e acumulação
de conhecimentos.”
“ao reconhecimento da importância do envolvimento dos alunos
e dos professores nos processos de construção de saberes
significativos e funcionais”
“ao reconhecimento de que a qualidade do ensino e a capacidade
de responder aos problemas do dia-a-dia passa pelo
envolvimento das escolas e dos seus agentes em planos que
trabalhem esses problemas e que, por isso, criem condições para
uma formação, com sentido, para todos.”
(Cortesão et all., 2002, p.23)
8. “Um projecto é um estudo em profundidade, um plano de
acção sobre uma situação, sobre um problema ou um
tema.”
E distingue-se das tradicionais actividades de ensino-
aprendizagem:
pelo sentido que possui;
pela intencionalidade que o orienta;
pela organização que pressupõe;
pelo tempo de realização que o acompanha;
pelos efeitos que produz.
O “projecto envolve uma articulação entre intenções e
acções, entre teoria e prática, organizada num plano
que estrutura essas acções.”
9. Fases de um projecto:
Negociar objectivos;
Elaborar o plano;
Definir modos de acção e de pesquisa;
Construir instrumentos de recolha de dados;
Inventariar recursos;
Calendarizar acções;
Recolher e tratar dados;
Reflectir sobre os percursos do projecto e sobre os
efeitos por ele gerados;
Organizar a informação e divulgá-la.
Grande envolvimento dos alunos
10. “é um ideal muito querido, a concretizar através de um
trabalho de grupo em que se obtém um produto final
determinado e que tem várias fases, ou tarefas,
intermediárias”
“é uma tarefa definida e realizada em grupo, que implica
adesão individual e empenhamento colectivo porque
corresponde, simultaneamente, a interesses e necessidades
pessoais e à vontade de todos”
“é a estruturação e a concretização de uma ideia, e/ou
interligação de ideias, questões e interesses visando alcançar
determinados objectivos e tendo em conta os princípios
orientadores, o contexto, os intervenientes, os recursos”
11. (in Roegiers, 1997)
ANTECIPAÇÃO
DA SITUAÇÃO
PLANIFICAÇÃO
DA ACÇÃO
REALIZAÇÃO PRODUTO
Projecto visado Projecto-plano Projecto-processo Projecto-produto
Projecto “projectado”
Projecto “agido” = PROJECTO
12. Segundo Escudero Muñoz, um projecto, para não se esgotar em “estéticas
relações de boas intenções”, deve definir claramente os “perfis de
mudança” desejados e desenvolver-se por forma a caminhar nessa
direcção.
(Escudeiro Muñoz, 1988, p.87)
Segundo Broch e Cross, o projecto está na charneira de dois pólos: um da
ordem da utopia, do sonho e das intenções – num espírito de algo onde
ainda não cabem os meios da sua execução mas que dá sentido à acção
– e outro que aponta para a organização coerente dessa acção, através
da programação dos meios que o permitem concretizar.
(Broch e Cros, 1991, p.16-17)
Para Cortesão et all., a ligação entre o sentido (a intenção) e a acção (a
organização) não é fácil mas “é preciso ser-se capaz de inspiração e de
acção”, pois a recusa das acções (da organização) conduz, muitas vezes,
apenas à utopia e a centração exclusiva na organização ameaça a
própria acção pela perda de sentido.
(Cortesão et all., 2002, p.27)
14. «Muito se tem falado de um certo “mal estar” que, crescentemente, se tem
vindo a fazer sentir em diferentes níveis do sistema educativo.» (Cortesão et
all., 2002, p. 27)
Esse “mal-estar” é possível de identificar através de variadas manifestações
na própria comunidade educativa.
Os meios de comunicação:
• fazem eco do “mal-estar”;
• relatam com grande destaque os casos negativos;
• reproduzem comentários e reflexões redutoras que isolam os problemas
do sistema educativo dos restantes problemas da sociedade;
• apontam os professores e os currículos como culpados de todos os
problemas da educação;
• e apresentam como solução aumentar o grau de exigência relativa aos
níveis de aprendizagem e a comportamentos aceitáveis, recorrendo a uma
selectividade mais eficaz que eliminaria os que se revelam incapazes e/ou
inaceitáveis, e que trabalharia melhor com os restantes reforço da
escola meritocrática
15. Mas como conjugar a necessidade de uma escola de massas
e democrática com a proposta de eliminar os que
perturbam e/ou os que não rendem?
Em vez de procurarmos culpados para os problemas do
sistema educativo, deveríamos analisar quem são os
alunos dos dia de hoje, quais as razões dos seus
comportamentos e dos seu resultados escolares.
Talvez encontrássemos “algumas pistas de actuação para
que um maior número de alunos se desenvolva de um
modo mais equilibrado e com mais probabilidade de
encontrar um lugar digno na sociedade em que vivem, e
também para que descubram algumas razões para estar
na escola e gostar de aprender.”
16. Os jovens são e sempre foram naturalmente irreverentes.
A relevância discutível de muitos conteúdos tratados nos
currículos que, aos olhos dos alunos, tornam a escola pouco
atractiva.
A prevalência da “educação bancária” que conduz ao
desinteresse dos alunos e ao consequente aumento da
turbulência.
A industrialização e a modernização da sociedade.
A “concorrência” de actividades fora da escola, muito
aliciantes para os alunos.
17. Eliminar os que
perturbam, os que não
“rendem” e trabalhar
com grupos mais
reduzidos, mais
homogéneos, de maior
“mérito”?
Ou tentar introduzir
algumas mudanças no
processo de ensino-
aprendizagem que tentem
responder a estas
mudanças, e a esta
heterogeneidade do público
escolar, e procurem tornar a
escola significativa para um
maior número de alunos?
18. Desafio: conseguir bons níveis de desenvolvimento para
um maior número de alunos.
A solução poderá ser conseguirmos que as aprendizagens
sejam feitas de modos diferentes, numa relação com o
professor e com o trabalho diferente, e sobretudo com
conteúdos curriculares significativos para professores e
alunos.
O trabalho por projectos poderá constituir uma resposta a
algumas dificuldades com que a escola, alunos e
professores se confrontam, actualmente, no quotidiano
do seu trabalho escolar.
19. Para o trabalho por projecto:
- promover aprendizagens
e
- implicar alunos e professores na sua realização,
É preciso que vá ao encontro dos interesses dos alunos
(para que eles se impliquem no seu desenvolvimento)
e que mobilize diferentes conteúdos disciplinares
importantes, contribuindo, portanto, para o
desenvolvimento dos estudantes.