O soneto questiona sobre o paradeiro da alma após o corpo adormecer e se abandonar. A alma poderia estar compartilhando sentimentos reprimidos com um amor distante que ilude e magoa, mas não mata? Ou estará a alma pensando em amor e sexo, ou escondendo-se com medo sobre o peito de um grande amor, cansada da vida?
16. Alma minha
Aonde vai a minha alma se adormeço
E deixa o corpo inerte abandonado?
Com quem partilha o sentimento represado
Com quem, se nunca deixa o endereço?
Será que tem um amor loquaz distante
Desses que o nó da compulsão desata
Que ilude, queima, fere, mas não mata
E a vida inteira diz não ser bastante?
Pensará no amor, buscará sexo?
Meu Deus, porventura haverá nexo
Nessas elucubrações que faço?
Quem sabe não se esconda com receios
Quando queria estar por sobre os seios
De um grande amor, morta de cansaço?