O poema descreve o amor do autor por sua senhora e sua preocupação em perdê-la. Ele se declara submisso a ela, teme morrer sem seu afeto e a compara a marfim em beleza. Pede que ela não se afaste e que possam desfrutar do amor um do outro.
3. I.Farei uma cançãozinha novaantes que vente, gele ou chova.Minha senhora me tenta e me prova,para saber de qual guisa é o amor.E eu, por mais pleitos que me movam,não me desatarei de seus nós.
4. II.Antes, eu me submeto e me entrego a ela,pode me inscrever em sua lista,e que não me tenhas por ébrio,se a minha boa senhora amo,pois não posso viver sem ela,tão faminto estou de seu amor.
5. III.Ela é mais branca que o marfim,por isso, a outra não adoro.Se em breve não receber seu auxílio,que minha boa senhora me ame,morrerei, pela cabeça de São Gregório, [2]caso ela não me beije no quarto ou sob a relva.
6. IV.Qual proveito tereis, nobre senhora,se de vosso amor me distanciar?Parece que desejais tornar-se monja!Saibais que a amo tanto,que temo que a dor me fira,caso não façais direito o erro que vos clamo.
7. V.Qual proveito tereis se eu me enclaustroe não me tiverdes como vosso?Todo o gozo do mundo é nosso,Senhora, se nos amarmos.A meu amigo Daurostrodirei e ordenarei que cante, não relinche. [3]
8. VI.Por isso, temo e estremeço,porque te amo com um tão bom amor,que penso nunca ter nascido igualna grande linhagem de Adão. [4]