Este documento discute a importância da independência de pensamento e ação defendida por Amílcar Cabral no contexto da luta pela independência de Guiné-Bissau. Argumenta que após a escravidão a África não teve autonomia política e que as decisões são tomadas por fora do continente, impedindo o desenvolvimento de líderes e pensamentos nacionais. Também critica como a ideologia e cultura ocidentais influenciam negativamente a formação dos estudantes africanos.
1. Independência, princípio ferido.
“independência de pensamento e de ação”
1
(Amílcar Cabral-PAIGC)
Independência política uma questão pouca debatida na
África, mas para entendermos melhor essa questão vamos
intender a luta do PAIGC a esse respeito. “Nós estamos a lutar
pela independência da nossa terra, pela independência do nosso
povo. A primeira condição para isso é que o nosso partido, a sua
direção, deve ser independente, tanto na maneira de pensar os
problemas e de resolvê-los, como na sua ação dentro ou fora da
nossa terra. Essa é que tem sido a linha do nosso Partido. Todas
as decisões que nós tomamos no quadro do nosso partido, em
relação ao nosso trabalho, no plano africano ou no plano
internacional, são tomadas na absoluta independência da nossa
maneira de pensar e de agir. Esse é um principio sagrado nosso,
que devemos defender custe o que custar. Mas devemos saber
bem que a independência é sempre relativa...”² Depois da
escravatura África não teve autonomia política, se teve foi por
pouco tempo. As decisões são tomadas de fora para dentro, do
internacional para nacional, não de dentro para fora ou de
dentro para dentro, como princípio Independência de
pensamento e de ação defende. Presidentes, dirigentes, que
ousarem contrapor a “agenda misteriosa“ serão deposto com
apoio das organizações mundiais alegando os de crimes
humanitários, (e como se chama o que fizeram com os Panteras
Negras?) isso vem acontecendo em vários países do continente
(África) e fora dela.
Como podemos ter lideres, profissionais, de pensamentos
nacionais se Universidades estrangeiras dizimam
2. silenciosamente o espirito nacionalista que há dentro de cada
um de nós estudantes africanos na diáspora? Financiando
caloiradas (bebedeiras) e apoios a atividades de âmbito cultural
alegam não ter verbas. Como podemos ter homens e mulheres
capazes de andarem com as suas próprias pernas sem a história
e a cultura? Como podemos ter homens e mulheres (graduando
ou pós-graduando) capazes de fazer o País andar com as suas
próprias pernas se em vez de estarem, capacitando, reforçando o
conhecimento, estudando, estão se embebedando em botecos
nas esquinas. “(...) temos que ser cada dia mais capazes, de
pensar muito os nossos problemas para podermos agir bem, e
agir muito, para podermos pensar cada vez melhor.”³ Como
podemos ter homens e mulheres capazes de andarem com as
suas próprias pernas se a ideologia ocidental dita os padrões de
comportamento e ética, ditam o que se ensina nas nossas
escolas, musicas que devemos ouvir e apreciar, roupas que
devemos vestir, ditam a comida que devemos
comer?(globalização). Como podemos ser independentes nessas
condições?
O internacional tem o controle dos nossos pensamentos e
das nossas ações eles nos mantem presos neutralizando o pilar
da resistência que é a cultura porque conhecem a sua força,
“quando Goebbels, o cérebro da propaganda nazi, ouvia falar de
cultura, empunhava a pistola. Isso demonstra que os nazis – que
foram e são a expressão mais trágica do imperialismo e da sede
de domínio – mesmo sendo tarados como Hitler, tinham uma
clara noção do valor da cultura como fator de resistência de
domínio estrangeiro.”4
Por que eu falei de tudo isso se hoje não é dia da
independência mais sim do seu nascimento aí eu respondo:
3. Porque se mata Cabral em todos os princípios feridos, porque se
mata Cabral a cada fuzilamento de mineiros na África do sul, se
mata Cabral a cada golpe em Guiné Bissau, se mata Cabral a cada
homem e mulher mal formado, se mata Cabral em cada
bandidos e malandros sangue suga do povo no poder. - É
nascimento não morte - exatamente Amílcar Cabral nasceu uma
vez (obvio) em 12/09/24, mas vem morrendo desde 1973 pra cá.
1, 2, 3
livro, A arma da teoria, unida de e luta. Volume 1,
Seara Nova 1976, pag 160.
4
livro, A arma da teoria, unida de e luta. Volume 1, Seara
Nova 1976, pag 222.