Este documento fornece instruções para adaptar e implementar a estratégia de Líderes de Opinião Popular (LOP) no Brasil, com foco em prevenção de HIV/DST entre homens que fazem sexo com homens. Ele descreve os componentes e métodos da avaliação formativa necessária para adaptar o modelo LOP ao contexto local, incluindo mapeamento da comunidade-alvo e desenvolvimento de materiais. Também fornece orientações sobre recrutamento, treinamento e apoio aos LOP, além de manutenção da estratégia
1. Ministério da Saúde do Brasil
Brasília, junho de 2012
DEBI Brasil
Instruções para Adaptar e
Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular-LOP
Estratégia de Prevenção para as DST-HIV
GUIA técnico
2. Ministério da Saúde do Brasil
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
DIVULGAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS EFETIVAS
Instruções para Adaptar e
Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular
(LOP)
Guia Técnico
Brasília, 2012
4. 3
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Ministério da Saúde do Brasil
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
DIVULGAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS EFETIVAS
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Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular
(LOP)
Guia Técnico
Brasília, 2012
5. 4
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
DEBI Brasil
De 1980 até junho de 2009 foram identificados 544.846 casos de aids no Brasil. Em
média são 35 mil novos casos por ano no País. A Região Sudeste ainda concentra
o maior percentual (59,3%), seguida pelas Regiões Sul (19,2%), Nordeste (11,9%),
Centro-Oeste, (5,7%) e Norte (3,9%). Em 2008, a exposição sexual foi responsável
por 97% dos casos notificados. Embora se observe, a partir de 2000, uma tendência
de estabilização na proporção de casos de aids entre homens que fazem sexo
com homens (HSH), em 2008, verificou-se um aumento na proporção de casos na
faixa etária de 13 a 24 anos para este segmento (35% em 2000 para 42,7%). Estudo
recentemente realizado mostra que os HSH apresentam risco maior de infecção ao
HIV do que o observado na população geral, com taxas de incidência em torno de 15
vezes a mais do que entre os heterossexuais (Barbosa Jr., 2009).
De acordo com parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), a epidemia no Brasil é concentrada. Estudos realizados em 10 municípios
brasileiros, entre 2008 e 2009, estimaram taxas de prevalência para o HIV de 10,5%
entre HSH (Kerr, 2009); de 5,9% entre UDI (Bastos, 2009); e de 4,9% entre mulheres
profissionais do sexo (MPS) (Szwarcwald, 2009), enquanto que, na população geral
a taxa média de prevalência está em torno de 0,6%. Outro estudo realizado em 2006
aponta que os HSH têm uma probabilidade de desenvolver aids 18 vezes maior do
que os homens heterossexuais (Beloqui, 2006).
A resposta brasileira à epidemia do HIV/aids é reconhecida pela compreensão
dos contextos de vulnerabilidade e diversidade que implicam na valorização das
identidades de grupos e populações e no respeito à diferença. Isso é o resultado da
profícua parceria entre governo e organizações da sociedade civil, estabelecida desde
o início do combate ao HIV/aids no País e consolidada ao longo dos anos.
A estrutura programática do DEBI Brasil tem como base a implantação de
três projetos-piloto distintos desenvolvidos por ONG locais, sob supervisão e
coordenação do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo
Cruz e dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), instituições
parceiras nessa iniciativa. Os resultados obtidos na etapa inicial de tais projetos-
piloto – vinculada, sobretudo, à adaptação das metodologias DEBI no contexto
nacional – subsidiarão uma possível e futura ampliação da estratégia, a partir da
transferência dessas tecnologias de prevenção para outras ONGs brasileiras.
Um conjunto de estratégias específicas para a ampliação dos esforços em
prevenção do HIV/DST junto aos homens homossexuais foi definido e consolidado, a
partir de 2007, no Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST
entre Gays, outros HSH e Travestis. O Programa DEBI Brasil atende diretamente dois
dos objetivos nele listados:
• Fortalecer metodologias de prevenção das DST/HIV para gays e outros HSH que
tiveram êxito comprovado e investir em novas metodologias que acompanhem
as mudanças do contexto da epidemia.
• Ampliar a abrangência geográfica e a qualidade das ações de prevenção,
assistência e tratamento do HIV, das DST e hepatites para travestis, considerando
novas tecnologias de educação em saúde, demandas e especificidades desse
grupo populacional.
Este material cumpre importante etapa do Programa DEBI Brasil, em sua fase
piloto, que é a tradução e adaptação dos manuais editados pelo CDC, sendo
assim base para a coleta de experiências brasileiras que possam ser formatadas,
terem sua eficácia cientificamente comprovadas, avaliadas e, consequentemente,
transformadas em metodologias replicáveis por outras organizações.
6. ÍNDICE
I. Introdução ................................................................................. 7
A. Apresentação do Guia Técnijco ........................................................ 7
B. Contextualização do modelo LOP .................................................. 7
O MODELO LOP .............................................................................................................. 9
Resumo da avaliação formativa necessária em relação aos LOP e
à cultura de risco ................................................................................................ 9
Resumo do Projeto LOP criado pelo Dr. Jeff Kelly .............................. 11
Breve descrição da implementação da estratégia LOP .................... 12
Os Nove Elementos Centrais da Estratégia LOP ................................... 13
Exemplos de Projetos LOP ..................................................................................... 14
Principais Atividades e sua Sequência na Estratégia LOP ............... 15
II. Avaliação formativa para adaptação do modelo da
estratégia LOP ....................................................................... 17
Roteiro de decisões sobre avaliação formativa para direcionar,
adaptar e construir a estratégia LOP ................................................. 18
Resumo das tarefas básicas a serem realizadas na etapa
formativa ................................................................................................................. 20
Este Guia descreve os componentes e recursos do mapeamento
na etapa formativa antes de descrever os métodos do mesmo
.......................................................................................................................................... 21
A. Mapeamento de componentes comunitários que serão
alvo da intervenção e que subsidiarão a elaboração de
atividades e materiais ..................................................................... 21
População demográfica ampla ........................................................................ 26
População atendida pela instituição .......................................................... 26
População da estratégia LOP ........................................................................... 26
Ambiente Comunitário ............................................................................................ 26
Norma ................................................................................................................................. 26
Grupos de Amizade .................................................................................................... 26
LOP ........................................................................................................................................ 26
B. Materiais do projeto a serem desenvolvidos na etapa
formativa: logo e conteúdo do plano de treinamento ........ 32
D. Métodos de avaliação formativa ............................................... 33
Resumo dos Métodos de Avaliação Formativa ..................................... 35
Conclusão (da Seção II - Avaliação formativa para a estratégia
LOP) .............................................................................................................................. 39
7. III. Recrutamento, treinamento, apoio e atuação dos LOP
..................................................................................................... 43
A. Recrutamento dos LOP ..................................................................... 43
Avaliação para a realização da estratégia LOP .................................. 43
Avaliação dos LOP em potencial ..................................................................... 44
Recrutamento de LOP .............................................................................................. 45
Protocolos, sistemas e formulários para o recrutamento .......... 46
Retenção ........................................................................................................................... 47
B. Treinando os LOP ............................................................................... 48
1. Visão geral do treinamento dos LOP .................................................. 48
2. Passos para a adaptação das sessões de treinamento e
preparação para sua realização .............................................................. 53
3. Descrição detalhada da estrutura, conteúdos, atividades e
propósito de cada sessão .............................................................................. 54
C. Atuação dos LOP (realização dos endossos) ............................ 61
D. Apoiando a Estratégia LOP e os LOP ............................................ 61
Encontros ........................................................................................................................ 62
IV. Manutenção da estratégia LOP no longo prazo ........ 65
V. Indicadores e monitoramento da fidelidade aos
elementos centrais da estratégia LOP ........................... 67
Exemplos de objetivos programáticos “SMART” para a
identificação e documentação da fidelidade das atividades
do projeto LOP, em relação aos elementos centrais ou à
lógica interna do modelo da estratégia LOP ................................ 68
Elemento Essencial Nº 7 da Intervenção .................................................... 72
Perguntas “SMART” a serem respondidas em relação aos
objetivos programáticos acima ................................................................ 73
ANEXOS .......................................................................................... 75
Anexo 1 - ESTIMATIVA DO CUSTO DA ESTRATÉGIA LOP ............. 75
Anexo 2 - NÚMERO MÍNIMO DE INTERAÇÕES COM OS
INTEGRANTES DA COMUNIDADE .................................................. 76
Anexo 3 - MODELO DE QUESTIONÁRIO SOCIOMÉTRICO ......... 77
Anexo 4 - MODELO DE ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DA
COMUNIDADE .................................................................................... 78
Anexo 5 - MODELO DE ROTEIRO PARA ENTREVISTAS COM
INFORMANTES-CHAVE ..................................................................... 80
8. 7
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
I. Introdução
A. Apresentação do Guia Técnico
A estratégia para intervenção de mudança comportamental com Líderes
de Opinião Popular (LOP) é apropriada para diversas populações e
situações que se enquadrem nas características específicas visadas pelo
modelo LOP. O enfoque deste Guia Técnico é orientar sobre a adaptação
do modelo LOP. A adaptação é um procedimento normal, básico, além
de ser um dos primeiros passos, e é essencial para a implementação da
estratégia LOP. De todas as tarefas relacionadas à implementação da
estratégia LOP, a fase de adaptação é a menos explicada.
As informações contidas neste Guia explicam mais detalhadamente os
procedimentos e os processos de implementação descritos no manual de
estratégia e também nos treinamentos para facilitadores realizados pelo
CDC. Utilize este Guia Técnico junto com os demais recursos que o CDC
disponibiliza para apoiar a implementação da estratégia LOP.
Este Guia fornece orientações técnicas sobre a estratégia LOP e trata de
duas das três principais etapas da realização da mesma.
I. Avaliação formativa para adaptar, direcionar e estabelecer a
estratégia LOP;
II. Recrutamento, treinamento, atuação e apoio aos Líderes de
Opinião Popular;
III. Avaliação e monitoramento da estratégia LOP. 1
B. Contextualização do modelo LOP
A estratégia LOP de prevenção é um modelo específico que tem o
objetivo de influenciar a mudança de comportamento. A estratégia possui
uma lógica específica e um conjunto de parâmetros que vão influenciar
os determinantes sociais de comportamentos dentro de uma cultura,
removendo os comportamentos de risco dessa cultura. A estratégia LOP
é um modelo e também uma estratégia para promover o determinante
sociocomportamental de uma norma de redução de riscos relacionados
ao HIV, dentro de uma rede social caracterizada por uma cultura
compartilhada de risco (atitudes, convicções, normas, opiniões,
conhecimentos e comportamentos etc. compartilhados e relativos a
1 Um manual detalhado de avaliação do CDC está disponível separadamente para ajudar a orientar a terceira
etapa: “III. Avaliação e monitoramento da estratégia LOP.”
9. 8
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
riscos). A estratégia LOP, também, focaliza relações de influência nessas
redes socais. A comunicação interpessoal, que tem mais poder de
persuasão que os meios de comunicação de massa, transmite uma norma
de redução de risco por meio de formadores de opinião, dentro das redes
ou “Líderes de Opinião Popular” (LOP). O comportamento tem forte
influência na adaptação ou absorção de uma nova norma social relativa
ao risco na cultura. A norma passa a ser adotada ou instituída, quando
ela é endossada pelos Líderes de Opinião Popular com aqueles que os
admiram.
Na intervenção com “Líderes de Opinião Popular”, os LOP são
identificados, recrutados, treinados, apoiados e atuam para influenciar
os amigos, de modo que passem a considerar a redução do risco
de infecção pelo HIV como a prática aceita. Os LOP têm atributos
específicos. Dentro de seus grupos de amizade, eles são os 15% mais
influentes, respeitados, com credibilidade e experiência relevante de vida,
confiáveis, compreensivos com os amigos, falam bem, são articulados e
autoconfiantes. Em razão desses atributos, eles determinam a formação de
opinião entre as pessoas ao seu redor. Os LOP criam tendências entre seus
amigos. Eles já existem. Essa estratégia não cria LOP: a intervenção
identifica, apoia e utiliza esses líderes influentes para modificar visões,
atitudes, opiniões e normas sobre riscos presentes na cultura.
A estratégia LOP utiliza Líderes de Opinião Popular para modificar
ou introduzir uma norma social relacionada a risco. Normas sociais são
regras tácitas de comportamento; são convicções, costumes, expectativas
e opiniões compartilhados por um grupo que determinam atitudes,
convicções, opiniões e comportamentos individuais. A existência de uma
norma social pode ser percebida, dentro de uma rede social, na influência
entre pares quanto ao que é considerado apropriado ou inapropriado
para os integrantes da rede ou de um grupo social. Por exemplo, muitas
vezes as pessoas usam (comportamento individual) um determinado estilo
de roupas por causa de pressão sutil porém significativa dos pares, em
relação ao que é apropriado e inapropriado (a norma social). A norma é
transmitida tanto pela exibição (o uso) como pelas conversas sobre roupas
e estilos que ocorrem em suas relações sociais imediatas.
A “norma social” é a essência da pressão social ou dos pares que existe
dentro do grupo em relação a comportamentos apropriados e esperados.
A norma social ou a existência da influência dos pares não devem ser
confundidas com as “razões técnicas” que levam ao uso das roupas, que
podem ser para proteção, confortáveis etc. Tais “razões técnicas” são
justificativas subsidiárias relacionadas à norma social, mas não são a
norma social em si. Muitas vezes as justificativas técnicas, assim como a
própria norma, não são evidentes para os integrantes do grupo. Podem
não “fazer sentido”, não ser coerentes ou compreensíveis, especialmente
para pessoas fora do grupo ou da cultura.
Em suma, a estratégia LOP atua com pessoas que criam tendências
dentro da cultura a fim de estabelecer uma tendência, uma inovação ou
10. 9
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
uma norma relacionada ao risco, que seja viável e esteja em consonância
com a cultura. A intervenção utiliza 15% dos integrantes mais influentes
da rede social para promover a tendência de redução de risco. Quando os
integrantes mais influentes manifestam a sua opinião junto àqueles que
os admiram, os demais integrantes começam a imitá-los e a adotar a essa
opinião, que se dissemina e, no final, se estabelece em toda a rede social.
O MODELO LOP
Resumo da avaliação formativa necessária em relação aos LOP
e à cultura de risco.
É oportuno identificar e enfocar uma norma relacionada ao risco que
esteja imediatamente disponível para implantação dentro da cultura. É
preciso entender e, também, ter explicações coerentes a respeito de uma
cultura de risco para poder estabelecer a estratégia LOP e direcioná-la
dentro dessa cultura. A “competência cultural” do programa significa que
a cultura seja adequadamente entendida e o programa implementado
em consonância com essa cultura. Uma das principais áreas enfocadas
por este Guia é a avaliação formativa necessária para descrever
suficientemente bem uma comunidade de modo a poder realizar a
estratégia LOP, de forma apropriada. Essa especificação da modificação
do modelo para combinar com a comunidade é a etapa de adaptação da
estratégia LOP (essa é a etapa menos explicada entre todas as relacionadas
à sua implementação).
A estratégia LOP depende do compromisso e da disposição de
integrantes específicos de um grupo, os “LOP”, para transmitir aos amigos
mensagens que referendem a redução do risco pessoal. Para poder
realizar a intervenção, é necessário localizar e descrever pessoas em
grupos de amizade interligados. Isso porque os próprios LOP pertencem
a grupos específicos de amizade. Os LOP não são desconhecidos ou
estranhos. São pessoas que estão ao nosso redor, por quem temos um
grau significativo de confiança, admiração, cujas opiniões são importantes
para nós, cujos conselhos seguimos e, o mais importante, são pessoas que
queremos imitar..
a fim de
se obter
determina
O enfoque
(determinante
comportamental)
Norma da
comunidade
relacionada ao
risco
(Ex.: Pouco ou nenhum
valor atribuído ao uso
do preservativo).
A atividade de intervenção
LOP endossam
uma norma social
relacionada ao risco
(Ex.: LOP endossam
/ referendam uso do
preservativo junto aos
amigos).
O resultado esperado
da atividade
Comunidade
adota a norma
(Ex.: A rede social
de amigos passa a
valorizar muito o uso
do preserva-tivo e a
exercer pressão junto
aos pares para que
também o usem).
11. 10
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
A rede social composta por grupos interligados por amizade
indispensável para a estratégia LOP, também, precisa ser uma rede em que
a promoção de uma norma de redução de risco (como a forte valorização
do uso do preservativo em toda a comunidade) seja necessária e viável.
Se as pessoas não compartilham normas entre si, ou não têm o potencial
de compartilhá-las ou estarem sujeitas à sua influência, significa que não
estão suficientemente unidas entre si para que a estratégia LOP possa
focalizar ligações baseadas em influência e normas compartilhadas.
Uma cultura compartilhada de risco é uma característica importante na
definição de um grupo social em que a estratégia LOP possa ser realizada.
Grupo de amizade A Grupo de amizade B Grupo de amizade C
LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP
Grupo de amizade D Grupo de amizade E Grupo de amizade F
LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP LOP
Grupo de amizade G Grupo de amizade H
LOP LOP LOP LOP LOP
E assim por diante… para todos
os grupos de amizade no local da
intervenção, e com 15% de LOP em
cada subgrupo.
Pessoas em grupos ligados de amizade nos quais se circula a influência
pessoal e que precisam da promoção de uma norma de redução de risco.
• Um dos primeiros estudos da difusão da inovação mostrou que
a norma “decolou” ou obteve a velocidade necessária para ser
absorvida, quando 15% dos LOP, no seu meio, endossaram a
opinião. Visto que não se sabe se um número inferior é capaz de
produzir o impacto, mantém-se a meta de 15% na realização da
intervenção.
Um exemplo de uma cultura compartilhada de risco e uma rede de
grupos de amizade apropriada para a estratégia LOP são os amigos
que frequentavam um bar gay, em uma cidade pequena no estado de
Mississipi, onde Jeff Kelly realizou o primeiro ensaio da estratégia LOP.
Nesse caso, a estratégia LOP foi direcionada aos homens vinculados
pelo contexto do bar gay, à amizade entre eles e outros aspectos de
suas relações compartilhadas, como interesses sexuais em potencial
e atividades sexuais entre si, elementos comuns da vida cotidiana
(incluindo a comunicação e o compartilhamento de informações), bem
como normas, atitudes, convicções e valores compartilhados sobre sexo
mais seguro (se toda a comunidade considerava que o uso do preservativo
era apropriado e/ou inapropriado).
12. 11
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Resumo do Projeto LOP criado pelo Dr. Jeff Kelly
Jeff Kelly queria fazer uma intervenção com homens, fora dos centros
urbanos, sob o risco de relações sexuais desprotegidas com outros
homens.
Em termos de como intervir, Dr. Kelly sabia que: “reduções em
comportamentos sexuais de alto risco entre homossexuais em centros
urbanos parecem estar ligadas a novas normas em comunidades gays, em
grandes cidades, que desestimulam atividades de alto risco como o sexo
anal desprotegido e incentivam medidas de precaução como o uso do
preservativo ou outras práticas sexuais mais seguras.” 2
Dr. Kelly sabia que “redes sociais de influência e estreitamente
ligadas” seriam necessárias para estabelecer uma norma de sexo mais
seguro, por meio de formadores de opinião respeitados.3
Ele sabia que
precisaria encontrar um ambiente de encontro social de uma rede de
pessoas estreitamente ligadas para poder traçar e definir uma população
para a estratégia LOP. Em especial, ele precisava descrever e definir as
conexões sociais dos indivíduos, suas normas compartilhadas de risco,
os padrões de influência entre os integrantes, bem como outros aspectos
da população como as lideranças comunitárias. Para descrever uma
população de uma estratégia LOP, também, é necessário quantificá-la. Dr.
Kelly sabia que precisava treinar 15% do total para endossar a norma e,
também, precisava de recursos suficientes para definir a abrangência e o
tamanho da população da intervenção.
Dr. Kelly resolveu enfocar sua avaliação formativa em um bar gay de
uma cidade pequena (50 a 70 mil habitantes), no estado de Mississipi. Ele
sabia que um bar gay poderia ajudar a facilitar a coleta das informações
necessárias. “Por causa do relativo isolamento e da falta de outros locais
de encontro, esses bares tendem a atrair grupos grandes e estáveis de
homossexuais masculinos e servem como o principal ambiente de
encontro social da comunidade gay de cada cidade [pequena].”4
O tamanho da população da intervenção era de 328 pessoas. Para
identificar os LOP dentro das redes sociais de gays, Dr. Kelly treinou os
garçons para serem observadores discretos e para fazerem indicações das
principais pessoas respeitadas, benquistas e de confiança. Trinta e um
LOP foram recrutados, treinados e apoiados para referendar a norma do
sexo mais seguro junto aos demais. 90% dos LOP eram masculinos e 90%
eram brancos.
2 Página 168: JA Kelly, JS St. Lawrence, YE Diaz, LY Stevenson, et al. (1991). HIV risk reduction following
intervention with key opinion leaders of population: An experimental analysis, American Journal of Public
Health, 81 (2), 168 – 171.
3 Página 1488: JA Kelly, JS St. Lawrence, LY Stevenson, AC Hauth, et al. (1992). Community AIDS/HIV risk
reduction: The effects of endorsements by popular people in three cities. American Journal of Public Health,
82 (11): 1483-1489.
4 Página 168: Kelly et al, (1991).
13. 12
Ministério da Saúde
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Breve descrição da implementação da estratégia LOP
1. Uma população ou uma comunidade de amigos que compartilham
uma cultura de risco é identificada para ser o alvo da intervenção. A
rede de amigos precisa ser descrita detalhadamente em termos dos
riscos, dos grupos e dos integrantes desses grupos. Um ambiente,
um local ou contexto comunitário pode ser um espaço que facilite a
descrição, a identificação e a avaliação da quantidade de subgrupos
e seus integrantes. Os LOP precisam ser identificados e descritos
(para fins de recrutamento, treinamento e atuação), sendo necessário
um número equivalente a 15% para cada grupo de amizade. É
indispensável avaliar quantos integrantes cada grupo de amizade
tem para poder determinar o número de LOP equivalente a 15% em
cada subgrupo. É preciso, também, realizar avaliação formativa para
conhecer e descrever o comportamento e as normas compartilhadas
de risco a serem trabalhadas, a fim de reduzir o risco dentro da
rede. Esses componentes são os elementos básicos da estratégia LOP
que precisam ser definidos em cada contexto local. Os materiais, as
atividades e os planos do projeto serão elaborados tendo como base
as informações obtidas na etapa de avaliação formativa. Nessa etapa
ocorre a pesquisa e o desenvolvimento básicos necessários para as
atividades da estratégia LOP.
2. Uma vez concluída a avaliação formativa, a estratégia LOP envolve o
recrutamento, o treinamento, o apoio e a atuação dos LOP embasados
em um plano. O projeto recrutará, treinará e convencerá os LOP
identificados de que a norma de redução de risco é apropriada. Por
sua vez, os LOP convencem os amigos que a norma é adequada.
O projeto dá apoio continuado aos LOP na sua atuação junto aos
amigos. A etapa de “implementação” significa pôr em prática os
planos, os produtos e as atividades.
3. O plano e a implementação da estratégia LOP são monitorados para
permitir ajustes em caso de eventuais problemas encontrados durante
a sua realização.
Obs.: A quantidade de recursos disponíveis é uma questão importante.
Há uma relação específica entre o tamanho da população e o número
de LOP (15% da população a ser abrangida). O número de LOP que
podem ser apoiados é limitado pelos recursos financeiros disponíveis
e isso limita, também, o tamanho da população que será trabalhada.
As orientações contidas neste Guia se baseiam nos nove elementos
centrais da estratégia LOP, descrevendo-os da maneira mais completa e
técnica, designando a forma como serão implementados na prática.
14. 13
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Os Nove Elementos Centrais da Estratégia LOP
1. A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável, em
locais comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o
tamanho da população.
2. Técnicas etnográficas são utilizadas sistematicamente para identificar
segmentos da população e para identificar as pessoas que são mais
benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas, em
cada segmento da população.
3. No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos locais de
intervenção foi treinada como Líder de Opinião Popular.
4. Por meio do treinamento, os Líderes de Opinião Popular aprendem
habilidades necessárias para iniciar a divulgação de mensagens sobre
a redução de risco para amigos e conhecidos durante conversas
cotidianas.
5. Os Líderes de Opinião Popular, também, aprendem as características
de mensagens efetivas sobre mudanças de comportamento
direcionadas para atitudes, normas, intenções e autoeficácia relativas
ao risco. Em conversas, os Líderes de Opinião Popular endossam ou
referendam pessoalmente os benefícios de comportamentos mais
seguros e recomendam passos práticos necessários para realizar as
mudanças.
6. Grupos de Líderes de Opinião Popular têm encontros semanais
em sessões que envolvem aprendizagem, modelos de facilitação e
exercícios bem elaborados, com dramatizações, para que possam
aprimorar suas habilidades e ganhar segurança quanto à transmissão
para outras pessoas de mensagens efetivas sobre a prevenção do HIV.
O tamanho dos grupos é suficientemente pequeno para permitir que
todos os Líderes de Opinião Popular tenham várias oportunidades de
fazer exercícios que aprofundem suas habilidades de comunicação e
lhes deem tranquilidade na transmissão de mensagens por meio de
conversas.
7. Os Líderes de Opinião Popular estabelecem metas para a realização
de conversas sobre a redução de risco com amigos e conhecidos da
população abrangida, nos intervalos entre as sessões semanais.
8. Os resultados das conversas dos Líderes de Opinião Popular são
analisados, discutidos e reforçados nas sessões subsequentes.
9. Logos, símbolos ou outros dispositivos são utilizados como meios
para iniciar conversas entre os Líderes de Opinião Popular e outras
pessoas.
15. 14
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Exemplos de Projetos LOP
Projeto Comunitário de Saúde da Mulher (Women’s Community Health
Project)
Um projeto LOP foi realizado em nove programas de habitação para
pessoas de baixa renda, em cinco cidades nos EUA. As LOP foram
identificadas por meio de observação, para ver quais mulheres se
relacionavam melhor umas com as outras. Um perfil, também, foi obtido
para descobrir quais eram as mais respeitadas e detinham mais confiança
por parte das outras. Indicações de LOP também foram solicitadas
aos gerentes dos conjuntos habitacionais e às lideranças comunitárias
(informantes-chave). Foram formados “Conselhos de Saúde da Mulher”
que realizavam eventos, envolvendo toda a comunidade, sendo essas
ocasiões voltadas tanto para o convívio social quanto para a prevenção.
Dessa forma, o apoio à comunidade e seu fortalecimento eram parte
integral desse projeto LOP.
Projeto Michê (The Hustler Project)
Em 1992, a organização Gay Men’s Health Crisis, Inc. (GMHC) recebeu
financiamento de uma fundação para um projeto com garotos de
programa ou “michês” na cidade de Nova York. Como o financiamento
era por apenas um ano, a GMHC precisou fazer uma avaliação rápida
e de baixo custo. O pessoal da área de prevenção e da área de avaliação
obtiveram informações relevantes de fontes já existentes, realizaram
observações na comunidade, entrevistaram informantes-chave e
utilizaram seu próprio conhecimento e experiência na comunidade para
nortear as decisões que precisavam tomar.
Embora mudanças para comportamentos sexuais mais seguros tivessem
ocorrido entre subgrupos de gays que se encontravam em duas regiões
de Manhattan, existiam lacunas nessas mudanças entre outros subgrupos
de gays e outros HSH. Existia risco entre michês por causa de relações
sexuais profissionais com homens e, também, em razão de outras formas
de relações sexuais desprotegidas com homens. O uso de substâncias,
incluindo as drogas injetáveis, também caracterizava a vida de muitos dos
michês. Vários clientes de michês, também, estavam sob risco, por causa
de relações sexuais desprotegidas com outros HSH.
A GMHC sabia que já havia sido demonstrado que centrar esforços em
uma só norma é mais eficaz do que centrar esforços em várias normas.
A organização, também, estava preocupada com a viabilidade de se
trabalhar com várias normas, porque o projeto tinha duração de apenas
um ano. A organização decidiu que a promoção do sexo mais seguro
seria a norma a ser trabalhada, tendo como base a observação de que o
sexo anal desprotegido era provavelmente o meio de transmissão mais
frequente entre a maioria dos homens.
Existiam evidências mostrando que pode acontecer de michês se
unirem e formarem redes sociais e normativas (nem todo michê é isolado
16. 15
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Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
socialmente). Assim, uma questão importante para a GMHC era como
e onde relações sociais tangíveis entre michês poderiam ser encontradas
em Nova Yorque e, assim, alcançá-los de forma viável com a estratégia
LOP. Alguns lugares frequentados por michês eram menos passageiros,
ocultos e discretos que outros. Três bares de michês em Manhattan
foram escolhidos como os locais comunitários para a intervenção. Os
bares eram locais de trabalho, “feiras” sexuais, além de ser uma “segunda
casa” entre michês que formavam grupos de amigos, seus clientes e
outros frequentadores regulares. Os garçons identificavam e indicavam
indivíduos influentes nos bares, independentemente de serem michês,
clientes de michês, outros clientes do bar ou pessoas que trabalhavam no
bar.
As sessões de treinamento foram adaptadas para que o conteúdo
fosse relevante para os contextos de práticas sexuais mais seguras
entre os homens-alvo da intervenção. Por exemplo, foi elaborada uma
dramatização para retratar uma situação passível de ser vivenciada por
um michê, como a oferta de receber dinheiro adicional em troca de
relações sexuais sem proteção. Dois intermediários foram treinados e
designados para cada bar a fim de se encontrarem com os líderes de
opinião duas vezes por semana. Os intermediários prestavam apoio
continuado aos LOP depois dos treinamentos.
Principais Atividades e sua Sequência na Estratégia LOP
Etapa anterior ao recebimento do financiamento
• Identificar uma população sob risco, dentro da qual a estratégia
LOP será direcionada;
• Iniciar o desenvolvimento de relações relevantes com a
comunidade;
• Avaliar a aplicabilidade e a viabilidade da estratégia LOP na
comunidade (iniciar a avaliação da comunidade e do risco);
• Obter financiamento ou recursos suficientes para realizar a
estratégia LOP.
Etapa de Planejamento, Avaliação Formativa e Direcionamento
• Definir a relação entre os recursos disponíveis e a abrangência e o
tamanho do projeto.
• Com os recursos disponíveis, será possível treinar quantos LOP
e tê-los atuando?
• Com os recursos disponíveis, qual é o tamanho da rede na qual
será possível fazer a intervenção?
• Treinar o pessoal do projeto.
• Iniciar o processo de elaboração das ferramentas de planejamento
e monitoramento da estratégia LOP (www.effectiveinterventions.
org).
17. 16
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• Envolver lideranças e a comunidade específica alvo da estratégia
LOP.
• Concluir a avaliação da comunidade e do risco a fim de poder
direcionar a estratégia LOP (identificar e estimar o tamanho da(s)
rede(s) social/sociais alvo(s), a norma relacionada ao risco que
será alvo da intervenção, bem como a primeira turma de LOP.
• Elaborar materiais e planos específicos do projeto LOP local.
• Logo/dispositivo que favorece conversas
• Plano de treinamento
• Planos e procedimentos para recrutamento de LOP
• Plano para treinar LOP em turmas
• Plano e procedimentos de retenção
• Plano de apoio e manutenção de LOP na comunidade
• Finalizar as ferramentas de planejamento e monitoramento da
estratégia LOP
Etapa de Implementação e Monitoramento
• Iniciar o recrutamento dos LOP
• Realizar a identificação contínua de LOP (se apropriado)
• Iniciar o treinamento contínuo dos LOP (em grupos)
• Iniciar as atividades contínuas de retenção, seguimento e apoio
• Monitorar a obtenção dos objetivos do programa
18. 17
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
II. Avaliação formativa para
adaptação do modelo da estratégia
LOP
Esta seção do Guia explica mais detalhadamente o que é preciso fazer
para direcionar e realizar a estratégia LOP localmente e desenvolver
materiais, atividades e planos para o contexto local.
Um dos primeiros passos é a definição da maneira específica como
a estratégia LOP será implementada em sua comunidade. Conforme
informado na seção anterior sobre o modelo básico da estratégia LOP, ele
é direcionado a condições e atributos específicos relacionados ao risco e
à “comunidade” (relações compartilhadas de influência e risco). É preciso
obter informações sobre a existência dos riscos e das características da
comunidade local para poder definir exatamente onde, como e a quem a
estratégia LOP pode ser dirigida e como os materiais e as atividades serão
planejados e elaborados, em consonância com o modelo básico, a lógica
e os parâmetros da estratégia LOP. Depois de identificar as características
do risco e da comunidade, será necessário planejar exatamente como o
modelo LOP será direcionado a essas comunidades.
Adaptação é o processo da definição detalhada das atividades
de intervenção que sejam apropriadas para o contexto em que
a intervenção será realizada, sem perder a lógica interna ou os
elementos centrais do modelo de intervenção. Refere-se ao processo
de tornar as atividades do modelo de intervenção culturalmente
apropriadas, adequando as atividades do modelo de intervenção
para o contexto cultural. É um processo comum e normal na
implementação de um modelo de intervenção.
Obs.: Se o contexto da comunidade em questão não possui as
características específicas focalizadas pela estratégia LOP, ela não será
apropriada. Nessa situação, seria o caso de se utilizar uma intervenção
diferente ou criar uma nova.
Os Elementos Centrais 1 a 3 dizem respeito à avaliação formativa que
precisa ser realizada para adaptar e definir o conteúdo da estratégia LOP.
1. A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável, em
locais comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o
tamanho da população.
19. 18
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2. São utilizadas, sistematicamente, técnicas etnográficas para
identificar segmentos da população e pessoas que são as mais
benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas,
em cada um desses segmentos.
3. No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos
locais de intervenção são treinados como Líderes de Opinião
Popular.
Os Elementos Centrais nºs 4 a 9 também refletem recursos que
precisam ser planejados e elaborados para o contexto local durante a
etapa da avaliação formativa: os detalhes do plano de treinamento e a logo
específica.
A avaliação formativa para a estratégia LOP pode ser entendida como o
“mapeamento” da comunidade-alvo e sua cultura. Na intervenção DEBI
chamada COMMUNITY PROMISE, essa atividade é conhecida como o
“processo de identificação da comunidade”.
Roteiro de decisões sobre avaliação formativa para direcionar,
adaptar e construir a estratégia LOP
Para poder direcionar a estratégia LOP, será necessário decidir qual
grupo específico será o alvo dentre os muitos grupos possíveis na
comunidade. É essencial realizar uma avaliação ou mapeamento rápido
para poder tomar decisões sobre o direcionamento da estratégia LOP.
Os recursos, incluindo o tempo, para o mapeamento são limitados. É
provável que a decisão seja baseada em conhecimentos já existentes sobre
os diferentes segmentos da comunidade e em observações ágeis, incluindo
entrevistas com informantes-chave, realizadas pelo pessoal da instituição
para obter informações para subsidiar as decisões. A seguir, há um roteiro
de decisões para ajudar na seleção de um grupo-alvo para a intervenção
em sua comunidade. O roteiro de decisões faz perguntas cada vez mais
específicas sobre “o que” será necessário descobrir e, também, orienta
a identificação de “como” serão feitas as avaliações que subsidiarão as
decisões.
1. Qual população sob risco (ex.: homens que fazem sexo com homens -
HSH; usuários de drogas injetáveis - UDI; afroamericanos; mulheres),
qual o segmento específico e que perfil específico de risco será possível
trabalhar?
• De todas as populações demográficas e epidemiológicas sob risco,
atendidas por sua instituição e/ou para as quais há financiamento
para projetos, qual delas a instituição pretende beneficiar com a
estratégia LOP?
• O pessoal da instituição e do projeto LOP pode estar mais
preparado para atender um determinado tipo de população sob
risco. Pode conhecer melhor e estar mais à vontade com uma
determinada população. Uma dessas populações pode responder
melhor à instituição que as outras.
20. 19
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
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• Qual das populações sob risco tem mais necessidade? Nessas
populações, quais são os perfis ainda mais específicos de risco que
são prioritários? (Obs.: nem todos os perfis específicos de risco
podem ser apropriados para a estratégia LOP.)
• Quais populações sob risco têm subgrupos que precisam e
possuem as características necessárias para a estratégia LOP que
possam ajudar a identificá-los?
o Relações de amizade em comum entre si.
o Norma social compartilhada que impulsiona o risco entre eles.
o Compartilham o mesmo ambiente ou contexto de bate-papo
ou encontro social na comunidade como parte de suas vidas
cotidianas e relações de amizade.
• A instituição pode ter recebido financiamento para trabalhar com
uma determinada população sob risco, de modo que não seja
necessário escolher a população da intervenção. Nesse caso será
necessário focar a atenção em subgrupos dentro dessa população
sob risco para determinar como a estratégia LOP será adaptada.
• Quais as informações necessárias para definir todas essas questões
e qual será a forma mais prática e eficiente de obter as informações
e chegar a uma decisão?
2. Qual é o grupo local específico ou perfil de risco específico a ser o
alvo da estratégia LOP (rede social de grupos de amizade interligados,
caracterizados por uma normal social compartilhada que impulsiona
o risco)?
• Quais são os subgrupos dentro da população sob risco selecionada
que possuem as características necessárias para a estratégia LOP?
o Relações de amizade em comum entre si.
o Norma compartilhada de risco.
o Compartilham o mesmo ambiente ou contexto de bate-papo
na comunidade como parte de suas vidas cotidianas e relações
de amizade.
• Qual subgrupo pode ser trabalhado com os recursos a instituição
tem para a estratégia LOP?
• Com quais desses subgrupos o pessoal da instituição vai poder
trabalhar melhor? Quais desses subgrupos estarão dispostos a
trabalhar com a instituição?
• De todos esses, quais de fato são os possíveis alvos da intervenção?
• Quais informações são necessárias para definir todas essas
questões e qual será a forma mais prática e eficiente de se obter as
informações e de se chegar a uma decisão?
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Resumo das tarefas básicas a serem realizadas na etapa
formativa
1. Calcular o número de LOP e o tamanho da população com a qual será
possível trabalhar (com base no financiamento/recursos disponíveis).5
2. Realizar avaliação para identificar uma população apropriada para a
intervenção, até o nível de uma rede social específica de amigos que
compartilham uma norma que impulsiona o risco e um ambiente de
encontro social que permite identificar e descrevê-los.
3. Realizar uma avaliação para estimar o tamanho da população
identificada.
Obs.: Se a estimativa indica que foi selecionada uma população que
é grande demais para os recursos disponíveis (item 1 acima), será
necessário restringi-la e identificar outra.(item 2 acima).
4. Realizar a avaliação necessária para identificar uma só norma
específica de redução de risco (a ser promovida pela intervenção).
5. Envolver lideranças no ambiente de encontro social para apoiar a
estratégia LOP.
6. Dentro da população específica da intervenção, descrever os
subgrupos, bem como 15% dos LOP em cada um deles.
7. Criar a logo e/ou outros dispositivos de apoio que serão utilizados
pelos LOP para provocar as mensagens ou conversas de apoio à
redução de risco que serão entabuladas.
8. Elaborar uma estratégia (incluindo sistemas e protocolos) para
coordenar, administrar e monitorar a identificação, o recrutamento,
o apoio (retenção e treinamento) e a atuação dos LOP, em turmas ou
grupos com cerca de 10 LOP em cada turma.
9. Adaptar as sessões de treinamento da estratégia LOP para que sejam
relevantes para a norma específica relacionada ao risco e para a rede
social alvo da intervenção.
Obs.: É provável que seja necessário obter as informações, as
atividades e os materiais para o contexto, de maneira rápida e eficiente.
Este Guia fornece orientações gerais para nortear seus esforços. Auxílio
com o fortalecimento da capacidade para realizar a estratégia LOP
deve ser solicitado aos responsáveis por projetos, nos serviços federais
e estaduais de saúde pública. É uma prática comum recorrer a essa
forma de auxílio. A instituição também pode optar por obter o auxílio
de um cientista social na etapa formativa da estratégia LOP, sobretudo
um cientista social com conhecimento aprofundado de intervenções
comunitárias de prevenção do HIV e de avaliações etnográficas rápidas
voltadas para o estabelecimento de programas sociais e de saúde6
.
5 O financiamento disponível para realizar a estratégia LOP determina o tamanho da população no local ou
contexto a ser o alvo da intervenção. É preciso estimar quantos LOP podem ser recrutados, apoiados e ser
atuantes com o financiamento disponível para realizar a intervenção. (Ver o Anexo 1: Planilha de Estimativa
de Custos para estimar quantos LOP é possível ter com os recursos financeiros disponíveis). O tamanho da
população no local ou contexto que pode ser trabalhado com a estratégia LOP é 15 vezes o número de LOP que
podem ser recrutados, apoiados e ser atuantes com os recursos disponíveis.
6 Conhecer e ter habilidade com métodos de pesquisa social contribuirá para a realização da pesquisa formativa.
Por exemplo, a utilização correta de conhecimentos e técnicas de amostragem deverá aumentar a qualidade
dos dados coletados pelos diversos métodos empregados.
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Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Este Guia descreve os componentes e recursos
do mapeamento na etapa formativa antes de
descrever os métodos do mesmo
A. Mapeamento de componentes comunitários que serão
alvo da intervenção e que subsidiarão a elaboração de
atividades e materiais
É necessário realizar avaliação formativa para identificar os contextos
e fatores locais que atendam aos requisitos da estratégia LOP. Também
é necessário adaptar e definir os elementos da intervenção para o
contexto local, ou seja, a especificidade cultural do modelo. A maior
parte do trabalho de adaptação e definição da intervenção será feita
antes da implementação. Contudo, as redes sociais, os riscos e as normas
relacionadas a riscos evoluirão com o passar do tempo e será necessário
ficar atento a esses fatores e fazer os ajustes necessários para a manutenção
da estratégia LOP no longo prazo. Deve-se obter informações detalhadas
sobre:
• a população/rede social alvo da intervenção e um ambiente
comunitário significativo frequentado pela mesma.
• grupos de amizade (componentes da rede social).
• formadores de opinião respeitados e com credibilidade (os LOP).
• a norma social a ser promovida especificamente relacionada ao
risco.
Recursos adicionais que precisam ser desenvolvidos na etapa formativa:
• logo ou dispositivo atraente e relevante para despertar conversas.
• conteúdo das sessões de treinamento dos LOP.
1. População priorizada pela estratégia LOP
As intervenções para mudar comportamentos relativos ao HIV (como a
estratégia LOP) são estratégias específicas. São altamente focalizadas em
determinantes sociocognitivos específicos de comportamentos de risco.
As intervenções comportamentais sociais são dirigidas aos precursores
sociais e/ou cognitivos, aos determinantes sociais, aos contextos sociais
ou à lógica social dos comportamentos. Os determinantes sociocognitivos
são fatores como normas sociais, autoeficácia, intenções, conhecimentos
etc. Para poder aplicar uma intervenção específica, é preciso determinar
quais indivíduos ou grupos de indivíduos têm os tipos particulares de
risco que são o alvo dos determinantes sociocognitivos específicos da
intervenção de mudança de comportamento.
A população de uma estratégia LOP é muito mais específica que uma
grande população demográfica como a “população branca”, e mais
específica que uma categoria epidemiológica/comportamental ampla
como os HSH, e/ou toda a população atendida pela instituição. Nem
23. 22
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todos os integrantes de uma categoria demográfica e epidemiológica
ampla compartilham ou têm o potencial de compartilhar com outros
integrantes uma norma social que impulsiona o risco, e nem de
influenciá-los a seu respeito. Deve-se ter em mente que a população de
uma estratégia LOP é um grupo de pessoas que podem ser identificadas
em termos de: 1) seus relacionamentos íntimos e pessoais, 2) uma norma
ou regra social tácita que está impulsionando o risco, e 3) um ambiente
de encontro social que faz parte de suas vidas cotidianas. Essas três
características precisam ser identificadas simultaneamente para poder
definir uma população sob risco que pode ser alvo da estratégia LOP.
2. Local/locais comunitários, ambiente(s) de encontro social, rede
social, população da intervenção ou contexto social:
Para uma estratégia LOP, um “local comunitário” é um lugar onde
a rede social alvo se encontra socialmente com muita frequência7
.
Identificar e definir um contexto viável e socialmente tangível frequentado
pela rede social de amigos sob risco ajuda a identificar e caracterizar a
população da estratégia LOP em termos dos elementos específicos que
devem ser objeto das atenções e das atividades da mesma. Identificar um
“local comunitário” ajuda muito a localizar amigos que têm um vínculo
entre si e compartilham uma norma relacionada a risco, para que as
atividades da estratégia LOP possam ser focalizadas de forma prática e
útil. São pessoas que se encontram socialmente com frequência. Não são
pessoas que quase não se conhecem. Elas se conhecem e se estimam. É
preciso que o ambiente ou contexto seja acima de tudo um que tenha
um papel de encontro social para as pessoas, porque só locais assim
possuem as características exigidas pela estratégia LOP e serão viáveis.
Uma população de uma estratégia LOP precisa compartilhar contextos
cotidianos, padrões de encontro social, normas relacionadas a risco,
opiniões, convicções, atitudes e expectativas quanto ao comportamento
de seus integrantes. A estratégia é dirigida à característica de uma norma
social compartilhada socialmente entre os amigos na vida cotidiana –
em suma, uma “comunidade” ou cultura de risco e relacionamentos.
Se não há uma comunidade concreta com normas relativas a riscos
e relacionamentos de amizade comuns, não existe o contexto para a
realização da estratégia LOP.
Comunidade
“Comunidade” é um termo comumente utilizado para designar
um grupo socialmente coeso de pessoas. Geralmente “comunidade’
é definida por um território e instituições comuns, relações de
ajuda, interações, expectativas, normas e outros fatores, contextos
e vínculos sociais comuns. Um local ou contexto (comunitário)
apropriado para a estratégia LOP é qualquer espaço de encontro
comunitário no qual os integrantes se reúnem para confraternizar
7 Um local comunitário pode ser um espaço ou contexto virtual como uma sala de bate-papo na internet. O
que importa é se o contexto atende aos critérios de “comunidade”. A pergunta a ser respondida é: Este é um
contexto duradouro, cotidiano de encontro social da rede social de amigos sob risco? Algumas salas de bate-
papo podem ter essas características, outras não.
24. 23
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como amigos, ou para desenvolver amizades e entabular conversas. O
fato de pertencer à comunidade dentro do contexto apropriado para
a estratégia LOP precisa ser relativamente estável e não passageiro ou
desconexo. Para que a estratégia LOP possa ser realizada de forma
prática, é preciso ter um contexto no qual possam ser identificados
todos os subgrupos, como grupos de amizade entre os integrantes.
Se os indivíduos forem muito transitórios e não tiverem vínculos
entre si, na forma de relacionamentos significativos e pontos de vista
comuns, não será possível fazer a estratégia LOP porque ela trabalha
normas compartilhadas e relacionamentos influentes. Essas normas e
relacionamentos precisam ser identificados, estimados e trabalhados
concretamente. Quais são os vínculos compartilhados pelas pessoas?
Esses vínculos comuns são suficientes para formar uma comunidade?
São os vínculos necessários para a estratégia LOP?
Diferente do termo “comunidade,” o termo “população” geralmente
se refere a grandes categorias demográficas, epidemiológicas e/ou
comportamentais, como HSH ou “população branca.” É improvável
que uma norma de redução de risco possa ser disseminada por
meio da estratégia LOP em toda uma população definida tão
somente com base em uma categoria de risco ou simplesmente
por categorização racial ou étnica. O mero fato de que as pessoas
podem ser agrupadas com base em um comportamento de risco ou
por pertencerem a uma categoria racial ou étnica não significa que
seu comportamento de risco seja determinado pela mesma norma.
Deve-se lembrar que as intervenções de mudança de comportamento
focalizam os determinantes ou precursores sociais que impactam
no comportamento. Nem todos os comportamentos de risco dentro
de uma categoria ampla definida com base em características
demográficas, comportamentais ou epidemiológicas possuem os
mesmos determinantes sociais. “Agrupar” as pessoas em categorias
amplas demográficas e comportamentais também não significa
que as pessoas “agrupadas” dessa maneira se conheçam ou possam
exercer influência umas sobre as outras. As categorias de populações
relevantes para a estratégia LOP são mais específicas que as categorias
demográficas e comportamentais mais amplas. É preciso obter uma
definição social aprofundada do grupo-alvo para poder especificar
exatamente quais HSH e/ou “pessoas brancas” têm vínculo entre si
de modo a formar uma comunidade de relacionamentos, espaços,
contextos, influências, expectativas, padrões, opiniões, normas
etc. A estratégia LOP precisa ter como sua população pessoas que
compartilham tempo, espaços sociais, amizades, conversas, ideias,
relações influentes e as mesmas convicções sobre risco.
Se os determinantes do comportamento de risco não forem os
mesmos e não forem compartilhados, a estratégia LOP não terá como
funcionar porque trabalha justamente os determinantes sociais,
a lógica e as explicações específicas, assim como a especificidade
cultural do comportamento. Da mesma forma, os LOP influenciam as
25. 24
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pessoas que têm uma admiração significativa por eles - seus amigos
- em relação a uma atitude e a uma norma de comportamento. Se
as pessoas não se conhecerem pessoalmente, e se a influência e as
opiniões não “fluírem” naturalmente entre delas, de tal forma que a
influência e os pontos de vista possam ser modificados por meio de
atividades direcionadas a essas pessoas, a estratégia LOP não será
apropriada. Os LOP não são pares distantes – são pares próximos e
queridos (ver o item “Líderes de Opinião Popular” mais abaixo).
Intervenção não baseada em locais
A estratégia LOP não é baseada em locais, embora utilize um
ambiente ou local comunitário ou um contexto social de encontro de
amigos para identificar e estimar uma população viável de pessoas
que compartilham uma norma de risco para ser o alvo da estratégia
LOP. Ou seja, a intervenção não é realizada no local. As mensagens
de endosso da norma de redução de risco são dadas por LOP em
conversas individuais, cara a cara, com os amigos, no lugar que for
apropriado para suas vidas e necessidades. Essas mensagens não
precisam ser dadas somente no local comunitário. As conversas
podem ocorrer em outros lugares, que sejam apropriados para os
integrantes do grupo. Da mesma forma, as sessões de treinamento
dos LOP também não precisam ser realizadas no local comunitário.
O termo “local comunitário” é utilizado para identificar, estimar
e descrever de forma coerente uma cultura comum de risco entre
amigos unidos por um vínculo e que pode ser trabalhada de maneira
prática por meio da estratégia LOP.
Âmbito, tamanho, quantificação, estimativas e recursos
É necessário contar o número de integrantes na população da
estratégia LOP e também descrevê-la. A população deve estar
localizada em um ambiente, local ou contexto comunitário para
que se possa estimar o número total de integrantes, descrever cada
rede social ou subgrupo e identificar os LOP. Estimar o tamanho da
população é um dos primeiros passos da estratégia LOP. Os Líderes
de Opinião Popular devem representar 15% do número total da
população da intervenção para que ocorra o impacto desejado.
Assim, existe uma relação conhecida entre o tamanho da população
e o número de LOP para que se obtenha o impacto desejado na
população. A instituição tem recursos limitados e somente pode
realizar uma intervenção com uma população cujo tamanho
corresponda à quantidade de recursos disponíveis. Estimar o número
de pessoas que frequentam os locais comunitários, significa avaliar o
tamanho das populações (das redes sociais) em relação à quantidade
de recursos disponíveis para realizar a estratégia LOP.
A instituição possui os recursos (financiamento, pessoal etc.) que
serão necessários para trabalhar com uma rede social do tamanho
identificado? É importante observar que os recursos financeiros
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disponíveis vão limitar o número de LOP que poderão ser apoiados
e que poderão atuar. Por causa da necessidade de ter 15% de LOP
por subgrupo, o número de LOP limitará o tamanho da população
e o número de subgrupos que podem ser atingidos. A fórmula para
calcular o custo por líder de opinião popular está no Anexo 1: Planilha
de Estimativa de Custos. Utilize o modelo na planilha para estimar
o número de LOP que a instituição tem condições de apoiar e o
tamanho da população que será possível atingir. É necessário observar,
contar ou estimar o número de pessoas no local da intervenção ou
o número de pessoas na população para saber quantos LOP serão
necessários.
Uma população grande requer um volume grande de recursos.
Uma rede de amizade com cinco mil integrantes precisaria de 750
LOP identificados, recrutados, treinados e apoiados! Por outro lado,
pequenas redes de amizade (menos de 100 pessoas) podem não ser
do melhor tamanho para a estratégia LOP. 15 LOP (isto é, 15% de
100) talvez não consigam sustentar a intervenção durante o período
de tempo necessário para a norma ser absorvida e ter impacto sobre
o comportamento. Não se deve utilizar a estratégia LOP com redes
sociais com menos de 100 ou com mais de mil integrantes.
Tipos possíveis ou exemplos de locais comunitários
Serviços de saúde não são ambientes onde um grupo de pessoas que
compartilham um vínculo vão para confraternizar. Lugares, como
presídios, por exemplo, que de modo geral as pessoas não frequentam
por livre e espontânea vontade, também não são locais que atendem
às necessidades de encontro social das pessoas e tampouco servem
de ambiente de encontro social. Locais transitórios como rodoviárias,
esquinas de ruas e moradias temporárias talvez não abriguem também
amizades duradouras e fortes apropriadas para a estratégia LOP. Um
local de pegação onde ocorrem relações sexuais caracterizadas por
interações não verbais também não seria apropriado. Se as pessoas
não falam, elas vão acabar não se conhecendo. Se há uma norma
de comunicação não verbal no ambiente, pode ser muito difícil ou
até inaceitável para os frequentadores mais benquistos endossar
verbalmente uma norma neste local e também em outros locais que
frequentam cotidianamente. Será difícil definir exatamente quem
é amigo de quem e, por isso, não será fácil identificar e recrutar os
LOP. Podem até ser contextos dentro de uma comunidade, mas são
limitados porque não existe um espírito de comunidade.
Quais seriam exemplos de locais comunitários viáveis com clientela
estável e regular onde os integrantes se conhecem o suficiente
para permitir a identificação e as estimativas necessárias para a
estratégia LOP? Em conjuntos habitacionais de baixa renda em
contextos urbanos, pode existir um centro comunitário dentro do
próprio complexo. Talvez existam clubes nos conjuntos, como ligas
de beisebol, ou festas nas casas das pessoas, ou talvez até mesmo
27. 26
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“galeras”. Talvez o próprio conjunto habitacional possa ser descrito
em termos das relações de amizade entre os residentes, de modo a
serem suficientes para permitir a realização da estratégia LOP. Entre
trabalhadores agrícolas rurais, uma liga de futebol pode atender às
necessidades de encontro social dos homens. Talvez existam clubes
de bordado frequentados por mulheres em áreas rurais que atendam
aos critérios necessários para a realização da estratégia LOP. Clubes de
mulheres num campus universitário talvez tenham as características
necessárias.
A instituição pode até considerar a possibilidade da formação de
subgrupos com características de comunidades dentro do contexto
do conjunto habitacional, a fim de possibilitar o surgimento de
relacionamentos significativos capazes de se traduzirem em segmentos
populacionais aptos a receber a estratégia LOP. No entanto, a
construção de uma comunidade de amigos e de influência está fora do
âmbito da estratégia LOP. A intervenção foi concebida basicamente
para funcionar dentro de subculturas e comunidades existentes e que
estejam sob risco.
Segmentação de uma população para fins da aplicação da estratégia
LOP de mudança de comportamento
A figura mostra as camadas de segmentos da população com
especificidade crescente até se chegar à camada de LOP que define
uma população apropriada para a realização da estratégia. Mesmo
assim, é preciso pesquisar e analisar para verificar se existe um local
comunitário apropriado para a estratégia LOP. Averiguar essa e outras
questões parecidas é o objetivo da etapa formativa e de adaptação da
estratégia LOP.
População demográfica ampla
População atendida pela instituição
População da estratégia LOP
Ambiente Comunitário
Norma
Grupos de Amizade
LOP
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3. Identificação de uma norma específica a ser promovida:
A estratégia LOP também trabalhará uma norma social relacionada ao
risco.
Adequação cultural
Os integrantes da rede social alvo da intervenção precisam ter
pelo menos o potencial de compartilhar a norma. Trabalhar uma
norma que não tem precedência ou viabilidade dentro da cultura
de risco provavelmente não irá funcionar. É preciso prestar muita
atenção no início do projeto ao tecido cultural da comunidade
em termos de como valoriza, incentiva e proíbe comportamentos
possivelmente relacionados a risco em relação a seus valores mais
importantes e a suas estruturas sociais. Será difícil tentar promover
o uso do preservativo em uma cultura composta por grupos que
acreditam que seu uso contraria suas convicções e valores religiosos.
Da mesma forma, a promoção da testagem pode não ser vista como
uma estratégia viável em grupos que, na prática, não têm acesso ao
tratamento; no entanto, à medida que o tratamento passa a ser mais
facilmente acessível, fazer o teste começa a “fazer sentido” dentro
dessas comunidades. É improvável que uma norma sem o potencial de
aceitabilidade dentro da comunidade possa ser promovida.
Qual norma?
Quais são as normas sociais, as atitudes e as convicções
compartilhadas, que já existam ou que poderão existir, sobre
comportamentos que caracterizam as pessoas vinculadas por amizade
descritas por meio do “local comunitário?” É provável que haja muitas
normas relacionadas a risco dentro de uma só subcultura ou rede
social específica sob risco. Qual é a norma de redução de risco cuja
promoção é mais necessária e apropriada? A meta de 14 conversas por
líder de opinião popular promovendo a norma de redução de risco
significa que cada indivíduo na população receberá em média apenas
2,5 interações dessa natureza. 8
Por causa de limitações práticas, como
recursos limitados, por exemplo, é inviável querer trabalhar todas
as normas relacionadas a risco. Outro motivo para restringir o foco
em apenas uma norma social é que pesquisas têm demonstrado que
o enfoque em normas múltiplas confunde a mensagem e que eleger
uma só norma é mais eficaz. Perguntas importantes a serem feitas
e respondidas incluem: Qual norma concisa e relevante pode ser
promovida com mais êxito no contexto da intervenção? Qual norma
terá o maior impacto sobre o risco? Como se pode promover a norma
escolhida, sem desviá-la, diluí-la ou contradizê-la?
As necessidades de prevenção das pessoas vinculadas por amizade e
alvo da estratégia LOP, especificamente os comportamentos de risco
que podem ser influenciados pela promoção de uma norma social,
precisam ser identificadas para que a intervenção possa focalizar
8 O cálculo do número mínimo médio de interações dos LOP com os integrantes da comunidade consta do
Anexo 2: Número mínimo de interações com os integrantes da comunidade.
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uma norma que tenha impacto sobre o risco. É importante avaliar
as relações entre: 1) os comportamentos de risco e, 2) as normas,
convicções e atitudes a respeito dos comportamentos relacionados
ao risco de infecção pelo HIV. É preciso identificar qual ou quais
a(s) norma(s) podem ter impacto no(s) comportamento(s) de
risco. Podem existir múltiplas normas relacionadas a apenas um
comportamento de risco! É preciso priorizar a norma que é mais
importante e viável para ser trabalhada.
Qual norma relacionada a risco a ser promovida pelos LOP terá
maior impacto? Uma rede social de grupos de amizade interligados
talvez não valorize a testagem rotineira para HIV, ou talvez não haja
uma norma bem aceita sobre a testagem rotineira para HIV, mas os
integrantes dos grupos precisam adotar o comportamento (teste de
rotina) para os fins de prevenção do HIV. Por exemplo, é provável
que o nível de infecção por HIV já esteja alto nesse grupo, e eles não
saibam. A promoção do uso do preservativo não parece possível
dentro desse grupo social porque ideologicamente tem forte oposição
ao preservativo. Consequentemente, a estratégia LOP promoverá uma
norma de testagem de rotina nas redes sociais encontradas no local.
Os LOP dirão para os amigos que os admiram: “Eu acho que é melhor
que nossa comunidade faça o teste do HIV.” A instituição convencerá
15% dos integrantes mais influentes dos grupos de amizade, que por
sua vez influenciarão seus amigos, difundindo assim a norma em toda
a comunidade. Deve-se focalizar uma norma de cada vez, até que seja
absorvida pela população.
Planos de longo prazo
Com o passar do tempo, pode-se passar a trabalhar outra norma
relacionada a risco a fim de continuar a produzir impacto na cultura
e nos comportamentos de risco na comunidade. No entanto, para
maximizar a efetividade, é preciso começar a trabalhar concretamente
com uma só norma até que a comunidade fique complemente
saturada. Para o longo prazo, o projeto da estratégia LOP pode ser
planejado levando em conta a evolução dos riscos, das redes sociais
e das normas relacionadas à redução de risco. O trabalho voltado
para as normas relacionadas a risco deve ser priorizado e focalizado.
Pesquisas têm demonstrado que uma só mensagem clara é superior a
múltiplas mensagens. Além disso, os recursos são limitados. Intervir
simultânea e adequadamente com normas múltiplas requer recursos
adicionais para cada norma trabalhada.
4. Grupos de amizade
Após a identificação do local comunitário e da norma, será necessário
especificar os “segmentos” da população até alcançar os grupos de
amizade. É provável que uma comunidade de pessoas vinculada por
amizade e interesses comuns seja composta por muitos grupos de
amizade menores. Tais grupos de amigos são articulados socialmente
em termos de interesses, relações, afinidades e influência ainda mais
30. 29
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
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específicos e compartilhados. Por exemplo, muitas vezes grupos menores
de amizade como esses se formam em torno de indivíduos benquistos,
influentes, de confiança e admirados. Alguns grupos de amizade podem
ser compostos apenas de mulheres ou jovens. Outros grupos podem ser
compostos exclusivamente por pessoas que jogam baralho.
Interesses e atividades parecidos não garantem a existência de
relações de amizade
Deve-se lembrar que uma rede social definida somente por
categorias demográficas como “pessoas brancas” ou por categorias
epidemiológicas e/ou comportamentais como “UDI” pode não
ser uma rede social dentro da qual os indivíduos se relacionem
socialmente de uma maneira que possa ser trabalhada pela estratégia
LOP. O termo “usuários de crack” não necessariamente descreve um
grupo de amizade. Da mesma forma, um subgrupo definido somente
por um interesse ou estilo comum como o “sadomasoquismo”
não necessariamente define um grupo coerente de amigos que
sejam influenciados por determinados integrantes daquele grupo.
As pessoas definidas somente com base em um interesse comum,
sem a existência de amizade entre si, não atenderão aos critérios
da estratégia LOP. Por outro lado, se existe um local comunitário
coerente e estável composto por grupos de amizade de “usuários de
crack” que compartilham entre si normas e valores referentes ao uso
dessa droga, a estratégia LOP pode ser realizada, porque existem
relações específicas e cotidianas envolvendo conversas, influência
e amizades (bem como uma subcultura de risco: normas, valores e
comportamentos compartilhados de risco). As amizades próximas,
cotidianas, envolvendo conversas e influência são fatores muito mais
importantes para a estratégia LOP que os “nomes” que utilizamos para
categorizar os grupos. O compartilhamento e a influência de atitudes
e normas relativas a risco são muito importantes para a estratégia LOP.
Diversidade entre grupos de amigos
Dentro da rede ampliada de amigos, alguns grupos de amizade são
mais benquistos que outros. Podem existir rivalidades sutis entre esses
grupos dentro da mesma rede ampliada e, também, haver grupos
relativamente impopulares dentro do local comunitário como um
todo. No entanto, não se pode deixar esses grupos de lado só porque
são impopulares. É preciso utilizar as pessoas benquistas dentro dos
grupos impopulares também!
Cada grupo de amizade tem seus próprios líderes de opinião -
íntimos, influentes e benquistos. É preciso garantir que os LOP
sejam representativos de cada subgrupo específico para que todos
osindivíduos e subgrupos dentro do local da intervenção sejam
trabalhados. A forte identificação com o líder de opinião popular por
parte de quem recebe a mensagem (os amigos do líder) é um aspecto
importante para a assimilação e um indicador da influência que existe
na relação. Os LOP são “pares próximos e queridos.”
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4. Os Líderes de Opinião Popular
Os LOP são influentes, respeitados, têm credibilidade e experiência
relevante de vida, são confiáveis, compreensivos com os amigos, falam
bem, são articulados e autoconfiantes.
Os LOP são os formadores de opinião dentro de cada grupo de amizade.
Isso não significa que são as pessoas que têm mais popularidade com a
população. Não necessariamente têm popularidade e credibilidade com
todos os integrantes de todos os grupos de amizade na comunidade.
Um indivíduo que tem influência e popularidade em um determinado
grupo de amizade pode não ser visto assim em outro grupo de amizade.
Com efeito, pode haver pessoas em determinados grupos que chegam a
detestar alguém que tem muita popularidade em outro grupo de amizade.
A credibilidade, a confiança, a influência e a popularidade são atributos
percebidos por quem está confiando e admirando etc. Assim, os LOP
são específicos e relativos a quem está ao seu redor. São as pessoas ao
seu redor que lhes atribuem essas qualidades. Elas gostam dos LOP,
respeitam, acham que têm credibilidade, confiam neles e os consideram
compreensivos.
O papel dos LOP é plantar a semente da norma de que a prática de
redução de risco é aquilo que é socialmente aceitável fazer. Os LOP
conseguem fazer isso, porque já desempenham o papel de formadores
de opinião e tendências entre seus amigos. O LOP é a pessoa admirada,
popular, que tem credibilidade e confiabilidade, cuja opinião é respeitada
e reproduzida por aqueles que o admiram.
Devem ser recrutados minimamente para cada grupo de amizade
15% de LOP, a fim de garantir que todos os grupos de amizade sem
exceção sejam alcançados pela intervenção. Tem sido demonstrado
que a atuação de 15% dos LOP é o ponto crítico para que uma norma
a ser promovida alcance a velocidade necessária para “decolar” e ser
absorvida pela comunidade. A estratégia é “plantar a semente” em todos
os grupos de amizade dentro da comunidade / rede social para promover
o “crescimento” ou a difusão da norma. Observação e monitoramento
cuidadosos serão necessários para garantir que todos os grupos sejam
alcançados pelo programa.
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Resumo dos Componentes-chave da Estratégia LOP
(Obs.: Os componentes são inter-relacionados. A tabela a seguir não é
uma sequência de passos ou etapas)
Componente Objetivo
População sob risco
• Selecionar uma população sob risco, dentro da qual a
estratégia LOP será direcionada.
• Definir comportamentos e fatores de risco existentes
dentro da população maior de interesse.
Obs.: É possível que a população sob risco já tenha sido
priorizada pelo financiador, por exemplo.
Ambiente comunitário
• Identificar locais, ambientes ou contextos frequentados
pela população sob risco.
• Determinar quais desses ambientes comunitários
atendem aos critérios de amizades compartilhadas,
interações comuns e normas relacionadas a risco nos
subgrupos da população sob risco.
• Definir quais desses ambientes comunitários podem
facilitar a tarefa obrigatória da quantificação e descrição
dos grupos de amizade e de seus integrantes, bem como
dos LOP dentro de cada grupo de amizade.
• Selecionar um ambiente comunitário que atenda aos
requisitos e cujo tamanho seja compatível com os recursos
disponíveis.
Norma específica
• Obter informações sobre a(s) norma(a) social/sociais que
impulsiona(m) o comportamento de risco dentro da rede
social / subcultura alvo da intervenção.
• Selecionar/priorizar uma norma que impulsiona um
comportamento de risco (a ser trabalhado pela estratégia
LOP).
Grupos de amizade
• Definir os grupos de amizade a serem o alvo da estratégia
LOP.
LOP em grupos de amizade
• Definir e selecionar ou monitorar 15% dos formadores de
opinião mais influentes (para poder recrutar os LOP).
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B. Materiais do projeto a serem desenvolvidos na etapa
formativa: logo e conteúdo do plano de treinamento
1. Logo atraente, relevante e útil ou outro dispositivo para despertar
conversas
Será necessário ter um dispositivo que estimule as conversas. A logo
ou o dispositivo servirá de apoio para os LOP iniciarem e realizarem o
endosso da norma com seus pares na rede. Será necessário realizar um
trabalho formativo sólido para desenvolver e testar o(s) dispositivo(s) (ver
as seções sobre os passos para o desenho e os métodos abaixo).
A logo ou o dispositivo pode divulgar a norma e o projeto, mas o
reconhecimento do projeto e a divulgação da norma não é o propósito
do dispositivo. Da mesma forma, o dispositivo não é um meio de
recrutamento. Na estratégia LOP, a promoção da norma é realizada
pessoalmente pela influência dos LOP. A norma não é promovida por
imagens, propaganda, símbolos ou histórias impessoais etc.
Passos para o desenvolvimento da logo ou do dispositivo para
provocar conversas
• Montar um grupo de trabalho composto por pessoal da instituição
e/ou voluntários da comunidade para desenvolver o dispositivo.
• Educar o grupo de trabalho a respeito do foco específico do
projeto LOP da instituição. Educar o grupo de trabalho sobre o
propósito do dispositivo, que é ajudar a despertar conversas.
• Desenvolver ideias e dispositivos a serem testados.
• Testar os vários dispositivos, em termos de sua utilidade (em
relação ao propósito) e aceitabilidade (os métodos para testar os
dispositivos são descritos na próxima seção deste Guia).
• Aprimorar o(s) dispositivo(s) a partir dos testes.
• Testar os dispositivos aprimorados.
• Aprimorar e finalizar os dispositivos.
A logo é para despertar conversas, não é para fins de marketing ou fins
informativos.
Abordagem comunitária (outreach), educação e marketing social são
formas de intervenção muitas vezes confundidas com a estratégia LOP.
A tabela a seguir retrata algumas das principais diferenças significativas
entre a estratégia LOP e os métodos de mudança de comportamento por
meio de educação/abordagem comunitária/marketing.
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Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
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Diferenças entre “Abordagem/
Educação por Pares” e “LOP”
“Abordagem por Pares” “LOP”
Agente Qualquer par (ou pares)
Apenas os pares mais
influentes dentro de cada
grupo de amizade
Relação com os indivíduos alvo
da intervenção
Relação de pares que talvez
não se conheçam
Relação pessoal que já existe
Foco
(Determinante de
comportamento)
Conhecimento – repassar
informações
Norma – afirma opinião
2. Conteúdo das sessões de treinamento para os LOP
A avaliação formativa para a estratégia LOP tem implicações diretas
para a adaptação do conteúdo das sessões de treinamento dos LOP. Os
dados obtidos serão utilizados para adaptar as sessões de treinamento
para refletir as informações e práticas específicas do projeto LOP local
e seu foco. Sobretudo na Sessão 1, mas também nas demais sessões de
treinamento, a ênfase está em convencer os LOP que é importante que
endossem a norma escolhida. Qual é a norma que eles vão endossar? É a
promoção da testagem, uma prática sexual mais segura ou a revelação do
estado sorológico para o HIV etc.? Quais informações vão ser necessárias
para que os LOP entendam e aceitem a norma a ser trabalhada pelo
programa? Quais informações vão ser necessárias para que entendam e
aceitem que o programa LOP como um todo vale a pena? Nas sessões
de treinamento será necessário informá-los sobre o contexto e a
fundamentação do projeto LOP para ajudar a convencê-los que a norma
escolhida é de fato a opinião correta, que eles são importantes para a
promoção da opinião, que o programa LOP merece o tempo e os esforços
deles, e convencê-los a atuar e, assim, promover a mudança de opinião.
Informações detalhadas sobre o desenho e a adaptação das sessões de
treinamento, inclusive os passos para a adaptação, constam na Seção IIIB,
Treinando os LOP.
D. Métodos de avaliação formativa
Vários métodos podem ser utilizados para avaliar o tamanho da
população da intervenção, seus integrantes, suas redes sociais, seus líderes
de opinião popular (LOP), os comportamentos e a norma relacionada
à redução do risco de infecção pelo HIV que precisa ser promovida.
Determinados métodos funcionam melhor para determinadas tarefas.
Utilizar um método que não é condizente com a tarefa é um erro às
vezes cometido por pesquisadores. As descrições a seguir apresentam
cada método e sua principal função. Cada descrição também destaca a
aplicabilidade do método aos componentes e fatores nos quais a avaliação
formativa deve se focalizar.
A descrição dos métodos a seguir proporciona uma noção do propósito
da avaliação formativa para cada componente, assim como um bom
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entendimento da ampla gama de métodos que podem ser utilizados. A
descrição serve para indicar as possibilidades – e não para recomendar
a utilização de cada método da forma mais completa possível. É preciso
ser prático e levar em consideração as limitações de tempo e dinheiro ao
realizar a avaliação formativa da comunidade-alvo da estratégia LOP. É
provável que a instituição somente precise utilizar parte desses métodos,
de forma sucinta e ágil.
No final desta seção sobre métodos de avaliação formativa há um
resumo de dois projetos LOP. Os dois resumos foram incluídos para
permitir uma comparação da abrangência, dos aspectos práticos e dos
recursos utilizados na avaliação. Um deles, o Women’s Health Project
de Sikkema, foi bastante abrangente comparado com o outro, o Hustler
Project de Miller. É provável que o processo de avaliação formativa
realizada por sua instituição seja mais parecido com o de Miller do que
o de Sikkema. É provável que a instituição tenha menos recursos que
Sikkema para a realização da avaliação formativa. A utilização sucinta
e rápida de uma variedade de métodos para o estabelecimento de
programas sociais de promoção da saúde é conhecida como avaliação
etnográfica rápida.
Depois da tabela a seguir que resume os métodos, há uma narração
descritiva. Os métodos descritos são: levantamentos sociométricos;
estudos observacionais; entrevistas (e apoio) com lideranças/informantes-
chave; grupos focais; estudos de Conhecimentos, Atitudes, Convicções e
Comportamentos (CAC); avaliações de necessidades e riscos existentes,
e estudos de mercado e de censos. Exemplos simples de ferramentas
para a coleta de dados foram incluídos nos anexos deste Guia. Exemplos
adicionais podem ser encontrados no Manual de Implementação da
Estratégia LOP e no Manual de Avaliação da Estratégia LOP, ambos do
CDC.
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Resumo dos Métodos de Avaliação Formativa
Será necessário realizar uma avaliação rápida para poder tomar decisões
sobre o direcionamento da estratégia LOP. Os recursos, inclusive o tempo,
para a avaliação formativa são limitados. É provável que a instituição
baseie a decisão em conhecimentos já existentes a respeito de partes da
comunidade e em observações planejadas, incluindo entrevistas com
informantes-chave, realizadas pelo pessoal da instituição para colher
informações e nortear as decisões. A seguir há um resumo de várias
opções. Alguns desses métodos são bastante complexos e intensivos.
Os métodos e os dados utilizados em um componente podem ser
apropriados também para a avaliação formativa de outro componente.
Método(s)
População sob risco
Rever dados e relatórios existentes da instituição e/ou outras
fontes de dados epidemiológicos e dados sobre comportamentos
de risco.
Coletar e analisar dados epidemiológicos e dados sobre
comportamentos de risco
Obs.: É possível que a população sob risco já tenha sido
selecionada em função do financiamento recebido ou por causa
da missão da instituição de atender uma determinada população
sob risco.
Ambiente
comunitário
Rever dados existentes (dados do censo, dados sobre moradia,
dados de marketing etc.) sobre concentrações de pessoas na
comunidade que provavelmente vão ter o perfil necessário,
incluindo um contexto/ambiente comunitário compartilhado.
Mapeamento observacional dos ambientes comunitários na área.
Dados de informantes-chave sobre ambientes comunitários.
Norma específica
Grupos focais. Estudos de conhecimentos, atitudes e
comportamentos (CAC). Observação participante. Entrevistas
com informantes-chave.
Grupos de amizade Levantamentos. Observações. Entrevistas com informantes-chave.
LOP nos grupos de
amizade
Levantamentos. Observações. Entrevistas com informantes-chave.
Indicações.
Logo/ dispositivo(s)
de apoio
Grupos focais. Observações e entrevistas com informantes-chave.
Estudos CAC.
Levantamento do grupo-alvo
Será necessário encontrar formas de identificar quem é benquisto,
tem credibilidade e confiança dentro da comunidade. Um verdadeiro
levantamento sociométrico consiste em cada membro de uma
população identificar cada indivíduo que conhece, avaliando-o quanto
a características de interesse, como popularidade e credibilidade.
Pontuações podem ser calculadas para cada indivíduo identificado. Além
disso, as redes de relacionamentos entre os membros do grupo também
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podem ser descritas. É dessa maneira que se descobre quem é benquisto e
tem credibilidade diante dos outros e em que agrupamentos.
Deve-se observar que é provável que a realização de um verdadeiro
levantamento sociométrico exija uma grande quantidade de recursos.
Provavelmente será necessário realizar um levantamento sociométrico
menos complexo ou menos completo, solicitando a lideranças e/
ou integrantes de subgrupos que identifiquem os grupos de amizade
e indiquem quem são os indivíduos mais benquistos e com mais
credibilidade dentro deles. Pode-se elaborar um roteiro de perguntas a
serem feitas diretamente, ou elaborar e utilizar um questionário que é
preenchido pelos próprios membros do grupo. O roteiro de perguntas é
preferível por causa de limitações de tempo e recursos. Os levantamentos
sociométricos são utilizados principalmente para identificar os grupos
de amizades e os líderes de opinião popular. O Anexo 3: Modelo de
Questionário Sociométrico contém um modelo que pode ser incrementado
com perguntas adicionais.
Estudos observacionais
Pode-se observar sistematicamente a comunidade-alvo e fazer
anotações, inclusive a respeito de: 1) seus subgrupos/redes/panelinhas/
grupos de amizade e locais de encontro, 2) os indivíduos benquistos
dentro dos grupos de amizade e as lideranças e informantes-chave,
e 3) o conteúdo cultural da comunidade relacionado à promoção de
normas de redução de risco, tais como quando, onde, quem, o quê, e
por que os membros da comunidade expressam (ou não expressam)
opiniões e convicções sobre a redução de riscos. Ao realizar observações
para descrever um ambiente comunitário, em que a rede social em
questão se encontra socialmente com frequência e para descrever os
grupos de amizade, as normas relacionadas ao risco e aos LOP dentro
da rede social em questão, está sendo feito o “mapeamento social” da
população. A observação sistemática pode ajudar a definir os locais de
encontro comunitário, os grupos de amizade, os LOP, a norma social
para a promoção da redução de risco, bem como formas apropriadas de
promover a norma desejada. O Anexo 5 contém um Modelo de Roteiro
para Observação da Comunidade, que pode ser adaptado conforme a
necessidade.
Os conhecimentos que o pessoal da instituição têm a respeito da
comunidade também podem ser um recurso importante. Não se
deve esquecer a possibilidade de que o pessoal da instituição talvez já
tenha experiência e ligações com o(s) local(ais) comunitário(s) alvos
da intervenção, e que possa atuar como etnógrafos ou observadores
participantes do local de encontro comunitário e ajudar na realização de
muitas tarefas da etapa formativa.
Obs.: Ao estimar o tamanho da população no local de encontro, é
bastante provável que seja necessário fazer contagens, utilizando métodos
de amostragem para estimar o tamanho da população em questão. Por
exemplo, se a intenção é realizar a intervenção junto aos frequentadores
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de um bar, pode-se solicitar ao proprietário, estimativas do número de
clientes, com base no número de ingressos, ajustado por estimativas de
contagem dupla e vendas. Como alternativa, o pessoal do projeto poderia
fazer a contagem dos clientes do bar em horários representativos, e com
base nisso fazer a projeção do tamanho da população que se espera estar
presente no local durante a intervenção.
Entrevistas com informantes-chave
Indivíduos que são “antenados” ou têm muito conhecimento (por
exemplo, em virtude do papel que desempenham) da comunidade podem
ser entrevistados para se obter informações necessárias sobre locais de
encontro comunitário, grupos de amizade, LOP e normas apropriadas de
redução de risco, incluindo considerações quanto à norma a ser trabalhada.
Uma forma eficiente de atuação pode ser a realização de uma reunião
ou várias reuniões com informantes-chave para a indicação/identificação
de LOP. É importante definir se as lideranças e informantes-chaves
devem ou não informar às pessoas que indicaram para ser LOP sobre as
indicações. Nem todas as indicações estarão de acordo com os critérios e
será prejudicial criar expectativas que poderão ser frustradas.
Deve-se lembrar que os informantes-chaves também podem ser
lideranças na comunidade e, por isso, é importante conquistar seu apoio.
É possível que consigam facilitar a aceitação e o sucesso da intervenção
na comunidade. As lideranças também podem ajudar a orientar as
observações, indicando contextos em que os integrantes da comunidade
podem ser acessados e observados. O Anexo 5 contém um Modelo de
Roteiro para entrevistas com informantes-chave, que pode ser adaptado
conforme a necessidade. As lideranças também devem estar envolvidas
no planejamento e na implementação da estratégia LOP. As lideranças
podem ajudar com o recrutamento e apoiar a intervenção de diversas
outras maneiras.
Grupos focais
Grupos focais representam uma boa oportunidade para obter
informações detalhadas sobre um tópico específico e restrito. Os
grupos focais são mais apropriados para a elaboração e validação de
materiais utilizadas na intervenção, como uma logo capaz de assinalar o
reconhecimento da promoção da norma de redução de risco. O formato
do grupo focal facilita a coleta interativa (entre os participantes) de dados.
Não é o intenção de um grupo focal obter respostas individuais de cada
pessoa sobre diversos tópicos
Há muitos recursos úteis disponíveis sobre grupos focais, na internet,
em bibliotecas e por meio de consultores. Os grupos focais representam
uma metodologia complexa de pesquisa. Recomenda-se que habilidades
especializadas sejam desenvolvidas e utilizadas na sua criação.
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Questionários CAP (Conhecimento, Atitudes e Práticas)
A aplicação de questionários sobre os conhecimentos, atitudes,
convicções, práticas e comportamentos dos integrantes da comunidade
pode ajudar a determinar necessidades e a definir para onde deve ser
direcionada a intervenção, envolvendo a norma de redução de risco. É
preciso ter conhecimentos especializados para criar um questionário
adequado e útil. É necessário levar em consideração estratégias de
amostragem em relação à coleta de dados. Os questionários podem ser
aplicados de várias maneiras para facilitar a coleta dos dados. Talvez já
existam relatórios sobre questionários CAP aplicados anteriormente e
que sejam relevantes para a população. Eles podem ser analisados para
obter informações úteis para a intervenção proposta. Talvez a instituição
aplique rotineiramente questionários que possam ser importantes. Deve-
se pesquisar na internet e junto à Secretaria de Saúde também. Lembre-se
de que estas informações também serão necessárias para a adequação das
sessões de treinamento dos LOP.
Dados existentes, como avaliações de necessidades e riscos
Talvez seja possível ter acesso e analisar relatórios e dados de avaliações
já existentes de necessidades e riscos, parecidos com os dados obtidos
por meio de questionários CAC. As Secretarias de Saúde podem ser
fontes de dados como esses. Às vezes contratam empresas privadas de
consultoria e pesquisadores universitários para realizar avaliações de
necessidades e riscos. Seja criativo na forma como acessa esses tipos de
dados. Serão muito úteis na determinação das necessidades e na definição
do direcionamento da intervenção em termos da norma de redução de risco.
Essas informações e a análise dos riscos e das normas associadas também
serão necessárias para a adequação das sessões de treinamentos dos LOP.
Será necessário informar os LOP, nas sessões de treinamento, como se
definiu a norma a ser alvo da intervenção.
Pesquisas de mercado, censos e outras fontes secundárias de dados
populacionais
Estatísticas resumidas e descritivas sobre a população local podem ser
encontradas em relatórios de pesquisas de mercado, censos e estudos.
Podem ajudar na estimativa do tamanho da população. Os dados dos
censos estão disponíveis na internet e na maioria das bibliotecas.
Muitas vezes dados de pesquisas de mercado também podem ser
encontrados na internet. Alguns deles são focados em determinados
segmentos da população que talvez englobe a população da intervenção.
Relatórios disponíveis na internet às vezes são chamados de “literatura
cinzenta,” ou não convencional, como também as brochuras, panfletos,
relatórios e informativos comunitários. Essa “literatura cinzenta”,
assim como pesquisas acadêmicas e outras publicações, podem ser
fontes de informações relevantes sobre o tamanho da população e suas
necessidades, comportamentos, conhecimentos, convicções e preferências
no que diz respeito a riscos.