A parábola da figueira sem frutos ensina que: 1) Deus espera pacientemente pela conversão do crente, mas esta espera tem um prazo; 2) O lavrador (Jesus) continuará cuidando da videira (o povo de Deus) para que dê frutos; 3) Se a videira não der frutos após receber cuidados extras, será cortada.
A parábola da figueira sem frutos.20150616.Estudo PGs 7
1. Estudo PGs 16/07/2015
Tema: As parábolas do Mestre
Estudo 1: A parábola da figueira sem frutos (Lc. 13.6-9)
O ensino
Então contou esta parábola:
"Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Foi procurar fruto nela,
e não achou nenhum.
Por isso disse ao que cuidava da vinha: Já faz três anos que venho procurar
fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra?
Respondeu o homem: Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor
dela e a adubarei. Se der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a".
(NVI)
Entendendo a parábola
A parábola acima foi ministrada em um contexto de crítica ao povo judeu. No
v.1, vemos que algumas pessoas criticaram “alguns galileus”, a quem Pilatos
teria massacrado. Estudiosos entendem que estes “galileus” poderiam zelotes
seguidores de Judas, o Galileu, cujo movimento revolucionário foi relatado pelo
historiador Flávio Josefo como uma tentativa de derrubar o domínio romano na
região que afirmava que pagar tributo a César seria contra a Lei. Para controlar
a região, Pilatos teria, por várias vezes, promovido o massacre de judeus
durante a páscoa, incluindo assassinatos dentro do Templo, explicando a ideia
de que Pilatos teria misturado o sangue dos galileus com “seus sacrifícios” no
Templo. Tais atos explicariam o relacionamento nada amistoso entre Herodes,
tetrarca da Galileia, e Pilatos, prefeito de Jerusalém.
Com isso em mente, e devido ao fato do Mestre iniciar seu ministério na
Galileia e pregar àquele povo, alguns judeus tentaram pegar o Mestre em erro,
indagando-o sobre o que ele pensava sobre a forma horrenda de morte que
aqueles galileus sofreram. Se o Mestre dissesse que era por serem pecadores
por irem contra o governo, ele não deveria pregar ao povo galileu. Se Jesus
falasse que a culpa era dos romanos, incorreria em ser acusado de ser
igualmente revolucionário e poderia ser preso antes de cumprir seu ministério.
Com isso em mente, o Mestre saiu-se sabiamente, mostrando que o infortúnio
humano e a morte vêm para todos, independente de seus atos, e que não há
diferença de pecados para Deus: Todos são pecadores e precisam se
arrepender.
A parábola que o Mestre apresenta, então, traz um alerta bem específico. O
senhor da vinha já tinha dado muito tempo e condições para que a vinha
frutificasse, mas ela não havia vingado. Não só isso, o v. 7 indica que a tal
vinha prejudicava a qualidade da terra, extraindo dela os insumos necessários
para o crescimento de outras (nas versões atuais, o termo “ocupar a terra” é
melhor traduzido por “inutilizar a terra”, mais de acordo com o verbo no original
grego).
2. O desejo do senhor era claro: cortar a vinha, livrar a terra de sua ocupação e
iniciar tudo de novo. Porém, o lavrador que cuidava da vinha pediu mais um
tempo. Disse que iria adubar a terra, cavar ao redor dela, capacitá-la para que
ela crescesse. Pediu um ano e disse que, se ainda assim não frutificasse, ela
poderia ser arrancada pelo senhor da vinha.
Pensando no contexto do arrependimento, o recado ao povo judeu era claro:
Deus havia tido toda a paciência com o seu povo, porém ele não havia dado
frutos espirituais. Os corações estavam duros. Os líderes escravizavam seu
povo. O Senhor queria mudança, mas resolveu conceder um tempo extra à
vinha. Agora, o Lavrador iria cuidar dela, dar-lhe alimento e proteção, dar
condições para ela crescer. Jesus veio ao mundo para alcançar a todos que o
aceitassem, desejassem frutificar. Porém, o prazo era definido: 1 ano, na
parábola. Assim também é conosco: O Senhor busca alcançar os perdidos,
mas há um prazo. A história terá um fim, e quem não aceitar o cuidado do
Senhor, será arrancado definitivamente e lançado para longe da presença de
Deus por toda a eternidade.
A parábola em nossas vidas
1. A fatalidade é uma realidade para todos (Mt. 5.45): Por vezes caímos
na tentação de achar que a desgraça que acontece com alguém é
devido a uma vingança divina por algum pecado escondido. Contudo, o
que o Mestre quis mostrar, na introdução da parábola, é que a fatalidade
pode atingir a qualquer um, da mesma forma que o sol e a chuva
atingem a todos neste planeta.
2. Deus espera pacientemente pela conversão do crente, mas esta
espera tem data de vencimento (Mt. 26: 36-44): A parábola deixa claro
que o Senhor Todo-Poderoso é também misericordioso e espera
pacientemente pelo arrependimento do homem. Contudo, o fato do
lavrador apontar um tempo específico para a videira dar fruto mostra que
esta espera tem tempo limitado. Logo, não podemos brincar com o
tempo e buscar o arrependimento hoje, pedindo perdão ao Senhor por
nossos pecados.
3. A religiosidade afeta não somente o indivíduo, mas os próximos
(Mt. 23.13): O v. 7 é bem claro: A videira infrutífera não apenas vive uma
vida sem sentido, mas inutiliza a terra, impedindo que outras possam
nascer. Esta é a consequência da religiosidade excessiva. Criamos leis
e normas em nossas igrejas, apresentamos novas visões mirabolantes,
e, no ensejo de aplica-los, machucamos aqueles que infringem tais
normas. Para piorar, em vez de erguer a pessoa e ajuda-la a se
aprimorar, empurramo-las para fora da igreja com nossos olhares e
nossa frieza de relacionamento. Precisamos lembrar que o sentimento
mais nobre no Reino de Deus é o amor, e que este deve nortear toda a
forma de conduta do cristão.
4. O lavrador está sempre a cuidar de nós (Mt. 28.20): Mesmo com a
sua ascensão aos céus, Jesus cuida de nós. Ele enviou seu Espírito
Santo para nos convencer do pecado e nos nutre e fortalece para
podermos vencer as tentações colocadas à nossa frente. Cabe a nós
reconhecer nossos erros e buscar o arrependimento sincero, a mudança
3. radical de comportamento, a guinada de 180 graus que nos afasta
definitivamente da perdição e nos leva à luz de Cristo.
Próxima semana: A parábola dos talentos (Lc. 19.12-27)