Dicas de inovações que efetivamente ajudarão as usinas canavieiras a ganharem em competitividade e gestão. Palestra dada em Fórum da UNICAMP em 30/09/2015.
2. A liderança brasileira na cana-de-açúcar é
inegável, com 98% mais área colhida do que o 2o
lugar: a Índia!
2
País Área de cana colhida em 2013 (M ha)
1) Brasil 10,20
2) Índia 5,16
3) China 1,82
4) Tailândia 1,32
5) Paquistão 1,13
6) México 0,78
7) Indonésia 0,45
8) Filipinas 0,44
9) Colômbia 0,41
10) Cuba 0,40
Fonte: FAOStat, 2013
3. Quais são os drivers que explicam o Brasil ter tal
liderança? (1 de 4)
3
Economia de escala: enquanto no Brasil cada uma das 366
usinas ativas processará 1,78 milhões de toneladas de cana
nesta safra, na Índia este número foi de 0,68 milhões de
toneladas em cada uma das 509 usinas ativas na safra
2013/2014.
Safras longas: como 295 das 366 usinas brasileiras (80,6%
delas) conseguem ter 8 meses ou mais de safra por ano,
contra 5 meses de safra na maior parte dos demais países
grandes produtores, as usinas brasileiras diluem melhor seus
custos fixos.
Usinas controlam 65% da cana: enquanto na grande maioria
dos países a cana é quase toda produzida por agricultores
independentes, no Brasil 65% é de gestão das usinas, o que
permite maior e melhor planejamento, inclusive de uso de
maturadores químicos e de maior portifólio de variedades de
cana e estratégias de produção e colheita.
4. Quais são os drivers que explicam o Brasil ter tal
liderança? (2 de 4)
4
Diversificação comercial: usinas brasileiras, na sua grande
maioria, produzem açúcar e também etanol, sendo que
aproximadamente 38% delas ainda possui excedente de
eletricidade cogerada para venda. No resto do mundo,
normalmente as usinas costumam ser somente açucareiras.
Produtividade brasileira da cana ainda é alta: a maior parte da
cana do Brasil é de sequeiro (90%) e, dentre os 10 países
maiores produtores, a brasileira ficou com a 4a maior
produtividade, atrás de Colômbia (irrigada), México
(parcialmente irrigada) e Tailândia (parcialmente irrigada).
Setor canavieiro brasileiro é totalmente privado: faz 17 anos
que o setor canavieiro brasileiro não recebe mais nenhuma
intervenção governamental, tendo inclusive sido alvo de fortes
investimentos internacionais nos últimos 9 anos.
5. Quais são os drivers que explicam o Brasil ter tal
liderança? (3 de 4)
5
Grande indústria brasileira de variedades de cana: com 4
provedores (CTC, Ridesa, Canavialis e IAC), além da Embrapa
no futuro, o Brasil chega a receber lançamentos de até mais
de 10 novas variedades por ano, certamente o país com mais
lançamentos no mundo.
Forte indústria brasileira de bens de capital: pode-se comprar
uma usina e/ou destilaria completa no Brasil, que possui
autosuficiência no fornecimento de quaisquer tecnologias de
fabricação de açúcar e etanol, bem como de cogeração.
Presença local de fabricantes de máquinas e implementos
agrícolas: basicamente o Brasil não importa nenhum
equipamento ou implemento, possuindo inclusive os centros de
desenvolvimento destes fabricantes no país, quando eles não
são brasileiros.
6. Quais são os drivers que explicam o Brasil ter tal
liderança? (4 de 4)
6
Custo de produção de açúcar e etanol entre os menores:
com câmbio atual, Brasil consegue ser novamente o país
com menor custo de produção de açúcar do mundo, mas
esteve atrás de América Central e África do Sul
recentemente.
Produtividade da mão de obra evoluiu até 2013:
praticamente a produtividade dos empregados nesta
indústria cresceu 116% em 11 anos. Contudo, este
crescimento vem tendendo à estagnação e até à redução.
2002 2006 2013
Empregados 649.300 532.263 613.235
Cana processada (mil t) 320.650 427.658 652.956
Índice de colheita mecanizada 33% 35% 82%
Índice de plantio mecanizado 5% 7% 65%
Produtividade (t cana/empregado) 493,8 803,5 1.064,8
Crescimento da produtividade 63% 33%
Item
Anos
7. Mesmo com a crise do setor sucroenergético, há
grupos que estão financeiramente bem.
7
Ranking Grupos Lucro/t cana
1 Ipiranga + Iacanga 20,84R$
2 Colombo 19,85R$
3 São Manoel 19,31R$
4 Aroeira 15,55R$
5 São Martinho 15,40R$
6 Coruripe 14,90R$
7 Cerradinho Bio 6,94R$
8 Balbo 5,72R$
9 Batatais 4,81R$
10 USJ 3,95R$
11 São José da Estiva 2,97R$
12 Vale do Verdão 2,57R$
13 Vale do Tijuco 2,20R$
14 Raízen 1,94R$
Lucro líquido por tonelada de cana processada na safra 2014/2015
de Grupos que publicaram balanço e tiveram lucro líquido
Fonte: RPA Consultoria
8. O que os grupos que estão
financeiramente bem têm em
comum?
8
9. Endividamento sob controle
9
Endividamento total por tonelada de cana processada na safra
2014/2015 de Grupos que publicaram balanço e tiveram lucro líquido
Fonte: RPA Consultoria
Ranking Grupos Endividamento/t cana
1 Aroeira 75,36R$
2 Balbo 108,71R$
3 São José da Estiva 109,57R$
4 Ipiranga + Iacanga 118,61R$
5 Batatais 141,14R$
6 Cerradinho Bio 144,13R$
7 Colombo 144,65R$
8 Raízen 187,56R$
9 São Manoel 189,43R$
10 São Martinho 198,21R$
11 Coruripe 198,35R$
10. Receita líquida superavitária
10
Receita líquida por tonelada de cana processada na safra 2014/2015
de Grupos que publicaram balanço e tiveram lucro líquido
Fonte: RPA Consultoria
Ranking Grupos Receita/t cana
1 Raízen 170,62R$
2 Colombo 161,52R$
3 USJ 152,28R$
4 Vale do Tijuco 135,70R$
5 Cerradinho Bio 128,37R$
6 Coruripe 124,35R$
7 São Manoel 120,86R$
8 São José da Estiva 120,09R$
9 Ipiranga + Iacanga 120,04R$
10 Batatais 115,87R$
11 Aroeira 110,29R$
Usinas
Copersucar
11. Custo de produção baixo
11
CPV por tonelada de cana processada na safra 2014/2015
de Grupos que publicaram balanço e tiveram lucro líquido
Fonte: RPA Consultoria
Ranking Grupos Custo/t cana
1 São Martinho 73,22R$
2 Aroeira 77,50R$
3 Batatais 81,85R$
4 Balbo 86,91R$
5 Cerradinho Bio 91,53R$
6 Ipiranga + Iacanga 92,70R$
7 São Manoel 96,27R$
8 Coruripe 99,61R$
9 São José da Estiva 102,32R$
10 Colombo 110,40R$
11 Raízen 141,28R$
12. Alta produtividade de sua mão de obra
12
Toneladas de cana processada na safra 2014/2015 por funcionário
de Grupos que publicaram balanço e tiveram lucro líquido
Fonte: RPA Consultoria
Ranking Grupos t cana/funcionário
1 São Martinho 2.636,2
2 Aroeira 1.852,5
3 Batatais 1.832,3
4 Ipiranga + Iacanga 1.782,0
1.064,8Média em 2013/2014
14. 1) Há ineficiência e desperdícios na gestão das
frotas agrícolas em usinas que devem ser reduzidos
14
Frota
Eficiência
Operacional
Disponibilidade
Mecânica
Tempo de
trabalho por dia
Tratores de quebra lombo 70% 92% 15,5
Colhedoras de Cana 71% 82% 14,0
Linha amarela na sistematização prep. solo 73% 73% 12,8
Tratores de Cultivo/adubação 61% 84% 12,3
Tratores de preparo de solo 54% 84% 10,9
Caminhões Canavieiros 50% 88% 10,6
Tratores de Transbordo 51% 80% 9,8
Carregadoras de Cana 48% 85% 9,8
Uniport 48% 81% 9,3
Tratores de Fertirrigação 42% 90% 9,1
Tratores de herbicida 45% 77% 8,3
Motobombas da vinhaça 36% 93% 8,0
Tratores de Calcário/gesso 40% 52% 5,0
Média 53% 82% 10,4
Por que pagar 24
horas se
operadores
trabalham, no
máximo, 15,5
horas por dia?
Porque eu não sei
quando os
equipamentos vão
quebrar ou parar!
Resultados de um mês de informações ininterruptas de
computadores de bordo em toda a frota de uma usina
15. Exemplo de 1 dia padrão de colhedora de cana
14,0 horas de trabalho (horas de motor)
2,50 horas em manutenção corretiva (quebras)
0,67 hora em abastecimento/lubrificação
0,33 hora em lavagem de elevador
0,50 horas em verificação/troca de faquinhas
1,00 hora em 3 trocas de turno
0,50 hora de check list de operadores
2,00 refeição
1,00 aguardando transbordo
0,50 outros motivos de parada
24 horas de 1 dia
15
16. Exemplo de 1 dia padrão de colhedora de cana
14,0 horas de trabalho (horas de motor)
2,50 horas em manutenção corretiva (quebras)
0,67 hora em abastecimento/lubrificação
0,33 hora em lavagem de elevador
0,50 horas em verificação/troca de faquinhas
0,50 hora em 3 trocas de turno
0,50 hora de check list de operadores
2,00 refeição
1,00 aguardando transbordo
0,50 outros de parada
24 horas de 1 dia
16
4 horas
do dia
Por que não organizar estas 4 horas paradas
para não termos operadores ganhando salário
(às vezes, até hora extra) e esperando,
parados?
17. Quando todas as frotas de usinas estiverem com
computador de bordo, o que faremos?
17
Fala-se muito em Agricultura de Precisão, item que,
aliás, pouco evoluiu em cana em comparação com o
que ocorreu com grãos.
Hoje, as usinas, para reduzir ainda mais seus custos,
precisam de Agricultura de Eficiência, ou seja, usar mais
e melhor os ativos de que dispõem.
Em breve (talvez em 2020) poderemos imaginar quase
todos os equipamentos das frotas de usinas com
computador de bordo e comunicando-se
ininterruptamente num caminho de duas vias.
Quais sistemas do mercado estão prontos para agregar
valor a partir desta funcionalidade?
18. 2) Administração deve ser mais enxuta, com
automação da cobrança de disciplina e de qualidade
18
CEO
Gerente Agrícola
Supervisores /Coordenadores / Gestores
Operadores / Motoristas
Encarregados / Chefes
Líderes / Fiscais
Automação de
monitoramento e
cobrança distribuída
de disciplina e de
qualidade
Diretor Agrícola
Cerca de 90
funcionários ao
custo anual de R$
5,4 milhões
19. 3) Nas usinas, só há sucesso em Planejamentos
Operacionais, visto que os Planejamentos Táticos e
Estratégicos ainda são de curto prazo. Mas este
sucesso dura pouco (improviso).
19
20. 4) Os planejamentos operacionais informatizados
para usinas estão defasados perante as novidades
de gestão
Por exemplo, os softwares planejadores de colheita usam frota
de CCT (ou CTT) como “restrição”. Hoje, o CTT é o maior custo
agrícola e, para ser otimizado, a capacidade operacional das
colhedoras deve ser equacionada ao longo da safra através
da colheitabilidade das áreas.
20
Comportamento médio da
produtividade diária de
colhedoras e da cana total
processada por mês em relação
ao melhor mês da safra de 83
usinas do Centro-Sul do Brasil ao
longo da safra 2014/2015
Obs: os meses de abril e novembro foram
desconsiderados em função de não termos
todas as usinas em safra neles
Fonte: RPA Consultoria
21. 21
Se a usina exemplo tivesse corrigido seus plantios a 3 anos atrás, teria
ganho 2,66 kg de ATR por tonelada de cana na safra 2014/2015.
E os planejadores de plantio não conseguem corrigir adequadamente
as lacunas de variedades conforme a programação de moagem
mensal das indústrias.
22. 5) Também os softwares de despacho de
caminhões acham-se defasados das atuais
novidades em gestão logística de suprimento de
cana
22
Quando os softwares de despacho de caminhões funcionam no
“automático” buscando otimizar somente a puxada de cana das
próximas horas ou de 1 dia, costumam desbalancear as metas
diárias das frentes, desfazendo o arranjo de colheitabilidade.
Além disso, os atuais softwares ainda não lidam bem com as
“janelas sem operadores”das frentes de colheita.
Ainda não há interação entre softwares que gerenciam caminhões
e softwares que automatizam a gestão dos veículos de transbordos
(VTs) nas frentes.
Estes softwares não estão se autoalimentando automaticamente
de informações dos computadores de bordo da frota de CTT.
Assim, suas reações às mudanças de premissas de programação
sempre estão atrasadas.
23. 6) Precisamos reinventar o plantio de cana como
um todo e não somente de forma pontual!
Na safra 2014/15 a renovação dos canaviais na região
Centro-Sul do Brasil custava R$ 6.380,00 por hectare, valor
este subdividido em 3 etapas:
Preparo de Solo = R$ 1.610/ha,
Plantio Mecanizado incluindo as mudas (que representa 60% de
todo o custo do plantio hoje) = R$ 4.030/ha,
Tratos Culturais de Cana Planta = R$ 740/ha.
Seria uma REVOLUÇÃO se descobríssemos uma maneira de
plantar cana mecanicamente com:
Custo 40% menor (R$ 3.800/ha ao invés de R$ 6.380/ha),
Ganho mínimo de produtividade de 15 t/ha na colheita do
primeiro corte,
Eliminação do uso de terras para viveiros (que costumam ocupar
3,5% dos canaviais).
23
24. 7) Precisamos recuperar a produtividade agrícola,
que vêm caindo…
24
Evolução da produtividade agrícola dos canaviais
brasileiros nas últimas 10 safras
Fonte: Levantamentos de Safra de Cana-de-Açúcar, CONAB
25. … mas há 6 usinas que já chegaram às 100 t/ha
no Brasil na safra passada quando o resto teve
70,5 t/ha de média!
25
1) Agrovale (BA) = 104 t/ha
2) Cerradinho Bioenergia (GO) = 103 t/ha
3) Aroeira (MG) = 101 t/ha
4) Buriti (SP) = 99 t/ha
5) Jalles Machado - unidade Otávio Lage (GO) = 99 t/ha
6) Santo Ângelo (MG) = 99 t/ha
26. Quais os segredos delas?
26
Tirando a Agrovale, que possui toda sua área irrigada de
forma plena, foi possível identificar que as boas
produtividades agrícolas das outras 5 usinas têm pouco a ver
com mudanças radicais ou disruptivas no sistema de
produção da cana, como novas variedades de cana, novos
espaçamentos, novos softwares de controle e
planejamento, novos preparos de solo etc.
Foi possível identificar em comum nestas usinas que elas
trabalham bem os 8 pilares da alta produtividade agrícola:
1) Estande sem falhas,
2) Redução de perdas na colheita,
3) Estratégias adequadas de plantio,
4) Caminhamento coerente de safra,
5) Nutrição arrojada da cana,
6) Fatores redutores de produtividade agrícola sob controle
(Pragas, Mato e Doenças),
7) Ciclo produtivo ótimo,
8) Irrigação econômica.