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Relatório de Desenvolvimento
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     Humano 2009
                                                                                                                                                                                                                                                                                           www.almedina.net                                                                          Ultrapassar barreiras:
Chave de acesso aos países:
Classificações relativas ao IDH de 2007 e alterações na ordem entre 2006 e 2007                                                                                                                                                                                                                                                                                                       Mobilidade e desenvolvimento humanos
Notas:              6   Número de posições que os países subiram em resultado de um melhor IDH entre 2006 e 2007.
                    §   Número de posições que os países desceram em resultado de um pior IDH entre 2006 e 2007.
                    Um espaço em branco significa que não houve alteração na posição ocupada em termos de IDH entre 2006 e 2007.




                                                                                                                                                                                              Website do RDH: http//hdr.undp.org
 181       Afeganistão                             73 § 2       Domínica                             83 § 3         Líbano                         101       Paraguai
  70       Albânia                                123 § 1       Egipto                              169             Libéria                        78 6 5    Perú
  28 § 1   Andorra                                106           El Salvador                          19 § 1         Listenstaine                   41 6 1    Polónia
                                                   80 § 3                                                                                          34 § 1
                                                                                                                                                                                              Relatório de Desenvolvimento Humano 2009.




                                                                                                                                                                                                                                                                                                              RDH 2009 Ultrapassar barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos
 143       Angola                                               Equador                              46             Lituânia                                 Portugal
  47 6 1   Antígua e Barbuda                      165           Eritreia                             11 § 3         Luxemburgo                     33 6 1    Qatar
                                                                                                                                                                                              O nosso mundo é muito desigual. Para muitas pessoas em todo o mundo, sair da sua
 104       Argélia                                 40           Estónia                              72             Macedónia, Antiga R. Jug. da   21        Reino Unido                      cidade natal, ou da sua aldeia, poderá ser a melhor – ou, às vezes, a única – opção para
  49 § 2   Argentina                              171           Etiópia                             145             Madagáscar                     107 6 2   República Árabe da Síria         melhorar as suas oportunidades de vida. Com efeito, essa mudança poderá melhorar
  84 6 1   Arménia                                108 § 1       Fiji                                 66             Malásia                        63 6 1    Roménia                          bastante os rendimentos e os níveis de educação e de participação de cada indivíduo,
   2       Austrália                               12 6 1       Finlândia                           160 6 1         Malawi                         167       Ruanda                           bem como das suas famílias, assim como as perspectivas futuras dos seus fi lhos. Mas essa
  14 6 2   Áustria                                   8 6 3      França                               95 6 2         Maldivas                       94 6 2    Samoa                            alteração geográfica tem um valor para além disso: ter-se a possibilidade de decidir onde
  86 6 2   Azerbeijão                             103           Gabão                               178 6 1         Mali                           69 § 1    Santa Lúcia                      viver é um elemento fundamental da liberdade humana.
  52       Baamas                                 118           Guiné Equatorial                     38 § 3         Malta                          62 § 2    São Cristóvão e Nevis
 146 6 2   Bangladesh                             179 § 1       República Centro-Africana           130             Marrocos                       131       São Tomé e Príncipe              Não é possível traçar o perfi l típico dos migrantes de todo o mundo. Apanhadores de
  37 6 2   Barbados                                36           República Checa                      81 § 2         Maurícia                       91 6 2    São Vicente e Granadinas         fruta, enfermeiras, refugiados políticos, trabalhadores da construção civil, académicos e
  39 § 1   Barém                                   90 § 1       República Dominicana                154 § 1         Mauritânia                     166       Senegal                          programadores informáticos – todos se incluem nos quase mil milhões de pessoas que se
  17       Bélgica                                 22           Alemanha                             53 6 1         México                         180       Serra Leoa                       encontram em migração dentro dos seus próprios países ou para o exterior. Quando as
  93 § 3   Belize                                  82 § 1       Cazaquistão                         138             Mianmar                        67        Sérvia                           pessoas se deslocam, quer atravessem ou não fronteiras internacionais, embarcam numa
 161 § 1   Benim                                   26           Coreia, República da                172             Moçambique                     57        Seychelles                       viagem de esperança e de incertezas. A maioria parte em busca de melhores oportuni-
  68 6 1   Bielorússia                            168           Gâmbia                              117             Moldávia                       23 6 1    Singapura                        dades, na esperança de poder aliar os seus próprios talentos aos recursos existentes nos
 113       Bolívia                                152 6 2       Gana                                115 6 1         Mongólia                       102       Sri Lanka                        países de destino, obtendo, assim, benefícios para si e para a sua família mais directa,
  76       Bósnia e Herzegovina                    89 6 2       Geórgia                              65             Montenegro                     142 § 2   Suazilândia
                                                                                                                                                                                              que frequentemente os acompanha ou os segue. Comunidades locais e sociedades no seu
 125 6 1   Botsuana                                 74          Granada                             128 6 1         Namíbia                        150       Sudão
                                                                                                                                                                                              todo também obtiveram os seus benefícios, tanto nos locais de origem como nos desti-
  75       Brasil                                  25           Grécia                              144             Nepal                           7 § 1    Suécia
                                                                                                                                                                                              nos. A diversidade destes indivíduos e as regras que governam a sua deslocação fazem
  30       Brunei Darussalam                      122 6 1       Guatemala                           124             Nicarágua                       9        Suíça
                                                                                                                                                                                              da mobilidade humana uma das questões mais complexas que hoje o mundo enfrenta,
  61 § 2   Bulgária                               114           Guiana                              182             Níger                          97 6 1    Suriname
                                                                                                                                                                                              especialmente agora que se encontra em plena recessão.
 177 § 1   Burkina Faso                           170           Guiné                               158 § 1         Nigéria                        87 § 1    Tailândia
 174 6 1   Burundi                                173 6 1       Guiné-Bissau                         20             Nova Zelândia                  127       Tajiquistão
                                                                                                                                                                                              Em Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, explora-se o modo
 132 6 1   Butão                                  149           Haiti                                 6 6 1         Países Baixos                  151       Tanzânia, Rep. Unida da
                                                                                                                                                                                              como melhores políticas para a mobilidade poderão fomentar o desenvolvimento
 121       Cabo Verde                             112           Honduras                            147             Quénia                         110       Territ. Ocupados da Palestina
                                                                                                                                                                                              humano. Primeiro, traça-se os contornos das deslocações humanas – nomeadamente,
 153 § 1   Camarões                                24 § 1       Hong Kong, China (RAE)              120             Quirguizistão                  162       Timor-Leste
                                                                                                                                                                                              quem se desloca para onde, quando e porquê – antes de se analisar o vasto impacto des-
 137       Cambodja                                43 § 2       Hungria                             129 § 1         África do Sul                  159       Togo
   4       Canadá                                 134           Índia                                59 § 1         Arábia Saudita                 99 § 5    Tonga
                                                                                                                                                                                              sas mudanças nos migrantes e nas suas famílias, bem como nos locais de origem e de
 175 § 2   Chade                                  111           Indonésia                            35 6 2         Emirados Árabes Unidos         64 § 1    Trindade e Tobago
                                                                                                                                                                                              destino. Apresenta-se, então, o modo como os governos deverão reduzir as restrições no
  44 § 1   Chile                                   88 § 1       Irão, República Islâmica do          42 6 2         Eslováquia                     98 6 2    Tunísia
                                                                                                                                                                                              que respeita às deslocações, dentro dos limites do seu território e para fora dele, para
  92 6 7   China                                     5          Irlanda                              29             Eslovénia                      109 § 1   Turquemenistão
                                                                                                                                                                                              assim alargar a possibilidade de escolha dos indivíduos e as próprias liberdades humanas.
  32       Chipre                                    3          Islândia                             15             Espanha                        79 § 1    Turquia
                                                                                                                                                                                              Defender-se-á, por fim, um conjunto de medidas práticas que poderão melhorar as pers-
  77 6 5   Colômbia                                27 6 1       Israel                               13 § 1         Estados Unidos da América      85 § 1    Ucrânia                          pectivas dos migrantes à chegada, o que, por sua vez, trará enormes benefícios tanto para
 139       Comores                                 18 6 1       Itália                               71 6 2         Federação Russa                157 6 1   Uganda                           as comunidades de destino como para os locais de origem. Note-se que as reformas enun-
 136       Congo                                   55 6 1       Jamahira Árabe Líbia                105             Filipinas                      50 § 1    Uruguai                          ciadas dirigem-se não só aos governos de destino, mas também aos governos de origem, a
 176 6 1   Congo, Rep. Democrática do             100 § 8       Jamaica                             140 6 1         Iémen                          119       Uzbequistão                      outros intervenientes fundamentais – em particular, ao sector privado, aos sindicatos e às
 163       Costa do Marfim                          10           Japão                               135             Ilhas Salomão                  126 § 1   Vanuatu                          organizações não governamentais – e aos próprios indivíduos migrantes.
  54 § 1   Costa Rica                              96 § 1       Jordânia                              1             Noruega                        58 6 4    Venezuela, Rep. Bolivariana da
  45       Croácia                                 31           Kuwait                               56 § 1         Omã                            116 § 1   Vietname                         O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 coloca firmemente a questão do
  51       Cuba                                   133 § 1       Laos, Rep. Dem. Popular do           60 6 1         Panamá                         164       Zâmbia                           desenvolvimento humano na agenda dos decisores políticos, os quais, perante padrões
  16 § 2   Dinamarca                              156           Lesoto                              148 § 2         Papua-Nova Guiné                                                          de deslocação humana cada vez mais complexos em todo o mundo, procuram obter os
 155       Djibuti                                 48 6 2       Letónia                             141 6 1         Paquistão                                                                 melhores resultados.
Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 Mundial
A imagem da capa visa ilustrar o                                    Os recursos relacionados com este relatório estão disponíveis em hdr.undp.org, incluindo exemplares e
                                                                    resumos completos do relatório; resumos das consultas, seminários e discussões em rede; a Colecção de
modo como a mobilidade pode                                         Artigos de Investigação do Desenvolvimento Humano e material de imprensa. Todos os indicadores estatísticos

promover o desenvolvimento                                          e ferramentas de dados; mapas interactivos, fichas descritivas dos países e outro material podem ser
                                                                    gratuitamente acedidos no website.

humano. Os pontos, que                                              Relatórios de Desenvolvimento Humano Nacionais, Subnacionais e Regionais
representam pessoas, reflectem                                       O primeiro RDH nacional foi lançado em 1992, e desde então mais de 630 RDH nacionais e subnacionais foram

as suas mudanças de localização                                     produzidos por equipas de mais de 130 países com o apoio do PNUD, assim como 35 relatórios regionais.
                                                                    Enquanto documentos de defesa de políticas, estes relatórios trazem o conceito de desenvolvimento humano

no espaço geográfico. Visto a uma                                    para os diálogos nacionais através de processos de consulta, investigação e escrita realizados e detidos


escala maior, este padrão revela
                                                                    pelos países. Os dados são frequentemente apresentados em separado para os diferentes géneros e grupos
                                                                    étnicos, ou seguindo linhas rurais / urbanas com vista a identificar desigualdades, a medir o progresso e a

não só os múltiplos caminhos da                                     lançar os primeiros sinais de alerta de possíveis conflitos. Em virtude de estes relatórios se fundamentarem
                                                                    em perspectivas locais, poderão influenciar estratégias nacionais, incluindo as políticas para os Objectivos de

deslocação humana, mas também                                       Desenvolvimento do Milénio e outras prioridades de desenvolvimento humano.
                                                                    Para mais informações, ver http://hdr.undp.org/en/nhdr/, incluindo os exemplares de todos os relatórios, um
as barreiras que entretanto se                                      manual sobre a medição, materiais de formação, e outros.

interpõem.                                                          Journal of Human Development and Capabilities
                                                                    A Multi-Disciplinary Journal for People-Centered Development [Revista do Desenvolvimento e Capacidades
Para muitas pessoas em todo o mundo, sair da sua cidade natal,      Humanos: Uma Revista Multi-Disciplinar para o Desenvolvimento Centrado nas Pessoas]. Esta revista é

ou da sua aldeia, poderá ser a melhor – ou, às vezes, a única –     uma publicação do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD e da Associação para o

opção para melhorar as suas oportunidades de vida. Com efeito,      Desenvolvimento e Capacidade Humanos [HDCA – Human Development and Capability Association]. Oferece

a mobilidade humana poderá melhorar bastante os rendimentos         um fórum para a aberta troca de ideias entre um abrangente conjunto de decisores políticos, economistas e
                                                                    académicos. O Journal of Human Development and Capabilities é uma revista analisada por especialistas,
e os níveis de educação e de participação de cada indivíduo,
                                                                    publicada três vezes por ano (Março, Julho e Novembro) pela Routledge Journals, uma editora do Taylor and
bem como das suas famílias, assim como as perspectivas futuras
                                                                    Francis Group Ltd.
dos seus fi lhos. Mas essa alteração geográfica tem um valor
                                                                    Para assinaturas, aceda por favor a http://www.tandf.co.uk/journals.
para além disso: ter-se a possibilidade de decidir onde viver é
um elemento fundamental da liberdade humana. Contudo,
                                                                    Temas do Relatório de Desenvolvimento Humano mundial
a deslocação não representa uma pura questão de escolha –
                                                                    2007/2008 Combater as Alterações Climáticas: Solidariedade Humana num Mundo Dividido
frequentemente, as pessoas deslocam-se por se verem forçadas a
                                                                    2006 A Água para lá da Escassez: Poder, Pobreza e a Crise Mundial da Água
tal, e enfrentam riscos e incertezas significativos.
                                                                    2005 Cooperação Internacional numa Encruzilhada: Ajuda, Comércio e Segurança num Mundo Desigual
Para que a mobilidade possa trazer um maior benefício               2004 Liberdade Cultural num Mundo Diversificado
ao desenvolvimento humano, é preciso adoptar uma visão              2003 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio: Um Pacto entre Nações para Eliminar a Pobreza Humana
vigorosa – uma visão que saiba reconhecer os riscos e as pressões   2002 Aprofundar a democracia num mundo fragmentado
subjacentes, e que permita elaborar reformas especialmente          2001 Fazendo as Novas Tecnologias Trabalhar para o Desenvolvimento Humano
bem sucedidas no seu impacto. Em Ultrapassar Barreiras              2000 Direitos Humanos e Desenvolvimento Humano
apresentam-se recomendações claras que convergem no sentido         1999 Globalização com uma Face Humana
de se alcançar o equilíbrio necessário para enfrentar               1998 Padrões de Consumo para o Desenvolvimento Humano
estes desafios.                                                     1997 Desenvolvimento Humano para Erradicar a Pobreza
                                                                    1996 Crescimento Económico e Desenvolvimento Humano
                                                                    1995 Género e Desenvolvimento Humano
                                                                    1994 Novas dimensões da Segurança Humana
                                                                    1993 Participação das Pessoas
                                                                    1992 Dimensões Globais do Desenvolvimento Humano
                                                                    1991 Financiamento do Desenvolvimento Humano
                                                                    1990 Conceito e Medida do Desenvolvimento Humano
Relatório de Desenvolvimento
Humano 2009

Ultrapassar Barreiras:
Mobilidade e desenvolvimento humanos




         Publicado para
         o Programa das
         Nações Unidas
         para o Desenvolvimento
         (PNUD)

Agradecimento:
A tradução e a publicação da edição portuguesa do
Relatório do Desenvolvimento Humano 2009
só foram possíveis graças ao apoio do Instituto Português
de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD)
Copyright © 2009
Pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
1 UN Plaza, New York, 10017, USA

Todos os direitos reservados. Nenhum excerto desta publicação poderá ser reproduzido,
armazenado num sistema de recuperação ou transmitido sob qualquer forma ou por
qualquer meio, nomeadamente, electrónico, mecânico, tipográfico, de gravação ou outro,
sem prévia permissão.

Depósito Legal: 299856/09

ISBN 978-972-40-3945-9

Primeira publicação em 2009 por
Palgrave Macmillan
Houndmills, Basingstoke, Hampshire RG21 6XS and
175 Fifth Avenue, New York, NY 10010

Companhias e representantes em todo o mundo
A Palgrave Macmillan no Reino Unido é uma editora da Macmillan Publishers Limited,
registada em Inglaterra, sob o número 785998, de Houndmills, Basingstoke,
Hampshire RG21 6XS.
A Palgrave Macmillan nos EUA é uma divisão da St Martin’s Press LLC,
175 Fifth Avenue, New York, NY 10010.
A Palgrave Macmillan é a editora académica global das companhias acima mencionadas
e detém companhias e representantes em todo o mundo.
A Palgrave® e a Macmillan® são marcas registadas nos Estados Unidos, no Reino Unido,
na Europa e em outros países.

Edições Almedina, SA
Avenida Fernão de Magalhães, Nº 584, 5º Andar
3000-174 Coimbra/Portugal
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Impresso pela G.C. Gráfica de Coimbra, Lda. A capa foi impressa em cartolina Trucard 240 grs
com baixa gramagem e revestimento numa das faces, sem cloro e em conformidade com as
linhas directrizes do Plano de desenvolvimento Sustentável da Floresta.
As páginas de texto foram impressas em 60 grs Munken Lynx – um papel obtido a partir de fibra
branqueada 30% reciclada pós-consumidor, certificado pelo Forest Stewardship Council, e sem
cloro. Tanto a capa como as páginas de texto são impressas usando tintas vegetais e produzidas
por meio de tecnologias compatíveis com o ambiente.




Edição e Layout: Green Ink
Design: ZAGO

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por favor, o nosso website em http://hdr.undp.org
RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos   Equipa
                                                                               Team



Equipa responsável pela elaboração
do Relatório de Desenvolvimento
Humano 2009

Directora
Jeni Klugman

Pesquisa
Coordenação de Francisco R. Rodríguez, com a colaboração de Ginette Azcona, Matthew
Cummins, Ricardo Fuentes Nieva, Mamaye Gebretsadik, Wei Ha, Marieke Kleemans, Emmanuel
Letouzé, Roshni Menon, Daniel Ortega, Isabel Medalho Pereira, Mark Purser e Cecilia Ugaz
(directora adjunta até Outubro de 2008).

Estatística
Coordenação de Alison Kennedy, com a colaboração de Liliana Carvajal, Amie Gaye, Shreyasi Jha,
Papa Seck e Andrew Thornton.

RDH nacionais e rede de colaboradores
Eva Jespersen (directora adjunta do GRDH), Mary Ann Mwangi, Paola Pagliani e Timothy Scott.

Promoção e divulgação
Coordenção de Marisol Sanjines, com a colaboração de Wynne Boelt, Jean-Yves Hamel, Melissa
Hernandez, Pedro Manuel Moreno e Yolanda Polo.

Produção, tradução, plano orçamental e operações, administração
Carlotta Aiello (coordenadora de produção), Sarantuya Mend (directora de operações),
Fe Juarez-Shanahan e Oscar Bernal.




                                                                                             iii
RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                  Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos      Foreword
                                                                                    Prefácio



Prefácio
É comum que o tema da migração seja tratado com impopularidade pelos meios
de comunicação. Estereótipos negativos que representam os migrantes como al-
guém que nos vem “roubar os empregos” ou que vive “às custas do contribuinte”
abundam nas secções dos media e junto da opinião pública, especialmente em
épocas de recessão. Para outros, porém, a palavra “migrante”poderá evocar
imagens de pessoas em situações de extrema vulnerabilidade. O Relatório de
Desenvolvimento Humano de este ano, Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e
desenvolvimento humanos, vem desafiar esses estereótipos, procurando alargar
e reequilibrar as percepções que existem da migração, de modo a reflectir uma
realidade que se afigura mais complexa e bastante variável.



Este relatório vem abrir novos caminhos ao apli-                Analisando-se uma extensa bibliografia sobre
car uma abordagem do desenvolvimento humano                 o assunto, o relatório conclui que o receio de os
ao estudo da migração. Desenvolve uma discussão             migrantes serem responsáveis pela diminuição do
sobre quem são os migrantes, de onde vêm e para             número de empregos ou dos salários da população
onde vão, e por que se deslocam. Paralelamente,             local, constituindo um fardo indesejável para os
lança um olhar sobre os múltiplos impactos da               serviços locais, ou custando muito dinheiro aos
migração junto de todos aqueles que são por ela             contribuintes é, geralmente, exagerado. Quando as
afectados – não só os que partem, mas também os             competências dos migrantes complementam aque-
que ficam.                                                  las das populações locais, ambos os grupos saem
    Desta feita, as conclusões do relatório trazem          beneficiados. As sociedades no seu todo poderão
uma nova luz sobre algumas concepções erradas               igualmente beneficiar de variados modos – desde
comuns. Por exemplo, a migração a partir de países          através de um aumento dos níveis de inovação téc-
em desenvolvimento em direcção a países desen-              nica até uma gastronomia cada vez mais diversifi-
volvidos corresponde apenas a uma pequena parte             cada para a qual os migrantes contribuem.
de todas as deslocações humanas. Efectivamente, a               O relatório sugere que as respostas políticas à
migração a partir de um país em desenvolvimento             migração poderão ser insatisfatórias. Muitos go-
para outro nas mesmas circunstâncias é muito mais           vernos instituem regimes de entrada no país cada
comum. Para mais, a maioria dos migrantes não               vez mais repressivos, viram as costas à violação de
se desloca para o estrangeiro, mas antes para outro         questões de saúde e de segurança por parte de enti-
ponto do seu próprio país.                                  dades empregadoras, ou não tomam medidas que
    Além disso, a maior parte dos migrantes, longe          adequadamente eduquem o público sobre os bene-
de serem vítimas, tendem a ser bem sucedidos, tanto         fícios da imigração.
antes de deixarem os seus lares de origem como após             Ao examinar soluções políticas com vista a
a chegada ao seu destino. De facto, os resultados           alargar as liberdades das pessoas, em vez de se
relativamente a todos os aspectos do desenvolvi-            controlar ou restringir as deslocações humanas,
mento humano, não só no que respeita aos rendi-             este relatório propõe um conjunto de reformas
mentos, mas também à educação e à saúde, são, de            vigorosas. Quando adaptadas aos contextos es-
um modo geral, positivos – alguns são até extrema-          pecíficos de cada país, estas alterações poderão
mente positivos como, nomeadamente, no caso de              optimizar as já substanciais contribuições que a
pessoas oriundas dos lugares mais pobres que aca-           mobilidade humana tem prestado ao desenvolvi-
bam por obter os maiores rendimentos e benefícios.          mento humano.

                                                                                                             v
Prefácio   RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos




                    As principais reformas sugeridas centram-se                         administradora. Como todos os outros relató-
                em seis áreas, cada uma das quais prendendo-se                          rios, também este consiste num estudo indepen-
                com contributos importantes e complementares                            dente que visa essencialmente estimular o debate
                para o desenvolvimento humano: alargamento                              e a discussão sobre uma matéria importante. Não
                dos canais de entrada existentes para que mais                          representa, efectivamente, qualquer expressão das
                trabalhadores possam emigrar; garantia de direi-                        políticas das Nações Unidas ou do PNUD.
                tos básicos aos migrantes; diminuição dos custos                            Simultaneamente, sublinhando-se a mobili-
                da migração; procura de soluções que beneficiem                         dade humana como uma componente central da
                tanto as comunidades de destino como os migran-                         agenda do desenvolvimento humano, o PNUD
                tes que elas acolhem; maior facilidade nas desloca-                     espera que as considerações aqui produzidas cons-
                ções para pessoas que migram dentro dos limites                         tituam uma mais-valia para o actual debate sobre
                do seu próprio país; e o tratamento da migração                         a migração e que se tenha conseguido transmitir
                como um dos factores preponderante nas estraté-                         informação sobre o trabalho dos especialistas em
                gias de desenvolvimento nacionais.                                      desenvolvimento e dos decisores políticos em todo
                    Segundo se defende no presente relatório, em-                       o mundo.
                bora muitas de estas reformas sejam mais exequí-
                veis do que à partida possam parecer, todas elas
                requerem coragem política para as colocar em prá-
                tica. No entanto, é sabido que os governos podem
                estar sujeitos a algumas limitações no que respeita
                à sua capacidade de introduzir alterações políticas
                imediatas enquanto a recessão persistir.                                Helen Clark
                    Este é o primeiro Relatório de Desenvolvimento                      Administradora
                Humano para o qual redigi o prefácio enquanto                           Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento




                As recomendações de análise e de políticas mencionadas no Relatório não reflectem necessariamente as perspectivas do Programa das Nações
                Unidas para o Desenvolvimento, ou do seu Conselho Executivo, ou mesmo dos seus Estados-Membros. O Relatório é uma publicação independente
                sob a responsabilidade do PNUD. É fruto de um esforço de cooperação por parte de uma equipa de consultores e conselheiros eminentes
                e da equipa do Relatório de Desenvolvimento Humano. Jeni Klugman, Directora do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano,
                coordenou este grupo de trabalho.

vi
RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos       Agradecimentos



   Agradecimentos
   Este relatório é o resultado dos esforços, contribu-       de Sussex; ECLAC; o Instituto de Migração
   tos e apoio de muitas pessoas e organizações.              Internacional de Oxford; União Interparlamentar;
       Gostaria de agradecer a Kemal Derviş pela              Centro de Controlo de Deslocações Internas;
   oportunidade de poder assumir desafiantes                  o Departamento de Estatística e o Programa de
   tarefas enquanto Directora do Relatório de                 Migração Internacional da OIT; OIM; Estudos de
   Desenvolvimento Humano, bem como à nova ad-                Rendimento do Luxemburgo; OCDE; UNICEF;
   ministradora do PNUD, Helen Clark, pelos conse-            DAESNU, Divisão de Estatística e Divisão da
   lhos e apoio. Regressar ao gabinete depois dos seus        População; Instituto de Estatística da UNESCO;
   20 anos de crescimento e sucesso foi uma experiên-         ACNUR; UNRWA; Secção dos Tratados do
   cia tremendamente gratificante.                            Gabinete de Assuntos Jurídicos das Nações Unidas;
       Gostaria de dirigir especiais agradecimentos à         o Banco Mundial e a OMS.
   minha família, nomeadamente, a Ema, a Josh e a                 O relatório beneficiou enormemente com
   Billy, pela sua paciência e apoio durante todo este        os conselhos e orientações de um painel de con-
   período. A dedicação e o árduo trabalho de toda            sultores académicos. Deste painel fizeram parte
   a equipa do RDH, nomeada anteriormente, foram              Maruja Asis, Richard Black, Caroline Brettell,
   cruciais. Entre aqueles que ofereceram importantes         Stephen Castles, Simon Commander, Jeff Crisp,
   sugestões e conselhos estratégicos, e que foram es-        Priya Deshingkar, Cai Fang, Elizabeth Ferris, Bill
   pecialmente decisivos na elaboração do presente re-        Frelick, Sergei Guriev, Gordon Hanson, Ricardo
   latório, encontram-se Oliver Bakewell, Martin Bell,        Hausmann, Michele Klein-Solomon, Kishore
   Stephen Castles, Joseph Chamie, Samuel Choritz,            Mahbubani, Andrew Norman Mold, Kathleen
   Michael Clemens, Simon Commander, Sakiko                   Newland, Yaw Nyarko, José Antonio Ocampo,
   Fukuda-Parr, Hein de Haas, Frank Laczko, Loren             Gustav Ranis, Bonaventure Rutinwa, Javier
   Landau, Manjula Luthria, Gregory Maniatis,                 Santiso, Maurice Schiff, Frances Stewart, Elizabeth
   Philip Martin, Douglas Massey, Saraswathi                  Thomas-Hope, Jeffrey Williamson, Ngaire Woods
   Menon, Frances Stewart, Michael Walton e Kevin             e Hania Zlotnik.
   Watkins.                                                       Desde o início, a elaboração do presente relató-
       Realizaram-se alguns estudos de apoio, devi-           rio envolveu um conjunto de consultas destinadas
   damente referidos na secção da bibliografia, sobre         a reunir e explorar as opiniões de investigadores,
   um conjunto de questões temáticas. Esses estudos           defensores da sociedade civil, especialistas em de-
   encontram-se igualmente publicados online no âm-           senvolvimento e decisores políticos de todo o globo,
   bito da nossa Colecção de Artigos de Investigação          os quais tiveram, assim, participação em todo o pro-
   do Desenvolvimento Humano, lançada em Abril                cesso. Realizaram-se, nomeadamente, 11 consultas
   de 2009. De igual modo, uma série de 27 seminá-            informais a intervenientes, entre Agosto de 2008
   rios que tiveram lugar entre Agosto de 2008 e Abril        e Abril de 2009, em Nairóbi, Nova Deli, Amã,
   de 2009 ofereceram um estímulo importante para             Bratislava, Manila, Sydney, Dakar, Rio de Janeiro,
   o nosso pensamento e desenvolvimento de ideias,            Genebra, Turim e Joanesburgo, envolvendo um
   pelo que gostaríamos de agradecer novamente                total de quase 300 peritos e especialistas. O apoio
   àqueles oradores por terem partilhado as suas inves-       das delegações nacionais e regionais, bem como de
   tigações e ideias. Estamos também profundamente            parceiros locais do PNUD foi crucial para a reali-
   gratos aos peritos nacionais que participaram na           zação destas consultas. Vários eventos foram orga-
   nossa avaliação das políticas de migração, dando os        nizados por parceiros fundamentais, incluindo a
   seus preciosos contributos.                                OIM, a OIT e o Instituto de Política de Migração.
        Os dados e estatísticas usados neste relatório        Outras consultas de nível académico tiveram lugar
   resultam significativamente das bases de dados             em Washington D. C. e em Princeton, tendo a
   de outras organizações, às quais nos foi generosa-         equipa do GRDH participado em vários outros
   mente concedido o acesso: Andean Development               fóruns regionais e mundiais, incluindo o Fórum
   Corporation; Centro de Investigação de                     Mundial sobre Migrações e Desenvolvimento
   Desenvolvimento para a Migração, Universidade              (GFMD – Forum on Migration and Development)

                                                                                                               vii
Agradecimentos                   RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                                   Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos




            em Manila, encontros de preparação para o GFMD               O trabalho de design gráfico é da autoria de Zago.
            de Atenas, e muitas conferências e seminários or-            Guoping Huang desenvolveu alguns dos mapas.
            ganizados por outras agências das Nações Unidas              A produção, tradução, distribuição e promoção
            (por exemplo, o DAESNU, o Instituto das                      do relatório beneficiaram da ajuda e apoio do
            Nações Unidas para a Formação e Investigação /               Gabinete de Comunicação do PNUD, e particu-
            UNITAR – United Nations Institute for Training               larmente de Maureen Lynch. As traduções foram
            and Research e a OIT ), universidades, academias             revistas por Luc Gregoire, Madi Musa, Uladzimir
            e organizações não governamentais. Os que par-               Shcherbau e Oscar Yujnovsky. Margaret Chi
            ticiparam numa série de discussões de Redes de               e Solaiman Al-Rifai do Gabinete das Nações
            Desenvolvimento Humano forneceram ideias e                   Unidas para os Serviços de Apoio aos Projectos
            observações abrangentes sobre as interligações entre         deram também o seu contributo, oferecendo apoio
            migração e desenvolvimento humano. Outros por-               administrativo e serviços de coordenação que se
            menores sobre o processo encontram-se disponíveis            revelaram cruciais.
            em: http://hdr.undp.org/en/nhdr.                                 O relatório beneficiou também do trabalho
                Um Grupo de Leitores do PNUD, que inclui                 dedicado de alguns estagiários, nomeadamente,
            representantes de todas as delegações regionais e            Shreya Basu, Vanessa Alicia Chee, Delphine
            políticas, deram o seu contributo com muitas infor-          De Quina, Rebecca Lee Funk, Chloe Yuk Ting
            mações e sugestões úteis sobre as características asso-      Heung, Abid Raza Khan, Alastair Mackay, Grace
            ciadas ao conceito e as primeiras versões do relatório,      Parker, Clare Potter, Limon B. Rodriguez, Nicolas
            à semelhança de outros colegas, que igualmente nos           Roy, Kristina Shapiro e David Stubbs.
            forneceram informações e conselhos pertinentes.                  Agradecemos a todos aqueles que estiveram di-
            Gostaríamos de agradecer especialmente a Amat                recta ou indirectamente envolvidos na orientação
            Alsoswa, Carolina Azevedo, Barbara Barungi,                  dos nossos esforços, assumindo todavia toda a res-
            Tony Bislimi, Kim Bolduc, Winifred Byanyima,                 ponsabilidade por eventuais erros de omissão e de
            Ajay Chhibber, Samuel Choritz, Pedro Conceição,              comissão.
            Awa Dabo, Georgina Fekete, Priya Gajraj, Enrique
            Ganuza, Tegegnework Gettu, Rebeca Grynspan,
            Sultan Hajiyev, Mona Hammam, Mette Bloch
            Hansen, Mari Huseby, Selim Jahan, Bruce Jenks,
            Arun Kashyap, Olav Kjoren, Paul Ladd, Luis Felipe
            López-Calva, Tanni Mukhopadhyay, B. Murali,
            Theodore Murphy, Mihail Peleah, Amin Sharkawi,
            Kori Udovicki, Mourad Wahba e Caitlin Wiesen
            pelos seus comentários.                                      Jeni Klugman
                Uma equipa da Green Ink, coordenada por                  Directora
            Simon Chater, forneceu-nos os serviços de edição.            Relatório de Desenvolvimento Humano 2009




viii
RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                     Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos   Acrónimos




ACNUR       Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
AGCS        Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços
CCG         Conselho de Cooperação do Golfo
CDC         Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança
CEDCM       Convenção da ONU para a Eliminação de todas as Formas de
            Discriminação contra as Mulheres
CEDEAO      Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
CEPAL       Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas
CTM         Convenção Internacional da ONU sobre a Protecção dos Direitos de
            todos os Trabalhadores Migrantes e Membros das suas Famílias
DAESNU      Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais das Nações
            Unidas
DERP        Documentos de Estratégia para a Redução da Pobreza
DPI         Desenvolvimento da Primeira Infância
EIU         Unidade de Inteligência do Economista
ERP         Estratégia para a Redução da Pobreza
GRDH        Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano
HDI         Índice de Desenvolvimento Humano
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MIPEX       Índex de Políticas de Integração de Migrantes
OCDE        Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OIM         Organização Internacional para as Migrações
OIT         Organização Internacional do Trabalho
OMC         Organização Mundial do Comércio
OMS         Organização Mundial de Saúde
ONG         Organização Não Governamental
PIB         Produto Interno Bruto
PNUD        Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
RDH         Relatório de Desenvolvimento Humano
TMB         Comité de Controlo de Tratados
UE          União Europeia
UNESCO      Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
UNICEF      Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNODC       Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime
UNRWA       Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da
            Palestina no Próximo Oriente
URSS        União das Repúblicas Socialistas Soviéticas




                                                                                               ix
RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                                                              Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos          Contents
                                                                                                                                     Índice



Índice
Prefácio                                                                      v   CAPÍTULO 4
Agradecimentos                                                              vii
Acrónimos e abreviaturas                                                     ix   Os impactos na origem e no destino                                      71
                                                                                  4.1 Os impactos nos lugares de origem                                   71
SÍNTESE                                                                      1      4.1.1 Efeitos ao nível do agregado familiar                           71
                                                                                    4.1.2 Efeitos económicos ao nível da comunidade e da nação            76
Como e por que razão as pessoas se deslocam                                  1
                                                                                    4.1.3 Efeitos sociais e culturais                                     79
Obstáculos à deslocação                                                      2
                                                                                    4.1.4 Estratégias de mobilidade e de desenvolvimento nacional         82
Os argumentos a favor da mobilidade                                          3
                                                                                  4.2 Efeitos nos locais de destino                                       83
A nossa proposta                                                             4
                                                                                    4.2.1 Impactos económicos em agregado                                 84
O caminho em frente                                                          6
                                                                                    4.2.2 Impactos no mercado de trabalho                                 85
                                                                                    4.2.3 Urbanização rápida                                              86
CAPÍTULO 1
                                                                                    4.2.4 Impactos fiscais                                                 87
Liberdade e deslocação: como a mobilidade pode estimular                            4.2.5 Percepções e preocupações acerca da migração                    89
o desenvolvimento humano                                                     9    4.3 Conclusões                                                          92
1.1 Questões de mobilidade                                                   9
1.2 Escolha e contexto: compreender a razão pela qual as pessoas                  CAPÍTULO 5
    se deslocam                                                            12
                                                                                  Políticas e instituições para optimizar os resultados
1.3 Desenvolvimento, liberdade e mobilidade humana                         14     do desenvolvimento humano                                                95
1.4 O que trazemos para a mesa de debate                                   16     5.1 O pacote principal                                                   96
                                                                                    5.1.1 Liberalizar e simplificar os canais regulares                     96
CAPÍTULO 2
                                                                                    5.1.2 Garantir direitos básicos para os migrantes                      99
Pessoas em movimento: quem se desloca para onde, quando e porquê           21       5.1.3 Reduzir os custos das transacções associados às deslocações     102
2.1 As deslocações humanas hoje                                            21       5.1.4 Melhorar os resultados para os migrantes e as comunidades
2.2 Olhando para trás                                                      28              de destino                                                     104
  2.2.1 A visão a longo prazo                                              28       5.1.5 Possibilitar os benefícios da mobilidade interna                106
  2.2.2 O século XX                                                        30       5.1.6 Tratar a mobilidade como uma parte integrante das estratégias
2.3 Políticas e deslocação                                                 33              de desenvolvimento nacional                                    107
2.4 Olhando em frente: a crise e para além dela                            40     5.2 A viabilidade política da reforma                                   108
  2.4.1 A crise económica e as perspectivas de retoma                      41     5.3 Conclusões                                                          111
  2.4.2 Tendências demográficas                                             43
  2.4.3 Factores ambientais                                                44     Notas                                                                   113
                                                                                  Bibliografia                                                             119
2.5 Conclusões                                                             46

                                                                                  ANEXO ESTATÍSTICO
CAPÍTULO 3
                                                                                  Tabelas                                                                 143
Como se saem os migrantes                                                  49
                                                                                  Guia do leitor                                                          203
3.1 Rendimento e padrões de vida                                           49
                                                                                  Nota técnica                                                            208
  3.1.1 Impactos no rendimento bruto                                       50
                                                                                  Definições de termos e indicadores estatísticos                          209
  3.1.2 Custos financeiros da deslocação                                    53     Classificação dos países                                                 213
3.2 Saúde                                                                  55
3.3 Educação                                                               57
3.4 Influência, direitos civis e participação                               60
3.5 Compreender os resultados de factores negativos                        62
  3.5.1 Quando a insegurança leva à deslocação                             62
  3.5.2 Deslocações induzidas por desenvolvimento                          64
  3.5.3 Tráfico humano                                                      65
3.6 Impactos gerais                                                        67
3.7 Conclusões                                                             68
                                                                                                                                                           xi
Índice                                    RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                                            Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos




CAIXAS                                                                                 FIGURAS

1.1   Estimar o impacto das deslocações                                           12   2.1 Muito mais pessoas deslocam-se dentro de fronteiras
1.2   O modo como as deslocações são importantes para a avaliação do progresso    14       do que para fora delas                                                   22
1.3   Termos básicos usados no presente relatório                                 15   2.2 Os mais pobres são quem mais tem a ganhar com as deslocações…            23
1.4   Como a migração é vista pelos pobres?                                       16   2.3 … mas também se deslocam menos                                           25
2.1   Quantificação de migrantes irregulares                                       23   2.4 Uma crescente parcela de migrantes provém de países
2.2   Deslocações induzidas por conflito e tráfico                                  26       em desenvolvimento                                                       32
2.3   Tendências de migração na antiga União Soviética                            31   2.5 Fontes e tendências da migração para países em desenvolvimento           33
2.4   Gestão global da mobilidade                                                 39   2.6 Taxas de migração interna aumentaram apenas ligeiramente                 34
3.1   China: Políticas e resultados associados à migração interna                 52   2.7 Hiatos no rendimento mundial alargaram                                   35
3.2   Crianças migrantes independentes                                            59   2.8 Dar as boas-vindas aos altamente qualificados, alternar
3.3   A próxima geração                                                           60       os pouco qualificados                                                     36
3.4   Mecanismos de aplicação na Malásia                                          62   2.9 As práticas de controlo variam                                           37
4.1   O modo como os telemóveis podem reduzir os custos das transferências             2.10 Evidências em diferentes países corroboram pouco a hipótese
      de dinheiro: o caso do Quénia                                               74        “número versus direitos”                                                38
4.2   A crise de 2009 e as remessas                                               75   2.11 O desemprego está a aumentar em destinos chave da migração              41
4.3   Os impactos dos fluxos de competências no desenvolvimento humano             77   2.12 Os migrantes estão nos locais mais afectados pela recessão              42
4.4   A mobilidade e as perspectivas de desenvolvimento de Estados pequenos       80   2.13 A população activa aumentará nas regiões em desenvolvimento             44
4.5   A mobilidade e o desenvolvimento humano: algumas perspectivas                    3.1 Os deslocados têm rendimentos muito mais altos do que
      dos países em desenvolvimento                                               82       os que permanecem nos seus locais de origem                              50
5.1   Abrir canais regulares – A Suécia e a Nova Zelândia                         97   3.2 Enormes benefícios salariais para os migrantes altamente qualificados     50
5.2   Experiência com a regularização                                             98   3.3 Benefícios significativos nos salários de migrantes internos na Bolívia,
5.3   Reduzir a burocracia dos documentos: um desafio para os governos                      especialmente os que têm menores graus de educação                       51
      e parceiros                                                                103   3.4 A pobreza é mais elevada entre as crianças migrantes,
5.4   Reconhecimento de qualificações                                             105       mas as transferências sociais poderão ajudar                             53
5.5   Quando as pessoas qualificadas emigram: algumas opções políticas            109   3.5 Os custos das deslocações são frequentemente muito elevados              54
                                                                                       3.6 Os custos das deslocações podem ser muitas vezes os rendimentos
                                                                                           mensais esperados                                                        54
                                                                                       3.7 Os filhos de migrantes têm maior probabilidade de sobreviverem            55
                                                                                       3.8 Os migrantes irregulares e temporários carecem muitas vezes
                                                                                           de acesso a serviços de assistência médica                               57
                                                                                       3.9 Os benefícios em termos de escolarização são maiores
                                                                                           para os migrantes de países com IDH baixo                                58
                                                                                       3.10 Os migrantes têm melhor acesso à educação em países desenvolvidos 58
                                                                                       3.11 O direito ao voto está geralmente reservado aos cidadãos                61
                                                                                       3.12 A escolarização entre os refugiados excede frequentemente
                                                                                            a das comunidades de acolhimento em países em desenvolvimento           64
                                                                                       3.13 Benefícios significativos em termos de desenvolvimento humano para
                                                                                            deslocados internos                                                     67
                                                                                       3.14 Os migrantes são geralmente tão felizes como os nativos                 68
                                                                                       4.1 Prevê-se que a recessão global tenha impacto nos fluxos de remessas       75
                                                                                       4.2 Os trabalhadores qualificados deslocam-se de modo semelhante
                                                                                           para fora e dentro dos limites das nações                                78
                                                                                       4.3 O apoio à imigração depende da existência de vagas de emprego            90
                                                                                       4.4 Quando os empregos são limitados, as pessoas dão preferência
                                                                                           aos nativos                                                              91
                                                                                       4.5 Muitas pessoas valorizam a diversidade étnica                            92
                                                                                       5.1 Ratificação da convenção dos direitos dos migrantes foi limitada         100
                                                                                       5.2 Defesa da oportunidade de permanência                                   110



xii
RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                                                             Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos                Índice



MAPAS                                                                            TABELAS DO ANEXO ESTATÍSTICO

1.1 As fronteiras fazem a diferença                                       10     A Deslocação de pessoas: imagens e tendências                         143
1.2 Os migrantes estão a deslocar-se para locais                                 B Emigrantes internacionais por área de residência                    147
    com melhores oportunidades                                            11     C Educação e emprego dos migrantes internacionais em países da OCDE
2.1 A maioria das deslocações ocorre dentro das regiões                   24        (com idades a partir de 15 anos)                                   151
3.1 O conflito como causa das deslocações em África                        63     D Deslocações induzidas por conflito e pela insegurança                155
4.1 Fluxos de remessas essencialmente de regiões desenvolvidas                   E Fluxos financeiros internacionais: remessas ajuda pública
    para regiões em desenvolvimento                                       73        ao desenvolvimento e investimento directo estrangeiro              159
                                                                                 F Selecção de convenções relacionadas com direitos humanos
                                                                                    e migrações (por ano de ratificação)                                163
TABELAS                                                                          G Tendências do índice de desenvolvimento humano                      167
                                                                                 H Índice de desenvolvimento humano de 2007 e as componentes
2.1 Cinco décadas de estabilidade em agregado, com mudanças regionais     30        que o constituem                                                   171
2.2 Os decisores políticos dizem que estão a tentar manter os níveis             I1 Pobreza humana e de rendimentos                                    176
    de imigração existentes                                               34     I2 Pobreza humana e de rendimentos: os países da OCDE                 180
2.3 Mais de um terço dos países restringem significativamente o direito           J Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género e as componentes
    à mobilidade                                                          40        que o constituem                                                   181
2.4 Rácios de dependência a aumentar em países desenvolvidos                     K Medida de Participação segundo o Género e as suas componentes       186
    e a permanecerem estáveis nos países em desenvolvimento               45     L Tendências demográficas                                              191
4.1 As ERPs reconhecem os múltiplos impactos da migração                  83     M Economia e Desigualdade                                             195
                                                                                 N Saúde e Educação                                                    199




                                                                                                                                                       xiii
RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                    Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos         Overview
                                                                                         Síntese



Síntese
Consideremos o Juan. Nascido no seio de uma família pobre no México rural, a
família lutou muito para lhe poder pagar a assistência médica, todos os cuidados
e a educação. Com 12 anos, deixou a escola para ajudar no sustento da família.
Seis anos mais tarde, Juan seguiu o tio na sua ida para o Canadá em busca de
um melhor salário e de melhores oportunidades.

A esperança média de vida no Canadá é cinco anos              disso: ter-se a possibilidade de decidir onde viver é um
mais elevada do que a do México e os rendimentos              elemento fundamental da liberdade humana.
são três vezes melhores. Juan foi seleccionado para um             Quando as pessoas se deslocam, quer atravessem
trabalho temporário no Canadá, conseguiu o direito            ou não fronteiras internacionais, embarcam numa
de residência e, por fim, tornou-se empresário num            viagem de esperança e de incertezas. A maioria parte
negócio que agora emprega canadianos nativos. Este            em busca de melhores oportunidades, na esperança
é apenas um caso de entre milhões de pessoas todos os         de poder aliar os seus próprios talentos aos recursos
anos que encontram novas oportunidades e liberda-             existentes nos países de destino, obtendo, assim, be-
des ao migrarem, beneficiando-se a si mesmas, assim           nefícios para si e para a sua família mais directa, que
como os seus locais de origem e de destino.                   frequentemente os acompanha ou os segue posterior-
     Consideremos agora Bhagyawati. Ela vive na zona          mente. Se forem bem sucedidos, a sua iniciativa e os
rural de Andhra Pradesh, na Índia, e pertence a uma           seus esforços poderão também beneficiar aqueles que
casta inferior. Viaja até à cidade de Bangalore com os        deixaram para trás, bem como a sociedade no seio da
fi lhos para trabalhar nas obras durante seis meses por       qual construíram os seus novos lares. Mas nem todos
ano, onde ganha Rs 60 (1,20 dólares americanos) por           são, efectivamente, bem sucedidos. Os migrantes que
dia. Enquanto está longe de casa, os fi lhos não vão à        deixam os amigos e a família poderão vir a enfren-
escola porque esta fica demasiado longe do local da           tar a solidão, sentir que não são bem-vindos entre as
construção e, para mais, não sabem falar o idioma             pessoas que temem ou que hostilizam os estrangeiros
local. Bhagyawati não tem direito a qualquer subsídio         recém-chegados, poderão perder o emprego ou adoe-
de alimentação ou de assistência médica, e nem exerce         cer e, por isso, não ser capaz de aceder aos serviços de
o direito de voto, porque vive fora do distrito onde          apoio de que necessitam para prosperar.
está registada. Como milhões de outros migrantes in-               O RDH 2009 explora o modo como melhores po-
ternos, dispõe de poucas opções para melhorar a sua           líticas para a mobilidade humana poderão fomentar o
vida para além de se mudar para uma cidade diferente          desenvolvimento humano. Nomeadamente, sugere-se
em busca de melhores oportunidades.                           que os governos reduzam as restrições no que respeita
     O nosso mundo é muito desigual. As enormes               às deslocações, dentro dos limites do seu território e
diferenças em termos de desenvolvimento humano                para fora dele, para assim alargar a possibilidade de
entre e dentro de cada país têm constituído um                escolha dos indivíduos e as próprias liberdades huma-
tema recorrente do Relatório de Desenvolvimento               nas. Nesse sentido, defende-se um conjunto de medi-
Humano (RDH) desde a sua primeira publicação,                 das práticas que poderão melhorar as perspectivas dos
em 1990. No relatório de este ano, exploramos pela            migrantes à chegada, o que, por sua vez, trará enor-
primeira vez o assunto da migração. Para muitas pes-          mes benefícios tanto para as comunidades de destino
soas de países em desenvolvimento, sair da sua cidade         como para os locais de origem.
natal, ou da sua aldeia, poderá ser a melhor – ou, às
vezes, a única – opção para melhorar as suas oportu-          Como e por que razão as pessoas
nidades de vida. Com efeito, essa mudança poderá              se deslocam
melhorar bastante os seus rendimentos individuais             A perspectiva que constitui tipicamente o ponto de
e familiares, os níveis de educação e de participação,        partida de todas as discussões sobre migração é a dos
assim como as perspectivas futuras dos seus fi lhos.          fluxos que se deslocam a partir dos países em desen-
Mas essa alteração geográfica tem um valor para além          volvimento em direcção aos países ricos da Europa,

                                                                                                                    1
Síntese                    RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                               Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos




    A maior parte dos          da América do Norte e da Australásia. Contudo, a                  Todavia, em geral, as pessoas mudam-se por sua
    migrantes, internos e      maioria das deslocações no mundo não é aquela entre           livre vontade, para lugares com melhores condições.
    internacionais, consegue   os países em desenvolvimento e os países desenvolvi-          Mais de três quartos dos migrantes internacionais
    alcançar melhores          dos. Na verdade, não é sequer aquela que se verifica          vão para um país com um nível mais elevado de de-
    rendimentos, melhor        entre países. Com efeito, a esmagadora maioria das            senvolvimento humano do que o do seu país de ori-
    acesso à educação e        pessoas que se desloca fá-lo dentro do seu próprio país.      gem. Porém, são significativamente restringidos por
    à assistência médica e     Para usar uma defi nição conservadora, estimamos              políticas que impõem obstáculos à sua entrada e pela
    melhores perspectivas de   que aproximadamente 740 milhões de pessoas sejam              escassez de recursos disponíveis que lhes permitam
    vida para os seus filhos.   migrantes internas – quase quatro vezes mais do que           a deslocação. As pessoas de países pobres são as que
                               aquelas que se deslocaram internacionalmente. Entre           menos se mudam: por exemplo, o número de africa-
                               as pessoas que se deslocaram atravessando fronteiras          nos que se mudou para a Europa é inferior a 1%. Com
                               nacionais, pouco mais de um terço mudaram-se de               efeito, a história e as evidências actuais sugerem que o
                               um país em desenvolvimento para um país desenvol-             desenvolvimento e a migração andam de mãos dadas:
                               vido – menos de 70 milhões de pessoas. A maioria dos          a taxa mediana de emigração num país com desen-
                               200 milhões de migrantes internacionais do mundo              volvimento humano baixo é inferior a 4%, ao passo
                               mudou-se de um país em desenvolvimento para outro,            que em países com níveis elevados de desenvolvimento
                               ou entre países desenvolvidos.                                humano é superior a 8%.
                                   A maior parte dos migrantes, internos e interna-
                               cionais, consegue alcançar melhores rendimentos,              Obstáculos à deslocação
                               melhor acesso à educação e à assistência médica e me-         A taxa de migrantes internacionais entre a população
                               lhores perspectivas de vida para os seus filhos. Estudos      mundial tem-se mantido notavelmente estável em
                               realizados sobre os migrantes dão conta que a maioria         cerca de 3% nos últimos 50 anos, embora se pudesse
                               afirma sentir-se feliz nos seus países de destino, apesar     esperar, dada a existência de determinados factores,
                               de uma série de reajustes e obstáculos que se prendem         um aumento no fluxo. As tendências demográfi-
                               tipicamente com a própria mudança. Uma vez esta-              cas – a saber, uma população envelhecida nos países
                               belecidos, os migrantes aderem frequentemente mais            desenvolvidos e populações jovens, em crescimento,
                               a sindicatos ou a grupos religiosos e outros do que os        nos países em desenvolvimento – e as crescentes
                               residentes locais. Contudo, existe um outro lado da           oportunidades de emprego, aliadas a comunicações e
                               moeda e os benefícios da mobilidade não estão distri-         transportes mais baratos, fizeram aumentar o desejo
                               buídos de forma equitativa.                                   de migração. No entanto, aqueles que procuram mi-
                                   As pessoas que se deslocam por motivos de inse-           grar têm encontrado cada vez mais obstáculos à sua
                               gurança e de conflito enfrentam desafios especiais.           deslocação em virtude das políticas dos governos.
                               Estima-se que existam 14 milhões de refugiados a              Efectivamente, para além de o número de estados-
                               viver fora do seu país de cidadania, os quais represen-       nação ter quadruplicado para quase 200 no século
                               tam cerca de 7% dos migrantes de todo o mundo. A              anterior, criando-se, por conseguinte, mais fronteiras
                               maioria permanece perto do país do qual fugiu e vive          para atravessar, as alterações nas políticas dos países
                               tipicamente em campos de refugiados até que as con-           continuaram a limitar a escala das migrações, mesmo
                               dições no seu país permitam o seu regresso. Porém,            quando as barreiras ao comércio se abriram.
                               cerca de meio milhão por ano viajam até países de-                Os obstáculos à mobilidade são especialmente
                               senvolvidos em busca de asilo. Um número muito                grandes para as pessoas pouco qualificadas, apesar de
                               superior, que ronda os 26 milhões, tem estado des-            muitos países ricos procurarem os seus serviços. As
                               locado internamente. Estas pessoas não atravessaram           políticas favorecem geralmente a admissão dos mais
                               quaisquer fronteiras, mas podem enfrentar especiais           instruídos, por exemplo, ao permitir que os estudan-
                               dificuldades longe de casa, num país fragmentado              tes permaneçam no país após completarem os seus
                               pelo confl ito ou devastado por desastres naturais.           graus académicos e ao convidar determinados profis-
                               Outro grupo vulnerável consiste em pessoas – prin-            sionais a estabelecerem-se com as suas famílias. Mas os
                               cipalmente mulheres jovens – que foram traficadas.            governos tendem a ser muito mais ambivalentes relati-
                               Muitas vezes enganadas com promessas de uma vida              vamente a trabalhadores pouco qualificados, cujo esta-
                               melhor, a sua deslocação não se dá de livre vontade           tuto e trato deixam muito a desejar. Em muitos países,
                               mas por coação, muitas vezes acompanhada de vio-              os sectores da agricultura, da construção, da produção
                               lência e abuso sexual.                                        fabril e dos serviços abrangem postos de trabalho que

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RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                                                          Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos         Síntese



são preenchidos por esses migrantes. Porém, os gover-     abrangentes – por exemplo, quando a disponibilidade           Baixar as barreiras
nos procuram muitas vezes manter as pessoas menos         dos migrantes para a prestação de serviços de cuidados        que se interpõem
instruídas em circulação para dentro e para fora do       infantis permite que as mães trabalhem fora de casa.          às deslocações e
país, tratando por vezes os trabalhadores temporários     À medida que os migrantes adquirem a língua e ou-             melhorar o tratamento
que não estão devidamente legalizados como a água         tras competências necessárias para progredir nos seus         dedicado àqueles
de uma torneira que se pode abrir e fechar à vontade.     níveis de rendimento, muitos integram-se muito na-            que se deslocam
Estima-se que 50 milhões de pessoas estejam a viver       turalmente, fazendo com que os receios relativamente          poderão trazer grandes
e a trabalhar no estrangeiro com um estatuto irregu-      à actual chegada de estrangeiros culturalmente inassi-        vantagens para o
lar. Alguns países, tais como a Tailândia e os Estados    miláveis no país – semelhantes àqueles manifestados           desenvolvimento
Unidos, toleram um elevado número de trabalhadores        no início do século XX na América face aos irlande-           humano.
não autorizados. Isso permite-lhes aceder a empregos      ses, por exemplo – pareçam infundados. Todavia, é
mais bem remunerados do que os que conseguem nos          também verdade que muitos migrantes enfrentam
seus países mas, apesar de frequentemente realizarem      desvantagens sistemáticas, que lhes dificultam ou os
o mesmo trabalho e pagarem os mesmos impostos             impossibilitam de obter o mesmo acesso que os nati-
que os residentes nativos, poderão não ter acesso a       vos têm aos serviços locais. Este problema afigura-se
serviços básicos, correndo também o risco de serem        especialmente grave no que diz respeito aos trabalha-
deportados. Alguns governos, tais como o de Itália e      dores temporários e em situação irregular.
de Espanha, reconheceram que os migrantes não qua-             Nos países de origem dos migrantes, os impactos
lificados contribuem para as suas sociedades, pelo que    das deslocações são sentidos sob a forma de mais ele-
regularizaram aqueles que tinham trabalho. Outros         vados rendimentos, maior consumo, melhor educação
países ainda, tais como o Canadá e a Nova Zelândia,       e condições de saúde, e um aumento geral nos níveis
têm programas de migrantes sazonais bem definidos         cultural e social. Os benefícios mais directos que
para sectores como o da agricultura.                      comummente emergem com a mudança geográfica
     De facto, há um amplo consenso sobre o valor         prendem-se com as remessas enviadas aos membros da
da migração qualificada para os países de destino.        família mais próxima. É de salientar, porém, que as re-
Contrariamente, os trabalhadores migrantes com            percussões desses benefícios têm um vasto alcance: ao
poucas qualificações geram muita controvérsia. De         serem gastas, as remessas levam à criação de emprego
um modo geral, embora alguns acreditem que estes          para os trabalhadores nativos. Por outro lado, verifica-
migrantes venham efectivamente preencher postos           se também uma alteração do próprio comportamento
de trabalho vagos, entre outros persiste a ideia de que   das pessoas, em resposta às ideias que lhes chegam do
vêm sobretudo roubar o emprego a trabalhadores na-        estrangeiro. Para dar um exemplo significativo, note-
tivos e são, para além disso, responsáveis pela redução   se como esta abertura pode levar a que se permita que
dos níveis salariais. Entre outras preocupações mani-     as mulheres se libertem dos seus papéis tradicionais.
festadas perante os fluxos de entrada de migrantes,            A natureza e a extensão destes impactos dependem
tem-se apontado um maior risco de criminalidade,          de quem se desloca, de como se sai no estrangeiro e de
uma acrescida sobrecarga para as infra-estruturas dos     permanecer ou não ligado às suas raízes através de flu-
serviços locais e o receio de se perder coesão social e   xos de dinheiro, conhecimento e ideias. Em virtude de
cultural. Mas estas preocupações revelam-se muitas        os migrantes tenderem a chegar em elevado número a
vezes desmesuradas. Embora as investigações eviden-       partir de determinados locais específicos – por exem-
ciem a possibilidade de a migração, em determinadas       plo, de Kerala, na Índia, ou da província de Fujian, na
circunstâncias, ter efeitos negativos nos trabalhado-     China –, os efeitos ao nível da sua comunidade podem
res nativos com as mesmas qualificações, o conjunto       ser mais preponderantes do que propriamente ao nível
de factos apurados sugere que estes efeitos são geral-    nacional. Todavia, a longo prazo, os efeitos do fluxo
mente pouco significativos e podem, em alguns con-        de ideias fomentado pelas deslocações humanas pode-
textos, ser totalmente inexistentes.                      rão atingir tais proporções que acabam por afectar as
                                                          próprias normas e estruturas sociais em todo um país.
Os argumentos a favor da mobilidade                       O fluxo de saída de competências é muitas vezes visto
Este relatório defende que os migrantes aumen-            como negativo, particularmente, no que respeita à
tam a produtividade económica, com um custo ir-           prestação de certos serviços, tais como aqueles na área
relevante ou inexistente para os cidadãos nativos.        da educação e da saúde. No entanto, mesmo quando
Efectivamente, os efeitos positivos poderão ser muito     é este o caso, a melhor resposta é encetar políticas que

                                                                                                                                                 3
Síntese               RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009
                          Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos




    As duas dimensões     abordem os problemas estruturais que motivaram essa               A nossa proposta contempla as duas dimensões
    mais significativas   saída, tais como baixos vencimentos, financiamentos           mais significativas da agenda da mobilidade, onde há
    da agenda da          inadequados e instituições fracas. Atribuir a culpa           ainda espaço para melhores políticas, nomeadamente,
    mobilidade, onde há   pela perda de trabalhadores qualificados aos próprios         a admissão e o tratamento. As reformas traçadas no
    ainda espaço para     trabalhadores é uma atitude que escamoteia as verda-          nosso pacote principal têm efeitos a médio e longo
    melhores políticas,   deiras razões pelas quais estes abandonam os seus pa-         prazo. Elas dirigem-se não só aos governos dos paí-
    são, a admissão e o   íses, e restrições à sua mobilidade serão provavelmente       ses de destino, mas também aos governos dos países
    tratamento.           contra produtivas – para não mencionar o facto de             de origem, a outros intervenientes fundamentais –
                          que essas restrições negam o direito humano básico            em particular, ao sector privado, aos sindicatos e às
                          de alguém deixar o seu próprio país.                          organizações não governamentais – e aos próprios
                              No entanto, a migração internacional, mesmo               indivíduos migrantes. Embora os decisores políticos
                          que politicamente bem gerida, não representa, só              enfrentem desafios comuns, terão seguramente de
                          por si, uma estratégia de desenvolvimento humano              conceber e implementar diferentes políticas para a mi-
                          nacional. Com poucas excepções (e sobretudo em                gração nos seus respectivos países, de acordo com cir-
                          pequenos Estados insulares, onde mais de 40% dos              cunstâncias nacionais e locais. Não obstante, existem
                          habitantes se deslocam para o estrangeiro), não é pro-        algumas boas práticas que se destacam e que poderão
                          vável que a emigração esteja na base das perspectivas         ser amplamente adoptadas.
                          de desenvolvimento de toda uma nação. A migração                  Traçámos seis orientações essenciais no sentido da
                          é, no máximo, uma via que complementa esforços lo-            reforma que podem ser seguidas individualmente mas
                          cais e nacionais mais amplos para reduzir a pobreza e         que, usadas em conjunto numa abordagem integrada,
                          melhorar o desenvolvimento humano. Estes esforços,            poderão optimizar os seus efeitos positivos no desen-
                          por sua vez, continuam a ser tão cruciais como sempre         volvimento humano. O alargamento dos canais de en-
                          foram até aqui.                                               trada existentes para que mais trabalhadores possam
                              Enquanto redigíamos este relatório, o mundo es-           emigrar; a garantia de direitos básicos aos migrantes;
                          tava a passar pela crise económica mais grave do último       a diminuição dos custos da migração; a procura de
                          meio século. Economias que se retraem e momentos              soluções que beneficiem tanto as comunidades de des-
                          caracterizados por elevadas taxas de desemprego               tino como os migrantes que elas acolhem; uma maior
                          estão a afectar milhões de trabalhadores, incluindo           facilidade nas deslocações para pessoas que migram
                          os migrantes. Acreditamos que a actual retracção              dentro dos limites do seu próprio país; e o tratamento
                          económica deveria ser vista e aproveitada como uma            da migração como um dos factores preponderantes
                          oportunidade para instituir novos acordos para os mi-         nas estratégias de desenvolvimento nacionais são me-
                          grantes – acordos que beneficiassem tanto aqueles que         didas que poderão oferecer contributos importantes
                          trabalham no seu próprio país como os que trabalham           e complementares para o desenvolvimento humano.
                          no estrangeiro, prevenindo-se uma reacção adversa                 O pacote principal salienta dois caminhos para
                          proteccionista. Com a retoma, muitas das mesmas               o alargamento dos canais de entrada mais comuns
                          tendências que têm fomentado e influenciado as des-           existentes:
                          locações durante o último meio século surgirão nova-          • Recomendamos esquemas de expansão para o
                          mente, levando a que mais pessoas desejem migrar. É               trabalho verdadeiramente sazonal em sectores
                          vital que os governos comecem a pôr em prática as me-             tais como os da agricultura e do turismo, os quais
                          didas necessárias para se prepararem para esta situação.          já deram provas de serem eficazes em vários países.
                                                                                            A boa prática sugere que esta intervenção deverá
                          A nossa proposta                                                  envolver sindicatos e entidades patronais, junta-
                          Baixar as barreiras que se interpõem às deslocações e             mente com os governos dos países de destino e
                          melhorar o tratamento dedicado àqueles que se deslo-              de partida, particularmente, na concepção e apli-
                          cam poderão trazer grandes vantagens para o desen-                cação de garantias de salários base, condições de
                          volvimento humano. É necessária uma visão vigorosa                saúde e de segurança e cláusulas contratuais asse-
                          para se ter a percepção destas vantagens. Este relatório          gurando a possibilidade de novas visitas ao país,
                          apresenta argumentos para um conjunto abrangente                  como no caso da Nova Zelândia, por exemplo.
                          de reformas a colocar em prática, o qual poderá ofe-          • Também propomos aumentar o número de vistos
                          recer importantes benefícios aos migrantes, comuni-               para pessoas pouco qualificadas, sob determina-
                          dades e países.                                                   das condições, de acordo com a procura no país de

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  • 1. Relatório de Desenvolvimento Humano 2009 www.almedina.net Ultrapassar barreiras: Chave de acesso aos países: Classificações relativas ao IDH de 2007 e alterações na ordem entre 2006 e 2007 Mobilidade e desenvolvimento humanos Notas: 6 Número de posições que os países subiram em resultado de um melhor IDH entre 2006 e 2007. § Número de posições que os países desceram em resultado de um pior IDH entre 2006 e 2007. Um espaço em branco significa que não houve alteração na posição ocupada em termos de IDH entre 2006 e 2007. Website do RDH: http//hdr.undp.org 181 Afeganistão 73 § 2 Domínica 83 § 3 Líbano 101 Paraguai 70 Albânia 123 § 1 Egipto 169 Libéria 78 6 5 Perú 28 § 1 Andorra 106 El Salvador 19 § 1 Listenstaine 41 6 1 Polónia 80 § 3 34 § 1 Relatório de Desenvolvimento Humano 2009. RDH 2009 Ultrapassar barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos 143 Angola Equador 46 Lituânia Portugal 47 6 1 Antígua e Barbuda 165 Eritreia 11 § 3 Luxemburgo 33 6 1 Qatar O nosso mundo é muito desigual. Para muitas pessoas em todo o mundo, sair da sua 104 Argélia 40 Estónia 72 Macedónia, Antiga R. Jug. da 21 Reino Unido cidade natal, ou da sua aldeia, poderá ser a melhor – ou, às vezes, a única – opção para 49 § 2 Argentina 171 Etiópia 145 Madagáscar 107 6 2 República Árabe da Síria melhorar as suas oportunidades de vida. Com efeito, essa mudança poderá melhorar 84 6 1 Arménia 108 § 1 Fiji 66 Malásia 63 6 1 Roménia bastante os rendimentos e os níveis de educação e de participação de cada indivíduo, 2 Austrália 12 6 1 Finlândia 160 6 1 Malawi 167 Ruanda bem como das suas famílias, assim como as perspectivas futuras dos seus fi lhos. Mas essa 14 6 2 Áustria 8 6 3 França 95 6 2 Maldivas 94 6 2 Samoa alteração geográfica tem um valor para além disso: ter-se a possibilidade de decidir onde 86 6 2 Azerbeijão 103 Gabão 178 6 1 Mali 69 § 1 Santa Lúcia viver é um elemento fundamental da liberdade humana. 52 Baamas 118 Guiné Equatorial 38 § 3 Malta 62 § 2 São Cristóvão e Nevis 146 6 2 Bangladesh 179 § 1 República Centro-Africana 130 Marrocos 131 São Tomé e Príncipe Não é possível traçar o perfi l típico dos migrantes de todo o mundo. Apanhadores de 37 6 2 Barbados 36 República Checa 81 § 2 Maurícia 91 6 2 São Vicente e Granadinas fruta, enfermeiras, refugiados políticos, trabalhadores da construção civil, académicos e 39 § 1 Barém 90 § 1 República Dominicana 154 § 1 Mauritânia 166 Senegal programadores informáticos – todos se incluem nos quase mil milhões de pessoas que se 17 Bélgica 22 Alemanha 53 6 1 México 180 Serra Leoa encontram em migração dentro dos seus próprios países ou para o exterior. Quando as 93 § 3 Belize 82 § 1 Cazaquistão 138 Mianmar 67 Sérvia pessoas se deslocam, quer atravessem ou não fronteiras internacionais, embarcam numa 161 § 1 Benim 26 Coreia, República da 172 Moçambique 57 Seychelles viagem de esperança e de incertezas. A maioria parte em busca de melhores oportuni- 68 6 1 Bielorússia 168 Gâmbia 117 Moldávia 23 6 1 Singapura dades, na esperança de poder aliar os seus próprios talentos aos recursos existentes nos 113 Bolívia 152 6 2 Gana 115 6 1 Mongólia 102 Sri Lanka países de destino, obtendo, assim, benefícios para si e para a sua família mais directa, 76 Bósnia e Herzegovina 89 6 2 Geórgia 65 Montenegro 142 § 2 Suazilândia que frequentemente os acompanha ou os segue. Comunidades locais e sociedades no seu 125 6 1 Botsuana 74 Granada 128 6 1 Namíbia 150 Sudão todo também obtiveram os seus benefícios, tanto nos locais de origem como nos desti- 75 Brasil 25 Grécia 144 Nepal 7 § 1 Suécia nos. A diversidade destes indivíduos e as regras que governam a sua deslocação fazem 30 Brunei Darussalam 122 6 1 Guatemala 124 Nicarágua 9 Suíça da mobilidade humana uma das questões mais complexas que hoje o mundo enfrenta, 61 § 2 Bulgária 114 Guiana 182 Níger 97 6 1 Suriname especialmente agora que se encontra em plena recessão. 177 § 1 Burkina Faso 170 Guiné 158 § 1 Nigéria 87 § 1 Tailândia 174 6 1 Burundi 173 6 1 Guiné-Bissau 20 Nova Zelândia 127 Tajiquistão Em Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, explora-se o modo 132 6 1 Butão 149 Haiti 6 6 1 Países Baixos 151 Tanzânia, Rep. Unida da como melhores políticas para a mobilidade poderão fomentar o desenvolvimento 121 Cabo Verde 112 Honduras 147 Quénia 110 Territ. Ocupados da Palestina humano. Primeiro, traça-se os contornos das deslocações humanas – nomeadamente, 153 § 1 Camarões 24 § 1 Hong Kong, China (RAE) 120 Quirguizistão 162 Timor-Leste quem se desloca para onde, quando e porquê – antes de se analisar o vasto impacto des- 137 Cambodja 43 § 2 Hungria 129 § 1 África do Sul 159 Togo 4 Canadá 134 Índia 59 § 1 Arábia Saudita 99 § 5 Tonga sas mudanças nos migrantes e nas suas famílias, bem como nos locais de origem e de 175 § 2 Chade 111 Indonésia 35 6 2 Emirados Árabes Unidos 64 § 1 Trindade e Tobago destino. Apresenta-se, então, o modo como os governos deverão reduzir as restrições no 44 § 1 Chile 88 § 1 Irão, República Islâmica do 42 6 2 Eslováquia 98 6 2 Tunísia que respeita às deslocações, dentro dos limites do seu território e para fora dele, para 92 6 7 China 5 Irlanda 29 Eslovénia 109 § 1 Turquemenistão assim alargar a possibilidade de escolha dos indivíduos e as próprias liberdades humanas. 32 Chipre 3 Islândia 15 Espanha 79 § 1 Turquia Defender-se-á, por fim, um conjunto de medidas práticas que poderão melhorar as pers- 77 6 5 Colômbia 27 6 1 Israel 13 § 1 Estados Unidos da América 85 § 1 Ucrânia pectivas dos migrantes à chegada, o que, por sua vez, trará enormes benefícios tanto para 139 Comores 18 6 1 Itália 71 6 2 Federação Russa 157 6 1 Uganda as comunidades de destino como para os locais de origem. Note-se que as reformas enun- 136 Congo 55 6 1 Jamahira Árabe Líbia 105 Filipinas 50 § 1 Uruguai ciadas dirigem-se não só aos governos de destino, mas também aos governos de origem, a 176 6 1 Congo, Rep. Democrática do 100 § 8 Jamaica 140 6 1 Iémen 119 Uzbequistão outros intervenientes fundamentais – em particular, ao sector privado, aos sindicatos e às 163 Costa do Marfim 10 Japão 135 Ilhas Salomão 126 § 1 Vanuatu organizações não governamentais – e aos próprios indivíduos migrantes. 54 § 1 Costa Rica 96 § 1 Jordânia 1 Noruega 58 6 4 Venezuela, Rep. Bolivariana da 45 Croácia 31 Kuwait 56 § 1 Omã 116 § 1 Vietname O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 coloca firmemente a questão do 51 Cuba 133 § 1 Laos, Rep. Dem. Popular do 60 6 1 Panamá 164 Zâmbia desenvolvimento humano na agenda dos decisores políticos, os quais, perante padrões 16 § 2 Dinamarca 156 Lesoto 148 § 2 Papua-Nova Guiné de deslocação humana cada vez mais complexos em todo o mundo, procuram obter os 155 Djibuti 48 6 2 Letónia 141 6 1 Paquistão melhores resultados.
  • 2. Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 Mundial A imagem da capa visa ilustrar o Os recursos relacionados com este relatório estão disponíveis em hdr.undp.org, incluindo exemplares e resumos completos do relatório; resumos das consultas, seminários e discussões em rede; a Colecção de modo como a mobilidade pode Artigos de Investigação do Desenvolvimento Humano e material de imprensa. Todos os indicadores estatísticos promover o desenvolvimento e ferramentas de dados; mapas interactivos, fichas descritivas dos países e outro material podem ser gratuitamente acedidos no website. humano. Os pontos, que Relatórios de Desenvolvimento Humano Nacionais, Subnacionais e Regionais representam pessoas, reflectem O primeiro RDH nacional foi lançado em 1992, e desde então mais de 630 RDH nacionais e subnacionais foram as suas mudanças de localização produzidos por equipas de mais de 130 países com o apoio do PNUD, assim como 35 relatórios regionais. Enquanto documentos de defesa de políticas, estes relatórios trazem o conceito de desenvolvimento humano no espaço geográfico. Visto a uma para os diálogos nacionais através de processos de consulta, investigação e escrita realizados e detidos escala maior, este padrão revela pelos países. Os dados são frequentemente apresentados em separado para os diferentes géneros e grupos étnicos, ou seguindo linhas rurais / urbanas com vista a identificar desigualdades, a medir o progresso e a não só os múltiplos caminhos da lançar os primeiros sinais de alerta de possíveis conflitos. Em virtude de estes relatórios se fundamentarem em perspectivas locais, poderão influenciar estratégias nacionais, incluindo as políticas para os Objectivos de deslocação humana, mas também Desenvolvimento do Milénio e outras prioridades de desenvolvimento humano. Para mais informações, ver http://hdr.undp.org/en/nhdr/, incluindo os exemplares de todos os relatórios, um as barreiras que entretanto se manual sobre a medição, materiais de formação, e outros. interpõem. Journal of Human Development and Capabilities A Multi-Disciplinary Journal for People-Centered Development [Revista do Desenvolvimento e Capacidades Para muitas pessoas em todo o mundo, sair da sua cidade natal, Humanos: Uma Revista Multi-Disciplinar para o Desenvolvimento Centrado nas Pessoas]. Esta revista é ou da sua aldeia, poderá ser a melhor – ou, às vezes, a única – uma publicação do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD e da Associação para o opção para melhorar as suas oportunidades de vida. Com efeito, Desenvolvimento e Capacidade Humanos [HDCA – Human Development and Capability Association]. Oferece a mobilidade humana poderá melhorar bastante os rendimentos um fórum para a aberta troca de ideias entre um abrangente conjunto de decisores políticos, economistas e académicos. O Journal of Human Development and Capabilities é uma revista analisada por especialistas, e os níveis de educação e de participação de cada indivíduo, publicada três vezes por ano (Março, Julho e Novembro) pela Routledge Journals, uma editora do Taylor and bem como das suas famílias, assim como as perspectivas futuras Francis Group Ltd. dos seus fi lhos. Mas essa alteração geográfica tem um valor Para assinaturas, aceda por favor a http://www.tandf.co.uk/journals. para além disso: ter-se a possibilidade de decidir onde viver é um elemento fundamental da liberdade humana. Contudo, Temas do Relatório de Desenvolvimento Humano mundial a deslocação não representa uma pura questão de escolha – 2007/2008 Combater as Alterações Climáticas: Solidariedade Humana num Mundo Dividido frequentemente, as pessoas deslocam-se por se verem forçadas a 2006 A Água para lá da Escassez: Poder, Pobreza e a Crise Mundial da Água tal, e enfrentam riscos e incertezas significativos. 2005 Cooperação Internacional numa Encruzilhada: Ajuda, Comércio e Segurança num Mundo Desigual Para que a mobilidade possa trazer um maior benefício 2004 Liberdade Cultural num Mundo Diversificado ao desenvolvimento humano, é preciso adoptar uma visão 2003 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio: Um Pacto entre Nações para Eliminar a Pobreza Humana vigorosa – uma visão que saiba reconhecer os riscos e as pressões 2002 Aprofundar a democracia num mundo fragmentado subjacentes, e que permita elaborar reformas especialmente 2001 Fazendo as Novas Tecnologias Trabalhar para o Desenvolvimento Humano bem sucedidas no seu impacto. Em Ultrapassar Barreiras 2000 Direitos Humanos e Desenvolvimento Humano apresentam-se recomendações claras que convergem no sentido 1999 Globalização com uma Face Humana de se alcançar o equilíbrio necessário para enfrentar 1998 Padrões de Consumo para o Desenvolvimento Humano estes desafios. 1997 Desenvolvimento Humano para Erradicar a Pobreza 1996 Crescimento Económico e Desenvolvimento Humano 1995 Género e Desenvolvimento Humano 1994 Novas dimensões da Segurança Humana 1993 Participação das Pessoas 1992 Dimensões Globais do Desenvolvimento Humano 1991 Financiamento do Desenvolvimento Humano 1990 Conceito e Medida do Desenvolvimento Humano
  • 3. Relatório de Desenvolvimento Humano 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Publicado para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Agradecimento: A tradução e a publicação da edição portuguesa do Relatório do Desenvolvimento Humano 2009 só foram possíveis graças ao apoio do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD)
  • 4. Copyright © 2009 Pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 1 UN Plaza, New York, 10017, USA Todos os direitos reservados. Nenhum excerto desta publicação poderá ser reproduzido, armazenado num sistema de recuperação ou transmitido sob qualquer forma ou por qualquer meio, nomeadamente, electrónico, mecânico, tipográfico, de gravação ou outro, sem prévia permissão. Depósito Legal: 299856/09 ISBN 978-972-40-3945-9 Primeira publicação em 2009 por Palgrave Macmillan Houndmills, Basingstoke, Hampshire RG21 6XS and 175 Fifth Avenue, New York, NY 10010 Companhias e representantes em todo o mundo A Palgrave Macmillan no Reino Unido é uma editora da Macmillan Publishers Limited, registada em Inglaterra, sob o número 785998, de Houndmills, Basingstoke, Hampshire RG21 6XS. A Palgrave Macmillan nos EUA é uma divisão da St Martin’s Press LLC, 175 Fifth Avenue, New York, NY 10010. A Palgrave Macmillan é a editora académica global das companhias acima mencionadas e detém companhias e representantes em todo o mundo. A Palgrave® e a Macmillan® são marcas registadas nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Europa e em outros países. Edições Almedina, SA Avenida Fernão de Magalhães, Nº 584, 5º Andar 3000-174 Coimbra/Portugal www.almedina.net Impresso pela G.C. Gráfica de Coimbra, Lda. A capa foi impressa em cartolina Trucard 240 grs com baixa gramagem e revestimento numa das faces, sem cloro e em conformidade com as linhas directrizes do Plano de desenvolvimento Sustentável da Floresta. As páginas de texto foram impressas em 60 grs Munken Lynx – um papel obtido a partir de fibra branqueada 30% reciclada pós-consumidor, certificado pelo Forest Stewardship Council, e sem cloro. Tanto a capa como as páginas de texto são impressas usando tintas vegetais e produzidas por meio de tecnologias compatíveis com o ambiente. Edição e Layout: Green Ink Design: ZAGO Para uma lista de eventuais erros ou omissões encontrados posteriormente à impressão, visite, por favor, o nosso website em http://hdr.undp.org
  • 5. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Equipa Team Equipa responsável pela elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano 2009 Directora Jeni Klugman Pesquisa Coordenação de Francisco R. Rodríguez, com a colaboração de Ginette Azcona, Matthew Cummins, Ricardo Fuentes Nieva, Mamaye Gebretsadik, Wei Ha, Marieke Kleemans, Emmanuel Letouzé, Roshni Menon, Daniel Ortega, Isabel Medalho Pereira, Mark Purser e Cecilia Ugaz (directora adjunta até Outubro de 2008). Estatística Coordenação de Alison Kennedy, com a colaboração de Liliana Carvajal, Amie Gaye, Shreyasi Jha, Papa Seck e Andrew Thornton. RDH nacionais e rede de colaboradores Eva Jespersen (directora adjunta do GRDH), Mary Ann Mwangi, Paola Pagliani e Timothy Scott. Promoção e divulgação Coordenção de Marisol Sanjines, com a colaboração de Wynne Boelt, Jean-Yves Hamel, Melissa Hernandez, Pedro Manuel Moreno e Yolanda Polo. Produção, tradução, plano orçamental e operações, administração Carlotta Aiello (coordenadora de produção), Sarantuya Mend (directora de operações), Fe Juarez-Shanahan e Oscar Bernal. iii
  • 6. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Foreword Prefácio Prefácio É comum que o tema da migração seja tratado com impopularidade pelos meios de comunicação. Estereótipos negativos que representam os migrantes como al- guém que nos vem “roubar os empregos” ou que vive “às custas do contribuinte” abundam nas secções dos media e junto da opinião pública, especialmente em épocas de recessão. Para outros, porém, a palavra “migrante”poderá evocar imagens de pessoas em situações de extrema vulnerabilidade. O Relatório de Desenvolvimento Humano de este ano, Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, vem desafiar esses estereótipos, procurando alargar e reequilibrar as percepções que existem da migração, de modo a reflectir uma realidade que se afigura mais complexa e bastante variável. Este relatório vem abrir novos caminhos ao apli- Analisando-se uma extensa bibliografia sobre car uma abordagem do desenvolvimento humano o assunto, o relatório conclui que o receio de os ao estudo da migração. Desenvolve uma discussão migrantes serem responsáveis pela diminuição do sobre quem são os migrantes, de onde vêm e para número de empregos ou dos salários da população onde vão, e por que se deslocam. Paralelamente, local, constituindo um fardo indesejável para os lança um olhar sobre os múltiplos impactos da serviços locais, ou custando muito dinheiro aos migração junto de todos aqueles que são por ela contribuintes é, geralmente, exagerado. Quando as afectados – não só os que partem, mas também os competências dos migrantes complementam aque- que ficam. las das populações locais, ambos os grupos saem Desta feita, as conclusões do relatório trazem beneficiados. As sociedades no seu todo poderão uma nova luz sobre algumas concepções erradas igualmente beneficiar de variados modos – desde comuns. Por exemplo, a migração a partir de países através de um aumento dos níveis de inovação téc- em desenvolvimento em direcção a países desen- nica até uma gastronomia cada vez mais diversifi- volvidos corresponde apenas a uma pequena parte cada para a qual os migrantes contribuem. de todas as deslocações humanas. Efectivamente, a O relatório sugere que as respostas políticas à migração a partir de um país em desenvolvimento migração poderão ser insatisfatórias. Muitos go- para outro nas mesmas circunstâncias é muito mais vernos instituem regimes de entrada no país cada comum. Para mais, a maioria dos migrantes não vez mais repressivos, viram as costas à violação de se desloca para o estrangeiro, mas antes para outro questões de saúde e de segurança por parte de enti- ponto do seu próprio país. dades empregadoras, ou não tomam medidas que Além disso, a maior parte dos migrantes, longe adequadamente eduquem o público sobre os bene- de serem vítimas, tendem a ser bem sucedidos, tanto fícios da imigração. antes de deixarem os seus lares de origem como após Ao examinar soluções políticas com vista a a chegada ao seu destino. De facto, os resultados alargar as liberdades das pessoas, em vez de se relativamente a todos os aspectos do desenvolvi- controlar ou restringir as deslocações humanas, mento humano, não só no que respeita aos rendi- este relatório propõe um conjunto de reformas mentos, mas também à educação e à saúde, são, de vigorosas. Quando adaptadas aos contextos es- um modo geral, positivos – alguns são até extrema- pecíficos de cada país, estas alterações poderão mente positivos como, nomeadamente, no caso de optimizar as já substanciais contribuições que a pessoas oriundas dos lugares mais pobres que aca- mobilidade humana tem prestado ao desenvolvi- bam por obter os maiores rendimentos e benefícios. mento humano. v
  • 7. Prefácio RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos As principais reformas sugeridas centram-se administradora. Como todos os outros relató- em seis áreas, cada uma das quais prendendo-se rios, também este consiste num estudo indepen- com contributos importantes e complementares dente que visa essencialmente estimular o debate para o desenvolvimento humano: alargamento e a discussão sobre uma matéria importante. Não dos canais de entrada existentes para que mais representa, efectivamente, qualquer expressão das trabalhadores possam emigrar; garantia de direi- políticas das Nações Unidas ou do PNUD. tos básicos aos migrantes; diminuição dos custos Simultaneamente, sublinhando-se a mobili- da migração; procura de soluções que beneficiem dade humana como uma componente central da tanto as comunidades de destino como os migran- agenda do desenvolvimento humano, o PNUD tes que elas acolhem; maior facilidade nas desloca- espera que as considerações aqui produzidas cons- ções para pessoas que migram dentro dos limites tituam uma mais-valia para o actual debate sobre do seu próprio país; e o tratamento da migração a migração e que se tenha conseguido transmitir como um dos factores preponderante nas estraté- informação sobre o trabalho dos especialistas em gias de desenvolvimento nacionais. desenvolvimento e dos decisores políticos em todo Segundo se defende no presente relatório, em- o mundo. bora muitas de estas reformas sejam mais exequí- veis do que à partida possam parecer, todas elas requerem coragem política para as colocar em prá- tica. No entanto, é sabido que os governos podem estar sujeitos a algumas limitações no que respeita à sua capacidade de introduzir alterações políticas imediatas enquanto a recessão persistir. Helen Clark Este é o primeiro Relatório de Desenvolvimento Administradora Humano para o qual redigi o prefácio enquanto Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento As recomendações de análise e de políticas mencionadas no Relatório não reflectem necessariamente as perspectivas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, ou do seu Conselho Executivo, ou mesmo dos seus Estados-Membros. O Relatório é uma publicação independente sob a responsabilidade do PNUD. É fruto de um esforço de cooperação por parte de uma equipa de consultores e conselheiros eminentes e da equipa do Relatório de Desenvolvimento Humano. Jeni Klugman, Directora do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano, coordenou este grupo de trabalho. vi
  • 8. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Agradecimentos Agradecimentos Este relatório é o resultado dos esforços, contribu- de Sussex; ECLAC; o Instituto de Migração tos e apoio de muitas pessoas e organizações. Internacional de Oxford; União Interparlamentar; Gostaria de agradecer a Kemal Derviş pela Centro de Controlo de Deslocações Internas; oportunidade de poder assumir desafiantes o Departamento de Estatística e o Programa de tarefas enquanto Directora do Relatório de Migração Internacional da OIT; OIM; Estudos de Desenvolvimento Humano, bem como à nova ad- Rendimento do Luxemburgo; OCDE; UNICEF; ministradora do PNUD, Helen Clark, pelos conse- DAESNU, Divisão de Estatística e Divisão da lhos e apoio. Regressar ao gabinete depois dos seus População; Instituto de Estatística da UNESCO; 20 anos de crescimento e sucesso foi uma experiên- ACNUR; UNRWA; Secção dos Tratados do cia tremendamente gratificante. Gabinete de Assuntos Jurídicos das Nações Unidas; Gostaria de dirigir especiais agradecimentos à o Banco Mundial e a OMS. minha família, nomeadamente, a Ema, a Josh e a O relatório beneficiou enormemente com Billy, pela sua paciência e apoio durante todo este os conselhos e orientações de um painel de con- período. A dedicação e o árduo trabalho de toda sultores académicos. Deste painel fizeram parte a equipa do RDH, nomeada anteriormente, foram Maruja Asis, Richard Black, Caroline Brettell, cruciais. Entre aqueles que ofereceram importantes Stephen Castles, Simon Commander, Jeff Crisp, sugestões e conselhos estratégicos, e que foram es- Priya Deshingkar, Cai Fang, Elizabeth Ferris, Bill pecialmente decisivos na elaboração do presente re- Frelick, Sergei Guriev, Gordon Hanson, Ricardo latório, encontram-se Oliver Bakewell, Martin Bell, Hausmann, Michele Klein-Solomon, Kishore Stephen Castles, Joseph Chamie, Samuel Choritz, Mahbubani, Andrew Norman Mold, Kathleen Michael Clemens, Simon Commander, Sakiko Newland, Yaw Nyarko, José Antonio Ocampo, Fukuda-Parr, Hein de Haas, Frank Laczko, Loren Gustav Ranis, Bonaventure Rutinwa, Javier Landau, Manjula Luthria, Gregory Maniatis, Santiso, Maurice Schiff, Frances Stewart, Elizabeth Philip Martin, Douglas Massey, Saraswathi Thomas-Hope, Jeffrey Williamson, Ngaire Woods Menon, Frances Stewart, Michael Walton e Kevin e Hania Zlotnik. Watkins. Desde o início, a elaboração do presente relató- Realizaram-se alguns estudos de apoio, devi- rio envolveu um conjunto de consultas destinadas damente referidos na secção da bibliografia, sobre a reunir e explorar as opiniões de investigadores, um conjunto de questões temáticas. Esses estudos defensores da sociedade civil, especialistas em de- encontram-se igualmente publicados online no âm- senvolvimento e decisores políticos de todo o globo, bito da nossa Colecção de Artigos de Investigação os quais tiveram, assim, participação em todo o pro- do Desenvolvimento Humano, lançada em Abril cesso. Realizaram-se, nomeadamente, 11 consultas de 2009. De igual modo, uma série de 27 seminá- informais a intervenientes, entre Agosto de 2008 rios que tiveram lugar entre Agosto de 2008 e Abril e Abril de 2009, em Nairóbi, Nova Deli, Amã, de 2009 ofereceram um estímulo importante para Bratislava, Manila, Sydney, Dakar, Rio de Janeiro, o nosso pensamento e desenvolvimento de ideias, Genebra, Turim e Joanesburgo, envolvendo um pelo que gostaríamos de agradecer novamente total de quase 300 peritos e especialistas. O apoio àqueles oradores por terem partilhado as suas inves- das delegações nacionais e regionais, bem como de tigações e ideias. Estamos também profundamente parceiros locais do PNUD foi crucial para a reali- gratos aos peritos nacionais que participaram na zação destas consultas. Vários eventos foram orga- nossa avaliação das políticas de migração, dando os nizados por parceiros fundamentais, incluindo a seus preciosos contributos. OIM, a OIT e o Instituto de Política de Migração. Os dados e estatísticas usados neste relatório Outras consultas de nível académico tiveram lugar resultam significativamente das bases de dados em Washington D. C. e em Princeton, tendo a de outras organizações, às quais nos foi generosa- equipa do GRDH participado em vários outros mente concedido o acesso: Andean Development fóruns regionais e mundiais, incluindo o Fórum Corporation; Centro de Investigação de Mundial sobre Migrações e Desenvolvimento Desenvolvimento para a Migração, Universidade (GFMD – Forum on Migration and Development) vii
  • 9. Agradecimentos RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos em Manila, encontros de preparação para o GFMD O trabalho de design gráfico é da autoria de Zago. de Atenas, e muitas conferências e seminários or- Guoping Huang desenvolveu alguns dos mapas. ganizados por outras agências das Nações Unidas A produção, tradução, distribuição e promoção (por exemplo, o DAESNU, o Instituto das do relatório beneficiaram da ajuda e apoio do Nações Unidas para a Formação e Investigação / Gabinete de Comunicação do PNUD, e particu- UNITAR – United Nations Institute for Training larmente de Maureen Lynch. As traduções foram and Research e a OIT ), universidades, academias revistas por Luc Gregoire, Madi Musa, Uladzimir e organizações não governamentais. Os que par- Shcherbau e Oscar Yujnovsky. Margaret Chi ticiparam numa série de discussões de Redes de e Solaiman Al-Rifai do Gabinete das Nações Desenvolvimento Humano forneceram ideias e Unidas para os Serviços de Apoio aos Projectos observações abrangentes sobre as interligações entre deram também o seu contributo, oferecendo apoio migração e desenvolvimento humano. Outros por- administrativo e serviços de coordenação que se menores sobre o processo encontram-se disponíveis revelaram cruciais. em: http://hdr.undp.org/en/nhdr. O relatório beneficiou também do trabalho Um Grupo de Leitores do PNUD, que inclui dedicado de alguns estagiários, nomeadamente, representantes de todas as delegações regionais e Shreya Basu, Vanessa Alicia Chee, Delphine políticas, deram o seu contributo com muitas infor- De Quina, Rebecca Lee Funk, Chloe Yuk Ting mações e sugestões úteis sobre as características asso- Heung, Abid Raza Khan, Alastair Mackay, Grace ciadas ao conceito e as primeiras versões do relatório, Parker, Clare Potter, Limon B. Rodriguez, Nicolas à semelhança de outros colegas, que igualmente nos Roy, Kristina Shapiro e David Stubbs. forneceram informações e conselhos pertinentes. Agradecemos a todos aqueles que estiveram di- Gostaríamos de agradecer especialmente a Amat recta ou indirectamente envolvidos na orientação Alsoswa, Carolina Azevedo, Barbara Barungi, dos nossos esforços, assumindo todavia toda a res- Tony Bislimi, Kim Bolduc, Winifred Byanyima, ponsabilidade por eventuais erros de omissão e de Ajay Chhibber, Samuel Choritz, Pedro Conceição, comissão. Awa Dabo, Georgina Fekete, Priya Gajraj, Enrique Ganuza, Tegegnework Gettu, Rebeca Grynspan, Sultan Hajiyev, Mona Hammam, Mette Bloch Hansen, Mari Huseby, Selim Jahan, Bruce Jenks, Arun Kashyap, Olav Kjoren, Paul Ladd, Luis Felipe López-Calva, Tanni Mukhopadhyay, B. Murali, Theodore Murphy, Mihail Peleah, Amin Sharkawi, Kori Udovicki, Mourad Wahba e Caitlin Wiesen pelos seus comentários. Jeni Klugman Uma equipa da Green Ink, coordenada por Directora Simon Chater, forneceu-nos os serviços de edição. Relatório de Desenvolvimento Humano 2009 viii
  • 10. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Acrónimos ACNUR Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados AGCS Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços CCG Conselho de Cooperação do Golfo CDC Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança CEDCM Convenção da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres CEDEAO Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental CEPAL Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas CTM Convenção Internacional da ONU sobre a Protecção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e Membros das suas Famílias DAESNU Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas DERP Documentos de Estratégia para a Redução da Pobreza DPI Desenvolvimento da Primeira Infância EIU Unidade de Inteligência do Economista ERP Estratégia para a Redução da Pobreza GRDH Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano HDI Índice de Desenvolvimento Humano MERCOSUL Mercado Comum do Sul MIPEX Índex de Políticas de Integração de Migrantes OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico OIM Organização Internacional para as Migrações OIT Organização Internacional do Trabalho OMC Organização Mundial do Comércio OMS Organização Mundial de Saúde ONG Organização Não Governamental PIB Produto Interno Bruto PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RDH Relatório de Desenvolvimento Humano TMB Comité de Controlo de Tratados UE União Europeia UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância UNODC Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime UNRWA Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ix
  • 11. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Contents Índice Índice Prefácio v CAPÍTULO 4 Agradecimentos vii Acrónimos e abreviaturas ix Os impactos na origem e no destino 71 4.1 Os impactos nos lugares de origem 71 SÍNTESE 1 4.1.1 Efeitos ao nível do agregado familiar 71 4.1.2 Efeitos económicos ao nível da comunidade e da nação 76 Como e por que razão as pessoas se deslocam 1 4.1.3 Efeitos sociais e culturais 79 Obstáculos à deslocação 2 4.1.4 Estratégias de mobilidade e de desenvolvimento nacional 82 Os argumentos a favor da mobilidade 3 4.2 Efeitos nos locais de destino 83 A nossa proposta 4 4.2.1 Impactos económicos em agregado 84 O caminho em frente 6 4.2.2 Impactos no mercado de trabalho 85 4.2.3 Urbanização rápida 86 CAPÍTULO 1 4.2.4 Impactos fiscais 87 Liberdade e deslocação: como a mobilidade pode estimular 4.2.5 Percepções e preocupações acerca da migração 89 o desenvolvimento humano 9 4.3 Conclusões 92 1.1 Questões de mobilidade 9 1.2 Escolha e contexto: compreender a razão pela qual as pessoas CAPÍTULO 5 se deslocam 12 Políticas e instituições para optimizar os resultados 1.3 Desenvolvimento, liberdade e mobilidade humana 14 do desenvolvimento humano 95 1.4 O que trazemos para a mesa de debate 16 5.1 O pacote principal 96 5.1.1 Liberalizar e simplificar os canais regulares 96 CAPÍTULO 2 5.1.2 Garantir direitos básicos para os migrantes 99 Pessoas em movimento: quem se desloca para onde, quando e porquê 21 5.1.3 Reduzir os custos das transacções associados às deslocações 102 2.1 As deslocações humanas hoje 21 5.1.4 Melhorar os resultados para os migrantes e as comunidades 2.2 Olhando para trás 28 de destino 104 2.2.1 A visão a longo prazo 28 5.1.5 Possibilitar os benefícios da mobilidade interna 106 2.2.2 O século XX 30 5.1.6 Tratar a mobilidade como uma parte integrante das estratégias 2.3 Políticas e deslocação 33 de desenvolvimento nacional 107 2.4 Olhando em frente: a crise e para além dela 40 5.2 A viabilidade política da reforma 108 2.4.1 A crise económica e as perspectivas de retoma 41 5.3 Conclusões 111 2.4.2 Tendências demográficas 43 2.4.3 Factores ambientais 44 Notas 113 Bibliografia 119 2.5 Conclusões 46 ANEXO ESTATÍSTICO CAPÍTULO 3 Tabelas 143 Como se saem os migrantes 49 Guia do leitor 203 3.1 Rendimento e padrões de vida 49 Nota técnica 208 3.1.1 Impactos no rendimento bruto 50 Definições de termos e indicadores estatísticos 209 3.1.2 Custos financeiros da deslocação 53 Classificação dos países 213 3.2 Saúde 55 3.3 Educação 57 3.4 Influência, direitos civis e participação 60 3.5 Compreender os resultados de factores negativos 62 3.5.1 Quando a insegurança leva à deslocação 62 3.5.2 Deslocações induzidas por desenvolvimento 64 3.5.3 Tráfico humano 65 3.6 Impactos gerais 67 3.7 Conclusões 68 xi
  • 12. Índice RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos CAIXAS FIGURAS 1.1 Estimar o impacto das deslocações 12 2.1 Muito mais pessoas deslocam-se dentro de fronteiras 1.2 O modo como as deslocações são importantes para a avaliação do progresso 14 do que para fora delas 22 1.3 Termos básicos usados no presente relatório 15 2.2 Os mais pobres são quem mais tem a ganhar com as deslocações… 23 1.4 Como a migração é vista pelos pobres? 16 2.3 … mas também se deslocam menos 25 2.1 Quantificação de migrantes irregulares 23 2.4 Uma crescente parcela de migrantes provém de países 2.2 Deslocações induzidas por conflito e tráfico 26 em desenvolvimento 32 2.3 Tendências de migração na antiga União Soviética 31 2.5 Fontes e tendências da migração para países em desenvolvimento 33 2.4 Gestão global da mobilidade 39 2.6 Taxas de migração interna aumentaram apenas ligeiramente 34 3.1 China: Políticas e resultados associados à migração interna 52 2.7 Hiatos no rendimento mundial alargaram 35 3.2 Crianças migrantes independentes 59 2.8 Dar as boas-vindas aos altamente qualificados, alternar 3.3 A próxima geração 60 os pouco qualificados 36 3.4 Mecanismos de aplicação na Malásia 62 2.9 As práticas de controlo variam 37 4.1 O modo como os telemóveis podem reduzir os custos das transferências 2.10 Evidências em diferentes países corroboram pouco a hipótese de dinheiro: o caso do Quénia 74 “número versus direitos” 38 4.2 A crise de 2009 e as remessas 75 2.11 O desemprego está a aumentar em destinos chave da migração 41 4.3 Os impactos dos fluxos de competências no desenvolvimento humano 77 2.12 Os migrantes estão nos locais mais afectados pela recessão 42 4.4 A mobilidade e as perspectivas de desenvolvimento de Estados pequenos 80 2.13 A população activa aumentará nas regiões em desenvolvimento 44 4.5 A mobilidade e o desenvolvimento humano: algumas perspectivas 3.1 Os deslocados têm rendimentos muito mais altos do que dos países em desenvolvimento 82 os que permanecem nos seus locais de origem 50 5.1 Abrir canais regulares – A Suécia e a Nova Zelândia 97 3.2 Enormes benefícios salariais para os migrantes altamente qualificados 50 5.2 Experiência com a regularização 98 3.3 Benefícios significativos nos salários de migrantes internos na Bolívia, 5.3 Reduzir a burocracia dos documentos: um desafio para os governos especialmente os que têm menores graus de educação 51 e parceiros 103 3.4 A pobreza é mais elevada entre as crianças migrantes, 5.4 Reconhecimento de qualificações 105 mas as transferências sociais poderão ajudar 53 5.5 Quando as pessoas qualificadas emigram: algumas opções políticas 109 3.5 Os custos das deslocações são frequentemente muito elevados 54 3.6 Os custos das deslocações podem ser muitas vezes os rendimentos mensais esperados 54 3.7 Os filhos de migrantes têm maior probabilidade de sobreviverem 55 3.8 Os migrantes irregulares e temporários carecem muitas vezes de acesso a serviços de assistência médica 57 3.9 Os benefícios em termos de escolarização são maiores para os migrantes de países com IDH baixo 58 3.10 Os migrantes têm melhor acesso à educação em países desenvolvidos 58 3.11 O direito ao voto está geralmente reservado aos cidadãos 61 3.12 A escolarização entre os refugiados excede frequentemente a das comunidades de acolhimento em países em desenvolvimento 64 3.13 Benefícios significativos em termos de desenvolvimento humano para deslocados internos 67 3.14 Os migrantes são geralmente tão felizes como os nativos 68 4.1 Prevê-se que a recessão global tenha impacto nos fluxos de remessas 75 4.2 Os trabalhadores qualificados deslocam-se de modo semelhante para fora e dentro dos limites das nações 78 4.3 O apoio à imigração depende da existência de vagas de emprego 90 4.4 Quando os empregos são limitados, as pessoas dão preferência aos nativos 91 4.5 Muitas pessoas valorizam a diversidade étnica 92 5.1 Ratificação da convenção dos direitos dos migrantes foi limitada 100 5.2 Defesa da oportunidade de permanência 110 xii
  • 13. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Índice MAPAS TABELAS DO ANEXO ESTATÍSTICO 1.1 As fronteiras fazem a diferença 10 A Deslocação de pessoas: imagens e tendências 143 1.2 Os migrantes estão a deslocar-se para locais B Emigrantes internacionais por área de residência 147 com melhores oportunidades 11 C Educação e emprego dos migrantes internacionais em países da OCDE 2.1 A maioria das deslocações ocorre dentro das regiões 24 (com idades a partir de 15 anos) 151 3.1 O conflito como causa das deslocações em África 63 D Deslocações induzidas por conflito e pela insegurança 155 4.1 Fluxos de remessas essencialmente de regiões desenvolvidas E Fluxos financeiros internacionais: remessas ajuda pública para regiões em desenvolvimento 73 ao desenvolvimento e investimento directo estrangeiro 159 F Selecção de convenções relacionadas com direitos humanos e migrações (por ano de ratificação) 163 TABELAS G Tendências do índice de desenvolvimento humano 167 H Índice de desenvolvimento humano de 2007 e as componentes 2.1 Cinco décadas de estabilidade em agregado, com mudanças regionais 30 que o constituem 171 2.2 Os decisores políticos dizem que estão a tentar manter os níveis I1 Pobreza humana e de rendimentos 176 de imigração existentes 34 I2 Pobreza humana e de rendimentos: os países da OCDE 180 2.3 Mais de um terço dos países restringem significativamente o direito J Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género e as componentes à mobilidade 40 que o constituem 181 2.4 Rácios de dependência a aumentar em países desenvolvidos K Medida de Participação segundo o Género e as suas componentes 186 e a permanecerem estáveis nos países em desenvolvimento 45 L Tendências demográficas 191 4.1 As ERPs reconhecem os múltiplos impactos da migração 83 M Economia e Desigualdade 195 N Saúde e Educação 199 xiii
  • 14. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Overview Síntese Síntese Consideremos o Juan. Nascido no seio de uma família pobre no México rural, a família lutou muito para lhe poder pagar a assistência médica, todos os cuidados e a educação. Com 12 anos, deixou a escola para ajudar no sustento da família. Seis anos mais tarde, Juan seguiu o tio na sua ida para o Canadá em busca de um melhor salário e de melhores oportunidades. A esperança média de vida no Canadá é cinco anos disso: ter-se a possibilidade de decidir onde viver é um mais elevada do que a do México e os rendimentos elemento fundamental da liberdade humana. são três vezes melhores. Juan foi seleccionado para um Quando as pessoas se deslocam, quer atravessem trabalho temporário no Canadá, conseguiu o direito ou não fronteiras internacionais, embarcam numa de residência e, por fim, tornou-se empresário num viagem de esperança e de incertezas. A maioria parte negócio que agora emprega canadianos nativos. Este em busca de melhores oportunidades, na esperança é apenas um caso de entre milhões de pessoas todos os de poder aliar os seus próprios talentos aos recursos anos que encontram novas oportunidades e liberda- existentes nos países de destino, obtendo, assim, be- des ao migrarem, beneficiando-se a si mesmas, assim nefícios para si e para a sua família mais directa, que como os seus locais de origem e de destino. frequentemente os acompanha ou os segue posterior- Consideremos agora Bhagyawati. Ela vive na zona mente. Se forem bem sucedidos, a sua iniciativa e os rural de Andhra Pradesh, na Índia, e pertence a uma seus esforços poderão também beneficiar aqueles que casta inferior. Viaja até à cidade de Bangalore com os deixaram para trás, bem como a sociedade no seio da fi lhos para trabalhar nas obras durante seis meses por qual construíram os seus novos lares. Mas nem todos ano, onde ganha Rs 60 (1,20 dólares americanos) por são, efectivamente, bem sucedidos. Os migrantes que dia. Enquanto está longe de casa, os fi lhos não vão à deixam os amigos e a família poderão vir a enfren- escola porque esta fica demasiado longe do local da tar a solidão, sentir que não são bem-vindos entre as construção e, para mais, não sabem falar o idioma pessoas que temem ou que hostilizam os estrangeiros local. Bhagyawati não tem direito a qualquer subsídio recém-chegados, poderão perder o emprego ou adoe- de alimentação ou de assistência médica, e nem exerce cer e, por isso, não ser capaz de aceder aos serviços de o direito de voto, porque vive fora do distrito onde apoio de que necessitam para prosperar. está registada. Como milhões de outros migrantes in- O RDH 2009 explora o modo como melhores po- ternos, dispõe de poucas opções para melhorar a sua líticas para a mobilidade humana poderão fomentar o vida para além de se mudar para uma cidade diferente desenvolvimento humano. Nomeadamente, sugere-se em busca de melhores oportunidades. que os governos reduzam as restrições no que respeita O nosso mundo é muito desigual. As enormes às deslocações, dentro dos limites do seu território e diferenças em termos de desenvolvimento humano para fora dele, para assim alargar a possibilidade de entre e dentro de cada país têm constituído um escolha dos indivíduos e as próprias liberdades huma- tema recorrente do Relatório de Desenvolvimento nas. Nesse sentido, defende-se um conjunto de medi- Humano (RDH) desde a sua primeira publicação, das práticas que poderão melhorar as perspectivas dos em 1990. No relatório de este ano, exploramos pela migrantes à chegada, o que, por sua vez, trará enor- primeira vez o assunto da migração. Para muitas pes- mes benefícios tanto para as comunidades de destino soas de países em desenvolvimento, sair da sua cidade como para os locais de origem. natal, ou da sua aldeia, poderá ser a melhor – ou, às vezes, a única – opção para melhorar as suas oportu- Como e por que razão as pessoas nidades de vida. Com efeito, essa mudança poderá se deslocam melhorar bastante os seus rendimentos individuais A perspectiva que constitui tipicamente o ponto de e familiares, os níveis de educação e de participação, partida de todas as discussões sobre migração é a dos assim como as perspectivas futuras dos seus fi lhos. fluxos que se deslocam a partir dos países em desen- Mas essa alteração geográfica tem um valor para além volvimento em direcção aos países ricos da Europa, 1
  • 15. Síntese RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos A maior parte dos da América do Norte e da Australásia. Contudo, a Todavia, em geral, as pessoas mudam-se por sua migrantes, internos e maioria das deslocações no mundo não é aquela entre livre vontade, para lugares com melhores condições. internacionais, consegue os países em desenvolvimento e os países desenvolvi- Mais de três quartos dos migrantes internacionais alcançar melhores dos. Na verdade, não é sequer aquela que se verifica vão para um país com um nível mais elevado de de- rendimentos, melhor entre países. Com efeito, a esmagadora maioria das senvolvimento humano do que o do seu país de ori- acesso à educação e pessoas que se desloca fá-lo dentro do seu próprio país. gem. Porém, são significativamente restringidos por à assistência médica e Para usar uma defi nição conservadora, estimamos políticas que impõem obstáculos à sua entrada e pela melhores perspectivas de que aproximadamente 740 milhões de pessoas sejam escassez de recursos disponíveis que lhes permitam vida para os seus filhos. migrantes internas – quase quatro vezes mais do que a deslocação. As pessoas de países pobres são as que aquelas que se deslocaram internacionalmente. Entre menos se mudam: por exemplo, o número de africa- as pessoas que se deslocaram atravessando fronteiras nos que se mudou para a Europa é inferior a 1%. Com nacionais, pouco mais de um terço mudaram-se de efeito, a história e as evidências actuais sugerem que o um país em desenvolvimento para um país desenvol- desenvolvimento e a migração andam de mãos dadas: vido – menos de 70 milhões de pessoas. A maioria dos a taxa mediana de emigração num país com desen- 200 milhões de migrantes internacionais do mundo volvimento humano baixo é inferior a 4%, ao passo mudou-se de um país em desenvolvimento para outro, que em países com níveis elevados de desenvolvimento ou entre países desenvolvidos. humano é superior a 8%. A maior parte dos migrantes, internos e interna- cionais, consegue alcançar melhores rendimentos, Obstáculos à deslocação melhor acesso à educação e à assistência médica e me- A taxa de migrantes internacionais entre a população lhores perspectivas de vida para os seus filhos. Estudos mundial tem-se mantido notavelmente estável em realizados sobre os migrantes dão conta que a maioria cerca de 3% nos últimos 50 anos, embora se pudesse afirma sentir-se feliz nos seus países de destino, apesar esperar, dada a existência de determinados factores, de uma série de reajustes e obstáculos que se prendem um aumento no fluxo. As tendências demográfi- tipicamente com a própria mudança. Uma vez esta- cas – a saber, uma população envelhecida nos países belecidos, os migrantes aderem frequentemente mais desenvolvidos e populações jovens, em crescimento, a sindicatos ou a grupos religiosos e outros do que os nos países em desenvolvimento – e as crescentes residentes locais. Contudo, existe um outro lado da oportunidades de emprego, aliadas a comunicações e moeda e os benefícios da mobilidade não estão distri- transportes mais baratos, fizeram aumentar o desejo buídos de forma equitativa. de migração. No entanto, aqueles que procuram mi- As pessoas que se deslocam por motivos de inse- grar têm encontrado cada vez mais obstáculos à sua gurança e de conflito enfrentam desafios especiais. deslocação em virtude das políticas dos governos. Estima-se que existam 14 milhões de refugiados a Efectivamente, para além de o número de estados- viver fora do seu país de cidadania, os quais represen- nação ter quadruplicado para quase 200 no século tam cerca de 7% dos migrantes de todo o mundo. A anterior, criando-se, por conseguinte, mais fronteiras maioria permanece perto do país do qual fugiu e vive para atravessar, as alterações nas políticas dos países tipicamente em campos de refugiados até que as con- continuaram a limitar a escala das migrações, mesmo dições no seu país permitam o seu regresso. Porém, quando as barreiras ao comércio se abriram. cerca de meio milhão por ano viajam até países de- Os obstáculos à mobilidade são especialmente senvolvidos em busca de asilo. Um número muito grandes para as pessoas pouco qualificadas, apesar de superior, que ronda os 26 milhões, tem estado des- muitos países ricos procurarem os seus serviços. As locado internamente. Estas pessoas não atravessaram políticas favorecem geralmente a admissão dos mais quaisquer fronteiras, mas podem enfrentar especiais instruídos, por exemplo, ao permitir que os estudan- dificuldades longe de casa, num país fragmentado tes permaneçam no país após completarem os seus pelo confl ito ou devastado por desastres naturais. graus académicos e ao convidar determinados profis- Outro grupo vulnerável consiste em pessoas – prin- sionais a estabelecerem-se com as suas famílias. Mas os cipalmente mulheres jovens – que foram traficadas. governos tendem a ser muito mais ambivalentes relati- Muitas vezes enganadas com promessas de uma vida vamente a trabalhadores pouco qualificados, cujo esta- melhor, a sua deslocação não se dá de livre vontade tuto e trato deixam muito a desejar. Em muitos países, mas por coação, muitas vezes acompanhada de vio- os sectores da agricultura, da construção, da produção lência e abuso sexual. fabril e dos serviços abrangem postos de trabalho que 2
  • 16. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos Síntese são preenchidos por esses migrantes. Porém, os gover- abrangentes – por exemplo, quando a disponibilidade Baixar as barreiras nos procuram muitas vezes manter as pessoas menos dos migrantes para a prestação de serviços de cuidados que se interpõem instruídas em circulação para dentro e para fora do infantis permite que as mães trabalhem fora de casa. às deslocações e país, tratando por vezes os trabalhadores temporários À medida que os migrantes adquirem a língua e ou- melhorar o tratamento que não estão devidamente legalizados como a água tras competências necessárias para progredir nos seus dedicado àqueles de uma torneira que se pode abrir e fechar à vontade. níveis de rendimento, muitos integram-se muito na- que se deslocam Estima-se que 50 milhões de pessoas estejam a viver turalmente, fazendo com que os receios relativamente poderão trazer grandes e a trabalhar no estrangeiro com um estatuto irregu- à actual chegada de estrangeiros culturalmente inassi- vantagens para o lar. Alguns países, tais como a Tailândia e os Estados miláveis no país – semelhantes àqueles manifestados desenvolvimento Unidos, toleram um elevado número de trabalhadores no início do século XX na América face aos irlande- humano. não autorizados. Isso permite-lhes aceder a empregos ses, por exemplo – pareçam infundados. Todavia, é mais bem remunerados do que os que conseguem nos também verdade que muitos migrantes enfrentam seus países mas, apesar de frequentemente realizarem desvantagens sistemáticas, que lhes dificultam ou os o mesmo trabalho e pagarem os mesmos impostos impossibilitam de obter o mesmo acesso que os nati- que os residentes nativos, poderão não ter acesso a vos têm aos serviços locais. Este problema afigura-se serviços básicos, correndo também o risco de serem especialmente grave no que diz respeito aos trabalha- deportados. Alguns governos, tais como o de Itália e dores temporários e em situação irregular. de Espanha, reconheceram que os migrantes não qua- Nos países de origem dos migrantes, os impactos lificados contribuem para as suas sociedades, pelo que das deslocações são sentidos sob a forma de mais ele- regularizaram aqueles que tinham trabalho. Outros vados rendimentos, maior consumo, melhor educação países ainda, tais como o Canadá e a Nova Zelândia, e condições de saúde, e um aumento geral nos níveis têm programas de migrantes sazonais bem definidos cultural e social. Os benefícios mais directos que para sectores como o da agricultura. comummente emergem com a mudança geográfica De facto, há um amplo consenso sobre o valor prendem-se com as remessas enviadas aos membros da da migração qualificada para os países de destino. família mais próxima. É de salientar, porém, que as re- Contrariamente, os trabalhadores migrantes com percussões desses benefícios têm um vasto alcance: ao poucas qualificações geram muita controvérsia. De serem gastas, as remessas levam à criação de emprego um modo geral, embora alguns acreditem que estes para os trabalhadores nativos. Por outro lado, verifica- migrantes venham efectivamente preencher postos se também uma alteração do próprio comportamento de trabalho vagos, entre outros persiste a ideia de que das pessoas, em resposta às ideias que lhes chegam do vêm sobretudo roubar o emprego a trabalhadores na- estrangeiro. Para dar um exemplo significativo, note- tivos e são, para além disso, responsáveis pela redução se como esta abertura pode levar a que se permita que dos níveis salariais. Entre outras preocupações mani- as mulheres se libertem dos seus papéis tradicionais. festadas perante os fluxos de entrada de migrantes, A natureza e a extensão destes impactos dependem tem-se apontado um maior risco de criminalidade, de quem se desloca, de como se sai no estrangeiro e de uma acrescida sobrecarga para as infra-estruturas dos permanecer ou não ligado às suas raízes através de flu- serviços locais e o receio de se perder coesão social e xos de dinheiro, conhecimento e ideias. Em virtude de cultural. Mas estas preocupações revelam-se muitas os migrantes tenderem a chegar em elevado número a vezes desmesuradas. Embora as investigações eviden- partir de determinados locais específicos – por exem- ciem a possibilidade de a migração, em determinadas plo, de Kerala, na Índia, ou da província de Fujian, na circunstâncias, ter efeitos negativos nos trabalhado- China –, os efeitos ao nível da sua comunidade podem res nativos com as mesmas qualificações, o conjunto ser mais preponderantes do que propriamente ao nível de factos apurados sugere que estes efeitos são geral- nacional. Todavia, a longo prazo, os efeitos do fluxo mente pouco significativos e podem, em alguns con- de ideias fomentado pelas deslocações humanas pode- textos, ser totalmente inexistentes. rão atingir tais proporções que acabam por afectar as próprias normas e estruturas sociais em todo um país. Os argumentos a favor da mobilidade O fluxo de saída de competências é muitas vezes visto Este relatório defende que os migrantes aumen- como negativo, particularmente, no que respeita à tam a produtividade económica, com um custo ir- prestação de certos serviços, tais como aqueles na área relevante ou inexistente para os cidadãos nativos. da educação e da saúde. No entanto, mesmo quando Efectivamente, os efeitos positivos poderão ser muito é este o caso, a melhor resposta é encetar políticas que 3
  • 17. Síntese RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos As duas dimensões abordem os problemas estruturais que motivaram essa A nossa proposta contempla as duas dimensões mais significativas saída, tais como baixos vencimentos, financiamentos mais significativas da agenda da mobilidade, onde há da agenda da inadequados e instituições fracas. Atribuir a culpa ainda espaço para melhores políticas, nomeadamente, mobilidade, onde há pela perda de trabalhadores qualificados aos próprios a admissão e o tratamento. As reformas traçadas no ainda espaço para trabalhadores é uma atitude que escamoteia as verda- nosso pacote principal têm efeitos a médio e longo melhores políticas, deiras razões pelas quais estes abandonam os seus pa- prazo. Elas dirigem-se não só aos governos dos paí- são, a admissão e o íses, e restrições à sua mobilidade serão provavelmente ses de destino, mas também aos governos dos países tratamento. contra produtivas – para não mencionar o facto de de origem, a outros intervenientes fundamentais – que essas restrições negam o direito humano básico em particular, ao sector privado, aos sindicatos e às de alguém deixar o seu próprio país. organizações não governamentais – e aos próprios No entanto, a migração internacional, mesmo indivíduos migrantes. Embora os decisores políticos que politicamente bem gerida, não representa, só enfrentem desafios comuns, terão seguramente de por si, uma estratégia de desenvolvimento humano conceber e implementar diferentes políticas para a mi- nacional. Com poucas excepções (e sobretudo em gração nos seus respectivos países, de acordo com cir- pequenos Estados insulares, onde mais de 40% dos cunstâncias nacionais e locais. Não obstante, existem habitantes se deslocam para o estrangeiro), não é pro- algumas boas práticas que se destacam e que poderão vável que a emigração esteja na base das perspectivas ser amplamente adoptadas. de desenvolvimento de toda uma nação. A migração Traçámos seis orientações essenciais no sentido da é, no máximo, uma via que complementa esforços lo- reforma que podem ser seguidas individualmente mas cais e nacionais mais amplos para reduzir a pobreza e que, usadas em conjunto numa abordagem integrada, melhorar o desenvolvimento humano. Estes esforços, poderão optimizar os seus efeitos positivos no desen- por sua vez, continuam a ser tão cruciais como sempre volvimento humano. O alargamento dos canais de en- foram até aqui. trada existentes para que mais trabalhadores possam Enquanto redigíamos este relatório, o mundo es- emigrar; a garantia de direitos básicos aos migrantes; tava a passar pela crise económica mais grave do último a diminuição dos custos da migração; a procura de meio século. Economias que se retraem e momentos soluções que beneficiem tanto as comunidades de des- caracterizados por elevadas taxas de desemprego tino como os migrantes que elas acolhem; uma maior estão a afectar milhões de trabalhadores, incluindo facilidade nas deslocações para pessoas que migram os migrantes. Acreditamos que a actual retracção dentro dos limites do seu próprio país; e o tratamento económica deveria ser vista e aproveitada como uma da migração como um dos factores preponderantes oportunidade para instituir novos acordos para os mi- nas estratégias de desenvolvimento nacionais são me- grantes – acordos que beneficiassem tanto aqueles que didas que poderão oferecer contributos importantes trabalham no seu próprio país como os que trabalham e complementares para o desenvolvimento humano. no estrangeiro, prevenindo-se uma reacção adversa O pacote principal salienta dois caminhos para proteccionista. Com a retoma, muitas das mesmas o alargamento dos canais de entrada mais comuns tendências que têm fomentado e influenciado as des- existentes: locações durante o último meio século surgirão nova- • Recomendamos esquemas de expansão para o mente, levando a que mais pessoas desejem migrar. É trabalho verdadeiramente sazonal em sectores vital que os governos comecem a pôr em prática as me- tais como os da agricultura e do turismo, os quais didas necessárias para se prepararem para esta situação. já deram provas de serem eficazes em vários países. A boa prática sugere que esta intervenção deverá A nossa proposta envolver sindicatos e entidades patronais, junta- Baixar as barreiras que se interpõem às deslocações e mente com os governos dos países de destino e melhorar o tratamento dedicado àqueles que se deslo- de partida, particularmente, na concepção e apli- cam poderão trazer grandes vantagens para o desen- cação de garantias de salários base, condições de volvimento humano. É necessária uma visão vigorosa saúde e de segurança e cláusulas contratuais asse- para se ter a percepção destas vantagens. Este relatório gurando a possibilidade de novas visitas ao país, apresenta argumentos para um conjunto abrangente como no caso da Nova Zelândia, por exemplo. de reformas a colocar em prática, o qual poderá ofe- • Também propomos aumentar o número de vistos recer importantes benefícios aos migrantes, comuni- para pessoas pouco qualificadas, sob determina- dades e países. das condições, de acordo com a procura no país de 4