2. Ordem do Discurso
Na obra Ordem do Discurso, Foucault lembra que o discurso é material e por ser construído,
tem perigos e poderes. Surgem assim três modos de classificar, delimitar e controlar o discurso:
1- procedimentos internos,
2 - procedimentos externos
3 - Sistema de restrição.
4. comentários
O comentário está presente em textos e conjuntos ritualizados de discursos que se narram. São
aqueles que são ditos, permanecem ditos e ainda estão por dizer, ou seja, estão no nosso
sistema de cultura como os texto religiosos, científicos e literários (p.21-22).
Neste contexto, é interessante observar que os textos jornalísticos podem ser comentários
porque estão presentes no sistema cultural.
Na Internet, os comentários são as postagens, pois são discursos ditos e alguns ainda estão por
dizer.
5. Autor
O autor aqui não é portanto o autor da matéria e sim um local da onde se origina diversos
discursos
Na Internet, o Autor pode ser um blog ou mesmo o Facebook, se for encarado como uma
comunidade virtual.
6. Disciplina
A disciplina se define por um domínio de objetos, um conjunto de métodos, um corpus de
proposições consideradas verdadeiras, um jogo de regras e de definições, de técnicas e de
instrumentos (p.30). Neste ponto, cada disciplina reconhece preposições verdadeiras e falsas
(p.33).
8. INTERDIÇÃO DO DISCURSO =
Palavra Proibida
O procedimento mais familiar da exclusão é a interdição do discurso (p.9). Neste contexto há
três tipos de interdição: Tabu do objeto, ritual da circunstância, direito privilegiado ou exclusivo
do sujeito que fala (p.9). Nesta perspectiva, não são todos que podem falar (direito
privilegiado); nem tudo pode ser falado (tabu do objeto), que não se pode falar tudo em
qualquer circunstância (ritual da circunstância): (GRIFO MEU). “Sabe-se bem que não se tem o
direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um
não pode falar de qualquer coisa” (Foucault, 2011, p.9)
9. SEGREGAÇÃO DA LOUCURA
A segregação da loucura é realizada na proibição do discurso do louco, neste contexto há uma
rejeição do discurso entre a razão e a loucura, ou seja, o que não pode ser explicado
racionalmente é separado.
10. A vontade da verdade
A vontade da verdade apoia-se sobre um suporte institucional: é ao mesmo tempo reforçada e
reconduzida por todo com um conjunto de práticas como a pedagogia, é claro, como o sistema
dos livros, da edição, das bibliotecas, como as sociedades de sábios outrora, os laboratórios
hoje. Mas ela também é reconduzida, mais profundamente sem dúvida, pelo modo como o
saber é aplicado em uma sociedade, como é valorizado, distribuído, repartido e de certo
modo atribuído.
Na vontade de verdade, há um discurso que circula para justificar certas práticas (p.18).
O SABER GANHA UMA ATENÇÃO ESPECIAL EM ARQUEOLOGIA DO SABER
11. Sistemas de restrição
Os sistemas de restrição são o terceiro grupo de procedimentos que permitem o controle do
discurso (p.36) por impor aos indivíduos certo número de regras de modo estabelecer quem
tenha acesso a eles (p.37).
A forma mais visível do sistema de restrição é o ritual por definir a qualificação que devem
possuir os indivíduos que falam; por os gestos e comportamentos, as circunstâncias e todo
conjunto de signos que devem acompanhar o discurso (p.39).
Neste aspecto, os discursos religiosos, jurídicos, terapêuticos e em parte políticos não podem
ser dissociados dessa prática de um ritual que determina para os sujeitos que falam
propriedades singulares e papéis preestabelecidos (p.39).
12. Sociedade do Discurso
Assim para o controle funcionar é necessário uma “Sociedade do Discurso” , cuja função é
conservar ou produzir discursos e distribuí-los somente segundo regras estritas (p.39)
13. Arqueologia do Saber
Foucault retoma em Arqueologia do Saber a questão sobre a vontade da verdade: ou seja, o
modo como o saber é aplicado em uma sociedade, como é valorizado, distribuído, repartido e
de certo modo atribuído. Para isto, ele vai tomar na obra as Unidades do Discurso, olhando por
onde se fórmula a descontinuidade (p. 23).
14. Questionando as verdades
para questionar as verdades assumidas, agrupamentos que são aceitos (p.24), ele vai questionar
o que é dado como certo, como por exemplo, deixar em suspenso os livros (p.25), porque os
livros estão presos a outros livros, outros textos (p.26)
15. O JÁ DITO
Se um livro está preso a outro livro, então todo discurso repousa sobre um já dito (p.28). Para
sair do ciclo da continuidade do discurso, é preciso renunciar a todos os temas que garantem o
ciclo (p.28) e buscar a descontinuidade a partir dos enunciados (p.35), observando dois
problemas principais: a relação entre acontecimento e discurso e relação entre enunciados
(p.35).
Para isto Foucault vai estabelecer 4 hipóteses de como se estabelecem os laços dos
enunciados
16. Hipótese 1
A primeira hipótese é que os enunciados dispersos no tempo podem foram um conjunto
quando se referem a único e mesmo objeto, como a loucura por exemplo. Mas como não existe
uma verdade fechada sobre a loucura, fica a questão e a dúvida sobre a unidade do discurso ser
transformado continuamente por uma multiplicidade de objetos.
Entendimento - - A loucura não pode ser descrita somente de 1 jeito e com uma única verdade
17. Hipótese 2
para definir um grupo de relações entre enunciados: Sua forma e seu tipo de encadeamento –
p. 37 – exemplo ciência médica que pela 1 vez se constituiu um corpus de conhecimentos, um
conjunto de descrições.Uma descrição que não parou de deslocar
Entendimento: Toda forma tem muitos encadeamentos, por isto a descrição é contínua e se
desloca.
18. Hipótese 3
Não se poderia estabelecer grupos de enunciados, determinando-lhe o sistema de conceitos
permanentes e coerentes que se encontram em jogo? P.39 Para isto, não devemos buscar
coerência nos conceitos e SIM o jogo dos seus aparecimentos e de sua dispersão (p.40).
Entendimento: Não se pode buscar coerência nos enunciados, porque eles tem múltiplos
entendimentos. Em cada contexto aparecem de um jeito. Não são permanentes pois se
deslocam, se dispersam
19. Hipótese 4
Supor que certa temática seja capaz de ligar e de animar, como um organismo que tem suas
necessidades, sua força interna e suas capacidades de sobrevivência, um conjunto de discursos
– p.40
Entendimento: O DISCURSO NÃO PODE estar preso a uma temática somente, ele precisa de
forças para se deslocar e sobreviver na dispersão
PARA BUSCAR A DISPERSÃO, o autor procura denominar Sistemas de Dispersão que ele chama
de Formações discursivas (p.43)
20. Formação Discursiva
No caso em que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante
sistema de dispersão, e no caso, em que entre os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos,
as escolhas temáticas, se puder definir uma regularidade (uma ordem, correlações, posições e
funcionamentos, transformações), diremos, por convenção que se trata de uma FORMAÇÃO
DISCURSIVA – evitando assim, palavras demasiado carregadas de condições e consequências,
inadequadas, aliás, para designar semelhante dispersão, tais como “ciência”, “ideologia” ou
“teoria” , ou “domínio de objetividade” p.43
Entendimento: Aqui A ORDEM, correlações, posições e funcionamentos são Formações
Discursivas, para NÃO se pensar em COERÊNCIA e sim no conjunto de discursos