SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 15
ANTERIORMENTE
No início, Seth nunca entendera muito bem o porquê da existência do Dia da Criação. Um dia explicaram–lhe que
a população mundial aumentou e os recursos ficaram escassos, então houve necessidade do mundo controlar a sua
população. Como tal, algumas pessoas foram escolhidas e agrupadas em pequenas vilas, divididas por sexo: homens
por um lado e mulheres para o outro. Ambos os géneros não se podem misturar, à exceção de um dia especial. Esse
acontecimento surge uma vez por ano e tem como objetivo selecionar duas pessoas especiais a reproduzirem–se, para
a espécie humana não terminar de vez. Com o controlo da natalidade, há um controlo dos recursos existentes no
planeta.[…]
– Meus caros… Parece que iremos nomear um novo homem para cumprir o seu dever. Theo Beans recusou-se e
nós nunca queremos obrigar ninguém a nada. – riu-se.– O próximo, e esperemos que o último, eleito é… – continuou o
General.
Seth olhou para Jack para tentar saber o que se estava a passar. O colega encolheu os ombros, com incerteza.
[…]
A rapariga assustou-se e fugiu para o canto do ecrã.
– Estamos à sua espera! – afirmou o médico.
Eu não posso. Ela é igual a mim. Ela tem os mesmo olhos verdes que eu. O mesmo formato do rosto. A mesma cor
de cabelos. Ela sou eu. Ela… Ela é minha irmã gémea.
– Eu não vou fazer nada! – gritou para uma das câmaras. Ao mesmo tempo que disse estas palavras, arrependera-
se de imediato. […] Não! Eu tenho mesmo! Se não o fizer, ele morre. Despiu-a totalmente e baixou as suas calças. Ela é
só uma estranha que tem o meu sangue. Ela não é minha irmã. Eu não a escolhi como família. Ficou duro, cuspiu para o
pénis e tomou-a.
ANTERIORMENTE
Um dos membros do Conselho Regional havia morrido. Chamavam-lhe o Ancião e não era difícil depreender o
porquê da alcunha. Anthony, esse tal membro do conselho, era o mais velho dos que integravam o órgão que regulava a
vila, o que não era propriamente um elogio, já que ninguém no Conselho 21 era mais novo que setenta anos de
idade.[…]
- Este é o Ronald, mas podes trata-lo por Ron. Como podes ver, ele é um recém-chegado e após um difícil e longo
processo de Seleção, já lhe foi atribuída uma profissão.[…]Este é (…) o teu novo companheiro de quarto.
Seth tossiu, esbugalhando os olhos. O que é que ele acabara de dizer? Ele devia ter-se enganado, com toda a
certeza. Como é que um rapazinho de 11 anos de idade iria viver com ele? Aquilo era mesmo muito estranho. […]
Como já passaram os três dias de luto impostos pelo próprio Conselho de forma a honrar o falecido, é tempo de
saber quem será a pessoa que terá a honra de se juntar ao órgão que luta pelos nossos direitos e pela nossa
sobrevivência enquanto cidadãos, o Conselho do Império.
“ Como os mais antigos devem saber, para se proceder à seleção da pessoa suficientemente boa para exercer tal
poder e responsabilidade, procede-se aos Jogos do Império, um campeonato antigo e tradicional. É composto por três
etapas, cada uma…” […]
- Richard Prizorgi! - Seth Beans!
Em seguida, Richard fitou Seth de forma triste. . Seth assentiu com a cabeça, percebendo o que ele lhe estava a
transmitir. Daqui a três semanas, um deles (ou até mesmo os dois) estaria morto.[...]
Seth começou a ouvir duas vozes que se aproximavam a passos largos conversando entre si. Uma das vozes, a
menos intensa e que parecia que se curvava perante a do outro sujeito, parecia-lhe estranhamente familiar. […]
- … e como é óbvio, ambos sabemos que o Seth nunca conseguiria ser escolhido para a Seleção por mérito próprio.
Acha mesmo que valeu a pena manipular o Conselho? Acha mesmo que valeu a pena assassinar o Conselheiro
Anthony?
- - É claro que valeu a pena, senhor Theo Beans. O Seth deve ter lugar no Conselho, é imperativo. Não se esqueça
que ele é meu filho. [...]
ANTERIORMENTE
- Aproximem-se as três. Eu sou o novo secretário do Casarão e responsabilizar-me-ei de vos guiar durante
algumas semanas aqui dentro. Até porque vão ter uma importante tarefa em breve.
- Um homem? Da vila? – pergunta Edna saindo do seu canto e caminhando lentamente ao encontro de Theo
Beans e olhando-o com desdém de alto a baixo. Já Ivy observa-o com a cabeça ligeiramente inclinada e a cara tensa e
misteriosa como uma gata curiosa que tenta perceber a índole do visitante. [...]
- Senhor Beans, se for capaz traga a sua conquista para fora da redoma, através da saída superior que se vai abrir
agora. – é a voz do Barriston.
Nem é preciso dar qualquer ordem. O cavalo cumpre o seu dever e pousa no palco da cerimónia onde é entregue
aos polícias. Seth abraça-se ao animal com toda a sua força. O Presidente alcança o primeiro vencedor e coloca-lhe
uma pulseira da vitória em bronze.
- É o teu passaporte para o próximo sucesso. Não foi o tipo de domínio que estávamos à espera mas foi…
interessante. Aguardemos pelos próximos vitoriosos. – diz sorrindo, sorriso esse que não é minimamente correspondido
pelo seu vassalo. [...]
-Não tenho calma nenhuma. Eu não estou a entender nada do que tu estás para aí a dizer, mas eu sei que isso só
pode ser alguma artimanha para nos foder a vida.
- É verdade! Ele é teu pai! – Seth está prestes a perder completamente a cabeça – Mas não é o verdadeiro
Presidente do Império. Esse é agora prisioneiro dos Rebeldes. E o teu pai é um deles. Há 25 anos que eles manipulam
os conselhos a nomear rebeldes e já várias vilas têm um conselheiro da organização. Tu és o próximo… e o último. Eles
aproveitaram que a nossa é a vila mais remota e como o presidente mais recente nunca cá veio, o teu pai é o impostor.
Mas a mentira está a tornar-se insustentável e assim que tu venceres os Jogos e fores para o Casarão a revolução vai
finalmente estalar.
Theo aproxima-se entrega-lhe a pulseira agarrando a sua mão com força, até que ouve uma voz vinda da
copa dirigindo-se para cozinha e diz apressadamente Lembra-te, em breve a vida será o que tu quiseres. Dito isto, corre
para fora dali.
A vida será o que eu quiser? Rebeldes? Revolução? Pai?
Para triunfar é sempre preciso fazer coisas das quais nos arrependemos. Tal como
eu tive que manipular e enganar Seth para que ele tirasse a nossa população das mãos
do Império. Mas sempre que olho para mim, orgulho-me do que fiz. Posso ter perdido um
amigo mas livrei o povo do regime controlador do Império. Mas de outra maneira, poderia
ter mantido o meu amigo mas o povo continuava nas mãos de um governo imperialista
que nos continuaria a tratar como animais inúteis que seguem um caminho que foi
traçado numa reunião qualquer. Chega! Durante anos, eu ouvia vários ideais desses pela
boca dos meus colegas e amigos mas sem nunca entender. Até conhecer Winston, o
líder da rebelião. Durante estes anos, Wiston e os rebeldes tentaram criar um clone do
presidente. Ao fim de vários anos de tentativas falhadas, os rebeldes, a margem da lei do
Império, conseguiram finalmente criar um clone igual ao presidente ao qual chamam
Robert. Nos primeiros meses de vida, ensinam Robert a agir como o presidente do
Império, cruel, imponente e sem deixar marcas. Quando a equipa de Winston achou que
o clone estava suficientemente bem preparado, raptaram o presidente e colocaram o
clone no governo. Os primeiros anos foram bons para a rebelião, membros dos rebeldes
infiltraram-se nos Conselho e ganham uma maior influência e um grito de mudança ecoa
dentro dos membros do Conselho. Mas a situação está a ficar insustentável, sendo que o
clone está subcarregado e a revolução tem que estalar em breve.
Para tal, os rebeldes teriam que escolher um jovem que tinha nascido em condições
misteriosas. Poucas pessoas sabiam mas um em cada três bebés que nascem,
resultante do Dia da Criação, é introduzida uma seringa com um líquido especial. Esse
líquido foi produzido pelo laboratório que está unido com os rebeldes. O objetivo desse
líquido é desenvolver capacidades biónicas e altamente improváveis em seres comuns,
esse bebé será o escolhido. Nos últimos vinte anos, o meu amigo Seth foi o único
injetado com esse líquido que era vermelho vivo. Nesse momento, Seth sentiu-se
agonizado e a sensação de que tinha que salvar alguém. Esse alguém era o povo da vila
que precisava de salvamento. Desde que os rebeldes introduziram esse sistema há
quase vinte e cinco anos que a injeção foi dada a dois bebés, o primeiro foi morto e o
segundo é o Seth. Como grande amigo dele, sabia que a sua maior fraqueza era o pai e
foi isso que usamos para manipula-lo e faze-lo vencer os Jogos. Para chegar até aí, foi
preciso muita mentira, algumas mortes.
Durante esse tempo, nunca me passou pela cabeça que o que estivesse a fazer
tivesse o seu quê de errado… mas tinha. Só me apercebi de isso, ao ver os resultados
do grande percurso que nos rebeldes tínhamos tomado. Tínhamos sido iguais ou até
piores que os membros do Conselho, aqueles que acusávamos de serem imperialistas,
cruéis e desumanos. Mas com as nossas atitudes, fizemos tudo isso e mais alguma
coisa. Sempre ouvi dizer que o homem é um animal cego que leva tudo a frente para não
perder os valores daquilo que acredita. Mas tudo o que nos conseguimos fazer, não foi
benéfico para a população, nem para nós. Além de que a criação de um clone devastou
toda uma vila inocente que não fazia ideia de que um bando de iluminados andava a
preparar. Como foi possível, nem sequer nos termos apercebido do perigo em que
iriamos por a população ao criar um clone? Não é novidade que os clones são um perigo
para a saúde e que libertam gases poluentes. Tudo isso afetou a vila que conhecíamos
antes e o facto de homens e mulheres estarem separados e escravizados, deixou de ser
o maior dos problemas
***
Nunca percebi a intenção do Império com o Dia da Criação. Os homens até podiam queixar-
se do facto de serem obrigados a penetrar o seu pénis na vagina de uma desconhecida mas claro
que lhes dá um certo prazer. A maioria das pessoas não sabe o quanto é prejudicial para uma
mulher, todo o procedimento que os imperialistas inventaram. Eu, também não o sabia. Até ter sido
escolhida para dar a luz a um descendente. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, as
jovens raparigas escolhidas são selecionadas meses antes do derradeiro dia. Pois, é nos
introduzido um ship qualquer que faz modificações no nosso corpo, acelerando o período fértil.
Também o período de gestação é acelerado com esse ship e outros dispositivos que vão sendo
inseridos no meu corpo e das outras mulheres que sofreram o mesmo que eu. Também nunca
consegui perceber como é que Magenta, conselheira do Império, aguentava que mulheres
passassem por aquilo. Um dia ganhei coragem e perguntei-lhe. Magenta mostrava ser sempre
uma mulher calma, ponderada, sem emoções e obediente mas quando ouviu aquelas palavras,
parece que ganhou outra cor, outra personalidade. Ganhando coragem para falar, Magenta,
abanou a cabeça e começou a andar as voltas no imponente Casarão. Parecia que me queria
dizer alguma coisa mas não tinha coragem para tal. Conhecendo bem Magenta, sabia que ela
nunca iria dizer mal do Conselho. Nunca questionou nenhuma ordem deles, mesmo quando não
concordava.
Tinha uma personalidade submissa. Ao fim de vários minutos mergulhado num silêncio
incomodativo, Magenta ganhou coragem e confessou:
- Menina Silkworm, já tem idade suficiente para que eu lhe revele um segredo que já me
consome há muitos anos. A verdade é que eu não sou assim, a conselheira obediente Magenta é
uma personagem que foi estudada pelos Rebeldes para entrar no Conselho. Todas nós sabemos
que o que estes imperialistas querem: é gente sem pensamento e que faça apenas o que lhes
mandem, sem questionar, sem contrariar. Eu sempre fui uma mulher como tu, Lorena. Era esperta
e descobri uma falha no sistema de segurança entre a vila dos homens e das mulheres. Eu e
muitas mulheres ansiávamos uma grande mudança que tardava acontecer. Também eu fui alvo
desse processo nojento. Foi então que consegui violar o sistema de segurança e entrar nas
imediações onde os rebeldes se encontravam. O Winston, líder dos rebeldes, tinha sido o meu
parceiro, o homem que me engravidou, e percebeu que era de mim que eles precisavam infiltrada
no Conselho. A minha personalidade foi estudada e preparada ao limite para agradar aos restantes
membros e conquistar um lugar no Conselho.
Eu nem queria acreditar no que ouvia, sempre se ouvira falar de ideias rebeldes, de reuniões
secretas e tudo mais mas nunca pensei que se tratasse de uma verdade, de uma realidade.
Magenta continuou a revelar-me diversos planos que ela e os rebeldes traçavam e de como isso
iria revolucionar a realidade que conhecemos.
***
Eu tinha razão quando disse que os Jogos do Império iriam mudar a minha vida. Assim que
entrei naquele perigoso jogo, tudo mudou. Ganhei a primeira prova, atuando de uma forma
improvável, pensando com a cabeça. Uma coisa que esta gente do Império acha que não serve
para nada. Depois seguiram-se a segunda e a terceira que ganhei também. Theo tinha razão,
estava tudo feito para eu ganhar. As últimas revelações tinham -me deixado em choque. O meu
pai vivo e presidente do Império, o meu melhor amigo vivo e a trabalhar em conjunto com o meu
pai, uma irmã gémea… e quando pensei que nada mais me iria surpreender, afinal, enganei-me.
Como o meu pai (custa-me tanto chamar-lhe assim) e o Theo previam, eu ganhei o jogo. Entrei
para o Conselho, sendo o membro mais novo de sempre. Comecei a agir sob as ordens dos
rebeldes e descobri que grande parte dos membros do Conselho eram também rebeldes. Se até o
presidente era… Mas havia muito mais por contar. A revolução estalou, meses depois. Finalmente
vivíamos numa sociedade independente, sem regras. Mas deitava e levantava-me a pensar se
seria este o melhor caminho.
Sempre achei que uma sociedade precisa de regras mas não de regras tão rígidas mas todo
o mundo precisa de regras. Mas a ideia dos rebeldes era que cada um desenhasse a sua lei. Mas
isso até podia ser um argumento bonito para um filme com o Dwayne Johnson mas não era um
bom ideal de vida, definitivamente. Mas nem Theo, nem Robert, nem Winston compreendiam isso.
Numa reunião que tivemos há umas horas, tentei explicar que agora que tínhamos conseguido
tomar o poder, devíamos instaurar regras menos rígidas e não deixar as regras nas mãos de cada
pessoa. Os três olharam para mim e trataram-me como se fosse um lunático. Apenas Magenta, a
velha conselheira, estava comigo e defendia que era preciso haver regras para uma sociedade
resultar. Winston tomou a palavra, revoltado, e afirmou:
- Meus caros. Agora que conseguimos livrar o nosso povo do sistema imperialista, da
escravidão, da descriminação. Parece-vos sensato, impor regras? Regras? Isso vai contra todos
os ideais de rebelião. Quem está comigo?
Os outros rebeldes que se encontravam na sala, levantaram o braço e apenas eu e Magenta
mantemos a nossa opinião. Eu sabia que algo iria acontecer, se o sistema assim continuar.
Já passava das onze da noite quando Theo entrou, apreensivo e preocupado:
- Precisamos de ter uma conversa, Seth.
Eu não compreendia o que poderia fazer Theo deslocar-se até minha casa, tão tarde. Mas
iria descobrir. Pedi-lhe que fizesse pouco barulho pois Ron, o pupilo que Richard me trouxera
antes dos Jogos começarem, estava a dormir.
- É o Robert… Ele não é… Não é… teu pai.- perante a minha expressão de choque, Theo
esperou e recomeçou- Ele foi um clone criado para substituir o presidente do Império que foi
sequestrado e que agora morreu. A verdade é que tu és escolhido, aquele que nos iria salvar da
escravidão e para te convencer a ajudar, só o teu ponto fraco te iria mover, o teu pai. Desculpa.
Theo nem esperou pela minha resposta e abandonou logo a minha casa. Essa revelação
deixara-me desconcentrado e decidi dirigir-me a casa onde estava hospedado Robert. Entrei,
silenciosamente, e vi com os meus próprios olhos, mais dez Roberts. O clone criara mais clones.
Todos eles estavam a proferir ideias de guerra e com armas na mão. Eu sabia bem, dos filmes de
ficção científica, o que os clones faziam mas sempre pensei que se tratasse de uma invenção dos
argumentistas mas agora sabia que era bem real. Tinha que avisar alguém e de pressa. Mas podia
ser tarde demais.
Saí, certificando-me de que ele não dera pela minha presença, e comecei a correr
esbaforido. Tinha que correr para avisar Winston, Magenta e… Theo. De repente, olhei para trás,
seria tarde demais? Conseguiria correr até as casas deles que ficavam do outro lado? Talvez…
não. Mas tinha mesmo que o fazer. Toda a sociedade corria perigo, era isto que eu temia que
acontecesse mas agora estava nas minhas mãos.
Já passava das onze da noite quando Theo entrou, apreensivo e preocupado:
- Precisamos de ter uma conversa, Seth.
Eu não compreendia o que poderia fazer Theo deslocar-se até minha casa, tão tarde. Mas
iria descobrir. Pedi-lhe que fizesse pouco barulho pois Ron, o pupilo que Richard me trouxera
antes dos Jogos começarem, estava a dormir.
- É o Robert… Ele não é… Não é… teu pai.- perante a minha expressão de choque, Theo
esperou e recomeçou- Ele foi um clone criado para substituir o presidente do Império que foi
sequestrado e que agora morreu. A verdade é que tu és escolhido, aquele que nos iria salvar da
escravidão e para te convencer a ajudar, só o teu ponto fraco te iria mover, o teu pai. Desculpa.
Theo nem esperou pela minha resposta e abandonou logo a minha casa. Essa revelação
deixara-me desconcentrado e decidi dirigir-me a casa onde estava hospedado Robert. Entrei,
silenciosamente, e vi com os meus próprios olhos, mais dez Roberts. O clone criara mais clones.
Todos eles estavam a proferir ideias de guerra e com armas na mão. Eu sabia bem, dos filmes de
ficção científica, o que os clones faziam mas sempre pensei que se tratasse de uma invenção dos
argumentistas mas agora sabia que era bem real. Tinha que avisar alguém e de pressa. Mas podia
ser tarde demais.
Saí, certificando-me de que ele não dera pela minha presença, e comecei a correr
esbaforido. Tinha que correr para avisar Winston, Magenta e… Theo. De repente, olhei para trás,
seria tarde demais? Conseguiria correr até as casas deles que ficavam do outro lado? Talvez…
não. Mas tinha mesmo que o fazer. Toda a sociedade corria perigo, era isto que eu temia que
acontecesse mas agora estava nas minhas mãos.
***
- Cidadãos, o Império nunca mais será o mesmo. Tudo o que conhecem acabou- afirmava
uma voz forte e estridente vinda de um grande megafone - Está na altura de nós clones tratarmos-
vos como vocês nos tratavam.
Magenta, Theo, Winston, Seth, Lorena e os outros rebeldes assistiam a esse espetáculo
através da janela das masmorras e culpavam-se por terem provocado tudo isto.
CONTINUA

Más contenido relacionado

La actualidad más candente (10)

Jornal 7a
Jornal 7aJornal 7a
Jornal 7a
 
Penas e Gozos Terrestres_ Macedo 2016
Penas e Gozos Terrestres_ Macedo 2016Penas e Gozos Terrestres_ Macedo 2016
Penas e Gozos Terrestres_ Macedo 2016
 
Entre o bem e o mal
Entre o bem e o malEntre o bem e o mal
Entre o bem e o mal
 
Mário Moreno, o Cantinflas
Mário Moreno, o CantinflasMário Moreno, o Cantinflas
Mário Moreno, o Cantinflas
 
Não estás deprimido imagens grandes...
Não estás deprimido imagens grandes...Não estás deprimido imagens grandes...
Não estás deprimido imagens grandes...
 
O filme
O filmeO filme
O filme
 
O consolador fev 2014
O consolador  fev 2014O consolador  fev 2014
O consolador fev 2014
 
Ave maria responsabilidade e destino
Ave maria   responsabilidade e destinoAve maria   responsabilidade e destino
Ave maria responsabilidade e destino
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 613 an 28 março_2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 613 an 28 março_2017AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 613 an 28 março_2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 613 an 28 março_2017
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 616 an 18 abril_2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 616 an 18 abril_2017AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 616 an 18 abril_2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 616 an 18 abril_2017
 

Destacado

Recuperación informática.docx l
Recuperación informática.docx  lRecuperación informática.docx  l
Recuperación informática.docx l
kkobbyy
 
(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)
(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)
(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)
andreitah
 
Niño ángel 1º
Niño ángel 1ºNiño ángel 1º
Niño ángel 1º
patriciarab
 
Familiasoci202 110302201442-phpapp01
Familiasoci202 110302201442-phpapp01Familiasoci202 110302201442-phpapp01
Familiasoci202 110302201442-phpapp01
Holger Luis Escudero
 
Las bases de datos regina peredo
Las bases de datos   regina peredoLas bases de datos   regina peredo
Las bases de datos regina peredo
reginaperedop
 
Análisis del portal de las artes escénicas
Análisis del portal de las artes escénicasAnálisis del portal de las artes escénicas
Análisis del portal de las artes escénicas
kikaflam
 
JINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENT
JINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENTJINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENT
JINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENT
?? ?
 

Destacado (20)

Lenguaje visual
Lenguaje visualLenguaje visual
Lenguaje visual
 
Presentación jornadas calidad
Presentación jornadas calidadPresentación jornadas calidad
Presentación jornadas calidad
 
Recuperación informática.docx l
Recuperación informática.docx  lRecuperación informática.docx  l
Recuperación informática.docx l
 
Hormigas de caza
Hormigas de cazaHormigas de caza
Hormigas de caza
 
Hoja de vida.
Hoja de vida.Hoja de vida.
Hoja de vida.
 
Pea informática
Pea   informáticaPea   informática
Pea informática
 
Trabajo colaborativo y virtualidad
Trabajo colaborativo y virtualidadTrabajo colaborativo y virtualidad
Trabajo colaborativo y virtualidad
 
Diany rocío barahonavarela_actividad1_mapaC
Diany rocío barahonavarela_actividad1_mapaCDiany rocío barahonavarela_actividad1_mapaC
Diany rocío barahonavarela_actividad1_mapaC
 
(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)
(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)
(Y)Sand Ru Li Hs Y A Nd Re It Ah (Y)
 
Niño ángel 1º
Niño ángel 1ºNiño ángel 1º
Niño ángel 1º
 
Bags
BagsBags
Bags
 
Familiasoci202 110302201442-phpapp01
Familiasoci202 110302201442-phpapp01Familiasoci202 110302201442-phpapp01
Familiasoci202 110302201442-phpapp01
 
Las bases de datos regina peredo
Las bases de datos   regina peredoLas bases de datos   regina peredo
Las bases de datos regina peredo
 
Mastan cv
Mastan cvMastan cv
Mastan cv
 
Mapa conceptual
Mapa conceptualMapa conceptual
Mapa conceptual
 
7
77
7
 
RecommendationLetterHeathrowCompassCentre
RecommendationLetterHeathrowCompassCentreRecommendationLetterHeathrowCompassCentre
RecommendationLetterHeathrowCompassCentre
 
Dimensiones Humanas Andrea Martinez
Dimensiones Humanas Andrea MartinezDimensiones Humanas Andrea Martinez
Dimensiones Humanas Andrea Martinez
 
Análisis del portal de las artes escénicas
Análisis del portal de las artes escénicasAnálisis del portal de las artes escénicas
Análisis del portal de las artes escénicas
 
JINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENT
JINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENTJINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENT
JINPENG GROUP TOP TEN EPC TYPICAL ACHIEVEMENT
 

Similar a Episodio 4 Palavras Por Dizer

Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1
VideoNewEye
 
( Espiritismo) # - marcelo cezar - so deus sabe
( Espiritismo)   # - marcelo cezar - so deus sabe( Espiritismo)   # - marcelo cezar - so deus sabe
( Espiritismo) # - marcelo cezar - so deus sabe
Roberto Mac
 
Um rouxinol cantou... (a nightingale sang) barbara cartland-www.livros grat...
Um rouxinol cantou... (a nightingale sang)   barbara cartland-www.livros grat...Um rouxinol cantou... (a nightingale sang)   barbara cartland-www.livros grat...
Um rouxinol cantou... (a nightingale sang) barbara cartland-www.livros grat...
blackink55
 

Similar a Episodio 4 Palavras Por Dizer (20)

Olhos dourados
Olhos douradosOlhos dourados
Olhos dourados
 
Capítulo 4
Capítulo 4Capítulo 4
Capítulo 4
 
Episodio 5 - dois fios de sangue
Episodio 5 - dois fios de sangueEpisodio 5 - dois fios de sangue
Episodio 5 - dois fios de sangue
 
Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1
 
politica mocambique
politica mocambiquepolitica mocambique
politica mocambique
 
Redencao m.a. costa
Redencao   m.a. costaRedencao   m.a. costa
Redencao m.a. costa
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 574 an 31 maio 2016.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS  Nº 574 an 31 maio 2016.okAGRISSÊNIOR NOTÍCIAS  Nº 574 an 31 maio 2016.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 574 an 31 maio 2016.ok
 
Como devemos viver - Paul Washer
Como devemos viver - Paul WasherComo devemos viver - Paul Washer
Como devemos viver - Paul Washer
 
( Espiritismo) # - marcelo cezar - so deus sabe
( Espiritismo)   # - marcelo cezar - so deus sabe( Espiritismo)   # - marcelo cezar - so deus sabe
( Espiritismo) # - marcelo cezar - so deus sabe
 
CONTOS SOMBRIOS DE NATAL_LIVRO ANTIGO COM HISTÓRIAS FANTÁSTICAS DE HORROR
CONTOS SOMBRIOS DE NATAL_LIVRO ANTIGO COM HISTÓRIAS FANTÁSTICAS DE HORRORCONTOS SOMBRIOS DE NATAL_LIVRO ANTIGO COM HISTÓRIAS FANTÁSTICAS DE HORROR
CONTOS SOMBRIOS DE NATAL_LIVRO ANTIGO COM HISTÓRIAS FANTÁSTICAS DE HORROR
 
História em quadrinhos - Sepé Tiaraju
História em quadrinhos - Sepé TiarajuHistória em quadrinhos - Sepé Tiaraju
História em quadrinhos - Sepé Tiaraju
 
Zeninguem
ZeninguemZeninguem
Zeninguem
 
Zé ninguem
Zé ninguemZé ninguem
Zé ninguem
 
Episodio 6 - seth
Episodio 6 - sethEpisodio 6 - seth
Episodio 6 - seth
 
Brilhantes contos-de-Dostoievski
Brilhantes contos-de-DostoievskiBrilhantes contos-de-Dostoievski
Brilhantes contos-de-Dostoievski
 
Jornal Vigia dos Vales, 43 Anos. 21-02-2017 - Edição.1080
Jornal Vigia dos Vales, 43 Anos. 21-02-2017 - Edição.1080Jornal Vigia dos Vales, 43 Anos. 21-02-2017 - Edição.1080
Jornal Vigia dos Vales, 43 Anos. 21-02-2017 - Edição.1080
 
Ismael e os velhos patriotas
Ismael e os velhos patriotasIsmael e os velhos patriotas
Ismael e os velhos patriotas
 
A cara de veja
A cara de vejaA cara de veja
A cara de veja
 
Felicidade
FelicidadeFelicidade
Felicidade
 
Um rouxinol cantou... (a nightingale sang) barbara cartland-www.livros grat...
Um rouxinol cantou... (a nightingale sang)   barbara cartland-www.livros grat...Um rouxinol cantou... (a nightingale sang)   barbara cartland-www.livros grat...
Um rouxinol cantou... (a nightingale sang) barbara cartland-www.livros grat...
 

Episodio 4 Palavras Por Dizer

  • 1.
  • 2. ANTERIORMENTE No início, Seth nunca entendera muito bem o porquê da existência do Dia da Criação. Um dia explicaram–lhe que a população mundial aumentou e os recursos ficaram escassos, então houve necessidade do mundo controlar a sua população. Como tal, algumas pessoas foram escolhidas e agrupadas em pequenas vilas, divididas por sexo: homens por um lado e mulheres para o outro. Ambos os géneros não se podem misturar, à exceção de um dia especial. Esse acontecimento surge uma vez por ano e tem como objetivo selecionar duas pessoas especiais a reproduzirem–se, para a espécie humana não terminar de vez. Com o controlo da natalidade, há um controlo dos recursos existentes no planeta.[…] – Meus caros… Parece que iremos nomear um novo homem para cumprir o seu dever. Theo Beans recusou-se e nós nunca queremos obrigar ninguém a nada. – riu-se.– O próximo, e esperemos que o último, eleito é… – continuou o General. Seth olhou para Jack para tentar saber o que se estava a passar. O colega encolheu os ombros, com incerteza. […] A rapariga assustou-se e fugiu para o canto do ecrã. – Estamos à sua espera! – afirmou o médico. Eu não posso. Ela é igual a mim. Ela tem os mesmo olhos verdes que eu. O mesmo formato do rosto. A mesma cor de cabelos. Ela sou eu. Ela… Ela é minha irmã gémea. – Eu não vou fazer nada! – gritou para uma das câmaras. Ao mesmo tempo que disse estas palavras, arrependera- se de imediato. […] Não! Eu tenho mesmo! Se não o fizer, ele morre. Despiu-a totalmente e baixou as suas calças. Ela é só uma estranha que tem o meu sangue. Ela não é minha irmã. Eu não a escolhi como família. Ficou duro, cuspiu para o pénis e tomou-a.
  • 3. ANTERIORMENTE Um dos membros do Conselho Regional havia morrido. Chamavam-lhe o Ancião e não era difícil depreender o porquê da alcunha. Anthony, esse tal membro do conselho, era o mais velho dos que integravam o órgão que regulava a vila, o que não era propriamente um elogio, já que ninguém no Conselho 21 era mais novo que setenta anos de idade.[…] - Este é o Ronald, mas podes trata-lo por Ron. Como podes ver, ele é um recém-chegado e após um difícil e longo processo de Seleção, já lhe foi atribuída uma profissão.[…]Este é (…) o teu novo companheiro de quarto. Seth tossiu, esbugalhando os olhos. O que é que ele acabara de dizer? Ele devia ter-se enganado, com toda a certeza. Como é que um rapazinho de 11 anos de idade iria viver com ele? Aquilo era mesmo muito estranho. […] Como já passaram os três dias de luto impostos pelo próprio Conselho de forma a honrar o falecido, é tempo de saber quem será a pessoa que terá a honra de se juntar ao órgão que luta pelos nossos direitos e pela nossa sobrevivência enquanto cidadãos, o Conselho do Império. “ Como os mais antigos devem saber, para se proceder à seleção da pessoa suficientemente boa para exercer tal poder e responsabilidade, procede-se aos Jogos do Império, um campeonato antigo e tradicional. É composto por três etapas, cada uma…” […] - Richard Prizorgi! - Seth Beans! Em seguida, Richard fitou Seth de forma triste. . Seth assentiu com a cabeça, percebendo o que ele lhe estava a transmitir. Daqui a três semanas, um deles (ou até mesmo os dois) estaria morto.[...] Seth começou a ouvir duas vozes que se aproximavam a passos largos conversando entre si. Uma das vozes, a menos intensa e que parecia que se curvava perante a do outro sujeito, parecia-lhe estranhamente familiar. […] - … e como é óbvio, ambos sabemos que o Seth nunca conseguiria ser escolhido para a Seleção por mérito próprio. Acha mesmo que valeu a pena manipular o Conselho? Acha mesmo que valeu a pena assassinar o Conselheiro Anthony? - - É claro que valeu a pena, senhor Theo Beans. O Seth deve ter lugar no Conselho, é imperativo. Não se esqueça que ele é meu filho. [...]
  • 4. ANTERIORMENTE - Aproximem-se as três. Eu sou o novo secretário do Casarão e responsabilizar-me-ei de vos guiar durante algumas semanas aqui dentro. Até porque vão ter uma importante tarefa em breve. - Um homem? Da vila? – pergunta Edna saindo do seu canto e caminhando lentamente ao encontro de Theo Beans e olhando-o com desdém de alto a baixo. Já Ivy observa-o com a cabeça ligeiramente inclinada e a cara tensa e misteriosa como uma gata curiosa que tenta perceber a índole do visitante. [...] - Senhor Beans, se for capaz traga a sua conquista para fora da redoma, através da saída superior que se vai abrir agora. – é a voz do Barriston. Nem é preciso dar qualquer ordem. O cavalo cumpre o seu dever e pousa no palco da cerimónia onde é entregue aos polícias. Seth abraça-se ao animal com toda a sua força. O Presidente alcança o primeiro vencedor e coloca-lhe uma pulseira da vitória em bronze. - É o teu passaporte para o próximo sucesso. Não foi o tipo de domínio que estávamos à espera mas foi… interessante. Aguardemos pelos próximos vitoriosos. – diz sorrindo, sorriso esse que não é minimamente correspondido pelo seu vassalo. [...] -Não tenho calma nenhuma. Eu não estou a entender nada do que tu estás para aí a dizer, mas eu sei que isso só pode ser alguma artimanha para nos foder a vida. - É verdade! Ele é teu pai! – Seth está prestes a perder completamente a cabeça – Mas não é o verdadeiro Presidente do Império. Esse é agora prisioneiro dos Rebeldes. E o teu pai é um deles. Há 25 anos que eles manipulam os conselhos a nomear rebeldes e já várias vilas têm um conselheiro da organização. Tu és o próximo… e o último. Eles aproveitaram que a nossa é a vila mais remota e como o presidente mais recente nunca cá veio, o teu pai é o impostor. Mas a mentira está a tornar-se insustentável e assim que tu venceres os Jogos e fores para o Casarão a revolução vai finalmente estalar. Theo aproxima-se entrega-lhe a pulseira agarrando a sua mão com força, até que ouve uma voz vinda da copa dirigindo-se para cozinha e diz apressadamente Lembra-te, em breve a vida será o que tu quiseres. Dito isto, corre para fora dali. A vida será o que eu quiser? Rebeldes? Revolução? Pai?
  • 5. Para triunfar é sempre preciso fazer coisas das quais nos arrependemos. Tal como eu tive que manipular e enganar Seth para que ele tirasse a nossa população das mãos do Império. Mas sempre que olho para mim, orgulho-me do que fiz. Posso ter perdido um amigo mas livrei o povo do regime controlador do Império. Mas de outra maneira, poderia ter mantido o meu amigo mas o povo continuava nas mãos de um governo imperialista que nos continuaria a tratar como animais inúteis que seguem um caminho que foi traçado numa reunião qualquer. Chega! Durante anos, eu ouvia vários ideais desses pela boca dos meus colegas e amigos mas sem nunca entender. Até conhecer Winston, o líder da rebelião. Durante estes anos, Wiston e os rebeldes tentaram criar um clone do presidente. Ao fim de vários anos de tentativas falhadas, os rebeldes, a margem da lei do Império, conseguiram finalmente criar um clone igual ao presidente ao qual chamam Robert. Nos primeiros meses de vida, ensinam Robert a agir como o presidente do Império, cruel, imponente e sem deixar marcas. Quando a equipa de Winston achou que o clone estava suficientemente bem preparado, raptaram o presidente e colocaram o clone no governo. Os primeiros anos foram bons para a rebelião, membros dos rebeldes infiltraram-se nos Conselho e ganham uma maior influência e um grito de mudança ecoa dentro dos membros do Conselho. Mas a situação está a ficar insustentável, sendo que o clone está subcarregado e a revolução tem que estalar em breve.
  • 6. Para tal, os rebeldes teriam que escolher um jovem que tinha nascido em condições misteriosas. Poucas pessoas sabiam mas um em cada três bebés que nascem, resultante do Dia da Criação, é introduzida uma seringa com um líquido especial. Esse líquido foi produzido pelo laboratório que está unido com os rebeldes. O objetivo desse líquido é desenvolver capacidades biónicas e altamente improváveis em seres comuns, esse bebé será o escolhido. Nos últimos vinte anos, o meu amigo Seth foi o único injetado com esse líquido que era vermelho vivo. Nesse momento, Seth sentiu-se agonizado e a sensação de que tinha que salvar alguém. Esse alguém era o povo da vila que precisava de salvamento. Desde que os rebeldes introduziram esse sistema há quase vinte e cinco anos que a injeção foi dada a dois bebés, o primeiro foi morto e o segundo é o Seth. Como grande amigo dele, sabia que a sua maior fraqueza era o pai e foi isso que usamos para manipula-lo e faze-lo vencer os Jogos. Para chegar até aí, foi preciso muita mentira, algumas mortes.
  • 7. Durante esse tempo, nunca me passou pela cabeça que o que estivesse a fazer tivesse o seu quê de errado… mas tinha. Só me apercebi de isso, ao ver os resultados do grande percurso que nos rebeldes tínhamos tomado. Tínhamos sido iguais ou até piores que os membros do Conselho, aqueles que acusávamos de serem imperialistas, cruéis e desumanos. Mas com as nossas atitudes, fizemos tudo isso e mais alguma coisa. Sempre ouvi dizer que o homem é um animal cego que leva tudo a frente para não perder os valores daquilo que acredita. Mas tudo o que nos conseguimos fazer, não foi benéfico para a população, nem para nós. Além de que a criação de um clone devastou toda uma vila inocente que não fazia ideia de que um bando de iluminados andava a preparar. Como foi possível, nem sequer nos termos apercebido do perigo em que iriamos por a população ao criar um clone? Não é novidade que os clones são um perigo para a saúde e que libertam gases poluentes. Tudo isso afetou a vila que conhecíamos antes e o facto de homens e mulheres estarem separados e escravizados, deixou de ser o maior dos problemas
  • 8. *** Nunca percebi a intenção do Império com o Dia da Criação. Os homens até podiam queixar- se do facto de serem obrigados a penetrar o seu pénis na vagina de uma desconhecida mas claro que lhes dá um certo prazer. A maioria das pessoas não sabe o quanto é prejudicial para uma mulher, todo o procedimento que os imperialistas inventaram. Eu, também não o sabia. Até ter sido escolhida para dar a luz a um descendente. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, as jovens raparigas escolhidas são selecionadas meses antes do derradeiro dia. Pois, é nos introduzido um ship qualquer que faz modificações no nosso corpo, acelerando o período fértil. Também o período de gestação é acelerado com esse ship e outros dispositivos que vão sendo inseridos no meu corpo e das outras mulheres que sofreram o mesmo que eu. Também nunca consegui perceber como é que Magenta, conselheira do Império, aguentava que mulheres passassem por aquilo. Um dia ganhei coragem e perguntei-lhe. Magenta mostrava ser sempre uma mulher calma, ponderada, sem emoções e obediente mas quando ouviu aquelas palavras, parece que ganhou outra cor, outra personalidade. Ganhando coragem para falar, Magenta, abanou a cabeça e começou a andar as voltas no imponente Casarão. Parecia que me queria dizer alguma coisa mas não tinha coragem para tal. Conhecendo bem Magenta, sabia que ela nunca iria dizer mal do Conselho. Nunca questionou nenhuma ordem deles, mesmo quando não concordava.
  • 9. Tinha uma personalidade submissa. Ao fim de vários minutos mergulhado num silêncio incomodativo, Magenta ganhou coragem e confessou: - Menina Silkworm, já tem idade suficiente para que eu lhe revele um segredo que já me consome há muitos anos. A verdade é que eu não sou assim, a conselheira obediente Magenta é uma personagem que foi estudada pelos Rebeldes para entrar no Conselho. Todas nós sabemos que o que estes imperialistas querem: é gente sem pensamento e que faça apenas o que lhes mandem, sem questionar, sem contrariar. Eu sempre fui uma mulher como tu, Lorena. Era esperta e descobri uma falha no sistema de segurança entre a vila dos homens e das mulheres. Eu e muitas mulheres ansiávamos uma grande mudança que tardava acontecer. Também eu fui alvo desse processo nojento. Foi então que consegui violar o sistema de segurança e entrar nas imediações onde os rebeldes se encontravam. O Winston, líder dos rebeldes, tinha sido o meu parceiro, o homem que me engravidou, e percebeu que era de mim que eles precisavam infiltrada no Conselho. A minha personalidade foi estudada e preparada ao limite para agradar aos restantes membros e conquistar um lugar no Conselho. Eu nem queria acreditar no que ouvia, sempre se ouvira falar de ideias rebeldes, de reuniões secretas e tudo mais mas nunca pensei que se tratasse de uma verdade, de uma realidade. Magenta continuou a revelar-me diversos planos que ela e os rebeldes traçavam e de como isso iria revolucionar a realidade que conhecemos.
  • 10. *** Eu tinha razão quando disse que os Jogos do Império iriam mudar a minha vida. Assim que entrei naquele perigoso jogo, tudo mudou. Ganhei a primeira prova, atuando de uma forma improvável, pensando com a cabeça. Uma coisa que esta gente do Império acha que não serve para nada. Depois seguiram-se a segunda e a terceira que ganhei também. Theo tinha razão, estava tudo feito para eu ganhar. As últimas revelações tinham -me deixado em choque. O meu pai vivo e presidente do Império, o meu melhor amigo vivo e a trabalhar em conjunto com o meu pai, uma irmã gémea… e quando pensei que nada mais me iria surpreender, afinal, enganei-me. Como o meu pai (custa-me tanto chamar-lhe assim) e o Theo previam, eu ganhei o jogo. Entrei para o Conselho, sendo o membro mais novo de sempre. Comecei a agir sob as ordens dos rebeldes e descobri que grande parte dos membros do Conselho eram também rebeldes. Se até o presidente era… Mas havia muito mais por contar. A revolução estalou, meses depois. Finalmente vivíamos numa sociedade independente, sem regras. Mas deitava e levantava-me a pensar se seria este o melhor caminho.
  • 11. Sempre achei que uma sociedade precisa de regras mas não de regras tão rígidas mas todo o mundo precisa de regras. Mas a ideia dos rebeldes era que cada um desenhasse a sua lei. Mas isso até podia ser um argumento bonito para um filme com o Dwayne Johnson mas não era um bom ideal de vida, definitivamente. Mas nem Theo, nem Robert, nem Winston compreendiam isso. Numa reunião que tivemos há umas horas, tentei explicar que agora que tínhamos conseguido tomar o poder, devíamos instaurar regras menos rígidas e não deixar as regras nas mãos de cada pessoa. Os três olharam para mim e trataram-me como se fosse um lunático. Apenas Magenta, a velha conselheira, estava comigo e defendia que era preciso haver regras para uma sociedade resultar. Winston tomou a palavra, revoltado, e afirmou: - Meus caros. Agora que conseguimos livrar o nosso povo do sistema imperialista, da escravidão, da descriminação. Parece-vos sensato, impor regras? Regras? Isso vai contra todos os ideais de rebelião. Quem está comigo? Os outros rebeldes que se encontravam na sala, levantaram o braço e apenas eu e Magenta mantemos a nossa opinião. Eu sabia que algo iria acontecer, se o sistema assim continuar.
  • 12. Já passava das onze da noite quando Theo entrou, apreensivo e preocupado: - Precisamos de ter uma conversa, Seth. Eu não compreendia o que poderia fazer Theo deslocar-se até minha casa, tão tarde. Mas iria descobrir. Pedi-lhe que fizesse pouco barulho pois Ron, o pupilo que Richard me trouxera antes dos Jogos começarem, estava a dormir. - É o Robert… Ele não é… Não é… teu pai.- perante a minha expressão de choque, Theo esperou e recomeçou- Ele foi um clone criado para substituir o presidente do Império que foi sequestrado e que agora morreu. A verdade é que tu és escolhido, aquele que nos iria salvar da escravidão e para te convencer a ajudar, só o teu ponto fraco te iria mover, o teu pai. Desculpa. Theo nem esperou pela minha resposta e abandonou logo a minha casa. Essa revelação deixara-me desconcentrado e decidi dirigir-me a casa onde estava hospedado Robert. Entrei, silenciosamente, e vi com os meus próprios olhos, mais dez Roberts. O clone criara mais clones. Todos eles estavam a proferir ideias de guerra e com armas na mão. Eu sabia bem, dos filmes de ficção científica, o que os clones faziam mas sempre pensei que se tratasse de uma invenção dos argumentistas mas agora sabia que era bem real. Tinha que avisar alguém e de pressa. Mas podia ser tarde demais. Saí, certificando-me de que ele não dera pela minha presença, e comecei a correr esbaforido. Tinha que correr para avisar Winston, Magenta e… Theo. De repente, olhei para trás, seria tarde demais? Conseguiria correr até as casas deles que ficavam do outro lado? Talvez… não. Mas tinha mesmo que o fazer. Toda a sociedade corria perigo, era isto que eu temia que acontecesse mas agora estava nas minhas mãos.
  • 13. Já passava das onze da noite quando Theo entrou, apreensivo e preocupado: - Precisamos de ter uma conversa, Seth. Eu não compreendia o que poderia fazer Theo deslocar-se até minha casa, tão tarde. Mas iria descobrir. Pedi-lhe que fizesse pouco barulho pois Ron, o pupilo que Richard me trouxera antes dos Jogos começarem, estava a dormir. - É o Robert… Ele não é… Não é… teu pai.- perante a minha expressão de choque, Theo esperou e recomeçou- Ele foi um clone criado para substituir o presidente do Império que foi sequestrado e que agora morreu. A verdade é que tu és escolhido, aquele que nos iria salvar da escravidão e para te convencer a ajudar, só o teu ponto fraco te iria mover, o teu pai. Desculpa. Theo nem esperou pela minha resposta e abandonou logo a minha casa. Essa revelação deixara-me desconcentrado e decidi dirigir-me a casa onde estava hospedado Robert. Entrei, silenciosamente, e vi com os meus próprios olhos, mais dez Roberts. O clone criara mais clones. Todos eles estavam a proferir ideias de guerra e com armas na mão. Eu sabia bem, dos filmes de ficção científica, o que os clones faziam mas sempre pensei que se tratasse de uma invenção dos argumentistas mas agora sabia que era bem real. Tinha que avisar alguém e de pressa. Mas podia ser tarde demais. Saí, certificando-me de que ele não dera pela minha presença, e comecei a correr esbaforido. Tinha que correr para avisar Winston, Magenta e… Theo. De repente, olhei para trás, seria tarde demais? Conseguiria correr até as casas deles que ficavam do outro lado? Talvez… não. Mas tinha mesmo que o fazer. Toda a sociedade corria perigo, era isto que eu temia que acontecesse mas agora estava nas minhas mãos.
  • 14. *** - Cidadãos, o Império nunca mais será o mesmo. Tudo o que conhecem acabou- afirmava uma voz forte e estridente vinda de um grande megafone - Está na altura de nós clones tratarmos- vos como vocês nos tratavam. Magenta, Theo, Winston, Seth, Lorena e os outros rebeldes assistiam a esse espetáculo através da janela das masmorras e culpavam-se por terem provocado tudo isto.