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Jornal de Pediatria

Editoriais

Copyright © 2011 by Sociedade Brasileira de Pediatria

Healthcare provider working conditions and well-being:
sharing international lessons to improve patient safety
Condições de trabalho e bem-estar dos profissionais de saúde:
compartilhamento de lições internacionais para melhorar a segurança do paciente
Christopher P. Landrigan*

M

ais de uma década desde que alguns estudos começareconhecido que está no cerne de muitas falhas de segurança
ram a demonstrar que os erros médicos são uma das principais
nos hospitais: as condições de trabalho e o bem-estar dos
causas de morte e injúrias em todo o mundo1, a epidemia
profissionais de saúde. No primeiro estudo, Lamy Filho et al.
da segurança dos pacientes continua descontrolada2,3. Em
abordam a relação entre a carga de trabalho dos profissioum estudo envolvendo 58 hospitais de cinco países latinonais e os eventos adversos (EAs) relacionados a ventilação
americanos, demonstrou-se que 10% de todos os pacientes
mecânica em duas unidades de terapia intensiva neonatal
hospitalizados haviam sofrido algum
no Brasil7. Em um estudo prospectivo
dano decorrente do atendimento médico
de coorte bem desenvolvido envolvendo
durante a hospitalização; 59% desses
543 recém-nascidos (136 dos quais recedanos foram determinados por uma
beram ventilação mecânica), os autores
Veja artigos relacionados
equipe internacional de investigadores
identificaram 117 EAs relacionados ao
nas páginas 487 e 493
como sendo passíveis de prevenção e
uso de respiradores. Uma taxa crescente
20% foram considerados danos graves,
de eventos foi identificada quando as
que causaram incapacidade, necessidademandas de cuidados dos enfermeiros
de de intervenção cirúrgica ou óbito4.
e auxiliares de enfermagem eram altas.
Esses números são similares a taxas recentes de eventos
Além disso, um efeito dose-resposta foi identificado tanto
adversos (EAs) relatados nos Estados Unidos, na Austrália,
para auxiliares de enfermagem quanto para as demandas de
no Reino Unido e em outras partes do mundo. Com o surcuidados gerais da unidade (número de RCDCs - recém-nasgimento desses estudos epidemiológicos, a conscientização
cidos classificados de acordo com a demanda de cuidados);
sobre a segurança dos pacientes aumentou tremendamente
com número de RCDCs de 3,8 por auxiliar de enfermagem,
nos últimos anos, e numerosos esforços têm sido realizados
as taxas de EAs de ventilação mecânica dobraram, e com
em um único centro ou em múltiplos centros para melhorar a
RCDC de 4,8, as taxas triplicaram. Ao demonstrarem não
segurança. Muitos desses esforços coincidiram com iniciativas
somente uma associação entre a carga de trabalho dos
bem-sucedidas em hospitais comprometidos5,6. Contudo, tais
profissionais e as taxas de EAs, mas também um efeito
esforços não se traduziram na melhora global da segurança
dose-resposta para um fator de risco com um mecanismo
do atendimento em um escala mais ampla2,3. A disseminação
altamente plausível, os autores fornecem dados importantes
de melhores práticas continua baixa, e, em muitos hospitais
com uma forte indicação de conexão causal entre carga de
em todo o mundo, a fragilidade fundamental da organização
trabalho e segurança do paciente.
da saúde permanece.
O outro estudo, desenvolvido por Martins et al., lida com
Dois artigos publicados neste número do Jornal de Pediatria
abordam facetas relacionadas de um problema sério e pouco

um problema relacionado, ou seja, o burnout do profissional de saúde8. Uma série de estudos conduzidos durante

*	 MD, MPH. Division of General Pediatrics, Department of Medicine, Children’s Hospital Boston, Harvard Medical School, Cambridge, MA, USA. Harvard Work
Hours, Health, and Safety Group, Division of Sleep Medicine, Department of Medicine, Brigham and Women’s Hospital, Harvard Medical School, Cambridge,
MA, USA. Division of Sleep Medicine, Harvard Medical School, Cambridge, MA, USA.
Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação deste editorial.
Como citar este artigo: Landrigan CP. Healthcare provider working conditions and well-being: sharing international lessons to improve patient safety. J Pediatr
(Rio J). 2011;87(6):463-5.
http://dx.doi.org/10.2223/JPED.2147

463
464 Jornal de Pediatria - Vol. 87, N° 6, 2011
a última década demonstrou que o burnout e a depressão
dos profissionais estão associados com problemas para os
próprios profissionais e, significativamente, com perigo para
a segurança do paciente. O burnout e a depressão já foram
repetidamente associados a risco aumentado de erros médicos autorrelatados, e, no caso da depressão, essa relação
foi comprovada objetivamente9. O estudo de Martins et al.
avança um pouco mais, partindo da identificação do problema para a intervenção. Os autores mediram o efeito de uma
breve intervenção de autocuidado sobre o burnout em 37
residentes de medicina na Argentina; outros 37 residentes
foram usados como grupo controle. Sessenta e seis por cento
dos residentes tiveram pontuação positiva para burnout no
Inventário de Burnout de Maslach, uma taxa perturbadoramente alta, mas bastante consistente com os resultados de
estudos anteriores sobre burnout conduzidos na América
do Norte. Para abordar o problema, os autores fizeram com
que o grupo intervenção participasse de duas oficinas de 2,5
h de duração com a orientação de especialistas, nas quais
discutiram o reconhecimento do burnout e as habilidades para
lidar com o problema. Infelizmente, enquanto a intervenção
conseguiu melhorar os escores de despersonalização (um
dos subescores de burnout), não teve impacto sobre a taxa
de burnout em si.
Mesmo que a intervenção de Martins et al. tenha tido
menos sucesso do que o esperado, de qualquer forma ela
oferece uma importante lição sobre o bem-estar dos residentes e as intervenções para melhorá-lo. Uma intervenção
breve com os residentes fazendo um rodízio frequente por
vários serviços pode ter um impacto limitado para obter uma
mudança duradoura. A redução substancial da prevalência
extremamente alta de burnout entre residentes – que, tanto
nesse quanto em estudos prévios, afetou 2/3 ou mais dos
residentes – provavelmente exigirá a abordagem dos fatores
que sabidamente levam ao burnout dos profissionais de saúde,
incluindo excessiva carga de trabalho (problema abordado
por Lamy Filho et al.), assim como falta de autonomia, falta
de respeito, poucas horas de sono e turnos prolongados de
trabalho. Demonstrou-se que particularmente os turnos que
ultrapassam 16 horas causam burnout e depressão, lesões com
agulhas, acidentes automobilísticos envolvendo residentes
e erros médicos10. Os erros médicos, por sua vez, podem
aumentar o risco de burnout e depressão, criando um ciclo
vicioso, no qual os residentes com baixos níveis de bem-estar
podem estar expostos a risco aumentado de cometer erros,
o que, por sua vez, diminui ainda mais o bem-estar11.
À medida que o movimento em prol da segurança do
paciente amadurece, está ficando cada vez mais claro que
a abordagem das características organizacionais que afetam de maneira adversa o bem-estar e o desempenho dos
profissionais será essencial nos esforços para se obter melhoras duradouras em termos de segurança. Fazer isso pode
ser bastante desafiador, já que a proporção de pessoal, os
horários de trabalho e outros fatores estão profundamente
impregnados na estrutura dos centros médicos e dos sistemas de atendimento à saúde, e desafiá-los geralmente traz
consequências tanto para os profissionais de saúde quanto
para a operação do sistema de saúde como um todo. A
redução das horas de trabalho ou da carga de trabalho dos

Condições de trabalho e bem-estar dos profissionais de saúde - Landrigan CP

profissionais traz custos e pode ter implicações para a mão
de obra, já que há a necessidade de investimento em treinamento e/ou contratação de mais profissionais para diminuir
a carga sobre os que já estão trabalhando. Contudo, tal
investimento pode resultar em dividendos para os sistemas
de atendimento à saúde. No caso das horas de trabalho
dos residentes, por exemplo, pesquisas já realizadas sobre
custo-efetividade demonstraram que enquanto o custo de
contratar profissionais não é baixo, o investimento se paga
no nível social ao se conseguir alcançar uma redução de até
7-11% dos EAs12, um nível de melhora bem possível de se
obter. Estudos intervencionistas já realizados com redução
das horas de trabalho demonstraram diminuições das taxas
de erros de três a quatro vezes10.
Está ficando evidente que se as mudanças organizacionais e as outras intervenções de segurança devem ir além
da melhora local e alcançar um aprimoramento mensurável
em nível regional, nacional ou internacional, muito mais
coordenação dos esforços de melhoria da segurança será
necessária. Mudanças transformadoras exigem inovação
local contínua, assim como colaboração nacional e internacional, para garantir que os sucessos comprovados sejam
integrados nos sistemas de atendimento à saúde em todo o
mundo. Os estudos publicados neste número do Jormal de
Pediatria demonstram que os problemas de carga de trabalho
e burnout na América do Sul são, de muitas formas, bastante
similares aos problemas de carga de trabalho e burnout na
América do Norte. Certamente, os recursos e custos de atendimento em cada país variam, mas as condições de trabalho
fundamentais que guiam o bem-estar e o desempenho dos
profissionais são as mesmas. Faz pouco sentido que cada
hospital ou sistema de saúde tente encontrar soluções de
maneira independente. Em vez disso, deveríamos procurar
compartilhar ativamente as lições aprendidas e colaborar
para além das fronteiras institucionais e internacionais para
abordar esse problema global.
Finalmente, os problemas que estamos vendo no atendimento à saúde em todo o mundo são produtos do formato do
sistema. Se quisermos realmente aprimorar a segurança e a
qualidade do atendimento, devemos identificar quais aspectos
desse formato não estão funcionando bem e reunir vontade
e recursos para construir algo melhor. Horas de trabalho e
carga horária excessivas são duas das falhas do formato que
comprovadamente diminuem a segurança do paciente e o
bem-estar dos profissionais dos sistemas de atendimento à
saúde em todo o mundo. Embora a reformatação dos horários
de trabalho e dos processos para melhorar as condições de
trabalho e o bem-estar apresentem muitos desafios, devemos
encarar esses desafios pela segurança de nossos pacientes
e dos profissionais de saúde.

Referências
1.	 Institute of Medicine. To err is human: building a safer health
system. Washington: National Academy Press; 1999.
2.	 Landrigan CP, Parry G, Bones CB, Hackbarth AD, Goldmann DA,
Sharek PJ. Temporal trends in rates of patient harm due to medical
care. New Engl J Med. 2010; 363:2124-34.
Condições de trabalho e bem-estar dos profissionais de saúde - Landrigan CP

3.	 Hauck K, Zhao X, Jackson T. Adverse event rates as measures of
hospital performance. Health Policy. 2011, Jul 20. [Epub ahead
of print]

Jornal de Pediatria - Vol. 87, N° 6, 2011 465
10.	Lockley SW, Barger LK, Ayas NT, Rothschild JM, Czeisler CA,
Landrigan CP. Effects of health care provider work hours and
sleep deprivation on safety and performance. Joint Comm J Qual
Patient Saf. 2007;33(11 Suppl):7-18.

4.	 Aranaz-Andrés JM, Aibar-Remón C, Limón-Ramírez R, et al.
Prevalence of adverse events in the hospitals of five Latin American
countries: results of the ‘Iberoamerican study of adverse events’
(IBEAS). BMJ Qual Saf. 2011, Jun 28. [Epub ahead of print]

11.	West CP, Huschka MM, Novotny PJ, et al. Association of perceived
medical errors with resident distress and empathy: a prospective
longitudinal study. JAMA. 2006;296:1071-8.

5.	 Pronovost P, Needham D, Berenholtz S, Sinopoli D, Chu H, Cosgrove
S, et al. An intervention to decrease catheter-related bloodstream
infections in the ICU. N Engl J Med. 2006;355:2725-32.

12.	Nuckols TK, Bhattacharya J, Wolman DM, Ulmer C, Escarce JJ. Cost
implications of reduced work hours and workloads for resident
physicians. N Engl J Med. 2009;360:2202-15.

6.	 Haynes AB, Weiser TG, Berry WR, Lipsitz SR, Breizat AH, Dellinger
EP, et al. A surgical safety checklist to reduce morbidity and mortality
in a global population. N Engl J Med. 2009;360:491‑9.
7.	 Lamy Filho F, da Silva AA, Lopes JM, Lamy ZC, Simoes VM, dos
Santos AM. Staff workload and adverse events during mechanical
ventilation in neonatal intensive care units. J Pediatr (Rio J).
2011;87:487-92.
8.	 Martins AE, Davenport MC, de la Paz Del Valle M, et al. The impact
of a brief intervention on the burnout levels of pediatric residents.
J Pediatr (Rio J). 2011;87:493-8.
9.	 Fahrenkopf AM, Sectish TC, Barger LK, Sharek PJ, Lewin D, Chiang
VW, et al. Rates of medication errors among depressed and burnt out
residents: prospective cohort study. BMJ. 2008;336:488‑91.

Correspondência:
Christopher P. Landrigan
300 Longwood Avenue
Boston, MA 02115 - EUA
Tel.: (617) 355.2568
Fax: (617) 732.4015
E-mail: clandrigan@partners.org

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  • 2. 464 Jornal de Pediatria - Vol. 87, N° 6, 2011 a última década demonstrou que o burnout e a depressão dos profissionais estão associados com problemas para os próprios profissionais e, significativamente, com perigo para a segurança do paciente. O burnout e a depressão já foram repetidamente associados a risco aumentado de erros médicos autorrelatados, e, no caso da depressão, essa relação foi comprovada objetivamente9. O estudo de Martins et al. avança um pouco mais, partindo da identificação do problema para a intervenção. Os autores mediram o efeito de uma breve intervenção de autocuidado sobre o burnout em 37 residentes de medicina na Argentina; outros 37 residentes foram usados como grupo controle. Sessenta e seis por cento dos residentes tiveram pontuação positiva para burnout no Inventário de Burnout de Maslach, uma taxa perturbadoramente alta, mas bastante consistente com os resultados de estudos anteriores sobre burnout conduzidos na América do Norte. Para abordar o problema, os autores fizeram com que o grupo intervenção participasse de duas oficinas de 2,5 h de duração com a orientação de especialistas, nas quais discutiram o reconhecimento do burnout e as habilidades para lidar com o problema. Infelizmente, enquanto a intervenção conseguiu melhorar os escores de despersonalização (um dos subescores de burnout), não teve impacto sobre a taxa de burnout em si. Mesmo que a intervenção de Martins et al. tenha tido menos sucesso do que o esperado, de qualquer forma ela oferece uma importante lição sobre o bem-estar dos residentes e as intervenções para melhorá-lo. Uma intervenção breve com os residentes fazendo um rodízio frequente por vários serviços pode ter um impacto limitado para obter uma mudança duradoura. A redução substancial da prevalência extremamente alta de burnout entre residentes – que, tanto nesse quanto em estudos prévios, afetou 2/3 ou mais dos residentes – provavelmente exigirá a abordagem dos fatores que sabidamente levam ao burnout dos profissionais de saúde, incluindo excessiva carga de trabalho (problema abordado por Lamy Filho et al.), assim como falta de autonomia, falta de respeito, poucas horas de sono e turnos prolongados de trabalho. Demonstrou-se que particularmente os turnos que ultrapassam 16 horas causam burnout e depressão, lesões com agulhas, acidentes automobilísticos envolvendo residentes e erros médicos10. Os erros médicos, por sua vez, podem aumentar o risco de burnout e depressão, criando um ciclo vicioso, no qual os residentes com baixos níveis de bem-estar podem estar expostos a risco aumentado de cometer erros, o que, por sua vez, diminui ainda mais o bem-estar11. À medida que o movimento em prol da segurança do paciente amadurece, está ficando cada vez mais claro que a abordagem das características organizacionais que afetam de maneira adversa o bem-estar e o desempenho dos profissionais será essencial nos esforços para se obter melhoras duradouras em termos de segurança. Fazer isso pode ser bastante desafiador, já que a proporção de pessoal, os horários de trabalho e outros fatores estão profundamente impregnados na estrutura dos centros médicos e dos sistemas de atendimento à saúde, e desafiá-los geralmente traz consequências tanto para os profissionais de saúde quanto para a operação do sistema de saúde como um todo. A redução das horas de trabalho ou da carga de trabalho dos Condições de trabalho e bem-estar dos profissionais de saúde - Landrigan CP profissionais traz custos e pode ter implicações para a mão de obra, já que há a necessidade de investimento em treinamento e/ou contratação de mais profissionais para diminuir a carga sobre os que já estão trabalhando. Contudo, tal investimento pode resultar em dividendos para os sistemas de atendimento à saúde. No caso das horas de trabalho dos residentes, por exemplo, pesquisas já realizadas sobre custo-efetividade demonstraram que enquanto o custo de contratar profissionais não é baixo, o investimento se paga no nível social ao se conseguir alcançar uma redução de até 7-11% dos EAs12, um nível de melhora bem possível de se obter. Estudos intervencionistas já realizados com redução das horas de trabalho demonstraram diminuições das taxas de erros de três a quatro vezes10. Está ficando evidente que se as mudanças organizacionais e as outras intervenções de segurança devem ir além da melhora local e alcançar um aprimoramento mensurável em nível regional, nacional ou internacional, muito mais coordenação dos esforços de melhoria da segurança será necessária. Mudanças transformadoras exigem inovação local contínua, assim como colaboração nacional e internacional, para garantir que os sucessos comprovados sejam integrados nos sistemas de atendimento à saúde em todo o mundo. Os estudos publicados neste número do Jormal de Pediatria demonstram que os problemas de carga de trabalho e burnout na América do Sul são, de muitas formas, bastante similares aos problemas de carga de trabalho e burnout na América do Norte. Certamente, os recursos e custos de atendimento em cada país variam, mas as condições de trabalho fundamentais que guiam o bem-estar e o desempenho dos profissionais são as mesmas. Faz pouco sentido que cada hospital ou sistema de saúde tente encontrar soluções de maneira independente. Em vez disso, deveríamos procurar compartilhar ativamente as lições aprendidas e colaborar para além das fronteiras institucionais e internacionais para abordar esse problema global. Finalmente, os problemas que estamos vendo no atendimento à saúde em todo o mundo são produtos do formato do sistema. Se quisermos realmente aprimorar a segurança e a qualidade do atendimento, devemos identificar quais aspectos desse formato não estão funcionando bem e reunir vontade e recursos para construir algo melhor. Horas de trabalho e carga horária excessivas são duas das falhas do formato que comprovadamente diminuem a segurança do paciente e o bem-estar dos profissionais dos sistemas de atendimento à saúde em todo o mundo. Embora a reformatação dos horários de trabalho e dos processos para melhorar as condições de trabalho e o bem-estar apresentem muitos desafios, devemos encarar esses desafios pela segurança de nossos pacientes e dos profissionais de saúde. Referências 1. Institute of Medicine. To err is human: building a safer health system. Washington: National Academy Press; 1999. 2. Landrigan CP, Parry G, Bones CB, Hackbarth AD, Goldmann DA, Sharek PJ. Temporal trends in rates of patient harm due to medical care. New Engl J Med. 2010; 363:2124-34.
  • 3. Condições de trabalho e bem-estar dos profissionais de saúde - Landrigan CP 3. Hauck K, Zhao X, Jackson T. Adverse event rates as measures of hospital performance. Health Policy. 2011, Jul 20. [Epub ahead of print] Jornal de Pediatria - Vol. 87, N° 6, 2011 465 10. Lockley SW, Barger LK, Ayas NT, Rothschild JM, Czeisler CA, Landrigan CP. Effects of health care provider work hours and sleep deprivation on safety and performance. Joint Comm J Qual Patient Saf. 2007;33(11 Suppl):7-18. 4. Aranaz-Andrés JM, Aibar-Remón C, Limón-Ramírez R, et al. Prevalence of adverse events in the hospitals of five Latin American countries: results of the ‘Iberoamerican study of adverse events’ (IBEAS). BMJ Qual Saf. 2011, Jun 28. [Epub ahead of print] 11. West CP, Huschka MM, Novotny PJ, et al. Association of perceived medical errors with resident distress and empathy: a prospective longitudinal study. JAMA. 2006;296:1071-8. 5. Pronovost P, Needham D, Berenholtz S, Sinopoli D, Chu H, Cosgrove S, et al. An intervention to decrease catheter-related bloodstream infections in the ICU. N Engl J Med. 2006;355:2725-32. 12. Nuckols TK, Bhattacharya J, Wolman DM, Ulmer C, Escarce JJ. Cost implications of reduced work hours and workloads for resident physicians. N Engl J Med. 2009;360:2202-15. 6. Haynes AB, Weiser TG, Berry WR, Lipsitz SR, Breizat AH, Dellinger EP, et al. A surgical safety checklist to reduce morbidity and mortality in a global population. N Engl J Med. 2009;360:491‑9. 7. Lamy Filho F, da Silva AA, Lopes JM, Lamy ZC, Simoes VM, dos Santos AM. Staff workload and adverse events during mechanical ventilation in neonatal intensive care units. J Pediatr (Rio J). 2011;87:487-92. 8. Martins AE, Davenport MC, de la Paz Del Valle M, et al. The impact of a brief intervention on the burnout levels of pediatric residents. J Pediatr (Rio J). 2011;87:493-8. 9. Fahrenkopf AM, Sectish TC, Barger LK, Sharek PJ, Lewin D, Chiang VW, et al. Rates of medication errors among depressed and burnt out residents: prospective cohort study. BMJ. 2008;336:488‑91. Correspondência: Christopher P. Landrigan 300 Longwood Avenue Boston, MA 02115 - EUA Tel.: (617) 355.2568 Fax: (617) 732.4015 E-mail: clandrigan@partners.org