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PALIMPSESTO POÉTICO:
                                                                Programa de Mestrado em Comunicação e Cultura - UNISO


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                         Resenha 2
    SANTAELLA, Lucia.                       3ª aula: 01/set
Corpo e comunicação:
  sintoma da cultura.
    São Paulo: Paulus,
     2004. p. 123-131




                         Aluna: Daniele de Oliveira (ouvinte)
Tire o seu piercing do caminho que eu




                                                                                                 Figura 1: Subjetividade segundo Morin – Daniele Oli veira
quero passar com a minha dor. Canta o
compositor     maranhense       Zeca   Baleiro.
Escondida no seu canto está a angústia de
quem quer passar mas não sabe quem é, a
angústia de quem só tem a dor como indício
da existência própria. Quer que saiam do
caminho todos os “piercings” - enfeites - para
que o corpo se mostre como ele de fato é.
      Santaella “canta” como Zeca Baleiro.
Recorda a crise da idéia o eu no universo
contemporâneo. Com eles fazem coro Morin,
Michel Serres, Bakhtin e Peirce, Guattari,
Deleuze. Estes, contribuindo com a
proliferação de novas, e diversas, imagens de
subjetividade delineiam um “sujeito múltiplo,
estigmatizado pela falta, descentrado, uma
verdadeira estrutura dissipativa em que ordem
e desperdício se conjugam” (Villaça, apud         Morin (1996), ao ressaltar que “a incerteza
Santaella 2004, p.123).                           existencial é a marca do propriamente
                                                  humano” (Santaella, 2004, p.123) traz à tona
                                                  a necessidade de recriar um sujeito pela
                                                  lógica do ser vivo, fundando o pensamento
                                                  na ausência de fundamento.
Michel Serres, com suas reflexões,
inspirou a teoria Ator-rede. Esta teoria




                                               Figura 2: Subjetividade segundo Bakthin e Peirce – Daniele Oli veira
rompe com a relação dicotomica entre
natureza e sociedade recuperando o papel
dos objetos, do tecnológico, e entendendo a
subjetividade como processo que não tem
que ver, exclusivamente,          que com
humanos.
      Bakthin e Peirce, por sua vez,
acentuam o caráter social da linguagem.
Para eles, “o sujeito, mesmo na sua forma
mais íntima, é um processo de semiose”
(Colapietro, 1989, apud Santaella 2004). A
definição de sujeito de Peirce comunga de
valores descritos em sua definição de
interpretante; conforme Santaella (2000, p.
63), “o signo não é um ente vazio e passivo,
dependente de um ego individual, ao
contrário, ele é capaz de determinar o
interpretante porque dispõe do poder de
gerá-lo. Interessante pensar nesta definição
de subjetividade e na – assustadora e
perversa conclusão a que ela induz: somos
gerados     pelos    signos,    dependentes
proliferação deles em nós.
Guattari e Deleuze juntam-se ao coro dos
Figura 3: Subjetividade segundo Deleuze– Daniele Oli veira   que cantam a reflexão de uma idéia diferente do
                                                             eu. O primeiro escreve sobre o eu “polifônico”, de
                                                             componentes múltiplos e heterogêneos; enquanto
                                                             que o segundo usa a metáfora do labirinto, das
                                                             dobras que juntas estabelecem coisas diferentes.
                                                                   Muito embora sejam belas e profundas as
                                                             reflexões da ciência sobre o “eu”, as mídias,
                                                             colocando-se do outro lado do patamar das
                                                             reflexões, povoam o imaginário popular com
                                                             “miragens do ego” (Santaella, 2004, p. 125). O
                                                             corpo que aparece é estigmatizado, carregado de
                                                             “adornos”, difuso. Um corpo padronizado, ditado
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                                                             que assombra pela certeza de que nunca mostrará
                                                             a imagem do que é de fato real.
                                                                   Tire o seu piercing do caminho, que seu
                                                             brilho ofusca o que de fato pode ser ver do “eu”.
                                                                   Tire-o. Que a dor quer passar e existir.

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  • 1. PALIMPSESTO POÉTICO: Programa de Mestrado em Comunicação e Cultura - UNISO Percepção, mediação, forma Resenha 2 SANTAELLA, Lucia. 3ª aula: 01/set Corpo e comunicação: sintoma da cultura. São Paulo: Paulus, 2004. p. 123-131 Aluna: Daniele de Oliveira (ouvinte)
  • 2. Tire o seu piercing do caminho que eu Figura 1: Subjetividade segundo Morin – Daniele Oli veira quero passar com a minha dor. Canta o compositor maranhense Zeca Baleiro. Escondida no seu canto está a angústia de quem quer passar mas não sabe quem é, a angústia de quem só tem a dor como indício da existência própria. Quer que saiam do caminho todos os “piercings” - enfeites - para que o corpo se mostre como ele de fato é. Santaella “canta” como Zeca Baleiro. Recorda a crise da idéia o eu no universo contemporâneo. Com eles fazem coro Morin, Michel Serres, Bakhtin e Peirce, Guattari, Deleuze. Estes, contribuindo com a proliferação de novas, e diversas, imagens de subjetividade delineiam um “sujeito múltiplo, estigmatizado pela falta, descentrado, uma verdadeira estrutura dissipativa em que ordem e desperdício se conjugam” (Villaça, apud Morin (1996), ao ressaltar que “a incerteza Santaella 2004, p.123). existencial é a marca do propriamente humano” (Santaella, 2004, p.123) traz à tona a necessidade de recriar um sujeito pela lógica do ser vivo, fundando o pensamento na ausência de fundamento.
  • 3. Michel Serres, com suas reflexões, inspirou a teoria Ator-rede. Esta teoria Figura 2: Subjetividade segundo Bakthin e Peirce – Daniele Oli veira rompe com a relação dicotomica entre natureza e sociedade recuperando o papel dos objetos, do tecnológico, e entendendo a subjetividade como processo que não tem que ver, exclusivamente, que com humanos. Bakthin e Peirce, por sua vez, acentuam o caráter social da linguagem. Para eles, “o sujeito, mesmo na sua forma mais íntima, é um processo de semiose” (Colapietro, 1989, apud Santaella 2004). A definição de sujeito de Peirce comunga de valores descritos em sua definição de interpretante; conforme Santaella (2000, p. 63), “o signo não é um ente vazio e passivo, dependente de um ego individual, ao contrário, ele é capaz de determinar o interpretante porque dispõe do poder de gerá-lo. Interessante pensar nesta definição de subjetividade e na – assustadora e perversa conclusão a que ela induz: somos gerados pelos signos, dependentes proliferação deles em nós.
  • 4. Guattari e Deleuze juntam-se ao coro dos Figura 3: Subjetividade segundo Deleuze– Daniele Oli veira que cantam a reflexão de uma idéia diferente do eu. O primeiro escreve sobre o eu “polifônico”, de componentes múltiplos e heterogêneos; enquanto que o segundo usa a metáfora do labirinto, das dobras que juntas estabelecem coisas diferentes. Muito embora sejam belas e profundas as reflexões da ciência sobre o “eu”, as mídias, colocando-se do outro lado do patamar das reflexões, povoam o imaginário popular com “miragens do ego” (Santaella, 2004, p. 125). O corpo que aparece é estigmatizado, carregado de “adornos”, difuso. Um corpo padronizado, ditado pelas instituições. Assim, prende-se o “ego” em imagens intangíveis de si mesmo. Imagens de um espelho distorcido e surreal; um espelho perverso, que assombra pela certeza de que nunca mostrará a imagem do que é de fato real. Tire o seu piercing do caminho, que seu brilho ofusca o que de fato pode ser ver do “eu”. Tire-o. Que a dor quer passar e existir.