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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – Uninove
Diretoria de Educação
Curso de História
Jhenyfer Batista Rosa
Título
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR
FERNANDES (1968-1978)
São Paulo
Dez/2014
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – Uninove
Curso de História
Jhenyfer Batista Rosa
Trabalho de Conclusão de curso, entregue à
Universidade Nove de Julho, para a obtenção do
grau de formação do curso de Licenciatura em
História, sob a orientação da Professora Ms. Gislene
Lacerda.
São Paulo
2014
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a minha mãe Cecília, pelo amor, incentivo e
apoio incondicional e por sempre estar presente na minha vida e na minha
formação como pessoa digna de lutar pelos meus objetivos. Ao meu avô Joel,
esse sim, tem muito agradecer, pois sem ele jamais seria uma pessoa de bem
e de valores pessoais. Através do seu amor e dedicação e que sempre lutou
para criar os netos como fossem seus filhos. Dedico esse TCC, a esse homem
de bem, que me deu a melhor infância e o melhor natal, muito desses
passamos com dificuldade, mas nunca deixou faltar o nosso presente de natal
que era sempre esperando no final do ano. Meu avô ao longo da minha vida
me incentivou pelas leituras e até mesmo por jornal, confesso quando era
criança não gostava muito, hoje vejo quanto tudo isso foi importante para
minha vida.
Agradeço aos meus irmãos, Cintia, Joel, Gerson, Otavio e Luiz, apesar
das diferenças de ideias foram pessoas importantes para minha qualificação
pessoal, especialmente a minha irmã Cintia por ter me dado um ‘empurrão’
para a faculdade.
Sou grata aos meus amigos de faculdade, Aline, Asdra, João e Marcelo,
foram muito tempo juntos, aprendi muito com vocês, desde início até termino,
amizade para sempre, quero levar essas pessoas por toda minha vida.
Não poderia deixar de ser grata a uma pessoa que entrou na minha vida,
somente para somar, Emerson Mathias. Não conseguiria fazer esse trabalho
sem ele, foi uma pessoa fundamental que me ajudou inúmeras vezes sobre
trabalhos acadêmicos até mesmo conselhos sobre o tema tratado aqui.
Agradeço de coração. Você sabe quanto sofreu comigo e quantas vezes
revisou tudo que havia escrito, me puxou as “orelhas”, tudo isso foi válido
porque acreditou no meu potencial.
Agradeço a esta universidade, seu corpo docente, direção e
administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte
superior e a confiança no mérito ética aqui presente, meus sinceros
agradecimentos aos meus queridos e queridas professores, Cristina, Kátia
Quenez, Lucio Menezes, Roberto Caresia, Enidelci Bertin, Juliano Sobrinho,
Geraldo Alves, Elaine Lourenço, Saveiro Lavorato, é meu querido e amado
professor Éber Lopes.
Não esquecendo a minha orientadora Gislene Lacerda, pelo suporte no
pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos, agradeço por
acredita que seria capaz de refazem esse trabalho em tão pouco tempo, por
causa desse seu empenho descobri que sou capaz de muito mais.
Agradeço ao ilustre ex presidente Inácio Lula Da Silva (PT), e o atual
Presidente Dilma Roussef, do mesmo partido, pela bolsa de estudo, sem isso
não seria possível ter chegado até aqui.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação.
O meu muito obrigado!
Jhennifer Batista Rosa
Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Milton Nascimento
Resumo
Os anos de 1960 foi um período em que o movimento feminista tomou
grande impulso, juntamente com o grande número de manifestações sociais
tanto no Brasil em quanto outros lugares do mundo, em nesse sentido que este
trabalho busca discutir como a mulher é retratada na crônica de Millôr
Fernandes na veja no período AI-5. Movimento feminista. Nesse sentido, na
presente pesquisa, analisar a revista Veja como objeto e fonte histórica, desde
sua fundação em 1968 pela editora abril, foram utilizados um espaço
significativo para discurso feminista. Seguindo uma perspectiva de gênero e
levando em consideração o cenário de ditadura e de emergência da 2ª onda
feminista, pretendo perceber que modelos de feminismo foram propagados por
Veja, mais especificamente na coluna de humor de Millôr Fernandes, jornalista,
chargista e humorista, costuma ser uns do nome mais lembrado durante
ditadura civil e militar, ao longo dos 16 anos que fez parte da equipe da revista,
fez do feminismo um objeto de riso e de crítica. Para isso farei uso do método
da análise do discurso, tendo em vista a complexa e rica relação que essa
metodologia propõe para se pensar discurso e história. O Brasil estava em um
período de intensa e forte cesura repressão, o feminismo era mal visto no
Brasil pelos militares e a esquerda, pela sociedade sexista que se expressava
tanto entre os generais de plantão como em uma esquerda intelectualizada,
esse trabalho tem com base principal analisar a coluna de Millôr Fernandes no
período da ditadura militar. Millor recheou as páginas da revista com críticas
ácidas e, com frequência, muito mal recebidas pela censura. Para isso meu
objetivo análise global da produção do jornalista, mas uma análise bastante
específica que, do ponto de vista dos estudos de gênero, pode render bons
frutos: a análise dos discursos sobre feminismo produzidos pelo desenhista,
humorista, dramaturgo e escritor durante sua trajetória na revista Veja.
Abstract
The 1960s was a period when the feminist movement took great boost,
along with the large number of social events in Brazil as in other parts of the
world, in this sense that this paper seeks to discuss how women are portrayed
in chronic Millor Fernandes in see in AI-5 period. Feminist movement. In this
sense, the present research, analyze Veja magazine as object and historical
source, since its founding in 1968 by the publisher in April, were used a
significant space for feminist discourse. Following a gender perspective and
taking into account the dictatorship scenario and emergency 2nd wave
feminism, I want to realize that feminism models were propagated by See,
specifically in the humor column of Millor Fernandes, journalist, cartoonist and
humorist, often a name most remembered for civil and military dictatorship over
the 16 years that was part of the magazine's staff, made of feminism a laugh
and critical object. For this I will use the method of discourse analysis, with a
view to complex and rich relationship that this methodology proposes to think
about discourse and history. Brazil was in a period of intense and strong
caesura repression, feminism was taboo in Brazil by the military and the left,
sexist society that expressed both between duty generals as an intellectualized
left, this work is based leading analyze the Millôr Fernandes column during the
military dictatorship. Millor has filled the pages of the magazine with stinging
criticism and often very badly received by the censorship. For this my overall
objective analysis of the production of the journalist, but a very specific analysis
that from the point of view of gender studies, can yield good fruit: the analysis of
discourses on feminism produced by designer, comedian, playwright and writer
during his career See the magazine.
Introdução
A década de 1960 foi um período em que o movimento feminista tomou
grande impulso, juntamente com o grande número de manifestações sociais
tanto no Brasil como em outros lugares do mundo; é nesse sentido que este
trabalho buscou discutir como a mulher é retratada na crônica de Millôr
Fernandes na Revista Veja no período em que vigorou o AI-5. De acordo com
CRESCÊNCIO (2012) estudar a mulher nesse período por meio da luta
feminista, é muito importante para historiografia, a luta feminista não aconteceu
somente no ano de 1968, esse movimento aconteceu nos Estado Unidos e em
vários países, influenciando o Brasil. Mulheres de épocas anteriores já haviam
lutado contra a dominação masculina e o patriarcado de uma maneira geral,
revoltando-se com a baixa instrução que lhes era destinada, exigindo o direito
de votar e mais participação política, entre outras coisas. Mas 1968 foi um ano
barulhento e, para serem ouvidas, as mulheres precisavam fazer barulho,
quando falamos em feminismo, vem somente a mente das pessoas mulheres
queimando sutiãs.
De acordo com TELES (1993) em São Paulo o movimento feminista data
de 1975, proclamado “Ano Internacional da Mulher” pela ONU. Neste ano
ocorreu o 1º Encontro das Sociedades Amigos de Bairros (SaBs), onde foram
discutidos problemas relacionados à assistência materno-infantil. Foi aprovada
nesse encontro uma moção no sentido de constituir uma comissão para
estudar os problemas que afetam as mulheres. Os temas escolhidos foram:
saúde, educação e direitos da mulher (como os da mãe solteira, por exemplo).
Diversas sociedades de bairro foram criadas e muitos encontros ocorreram até
os anos 80 para discutir assuntos relacionados à mulher. Essas militantes
formaram o "Jornal Brasil Mulher", que retratava a atividade na periferia. A
mulher de São Paulo nesse contexto, conscientiza-se dos seus direitos ao lado
das demais mulheres brasileiras, com vista à igualdade de condições
socioeconômicas e jurídicas entre homens e mulheres. Contudo, foram
formados vários movimentos de mulheres feministas ou não, em prol de
direitos específicos para as mulheres e de aspectos gerais, ligados a sociedade
como um todo, ou seja, a participação ativa da mulher na sociedade teve várias
facetas. As feministas lutavam por igualdade de direitos entre homens e
mulheres, nos campos político, jurídico e social. Já a luta feminina estava mais
alinhada à mulher como mãe e esposa que exerce sua cidadania, buscando
creches, união nas famílias, paz, questionando problemas socioeconômicos.
Sobretudo, as duas facetas de luta foram extremamente importantes no
processo de emancipação e consolidação de direitos específicos das mulheres
brasileiras.
O movimento feminista passa, então, a exercer um fator determinante
nesse processo, e hoje se subdividi em vários grupos, tais como o movimento
das mulheres negras, das universitárias, das lésbicas entre outros. Entretanto,
ainda se constata elevado número de preconceito para com a condição da
mulher dentro de uma sociedade classificada coma machista.
De 1945 a 1964, durante os 19 anos do período democrático-
constitucional, nasceram diversas organizações feministas e femininas no
Brasil, como a Federação das Mulheres do Brasil, Comitê das Mulheres pela
Anistia, (que posteriormente se transformou em Comitê das Mulheres pela
Democracia no período ditatorial), Associação Feminina do Distrito federal, que
foi fechada por Juscelino Kubitschek e ainda a Liga Feminina do Estado da
Guanabara. Sobretudo, essas organizações femininas lutaram por questões
gerais, problemas nacionais e que em algum nível interessavam a elas como
donas de casa e cidadãs conscientes, como a anistia, a paz, o monopólio
estatal do petróleo e a carestia. Contudo, vale observar esse momento da luta
das mulheres como uma luta de mulheres de classe média e não das mulheres
em geral, que nas classes baixas estavam extremamente preocupadas com o
sustento de suas famílias, sendo o tempo algo escasso. Entretanto, todas as
vitórias no campo dos direitos das mulheres trabalhadoras, atingiram
exatamente essas mulheres de classe baixa.
Para TELES (1993) a luta começou ainda no anos 1970, nos bairros
onde grupos de mães e donas-de-casa organizadas em clube de mães,
associações de amigos de bairros começaram a se movimentar, mas mesmo
antes se construir como movimento organizado estas mulheres já despertaram
atenção do militares que faziam vigilância. Ainda segunda a autora, as
preocupações dos militares foram as cartas públicas lidas nas paróquias onde
as mulheres frequentavam as missas dia de domingo, nessas cartas elas
falavam do custo de vida e os baixos salários e da creche. Esses grupos de
mães chegaram até ir algumas autoridades exigir providencias, mas elas foram
mal recebidas e muitas vezes a polícia infiltrados passado a rodar suas
comunidades que moravam.
De acordo com MORAES (1999) o olhar do agente sobre o movimento
feminista, todas as atividades envolvendo os movimentos que aconteciam
foram acompanhados de perto pelos agentes do DEOPS-SP, eles infiltravam-
se nos eventos, um desses acontecimentos foi o 1º Encontro para diagnostico
da mulher paulista, nesse encontro estava nas mesas-redondas para seguintes
temas, O Ato Internacional da Mulher, a Mulher e a saúde, a mulher e a
participação na sociedade entres outros temas abordado entre elas esse
debate aconteceu durante a semana de 13 a 20 de outubro de 1975. Como
destaque nas observações realizadas pelo agente e por uma das líderes no
auditório, Terezinha de Godoy Zerbini1, do movimento feminista pela Anistia,
que já vinha sendo acompanhado pelos serviços de informações do
DEOPS/SP; como mostra seguinte comentário do agente que estava
monitorando os eventos:
Como já é do conhecimento dessa chefia, Terezinha tem
estado em todos os ciclos de conferências, dando a sua
participação ativa em prol da campanha de anistia. Em
seu discurso, discorreu sobre suas atividades “justas” em
prol da concórdia nacional, citando jocosamente o regime
de “exceção” em que vivemos.2
Apesar do discurso da esquerda a favor do movimento feminista na
prática continuava sendo machista, isso fica claro com infiltrações de agentes
nos movimentos, muitas vezes mais de um agente, sem que um tivesse
conhecimento do outro, os militares queriam fazer uma comparação nos
relatórios apresentados ao DEOPS.
Fica evidente que através de parte da história que as mulheres
estiveram à frente do movimento, não somente cultural, mas também político, e
sua contribuição ao longo do tempo foi significativa, para explicar e
revidencializar sua historiografia, a mulher deixou de ser apenas esposa e mãe
dona do lar do século XX, mas buscou seu respeito, aceitação e a valorização
do papel de mãe.
Muitas mulheres participaram ativamente da ditadura militar. Entre 1970
e 1980, o movimento das mulheres defendeu a Redemocratização do país. A
1 Dona Therezinha Godoy Zerbini - esposa de um general e cunhada do Dr. Euclides Zerbini,
um salvador de vidas, pioneiro dos transplantes de coração no Brasil – fundou o Movimento
Feminino pela Anistia, a foi uma das maiores defensoras dessa causa no Brasil. Disponível
<http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2013/11/terezinha-zerbini-o-militar-nacional-e.html> em:
12/mar/2014.
2 DEOPS/SP, DAESP. 21-Z-14, n,459, produzido em 14/10/1975. In: MORAES, Letícia Nunes
Góes. Agentes infiltrados no movimento feminista brasileiro
partir de 1977, o movimento feminista passou a seguir outras tendências,
algumas voltadas para a discriminação do aborto ou a equiparação profissional
com os homens. Muitas mulheres conseguiram conquistar postos de trabalho,
antes só ocupados por homens, como cargos políticos, por exemplo. Com a
crise familiar da sociedade, muitas passaram a exercer o cargo de chefe de
família. A mulher sempre foi considerada como o outro pelo homem e não
como o semelhante.
Seguindo uma perspectiva de gênero e levando em consideração o
cenário da ditadura civil militar e da segunda onda feminista, pretendemos
perceber como era visto e veiculados pela Revista Veja, mais especificamente
na coluna de humor de Millôr Fernandes, jornalista, chargista e humorista.
Millor Fernandes costuma ser um dos nomes mais lembrado durante ditadura
civil militar, ao longo dos 16 anos que fez parte da equipe da revista, fez do
feminismo um objeto de riso e de crítica.
O Brasil estava em um período de intensa e forte censura e repressão
(AI5), o feminismo era mal visto no Brasil pelos militares e a esquerda, pela
sociedade conservadora sexista que se expressava tanto entre os generais de
Platão como em uma esquerda intelectualizada.
Esse trabalho teve com base principal analisar a coluna de Millôr
Fernandes no período da ditadura militar, especificamente no período onde
vigorou o Ato institucional número cinco (AI5). Millôr recheou as páginas da
revista com críticas ácidas que foram frequentemente mal recebidas pela
censura. Para isso analisamos sua coluna de humor de uma maneira
específica procurando pontos de vista dos estudos de gênero e como isso era
e pode ser entendido no contexto histórico estudado sobre os discursos
feministas produzidos pelo desenhista, humorista, dramaturgo e escritor Millôr
Fernandes durante sua trajetória na revista Veja.
1. Millôr Fernandes e seu percurso até a Revista Veja
De acordo com CRESCÊNCIO (2012) Millôr Fernandes nasceu no Rio
de Janeiro em 1924. Pouco tempo após o seu nascimento o pai faleceu e o
nível econômico da família caiu bruscamente. Aos 14 anos, já começou a
trabalhar como jornalista, em 1944 ingressou na gráfica O Cruzeiro, como
jornalista da revista. Em pouco tempo progrediu na carreira, ganhando prestígio
e dinheiro. Em 1964 fundou o jornal alternativo O Pif Paf, que durou pouco,
mas a experiência foi repetida com a fundação d’O Pasquim em 1969.
Paralelamente a essas atividades, Millôr Fernandes expôs desenhos no Masp,
escreveu peças que enfrentaram o problema da censura e traduziu uma porção
de outras vindas do exterior. O humorista, colunista, escritor, teatrólogo,
chargista, ao narrar sua trajetória, ignora o período no qual esteve trabalhando
na revista veja.
Millôr Fernandes tem dedicado sua carreira para fazer ataque ao
movimento feminista, desde 1960, o colunista, chargista usa do método
crônica, charges ou até mesmo texto corrido para atacar o movimento, o
humorista tem métodos como humor para enfatizar seus pensamentos,
explorando risos, para poder atacar as feministas. Em 1971, afirmava com suas
palavras “O maior movimento feminino ainda é o dos quadris”, dizia Millôr
Fernandes. Depois de escrever mais de 800 páginas em suas colunas na
revista, Millôr contribuiu mais de 14 anos na Revista Veja. Millôr Fernandes foi
um jornalista considerado inteligente por muitos intelectuais o modo que
ironizava em sua coluna e em tudo que no seu ponto de vista não era coerente,
uma figura pública com gênio forte, fez inimizade dentro da própria Revista
Veja, mas nunca seus trabalhos foram questionados pela Revista.
.
1.1. Revista Veja e o casamento com Millôr Fernandes
Para CRESCÊNDIO (2012) a Revista Veja foi fundada em 11 de
setembro de 1968. Era um projeto de 1960, que por conta da crise política do
ano de 1961 foi fundada pelo grupo abril que era comandado por Victor Civita e
seu filho Roberto Civita. A revista foi inaugurada tendo uma das maiores
campanhas publicitárias da época e se sustentava tirando seu lucro nas
propagandas e tinha um papel fundamental traçado pela Editora Abril que
propunha um papel inovador, sobretudo, uma formação de novas atitudes,
influenciando hábitos da nação, aguçando a curiosidade, avivando seus
interesses e aprofundando sua cultura. Segundo CRESCÊNCIO (2012) entre
suas características a Revista Veja apresentava uma temática diferenciando-a
dos jornais pela qualidade do papel, uma liberdade maior no uso de cores em
suas impressões lembrado que a revista foi fundada na ditadura civil militar.
Mas não teve muita interferência nesse período escapando da censura da
época sempre com cuidado em suas palavras e referências, assim conseguia
influenciar aos poucos cada leitor. Boa parte da grande imprensa vivia de
publicidade e não de vendas como característico da imprensa alternativa, já
que maior parte dos leitores da revista veja era de classe média. De acordo
com CRESCÊNCIO (2012) é pertinente levar em consideração as edições de
Veja com páginas repletas de árvores símbolo da Editora Abril, mostrando que
a censura atuou também sobre ela, mesmo que essa não conservasse a
postura opositora de jornais alternativos, como era o caso d’O Pasquim. Millôr,
inclusive, é identificado como o responsável pelo retorno da censura à revista.
É importante termos em mente que a Revista Veja, no contexto capitalista
empresarial, buscava crescer como empresa, ao contrário do que ocorre com
os jornais alternativos que, eminentemente contestadora da ordem vigente,
geravam seus lucros através das vendas, construindo um outro tipo de relação
com o aparelho do Estado. O Pasquim em 1969. Inaugurado em um dos
momentos mais tensos da ditadura brasileira, um ano após a decretação do
AI5, o alternativo prometia inovar dentro da própria imprensa alternativa.
Após a fundação do O Pasquim em 1969, por Millôr, ano que o Brasil
estava e um período de intensa e forte censura e repressão. A autora Andréa
Queiroz, corrobora com essa afirmação:
O Pasquim possuía uma linguagem diferente dos outros
alternativos da época a principal ideia era dar voz a uma
intelectualidade boêmia da zona Sul do Rio de Janeiro,
mas sem um engajamento político-partidário. Era um
grupo interessado em contestar o conservadorismo da
classe média, da qual eles mesmos faziam parte, como
também criar um canal de debate e oposição à ditadura
civil-militar (1964-1985). (QUEIROZ, 2011, p. 8).
O feminismo no Brasil nunca teve maior aceitação, tanto da esquerda
quanto dos militares, até mesmo a própria sociedade que estava visualizando
esse movimento por fora, viam de uma forma diferente, pois acreditava que
fosse um movimento separatista.
Com a vinda ao Brasil da ativista Betty Friedan, 1971, na intenção de
fazer divulgação “A Mística” feminista, a autora sofreu várias críticas na coluna
de Millôr Fernandes, que fez critica acida para autora. “(...) Betty Friedan – Muito
aplicada; tem, porém, a estranha mania de querer ser o homem mais importante do
país” (FERNANDES, 1975 apud ZUCCO, 2005, p. 8).
Para consolidar-se, o movimento feminista teve que enfrentar muitos
preconceitos, da sociedade patriarcal que tinha um pensamento machista
obrigando a mulher viver para outros, e abnegar-se completamente a viver
somente para a família o jornal O Pasquim, no qual a atitude “machista” se
manifestava, conforme observou Bernardo Kucinsky:
Mas, no Brasil, o feminismo ainda era tratado com
desdém e mesmo chacota, inclusive por O Pasquim, que
faziam gênero do jornal machista como parte de postura
geral anti classe - especialmente através dos artigos de
Ivan Lessa, Ziraldo e Paulo Francis. Frequentemente
associavam feminino a frustração sexual.
(KUCINKT,1991, p.78).
Mas não foram somente os militares que o movimento feminista precisou
enfrentar, teve muitas dificuldades para ser aceito, inclusive entre as
organizações de esquerda. Maria Amélia Teles considera que:
As mulheres foram incorporadas aos movimentos de
esquerda, tanto no campo como na cidade. Mas essas
organizações relutaram a mulher militante de maneira
mais adequada ao que ele vinha desempenhado nas
diversas áreas da vida social e econômica, talvez por
considerarem que as ações guerreiras só diziam respeito
aos homens. (...) A falta de compreensão da importância
da participação da mulher na transformação da
sociedade talvez tenha sido o fator determinante. O
relacionamento distante dessas organizações com os
vários segmentos sociais, devido ao constante esquema
repressivo e mesmo ao comportamento dogmático delas,
impedia que enxergassem a ampliação das atividades
femininas. De fato, as mudanças sócias eram pouco
percebidas por essas organizações, que atuavam
influenciadas por idéias conservadoras, particularmente a
respeito das mulheres. (TELES, 1993, p. 64 apud
CRESCÊNCIO, 2012, p.
O Pasquim geralmente fazia perseguição a essas feministas e seus
movimentos, Millôr Fernandes, acreditavam que lesbianismo é outra
associação comum feita ao feminismo. Rose Marie Muraro, ativista do
movimento fala também em sua memória da luta pela fundação do feminismo
no Brasil e do preconceito que sofreu por parte do colunista.
Célia Regina jardim Pinto vai identificar os maiores problemas que o
feminismo estava passado naquela época, tentado buscar seu espaço na
sociedade brasileira.
[...] o feminismo era mal visto no Brasil, pelos militares,
pela esquerda, por uma sociedade culturalmente
atrasada e sexista que se expressava tanto entre os
generais de plantão como em uma esquerda
intelectualizada cujo melhor representante era justamente
o jornal Pasquim, que associava uma liberalização dos
costumes a uma vulgarização na forma de tratar a mulher
e a um constante deboche em relação a tudo que fosse
ligado ao feminismo. (PINTO, 2003, p.64).
Ficou evidente nas citações que foram demonstradas, a 2ª onda do
feminismo brasileiro enfrentou inúmeras barreiras para consolidar seus
interesses, várias reuniões das feministas foram acompanhadas de perto pelo
olhar atento doas agentes do DEOPS/SP. Um desses acontecimentos foi o I
Encontro para Reorganização do Movimento Feminino para diagnostico da
Mulher Paulista, devidamente relatado:
Levamos ao conhecimento dessa chefia que, realizou-se
ontem, dia 13/10/75, o início do CICLO DE
CONFÊRENCIAS denominado I ENCONTRO PARA
DIAGNOSTICO DA MULHER PAULISTA, patrocinado
pelo centro de informações Do Rio de Janeiro
(subordinado á ONU) e cúria Metropolitana de SÃO
Paulo, numa promoção comemorativa do Ano
internacional da Mulher.3
3
DEOPS/SP, Daesp.21-14,Nº.459, SD arquivamento, produzido em (14/10/75).
GOLDBERG (1987) vai dizer em seu trabalho escrito, “no Brasil a
modernização e o processo político não permitiram a emergência de um
movimento de liberação as mulheres como ocorreu em países liberais
avançados no mesmo período”. O movimento feminista do Brasil foi parecido
com da Inglaterra, pois se dividiam em grupos, as divisões mais distintas eram
femininas e as feministas, sobretudo o Brasil demorou muito mais tempo para
as feministas rompe esse padrão marxista que até hoje prevalece na nossa
sociedade.
A Postura de Millôr Fernandes, não era diferente de muitas pessoas na
época, o colunista tinha o pensamento, preconceito e usava de meio da
provocação ao movimento ou contra o método da luta, ridicularizando a
feminista como um tipo de “mulher mal amada”, despida de encantos
femininos, cuja frustração se exprime a inveja que a mulher tem dos homens,
Freud, também corroborava com a mesma pensamento, que a mulher tinha
inveja do órgão genital do homens, todas essas mentalidades só prejudicou as
feminista em separa as mulheres dos homens, afetado a harmonia conjugal e
a unidade de ambos os sexos no empenho comuns.
2. O feminismo nas charges de Millor
Para podemos entender qual a posição tomada por Millor Fernandes em
relação ao movimento feminista no Brasil, antes é necessário compreendermos
o entendimento do escritor sobre a definição de machismo. Só assim, podemos
analisar as suas charges críticas e humor sobre o feminismo. No ano 2002, foi
publicado Millôr definitivo, a bíblia do caos, a obra traz relato da sua própria
autoria seus pensamentos sobre reivindicações do movimento feminista, e
seus pensamentos sobre esse tema. Millôr vai destacar:
O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris.
(Esta frase, homenagem à mulher menina moça de
Ipanema, entre os treze e os dezoito anos, cujo balanço
ao andar é uma glória que nenhuma ideologia feminista
conseguirá ofuscar, foi tomada pelas feministas – ai, meu
saco! – como ‘machista’. Pra começo de conversa
trocaram, por pura ignorância, a palavra feminino por
feminista (a frase vira um trocadilho idiota), além de
entenderem e divulgarem a coisa como se eu,
grosseiramente, estivesse falando de movimentos dos
quadris na cama – não tenho nada contra (1971)
(FERNANDES, 2002, p. 230-231).
Ainda nessa mesma análise, Millôr Fernandes vai descrever o seguinte
aspecto:
As feministas deviam protestar. Pelo número
inacreditável de comerciais de desodorantes femininos
que são exibidos na televisão, e pelas somas gigantescas
que se gastam nesses comerciais, as mulheres
brasileiras podem ser consideradas as mais fedorentas
do mundo. Bata em uma mulher hoje mesmo – amanhã
ela pode estar no poder. Hoje em dia, se você vai para a
cama já de pau duro, a liberada te rosna:
“Machista”!”(1981) (FERNANDES, 2002: 348).
Nessa análise Millor Fernandes foi extremamente sutil, pois ao começar
a frase com “As feministas deviam protestar”, ele intencionalmente nos dá o
benefício da dúvida, pois até parece que ele apoia e aceita os protestos das
mulheres sugerindo que elas deveriam protestar independente do motivo. Mais
em seguida, ele já nos dar indícios de sua real posição quando emenda a
próxima frase “Pelo número inacreditável de comerciais de desodorantes
femininos que são exibidos na televisão, e pelas somas gigantescas que se
gastam nesses comerciais, as mulheres brasileiras podem ser consideradas as
mais fedorentas do mundo”. Em outros momentos o colunista vai aborda outro
sentido da mesma mensagem de que as mulheres deveriam pensar em seu
comportamento, em quais caminhos ou estratégias estão usando para se alto
promover, deixando bem claro que não concorda com o exagero de comerciais
de desodorantes femininos e que na visão dele, esse, o mundo enxergava as
mulheres brasileiras como as mais fedorentas, e que as maiores responsáveis
por essa “visão mundial” eram as próprias mulheres. Aqui então se torna
evidente o grau de machismo do autor. Ao lermos a frase, podemos observar
que o autor já faz ataques mais fortes, e que na visão dele, o movimento
feminista que dizia buscar igualdade com os homens, na realidade busca
apenas uma “troca” de posições. As mulheres buscam então ser a “classe
dominante”, posição até então pertencente aos homens. O autor vai alem,
deixando a entender que as mulheres não teriam limites para alcançar o
objetivo proposto, e que era necessário tomar cuidado ao bater em uma
mulher, pois amanhã ela poderia estar no “poder”, estar na condição de
dominante.
O próprio Millor afirma sua posição e sua critica em relação ao
movimento feminista, onde acredita que o feminismo está apenas buscando a
troca de posições entre homens e mulheres e não a igualdade como
teoricamente seria o proposto. O autor vai além ao afirmar que o movimento
“usa” uma comparação com o machismo para se auto afirmar, que todas as
tomadas de decisão do feminismo estão ligadas ao machismo que as mulheres
sempre enfrentaram Millôr nunca se considerou marxista, mas dizia que cada
pessoa nasce para adequar o sistema da vida, que o papel da mulher era o
cuidado do lar e da educação da família, e isso era para sua própria proteção,
assim como os homens se casam sua obrigação ser progenitor da família. É
necessário esclarecermos e destacarmos que o movimento feminista pouco
dissertou sobre o machismo, em diversas biografias que puder analisar não foi
encontrado evidencia alguma em que aponta que o movimento feminismo tinha
como foco de combate o machismo, portanto, podemos chegar à conclusão
que Millor era extremamente machista e por ser uma pessoa muito culta, ele
jogava com as palavras, piadas e humor, e assim, procurava passar uma
imagem de que ele apenas colocava sua opinião, contrariando e
desvalorizando as ações do movimento e suas reais causas, e que em
momento algum posicionava-se como um homem machista.
2.1. O feminismo no olhar de Millôr Fernandes
Millôr Fernandes atacava frequentemente, o movimento feminista, com
suas colunas semanais, com humor danoso no O Pasquim usava uma arma
antifeminista uma violência que causou retrocesso aos interesses das
feministas. Rachel Soihet, vai dizer o seguinte:
[...] as mulheres em O Pasquim ficavam à mercê dos
misóginos de plantão que, sob o rótulo do “humorismo”,
terminavam por ridicularizar as atitudes de mulheres que
buscavam demarcar seus direitos. Aqueles, na verdade,
com essas atitudes, visavam reconstruir os estereótipos
da subordinação e domesticidade feminina. (SOIHET,
2005, p. 605).
Em suas colunas Millôr retrata o contexto político social de sua época,
faz ironias com fatos do cotidiano brasileiro, como exemplo, política, economia,
cultura e por muitas vezes sobre o movimento feminista. Suas crônicas
apresentam desenhos e caricaturas de personalidades, personagens e
instituições. Em seus textos apresenta um humor picante, irônico e sarcástico
onde faz críticas a diversos setores sociais, nessa estrutura o movimento
feminista tentava sobreviver tentado romper todo o sistema tradicionalismo
político socialista e comunista, Para o autor Moraes, o feminismo estava
representado uma grande potência revolucionária, varias autoras corroborava
chamado atenção para o movimento feminista. Como Alves e Pitanguy que vai
dizer que naquele momento estava surgido paradoxo:
O feminismo brasileiro nasceu e se desenvolveu em um
dificílimo paradoxo: ao mesmo tempo que teve de
administrar as tensões entre uma perspectiva
autonomista e sua profunda ligação com a luta contra a
ditadura militar no Brasil, foi visto pelos integrantes desta
mesma luta como um sério desvio pequeno-burguês.
(PINTO, 2003, p.45).
A esquerda tinha uma ideologia em rompe com a ordem do capitalismo,
com isso lutava contra ao movimento, pois havia certo receio ao crescente
desenvolvimento do movimento feminista que pudesse ser um risco para seu
próprio interesse, visto que o capitalismo se sustentava diferença forma de
opressão, o planeta desde sua origem se relaciona com o poder entre os sexos
e surge essa contradição das classes na sociedade, nessa perspectiva o
movimento tentava se romper dessa sociedade patriarcal.
BEAUVOIR (2009) discorre em sua obra sobre a condição da mulher na
sociedade, “não se nasce mulher, torna-se mulher”, ela traz uma análise
antropológica-filosófica onde constrói o conceito de que a mulher além da luta
feminista, da sua construção, formação e emancipação política e social por
meio destes movimentos ela possui um caráter intrínseco na mentalidade da
sociedade num processo de longa duração histórica onde está “adormecido” e
latente o patriarcalismo ainda em nossos dias.
Todo indivíduo que se preocupa em justificar sua
existência a sente como uma necessidade indefinida de
se transcender. Ora, o que define de maneira singular a
situação da mulher é que, sendo, como todo ser humano,
uma liberdade autônoma, descobre-se e escolhe-se num
mundo em que os homens lhe impõem a condição do
Outro. Pretende-se torná-la objeto, votá-la à imanência,
porquanto sua transcendência será perpetuamente
transcendida por outra consciência essencial e soberana.
O drama da mulher é esse conflito entre a reivindicação
fundamental de todo sujeito, que se põe sempre como o
essencial, e as exigências de uma situação que a
constitui como inessencial. Como pode realizar-se um ser
humano dentro da condição feminina? (BEAUVOIR, DS I,
1980, p. 23).
Nessa perspectiva podemos analisar o pensamento ainda retrógado
machista sobre o movimento feminista no Brasil, Millôr Fernandes ao longo de
sua carreira usava com seu sacarmos é humor para destacar sua idéia do
movimento, o humorista fazia parte de uma hierarquia na Revista Veja aonde
deveria presta conta a seus superiores, mas seu trabalho nunca foi
questionado pela própria Revista, antifeminista foi levada a frente pelo O
Pasquim que difundiu uma visão danosa ao feminista, Veja conhecida como
reacionária a favor do capital de uma hierarquia foi colaboradora de uma
empresa que atrasou as feministas, Millôr uns dos fundadores O Pasquim usou
de diferente discurso ridicularizar os movimentos feministas.
Ao longo da história vemos quanto às mulheres passaram por um
processo de aceitação na sociedade e as leis impostas pelo sistema, essas
mulheres sempre foram vistas por serem inferiores aos homens, muitos
séculos se passaram, houveram grandes mudanças, porém, a mentalidade
ainda é arcaica. As mulheres ao longo dos movimentos feministas foram
discriminadas pela sociedade, eram vistas como desordeiras e até
masculinizadas.
Segundo John Stuart Mill, em A sujeição das mulheres, a mulher não é
um ser inferior aos homens, mas apenas diferente dele, o autor, defende uma
forma de amizade conjugal baseada na igualdade.
“(...) as mulheres estão totalmente sujeita ás regras dos
homens, não tenho nenhum tipo de participação em
assunto públicos, e estando sob a obrigação legal de
obediência a com quem estão ligadas pelo destino, é
estado sob obrigação legal de obediência aos homens
com quem estão ligadas pelo destino, é a combinação
mais proveitosa para a felicidade e bem-estar de ambos
(...) em primeiro lugar, a opinião a favor do sistema atual,
onde o sexo mais frágil está totalmente subordinado ao
mais forte, está baseada somente na teoria, uma vez que
uma houve nenhuma experiência com cada um deles”
(MILL, 1869, p. 19).
Essas mulheres que foram consideradas sexo frágil perante a sociedade
patriarcal, lutaram pelos seus diretos que eram renegados as elas. Mas essas
feministas não se abalaram e lutaram contra a desigualdade, muitas delas
participaram ativamente contra a ditadura civil militar e civil. Cobraram cada vez
mais participação política assunto proibido para as mulheres, muitas delas
entraram nessas organizações.
TELES (1993) destaca a importância das mulheres brasileiras, que não
deixaram por menos, foram rebeldes a tirania da sociedade patriarcalista.
De acordo com TELES (1993) diversas feministas foram mortas ou ainda
se encontram na lista das desaparecidas, destacando alguns nomes como
exemplo:
Maria Ângela Ribeiro – morta a tiros pela polícia carioca anos,
assassinada no dia em 21/6/1968, quando da repressão ás manifestações de
rua realizadas nesse dia.
Alceri Maria Gomes da Silva - operária metalúrgica, 27 anos,
assassinada no dia 10/5/1970. Sua casa foi invadida por agentes dos órgãos
de segurança paulista e Alceri metralhada sumariamente juntamente com outro
militar, Antônio dos Três Reis de Oliveira.
Marilena Vilas - Boas Pintos – ferida e presa no tiroteio do dia 3/4/1971.
Marilena, mesmo ferida e sem receber cuidados médicos, foi conduzida ás
câmaras de tortura do DOI/CODI – RJ (Departamento de Operações e
informação/Centro de Operações e Defesa interna – RJ), e assassinada
algumas horas depois.
Lígia Maria Salgados Nóbrega – Estudante de Pedagogia da USP,
metralhada no dia 29/12/1972, quando a casa em que se encontrava foi
invadida por agentes do DOI/CODI – RJ.
Segundo TELES (1993) essas sufragentes, eram em sua grande maioria
médicas, dentistas, advogadas, escritoras, poetisas, pintoras, engenheiras
civis, funcionárias públicas, parentes de políticos entre outras, mesmo essas
sufragentes não escaparam da censura e violência. A sub representação social
das mulheres são faces da mesma moeda. As mulheres têm status social mais
baixo do que os homens, em decorrência de seu mais baixo status
ocupacional, a partir de 1977, o movimento feminista passou a seguir outras
tendências, algumas voltadas para a discriminação do aborto ou a equiparação
profissional com os homens. Muitas mulheres conseguiram conquistar postos
de trabalho, antes só ocupados por homens, principalmente em como cargos
políticos.
Para CRESCÊNCIO (2012) as charges de Millor Fernandes na Revista
Veja, provavelmente colaboraram para formação da mentalidade das pessoas
naquela época, lembrado que a Revista alcançava um público elitizado que
poderia ser considerado mais intelectual com maior formação cultural. Millôr,
como era conhecido pelas feministas tinha por característica chamar a atenção
com suas charges geralmente fazendo ataques ao movimento feminista
utilizando acontecimentos da época que buscavam ironizar as conquistas do
movimento. Interessante citar que em todas as suas colunas, Millor, variava em
seus ataques. Hora a política e seus políticos, hora o militarismo, o próprio
povo em sua cegueira intelectual mais em todas suas citações o autor sempre
introduz sua opinião crítica sobre o contexto político social em relação às
mulheres e ao feminismo. Hora de maneira sutil, hora de maneira muito direta,
sempre com humor e muita ironia. Ao longo desse processo podemos perceber
que o jornalista deixou uma rara documentação escrita que pode ser estudada
profundamente sobre o período histórico onde os movimentos feministas foram
intensos.
Imagem 1
Millôr – Charge – Millôr e o eterno masculino. Veja. São Paulo: Abril. n. 221, p. 14. 29
nov. 1972.
A primeira charge relacionada O Xadrez, encontrada na pagina 14, Millor
usa na animação duas mulheres, com biquina, uma deitada e a outra sentada,
supostamente fumando, ambas no mesmo espaço que aparenta ser uma
cama.
Millor começa a charge elogiando o jogo de xadrez, no qual o escritor
entitula de o jogo que esta cada vez mais presente na sociedade. “Reconhece
que o jogo exercita o poder da mente ajudando a aumentar a capacidade
intelectual das pessoas”.
Então, como sempre, Millor mostra seu lado machista e logo em seguida
ataca as mulheres afirmando que o xadrez é um jogo que mostra a
superioridade dos homens sobre os outros animais inclusive sobre a mulher
que segundo o autor joga muito mal, Millôr Fernandes, mostra sua ideia
egocêntrica e machista contas mulheres em sua fala xadres e jogo somente de
homens.
Nessa mesma página, o chagista faz outro ataque as feminista, a
imagem remente as duas mulhes aparetemente na praia pois elas se econtra
de biquini, uma delas parece estar fumando, Millôr começa ironizado com a
falar “Millôr o eterno masculino”, chamando bem atenção, para essa frase,
qual posição que humorista queria aborda com essa escrta, seria um ataque
para as feminista, a falar de uma das mulheres vai afirma:
“(...) Os homens brasileiros são mesmo uns porcos
chovinistas, olha que eu tenho diploma de datilografia, fiz
curso de enfermagem, estudei comunicação, estou no
segundo ano de sociologia da PUC e eles continuam me
olhando como objeto (...) eu tenho diploma de
datilografia, fiz curso de enfermagem, estudei
comunicação, estou no segundo ano de sociologia da
PUC e eles continuam me olhando como objeto sexual”
Para podemos entender essa fala, é preciso voltamos a entender essa
mentalidade da época, que somente no século XX, as mulheres conquistaram
espaço, mas a mentalidade ainda era considerada arcaica e preconceituosa,
Millôr Fernandes, atacas as mulheres dizendo que o movimento feminista não
alcançou tanta vitorias assim, que mesmo a mulher mais estudiosa ainda era
vista como objeto sexual.
3. Análise das charges
Nesta charge a imagem, não foi encontrada e talvez nunca tenha sido
analisada, n. 221, p. 15. 29 nov. 1972.
Nessa charge, o autor coloca uma mulher jovem e bonita já aos modes
da influencia do feminismo, cabelo curto, deitada em um sofa conversando com
o psicologo paretemente bebemdo algo. A mulher fala com propriedade,
dizendo que pode discutir o comportamento dela o qual ela julga estar correta,
um ser superior, que pode debater sobre qualquer assunto. No diálogo
podemos observar que a mulher esta segura, e se acha um ser superior. A
mulher conta com orgulho tudo que conquistou.
Ela vai dizer – “Bem, Alfredo, você pretende discurtii
racionalmente o que houve entreeu, uma mulher
plenamente consciente de suas prerrogativa femininas, e
Evaldo, um rapaz cujo comportamento soacial é
condicionado pela extraodinarias possibilidade e
êconomico da elite a que pertence mas abominar, ou
prefere continuar acreditando na versão deturpada de
uma emprensa corrupta e decadente, interressada
apenas no stato- Quo?
Millôr Fernandes, faz um ataque novamente usando dos artificios que as
mulheres adquiriu igualdade, mas mesmo com toda modernidade ainda não e
considerada um “ser” sem mentalidade, o jornalista inferiorizar a mulher, nesse
discuso que para chargista não tem nenhum sentido.
Já na imagem masculina, o que podemos ver é que o psicologo que
esta escutando a fala da mulher, não da importancia alguma, ao contrario o
jeito e as caracteristicas que a imagem estar representado nos leva entender
de que o homem não esta escutando nada do que a mulher esta falando e
ainda menosprezando todas aquelas fala que para ele são totalmente futeis.
Caracterisca da própria mentalidade do marchismo, Millôr já dizia que
mulher boa era mulher calada, reflexâo sobre a feminista que deveriam fazer
seu papel de mulher dona de casa, mãe e esposa.
Millor inicia outra coluna com o título “A vida seria extremamente
divertida se não fossem as diversões”.
Nesta crônica Millôr Fernandes destaca o contexto social do início da
década de 1970, faz ironias com a viagem do homem à lua, a situação política
internacional e com a corrupção na política brasileira. Nesta crônica cita Marisa
Urban (nascida em 1938, atriz, cantora e jurada de programa de Flávio
Cavalcanti) no contexto da crônica. Podemos levantar a hipótese que ela é
citada por ser uma mulher a frente do seu tempo (possivelmente feminista por
ser artista). Por exemplo, neste trecho;
“(...) a Caixa Econômica pode ser tudo, menos
econômica, barbeiros e manicuras continuam a lutar pelo
pão de cada dia a unhas e dentes (nos anúncios
classificados dos jornais) os astronautas conseguem
chegar são e salvos e vejo passar debaixo de minha
janela incólume e altaneira, amena, amena, amena, essa
palmeira altívaga que é Marisa Urban.”4
Outro trecho da crônica:
”O homem é mesmo um animal corrupto. Já a mulher
nem tanto, não é não, meu bem? Descubro,
repentinamente encantado, que a rua Bela, tem o quê?
Ora, naturalmente que uma fábrica de produtos de
beleza, e ouçam bem o que eu digo, amigas minha em
flor: Quem cala consente, e a falta de voz é a emoção de
consentir.”5
Millor diz que o homem é um animal corrupto mais a mulher nem tanto.
Novamente o escritor ataca as mulheres insinuando que não são corruptas
porque não possui capacidade intelectual.
Imagem 2
Millor. Veja. São Paulo: Abril n. 86, p. 13, 29 abr. 1970.
4 Revista Veja edição 86, ano 1970, abril, pg. 12.
5 Ibidem 4.
Essa charge mostra a imagem de duas pessoas nuas um homem e uma
mulher, da criação, no paraíso, retratando a cena em que a serpente engana
adão e Eva seduzindo-os a comer o fruto da arvore proibida, ao fundo da
imagem parece ser Deus cercado á arvore e teriam total pode, essa coluna de
Millôr Fernandes, ele não se utilizou quase nenhum texto sobre a imagem, fato
não muito comum do autor, isso possibilitar uma imaginação fértil de cada
pessoa que possa ter entendimento diferente sobre a charge.
Como conta a história os dois comem o fruto da arvore proibida e assim
por serem dominados pela ganância são punidos e expulsos do paraíso,
seriam uma crítica as mulheres que Millôr estava fazendo na charge já que usa
uma frase, Adão nós somos unisex, um significado que sirva para dois sexos, a
imagem mostra a suposta Erva com sorriso bem largo, mostrado estar feliz
querendo abraça o Adão, que parece na imagem não estar bem acomodado
naquela situação, já que Eva usa do termo unisex ao Adão. Eva (a mulher), ela
sim é ambiciosa, deseja poder, liberdade (referindo-se ao movimento
feminista), ela vai em direção de sua liberdade e come o fruto. No
entendimento do autor a mulher que desobedeceu a Deus e não o homem.
O humorista poderia estar fazendo uma crítica ao movimento feminista
que estava crescendo cada vez mais nesse ano é conquistado vário posto de
trabalho antes só ocupada pelos homens, por mais que o jornalista era contra
ao movimento feminista e diversas vezes fizeram ataques feros às feministas
ficam claro Millôr percebiam que ao longo da época as mulheres tiveram
avanço significativo.
Imagem 3
Millor. Veja. São Paulo: Abril n. 466, p.15. 10 ago. 1977.
Millor inicia sua coluna com um texto de título:
Deus fez homem. O homem ai construiu uma igreja e aprisionou Deus.
Mais uma vez chargista vai usar do artifício da imagem para chamar
atenção já que não se utiliza de nenhum texto, deixado para o leitor a
interpretação da imagem aparentemente. O homem está sentado no sofá
assistindo televisão e a mulher em pé atrás dele com uma arma em uma mão e
na outra passando em sua cabeça.
Então vem a frase: “E não adianta vir com agradinho não Catarina. Eu não dou
o divórcio”.
A partir da charge podemos perceber que Millôr, ironiza a sociedade
machista e faz uma alusão à luta das mulheres contra essa situação, seu
marido não te daria o divórcio, o humorista desenha um homem sossegado
deitado, usando os braços como apoio e assistindo tranquilamente a
televisão e nada. Mentalidade de uma sociedade patriarcalista e machista
onde a mulher não possui igualdade de direitos como o homem.
Outra informação que corroboramos com nossa análise, é que em 1977
é aprovada a lei do divórcio e de movimentos que se espalhavam pelo país e
que tinham como bandeira o tema "violência contra a mulher". A mulher se
engaja definitivamente na política, apesar de diversas discussões sobre o
divórcio na sociedade brasileira, ainda era considerada machista as mulheres
queriam se libertar muitas vezes da violência doméstica que há anos
sobreviveram caladas. As mulheres reivindicavam do direito ao prazer ao
prazer sexual é pela emancipação da mulher, isto significava não só o direito
de livre escolha do companheiro como direito de dissolver a união, se esta
deixa de proporcionar satisfação mútua, e o direito de realizar outra, com novo
companheiro. O divórcio sempre foi encarado pelo movimento feminismo com
bem necessário para garantir a auto realização de homens e mulheres. Sendo
a mulher a parte mais fraca no casamento, vítima frequente de brutalidade pelo
seu parceiro, o divórcio é particularmente importante para ela, como meio de
defesa infelizmente não são incomuns manifestações de machismo nas
camadas mais pobres como o espancamento da esposa pelo marido e a
violação de mulheres.
Considerações finais
Ao longo da história as mulheres foram consideradas como seres frágeis
pela sociedade arcaica e patriacalista. O feminismo dos anos vinte e trinta
enfatizava a compatibilidade entre o desempenho das funções de mãe e
esposa e o exercício de atividade políticas e profissional por parte das
mulheres.
O movimento feminista atingiu seu auge nas décadas de 1960 e 1970 e
obtiveram conquistas importantes e benéficas para as mulheres em diversos
setores da sociedade.
Enquanto o homem estava indo à lua, as mulheres estavam queimando
sutiã e conquistado seus direitos, muitas morreram para conquista seus
direitos, até hoje ainda vivermos em uma sociedade com reflexos do passado.
Millôr Fernandes com suas charges fazia críticas ao movimento
feminista, o humorista era bem conhecido das feministas que ao longo dos
anos que trabalhou na Revista Veja publicava em sua coluna um humor ácido e
irônico às vezes atacando os movimentos, outras criticando a sociedade
conservadora.
A Revista Veja tinha como público alvo de classe média incluía mulheres
com poder aquisitivo, exatamente aquelas que eram acusadas serem agente
do feminismo, permitiu que o movimento feminista da segunda onda recheasse
as colunas coloridas do escritor com essa exploração de Millôr sobre as
feministas trouxe também resultado benéfico tema de debate antes isso nem
era possível, o chargista faz uso do humor para falar da violência doméstica
contra as mulheres, muito dos seus trabalhos traz à tona esse problema que
não era bem conhecido pela imprensa.
Não há dúvida que os movimentos feministas derrubaram barreiras
sobre a divisão sexual do trabalho, crescendo o número de mulheres que
realizam o mesmo tipo que de atividade que os homens. Mas este fato não
revoga os preconceitos seculares quanto á inferioridade da mulher, que mostra
desigualdade que ainda se encontra presente na sociedade até os dias atuais,
que ainda as mulheres ganham menos que os homens mesmo tendo a mesma
qualificação profissional. A luta das mulheres pela igualdade contra a
discriminação e pelos seus direitos, embora já tenham progressos notáveis,
ainda se encontra no seu início. A mobilização parece ter atingido, em certos
setores um número restrito de mulheres, o movimento feminista no seio da
classe depende, em boa medida, da dinâmica social geral.
Ao desenvolver essa pesquisa analisei como humor de Millôr Fernandes,
tinham uma função informativa séria apesar de satíricas em suas entrelinhas. O
movimento feminista mobilizou mulheres engajadas por seus direitos, direito a
seu corpo, política e a igualdade de gênero, inclusive pela legalização do
aborto, um dos assuntos mais discutidos pelas feministas do século XXI.
Contudo a história contribuiu para uma maior compreensão do movimento
feminista, sua formação e sua luta refletindo seus desafios e conquistas até
nossos dias.
Referências bibliográficas
ALMEIDA, Maria Fernanda Lopes. Veja sob censura: 1968-1976. São Paulo,
Jaboticabal, 2009.
ALVES & PITANGUY. O que é feminismo. São Paulo, Brasiliense: 2006.
BEAUVOIR, Simonde de. O Segundo Sexo. Rio de janeiro, Nova Fronteira,
2009.
CRESCÊNCIO, Cintia Lima. Veja o feminismo em página (re) viradas (1968-
1989), dissertação / Cintia Lima Crescêncio; orientadora, Cristina Scheibe
Wolff. – Florianópolis, SC, 2012.
_____________, Cintia Lima. Movimento de quadris e movimentos feministas:
MILL, Stuart John. A sujeição das mulheres. São Paulo 2006. Editora Escala.
SP.
Millôr e feminismo (1968 a 1972). História: Debates, tendências – vol. 12, n.2,
jul. dez. 2012, p. 238 – 259.
MORAES, Letícia Nunes Góes. Agentes infiltrados no movimento feminista
brasileiro. São Paulo, 1999. Ed: Ática, SP.
SMITH, Anne Marie. Um acordo Forçado: o consentimento da imprensa à
censura no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve História do Feminismo no Brasil. São
Paulo 1993. Editora Brasiliense. SP.
Fontes:
http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2013/11/terezinha-zerbini-o-militar-
nacional-e.html
http://veja.abril.com.br/acervodigital/
Edição 06 – 11/09/1968 a edição 538 – 27/12/1978

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OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)

  • 1. UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – Uninove Diretoria de Educação Curso de História Jhenyfer Batista Rosa Título OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978) São Paulo Dez/2014
  • 2. UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – Uninove Curso de História Jhenyfer Batista Rosa Trabalho de Conclusão de curso, entregue à Universidade Nove de Julho, para a obtenção do grau de formação do curso de Licenciatura em História, sob a orientação da Professora Ms. Gislene Lacerda. São Paulo 2014
  • 3. Agradecimentos Agradeço primeiramente a minha mãe Cecília, pelo amor, incentivo e apoio incondicional e por sempre estar presente na minha vida e na minha formação como pessoa digna de lutar pelos meus objetivos. Ao meu avô Joel, esse sim, tem muito agradecer, pois sem ele jamais seria uma pessoa de bem e de valores pessoais. Através do seu amor e dedicação e que sempre lutou para criar os netos como fossem seus filhos. Dedico esse TCC, a esse homem de bem, que me deu a melhor infância e o melhor natal, muito desses passamos com dificuldade, mas nunca deixou faltar o nosso presente de natal que era sempre esperando no final do ano. Meu avô ao longo da minha vida me incentivou pelas leituras e até mesmo por jornal, confesso quando era criança não gostava muito, hoje vejo quanto tudo isso foi importante para minha vida. Agradeço aos meus irmãos, Cintia, Joel, Gerson, Otavio e Luiz, apesar das diferenças de ideias foram pessoas importantes para minha qualificação pessoal, especialmente a minha irmã Cintia por ter me dado um ‘empurrão’ para a faculdade. Sou grata aos meus amigos de faculdade, Aline, Asdra, João e Marcelo, foram muito tempo juntos, aprendi muito com vocês, desde início até termino, amizade para sempre, quero levar essas pessoas por toda minha vida. Não poderia deixar de ser grata a uma pessoa que entrou na minha vida, somente para somar, Emerson Mathias. Não conseguiria fazer esse trabalho sem ele, foi uma pessoa fundamental que me ajudou inúmeras vezes sobre trabalhos acadêmicos até mesmo conselhos sobre o tema tratado aqui. Agradeço de coração. Você sabe quanto sofreu comigo e quantas vezes revisou tudo que havia escrito, me puxou as “orelhas”, tudo isso foi válido porque acreditou no meu potencial. Agradeço a esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior e a confiança no mérito ética aqui presente, meus sinceros agradecimentos aos meus queridos e queridas professores, Cristina, Kátia Quenez, Lucio Menezes, Roberto Caresia, Enidelci Bertin, Juliano Sobrinho,
  • 4. Geraldo Alves, Elaine Lourenço, Saveiro Lavorato, é meu querido e amado professor Éber Lopes. Não esquecendo a minha orientadora Gislene Lacerda, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos, agradeço por acredita que seria capaz de refazem esse trabalho em tão pouco tempo, por causa desse seu empenho descobri que sou capaz de muito mais. Agradeço ao ilustre ex presidente Inácio Lula Da Silva (PT), e o atual Presidente Dilma Roussef, do mesmo partido, pela bolsa de estudo, sem isso não seria possível ter chegado até aqui. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação. O meu muito obrigado! Jhennifer Batista Rosa
  • 5. Maria, Maria É um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece Viver e amar Como outra qualquer Do planeta Maria, Maria É o som, é a cor, é o suor É a dose mais forte e lenta De uma gente que ri Quando deve chorar E não vive, apenas aguenta Mas é preciso ter força É preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria Mistura a dor e a alegria Milton Nascimento
  • 6. Resumo Os anos de 1960 foi um período em que o movimento feminista tomou grande impulso, juntamente com o grande número de manifestações sociais tanto no Brasil em quanto outros lugares do mundo, em nesse sentido que este trabalho busca discutir como a mulher é retratada na crônica de Millôr Fernandes na veja no período AI-5. Movimento feminista. Nesse sentido, na presente pesquisa, analisar a revista Veja como objeto e fonte histórica, desde sua fundação em 1968 pela editora abril, foram utilizados um espaço significativo para discurso feminista. Seguindo uma perspectiva de gênero e levando em consideração o cenário de ditadura e de emergência da 2ª onda feminista, pretendo perceber que modelos de feminismo foram propagados por Veja, mais especificamente na coluna de humor de Millôr Fernandes, jornalista, chargista e humorista, costuma ser uns do nome mais lembrado durante ditadura civil e militar, ao longo dos 16 anos que fez parte da equipe da revista, fez do feminismo um objeto de riso e de crítica. Para isso farei uso do método da análise do discurso, tendo em vista a complexa e rica relação que essa metodologia propõe para se pensar discurso e história. O Brasil estava em um período de intensa e forte cesura repressão, o feminismo era mal visto no Brasil pelos militares e a esquerda, pela sociedade sexista que se expressava tanto entre os generais de plantão como em uma esquerda intelectualizada, esse trabalho tem com base principal analisar a coluna de Millôr Fernandes no período da ditadura militar. Millor recheou as páginas da revista com críticas ácidas e, com frequência, muito mal recebidas pela censura. Para isso meu objetivo análise global da produção do jornalista, mas uma análise bastante específica que, do ponto de vista dos estudos de gênero, pode render bons frutos: a análise dos discursos sobre feminismo produzidos pelo desenhista, humorista, dramaturgo e escritor durante sua trajetória na revista Veja.
  • 7. Abstract The 1960s was a period when the feminist movement took great boost, along with the large number of social events in Brazil as in other parts of the world, in this sense that this paper seeks to discuss how women are portrayed in chronic Millor Fernandes in see in AI-5 period. Feminist movement. In this sense, the present research, analyze Veja magazine as object and historical source, since its founding in 1968 by the publisher in April, were used a significant space for feminist discourse. Following a gender perspective and taking into account the dictatorship scenario and emergency 2nd wave feminism, I want to realize that feminism models were propagated by See, specifically in the humor column of Millor Fernandes, journalist, cartoonist and humorist, often a name most remembered for civil and military dictatorship over the 16 years that was part of the magazine's staff, made of feminism a laugh and critical object. For this I will use the method of discourse analysis, with a view to complex and rich relationship that this methodology proposes to think about discourse and history. Brazil was in a period of intense and strong caesura repression, feminism was taboo in Brazil by the military and the left, sexist society that expressed both between duty generals as an intellectualized left, this work is based leading analyze the Millôr Fernandes column during the military dictatorship. Millor has filled the pages of the magazine with stinging criticism and often very badly received by the censorship. For this my overall objective analysis of the production of the journalist, but a very specific analysis that from the point of view of gender studies, can yield good fruit: the analysis of discourses on feminism produced by designer, comedian, playwright and writer during his career See the magazine. Introdução A década de 1960 foi um período em que o movimento feminista tomou grande impulso, juntamente com o grande número de manifestações sociais tanto no Brasil como em outros lugares do mundo; é nesse sentido que este trabalho buscou discutir como a mulher é retratada na crônica de Millôr
  • 8. Fernandes na Revista Veja no período em que vigorou o AI-5. De acordo com CRESCÊNCIO (2012) estudar a mulher nesse período por meio da luta feminista, é muito importante para historiografia, a luta feminista não aconteceu somente no ano de 1968, esse movimento aconteceu nos Estado Unidos e em vários países, influenciando o Brasil. Mulheres de épocas anteriores já haviam lutado contra a dominação masculina e o patriarcado de uma maneira geral, revoltando-se com a baixa instrução que lhes era destinada, exigindo o direito de votar e mais participação política, entre outras coisas. Mas 1968 foi um ano barulhento e, para serem ouvidas, as mulheres precisavam fazer barulho, quando falamos em feminismo, vem somente a mente das pessoas mulheres queimando sutiãs. De acordo com TELES (1993) em São Paulo o movimento feminista data de 1975, proclamado “Ano Internacional da Mulher” pela ONU. Neste ano ocorreu o 1º Encontro das Sociedades Amigos de Bairros (SaBs), onde foram discutidos problemas relacionados à assistência materno-infantil. Foi aprovada nesse encontro uma moção no sentido de constituir uma comissão para estudar os problemas que afetam as mulheres. Os temas escolhidos foram: saúde, educação e direitos da mulher (como os da mãe solteira, por exemplo). Diversas sociedades de bairro foram criadas e muitos encontros ocorreram até os anos 80 para discutir assuntos relacionados à mulher. Essas militantes formaram o "Jornal Brasil Mulher", que retratava a atividade na periferia. A mulher de São Paulo nesse contexto, conscientiza-se dos seus direitos ao lado das demais mulheres brasileiras, com vista à igualdade de condições socioeconômicas e jurídicas entre homens e mulheres. Contudo, foram formados vários movimentos de mulheres feministas ou não, em prol de direitos específicos para as mulheres e de aspectos gerais, ligados a sociedade como um todo, ou seja, a participação ativa da mulher na sociedade teve várias facetas. As feministas lutavam por igualdade de direitos entre homens e mulheres, nos campos político, jurídico e social. Já a luta feminina estava mais alinhada à mulher como mãe e esposa que exerce sua cidadania, buscando creches, união nas famílias, paz, questionando problemas socioeconômicos. Sobretudo, as duas facetas de luta foram extremamente importantes no processo de emancipação e consolidação de direitos específicos das mulheres brasileiras.
  • 9. O movimento feminista passa, então, a exercer um fator determinante nesse processo, e hoje se subdividi em vários grupos, tais como o movimento das mulheres negras, das universitárias, das lésbicas entre outros. Entretanto, ainda se constata elevado número de preconceito para com a condição da mulher dentro de uma sociedade classificada coma machista. De 1945 a 1964, durante os 19 anos do período democrático- constitucional, nasceram diversas organizações feministas e femininas no Brasil, como a Federação das Mulheres do Brasil, Comitê das Mulheres pela Anistia, (que posteriormente se transformou em Comitê das Mulheres pela Democracia no período ditatorial), Associação Feminina do Distrito federal, que foi fechada por Juscelino Kubitschek e ainda a Liga Feminina do Estado da Guanabara. Sobretudo, essas organizações femininas lutaram por questões gerais, problemas nacionais e que em algum nível interessavam a elas como donas de casa e cidadãs conscientes, como a anistia, a paz, o monopólio estatal do petróleo e a carestia. Contudo, vale observar esse momento da luta das mulheres como uma luta de mulheres de classe média e não das mulheres em geral, que nas classes baixas estavam extremamente preocupadas com o sustento de suas famílias, sendo o tempo algo escasso. Entretanto, todas as vitórias no campo dos direitos das mulheres trabalhadoras, atingiram exatamente essas mulheres de classe baixa. Para TELES (1993) a luta começou ainda no anos 1970, nos bairros onde grupos de mães e donas-de-casa organizadas em clube de mães, associações de amigos de bairros começaram a se movimentar, mas mesmo antes se construir como movimento organizado estas mulheres já despertaram atenção do militares que faziam vigilância. Ainda segunda a autora, as preocupações dos militares foram as cartas públicas lidas nas paróquias onde as mulheres frequentavam as missas dia de domingo, nessas cartas elas falavam do custo de vida e os baixos salários e da creche. Esses grupos de mães chegaram até ir algumas autoridades exigir providencias, mas elas foram mal recebidas e muitas vezes a polícia infiltrados passado a rodar suas comunidades que moravam. De acordo com MORAES (1999) o olhar do agente sobre o movimento feminista, todas as atividades envolvendo os movimentos que aconteciam foram acompanhados de perto pelos agentes do DEOPS-SP, eles infiltravam-
  • 10. se nos eventos, um desses acontecimentos foi o 1º Encontro para diagnostico da mulher paulista, nesse encontro estava nas mesas-redondas para seguintes temas, O Ato Internacional da Mulher, a Mulher e a saúde, a mulher e a participação na sociedade entres outros temas abordado entre elas esse debate aconteceu durante a semana de 13 a 20 de outubro de 1975. Como destaque nas observações realizadas pelo agente e por uma das líderes no auditório, Terezinha de Godoy Zerbini1, do movimento feminista pela Anistia, que já vinha sendo acompanhado pelos serviços de informações do DEOPS/SP; como mostra seguinte comentário do agente que estava monitorando os eventos: Como já é do conhecimento dessa chefia, Terezinha tem estado em todos os ciclos de conferências, dando a sua participação ativa em prol da campanha de anistia. Em seu discurso, discorreu sobre suas atividades “justas” em prol da concórdia nacional, citando jocosamente o regime de “exceção” em que vivemos.2 Apesar do discurso da esquerda a favor do movimento feminista na prática continuava sendo machista, isso fica claro com infiltrações de agentes nos movimentos, muitas vezes mais de um agente, sem que um tivesse conhecimento do outro, os militares queriam fazer uma comparação nos relatórios apresentados ao DEOPS. Fica evidente que através de parte da história que as mulheres estiveram à frente do movimento, não somente cultural, mas também político, e sua contribuição ao longo do tempo foi significativa, para explicar e revidencializar sua historiografia, a mulher deixou de ser apenas esposa e mãe dona do lar do século XX, mas buscou seu respeito, aceitação e a valorização do papel de mãe. Muitas mulheres participaram ativamente da ditadura militar. Entre 1970 e 1980, o movimento das mulheres defendeu a Redemocratização do país. A 1 Dona Therezinha Godoy Zerbini - esposa de um general e cunhada do Dr. Euclides Zerbini, um salvador de vidas, pioneiro dos transplantes de coração no Brasil – fundou o Movimento Feminino pela Anistia, a foi uma das maiores defensoras dessa causa no Brasil. Disponível <http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2013/11/terezinha-zerbini-o-militar-nacional-e.html> em: 12/mar/2014. 2 DEOPS/SP, DAESP. 21-Z-14, n,459, produzido em 14/10/1975. In: MORAES, Letícia Nunes Góes. Agentes infiltrados no movimento feminista brasileiro
  • 11. partir de 1977, o movimento feminista passou a seguir outras tendências, algumas voltadas para a discriminação do aborto ou a equiparação profissional com os homens. Muitas mulheres conseguiram conquistar postos de trabalho, antes só ocupados por homens, como cargos políticos, por exemplo. Com a crise familiar da sociedade, muitas passaram a exercer o cargo de chefe de família. A mulher sempre foi considerada como o outro pelo homem e não como o semelhante. Seguindo uma perspectiva de gênero e levando em consideração o cenário da ditadura civil militar e da segunda onda feminista, pretendemos perceber como era visto e veiculados pela Revista Veja, mais especificamente na coluna de humor de Millôr Fernandes, jornalista, chargista e humorista. Millor Fernandes costuma ser um dos nomes mais lembrado durante ditadura civil militar, ao longo dos 16 anos que fez parte da equipe da revista, fez do feminismo um objeto de riso e de crítica. O Brasil estava em um período de intensa e forte censura e repressão (AI5), o feminismo era mal visto no Brasil pelos militares e a esquerda, pela sociedade conservadora sexista que se expressava tanto entre os generais de Platão como em uma esquerda intelectualizada. Esse trabalho teve com base principal analisar a coluna de Millôr Fernandes no período da ditadura militar, especificamente no período onde vigorou o Ato institucional número cinco (AI5). Millôr recheou as páginas da revista com críticas ácidas que foram frequentemente mal recebidas pela censura. Para isso analisamos sua coluna de humor de uma maneira específica procurando pontos de vista dos estudos de gênero e como isso era e pode ser entendido no contexto histórico estudado sobre os discursos feministas produzidos pelo desenhista, humorista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes durante sua trajetória na revista Veja. 1. Millôr Fernandes e seu percurso até a Revista Veja De acordo com CRESCÊNCIO (2012) Millôr Fernandes nasceu no Rio de Janeiro em 1924. Pouco tempo após o seu nascimento o pai faleceu e o nível econômico da família caiu bruscamente. Aos 14 anos, já começou a
  • 12. trabalhar como jornalista, em 1944 ingressou na gráfica O Cruzeiro, como jornalista da revista. Em pouco tempo progrediu na carreira, ganhando prestígio e dinheiro. Em 1964 fundou o jornal alternativo O Pif Paf, que durou pouco, mas a experiência foi repetida com a fundação d’O Pasquim em 1969. Paralelamente a essas atividades, Millôr Fernandes expôs desenhos no Masp, escreveu peças que enfrentaram o problema da censura e traduziu uma porção de outras vindas do exterior. O humorista, colunista, escritor, teatrólogo, chargista, ao narrar sua trajetória, ignora o período no qual esteve trabalhando na revista veja. Millôr Fernandes tem dedicado sua carreira para fazer ataque ao movimento feminista, desde 1960, o colunista, chargista usa do método crônica, charges ou até mesmo texto corrido para atacar o movimento, o humorista tem métodos como humor para enfatizar seus pensamentos, explorando risos, para poder atacar as feministas. Em 1971, afirmava com suas palavras “O maior movimento feminino ainda é o dos quadris”, dizia Millôr Fernandes. Depois de escrever mais de 800 páginas em suas colunas na revista, Millôr contribuiu mais de 14 anos na Revista Veja. Millôr Fernandes foi um jornalista considerado inteligente por muitos intelectuais o modo que ironizava em sua coluna e em tudo que no seu ponto de vista não era coerente, uma figura pública com gênio forte, fez inimizade dentro da própria Revista Veja, mas nunca seus trabalhos foram questionados pela Revista. . 1.1. Revista Veja e o casamento com Millôr Fernandes Para CRESCÊNDIO (2012) a Revista Veja foi fundada em 11 de setembro de 1968. Era um projeto de 1960, que por conta da crise política do ano de 1961 foi fundada pelo grupo abril que era comandado por Victor Civita e seu filho Roberto Civita. A revista foi inaugurada tendo uma das maiores campanhas publicitárias da época e se sustentava tirando seu lucro nas propagandas e tinha um papel fundamental traçado pela Editora Abril que propunha um papel inovador, sobretudo, uma formação de novas atitudes, influenciando hábitos da nação, aguçando a curiosidade, avivando seus
  • 13. interesses e aprofundando sua cultura. Segundo CRESCÊNCIO (2012) entre suas características a Revista Veja apresentava uma temática diferenciando-a dos jornais pela qualidade do papel, uma liberdade maior no uso de cores em suas impressões lembrado que a revista foi fundada na ditadura civil militar. Mas não teve muita interferência nesse período escapando da censura da época sempre com cuidado em suas palavras e referências, assim conseguia influenciar aos poucos cada leitor. Boa parte da grande imprensa vivia de publicidade e não de vendas como característico da imprensa alternativa, já que maior parte dos leitores da revista veja era de classe média. De acordo com CRESCÊNCIO (2012) é pertinente levar em consideração as edições de Veja com páginas repletas de árvores símbolo da Editora Abril, mostrando que a censura atuou também sobre ela, mesmo que essa não conservasse a postura opositora de jornais alternativos, como era o caso d’O Pasquim. Millôr, inclusive, é identificado como o responsável pelo retorno da censura à revista. É importante termos em mente que a Revista Veja, no contexto capitalista empresarial, buscava crescer como empresa, ao contrário do que ocorre com os jornais alternativos que, eminentemente contestadora da ordem vigente, geravam seus lucros através das vendas, construindo um outro tipo de relação com o aparelho do Estado. O Pasquim em 1969. Inaugurado em um dos momentos mais tensos da ditadura brasileira, um ano após a decretação do AI5, o alternativo prometia inovar dentro da própria imprensa alternativa. Após a fundação do O Pasquim em 1969, por Millôr, ano que o Brasil estava e um período de intensa e forte censura e repressão. A autora Andréa Queiroz, corrobora com essa afirmação: O Pasquim possuía uma linguagem diferente dos outros alternativos da época a principal ideia era dar voz a uma intelectualidade boêmia da zona Sul do Rio de Janeiro, mas sem um engajamento político-partidário. Era um grupo interessado em contestar o conservadorismo da classe média, da qual eles mesmos faziam parte, como também criar um canal de debate e oposição à ditadura civil-militar (1964-1985). (QUEIROZ, 2011, p. 8). O feminismo no Brasil nunca teve maior aceitação, tanto da esquerda quanto dos militares, até mesmo a própria sociedade que estava visualizando
  • 14. esse movimento por fora, viam de uma forma diferente, pois acreditava que fosse um movimento separatista. Com a vinda ao Brasil da ativista Betty Friedan, 1971, na intenção de fazer divulgação “A Mística” feminista, a autora sofreu várias críticas na coluna de Millôr Fernandes, que fez critica acida para autora. “(...) Betty Friedan – Muito aplicada; tem, porém, a estranha mania de querer ser o homem mais importante do país” (FERNANDES, 1975 apud ZUCCO, 2005, p. 8). Para consolidar-se, o movimento feminista teve que enfrentar muitos preconceitos, da sociedade patriarcal que tinha um pensamento machista obrigando a mulher viver para outros, e abnegar-se completamente a viver somente para a família o jornal O Pasquim, no qual a atitude “machista” se manifestava, conforme observou Bernardo Kucinsky: Mas, no Brasil, o feminismo ainda era tratado com desdém e mesmo chacota, inclusive por O Pasquim, que faziam gênero do jornal machista como parte de postura geral anti classe - especialmente através dos artigos de Ivan Lessa, Ziraldo e Paulo Francis. Frequentemente associavam feminino a frustração sexual. (KUCINKT,1991, p.78). Mas não foram somente os militares que o movimento feminista precisou enfrentar, teve muitas dificuldades para ser aceito, inclusive entre as organizações de esquerda. Maria Amélia Teles considera que: As mulheres foram incorporadas aos movimentos de esquerda, tanto no campo como na cidade. Mas essas organizações relutaram a mulher militante de maneira mais adequada ao que ele vinha desempenhado nas diversas áreas da vida social e econômica, talvez por considerarem que as ações guerreiras só diziam respeito aos homens. (...) A falta de compreensão da importância da participação da mulher na transformação da sociedade talvez tenha sido o fator determinante. O relacionamento distante dessas organizações com os vários segmentos sociais, devido ao constante esquema repressivo e mesmo ao comportamento dogmático delas, impedia que enxergassem a ampliação das atividades femininas. De fato, as mudanças sócias eram pouco percebidas por essas organizações, que atuavam influenciadas por idéias conservadoras, particularmente a respeito das mulheres. (TELES, 1993, p. 64 apud CRESCÊNCIO, 2012, p.
  • 15. O Pasquim geralmente fazia perseguição a essas feministas e seus movimentos, Millôr Fernandes, acreditavam que lesbianismo é outra associação comum feita ao feminismo. Rose Marie Muraro, ativista do movimento fala também em sua memória da luta pela fundação do feminismo no Brasil e do preconceito que sofreu por parte do colunista. Célia Regina jardim Pinto vai identificar os maiores problemas que o feminismo estava passado naquela época, tentado buscar seu espaço na sociedade brasileira. [...] o feminismo era mal visto no Brasil, pelos militares, pela esquerda, por uma sociedade culturalmente atrasada e sexista que se expressava tanto entre os generais de plantão como em uma esquerda intelectualizada cujo melhor representante era justamente o jornal Pasquim, que associava uma liberalização dos costumes a uma vulgarização na forma de tratar a mulher e a um constante deboche em relação a tudo que fosse ligado ao feminismo. (PINTO, 2003, p.64). Ficou evidente nas citações que foram demonstradas, a 2ª onda do feminismo brasileiro enfrentou inúmeras barreiras para consolidar seus interesses, várias reuniões das feministas foram acompanhadas de perto pelo olhar atento doas agentes do DEOPS/SP. Um desses acontecimentos foi o I Encontro para Reorganização do Movimento Feminino para diagnostico da Mulher Paulista, devidamente relatado: Levamos ao conhecimento dessa chefia que, realizou-se ontem, dia 13/10/75, o início do CICLO DE CONFÊRENCIAS denominado I ENCONTRO PARA DIAGNOSTICO DA MULHER PAULISTA, patrocinado pelo centro de informações Do Rio de Janeiro (subordinado á ONU) e cúria Metropolitana de SÃO Paulo, numa promoção comemorativa do Ano internacional da Mulher.3 3 DEOPS/SP, Daesp.21-14,Nº.459, SD arquivamento, produzido em (14/10/75).
  • 16. GOLDBERG (1987) vai dizer em seu trabalho escrito, “no Brasil a modernização e o processo político não permitiram a emergência de um movimento de liberação as mulheres como ocorreu em países liberais avançados no mesmo período”. O movimento feminista do Brasil foi parecido com da Inglaterra, pois se dividiam em grupos, as divisões mais distintas eram femininas e as feministas, sobretudo o Brasil demorou muito mais tempo para as feministas rompe esse padrão marxista que até hoje prevalece na nossa sociedade. A Postura de Millôr Fernandes, não era diferente de muitas pessoas na época, o colunista tinha o pensamento, preconceito e usava de meio da provocação ao movimento ou contra o método da luta, ridicularizando a feminista como um tipo de “mulher mal amada”, despida de encantos femininos, cuja frustração se exprime a inveja que a mulher tem dos homens, Freud, também corroborava com a mesma pensamento, que a mulher tinha inveja do órgão genital do homens, todas essas mentalidades só prejudicou as feminista em separa as mulheres dos homens, afetado a harmonia conjugal e a unidade de ambos os sexos no empenho comuns. 2. O feminismo nas charges de Millor Para podemos entender qual a posição tomada por Millor Fernandes em relação ao movimento feminista no Brasil, antes é necessário compreendermos o entendimento do escritor sobre a definição de machismo. Só assim, podemos analisar as suas charges críticas e humor sobre o feminismo. No ano 2002, foi publicado Millôr definitivo, a bíblia do caos, a obra traz relato da sua própria autoria seus pensamentos sobre reivindicações do movimento feminista, e seus pensamentos sobre esse tema. Millôr vai destacar: O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris. (Esta frase, homenagem à mulher menina moça de Ipanema, entre os treze e os dezoito anos, cujo balanço ao andar é uma glória que nenhuma ideologia feminista conseguirá ofuscar, foi tomada pelas feministas – ai, meu saco! – como ‘machista’. Pra começo de conversa trocaram, por pura ignorância, a palavra feminino por feminista (a frase vira um trocadilho idiota), além de
  • 17. entenderem e divulgarem a coisa como se eu, grosseiramente, estivesse falando de movimentos dos quadris na cama – não tenho nada contra (1971) (FERNANDES, 2002, p. 230-231). Ainda nessa mesma análise, Millôr Fernandes vai descrever o seguinte aspecto: As feministas deviam protestar. Pelo número inacreditável de comerciais de desodorantes femininos que são exibidos na televisão, e pelas somas gigantescas que se gastam nesses comerciais, as mulheres brasileiras podem ser consideradas as mais fedorentas do mundo. Bata em uma mulher hoje mesmo – amanhã ela pode estar no poder. Hoje em dia, se você vai para a cama já de pau duro, a liberada te rosna: “Machista”!”(1981) (FERNANDES, 2002: 348). Nessa análise Millor Fernandes foi extremamente sutil, pois ao começar a frase com “As feministas deviam protestar”, ele intencionalmente nos dá o benefício da dúvida, pois até parece que ele apoia e aceita os protestos das mulheres sugerindo que elas deveriam protestar independente do motivo. Mais em seguida, ele já nos dar indícios de sua real posição quando emenda a próxima frase “Pelo número inacreditável de comerciais de desodorantes femininos que são exibidos na televisão, e pelas somas gigantescas que se gastam nesses comerciais, as mulheres brasileiras podem ser consideradas as mais fedorentas do mundo”. Em outros momentos o colunista vai aborda outro sentido da mesma mensagem de que as mulheres deveriam pensar em seu comportamento, em quais caminhos ou estratégias estão usando para se alto promover, deixando bem claro que não concorda com o exagero de comerciais de desodorantes femininos e que na visão dele, esse, o mundo enxergava as mulheres brasileiras como as mais fedorentas, e que as maiores responsáveis por essa “visão mundial” eram as próprias mulheres. Aqui então se torna evidente o grau de machismo do autor. Ao lermos a frase, podemos observar que o autor já faz ataques mais fortes, e que na visão dele, o movimento feminista que dizia buscar igualdade com os homens, na realidade busca apenas uma “troca” de posições. As mulheres buscam então ser a “classe
  • 18. dominante”, posição até então pertencente aos homens. O autor vai alem, deixando a entender que as mulheres não teriam limites para alcançar o objetivo proposto, e que era necessário tomar cuidado ao bater em uma mulher, pois amanhã ela poderia estar no “poder”, estar na condição de dominante. O próprio Millor afirma sua posição e sua critica em relação ao movimento feminista, onde acredita que o feminismo está apenas buscando a troca de posições entre homens e mulheres e não a igualdade como teoricamente seria o proposto. O autor vai além ao afirmar que o movimento “usa” uma comparação com o machismo para se auto afirmar, que todas as tomadas de decisão do feminismo estão ligadas ao machismo que as mulheres sempre enfrentaram Millôr nunca se considerou marxista, mas dizia que cada pessoa nasce para adequar o sistema da vida, que o papel da mulher era o cuidado do lar e da educação da família, e isso era para sua própria proteção, assim como os homens se casam sua obrigação ser progenitor da família. É necessário esclarecermos e destacarmos que o movimento feminista pouco dissertou sobre o machismo, em diversas biografias que puder analisar não foi encontrado evidencia alguma em que aponta que o movimento feminismo tinha como foco de combate o machismo, portanto, podemos chegar à conclusão que Millor era extremamente machista e por ser uma pessoa muito culta, ele jogava com as palavras, piadas e humor, e assim, procurava passar uma imagem de que ele apenas colocava sua opinião, contrariando e desvalorizando as ações do movimento e suas reais causas, e que em momento algum posicionava-se como um homem machista. 2.1. O feminismo no olhar de Millôr Fernandes Millôr Fernandes atacava frequentemente, o movimento feminista, com suas colunas semanais, com humor danoso no O Pasquim usava uma arma antifeminista uma violência que causou retrocesso aos interesses das feministas. Rachel Soihet, vai dizer o seguinte: [...] as mulheres em O Pasquim ficavam à mercê dos misóginos de plantão que, sob o rótulo do “humorismo”,
  • 19. terminavam por ridicularizar as atitudes de mulheres que buscavam demarcar seus direitos. Aqueles, na verdade, com essas atitudes, visavam reconstruir os estereótipos da subordinação e domesticidade feminina. (SOIHET, 2005, p. 605). Em suas colunas Millôr retrata o contexto político social de sua época, faz ironias com fatos do cotidiano brasileiro, como exemplo, política, economia, cultura e por muitas vezes sobre o movimento feminista. Suas crônicas apresentam desenhos e caricaturas de personalidades, personagens e instituições. Em seus textos apresenta um humor picante, irônico e sarcástico onde faz críticas a diversos setores sociais, nessa estrutura o movimento feminista tentava sobreviver tentado romper todo o sistema tradicionalismo político socialista e comunista, Para o autor Moraes, o feminismo estava representado uma grande potência revolucionária, varias autoras corroborava chamado atenção para o movimento feminista. Como Alves e Pitanguy que vai dizer que naquele momento estava surgido paradoxo: O feminismo brasileiro nasceu e se desenvolveu em um dificílimo paradoxo: ao mesmo tempo que teve de administrar as tensões entre uma perspectiva autonomista e sua profunda ligação com a luta contra a ditadura militar no Brasil, foi visto pelos integrantes desta mesma luta como um sério desvio pequeno-burguês. (PINTO, 2003, p.45). A esquerda tinha uma ideologia em rompe com a ordem do capitalismo, com isso lutava contra ao movimento, pois havia certo receio ao crescente desenvolvimento do movimento feminista que pudesse ser um risco para seu próprio interesse, visto que o capitalismo se sustentava diferença forma de opressão, o planeta desde sua origem se relaciona com o poder entre os sexos e surge essa contradição das classes na sociedade, nessa perspectiva o movimento tentava se romper dessa sociedade patriarcal. BEAUVOIR (2009) discorre em sua obra sobre a condição da mulher na sociedade, “não se nasce mulher, torna-se mulher”, ela traz uma análise antropológica-filosófica onde constrói o conceito de que a mulher além da luta feminista, da sua construção, formação e emancipação política e social por
  • 20. meio destes movimentos ela possui um caráter intrínseco na mentalidade da sociedade num processo de longa duração histórica onde está “adormecido” e latente o patriarcalismo ainda em nossos dias. Todo indivíduo que se preocupa em justificar sua existência a sente como uma necessidade indefinida de se transcender. Ora, o que define de maneira singular a situação da mulher é que, sendo, como todo ser humano, uma liberdade autônoma, descobre-se e escolhe-se num mundo em que os homens lhe impõem a condição do Outro. Pretende-se torná-la objeto, votá-la à imanência, porquanto sua transcendência será perpetuamente transcendida por outra consciência essencial e soberana. O drama da mulher é esse conflito entre a reivindicação fundamental de todo sujeito, que se põe sempre como o essencial, e as exigências de uma situação que a constitui como inessencial. Como pode realizar-se um ser humano dentro da condição feminina? (BEAUVOIR, DS I, 1980, p. 23). Nessa perspectiva podemos analisar o pensamento ainda retrógado machista sobre o movimento feminista no Brasil, Millôr Fernandes ao longo de sua carreira usava com seu sacarmos é humor para destacar sua idéia do movimento, o humorista fazia parte de uma hierarquia na Revista Veja aonde deveria presta conta a seus superiores, mas seu trabalho nunca foi questionado pela própria Revista, antifeminista foi levada a frente pelo O Pasquim que difundiu uma visão danosa ao feminista, Veja conhecida como reacionária a favor do capital de uma hierarquia foi colaboradora de uma empresa que atrasou as feministas, Millôr uns dos fundadores O Pasquim usou de diferente discurso ridicularizar os movimentos feministas. Ao longo da história vemos quanto às mulheres passaram por um processo de aceitação na sociedade e as leis impostas pelo sistema, essas mulheres sempre foram vistas por serem inferiores aos homens, muitos séculos se passaram, houveram grandes mudanças, porém, a mentalidade ainda é arcaica. As mulheres ao longo dos movimentos feministas foram discriminadas pela sociedade, eram vistas como desordeiras e até masculinizadas.
  • 21. Segundo John Stuart Mill, em A sujeição das mulheres, a mulher não é um ser inferior aos homens, mas apenas diferente dele, o autor, defende uma forma de amizade conjugal baseada na igualdade. “(...) as mulheres estão totalmente sujeita ás regras dos homens, não tenho nenhum tipo de participação em assunto públicos, e estando sob a obrigação legal de obediência a com quem estão ligadas pelo destino, é estado sob obrigação legal de obediência aos homens com quem estão ligadas pelo destino, é a combinação mais proveitosa para a felicidade e bem-estar de ambos (...) em primeiro lugar, a opinião a favor do sistema atual, onde o sexo mais frágil está totalmente subordinado ao mais forte, está baseada somente na teoria, uma vez que uma houve nenhuma experiência com cada um deles” (MILL, 1869, p. 19). Essas mulheres que foram consideradas sexo frágil perante a sociedade patriarcal, lutaram pelos seus diretos que eram renegados as elas. Mas essas feministas não se abalaram e lutaram contra a desigualdade, muitas delas participaram ativamente contra a ditadura civil militar e civil. Cobraram cada vez mais participação política assunto proibido para as mulheres, muitas delas entraram nessas organizações. TELES (1993) destaca a importância das mulheres brasileiras, que não deixaram por menos, foram rebeldes a tirania da sociedade patriarcalista. De acordo com TELES (1993) diversas feministas foram mortas ou ainda se encontram na lista das desaparecidas, destacando alguns nomes como exemplo: Maria Ângela Ribeiro – morta a tiros pela polícia carioca anos, assassinada no dia em 21/6/1968, quando da repressão ás manifestações de rua realizadas nesse dia. Alceri Maria Gomes da Silva - operária metalúrgica, 27 anos, assassinada no dia 10/5/1970. Sua casa foi invadida por agentes dos órgãos de segurança paulista e Alceri metralhada sumariamente juntamente com outro militar, Antônio dos Três Reis de Oliveira. Marilena Vilas - Boas Pintos – ferida e presa no tiroteio do dia 3/4/1971. Marilena, mesmo ferida e sem receber cuidados médicos, foi conduzida ás
  • 22. câmaras de tortura do DOI/CODI – RJ (Departamento de Operações e informação/Centro de Operações e Defesa interna – RJ), e assassinada algumas horas depois. Lígia Maria Salgados Nóbrega – Estudante de Pedagogia da USP, metralhada no dia 29/12/1972, quando a casa em que se encontrava foi invadida por agentes do DOI/CODI – RJ. Segundo TELES (1993) essas sufragentes, eram em sua grande maioria médicas, dentistas, advogadas, escritoras, poetisas, pintoras, engenheiras civis, funcionárias públicas, parentes de políticos entre outras, mesmo essas sufragentes não escaparam da censura e violência. A sub representação social das mulheres são faces da mesma moeda. As mulheres têm status social mais baixo do que os homens, em decorrência de seu mais baixo status ocupacional, a partir de 1977, o movimento feminista passou a seguir outras tendências, algumas voltadas para a discriminação do aborto ou a equiparação profissional com os homens. Muitas mulheres conseguiram conquistar postos de trabalho, antes só ocupados por homens, principalmente em como cargos políticos. Para CRESCÊNCIO (2012) as charges de Millor Fernandes na Revista Veja, provavelmente colaboraram para formação da mentalidade das pessoas naquela época, lembrado que a Revista alcançava um público elitizado que poderia ser considerado mais intelectual com maior formação cultural. Millôr, como era conhecido pelas feministas tinha por característica chamar a atenção com suas charges geralmente fazendo ataques ao movimento feminista utilizando acontecimentos da época que buscavam ironizar as conquistas do movimento. Interessante citar que em todas as suas colunas, Millor, variava em seus ataques. Hora a política e seus políticos, hora o militarismo, o próprio povo em sua cegueira intelectual mais em todas suas citações o autor sempre introduz sua opinião crítica sobre o contexto político social em relação às mulheres e ao feminismo. Hora de maneira sutil, hora de maneira muito direta, sempre com humor e muita ironia. Ao longo desse processo podemos perceber que o jornalista deixou uma rara documentação escrita que pode ser estudada profundamente sobre o período histórico onde os movimentos feministas foram intensos.
  • 23. Imagem 1 Millôr – Charge – Millôr e o eterno masculino. Veja. São Paulo: Abril. n. 221, p. 14. 29 nov. 1972. A primeira charge relacionada O Xadrez, encontrada na pagina 14, Millor usa na animação duas mulheres, com biquina, uma deitada e a outra sentada, supostamente fumando, ambas no mesmo espaço que aparenta ser uma cama. Millor começa a charge elogiando o jogo de xadrez, no qual o escritor entitula de o jogo que esta cada vez mais presente na sociedade. “Reconhece que o jogo exercita o poder da mente ajudando a aumentar a capacidade intelectual das pessoas”. Então, como sempre, Millor mostra seu lado machista e logo em seguida ataca as mulheres afirmando que o xadrez é um jogo que mostra a superioridade dos homens sobre os outros animais inclusive sobre a mulher que segundo o autor joga muito mal, Millôr Fernandes, mostra sua ideia
  • 24. egocêntrica e machista contas mulheres em sua fala xadres e jogo somente de homens. Nessa mesma página, o chagista faz outro ataque as feminista, a imagem remente as duas mulhes aparetemente na praia pois elas se econtra de biquini, uma delas parece estar fumando, Millôr começa ironizado com a falar “Millôr o eterno masculino”, chamando bem atenção, para essa frase, qual posição que humorista queria aborda com essa escrta, seria um ataque para as feminista, a falar de uma das mulheres vai afirma: “(...) Os homens brasileiros são mesmo uns porcos chovinistas, olha que eu tenho diploma de datilografia, fiz curso de enfermagem, estudei comunicação, estou no segundo ano de sociologia da PUC e eles continuam me olhando como objeto (...) eu tenho diploma de datilografia, fiz curso de enfermagem, estudei comunicação, estou no segundo ano de sociologia da PUC e eles continuam me olhando como objeto sexual” Para podemos entender essa fala, é preciso voltamos a entender essa mentalidade da época, que somente no século XX, as mulheres conquistaram espaço, mas a mentalidade ainda era considerada arcaica e preconceituosa, Millôr Fernandes, atacas as mulheres dizendo que o movimento feminista não alcançou tanta vitorias assim, que mesmo a mulher mais estudiosa ainda era vista como objeto sexual. 3. Análise das charges Nesta charge a imagem, não foi encontrada e talvez nunca tenha sido analisada, n. 221, p. 15. 29 nov. 1972. Nessa charge, o autor coloca uma mulher jovem e bonita já aos modes da influencia do feminismo, cabelo curto, deitada em um sofa conversando com o psicologo paretemente bebemdo algo. A mulher fala com propriedade, dizendo que pode discutir o comportamento dela o qual ela julga estar correta, um ser superior, que pode debater sobre qualquer assunto. No diálogo
  • 25. podemos observar que a mulher esta segura, e se acha um ser superior. A mulher conta com orgulho tudo que conquistou. Ela vai dizer – “Bem, Alfredo, você pretende discurtii racionalmente o que houve entreeu, uma mulher plenamente consciente de suas prerrogativa femininas, e Evaldo, um rapaz cujo comportamento soacial é condicionado pela extraodinarias possibilidade e êconomico da elite a que pertence mas abominar, ou prefere continuar acreditando na versão deturpada de uma emprensa corrupta e decadente, interressada apenas no stato- Quo? Millôr Fernandes, faz um ataque novamente usando dos artificios que as mulheres adquiriu igualdade, mas mesmo com toda modernidade ainda não e considerada um “ser” sem mentalidade, o jornalista inferiorizar a mulher, nesse discuso que para chargista não tem nenhum sentido. Já na imagem masculina, o que podemos ver é que o psicologo que esta escutando a fala da mulher, não da importancia alguma, ao contrario o jeito e as caracteristicas que a imagem estar representado nos leva entender de que o homem não esta escutando nada do que a mulher esta falando e ainda menosprezando todas aquelas fala que para ele são totalmente futeis. Caracterisca da própria mentalidade do marchismo, Millôr já dizia que mulher boa era mulher calada, reflexâo sobre a feminista que deveriam fazer seu papel de mulher dona de casa, mãe e esposa. Millor inicia outra coluna com o título “A vida seria extremamente divertida se não fossem as diversões”. Nesta crônica Millôr Fernandes destaca o contexto social do início da década de 1970, faz ironias com a viagem do homem à lua, a situação política internacional e com a corrupção na política brasileira. Nesta crônica cita Marisa Urban (nascida em 1938, atriz, cantora e jurada de programa de Flávio Cavalcanti) no contexto da crônica. Podemos levantar a hipótese que ela é citada por ser uma mulher a frente do seu tempo (possivelmente feminista por ser artista). Por exemplo, neste trecho;
  • 26. “(...) a Caixa Econômica pode ser tudo, menos econômica, barbeiros e manicuras continuam a lutar pelo pão de cada dia a unhas e dentes (nos anúncios classificados dos jornais) os astronautas conseguem chegar são e salvos e vejo passar debaixo de minha janela incólume e altaneira, amena, amena, amena, essa palmeira altívaga que é Marisa Urban.”4 Outro trecho da crônica: ”O homem é mesmo um animal corrupto. Já a mulher nem tanto, não é não, meu bem? Descubro, repentinamente encantado, que a rua Bela, tem o quê? Ora, naturalmente que uma fábrica de produtos de beleza, e ouçam bem o que eu digo, amigas minha em flor: Quem cala consente, e a falta de voz é a emoção de consentir.”5 Millor diz que o homem é um animal corrupto mais a mulher nem tanto. Novamente o escritor ataca as mulheres insinuando que não são corruptas porque não possui capacidade intelectual. Imagem 2 Millor. Veja. São Paulo: Abril n. 86, p. 13, 29 abr. 1970. 4 Revista Veja edição 86, ano 1970, abril, pg. 12. 5 Ibidem 4.
  • 27. Essa charge mostra a imagem de duas pessoas nuas um homem e uma mulher, da criação, no paraíso, retratando a cena em que a serpente engana adão e Eva seduzindo-os a comer o fruto da arvore proibida, ao fundo da imagem parece ser Deus cercado á arvore e teriam total pode, essa coluna de Millôr Fernandes, ele não se utilizou quase nenhum texto sobre a imagem, fato não muito comum do autor, isso possibilitar uma imaginação fértil de cada pessoa que possa ter entendimento diferente sobre a charge. Como conta a história os dois comem o fruto da arvore proibida e assim por serem dominados pela ganância são punidos e expulsos do paraíso, seriam uma crítica as mulheres que Millôr estava fazendo na charge já que usa uma frase, Adão nós somos unisex, um significado que sirva para dois sexos, a imagem mostra a suposta Erva com sorriso bem largo, mostrado estar feliz querendo abraça o Adão, que parece na imagem não estar bem acomodado naquela situação, já que Eva usa do termo unisex ao Adão. Eva (a mulher), ela sim é ambiciosa, deseja poder, liberdade (referindo-se ao movimento feminista), ela vai em direção de sua liberdade e come o fruto. No entendimento do autor a mulher que desobedeceu a Deus e não o homem. O humorista poderia estar fazendo uma crítica ao movimento feminista que estava crescendo cada vez mais nesse ano é conquistado vário posto de trabalho antes só ocupada pelos homens, por mais que o jornalista era contra ao movimento feminista e diversas vezes fizeram ataques feros às feministas ficam claro Millôr percebiam que ao longo da época as mulheres tiveram avanço significativo. Imagem 3 Millor. Veja. São Paulo: Abril n. 466, p.15. 10 ago. 1977.
  • 28. Millor inicia sua coluna com um texto de título: Deus fez homem. O homem ai construiu uma igreja e aprisionou Deus. Mais uma vez chargista vai usar do artifício da imagem para chamar atenção já que não se utiliza de nenhum texto, deixado para o leitor a interpretação da imagem aparentemente. O homem está sentado no sofá assistindo televisão e a mulher em pé atrás dele com uma arma em uma mão e na outra passando em sua cabeça. Então vem a frase: “E não adianta vir com agradinho não Catarina. Eu não dou o divórcio”. A partir da charge podemos perceber que Millôr, ironiza a sociedade machista e faz uma alusão à luta das mulheres contra essa situação, seu marido não te daria o divórcio, o humorista desenha um homem sossegado deitado, usando os braços como apoio e assistindo tranquilamente a televisão e nada. Mentalidade de uma sociedade patriarcalista e machista onde a mulher não possui igualdade de direitos como o homem. Outra informação que corroboramos com nossa análise, é que em 1977 é aprovada a lei do divórcio e de movimentos que se espalhavam pelo país e que tinham como bandeira o tema "violência contra a mulher". A mulher se engaja definitivamente na política, apesar de diversas discussões sobre o divórcio na sociedade brasileira, ainda era considerada machista as mulheres queriam se libertar muitas vezes da violência doméstica que há anos sobreviveram caladas. As mulheres reivindicavam do direito ao prazer ao prazer sexual é pela emancipação da mulher, isto significava não só o direito de livre escolha do companheiro como direito de dissolver a união, se esta deixa de proporcionar satisfação mútua, e o direito de realizar outra, com novo companheiro. O divórcio sempre foi encarado pelo movimento feminismo com bem necessário para garantir a auto realização de homens e mulheres. Sendo a mulher a parte mais fraca no casamento, vítima frequente de brutalidade pelo seu parceiro, o divórcio é particularmente importante para ela, como meio de defesa infelizmente não são incomuns manifestações de machismo nas camadas mais pobres como o espancamento da esposa pelo marido e a violação de mulheres.
  • 29. Considerações finais Ao longo da história as mulheres foram consideradas como seres frágeis pela sociedade arcaica e patriacalista. O feminismo dos anos vinte e trinta enfatizava a compatibilidade entre o desempenho das funções de mãe e esposa e o exercício de atividade políticas e profissional por parte das mulheres. O movimento feminista atingiu seu auge nas décadas de 1960 e 1970 e obtiveram conquistas importantes e benéficas para as mulheres em diversos setores da sociedade. Enquanto o homem estava indo à lua, as mulheres estavam queimando sutiã e conquistado seus direitos, muitas morreram para conquista seus direitos, até hoje ainda vivermos em uma sociedade com reflexos do passado. Millôr Fernandes com suas charges fazia críticas ao movimento feminista, o humorista era bem conhecido das feministas que ao longo dos anos que trabalhou na Revista Veja publicava em sua coluna um humor ácido e irônico às vezes atacando os movimentos, outras criticando a sociedade conservadora. A Revista Veja tinha como público alvo de classe média incluía mulheres com poder aquisitivo, exatamente aquelas que eram acusadas serem agente do feminismo, permitiu que o movimento feminista da segunda onda recheasse as colunas coloridas do escritor com essa exploração de Millôr sobre as feministas trouxe também resultado benéfico tema de debate antes isso nem era possível, o chargista faz uso do humor para falar da violência doméstica contra as mulheres, muito dos seus trabalhos traz à tona esse problema que não era bem conhecido pela imprensa. Não há dúvida que os movimentos feministas derrubaram barreiras sobre a divisão sexual do trabalho, crescendo o número de mulheres que realizam o mesmo tipo que de atividade que os homens. Mas este fato não revoga os preconceitos seculares quanto á inferioridade da mulher, que mostra
  • 30. desigualdade que ainda se encontra presente na sociedade até os dias atuais, que ainda as mulheres ganham menos que os homens mesmo tendo a mesma qualificação profissional. A luta das mulheres pela igualdade contra a discriminação e pelos seus direitos, embora já tenham progressos notáveis, ainda se encontra no seu início. A mobilização parece ter atingido, em certos setores um número restrito de mulheres, o movimento feminista no seio da classe depende, em boa medida, da dinâmica social geral. Ao desenvolver essa pesquisa analisei como humor de Millôr Fernandes, tinham uma função informativa séria apesar de satíricas em suas entrelinhas. O movimento feminista mobilizou mulheres engajadas por seus direitos, direito a seu corpo, política e a igualdade de gênero, inclusive pela legalização do aborto, um dos assuntos mais discutidos pelas feministas do século XXI. Contudo a história contribuiu para uma maior compreensão do movimento feminista, sua formação e sua luta refletindo seus desafios e conquistas até nossos dias. Referências bibliográficas ALMEIDA, Maria Fernanda Lopes. Veja sob censura: 1968-1976. São Paulo, Jaboticabal, 2009. ALVES & PITANGUY. O que é feminismo. São Paulo, Brasiliense: 2006. BEAUVOIR, Simonde de. O Segundo Sexo. Rio de janeiro, Nova Fronteira, 2009. CRESCÊNCIO, Cintia Lima. Veja o feminismo em página (re) viradas (1968- 1989), dissertação / Cintia Lima Crescêncio; orientadora, Cristina Scheibe Wolff. – Florianópolis, SC, 2012.
  • 31. _____________, Cintia Lima. Movimento de quadris e movimentos feministas: MILL, Stuart John. A sujeição das mulheres. São Paulo 2006. Editora Escala. SP. Millôr e feminismo (1968 a 1972). História: Debates, tendências – vol. 12, n.2, jul. dez. 2012, p. 238 – 259. MORAES, Letícia Nunes Góes. Agentes infiltrados no movimento feminista brasileiro. São Paulo, 1999. Ed: Ática, SP. SMITH, Anne Marie. Um acordo Forçado: o consentimento da imprensa à censura no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2000. TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve História do Feminismo no Brasil. São Paulo 1993. Editora Brasiliense. SP. Fontes: http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2013/11/terezinha-zerbini-o-militar- nacional-e.html http://veja.abril.com.br/acervodigital/ Edição 06 – 11/09/1968 a edição 538 – 27/12/1978