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SENADO FEDERAL

      Senador EDUARDO AZEREDO




Língua Brasileira De Sinais
“Uma Conquista Histórica”




           BRASÍLIA – 2006
Língua Brasileira De Sinais
 Uma Conquista Histórica
APRESENTAÇÃO



        A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, graças à luta sis-
temática e persistente das pessoas com deficiência auditiva, foi re-
conhecida pela Nação brasileira como a Língua Oficial da Pessoa
Surda, com a publicação da Lei nº 10.436, de 24-4-2002 e a Lei nO
10.098, de 19-12-2002.
        A conquista deste direito traz impactos significativos na vida
social e política da Nação brasileira. O provimento das condições bá-
sicas e fundamentais de acesso à Libras se faz indispensável. Requer
o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de
intérpretes nos locais públicos e a sua inserção nas políticas de saú-
de, educação, trabalho, esporte e lazer, turismo e finalmente o uso da
Libras pelos meios de comunicação e nas relações cotidianas entre
pessoas surdas e não-surdas.
        Segundo Antonio de Campos Abreu, representante da Fe-
deração de Surdos no Conselho Nacional da Pessoa com Defici-
ência, com extenso currículo na luta pelos direitos do surdo, “pre-
servar a cultura da comunidade surda é necessário e importante.
Usar a Língua Brasileira de Sinais é cidadania para toda a comu-
nidade surda. Respeitar a forma de comunicação do surdo é um
dever da sociedade e de todos. Os surdos sonham com um mundo
pelas mãos que falam”. Foi Antonio quem cedeu os textos de sua
autoria para serem publicados em conjunto com a legislação em
vigor sobre a Libras.
        Espera-se que cada município deste País, em ampla arti-
culação entre os governos municipal, estadual e federal, entre os
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, entre o Poder Público,
sociedade civil e principalmente em ampla parceria com as asso-
ciações de surdos tornem a Libras uma língua presente na vida

                                                                    5
social, política e econômica brasileira, favorecendo a construção
da sociedade inclusiva. Que todos leiam e se apropriem destas
leis. Cumpra-se a lei.


                       Eduardo Azeredo,
                     Senador da República.




6
UMA CONVERSA INICIAL



        A Federação Nacional de Educação de Integração dos Sur-
dos, (Feneis) as associações e outras instituições de surdos inicia-
ram suas atividades com o objetivo de desenvolver a educação e
inclusão dos surdos ampliando as suas oportunidades sociais. Para
isto, desenvolveram, ao longo dos anos, estudos, pesquisas, cursos,
encontros, debates, seminários e realizaram visitas em diversas lo-
calidades, colhendo sugestões que fundamentassem sua meta e res-
paldassem suas ações.
        Em todo este período, a Feneis pôde constatar uma “discus-
são” no âmbito educacional entre profissionais, pais, instrutores pro-
fessores, líderes dos surdos e escolas em torno da Língua de Sinais.
Viu emergir, entre os profissionais, uma disputa entre duas correntes
teóricas, o oralismo e a filosofia do surdo. Cada qual com seus argu-
mentos, opiniões, objetivos e metas.
        Para a Feneis, a língua de sinais é um direito do surdo à
língua materna, responsável pelo seu desenvolvimento cultural so-
cial e acadêmico/educacional. As dúvidas, receios e dificuldades
de assumir essa postura prejudicou em muito, o surdo, além da
questão do tempo perdido em discussões entre famílias e profissio-
nais envolvidos com este indivíduo. A Língua de Sinais é a chave
para ampliar a inserção do surdo no âmbito social. Historicamente
a falta de vontade, de coragem, ou o desconhecimento e a falta de
interesse das pessoas com a comunicação com o surdo foram os
principais fatores que afastam o surdo das relações com o que se
passa ao seu redor.
        “Todos sabem que cada “povo” tem sua cultura e diferença.
Assim, nada como encaminhar ações diretas ao “povo/mundo” do
surdo. Este texto mostra os principais pontos relacionados à deman-
da do surdo que é o respeito à sua Língua. Se houve aqueles que

                                                                   7
acreditaram, por muito tempo, que a utilização da Língua de Sinais
prejudicava o trabalho de aprendizado da fala, isto não é verdade.
É, sim, uma forma de segregação social. Todo surdo pode aprender
a falar sem usar as mãos. Porém, o aspecto da comunicação fica
relegado a segundo plano, o que prejudica profundamente o uso de
sua língua viva, capaz de conceituar e simbolizar o mundo no qual
vive.”( Antonio C. Abreu)
        Ora, o surdo precisa sentir-se usando o que de melhor a pes-
soa tem: sua possibilidade de relacionar-se e comunicar-se. Inclusão
social é incluir a Libras como forma de comunicação da pessoa surda.
O que a Feneis espera (e com confiança) é que o pensamento que
não reconhece a Libras como língua dos surdos possa ser alterado
no sentido da aceitação plena da Língua de Sinais em todo o Brasil,
não só porque agora isto é lei, mas pela compreensão e aceitação
internalizada desta forma de comunicação com as mãos.
        Unidos, os surdos, pais, profissionais, professores e pessoas
da comunidade com o propósito de reconhecer a Libras como Língua
Oficial dos Surdos teremos a vitória da comunidade dos surdos, da
população e do Governo no cumprimento de um direito. Cumprir o
direito é o que chamo de inclusão.


       Cordialmente
       Antônio Campos de Abreu, surdo.




8
Conceitos básicos




        A Língua Brasileira de Sinais é um sistema lingüístico legítimo
e natural, utilizado pela comunidade surda brasileira, de modalidade
gestual-visual e com estrutura gramatical independente da Língua
portuguesa falada no Brasil. A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais,
possibilita o desenvolvimento lingüístico, social e intelectual daque-
le que a utiliza enquanto instrumento comunicativo, favorecendo seu
acesso ao conhecimento cultural-científico, bem como a integração
no grupo social ao qual pertence.
        As pessoas surdas consideram que por ser a Libras uma lín-
gua própria da comunidade surda brasileira, deve-se procurar garan-
tir que o ensino desta língua seja realizado, preferencialmente, por
professores/instrutores surdos, viabilizando dessa forma maior rique-
za interativa cultural entre professor/instrutor surdo e alunos. Diante
de tal colocação, se faz necessário capacitar cada vez mais surdos
para serem professores e instrutores conforme as exigências legais e
o proposto pelas federações e associações de surdos.
        A comunidade surda é procurada por educadores e interes-
sados para terem mais detalhes sobre a Libras. As instituições como
clínicas e escolas têm demandado a presença de profissionais sur-
dos habilitados, reconhecendo que somente os próprios surdos con-
seguem preservar os aspectos culturais da língua. O reconhecimento
oficial no Brasil da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio
de comunicação de uso corrente, bem como a garantia pela admi-
nistração pública de preparação de profissionais que atuem na área
com o devido conhecimento e fluência da mesma, vêm ampliando a
demanda por profissionais habilitados no ensino da Libras.

                                                                     9
Torna-se urgente que a profissão de professor/instrutor da
Língua Brasileira de Sinais e de intérprete da Libras sejam regula-
mentadas. O reconhecimento legal destas profissões asseguram
maior qualidade e postura ética dos profissionais. Facilita e permite
a inclusão de professores/instrutores de Libras no quadro de profis-
sionais das escolas onde há surdo estudando e permite a criação
do cargo de intérprete para os serviços públicos e espaços públicos
freqüentados pelas pessoas surdas. (Campos, Antonio)

• Identidades surdas: conceitos e heterogeneidades

        Gladis Perlin – surda – doutoranda da Universidade Federal
de Santa Catarina – critica a influência do poder ouvintista que pre-
judica a construção da identidade surda. Ela afirma que: “É evidente
que as identidades surdas assumem formas multifacetadas em vista
das fragmentações a que estão sujeitas, em face da presença do
poder ouvintista que lhes impõem regras, inclusive, encontrando no
estereótipo surdo uma resposta para a negação da representação da
identidade surda ao sujeito surdo”.
        Segundo a Federação de Surdos, com base nas afirmações
de Gladis Perlim, o termo identidade é o que melhor atende à temáti-
ca da surdez. É usado, pelo surdo, na busca do direito de ser surdo e
de se comunicar em sua língua natural. De acordo com a trajetória vi-
venciada pelos sujeitos surdos, nas suas lutas e intempéries, o tema
(re)construção da identidade surda é sempre usado ao responderem
à pergunta – o que é ser surdo no Brasil?
        Viver uma experiência visual é ter a língua de sinais, a língua
visual, pertencente a outra cultura, a cultura visual e lingüística. Há
de se considerar outro conceito da identidade surda, de relevância
política, dentro do multiculturalismo, de igual importância para ou-
tros movimentos sociais, pela batalha contra a ideologia dominante: a
Identidade Política Surda. É um movimento pela força política em prol
da nossa diferença... é uma luta contra o estigma, contra o estereoti-
po, contra o preconceito, contra a deficiência e especialmente contra
o poder do ouvintismo.

       • Associações dos Surdos – Minas Gerais

         Os surdos consideram as suas associações como um segun-
do lar. Lá eles fazem suas festividades, vivem a cultura surda e se or-

10
ganizam politicamente para defesa de seus direitos, reconhecimento
da cultura surda e para garantir a cidadania do surdo.
Em Minas Gerais existem as seguintes associações dos surdos:
        • Associação dos Surdos de Araxá
        • Associação dos Surdos de Betim
        • Associação dos Surdos de Caratinga
        • Associação dos Surdos de Conselheiro Lafaiete
        • Associação dos Surdos de Contagem
        • Associação dos Surdos de Coronel Fabriciano
        • Associação dos Surdos de Divinópolis
        • Associação dos Surdos de Frutal
        • Associação dos Surdos de Governador Valadares
        • Associação dos Surdos de Ituiutaba
        • Associação dos Surdos de Ipatinga
        • Associação dos Surdos de Juiz de Fora
        • Associação dos Surdos de Passo
        • Associação dos Surdos de Lavras
        • Associação dos Surdos de Montes Claros
        • Associação dos Surdos de Pará de Minas
        • Associação dos Surdos de Teófilo Otoni
        • Associação dos Surdos de Prata
        • Associação dos Surdos de Sete Lagoa
        • Associação dos Surdos de Uberaba
        • Associação dos Surdos de Uberlândia
        • Associação dos Surdos de Varginha
        • Sociedade dos Surdos de Araguari
        • Sociedade dos Surdos de Patos de Minas
        • Sociedade dos Surdos de Belo Horizonte
        • Federação Mineira Desportiva dos Surdos
        • Cooperativa Padre Vicente de Paulo Burnier Ltda.
        • Congregação de Deficientes Auditivos de Beagá
        • Federação de Estado de Minas Gerais dos Surdos
        • Feneis – Escritório Regional de Minas Gerais
        A Feneis coordena todo o movimento e busca garantir o bom
funcionamento das associações. O Brasil tem associações ou clube
dos surdos em quase todos os estados.

                                                               11
Estados e municípios com leis promulgadas:

         A primeira lei promulgada no Brasil referente ao direito de
acesso a Libras foi em Minas Gerais e serviu de exemplo para todo
Brasil. No momento atual quase todos os estados já promulgaram
leis estaduais a respeito do assunto.
    • Estados com leis aprovadas garantindo a Libras:
       Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mara-
       nhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande de Sul, Rio de
       Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso
       de Sul e Rondônia - 17 estados
    • Municípios: João Pessoa – Paraíba, Natal – Rio Grande do
       Norte.
    • O Estado de Minas Gerais tem o maior número de municípios
       com lei municipal garantindo a Libras;
    • MUNICÍPIOS: Araxá, Belo Horizonte, Governador Valada-
       res, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Uberlândia, Ituiutaba, Ube-
       raba, Juiz de Fora, Divinópolis, Patos de Minas, Sete Lago-
       as, Pouso Alegre;
    • Dia dos Surdos – Já temos leis estadual e municipal. A data
       dos surdos é dia 26 de setembro, sendo esta data escolhida
       em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos
       do país, o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos).
       Durante todo o mês de setembro, a comunidade surda mobi-
       liza-se organizando festas, manifestações, passeatas e ou-
       tros procurando tornar visível para todas as pessoas surdas
       e seus direitos.
    • Surdos na universidade: Sabe-se que o número de surdos
       na universidade ainda é pequeno. As barreiras de comunica-
       ção são consideradas o maior entrave para ampliação deste
       número. Poucas são as universidades que possuem intérprete
       a disposição do aluno ou um núcleo de apoio ao aluno surdo.
       Algumas estabeleceram parceria com a Feneis para a forma-
       ção de intérpretes. Abaixo, segundo levantamento realizado
       pela Feneis/MG as instituições de ensino superior onde exis-
       tem alunos surdos matriculados:
    – PUC – Belo Horizonte/Minas Gerais
    – UniBH – Belo Horizonte/Minas Gerais
    – Faculdade Metropolitana – Belo Horizonte/Minas Gerais

12
–   Faculdade Sabará – Sabará/Minas Gerais
   –   UNIVERSO – Belo Horizonte/Minas Gerais
   –   UEMG – Belo Horizonte/Minas Gerais
   –   UNIT – Uberlândia/Minas Gerais
   –   UNIUBE – Uberaba/Minas Gerais
   –    Nas cidades de Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de
       Fora, Poços de Calda, Patos de Minas e Brumadinho/ Minas
       Gerais

Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – Feneis

       A Feneis vem buscando o resgate da cidadania da pessoa
surda e tem como principal bandeira a luta pelos direitos de igual-
dade de condições e de qualidade de vida dessa pessoa. Trata-se
de uma entidade de caráter educacional, sociocultural e assistencial,
sem fins lucrativos.
   As principais metas da Feneis são:
   • promover e ampliar a educação e a cultura do indivíduo surdo;
   • amparar socialmente este indivíduo;
   • congregar e coordenar atividades junto às filiadas, associções,
      escolas e instituições da área da surdez;
   • lutar pela melhoria de recursos educacionais e de inclusão so-
      cial dos surdos;
   • organizar e participar de eventos na área da surdez.

       O que é o intérprete de Língua Brasileira de Sinais para
pessoas surdas?
       O intérprete da Língua Brasileira de Sinais é aquele que to-
mando a posição do sinalizador ou do falante, transmite os pensa-
mentos, palavras e emoções do sinalizador/comunicador/falante, ser-
vindo de elo entre duas modalidades de comunicação.
       A habilidade requerida num profissional intérprete é a compe-
tência da Língua Portuguesa e na Língua Brasileira de Sinais. Esta
competência deve ser constantemente “regada” por meio do contato
com a comunidade surda.
       Orientação com relação à comunidade de surdos
       A comunidade de surdos é uma parte básica das vidas de
muitas pessoas surdas. Os intérpretes necessitam ter familiaridade

                                                                  13
com seu funcionamento a fim de ter uma consciência da cultura do
grupo e se manter confortável diante das características próprias
da pessoa surda; necessitam ter, também, conhecimento dos sinais
de pessoas que são bem conhecidas na respectiva comunidade, e
numa posição de estar constantemente melhorando suas habilida-
des de leitura de fala e sinalização, aprendendo e adicionando no-
vos sinais e estruturas ao seu vocabulário. A comunidade de surdos
consiste de unidades sociais desde a família até organizações inter-
nacionais (como a Federação Mundial de Surdos) e nacional (como
a Associação dos Surdos, a principal voz das pessoas surdas nos
EUA atualmente).
EXEMPLO DE PALAVRAS EM LIBRAS:




14
15
LEI No 10.379, DE 10 DE JANEIRO DE 1991

        Reconhece, oficialmente, no Estado de Minas Gerais, como
meio de comunicação objetiva e de uso corrente, a linguagem gestu-
al codificada na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
        O povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes
decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lei:
        Art. 1O Fica reconhecida oficialmente, pelo Estado de Minas
Gerais, a linguagem gestual codificada na Língua Brasileira de Sinais
– LIBRAS, e outros recursos de expressão a ela associados, como
meio de comunicação objetiva e de uso corrente.
        Art. 2O Fica determinado que o Estado colocará, nas reparti-
ções públicas voltadas para o atendimento externo, profissionais in-
térpretes da língua de sinais.
        Art. 3O Fica incluída no currículo da rede pública estadual de
ensino estendendo-se aos cursos de magistério, formação superior
nas áreas das ciências humanas, médicas e educacionais, e às ins-
tituições que atendem ao aluno portador de deficiência auditiva, a
Língua Brasileira de Sinais.
        Art. 4O Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
        Art. 5O Revogam-se as disposições em contrário.
        Dada no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 10 de
janeiro de 1991. – Newton Cardoso, Governador do Estado.

16
LEI NO 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002

          Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LI-
                 BRAS, e dá outras providências.

       O Presidente da República,
       Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte lei:
       Art. 1O É reconhecida como meio legal de comunicação e ex-
pressão a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, e outros recursos de
expressão a ela associados.
        Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais
– LIBRAS, a forma de comunicação e expressão, em que o sistema
lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical pró-
pria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e
fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
        Art. 2O Deve ser garantido, por parte do poder público em ge-
ral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institu-
cionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais
– LIBRAS, como meio de comunicação objetiva e de utilização cor-
rente das comunidades surdas do Brasil.
       Art. 3O As instituições públicas e empresas concessionárias
de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendi-
mento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva,
de acordo com as normas legais em vigor.
       Art. 4O O sistema educacional federal e os sistemas educa-
cionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garan-

                                                                  17
tir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior,
do ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como parte in-
tegrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, conforme
legislação vigente.
       Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, não
poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.
       Art. 5O Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
      Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o
da República.




       FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
       Paulo Renato Souza.




18
DECRETO NO 5. 626, DE 22 DE DEZEMBRO 2005

           Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002,
    que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, e
      o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

       O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
posto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei no
10.098, de 19 de dezembro de 2000,

       DECRETA:
                           CAPÍTULO I
                   Das Disposições Preliminares
        Art. 1º Este decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de
abril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de
2000.
        Art. 2º Para os fins deste decreto, considera-se pessoa surda
àquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o
mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura
principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
        Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva as per-
das bilaterais, parciais ou totais, de quarenta e um decibéis (dB) ou
mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz.

                                                                   19
CAPÍTULO II
          Da Inclusão da Libras como Disciplina Curricular
        Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular
obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício
do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoau-
diologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema
federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
        § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do
conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal su-
perior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são
considerados cursos de formação de professores e profissionais da
educação para o exercício do magistério.
        § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa
nos demais cursos de educação superior e na educação profissional,
a partir de um ano da publicação deste decreto.

                           CAPÍTULO III
                   Da Formação do Professor de
                   Libras e do Instrutor de Libras
        Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas
séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação
superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação
de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua
Portuguesa como segunda língua.
        Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cur-
sos de formação previstos no caput.
        Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser
realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que
Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de
instrução, viabilizando a formação bilíngüe.
        § 1º Admite-se como formação mínima de docentes para o
ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensi-
no fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade
normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no caput.
        § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de forma-
ção previstos no caput.

20
Art. 6º A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve
ser realizada por meio de:
        I – cursos de educação profissional;
        II – cursos de formação continuada promovidos por institui-
ções de ensino superior; e
        III – cursos de formação continuada promovidos por institui-
ções credenciadas por secretarias de educação.
        § 1º A formação do instrutor de Libras pode ser realizada
também por organizações da sociedade civil representativa da co-
munidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo
menos uma das instituições referidas nos incisos II e III.
        § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de forma-
ção previstos no caput.
        Art. 7º Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste
decreto, caso não haja docente com título de pós-graduação ou de
graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de
educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que
apresentem pelo menos um dos seguintes perfis:
        I – professor de Libras, usuário dessa língua com curso de
pós-graduação ou com formação superior e certificado de proficiên-
cia em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério
da Educação;
        II – instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de
nível médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiên-
cia em Libras, promovido pelo Ministério da Educação;
        III – professor ouvinte bilíngüe: Libras – Língua Portuguesa,
com pós-graduação ou formação superior e com certificado obtido
por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Minis-
tério da Educação.
        § 1º Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas
terão prioridade para ministrar a disciplina de Libras.
        § 2º A partir de um ano da publicação deste decreto, os sistemas
e as instituições de ensino da educação básica e as de educação supe-
rior devem incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério.
        Art. 8º O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7º,
deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para
o ensino dessa língua.
        § 1º O exame de proficiência em Libras deve ser promovido,
anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação
superior por ele credenciadas para essa finalidade.

                                                                     21
§ 2º A certificação de proficiência em Libras habilitará o ins-
trutor ou o professor para a função docente.
        § 3º O exame de proficiência em Libras deve ser realizado
por banca examinadora de amplo conhecimento em Libras, consti-
tuída por docentes surdos e lingüistas de instituições de educação
superior.
        Art. 9º A partir da publicação deste decreto, as instituições de
ensino médio que oferecem cursos de formação para o magistério
na modalidade normal e as instituições de educação superior que
oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de professores
devem incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos
e percentuais mínimos:
        I – até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição;
        II – até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da ins-
tituição;
        III – até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da insti-
tuição; e
        IV – dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição.
        Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como dis-
ciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial,
Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamen-
te para as demais licenciaturas.
        Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a
Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de
formação de professores para a educação básica, nos cursos de
Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras
– Língua Portuguesa.
        Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da pu-
blicação deste decreto, programas específicos para a criação de cur-
sos de graduação:
        I – para formação de professores surdos e ouvintes, para a
educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, que via-
bilize a educação bilíngüe: Libras – Língua Portuguesa como se-
gunda língua;
        II – de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Lín-
gua Portuguesa, como segunda língua para surdos;
        III – de formação em Tradução e Interpretação de Libras –
Língua Portuguesa.

22
Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente
as que ofertam cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras,
devem viabilizar cursos de pós-graduação para a formação de pro-
fessores para o ensino de Libras e sua interpretação, a partir de um
ano da publicação deste decreto.
        Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa,
como segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como
disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a
educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de
nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Le-
tras com habilitação em Língua Portuguesa.
        Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua
portuguesa para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos
de Fonoaudiologia.

                          CAPÍTULO IV
             Do Uso e da Difusão da Libras e da Língua
              Portuguesa para o Acesso das Pessoas
                        Surdas à Educação

       Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir,
obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à infor-
mação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos
conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e
modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.
       § 1º Para garantir o atendimento educacional especializado
e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino
devem:
       I – promover cursos de formação de professores para:
       a) o ensino e uso da Libras;
       b) a tradução e interpretação da Libras – Língua Portuguesa; e
       c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para
pessoas surdas;
       II – ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o en-
sino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda lín-
gua para alunos surdos;
       III – prover as escolas com:
       a) professor de Libras ou instrutor de Libras;

                                                                    23
b) tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa;
        c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como sgun-
da língua para pessoas surdas; e
        d) professor regente de classe com conhecimento acerca da
singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos;
        IV – garantir o atendimento às necessidades educacionais
especiais de alunos surdos, desde a educação infantil, nas salas de
aula e, também, em salas de recursos, em turno contrário ao da es-
colarização;
        V – apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Li-
bras entre professores, alunos, funcionários, direção da escola e fa-
miliares, inclusive por meio da oferta de cursos;
        VI – adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendi-
zado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizan-
do o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística
manifestada no aspecto formal da língua portuguesa;
        VII – desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a
avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devi-
damente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tec-
nológicos;
        VIII – disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecno-
logias de informação e comunicação, bem como recursos didáti-
cos para apoiar a educação de alunos surdos ou com deficiência
auditiva.
        § 2º O professor da educação básica, bilíngüe, aprovado em
exame de proficiência em tradução e interpretação de Libras/Lín-
gua Portuguesa, pode exercer a função de tradutor e intérprete de
Libras/Língua Portuguesa, cuja função é distinta da função de pro-
fessor docente.
        § 3º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de
ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão im-
plementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar
atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com
deficiência auditiva.
        Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum,
o ensino de Libras e o ensino da modalidade escrita da língua portugue-
sa, como segunda língua para alunos surdos, devem ser ministrados em
uma perspectiva dialógica, funcional e instrumental, como:

24
I – atividades ou complementação curricular específica na
educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental; e
         II – áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos
anos finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação
superior.
         Art. 16. A modalidade oral da língua portuguesa, na educação
básica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência au-
ditiva, preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por
meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação,
resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por
essa modalidade.
         Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvi-
mento da modalidade oral da língua portuguesa e a definição dos
profissionais de Fonoaudiologia para atuação com alunos da edu-
cação básica são de competência dos órgãos que possuam estas
atribuições nas unidades federadas.

                           CAPÍTULO V
               Da Formação do Tradutor e Intérprete
                  de Libras – Língua Portuguesa
        Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras/Língua
Portuguesa, deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradu-
ção e Interpretação, com habilitação em Libras/Língua Portuguesa.
        Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste
decreto, a formação de tradutor e intérprete de Libras/Língua Portu-
guesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de:
        I – cursos de educação profissional;
        II – cursos de extensão universitária; e
        III – cursos de formação continuada promovidos por institui-
ções de ensino superior e instituições credenciadas por secretarias
de educação.
        Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras
pode ser realizada por organizações da sociedade civil representati-
vas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado
por uma das instituições referidas no inciso III.
        Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste
decreto, caso não haja pessoas com a titulação exigida para o exer-
cício da tradução e interpretação de Libras/Língua

                                                                    25
Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir,
em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil:
         I – profissional ouvinte, de nível superior, com competên-
cia e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas
línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação
em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educa-
ção, para atuação em instituições de ensino médio e de educa-
ção superior;
         II – profissional ouvinte, de nível médio, com competência e
fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de
maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de
proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação
no ensino fundamental;
         III – profissional surdo, com competência para realizar a in-
terpretação de línguas de sinais de outros países para a Libras, para
atuação em cursos e eventos.
         Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dos
sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal
buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio
de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso
à comunicação, à informação e à educação.
         Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste
Decreto, o Ministério da Educação ou instituições de ensino superior
por ele credenciada para essa finalidade promoverão, anualmente,
exame nacional de proficiência em tradução e interpretação de Li-
bras/Língua Portuguesa.
         Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e inter-
pretação de Libras – Língua Portuguesa deve ser realizado por banca
examinadora de amplo conhecimento dessa função, constituída por
docentes surdos, lingüistas e tradutores e intérpretes de Libras de
instituições de educação superior.
         Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as
instituições federais de ensino da educação básica e da educação
superior devem incluir, em seus quadros, em todos os níveis, etapas
e modalidades, o tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa,
para viabilizar o acesso à comunicação, à informação e à educação
de alunos surdos.
         § 1o O profissional a que se refere o caput atuará:

26
I – nos processos seletivos para cursos na instituição de
ensino;
        II – nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos
conhecimentos e conteúdos curriculares, em todas as atividades di-
dático-pedagógicas; e
        III – no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim
da instituição de ensino.
        § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de
ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão im-
plementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar
aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunica-
ção, à informação e à educação.

                          CAPÍTULO VI
          Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas
               Surdas ou com Deficiência Auditiva

        Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela
educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com
deficiência auditiva, por meio da organização de:
        I – escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos
surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e
nos anos iniciais do ensino fundamental;
        II – escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de
ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do
ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com
docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singula-
ridade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de
tradutores e intérpretes de Libras/Língua Portuguesa.
        § 1º São denominadas escolas ou classes de educação bilín-
güe aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Por-
tuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de
todo o processo educativo.
        § 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um turno
diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o
desenvolvimento de complementação curricular, com utilização de
equipamentos e tecnologias de informação.
        § 3o As mudanças decorrentes da implementação dos in-
cisos I e II implicam a formalização, pelos pais e pelos próprios

                                                                    27
alunos, de sua opção ou preferência pela educação sem o uso de
Libras.
        § 4o O disposto no § 2o deste artigo deve ser garantido tam-
bém para os alunos não usuários da Libras.
        Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação bási-
ca e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de
tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa em sala de aula
e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tec-
nologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à
educação.
        § 1o Deve ser proporcionado aos professores acesso à li-
teratura e informações sobre a especificidade lingüística do aluno
surdo.
        § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de
ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão im-
plementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar
aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunica-
ção, à informação e à educação.
        Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e
superior, preferencialmente os de formação de professores, na mo-
dalidade de educação à distância, deve dispor de sistemas de aces-
so à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras/
Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda
oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas
surdas, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de
2004.

                          CAPÍTULO VII
            Da Garantia do Direito à Saúde das Pessoas
                Surdas ou com Deficiência Auditiva

        Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sis-
tema Único de Saúde – SUS e as empresas que detêm concessão ou
permissão de serviços públicos de assistência à saúde, na perspecti-
va da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva
em todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente
aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação básica, a
atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e
especialidades médicas, efetivando:

28
I – ações de prevenção e desenvolvimento de programas de
saúde auditiva;
        II – tratamento clínico e atendimento especializado, respeitan-
do as especificidades de cada caso;
        III – realização de diagnóstico, atendimento precoce e do en-
caminhamento para a área de educação;
        IV – seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva
ou aparelho de amplificação sonora, quando indicado;
        V – acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fo-
noaudiológica;
        VI – atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional;
        VII – atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes
e jovens matriculados na educação básica, por meio de ações inte-
gradas com a área da educação, de acordo com as necessidades
terapêuticas do aluno;
        VIII – orientações à família sobre as implicações da surdez e
sobre a importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu
nascimento, acesso às Libras e à Língua Portuguesa;
        IX – atendimento às pessoas surdas ou com deficiência audi-
tiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm conces-
são ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por
profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução
e interpretação; e
        X – apoio à capacitação e formação de profissionais da rede
de serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpre-
tação.
        § 1o O disposto neste artigo deve ser garantido também
para os alunos surdos ou com deficiência auditiva não usuários
da Libras.
        § 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública
estadual, municipal, do Distrito Federal e as empresas privadas que
detêm autorização, concessão ou permissão de serviços públicos
de assistência à saúde buscarão implementar as medidas referidas
no art. 3o da Lei no 10.436, de 2002, como meio de assegurar, prio-
ritariamente, aos alunos surdos ou com deficiência auditiva matricu-
lados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral
à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades
médicas.

                                                                    29
CAPÍTULO VIII
       Do Papel do Poder Público e das Empresas que Detêm
          Concessão ou Permissão de ServiçosPúblicos,
               no Apoio ao Uso e Difusão da Libras

        Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o
Poder Público, as empresas concessionárias de serviços públicos e
os órgãos da administração pública federal, direta e indireta devem
garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do
uso e difusão de Libras e da tradução e interpretação de Libras
– Língua Portuguesa, realizados por servidores e empregados ca-
pacitados para essa função, bem como o acesso às tecnologias de
informação, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2004.
        § 1o As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo
menos, cinco por cento de servidores, funcionários e empregados
capacitados para o uso e interpretação da Libras.
        § 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública estadu-
al, municipal e do Distrito Federal, e as empresas privadas que detêm con-
cessão ou permissão de serviços públicos buscarão implementar as me-
didas referidas neste artigo como meio de assegurar às pessoas surdas
ou com deficiência auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput.
        Art. 27. No âmbito da administração pública federal, direta e
indireta, bem como das empresas que detêm concessão e permis-
são de serviços públicos federais, os serviços prestados por servi-
dores e empregados capacitados para utilizar a Libras e realizar a
tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa estão sujeitos
a padrões de controle de atendimento e a avaliação da satisfação
do usuário dos serviços públicos, sob a coordenação da Secretaria
de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em
conformidade com o Decreto nº 3.507, de 13 de junho de 2000.
        Parágrafo único. Caberá à administração pública no âmbito
estadual, municipal e do Distrito Federal disciplinar, em regulamento
próprio, os padrões de controle do atendimento e avaliação da satis-
fação do usuário dos serviços públicos, referido no caput.

                            CAPÍTULO IX
                        Das Disposições Finais

        Art. 28. Os órgãos da administração pública federal, direta e
indireta, devem incluir em seus orçamentos anuais e plurianuais do-

30
tações destinadas a viabilizar ações previstas neste Decreto, priorita-
riamente as relativas à formação, capacitação e qualificação de pro-
fessores, servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à
realização da tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa,
a partir de um ano da publicação deste Decreto.
        Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municípios, no âm-
bito de suas competências, definirão os instrumentos para a efetiva
implantação e o controle do uso e difusão de Libras e de sua tradu-
ção e interpretação, referidos nos dispositivos deste Decreto.
        Art. 30. Os órgãos da administração pública estadual, munici-
pal e do Distrito Federal, direta e indireta, viabilizarão as ações pre-
vistas neste Decreto com dotações específicas em seus orçamentos
anuais e plurianuais, prioritariamente as relativas à formação, capa-
citação e qualificação de professores, servidores e empregados para
o uso e difusão da Libras e à realização da tradução e interpretação
de Libras/Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste
Decreto.
        Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
        Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184o da Independência e
117 da República.
    o




       LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
       Fernando Haddad.




                                                                     31
DECRETANDO LIBRAS NO BRASIL


                                Autora: Aparecida Miranda
                                           (pessoa surda)


“Na personalidade a comunicação
No comando a legitimidade
Na abstração o sentimento
No pensamento a dignidade.
O decidir de uma autoridade
É ordem, vontade ou decisão
Poder na hierarquia executiva
Em obediência a um coração.
Coração então representado
Pelos sinais que vêm da mão
Estrutura de linguagem humana
Facilitando a conscientização.
A Língua Brasileira de Sinais
Está disposta por considerações
Apoiando a comunidade surda
Que se espalha pelas nações.
Multiplicando os educadores
Atendendo à pequena criança
A integração é facilitada
Na cultura de uma esperança.
Oralizado ou sinalizado
O que importa é o desenvolvimento
Até ouvintes em seus discursos
Usam as mãos por um momento...

                                                      33
Se comunicar não é concordância
     O compreender é comunicação
     No respeitar das diferenças
     É que ocorre transformação...
     Se a Libras chegou ao poder
     Pela força da legalidade
     A obediência dos brasileiros
     Expressará sua integridade.
     Através deste sistema educacional
     Estados, Municípios e Distrito Federal
     Garantirão os cursos de formação
     Dando aos surdos a inclusão total.
     O Presidente Fernando Henrique,
     atendendo ao que os surdos quiseram
     Se surdos têm suas diferenças e
     Libras é a sua língua natural
     Promulga como lei a Língua Brasileira de Sinais.
     O entendimento da humanidade
     Até animais e vegetais
     De geração a geração
     Sofrem suas modificações
     Na progressiva evolução...
     Esta Língua foi ressonante
     Com o Presidente Lula
     a marcha se faz gigante!
     Na seqüência harmoniosa
     O Ministério da Educação
     Junta-se à Casa Civil
     No decreto de regulamentação.
     De tambor surdo à frente
     Vibrando numa só cadência
     Os surdos e os ouvintes
     Rendem o espírito à ciência!
     Neste mundo que é compacto
     Onde o etéreo é tão sutil
     Os sons ressoam no espaço
     Decretando Libras no Brasil!”

34
Esta poesia retrata toda uma trajetória histórica da luta das
pessoas surdas e suas associações para conseguir que a Libras fos-
se reconhecida como Língua Oficial do Surdos, por meio das Lei nºs
10.436/2000 e 10.098/2002, e regulamentada pelo Decreto Federal
nº 5.626/2005. (Pinto, Maria)

PORTARIA Nº 310, DE 27 DE JUNHO DE 2006
        O Ministro de Estado das Comunicações, no uso das atribui-
ções que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II da Consti-
tuição, e
        Considerando os comentários recebidos em decorrência de
consulta e audiência pública realizada pela Portaria nº 476, de 1o
de novembro de 2005, publicada no Diário Oficial da União de 3 de
novembro de 2005 e Portaria nº 1, de 4 de janeiro de 2006, publicada
no Diário Oficial de União de 4 de janeiro de 2006,
        Considerando o disposto no art. 53 do Decreto nº 5. 296, de 2
de dezembro de 2004, resolve:
        Art. 1º Aprovar a Norma Complementar nº 1/2006 – Recursos
de acessibilidade, para pessoas com deficiência, na programação
veiculada nos serviços de radiodifusão de sons e imagens e de re-
transmissão de televisão.
        Art. 2o Esta a Portaria entra em vigor na data de sua publica-
ção. – Hélio Costa.

ANEXO

        1. Norma Complementar nº 1/2006 – Recursos de acessibili-
dade, para pessoas com deficiência, na programação veiculada nos
serviços de radiodifusão de sons e imagens e de retransmissão de
televisão.

OBJETIVO

        2. Esta Norma tem por objetivo complementar as disposições
relativas ao serviço de radiodifusão de sons e imagens e ao serviço
de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radiodifusão de
sons e imagens, visando tornar a programação transmitida ou re-
transmitida acessível para pessoas com deficiência, conforme dis-
posto na Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e no Decreto

                                                                   35
no5.296, de 2 de dezembro de 2004, alterado pelo Decreto nº 5.645,
de 28 de dezembro de 2005.

REFERÊNCIAS BÁSICAS

         2.1 Constituição Federal.
         2.2 Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962, que institui o Có-
digo Brasileiro de Telecomunicações.
         2.3 Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967, que mo-
difica e complementa a Lei nº 4.117, de 1962.
         2.4 Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre
a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Defici-
ência e consolida as Normas de proteção.
         2.5 Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá priori-
dade de atendimento às pessoas que especifica.
         2.6 Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabe-
lece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibili-
dade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
         2.7 Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
         2.8 Decreto nº 52.795, de 31 de outubro de 1963, que aprova
o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão.
         2.9 Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regu-
lamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989.
         2.10 Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que regu-
lamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de
19 de dezembro de 2000.
         2.11 Decreto nº 5.371, de 17 de fevereiro de 2005, que apro-
va o Regulamento do Serviço de Retransmissão de Televisão e do
Serviço de Repetição de Televisão, ancilares ao Serviço de Radiodi-
fusão de Sons e Imagens.
         2.12 Decreto nº 5.645, de 28 de dezembro de 2005, que alte-
ra o art. 53 do Decreto nº 5.296, de 2004.
         2.13 Instrução Normativa nº 1, de 2 de dezembro de 2005, da Se-
cretaria de Comunicação Institucional da Secretaria Geral da Presidência
da República, que regulamenta o art. 57 do Decreto nº 5.296, de 2004.
         2.14 Norma Brasileira ABNT NBR nº 15.290/2005, que dis-
põe sobre acessibilidade em comunicação na televisão.

36
DEFINIÇÕES

        3. Para os efeitos desta Norma, devem ser consideradas as
seguintes definições:
        3.1 Acessibilidade: é a condição para utilização, com segu-
rança e autonomia, dos serviços, dispositivos, sistemas e meios de
comunicação e informação, por pessoa com deficiência auditiva, vi-
sual ou intelectual.
        3.2 Legenda Oculta: corresponde à transcrição, em língua
portuguesa, dos diálogos, efeitos sonoros, sons do ambiente e de-
mais informações que não poderiam ser percebidos ou compreendi-
dos por pessoas com deficiência auditiva.
        3.3 Audiodescrição: corresponde a uma locução, em língua
portuguesa, sobreposta ao som original do programa, destinada a
descrever imagens, sons, textos e demais informações que não po-
deriam ser percebidos ou compreendidos por pessoas com deficiên-
cia visual.
        3.4 Dublagem: tradução de programa originalmente falado
em língua estrangeira, com a substituição da locução original por fa-
las em língua portuguesa, sincronizadas no tempo, entonação, movi-
mento dos lábios dos personagens em cena etc. (NBR 15290).
        3.5 Campanhas institucionais – campanhas educativas e cul-
turais destinadas à divulgação dos direitos e deveres do cidadão.
        3.6 Informativos de utilidade pública – qualquer informação
que tenha a finalidade de proteger a vida, a saúde, a segurança e a
propriedade.
        3.7 Janela de Libras: espaço delimitado no vídeo onde as in-
formações são interpretadas na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

ABRANGÊNCIA
        4.1 Ficam sujeitas ao cumprimento do disposto nesta Norma
as pessoas jurídicas que detenham concessão ou permissão ou para
explorar o serviço de radiodifusão de sons e imagens e as pessoas
jurídicas que detenham permissão ou autorização para explorar o
serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radiodi-
fusão de sons e imagens.
        4.2 Inclui-se na obrigatoriedade de cumprimento do dispos-
to nesta Norma as pessoas jurídicas referidas no subitem 4.1 que

                                                                  37
transmitirem ou retransmitirem programação que, mesmo tendo sido
produzida em outros países, seja editada, traduzida ou sofra qual-
quer adaptação considerada necessária para sua transmissão ou re-
transmissão com boa qualidade de percepção e compreensão pelo
público brasileiro.

RECURSOS DE ACESSIBILIDADE

         5.1 A programação veiculada pelas estações transmissoras
ou retransmissoras dos serviços de radiodifusão de sons e imagens
deverá conter:
         a) Legenda Oculta, em língua portuguesa, devendo ser trans-
mitida pela linha 21 do Intervalo de Apagamento Vertical (VBI);
         b) Audiodescrição, em língua portuguesa, devendo ser trans-
mitida pelo Programa Secundário de Áudio (SAP), sempre que o pro-
grama for exclusivamente falado em português; e
         c) Dublagem, em língua portuguesa, dos programas veicula-
dos em língua estrangeira, no todo ou em parte, devendo ser trans-
mitida pelo Programa Secundário de Áudio (SAP), juntamente com
a audiodescrição definida na alínea b, de modo a permitir a compre-
ensão dos diálogos e conteúdos audiovisuais por pessoas com defi-
ciência visual e pessoas que não consigam ou não tenham fluência
para leitura das legendas de tradução.
         5.2 A programação de caráter oficial deverá ser veiculada
pelas pessoas jurídicas que detenham concessão para explorar o
serviço de radiodifusão de sons e imagens e as pessoas jurídicas
que detenham permissão ou autorização para explorar ou executar
o serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radio-
difusão de sons e imagens, de acordo com a Instrução Normativa nº
1, de 2 de dezembro de 2005, da Secretaria-Geral da Presidência da
República.
         5.3 Os programas que compõem a propaganda político-parti-
dária e eleitoral, bem assim campanhas institucionais e informativos
de utilidade pública veiculados pelas pessoas jurídicas concessioná-
rias do serviço de radiodifusão de sons e imagem, bem como as pes-
soas jurídicas que possuem permissão ou autorização para executar
o serviço de retransmissão de televisão, deverão conter janela com
intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), cuja produção
e/ou gravação ficarão ao encargo e sob a responsabilidade dos par-

38
tidos políticos e/ou dos respectivos órgãos de governo aos quais se
vinculem os referidos programas, sem prejuízo do cumprimento do
disposto no subitem 5.1.
        5.4 Sem prejuízo do cumprimento do disposto no subitem
5.1, o projeto de desenvolvimento e implementação da televisão digi-
tal no Brasil deverá:
        5.4.1 permitir o acionamento opcional da janela com intérpre-
te de Libras, para os espectadores que necessitarem deste recurso,
de modo a possibilitar sua veiculação em toda a programação;
        5.4.2 permitir a inserção de locução, em português, destina-
da a possibilitar que pessoas com deficiência visual e pessoas com
deficiência intelectual selecionem as opções desejadas em menus e
demais recursos interativos, com autonomia.

CARACTERÍSTICAS

        A produção e veiculação dos recursos de acessibilidade ob-
jeto desta Norma deverão ser realizados com observância dos crité-
rios e requisitos técnicos especificados na ABNT NBR 15290:2005
– Acessibilidade em Comunicação na Televisão, editada pela Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

PRAZOS

        7.1 Os recursos de acessibilidade objeto desta Norma deve-
rão ser veiculados na programação exibida pelas pessoas jurídicas
que detenham concessão para explorar o serviço de radiodifusão de
sons e imagens e pelas pessoas jurídicas que detenham permissão
ou autorização para explorar o serviço de retransmissão de televisão,
ancilar ao serviço de radiodifusão de sons e imagens, de acordo com
o seguinte cronograma:
        a) no mínimo, uma hora, na programação veiculada no horá-
rio compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e uma hora na
programação veiculada no horário compreendido entre 20 (vinte) e 2
(duas) horas, dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) meses, contado
a partir da data de publicação desta Norma;
        b) no mínimo, duas horas, na programação veiculada no ho-
rário compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e duas horas
na programação veiculada no horário compreendido entre 18 (de-

                                                                  39
zoito) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 36 (trinta e seis) meses,
contado a partir da data de publicação desta Norma;
        c) no mínimo, três horas, na programação veiculada no horá-
rio compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e três horas na
programação veiculada no horário compreendido entre 18 (dezoito) e
2 (duas) horas, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) meses, con-
tado a partir da data de publicação desta Norma;
        d) no mínimo, quatro horas, na programação veiculada no
horário compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e quatro
horas na programação veiculada no horário compreendido entre 18
(dezoito) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 60 (sessenta) meses,
contado a partir da data de publicação desta Norma;
        e) no mínimo, seis horas, na programação veiculada no horá-
rio compreendido entre 6 (seis) e 14 (quatorze) horas, e seis horas na
programação veiculada no horário compreendido entre 18 (dezoito) e
2 (duas) horas, dentro do prazo de 72 (setenta e dois) meses, conta-
do a partir da data de publicação desta Norma; e
        f) no mínimo, dezesseis horas, na programação veiculada no
horário compreendido entre 6 (seis) e 2 (duas) horas, dentro do prazo
de 94 (noventa e quatro) meses, contado a partir da data de publica-
ção desta Norma;.
        g) no mínimo, vinte horas, na programação diária total, dentro
do prazo de 106 (cento e seis) meses, contado a partir da data de
publicação desta Norma;
        h) a totalidade da programação diária, dentro do prazo de 132
(cento e trinta e dois) meses, contado a partir da data de publicação
desta Norma.

EXCEÇÕES
        8.1 Não se obriga aos dispositivos desta Norma:
        – a veiculação inédita ou a reprise de programas que tenham
sido produzidos ou gravados antes da data de publicação desta Nor-
ma Complementar sem os recursos de acessibilidade aqui previstos;
        – a veiculação, ao vivo, de competições esportivas realizadas
em recintos com capacidade para acomodação de platéia inferior a
5.000 (cinco mil) pessoas;
        – programação de caráter estritamente local com duração de
até 30 (trinta) minutos.

40
EQUIPAMENTOS DE TRANSMISSÃO E/OU RETRANSMISSÃO

        9.1 As estações transmissoras ou retransmissoras que não
comportarem a Linha 21 do Intervalo de Apagamento Vertical (VBI)
e/ou o Programa Secundário de Áudio (SAP), deverão ser adaptadas
ou substituídas de acordo com o seguinte cronograma:
        9.1.1 No prazo de 2 (dois) anos, contado a partir da publica-
ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso-
ras localizadas em cidades com população superior a 1.000.000 (um
milhão) de habitantes.
        9.1.2 No prazo de 4 (quatro) anos, contado a partir da pu-
blicação desta Norma, para as estações transmissoras ou retrans-
missoras localizadas em cidades com população superior a 500.000
(quinhentos mil) habitantes.
        9.1.3 No prazo de 6 (seis) anos, contado a partir da publica-
ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso-
ras localizadas em cidades com população superior a 200.000 (du-
zentos mil) habitantes.
        9.1.4 No prazo de 8 (oito) anos, contado a partir da publica-
ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso-
ras localizadas em cidades com população superior a 100.000 (cem
mil) habitantes.
        9.1.5 No prazo de 10 (dez) anos, contado a partir da publica-
ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso-
ras localizadas nas demais cidades do Brasil.
        9.2 Nas localidades em que as estações transmissoras ou
retransmissoras forem substituídas para permitir a transmissão e/ou
retransmissão em sistema digital, as novas estações já devem com-
portar os recursos de acessibilidade definidos nesta Norma.
        9.3 Cumpridas as disposições deste item, os prazos definidos
no item 7 serão contados a partir da data de expedição da licença de
funcionamento do equipamento substituído, exceto quando se tratar
de veiculação de programas originados de outras geradoras e que já
contenham os recursos de acessibilidade objeto desta.

10. RESPONSABILIDADE
       10.1 As emissoras de radiodifusão de sons e imagens e as re-
transmissoras de televisão são responsáveis pela produção e veicula-

                                                                  41
ção dos recursos de acessibilidade definidos no subitem 5.1 em todos
os programas dos quais sejam detentoras dos direitos autorais.
        10.2 Cabe a cada pessoa jurídica detentora de concessão
para executar o serviço de Radiodifusão de Sons e Imagens e per-
missão ou autorização para executar o serviço de retransmissão de
televisão a intransferível e exclusiva responsabilidade pela imple-
mentação dos meios necessários para que a programação veiculada
contenha os recursos de acessibilidade previstos nesta Norma.

11. PENALIDADES
        11.1 O descumprimento das disposições contidas nesta Nor-
ma sujeita as pessoas jurídicas que detenham concessão ou autori-
zação para explorar o serviço de radiodifusão de sons e imagens e
as pessoas jurídicas que detenham permissão ou autorização para
explorar o serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço
de radiodifusão de sons e imagens, às penalidades prescritas no Có-
digo Brasileiro de Telecomunicações.
        11.2 A pena será imposta de acordo com a infração cometida,
considerados os seguintes fatores:
        a) gravidade da falta;
        b) antecedentes da entidade faltosa; e
        c) reincidência específica.
        11.3 Antes de decidir pela aplicação de qualquer penalidade,
o Ministério das Comunicações notificará a interessada para exercer
o direito de defesa, dentro do prazo de 5 (cinco) dias, contado do
recebimento da notificação.
        11.4 A repetição da falta, no período decorrido entre o recebi-
mento da notificação e a tomada de decisão, será considerada como
reincidência




DOU Nº 122, QUARTA-FEIRA, 28-6-2006.




42
SENADO FEDERAL
SECRETARIA ESPECIAL DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES
      Praça dos Três Poderes s/no – CEP 70165-900
                      Brasília – DF

                 OS: no 03747/2006

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  • 1. SENADO FEDERAL Senador EDUARDO AZEREDO Língua Brasileira De Sinais “Uma Conquista Histórica” BRASÍLIA – 2006
  • 2.
  • 3. Língua Brasileira De Sinais Uma Conquista Histórica
  • 4.
  • 5. APRESENTAÇÃO A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, graças à luta sis- temática e persistente das pessoas com deficiência auditiva, foi re- conhecida pela Nação brasileira como a Língua Oficial da Pessoa Surda, com a publicação da Lei nº 10.436, de 24-4-2002 e a Lei nO 10.098, de 19-12-2002. A conquista deste direito traz impactos significativos na vida social e política da Nação brasileira. O provimento das condições bá- sicas e fundamentais de acesso à Libras se faz indispensável. Requer o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de intérpretes nos locais públicos e a sua inserção nas políticas de saú- de, educação, trabalho, esporte e lazer, turismo e finalmente o uso da Libras pelos meios de comunicação e nas relações cotidianas entre pessoas surdas e não-surdas. Segundo Antonio de Campos Abreu, representante da Fe- deração de Surdos no Conselho Nacional da Pessoa com Defici- ência, com extenso currículo na luta pelos direitos do surdo, “pre- servar a cultura da comunidade surda é necessário e importante. Usar a Língua Brasileira de Sinais é cidadania para toda a comu- nidade surda. Respeitar a forma de comunicação do surdo é um dever da sociedade e de todos. Os surdos sonham com um mundo pelas mãos que falam”. Foi Antonio quem cedeu os textos de sua autoria para serem publicados em conjunto com a legislação em vigor sobre a Libras. Espera-se que cada município deste País, em ampla arti- culação entre os governos municipal, estadual e federal, entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, entre o Poder Público, sociedade civil e principalmente em ampla parceria com as asso- ciações de surdos tornem a Libras uma língua presente na vida 5
  • 6. social, política e econômica brasileira, favorecendo a construção da sociedade inclusiva. Que todos leiam e se apropriem destas leis. Cumpra-se a lei. Eduardo Azeredo, Senador da República. 6
  • 7. UMA CONVERSA INICIAL A Federação Nacional de Educação de Integração dos Sur- dos, (Feneis) as associações e outras instituições de surdos inicia- ram suas atividades com o objetivo de desenvolver a educação e inclusão dos surdos ampliando as suas oportunidades sociais. Para isto, desenvolveram, ao longo dos anos, estudos, pesquisas, cursos, encontros, debates, seminários e realizaram visitas em diversas lo- calidades, colhendo sugestões que fundamentassem sua meta e res- paldassem suas ações. Em todo este período, a Feneis pôde constatar uma “discus- são” no âmbito educacional entre profissionais, pais, instrutores pro- fessores, líderes dos surdos e escolas em torno da Língua de Sinais. Viu emergir, entre os profissionais, uma disputa entre duas correntes teóricas, o oralismo e a filosofia do surdo. Cada qual com seus argu- mentos, opiniões, objetivos e metas. Para a Feneis, a língua de sinais é um direito do surdo à língua materna, responsável pelo seu desenvolvimento cultural so- cial e acadêmico/educacional. As dúvidas, receios e dificuldades de assumir essa postura prejudicou em muito, o surdo, além da questão do tempo perdido em discussões entre famílias e profissio- nais envolvidos com este indivíduo. A Língua de Sinais é a chave para ampliar a inserção do surdo no âmbito social. Historicamente a falta de vontade, de coragem, ou o desconhecimento e a falta de interesse das pessoas com a comunicação com o surdo foram os principais fatores que afastam o surdo das relações com o que se passa ao seu redor. “Todos sabem que cada “povo” tem sua cultura e diferença. Assim, nada como encaminhar ações diretas ao “povo/mundo” do surdo. Este texto mostra os principais pontos relacionados à deman- da do surdo que é o respeito à sua Língua. Se houve aqueles que 7
  • 8. acreditaram, por muito tempo, que a utilização da Língua de Sinais prejudicava o trabalho de aprendizado da fala, isto não é verdade. É, sim, uma forma de segregação social. Todo surdo pode aprender a falar sem usar as mãos. Porém, o aspecto da comunicação fica relegado a segundo plano, o que prejudica profundamente o uso de sua língua viva, capaz de conceituar e simbolizar o mundo no qual vive.”( Antonio C. Abreu) Ora, o surdo precisa sentir-se usando o que de melhor a pes- soa tem: sua possibilidade de relacionar-se e comunicar-se. Inclusão social é incluir a Libras como forma de comunicação da pessoa surda. O que a Feneis espera (e com confiança) é que o pensamento que não reconhece a Libras como língua dos surdos possa ser alterado no sentido da aceitação plena da Língua de Sinais em todo o Brasil, não só porque agora isto é lei, mas pela compreensão e aceitação internalizada desta forma de comunicação com as mãos. Unidos, os surdos, pais, profissionais, professores e pessoas da comunidade com o propósito de reconhecer a Libras como Língua Oficial dos Surdos teremos a vitória da comunidade dos surdos, da população e do Governo no cumprimento de um direito. Cumprir o direito é o que chamo de inclusão. Cordialmente Antônio Campos de Abreu, surdo. 8
  • 9. Conceitos básicos A Língua Brasileira de Sinais é um sistema lingüístico legítimo e natural, utilizado pela comunidade surda brasileira, de modalidade gestual-visual e com estrutura gramatical independente da Língua portuguesa falada no Brasil. A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, possibilita o desenvolvimento lingüístico, social e intelectual daque- le que a utiliza enquanto instrumento comunicativo, favorecendo seu acesso ao conhecimento cultural-científico, bem como a integração no grupo social ao qual pertence. As pessoas surdas consideram que por ser a Libras uma lín- gua própria da comunidade surda brasileira, deve-se procurar garan- tir que o ensino desta língua seja realizado, preferencialmente, por professores/instrutores surdos, viabilizando dessa forma maior rique- za interativa cultural entre professor/instrutor surdo e alunos. Diante de tal colocação, se faz necessário capacitar cada vez mais surdos para serem professores e instrutores conforme as exigências legais e o proposto pelas federações e associações de surdos. A comunidade surda é procurada por educadores e interes- sados para terem mais detalhes sobre a Libras. As instituições como clínicas e escolas têm demandado a presença de profissionais sur- dos habilitados, reconhecendo que somente os próprios surdos con- seguem preservar os aspectos culturais da língua. O reconhecimento oficial no Brasil da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio de comunicação de uso corrente, bem como a garantia pela admi- nistração pública de preparação de profissionais que atuem na área com o devido conhecimento e fluência da mesma, vêm ampliando a demanda por profissionais habilitados no ensino da Libras. 9
  • 10. Torna-se urgente que a profissão de professor/instrutor da Língua Brasileira de Sinais e de intérprete da Libras sejam regula- mentadas. O reconhecimento legal destas profissões asseguram maior qualidade e postura ética dos profissionais. Facilita e permite a inclusão de professores/instrutores de Libras no quadro de profis- sionais das escolas onde há surdo estudando e permite a criação do cargo de intérprete para os serviços públicos e espaços públicos freqüentados pelas pessoas surdas. (Campos, Antonio) • Identidades surdas: conceitos e heterogeneidades Gladis Perlin – surda – doutoranda da Universidade Federal de Santa Catarina – critica a influência do poder ouvintista que pre- judica a construção da identidade surda. Ela afirma que: “É evidente que as identidades surdas assumem formas multifacetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas, em face da presença do poder ouvintista que lhes impõem regras, inclusive, encontrando no estereótipo surdo uma resposta para a negação da representação da identidade surda ao sujeito surdo”. Segundo a Federação de Surdos, com base nas afirmações de Gladis Perlim, o termo identidade é o que melhor atende à temáti- ca da surdez. É usado, pelo surdo, na busca do direito de ser surdo e de se comunicar em sua língua natural. De acordo com a trajetória vi- venciada pelos sujeitos surdos, nas suas lutas e intempéries, o tema (re)construção da identidade surda é sempre usado ao responderem à pergunta – o que é ser surdo no Brasil? Viver uma experiência visual é ter a língua de sinais, a língua visual, pertencente a outra cultura, a cultura visual e lingüística. Há de se considerar outro conceito da identidade surda, de relevância política, dentro do multiculturalismo, de igual importância para ou- tros movimentos sociais, pela batalha contra a ideologia dominante: a Identidade Política Surda. É um movimento pela força política em prol da nossa diferença... é uma luta contra o estigma, contra o estereoti- po, contra o preconceito, contra a deficiência e especialmente contra o poder do ouvintismo. • Associações dos Surdos – Minas Gerais Os surdos consideram as suas associações como um segun- do lar. Lá eles fazem suas festividades, vivem a cultura surda e se or- 10
  • 11. ganizam politicamente para defesa de seus direitos, reconhecimento da cultura surda e para garantir a cidadania do surdo. Em Minas Gerais existem as seguintes associações dos surdos: • Associação dos Surdos de Araxá • Associação dos Surdos de Betim • Associação dos Surdos de Caratinga • Associação dos Surdos de Conselheiro Lafaiete • Associação dos Surdos de Contagem • Associação dos Surdos de Coronel Fabriciano • Associação dos Surdos de Divinópolis • Associação dos Surdos de Frutal • Associação dos Surdos de Governador Valadares • Associação dos Surdos de Ituiutaba • Associação dos Surdos de Ipatinga • Associação dos Surdos de Juiz de Fora • Associação dos Surdos de Passo • Associação dos Surdos de Lavras • Associação dos Surdos de Montes Claros • Associação dos Surdos de Pará de Minas • Associação dos Surdos de Teófilo Otoni • Associação dos Surdos de Prata • Associação dos Surdos de Sete Lagoa • Associação dos Surdos de Uberaba • Associação dos Surdos de Uberlândia • Associação dos Surdos de Varginha • Sociedade dos Surdos de Araguari • Sociedade dos Surdos de Patos de Minas • Sociedade dos Surdos de Belo Horizonte • Federação Mineira Desportiva dos Surdos • Cooperativa Padre Vicente de Paulo Burnier Ltda. • Congregação de Deficientes Auditivos de Beagá • Federação de Estado de Minas Gerais dos Surdos • Feneis – Escritório Regional de Minas Gerais A Feneis coordena todo o movimento e busca garantir o bom funcionamento das associações. O Brasil tem associações ou clube dos surdos em quase todos os estados. 11
  • 12. Estados e municípios com leis promulgadas: A primeira lei promulgada no Brasil referente ao direito de acesso a Libras foi em Minas Gerais e serviu de exemplo para todo Brasil. No momento atual quase todos os estados já promulgaram leis estaduais a respeito do assunto. • Estados com leis aprovadas garantindo a Libras: Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mara- nhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande de Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso de Sul e Rondônia - 17 estados • Municípios: João Pessoa – Paraíba, Natal – Rio Grande do Norte. • O Estado de Minas Gerais tem o maior número de municípios com lei municipal garantindo a Libras; • MUNICÍPIOS: Araxá, Belo Horizonte, Governador Valada- res, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Uberlândia, Ituiutaba, Ube- raba, Juiz de Fora, Divinópolis, Patos de Minas, Sete Lago- as, Pouso Alegre; • Dia dos Surdos – Já temos leis estadual e municipal. A data dos surdos é dia 26 de setembro, sendo esta data escolhida em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos do país, o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). Durante todo o mês de setembro, a comunidade surda mobi- liza-se organizando festas, manifestações, passeatas e ou- tros procurando tornar visível para todas as pessoas surdas e seus direitos. • Surdos na universidade: Sabe-se que o número de surdos na universidade ainda é pequeno. As barreiras de comunica- ção são consideradas o maior entrave para ampliação deste número. Poucas são as universidades que possuem intérprete a disposição do aluno ou um núcleo de apoio ao aluno surdo. Algumas estabeleceram parceria com a Feneis para a forma- ção de intérpretes. Abaixo, segundo levantamento realizado pela Feneis/MG as instituições de ensino superior onde exis- tem alunos surdos matriculados: – PUC – Belo Horizonte/Minas Gerais – UniBH – Belo Horizonte/Minas Gerais – Faculdade Metropolitana – Belo Horizonte/Minas Gerais 12
  • 13. Faculdade Sabará – Sabará/Minas Gerais – UNIVERSO – Belo Horizonte/Minas Gerais – UEMG – Belo Horizonte/Minas Gerais – UNIT – Uberlândia/Minas Gerais – UNIUBE – Uberaba/Minas Gerais – Nas cidades de Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Poços de Calda, Patos de Minas e Brumadinho/ Minas Gerais Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – Feneis A Feneis vem buscando o resgate da cidadania da pessoa surda e tem como principal bandeira a luta pelos direitos de igual- dade de condições e de qualidade de vida dessa pessoa. Trata-se de uma entidade de caráter educacional, sociocultural e assistencial, sem fins lucrativos. As principais metas da Feneis são: • promover e ampliar a educação e a cultura do indivíduo surdo; • amparar socialmente este indivíduo; • congregar e coordenar atividades junto às filiadas, associções, escolas e instituições da área da surdez; • lutar pela melhoria de recursos educacionais e de inclusão so- cial dos surdos; • organizar e participar de eventos na área da surdez. O que é o intérprete de Língua Brasileira de Sinais para pessoas surdas? O intérprete da Língua Brasileira de Sinais é aquele que to- mando a posição do sinalizador ou do falante, transmite os pensa- mentos, palavras e emoções do sinalizador/comunicador/falante, ser- vindo de elo entre duas modalidades de comunicação. A habilidade requerida num profissional intérprete é a compe- tência da Língua Portuguesa e na Língua Brasileira de Sinais. Esta competência deve ser constantemente “regada” por meio do contato com a comunidade surda. Orientação com relação à comunidade de surdos A comunidade de surdos é uma parte básica das vidas de muitas pessoas surdas. Os intérpretes necessitam ter familiaridade 13
  • 14. com seu funcionamento a fim de ter uma consciência da cultura do grupo e se manter confortável diante das características próprias da pessoa surda; necessitam ter, também, conhecimento dos sinais de pessoas que são bem conhecidas na respectiva comunidade, e numa posição de estar constantemente melhorando suas habilida- des de leitura de fala e sinalização, aprendendo e adicionando no- vos sinais e estruturas ao seu vocabulário. A comunidade de surdos consiste de unidades sociais desde a família até organizações inter- nacionais (como a Federação Mundial de Surdos) e nacional (como a Associação dos Surdos, a principal voz das pessoas surdas nos EUA atualmente). EXEMPLO DE PALAVRAS EM LIBRAS: 14
  • 15. 15
  • 16. LEI No 10.379, DE 10 DE JANEIRO DE 1991 Reconhece, oficialmente, no Estado de Minas Gerais, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente, a linguagem gestu- al codificada na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. O povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lei: Art. 1O Fica reconhecida oficialmente, pelo Estado de Minas Gerais, a linguagem gestual codificada na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, e outros recursos de expressão a ela associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente. Art. 2O Fica determinado que o Estado colocará, nas reparti- ções públicas voltadas para o atendimento externo, profissionais in- térpretes da língua de sinais. Art. 3O Fica incluída no currículo da rede pública estadual de ensino estendendo-se aos cursos de magistério, formação superior nas áreas das ciências humanas, médicas e educacionais, e às ins- tituições que atendem ao aluno portador de deficiência auditiva, a Língua Brasileira de Sinais. Art. 4O Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 5O Revogam-se as disposições em contrário. Dada no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 10 de janeiro de 1991. – Newton Cardoso, Governador do Estado. 16
  • 17. LEI NO 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LI- BRAS, e dá outras providências. O Presidente da República, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1O É reconhecida como meio legal de comunicação e ex- pressão a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical pró- pria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2O Deve ser garantido, por parte do poder público em ge- ral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institu- cionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como meio de comunicação objetiva e de utilização cor- rente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3O As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendi- mento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4O O sistema educacional federal e os sistemas educa- cionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garan- 17
  • 18. tir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como parte in- tegrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5O Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza. 18
  • 19. DECRETO NO 5. 626, DE 22 DE DEZEMBRO 2005 Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis- posto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, DECRETA: CAPÍTULO I Das Disposições Preliminares Art. 1º Este decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2º Para os fins deste decreto, considera-se pessoa surda àquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva as per- das bilaterais, parciais ou totais, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 19
  • 20. CAPÍTULO II Da Inclusão da Libras como Disciplina Curricular Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoau- diologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal su- perior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste decreto. CAPÍTULO III Da Formação do Professor de Libras e do Instrutor de Libras Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cur- sos de formação previstos no caput. Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. § 1º Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensi- no fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no caput. § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de forma- ção previstos no caput. 20
  • 21. Art. 6º A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I – cursos de educação profissional; II – cursos de formação continuada promovidos por institui- ções de ensino superior; e III – cursos de formação continuada promovidos por institui- ções credenciadas por secretarias de educação. § 1º A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da co- munidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de forma- ção previstos no caput. Art. 7º Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste decreto, caso não haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: I – professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com formação superior e certificado de proficiên- cia em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação; II – instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiên- cia em Libras, promovido pelo Ministério da Educação; III – professor ouvinte bilíngüe: Libras – Língua Portuguesa, com pós-graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Minis- tério da Educação. § 1º Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade para ministrar a disciplina de Libras. § 2º A partir de um ano da publicação deste decreto, os sistemas e as instituições de ensino da educação básica e as de educação supe- rior devem incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério. Art. 8º O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7º, deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. § 1º O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação superior por ele credenciadas para essa finalidade. 21
  • 22. § 2º A certificação de proficiência em Libras habilitará o ins- trutor ou o professor para a função docente. § 3º O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento em Libras, consti- tuída por docentes surdos e lingüistas de instituições de educação superior. Art. 9º A partir da publicação deste decreto, as instituições de ensino médio que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos: I – até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; II – até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da ins- tituição; III – até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da insti- tuição; e IV – dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como dis- ciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamen- te para as demais licenciaturas. Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras – Língua Portuguesa. Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da pu- blicação deste decreto, programas específicos para a criação de cur- sos de graduação: I – para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, que via- bilize a educação bilíngüe: Libras – Língua Portuguesa como se- gunda língua; II – de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Lín- gua Portuguesa, como segunda língua para surdos; III – de formação em Tradução e Interpretação de Libras – Língua Portuguesa. 22
  • 23. Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de pós-graduação para a formação de pro- fessores para o ensino de Libras e sua interpretação, a partir de um ano da publicação deste decreto. Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Le- tras com habilitação em Língua Portuguesa. Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia. CAPÍTULO IV Do Uso e da Difusão da Libras e da Língua Portuguesa para o Acesso das Pessoas Surdas à Educação Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à infor- mação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. § 1º Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem: I – promover cursos de formação de professores para: a) o ensino e uso da Libras; b) a tradução e interpretação da Libras – Língua Portuguesa; e c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas; II – ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o en- sino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda lín- gua para alunos surdos; III – prover as escolas com: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; 23
  • 24. b) tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa; c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como sgun- da língua para pessoas surdas; e d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos; IV – garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também, em salas de recursos, em turno contrário ao da es- colarização; V – apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Li- bras entre professores, alunos, funcionários, direção da escola e fa- miliares, inclusive por meio da oferta de cursos; VI – adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendi- zado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizan- do o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da língua portuguesa; VII – desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devi- damente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tec- nológicos; VIII – disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecno- logias de informação e comunicação, bem como recursos didáti- cos para apoiar a educação de alunos surdos ou com deficiência auditiva. § 2º O professor da educação básica, bilíngüe, aprovado em exame de proficiência em tradução e interpretação de Libras/Lín- gua Portuguesa, pode exercer a função de tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa, cuja função é distinta da função de pro- fessor docente. § 3º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão im- plementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com deficiência auditiva. Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de Libras e o ensino da modalidade escrita da língua portugue- sa, como segunda língua para alunos surdos, devem ser ministrados em uma perspectiva dialógica, funcional e instrumental, como: 24
  • 25. I – atividades ou complementação curricular específica na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental; e II – áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior. Art. 16. A modalidade oral da língua portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência au- ditiva, preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade. Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvi- mento da modalidade oral da língua portuguesa e a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para atuação com alunos da edu- cação básica são de competência dos órgãos que possuam estas atribuições nas unidades federadas. CAPÍTULO V Da Formação do Tradutor e Intérprete de Libras – Língua Portuguesa Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa, deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradu- ção e Interpretação, com habilitação em Libras/Língua Portuguesa. Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste decreto, a formação de tradutor e intérprete de Libras/Língua Portu- guesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I – cursos de educação profissional; II – cursos de extensão universitária; e III – cursos de formação continuada promovidos por institui- ções de ensino superior e instituições credenciadas por secretarias de educação. Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da sociedade civil representati- vas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste decreto, caso não haja pessoas com a titulação exigida para o exer- cício da tradução e interpretação de Libras/Língua 25
  • 26. Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil: I – profissional ouvinte, de nível superior, com competên- cia e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educa- ção, para atuação em instituições de ensino médio e de educa- ção superior; II – profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação no ensino fundamental; III – profissional surdo, com competência para realizar a in- terpretação de línguas de sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos. Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o Ministério da Educação ou instituições de ensino superior por ele credenciada para essa finalidade promoverão, anualmente, exame nacional de proficiência em tradução e interpretação de Li- bras/Língua Portuguesa. Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e inter- pretação de Libras – Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, lingüistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições de educação superior. Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições federais de ensino da educação básica e da educação superior devem incluir, em seus quadros, em todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa, para viabilizar o acesso à comunicação, à informação e à educação de alunos surdos. § 1o O profissional a que se refere o caput atuará: 26
  • 27. I – nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino; II – nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e conteúdos curriculares, em todas as atividades di- dático-pedagógicas; e III – no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição de ensino. § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão im- plementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunica- ção, à informação e à educação. CAPÍTULO VI Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas Surdas ou com Deficiência Auditiva Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I – escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II – escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singula- ridade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras/Língua Portuguesa. § 1º São denominadas escolas ou classes de educação bilín- güe aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Por- tuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. § 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de informação. § 3o As mudanças decorrentes da implementação dos in- cisos I e II implicam a formalização, pelos pais e pelos próprios 27
  • 28. alunos, de sua opção ou preferência pela educação sem o uso de Libras. § 4o O disposto no § 2o deste artigo deve ser garantido tam- bém para os alunos não usuários da Libras. Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação bási- ca e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tec- nologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação. § 1o Deve ser proporcionado aos professores acesso à li- teratura e informações sobre a especificidade lingüística do aluno surdo. § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão im- plementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunica- ção, à informação e à educação. Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior, preferencialmente os de formação de professores, na mo- dalidade de educação à distância, deve dispor de sistemas de aces- so à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras/ Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004. CAPÍTULO VII Da Garantia do Direito à Saúde das Pessoas Surdas ou com Deficiência Auditiva Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sis- tema Único de Saúde – SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, na perspecti- va da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas, efetivando: 28
  • 29. I – ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva; II – tratamento clínico e atendimento especializado, respeitan- do as especificidades de cada caso; III – realização de diagnóstico, atendimento precoce e do en- caminhamento para a área de educação; IV – seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de amplificação sonora, quando indicado; V – acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fo- noaudiológica; VI – atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional; VII – atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens matriculados na educação básica, por meio de ações inte- gradas com a área da educação, de acordo com as necessidades terapêuticas do aluno; VIII – orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso às Libras e à Língua Portuguesa; IX – atendimento às pessoas surdas ou com deficiência audi- tiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm conces- são ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e X – apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpre- tação. § 1o O disposto neste artigo deve ser garantido também para os alunos surdos ou com deficiência auditiva não usuários da Libras. § 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal, do Distrito Federal e as empresas privadas que detêm autorização, concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde buscarão implementar as medidas referidas no art. 3o da Lei no 10.436, de 2002, como meio de assegurar, prio- ritariamente, aos alunos surdos ou com deficiência auditiva matricu- lados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas. 29
  • 30. CAPÍTULO VIII Do Papel do Poder Público e das Empresas que Detêm Concessão ou Permissão de ServiçosPúblicos, no Apoio ao Uso e Difusão da Libras Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Poder Público, as empresas concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração pública federal, direta e indireta devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e difusão de Libras e da tradução e interpretação de Libras – Língua Portuguesa, realizados por servidores e empregados ca- pacitados para essa função, bem como o acesso às tecnologias de informação, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2004. § 1o As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco por cento de servidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação da Libras. § 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública estadu- al, municipal e do Distrito Federal, e as empresas privadas que detêm con- cessão ou permissão de serviços públicos buscarão implementar as me- didas referidas neste artigo como meio de assegurar às pessoas surdas ou com deficiência auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput. Art. 27. No âmbito da administração pública federal, direta e indireta, bem como das empresas que detêm concessão e permis- são de serviços públicos federais, os serviços prestados por servi- dores e empregados capacitados para utilizar a Libras e realizar a tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa estão sujeitos a padrões de controle de atendimento e a avaliação da satisfação do usuário dos serviços públicos, sob a coordenação da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em conformidade com o Decreto nº 3.507, de 13 de junho de 2000. Parágrafo único. Caberá à administração pública no âmbito estadual, municipal e do Distrito Federal disciplinar, em regulamento próprio, os padrões de controle do atendimento e avaliação da satis- fação do usuário dos serviços públicos, referido no caput. CAPÍTULO IX Das Disposições Finais Art. 28. Os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem incluir em seus orçamentos anuais e plurianuais do- 30
  • 31. tações destinadas a viabilizar ações previstas neste Decreto, priorita- riamente as relativas à formação, capacitação e qualificação de pro- fessores, servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à realização da tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto. Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municípios, no âm- bito de suas competências, definirão os instrumentos para a efetiva implantação e o controle do uso e difusão de Libras e de sua tradu- ção e interpretação, referidos nos dispositivos deste Decreto. Art. 30. Os órgãos da administração pública estadual, munici- pal e do Distrito Federal, direta e indireta, viabilizarão as ações pre- vistas neste Decreto com dotações específicas em seus orçamentos anuais e plurianuais, prioritariamente as relativas à formação, capa- citação e qualificação de professores, servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à realização da tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto. Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184o da Independência e 117 da República. o LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Fernando Haddad. 31
  • 32.
  • 33. DECRETANDO LIBRAS NO BRASIL Autora: Aparecida Miranda (pessoa surda) “Na personalidade a comunicação No comando a legitimidade Na abstração o sentimento No pensamento a dignidade. O decidir de uma autoridade É ordem, vontade ou decisão Poder na hierarquia executiva Em obediência a um coração. Coração então representado Pelos sinais que vêm da mão Estrutura de linguagem humana Facilitando a conscientização. A Língua Brasileira de Sinais Está disposta por considerações Apoiando a comunidade surda Que se espalha pelas nações. Multiplicando os educadores Atendendo à pequena criança A integração é facilitada Na cultura de uma esperança. Oralizado ou sinalizado O que importa é o desenvolvimento Até ouvintes em seus discursos Usam as mãos por um momento... 33
  • 34. Se comunicar não é concordância O compreender é comunicação No respeitar das diferenças É que ocorre transformação... Se a Libras chegou ao poder Pela força da legalidade A obediência dos brasileiros Expressará sua integridade. Através deste sistema educacional Estados, Municípios e Distrito Federal Garantirão os cursos de formação Dando aos surdos a inclusão total. O Presidente Fernando Henrique, atendendo ao que os surdos quiseram Se surdos têm suas diferenças e Libras é a sua língua natural Promulga como lei a Língua Brasileira de Sinais. O entendimento da humanidade Até animais e vegetais De geração a geração Sofrem suas modificações Na progressiva evolução... Esta Língua foi ressonante Com o Presidente Lula a marcha se faz gigante! Na seqüência harmoniosa O Ministério da Educação Junta-se à Casa Civil No decreto de regulamentação. De tambor surdo à frente Vibrando numa só cadência Os surdos e os ouvintes Rendem o espírito à ciência! Neste mundo que é compacto Onde o etéreo é tão sutil Os sons ressoam no espaço Decretando Libras no Brasil!” 34
  • 35. Esta poesia retrata toda uma trajetória histórica da luta das pessoas surdas e suas associações para conseguir que a Libras fos- se reconhecida como Língua Oficial do Surdos, por meio das Lei nºs 10.436/2000 e 10.098/2002, e regulamentada pelo Decreto Federal nº 5.626/2005. (Pinto, Maria) PORTARIA Nº 310, DE 27 DE JUNHO DE 2006 O Ministro de Estado das Comunicações, no uso das atribui- ções que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II da Consti- tuição, e Considerando os comentários recebidos em decorrência de consulta e audiência pública realizada pela Portaria nº 476, de 1o de novembro de 2005, publicada no Diário Oficial da União de 3 de novembro de 2005 e Portaria nº 1, de 4 de janeiro de 2006, publicada no Diário Oficial de União de 4 de janeiro de 2006, Considerando o disposto no art. 53 do Decreto nº 5. 296, de 2 de dezembro de 2004, resolve: Art. 1º Aprovar a Norma Complementar nº 1/2006 – Recursos de acessibilidade, para pessoas com deficiência, na programação veiculada nos serviços de radiodifusão de sons e imagens e de re- transmissão de televisão. Art. 2o Esta a Portaria entra em vigor na data de sua publica- ção. – Hélio Costa. ANEXO 1. Norma Complementar nº 1/2006 – Recursos de acessibili- dade, para pessoas com deficiência, na programação veiculada nos serviços de radiodifusão de sons e imagens e de retransmissão de televisão. OBJETIVO 2. Esta Norma tem por objetivo complementar as disposições relativas ao serviço de radiodifusão de sons e imagens e ao serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radiodifusão de sons e imagens, visando tornar a programação transmitida ou re- transmitida acessível para pessoas com deficiência, conforme dis- posto na Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e no Decreto 35
  • 36. no5.296, de 2 de dezembro de 2004, alterado pelo Decreto nº 5.645, de 28 de dezembro de 2005. REFERÊNCIAS BÁSICAS 2.1 Constituição Federal. 2.2 Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962, que institui o Có- digo Brasileiro de Telecomunicações. 2.3 Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967, que mo- difica e complementa a Lei nº 4.117, de 1962. 2.4 Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Defici- ência e consolida as Normas de proteção. 2.5 Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá priori- dade de atendimento às pessoas que especifica. 2.6 Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabe- lece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibili- dade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. 2.7 Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. 2.8 Decreto nº 52.795, de 31 de outubro de 1963, que aprova o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão. 2.9 Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regu- lamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. 2.10 Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que regu- lamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 2.11 Decreto nº 5.371, de 17 de fevereiro de 2005, que apro- va o Regulamento do Serviço de Retransmissão de Televisão e do Serviço de Repetição de Televisão, ancilares ao Serviço de Radiodi- fusão de Sons e Imagens. 2.12 Decreto nº 5.645, de 28 de dezembro de 2005, que alte- ra o art. 53 do Decreto nº 5.296, de 2004. 2.13 Instrução Normativa nº 1, de 2 de dezembro de 2005, da Se- cretaria de Comunicação Institucional da Secretaria Geral da Presidência da República, que regulamenta o art. 57 do Decreto nº 5.296, de 2004. 2.14 Norma Brasileira ABNT NBR nº 15.290/2005, que dis- põe sobre acessibilidade em comunicação na televisão. 36
  • 37. DEFINIÇÕES 3. Para os efeitos desta Norma, devem ser consideradas as seguintes definições: 3.1 Acessibilidade: é a condição para utilização, com segu- rança e autonomia, dos serviços, dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência auditiva, vi- sual ou intelectual. 3.2 Legenda Oculta: corresponde à transcrição, em língua portuguesa, dos diálogos, efeitos sonoros, sons do ambiente e de- mais informações que não poderiam ser percebidos ou compreendi- dos por pessoas com deficiência auditiva. 3.3 Audiodescrição: corresponde a uma locução, em língua portuguesa, sobreposta ao som original do programa, destinada a descrever imagens, sons, textos e demais informações que não po- deriam ser percebidos ou compreendidos por pessoas com deficiên- cia visual. 3.4 Dublagem: tradução de programa originalmente falado em língua estrangeira, com a substituição da locução original por fa- las em língua portuguesa, sincronizadas no tempo, entonação, movi- mento dos lábios dos personagens em cena etc. (NBR 15290). 3.5 Campanhas institucionais – campanhas educativas e cul- turais destinadas à divulgação dos direitos e deveres do cidadão. 3.6 Informativos de utilidade pública – qualquer informação que tenha a finalidade de proteger a vida, a saúde, a segurança e a propriedade. 3.7 Janela de Libras: espaço delimitado no vídeo onde as in- formações são interpretadas na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). ABRANGÊNCIA 4.1 Ficam sujeitas ao cumprimento do disposto nesta Norma as pessoas jurídicas que detenham concessão ou permissão ou para explorar o serviço de radiodifusão de sons e imagens e as pessoas jurídicas que detenham permissão ou autorização para explorar o serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radiodi- fusão de sons e imagens. 4.2 Inclui-se na obrigatoriedade de cumprimento do dispos- to nesta Norma as pessoas jurídicas referidas no subitem 4.1 que 37
  • 38. transmitirem ou retransmitirem programação que, mesmo tendo sido produzida em outros países, seja editada, traduzida ou sofra qual- quer adaptação considerada necessária para sua transmissão ou re- transmissão com boa qualidade de percepção e compreensão pelo público brasileiro. RECURSOS DE ACESSIBILIDADE 5.1 A programação veiculada pelas estações transmissoras ou retransmissoras dos serviços de radiodifusão de sons e imagens deverá conter: a) Legenda Oculta, em língua portuguesa, devendo ser trans- mitida pela linha 21 do Intervalo de Apagamento Vertical (VBI); b) Audiodescrição, em língua portuguesa, devendo ser trans- mitida pelo Programa Secundário de Áudio (SAP), sempre que o pro- grama for exclusivamente falado em português; e c) Dublagem, em língua portuguesa, dos programas veicula- dos em língua estrangeira, no todo ou em parte, devendo ser trans- mitida pelo Programa Secundário de Áudio (SAP), juntamente com a audiodescrição definida na alínea b, de modo a permitir a compre- ensão dos diálogos e conteúdos audiovisuais por pessoas com defi- ciência visual e pessoas que não consigam ou não tenham fluência para leitura das legendas de tradução. 5.2 A programação de caráter oficial deverá ser veiculada pelas pessoas jurídicas que detenham concessão para explorar o serviço de radiodifusão de sons e imagens e as pessoas jurídicas que detenham permissão ou autorização para explorar ou executar o serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radio- difusão de sons e imagens, de acordo com a Instrução Normativa nº 1, de 2 de dezembro de 2005, da Secretaria-Geral da Presidência da República. 5.3 Os programas que compõem a propaganda político-parti- dária e eleitoral, bem assim campanhas institucionais e informativos de utilidade pública veiculados pelas pessoas jurídicas concessioná- rias do serviço de radiodifusão de sons e imagem, bem como as pes- soas jurídicas que possuem permissão ou autorização para executar o serviço de retransmissão de televisão, deverão conter janela com intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), cuja produção e/ou gravação ficarão ao encargo e sob a responsabilidade dos par- 38
  • 39. tidos políticos e/ou dos respectivos órgãos de governo aos quais se vinculem os referidos programas, sem prejuízo do cumprimento do disposto no subitem 5.1. 5.4 Sem prejuízo do cumprimento do disposto no subitem 5.1, o projeto de desenvolvimento e implementação da televisão digi- tal no Brasil deverá: 5.4.1 permitir o acionamento opcional da janela com intérpre- te de Libras, para os espectadores que necessitarem deste recurso, de modo a possibilitar sua veiculação em toda a programação; 5.4.2 permitir a inserção de locução, em português, destina- da a possibilitar que pessoas com deficiência visual e pessoas com deficiência intelectual selecionem as opções desejadas em menus e demais recursos interativos, com autonomia. CARACTERÍSTICAS A produção e veiculação dos recursos de acessibilidade ob- jeto desta Norma deverão ser realizados com observância dos crité- rios e requisitos técnicos especificados na ABNT NBR 15290:2005 – Acessibilidade em Comunicação na Televisão, editada pela Asso- ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). PRAZOS 7.1 Os recursos de acessibilidade objeto desta Norma deve- rão ser veiculados na programação exibida pelas pessoas jurídicas que detenham concessão para explorar o serviço de radiodifusão de sons e imagens e pelas pessoas jurídicas que detenham permissão ou autorização para explorar o serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radiodifusão de sons e imagens, de acordo com o seguinte cronograma: a) no mínimo, uma hora, na programação veiculada no horá- rio compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e uma hora na programação veiculada no horário compreendido entre 20 (vinte) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) meses, contado a partir da data de publicação desta Norma; b) no mínimo, duas horas, na programação veiculada no ho- rário compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e duas horas na programação veiculada no horário compreendido entre 18 (de- 39
  • 40. zoito) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 36 (trinta e seis) meses, contado a partir da data de publicação desta Norma; c) no mínimo, três horas, na programação veiculada no horá- rio compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e três horas na programação veiculada no horário compreendido entre 18 (dezoito) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) meses, con- tado a partir da data de publicação desta Norma; d) no mínimo, quatro horas, na programação veiculada no horário compreendido entre 8 (oito) e 14 (quatorze) horas, e quatro horas na programação veiculada no horário compreendido entre 18 (dezoito) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 60 (sessenta) meses, contado a partir da data de publicação desta Norma; e) no mínimo, seis horas, na programação veiculada no horá- rio compreendido entre 6 (seis) e 14 (quatorze) horas, e seis horas na programação veiculada no horário compreendido entre 18 (dezoito) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 72 (setenta e dois) meses, conta- do a partir da data de publicação desta Norma; e f) no mínimo, dezesseis horas, na programação veiculada no horário compreendido entre 6 (seis) e 2 (duas) horas, dentro do prazo de 94 (noventa e quatro) meses, contado a partir da data de publica- ção desta Norma;. g) no mínimo, vinte horas, na programação diária total, dentro do prazo de 106 (cento e seis) meses, contado a partir da data de publicação desta Norma; h) a totalidade da programação diária, dentro do prazo de 132 (cento e trinta e dois) meses, contado a partir da data de publicação desta Norma. EXCEÇÕES 8.1 Não se obriga aos dispositivos desta Norma: – a veiculação inédita ou a reprise de programas que tenham sido produzidos ou gravados antes da data de publicação desta Nor- ma Complementar sem os recursos de acessibilidade aqui previstos; – a veiculação, ao vivo, de competições esportivas realizadas em recintos com capacidade para acomodação de platéia inferior a 5.000 (cinco mil) pessoas; – programação de caráter estritamente local com duração de até 30 (trinta) minutos. 40
  • 41. EQUIPAMENTOS DE TRANSMISSÃO E/OU RETRANSMISSÃO 9.1 As estações transmissoras ou retransmissoras que não comportarem a Linha 21 do Intervalo de Apagamento Vertical (VBI) e/ou o Programa Secundário de Áudio (SAP), deverão ser adaptadas ou substituídas de acordo com o seguinte cronograma: 9.1.1 No prazo de 2 (dois) anos, contado a partir da publica- ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso- ras localizadas em cidades com população superior a 1.000.000 (um milhão) de habitantes. 9.1.2 No prazo de 4 (quatro) anos, contado a partir da pu- blicação desta Norma, para as estações transmissoras ou retrans- missoras localizadas em cidades com população superior a 500.000 (quinhentos mil) habitantes. 9.1.3 No prazo de 6 (seis) anos, contado a partir da publica- ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso- ras localizadas em cidades com população superior a 200.000 (du- zentos mil) habitantes. 9.1.4 No prazo de 8 (oito) anos, contado a partir da publica- ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso- ras localizadas em cidades com população superior a 100.000 (cem mil) habitantes. 9.1.5 No prazo de 10 (dez) anos, contado a partir da publica- ção desta Norma, para as estações transmissoras ou retransmisso- ras localizadas nas demais cidades do Brasil. 9.2 Nas localidades em que as estações transmissoras ou retransmissoras forem substituídas para permitir a transmissão e/ou retransmissão em sistema digital, as novas estações já devem com- portar os recursos de acessibilidade definidos nesta Norma. 9.3 Cumpridas as disposições deste item, os prazos definidos no item 7 serão contados a partir da data de expedição da licença de funcionamento do equipamento substituído, exceto quando se tratar de veiculação de programas originados de outras geradoras e que já contenham os recursos de acessibilidade objeto desta. 10. RESPONSABILIDADE 10.1 As emissoras de radiodifusão de sons e imagens e as re- transmissoras de televisão são responsáveis pela produção e veicula- 41
  • 42. ção dos recursos de acessibilidade definidos no subitem 5.1 em todos os programas dos quais sejam detentoras dos direitos autorais. 10.2 Cabe a cada pessoa jurídica detentora de concessão para executar o serviço de Radiodifusão de Sons e Imagens e per- missão ou autorização para executar o serviço de retransmissão de televisão a intransferível e exclusiva responsabilidade pela imple- mentação dos meios necessários para que a programação veiculada contenha os recursos de acessibilidade previstos nesta Norma. 11. PENALIDADES 11.1 O descumprimento das disposições contidas nesta Nor- ma sujeita as pessoas jurídicas que detenham concessão ou autori- zação para explorar o serviço de radiodifusão de sons e imagens e as pessoas jurídicas que detenham permissão ou autorização para explorar o serviço de retransmissão de televisão, ancilar ao serviço de radiodifusão de sons e imagens, às penalidades prescritas no Có- digo Brasileiro de Telecomunicações. 11.2 A pena será imposta de acordo com a infração cometida, considerados os seguintes fatores: a) gravidade da falta; b) antecedentes da entidade faltosa; e c) reincidência específica. 11.3 Antes de decidir pela aplicação de qualquer penalidade, o Ministério das Comunicações notificará a interessada para exercer o direito de defesa, dentro do prazo de 5 (cinco) dias, contado do recebimento da notificação. 11.4 A repetição da falta, no período decorrido entre o recebi- mento da notificação e a tomada de decisão, será considerada como reincidência DOU Nº 122, QUARTA-FEIRA, 28-6-2006. 42
  • 43. SENADO FEDERAL SECRETARIA ESPECIAL DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES Praça dos Três Poderes s/no – CEP 70165-900 Brasília – DF OS: no 03747/2006