SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 2
Filosofia

Ano Lectivo: ____/____                                                             Turma: ____

Prof. Joaquim Melro

IV - O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica

1. Descrição e interpretação da actividade cognoscitiva

1.1. Estrutura do acto de conhecer  

                    A análise fenomenológica do conhecimento

Doc. 1


“Em  todo  o  conhecimento,  um  quot;cognoscentequot;  e  um  quot;conhecidoquot;,  um  sujeito  e  um  objecto 
encontram‐se  face  a  face.  A  relação  que  existe  entre  os  dois  é  o  próprio  conhecimento.  A 
oposição dos dois termos não pode ser suprimida; esta oposição significa que os dois termos 
são originariamente separados um do outro, transcendentes um ao outro.  

Os dois termos da relação não podem ser separados dela sem deixar de ser sujeito e objecto. 
O  sujeito  só  é  sujeito  em  relação  a  um  objecto  e  o  objecto  só  é  objecto  em  relação  a  um 
sujeito.  Cada  um  deles  é  o  que  é  em  relação  ao  outro.  Estão  ligados  um  ao  outro  por  uma 
estreita relação; condicionam‐se reciprocamente. A sua relação é uma correlação.  

A  relação  constitutiva  do  conhecimento  é  dupla,  mas  não  é  reversível.  O  facto  de 
desempenhar  o  papel  de  sujeito  em  relação  a  um  objecto  é  diferente  do  facto  de 
desempenhar o papel de objecto em relação a um sujeito. No interior da correlação, sujeito e 
objecto não são, portanto, permutáveis, a sua função é na sua essência diferente. (...)  

A função do sujeito consiste em apreender o objecto; a do objecto em poder ser apreendido 
pelo sujeito e em sê‐lo efectivamente.  

Considerada do lado do sujeito, esta apreensão pode ser descrita como uma saída do sujeito 
para fora da sua própria esfera e como uma incursão na esfera do objecto, a qual é, para o 
sujeito, transcendente e heterogénea. O sujeito apreende as determinações do objecto e, ao 
aprendê‐las, introdu‐las, fá‐las entrar na sua própria esfera.  

O  sujeito  não  pode  captar  as  propriedades  do  objecto  senão  fora  de  si  mesmo,  pois  a 
oposição  do  sujeito  e  do  objecto  não  desaparece  na  união  que  o  acto  do  conhecimento 
estabelece  entre  eles;  permanece  indestrutível.  A  consciência  dessa  oposição  é  um  aspecto 
essencial  da  consciência  do  objecto.  O  objecto,  mesmo  quando  é  apreendido,  permanece 
para o sujeito algo exterior; é sempre o objectum, quer dizer, o que está diante dele. O sujeito 
não pode captar o objecto sem sair de si (sem se transcender); mas não pode ter consciência 
do  que  é  apreendido,  sem  entrar  em  si,  sem  se  reencontrar  na  sua  própria  esfera.  O 
conhecimento realiza‐se, por assim dizer, em três tempos: o sujeito sai de si, está fora de si e 
regressa finalmente a si.  

O facto de que o sujeito saia de si para apreender o objecto não muda nada neste. O objecto 
não se torna por isso imanente. As características do objecto, se bem que sejam apreendidas 
e  como  que  introduzidas  na  esfera  do  sujeito,  não  são,  contudo,  deslocadas.  Apreender  o 
objecto não significa fazê‐lo entrar no sujeito, mas sim reproduzir neste as determinações do 
objecto  numa  construção  que  terá  um  conteúdo  idêntico  ao  do  objecto.  Esta  construção 
operada no conhecimento é a quot;imagemquot; do objecto. O objecto não é modificado pelo sujeito, 
mas sim o sujeito pelo objecto. Apenas no sujeito alguma coisa se transformou pelo acto do 
conhecimento.  No  objecto  nada  de  novo  foi  criado;  mas  no  sujeito  nasce  a  consciência  do 
objecto com o seu conteúdo, a imagem do objecto”.  

Hartmann,  N.  (1945).  Les  Principes  d'une  Métaphysique  de  la  Connaissance  (t.  l,  pp.  87‐88). 
Paris: Ed. Montaigne. 

Más contenido relacionado

Más de Joaquim Melro

Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...
Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...
Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...Joaquim Melro
 
Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...
Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...
Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...Joaquim Melro
 
Ebook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos Depois
Ebook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos DepoisEbook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos Depois
Ebook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos DepoisJoaquim Melro
 
SABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARES
SABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARESSABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARES
SABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARESJoaquim Melro
 
Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...
Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...
Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...Joaquim Melro
 
SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"
SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"
SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"Joaquim Melro
 
1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...
1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...
1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...Joaquim Melro
 
I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...
I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...
I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...Joaquim Melro
 
Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...
Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...
Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...Joaquim Melro
 
Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...
Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...
Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...Joaquim Melro
 
"O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa conferê...
"O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa  conferê..."O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa  conferê...
"O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa conferê...Joaquim Melro
 
Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)
Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)
Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)Joaquim Melro
 
Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?
Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?
Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?Joaquim Melro
 
Poderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta Agostinho
Poderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta AgostinhoPoderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta Agostinho
Poderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta AgostinhoJoaquim Melro
 
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de Menezes
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de MenezesPoderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de Menezes
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de MenezesJoaquim Melro
 
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher Auretta
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher AurettaPoderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher Auretta
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher AurettaJoaquim Melro
 
Poderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da Costa
Poderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da CostaPoderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da Costa
Poderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da CostaJoaquim Melro
 
Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)
Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)
Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)Joaquim Melro
 
Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)
Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)
Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)Joaquim Melro
 

Más de Joaquim Melro (20)

Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...
Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...
Ciclo de Conferências PENSAR A (NA) ESCOLA EM CONTEXTO DE TRANSIÇÃO DIGITAL: ...
 
Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...
Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...
Palestras FCT 2021-2022 - ESCOLA- MUNDO DO TRABALHO: QUE DESAFIOS À ESCOLA E ...
 
Ebook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos Depois
Ebook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos DepoisEbook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos Depois
Ebook Paulo Freire – A Educação como prática da Liberdade – 50 Anos Depois
 
SABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARES
SABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARESSABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARES
SABERES EM DIÁLOGO: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS TRANSDISCIPLINARES
 
Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...
Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...
Ciclo de Conferências Em Busca de um Mundo Melhor: Ciência, Educação e Humani...
 
SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"
SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"
SEMINÁRIOS "FLORESTA E AMBIENTE - DA ECOLOGIA À ESTÉTICA E DA ÉTICA À EDUCAÇÃO"
 
1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...
1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...
1.º CICLO DE COLÓQUIOS - Os AFETOS também são INCLUSIVOS: VIVÊNCIAS da SEXUAL...
 
I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...
I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...
I CONGRESSO ESCOLA, LIDERANÇA, SUPERVISÃO E INCLUSÃO - ELSI (de 11 e 12 de no...
 
Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...
Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...
Ciclo de Palestras "Formação em Contexto de Trabalho: Reflexões, Inclusão e T...
 
Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...
Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...
Ciclo de Seminários Ciência, Educação e Democracia - Programa geral (provisor...
 
"O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa conferê...
"O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa  conferê..."O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa  conferê...
"O que foi o holocausto? Uma Abordagem trasndisciplinar" - Programa conferê...
 
Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)
Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)
Colóquio "FILOSOFIA, CONSCIÊNCIA E CRISE SOCIAL" (29 e 30 de janeiro 2016)
 
Palestra 2 12 015
Palestra 2 12 015Palestra 2 12 015
Palestra 2 12 015
 
Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?
Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?
Filosofia para crianças: O que podemos aprender com Paulo Freire?
 
Poderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta Agostinho
Poderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta AgostinhoPoderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta Agostinho
Poderes e limites da ciência - Ciclo de Conferências - Marta Agostinho
 
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de Menezes
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de MenezesPoderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de Menezes
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências - Marta de Menezes
 
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher Auretta
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher AurettaPoderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher Auretta
Poderes e limites da ciência - Ciclo de conferências Christopher Auretta
 
Poderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da Costa
Poderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da CostaPoderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da Costa
Poderes e limites da ciência -Cilco de conferências Conf Plamira Fontes da Costa
 
Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)
Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)
Argumentação e Filosofia: O exemplo da pena de Morte (avelar)
 
Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)
Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)
Argumentação e Filosofia. O Exemplo da pena de Morte (Rocha)
 

Último

About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfHELENO FAVACHO
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxTailsonSantos1
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfRavenaSales1
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 

Último (20)

About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 

A estrutura do ato de conhecer

  • 1. Filosofia Ano Lectivo: ____/____ Turma: ____ Prof. Joaquim Melro IV - O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica 1. Descrição e interpretação da actividade cognoscitiva 1.1. Estrutura do acto de conhecer   A análise fenomenológica do conhecimento Doc. 1 “Em  todo  o  conhecimento,  um  quot;cognoscentequot;  e  um  quot;conhecidoquot;,  um  sujeito  e  um  objecto  encontram‐se  face  a  face.  A  relação  que  existe  entre  os  dois  é  o  próprio  conhecimento.  A  oposição dos dois termos não pode ser suprimida; esta oposição significa que os dois termos  são originariamente separados um do outro, transcendentes um ao outro.   Os dois termos da relação não podem ser separados dela sem deixar de ser sujeito e objecto.  O  sujeito  só  é  sujeito  em  relação  a  um  objecto  e  o  objecto  só  é  objecto  em  relação  a  um  sujeito.  Cada  um  deles  é  o  que  é  em  relação  ao  outro.  Estão  ligados  um  ao  outro  por  uma  estreita relação; condicionam‐se reciprocamente. A sua relação é uma correlação.   A  relação  constitutiva  do  conhecimento  é  dupla,  mas  não  é  reversível.  O  facto  de  desempenhar  o  papel  de  sujeito  em  relação  a  um  objecto  é  diferente  do  facto  de  desempenhar o papel de objecto em relação a um sujeito. No interior da correlação, sujeito e  objecto não são, portanto, permutáveis, a sua função é na sua essência diferente. (...)   A função do sujeito consiste em apreender o objecto; a do objecto em poder ser apreendido  pelo sujeito e em sê‐lo efectivamente.   Considerada do lado do sujeito, esta apreensão pode ser descrita como uma saída do sujeito  para fora da sua própria esfera e como uma incursão na esfera do objecto, a qual é, para o  sujeito, transcendente e heterogénea. O sujeito apreende as determinações do objecto e, ao  aprendê‐las, introdu‐las, fá‐las entrar na sua própria esfera.   O  sujeito  não  pode  captar  as  propriedades  do  objecto  senão  fora  de  si  mesmo,  pois  a  oposição  do  sujeito  e  do  objecto  não  desaparece  na  união  que  o  acto  do  conhecimento 
  • 2. estabelece  entre  eles;  permanece  indestrutível.  A  consciência  dessa  oposição  é  um  aspecto  essencial  da  consciência  do  objecto.  O  objecto,  mesmo  quando  é  apreendido,  permanece  para o sujeito algo exterior; é sempre o objectum, quer dizer, o que está diante dele. O sujeito  não pode captar o objecto sem sair de si (sem se transcender); mas não pode ter consciência  do  que  é  apreendido,  sem  entrar  em  si,  sem  se  reencontrar  na  sua  própria  esfera.  O  conhecimento realiza‐se, por assim dizer, em três tempos: o sujeito sai de si, está fora de si e  regressa finalmente a si.   O facto de que o sujeito saia de si para apreender o objecto não muda nada neste. O objecto  não se torna por isso imanente. As características do objecto, se bem que sejam apreendidas  e  como  que  introduzidas  na  esfera  do  sujeito,  não  são,  contudo,  deslocadas.  Apreender  o  objecto não significa fazê‐lo entrar no sujeito, mas sim reproduzir neste as determinações do  objecto  numa  construção  que  terá  um  conteúdo  idêntico  ao  do  objecto.  Esta  construção  operada no conhecimento é a quot;imagemquot; do objecto. O objecto não é modificado pelo sujeito,  mas sim o sujeito pelo objecto. Apenas no sujeito alguma coisa se transformou pelo acto do  conhecimento.  No  objecto  nada  de  novo  foi  criado;  mas  no  sujeito  nasce  a  consciência  do  objecto com o seu conteúdo, a imagem do objecto”.   Hartmann,  N.  (1945).  Les  Principes  d'une  Métaphysique  de  la  Connaissance  (t.  l,  pp.  87‐88).  Paris: Ed. Montaigne.