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FACETED – INSTITUTO DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E
TECNOLOGIA DARWIN
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DOCÊNCIA
ALEXSANDRO PRATES FREITAS
A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
ATAMIRA-PA
2012
ALEXSANDRO PRATES FREITAS
A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Artigo apresentado, à Faculdade de
Ciências, Educação e Tecnologia
Darwin, como requisito parcial para
conclusão do curso de pós-
graduação em docência.
Orientadora: Prof.ª Sarita Abadia
Assumpção.
ALTAMIRA-PA
2012
ALEXSANDRO PRATES FREITAS
A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Artigo apresentado à Banca Examinadora da Faculdade de Ciências, Educação
e Tecnologia Darwin, como requisito parcial para obtenção do titulo de
Especialista em docência. Orientador: Professor Mestre Paulo Rogério de
Oliveira
Aprovada em ____/_____/_____
Nota:
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Mestre Paulo Rogério de Oliveira
Orientador
_________________________________________________
Prof. Sarita Abadia Assumpção
2º Membro da Banca Examinadora
Prof. Thiago Rosa da Silva
3º Membro da Banca Examinadora.
A importância da afetividade para uma educação de qualidade
ALEXSANDRO PRATES FREITAS
RESUMO
Este artigo tem como objetivo investigar sob uma visão psicológica a
importânciada afetividade, identificandocomo a afetividade entre professor
ealuno pode contribuir para uma educação de qualidade de
formaacolhedora e prazerosa. Objetivando descrever a respeito do aspecto
sócio afetivo como mola propulsora da ação educativa. A análise se
fundamenta nas ideias de pensadores como Vygotsky, Piaget eWallonque
nos atentapara afetividade como ponto de fundamental importância,tanto
para o professor quanto para o aluno.Essarelação entre ambos, contribui
para umaeducação de qualidade. Os vínculos emocionais que se
estabelecem desde onascimento influenciam na construção e
desenvolvimento do sujeito, propiciando-lheferramentas necessárias à
aquisição da aprendizagem, sua conservação e continuidade.
Nestecontexto, o professor é sujeito de sua história pessoal e tem poder de
compreender anecessidade de sua participação efetiva e ativa na
transformação da sociedade, através doprocesso de construção do
conhecimento, e da realidade vivida pelo aluno. Verifica-se,portanto, a
necessidade de interação e que esta, esteja associada à afetividade entre
aluno eeducador, e também é fundamental que a família esteja inserida e
colabore ativamente desteprocesso.Buscamos assim, por meio deste artigo,
contribuir para a reflexão sobre aimportância que a afetividade exerce para
uma educação de qualidade queservirá de base para futuros trabalhos.
Palavras chaves: Afetividade; Professor; Aluno; Educação de qualidade
ABSTRACT
This article aims to investigate under a psychological view of the
importance of affectivity, identifying as affection between teacher and student
can contribute to a quality education in a warm and pleasant. Aiming to
describe about the socio-affective aspect as springboard for educational
action. The analysis is based on the ideas of thinkers such as Vygotsky,
Piaget and Wallon us attentive to affectivity as a point of fundamental
importance, both for the teacher and for the student. This relationship
between the two, contributing to a quality education.The emotional bonds
that are established from birth influence the construction and development of
the subject, providing him the necessary tools of learning acquisition,
preservation and continuity. In this context, the teacher is the subject of his
personal story and is able to understand the need for their active and
effective participation in the transformation of society through the process of
knowledge construction, and the reality experienced by the student. There is
therefore the need for interaction and that this could be associated with the
affection between student and teacher, and is also crucial that the family is
inserted and collaborate actively in this process.We seek well, through this
article, to contribute to the reflection on the importance of affectivity has to a
quality education that will form the basis for future work.
Keywords: Affection, Professor, Student, Education Quality
1. INTRODUÇÃO
Toda criança desde o nascimento tem a necessidadede atenção e
afeto para viver num processocontínuo e harmônico de socialização e
integraçãofamiliar e social. No ambiente escolar, osalunos que manifestam
sentimentos de prazer, desucesso e que são bem sucedidos em sala de
aula,são aqueles que os esforços foram encorajados erespeitados.
Quando falamos dos alunos menos favorecidosintelectualmente,
referimo-nos aos que são frutosde atitudes desencorajadoras. Neles,
emergemsentimentos de inferioridade em relação asi mesmo e aos outros
alunos. Isso nos mostra aimportância da afetividade presente na vida
doaluno.
Nesse sentido, observamos comportamentos entreprofessor e aluno
que muitas vezes não compreendemos.Mas, que despertam nossa atenção
e noslevam a refletir melhor a postura entre ambos.
O relacionamento entre professor e aluno, poderesultar em
consequências negativas, gerandoconflitos em sala de aula. Diante disso,
questionamosem que momentos os conflitos em sala deaula dificultam a
construção do conhecimentodo aluno. E como diferentes atitudes
emocionaise comportamentais podem interferir na posturapedagógica do
professor em sala de aula.
A afetividade quando demonstrada em sala deaula, resulta em
experiências positivas, trazendobenefícios na aprendizagem do aluno. A
segurançae confiança depositada no professor sãofundamentais para a
construção do processo deaprendizagem.
O afeto no ambiente escolar não está somenteno ato de carinho como
abraçar ou beijar o alunocomo cumprimento de sua chegada a sala deaula.
Mas é no olhar confiante do professor em relaçãoà aprendizagem do aluno
que proporcionasegurança e equilíbrio entre ambos.
O aluno não está preparado para entrar na escolae o afastamento dos
pais se torna difícil paraele. Diante dessa situação, durante o processo
deconstrução de conhecimento o aluno tem necessidadede se sentir aceito e
acolhido dentro de suaslimitações. Por isso, o afeto do professor é o
pontoprincipal para o aluno interagir com a escola.
O professor, também tem a necessidade de seraceito e respeitado.
Diante disso, a necessidade deafeto do aluno e do professor se entrelaça
numarelação recíproca que evolui durante o ano letivo.Mas no decorrer
desse período as necessidadesafetivas se modificam e tornando-se
cognitivas.
Este trabalho de pesquisa bibliográfica tem comoobjetivo investigar a
importância da afetividadena aprendizagem, identificando como a
interatividadeentre professor e aluno pode contribuirna sala de aula de forma
acolhedora e prazerosa.
Para isso, utilizamos o referencial teórico que se atenta para
afetividade como pontode equilíbrio, tanto para o professor quantopara o
aluno, contribuindo para uma educaçãode qualidade.
1.1 A AFETIVIDADE SEGUNDO VYGOTSKY
Para Vygotsky, só se pode compreender por completo o pensamento
humanoquando se compreende a base afetiva. Assim como na teoria
walloniana, acredita quepensamento e afeto são indissociáveis.
Quem separa o pensamento do afeto nega de antemão a
possiblidade deestudar a influência inversa do pensamento no
plano afetivo. […] A vidaemocional está conectada a outros
processos psicológicos e aodesenvolvimento da consciência de
um modo geral. (VYGOTSKY, 2000apud ARANTES, 2003,
p.18)
Vygotsky (2000, p.146) escreve que:
O aspecto emocional do individuo não tem menos importância
do que osoutros aspectos e é objeto de preocupação da
educação nas mesmasproporções em que o são a inteligência
e a vontade. O amor pode vir a ser umtalento tanto quanto a
genialidade, quanto a descoberta do cálculo diferencial.
Tanto Vygotsky quanto Wallon afirmam que não se pode separar
afetividade ecognição. Vygotsky evidencia o pensamento com sua gênese
na motivação, a qual incluitendência, necessidades, interesses, impulsos,
afeto e emoção.
A emoção não é uma ferramenta menos importante que o
pensamento. Apreocupação do professor não deve se limitar
ao fato de que seus alunospensem profundamente e assimilem
a geografia, mas também que a sintam.
[…] as reações emocionais devem constituir o fundamento do
processoeducativo. (VYGOTSKY, 2003, p.121)
A afetividade está sempre presente nas experiências empíricas
vividas pelosseres humanos. Quando entra na escola, torna-se ainda mais
evidente seu papel narelação professor-aluno.
As reações emocionais exercem uma influência essencial e
absoluta em todasas formas de nosso comportamento e em
todos os momentos do processoeducativo. Se quisermos que
os alunos recordam melhor ou exercitem maisseu pensamento,
devemos fazer com que essas atividades
sejamemocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa
têm demonstradoque um fato impregnado de emoção é
recordado de forma mais sólida, firmee prolongada que um
feito indiferente. (VYGOTSKY, 2003, p.121)
Um professor que é afetivo com seus alunos, favorece que se
estabeleça umarelação de segurança e evita bloqueios afetivos e cognitivos,
auxiliando no trabalhosocializado e ajuda o aluno a superar erros e a
aprender com eles.
1.2AFETIVIDADE SEGUNDO PIAGET
Para Piaget (1998 apud SALTINI, 1999), o desenvolvimento afetivo
está ligadointrinsecamente e ocorre paralelo ao desenvolvimento moral: a
criança vai superando afase do egocentrismo, se apercebe da importância
das interações com as outras pessoase desenvolve a percepção do eu e do
outro como referência.
Os sentimentos e as operações intelectuais não constituem
duas realidadesseparadas e sim dois aspectos
complementares de toda a realidade psíquica,pois o
pensamento é sempre acompanhado de uma tonalidade e
significadoafetivo, portanto, a afetividade e a cognição são
indissociáveis na sua origeme evolução, constituindo os dois
aspectos complementares de qualquerconduta humana, já que
em toda atividade há um aspecto afetivo e umaspecto cognitivo
ou inteligente. (PIAGET, 1983, p. 234)
Desde o nascimento, o desenvolvimento intelectual é obra da
sociedade e doindivíduo. Contudo, segundo Piaget, afirmar que o homem é
ser social, não significaoptar por uma teoria que explique como o “social”
interfere no desenvolvimento e nascapacidades da inteligência humana.
O equacionamento que o autor dá para esta questão passa por dois
momentos. Oprimeiro: entender o que é ser social. O segundo: fatores
sociais explicam odesenvolvimento intelectual (como?).
O homem normal não é social da mesma maneira aos seis
meses ou aos vinteanos de idade, e, por conseguinte, sua
individualidade não pode ser da mesmaqualidade nesses dois
diferentes níveis. (PIAGET, 1998 apud LA TAILLE,1992, p. 12)
Apesar de Piaget considerar que o conhecimento é construído pela
criança emsua interação com o meio, acreditava que todas as crianças se
desenvolvem através deestágios – formas de apreensão da realidade – até
atingirem o pensamento formal, emque são capazes de pensar sobre o
pensar.
Para o autor, o equilíbrio faz parte do desenvolvimento cognitivo. O
critérioseguido por ele é a qualidade de troca intelectual entre os indivíduos
e, consequentemente, o ótimo grau de socialização só acontece quando
esta troca atinge oequilíbrio. Em síntese:
No total, o equilíbrio de uma troca de pensamentos supõe 1)
um sistemacomum de signos e de definições 2) uma
conservação de proposições válidasobrigando aquele que as
reconhece como tal 3) uma reciprocidade depensamento entre
os interlocutores. (PIAGET 1998 apud LA TAILLE, 1992,p. 14)
Para que o equilíbrio ocorra, são necessários interlocutores que
possam cumpriresta regra numa relação social e isso só acontece quando
os sujeitos se encontram nomesmo nível de desenvolvimento.
A começar pelo estágio sensório-motor. Para Piaget a partir da
aquisição dalinguagem, inicia-se a socialização efetiva da inteligência.
Porém, na fase pré-operatóriaalgumas características ainda limitam a
socialização equilibrada.
Em primeiro lugar, falta “a capacidade de aderir a uma escala comum
dereferência, condição necessária ao verdadeiro diálogo.” (LA TAILLE, 1992,
p. 15).
Umexemplo clássico são os jogos de regras, cada criança tende a
seguir as suas.
Em segundo lugar, vem a contradição.“Tudo se passa como se
faltasse umaregulação essencial ao raciocínio: aquela que obriga o indivíduo
a levar em conta o queadmitiu ou disse, e a conservar esse valor nas
construções ulteriores.” ( PIAGET, 1998apud LA TAILLE, 1992, p. 15)
E, por último, a criança pequena tem dificuldade em se colocar no
ponto de vistado outro, o que impede a reciprocidade.
Essas três características Piaget chamou de “pensamento
egocêntrico”. Como opróprio nome diz, “centrado no eu”. Nesta fase, por
exemplo, as crianças sãoinfluenciáveis pelas ideias dos adultos, repetem
comportamentos, acreditando ser seus.
Por isso, as interações sociais são precárias, pois a criança ainda é
heterônoma.
A partir do estágio operatório as interações sociais conseguiram se
efetuar commaior equilíbrio. Paralelamente a esta, a criança alcançará o que
Piaget define de“personalidade”
A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros
“eus” e refratárioà socialização, mas é o indivíduo se
submetendo voluntariamente às normasde reciprocidade e de
universalidade. Como tal, longe de estar à margem
dasociedade, a personalidade constitui o produto mais refinado
da socialização.
Com efeito, é na medida em que o “eu” renuncia a si mesmo
para inserir seuponto de vista próprio entre os outros e se
curvar assim às regras dareciprocidade que o indivíduo torna-
se personalidade. (…) Em oposição aoegocentrismo inicial, o
qual consiste em tomar o ponto de vista próprio comoabsoluto,
por falta de poder perceber seu carater particular, a
personalidadeconsiste em tomarconsciência desta relatividade
da perspectiva individual e acolocá-la em relação com o
conjunto das outras perspectivas possíveis: apersonalidade é,
pois, uma coordenação da individualidade com o
universal.(PIAGET, 1998 apud LA TAILLE, 1992, p. 16-17)
Para Piaget, essa busca pelo “equilíbrio” tem bases biológicas, pois é
próprio doser vivo procurar o equilíbrio que lhe permita adaptação. Nesse
processo dedesenvolvimento, é fundamental a ação do sujeito sobre o
objeto, “já que é sobre osúltimos que se vão construir conhecimentos e que,
é através de uma tomada deconsciência, da organização das primeiras que
novas estruturas mentais vão sendoconstruídas.” (LA TAILLE, 1992, p. 18).
Piaget (1954) que afirma que a afetividade não modifica a estrutura
no funcionamentointeligência, porém, é a energia que impulsiona a ação de
aprender. Poderá acelerar ouretardar o desenvolvimento dos indivíduos,
podendo até interferir no funcionamento dasestruturas da inteligência (apud
ANDRADE, 2007).
1.3 AFETIVIDADE SEGUNDOWALLON
Wallon (1989) atribui imensa importância à emoção e à afetividade,
criandoconceitos a partir do ato motor, da afetividade e da inteligência. As
interações são umprocesso natural para o desenvolvimento e para a
manifestação das emoções. Contudo,Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003,
p.61) diferencia emoção de afetividade:
As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são
manifestações davida afetiva. Na linguagem comum costuma-
se substituir emoção porafetividade, tratando os termos como
sinônimos. Todavia, não o são. Aafetividade é um conceito
meio abrangente no qual se inserem váriasmanifestações.
Para Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003), o movimento é a base
dopensamento e as emoções que dão origem à afetividade, sendo ela
fundamental naconstituição do sujeito. O autor dá o exemplo de um bebê
que ainda não desenvolveu alinguagem e que utiliza seu corpo por meio de
contorções, espasmos e outrasmanifestações emocionais, para mobilizar os
adultos a sua volta através do afeto. Deacordo com Galvão (2003, p.74),
“pela capacidade de modelar o próprio corpo, aemoção permite a
organização de um primeiro modo de consciência dos estados mentaise de
uma primeira percepção das realidades externas.”
No caso dos adultos, Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003) dá
importância àsubjetividade dos estados afetivos vividos por quem
experimenta uma determinadaemoção. Ou seja, na teoria walloniana, a vida
emocional é uma condição para aexistência das relações interpessoais e,
para este teórico, as emoções fazem parte davida intelectual, não separando
o aspecto cognitivo do afetivo.
Paralelamente ao impacto que as conquistas feitas ao plano
cognitivo têmsobre a vida afetiva, a dinâmica emocional terá
sempre um impacto sobre avida intelectual. […] É graças à
coesão social provocada pela emoção que acriança tem
acesso à linguagem, instrumento fundamental da
atividadeintelectual. (GALVÃO, 2003, p.76)
Um conceito de sua teoria que tem influência na prática pedagógica é
que aemoção estabelece uma relação imediata dos indivíduos entre si,
independente de todarelação intelectual.
A propagação “epidérmica” das emoções, ao provocar um
estado decomunhão e de uníssono, dilui as fronteiras entre os
indivíduos, podendolevar a esforços e intenções em torno de
um objetivo comum. Permitiria,assim, relações de solidariedade
quando a cooperação não fosse possível pordeficiência dos
meios intelectuais ou por falta de consenso
conceitual,contribuindo portanto, para a constituição de um
grupo e para as realizaçõescoletivas. (WALLON, 1989, p.162)
Considerando este caráter unificador das emoções, no âmbito da
práticapedagógica, torna-se fundamental o fortalecimento da afetividade na
relaçãoprofessor/aluno para que a aprendizagem se torne eficaz,
favorecendo, assim, aautoestima, o diálogo e a socialização. Vale ressaltar
que a afetividade também éimportante no processo de avaliação, afastando
eventuais riscos de antipatia entreprofessor e aluno.
Atribui às emoções um papel de primeira grandeza na formação da
vidapsíquica, funcionando como uma amálgama entre o social e o orgânico.
As relações dacriança com o mundo exterior são, desde o início, relações de
sociabilidade, visto que, aonascer, não tem
“meios de ação sobre as coisas circundantes, razão porque a
satisfação das suasnecessidades e desejos tem de ser
realizada por intermédio das pessoas adultas que
a rodeiam. Por isso, os primeiros sistemas de reação que se
organizam sob ainfluência do ambiente, as emoções, tendem a
realizar, por meio de manifestaçõesconsoantes e contagiosas,
uma fusão de sensibilidade entre o indivíduo e o seuentourage”
(Wallon, 1971, p. 262).
1.4 EDUCAÇÃO E AFETIVIDADE
Para Freud (1914), o ser humano nasce com seu eu (sujeito psíquico)
pronto,mas irá constituí-lo a partir de si e de suas relações sociais.
Os avanços da psicanálise fomentam o debate sobre a significação
do mundoinconsciente e sua importância como suporte da inteligência não
só operatória, masprincipalmente figurativa e simbólica (SALTINI, 2002). Daí
a importância dacontribuição dos atores sociais na conjuntura desse
processo.
Partindo do entendimento de que o sujeito só se desenvolve como
sujeito a partirdas relações sociais (professor/aluno, pai/filho entre outros
sujeitos sociais) e, portanto,da qualidade dessas relações. Neste sentido, a
escola deverá encarregar-se da promoçãodo desenvolvimento do
conhecimento e das relações sociais.
Piaget (1998) em seus estudos considera o quanto o aspecto afetivo
é importanteem uma escola. Por exemplo, como acontece a identificação
entre um aluno e seuprofessor.
Dos estudos da psicanálise começam a emergir novas conexões
entre o somáticoe o simbólico. Isto é, as manifestações e contribuições do
corpo via símbolos. Piaget(1998) enfatiza a unidade entre afetividade em
nossas ações cotidianas. O ato deInteligência pressupõe, pois, uma
regulação energética interna (interesse, esforço,facilidade). (PIAGET, 1977).
Sendo assim, o conhecimento torna-se parte da pessoa quando se
encontrainserido no contexto vital, pois a vida se explica somente através de
si mesma e buscaexplicação para si mesma (SALTINI, 2002).
Claparède (1954), citado por Saltini (2003), fala que, para falarmos
deinteligência e afetividade precisamos nos referir também, e sempre, a
emoção, asligações e inter-relações afetivas. Seria impossível entender o
desenvolvimento dainteligência sem um desenvolvimento integrado por
aquilo que nos desperta o interessee prazer em realizar.
De acordo com o exposto, a proposta escolar deveria contemplar o
ensino comoalgo instigante relacionado com a vida do educando e o que se
deseja ensinar.
Paulo Freire (1996) diz ser necessária a reflexão sobre o homem e
uma análiseprofunda do meio concreto, deste homem concreto a quem
desejamos educar, oumelhor, a quem desejamos ajudar a educar-se.
Professores não educam, ajudam aspessoas a se educarem e, ao ajudar,
educam-se também. Assim como não existeeducador e educando, pois
ambos estão na mesma tarefa.
Segundo a psicanálise, a razão e emoção, consideradas no contexto
escolar,contribuem para a solução de problemas na educação e na
formação do professor. Nestaperspectiva, significa que o professor deve
contemplar o aluno inserido num contextosocial e plural diante das diversas
expressões de sentimentos e emoções.
Goleman (1995) enfatiza a necessidade de se trabalhar a inteligência
emocionaldo aluno para que este saiba gerir suas emoções e situações de
conflito e, na resoluçãode problemas, saiba se relacionar com seus pares e
encontre situações criativas naresolução de problema.
Wallon, dentro do princípio dialético, identifica a relação entre
inteligência euma das manifestações da afetividade a emoção ( LA TAILLE,
1992). A relação entreambas é de caráter dialético, pois, se, por um lado,
não existe nada no pensamento quenão tinha surgido das primeiras
sensações, por um lado, a luz da razão dá àssensibilidades um novo
conteúdo.
É de se notar que, entre emoção e a atividade intelectual
existeinterdependência,mas também oposição, pois, ao mesmo tempo que
estão presentes na unidade dodesenvolvimento, a emoção se esvai diante
da atividade intelectual. É natural sermossurpreendidos por surtos emotivos
não sabendo agir racionalmente. Neste momento,percebe-se a ausência de
interconexão entre a emoção e a razão.
Heloysa Dantas (1992) fala sobre a possibilidade de haver etapas de
desenvolvimento da afetividade, pois parece propor uma evolução da
afetividade que seinicia nos primeiros dias de vida e se prolonga no
processo de desenvolvimento, sediferenciando de maneira distinta sob a
influência do meio social.
Na abordagem psicanalítica, o aprender envolve a relação professor-
aluno, poisaprender é aprender com alguém. De posse dessa premissa, o
professor passa a ter umaforte influência sobre o aluno, pois ele, agora, é a
referência do conhecimento.
Segundo a psicanálise, o que falta para as pedagogias modernas é a
consideraçãoem assuntos como: frustração, agressividade, conflito. A
relação do professor com seualuno depende fundamentalmente de sua
maturidade afetiva na qual saberá promovervínculos respeitando a
individualidade e as necessidades de cada aluno. “Todas asamizades e
vinculações amorosas ulteriores são relacionadas sobre a base
primitivatenha deixado” (FREUD, 1914, p. 1893).
Segundo Violante (1995), muito da “dificuldade de aprender” deve-se
à falta deinvestimento do eu na sua própria atividade do pensar. Isto porque
a atividade depensar da criança pode não ter sido reconhecida, ou ninguém
ter investido nela.
Piaget, in Kupfer (1997), conclui enfatizando a necessidade de se
romper atradicional dicotomia existente entre afetividade e inteligência,
mostrando o quanto éproblemático do ponto de vista teórico, dizer que a
afetividade é orientada e causadapela inteligência ou, o contrário, presumir
que a inteligência dirige a afetividade. Istosignificaria não compreender que
toda a conduta é una e, portanto, pressupõeinteligência e afetividade em
constante interação e interdependência, transformando-se edesenvolvendo-
se durante a organização progressiva das condutas.
Assim como Piaget, Wallon mostra-nos em seus escritos, compartilhar
da ideiade que emoção e razão estão, intrinsecamente, conectadas (1986).
1.5 AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA
Piaget (1998) demonstra que as estruturas do conhecimento estão
em constantesmodificações, passando por estágios de desequilíbrio,
reequilíbrio para poderinternalizar seu conhecimento. Sendo assim, a
criança necessita de vivência qualitativaque possibilite esse intercâmbio de
experiências e informações, conferindo umaaprendizagem significativa.
Quando a criança vai à escola, ela se apresenta com grandes
expectativas emrelação ao ambiente, ao conteúdo e, principalmente, pela
figura do professor, aquele queirá mediar esse processo. Neste novo
contexto, a percepção positiva de si e do outro éessencial para o
desenvolvimento de vínculos e parcerias que irão nortear todo oprocesso.
Os PCNs defendem que, se a as primeiras experiências escolares
forem bemsucedidas, o aluno construirá uma representação positiva de si
mesmo como alguémcapaz de aprender (BRASIL, 1997). E, se de outra
sorte, o aluno perderá o interesse e amotivação para aprender.
Diante desta perspectiva, a afetividade é um dos principais fatores
que irãonortear a prática educativa, como também possibilitar vivências
enriquecedoras deaprendizagem (BRASIL, 1997). O aluno constrói
conhecimento a partir de suasvivências, estabelece relações com o que está
sendo oferecido na sala de aula quandoeste conteúdo tem significação
prática.
Moreno (1999) ressalta a falta de educação afetiva na escola ou em
casa, e odesconhecimento das formas de interpretação e de respostas
adequadas perante asatitudes, condutas e manifestação emotivas das
demais pessoas deixarão os alunos àmercê das mazelas sociais (a falta de
referencial, o vício, a marginalidade, a ociosidadeentre outros fatores que
corrompem a juventude.
A partir disto, podemos pensar numa escola que forme cidadão capaz
de atuar etransformar a realidade, no ser humano consciente de sua
capacidade, como ressaltaSaltini (2002), da sua consciência, da sua
capacidade de transformação, que o serhumano possa encontrar satisfação
nas relações estabelecidas com o outro em função dacomunicação do seu
desejo.
Piaget (1998) reforça que o principal objetivo da educação é criar
homenscapazes de inventar coisas novas e não criar meros repetidores de
modelos préestabelecidos. A meta deveria ser formar homens criativos,
inventivos e descobridores;pessoas capazes de criticar, deduzir, analisar,
refletir pessoas livres e autônomas.
1.6 PROFESSOR E ALUNO NO CENTRO DAS EMOÇÕES
Diante da relação entre emoção e afetividade, consideramosque o
professor em sala de aula deveestar preparado para trabalhar com as
emoçõesdos alunos. Pois, no cotidiano escolar são comunsas situações de
conflitos envolvendo professorese alunos, nas quais ambos respondem com
manifestaçõesemocionais que podem vir a acarretarsituações agressivas e
constrangedoras.
Na sala de aula é necessário que o professor observee entenda as
sinalizações que o aluno demonstraatravés do gesto, da mímica, do olhar e
aexpressão facial que as vezes passa desapercebidono cotidiano escolar. É
através dessas manifestações da atividade emocional e da afetividade
narelação professor e aluno, que ambos interagemde uma forma ou de
outra.
No entanto, Wallon (1999), um dos principais teóricos do
desenvolvimento humano, atribui a emoçãocomo o primeiro sentimento que
cria vínculoafetivo entre os indivíduos. De acordo com Wallona emoção faz
parte da afetividade:
As emoções, assim como os sentimentos e osdesejos, são
manifestações da vida afetiva.
Na linguagem comum costuma-se substituiremoção por afetividade,
tratando os termoscomo sinônimos.Todavia, não o são. A afetividade é um
conceitomais abrangente no qual se inserem várias
manifestações.(WALLON 1999, p.61).
A teoria walloriana trata das emoções na vida dascrianças,
investigando todos os meios sociais doqual façam parte, entre eles a família
e a escola.E destaca a importância das emoções na relaçãoprofessor e
aluno.
Quando o aluno passa a ser o centro das preocupaçõesda escola e
se a escola tem como missãocriar oportunidade para aprendizagem, a
relaçãoprofessor e aluno torna-se afetiva e produtiva naconstrução do
conhecimento.
O aluno em sua condição de aprendiz espera queo ambiente escolar,
seja diferente do meio emque ele vive, e que o educador, seja diferente das
pessoas do círculo de amizades que ele conhece erespeite suas
diferenças sociais e familiares.
Diante das colocações feitas pela teoria de Wallon,consideramos que
o professor em sala de auladeve saber trabalhar com as emoções. Pois, no
cotidianoescolar são comuns as situações de conflitoenvolvendo professores
e alunos. A desordem ea agitação motora, a dispersão e as crises
emocionais
são alguns exemplos das reações dos alunosnos momentos de
conflito em sala de aula. Nessesmomentos, os alunos manifestam suas
emoçõesatravés do choro, da raiva, do desespero e de medosque são
acompanhados de crises nervosas.
Ao se tratar da conduta do aluno, compreendemosque pode ser
justificada pela necessidade deexpor seus sentimentos diante de qualquer
estímulode conteúdo emocional como a expressãofacial, o tom de voz,
pessoas, entre outros. SegundoWallon (1986), não se pode explicar uma
condutaisolando-a do meio em que ela se desenvolve.Com os diferentes
meios de que faz parte aconduta do indivíduo pode mudar (p. 369).
Embora, determinada conduta do aluno em relação ao professor,
pode ocorrer em função dos seuscolegas. Ou seja, o aluno pode querer
chamar aatenção dos colegas, por vaidade, por sentimentode inferioridade
ou simplesmente pelo desejo decortejá-los. Diante dessa situação, são
sentimentosque se confundem com as emoções.
E no ambiente escolar, tanto aluno quanto o professor,são livres para
expor sentimentos acompanhadosde atitudes e comportamentos quepossam
melhorar a convivência de ambos nummesmo espaço.
Para Wallon (1986), as emoções são aquelas
expressõesacompanhadas de reações intensas ebreves do organismo como
o choro, a gargalhadae a paixão. Já os sentimentos são mais duradourosque
as emoções, entre eles, destacamos a amizadee a ternura. Todas essas
manifestações afetivasfazem parte de nossa vida psíquica e nos
acompanhama todo o momento e em todas as situações.
Na escola não é diferente e a aprendizagem dependeem grande parte
dessas relações afetivaspedagógicas, estabelecidas entre professores
ealunos. No decorrer do ano letivo na convivênciaem sala de aula, surgem
hostilidades da criançaem relação ao professor, seja ela por falta de êxitoem
suas tarefas, pela severidade do professor, pormotivos pessoais provindos
da família ou outrosde ordem emocional. Por isso, acreditamos queé
possível o professor se equivocar, quando nãoestá apto a compreender a
conduta do aluno quemanifesta suas emoções de forma agressiva.
Diante de situações difíceis e conflitantes na salade aula, o professor
precisa investigar o motivo,conhecer a história de vida familiar e receber
suasatitudes com calma e bom senso. Sendo assim, oprofessor não deve
tomar a situação de conflitocomo afronta pessoal ou provocação.
O professor deve evitar atitudes e indícios dedesagrado, pois, com
certeza essa expressão deviolência ou de agressividade pode ser
entendidocomo um grito de socorro. Portanto, a interaçãoentre professor e
aluno, consiste em açõessimples como a forma que se refere ao aluno,
seucomportamento e sua postura perante ele. Naprática pedagógica essas
ações são importantespara que o aluno valorize e crie vínculos de
sentimentose de cumplicidade. Por isso, na sala deaula é necessário
identificar e avaliar as situaçõesde dificuldade e de conflito que cercam o
relacionamentoentre professor e aluno.
Convém ressaltar que a busca na compreensãodos motivos e reações
que levam o aluno a terdiversas atitudes em diferentes momentos, desafiao
professor a refletir e pesquisar intervençõeseficazes que contribuam na
formação de sua personalidadee de sua aprendizagem.
1.7 A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
O vínculo afetivo que o professor estabelece com o aluno em sala de
aula, deve ter um caráter libertador e de confiança no cotidiano, para
combater o preconceito e os rótulos comuns presentes no ambiente escolar.
Dessa forma, o vinculo afetivo estabelecido, favorece a expressão de
questõespessoais entre professor e aluno no cotidiano escolar. Além disso,
conduz a autonomia e o sucesso na construção da aprendizagem recíproca,
na formação da personalidade dos alunos em adultos seguros e confiantes
de si, capazes de pensarde forma crítica o mundo que os cercam.
Muitos são os fatores que afetam a aprendizagemdo aluno,
principalmente quando a afetividade não faz parte de alguns momentos de
sua vida cotidiana e escolar.
Portanto, a afetividade é capaz de derrubar a baixa estima e rótulos
comuns em sala de aula quando o aluno não aprende.
No ambiente escolar, o professor tem que ser equilibrado
emocionalmente, além de dar atenção ao aluno, deve se aproximar, elogiar,
saber ouvir e reconhecer seu valor, acreditando na sua capacidade de
aprender e de ser uma pessoa melhor. Essas ações favorecem a afetividade
no aluno.
O professor proporciona segurança e respeito, na forma de expressar
seus sentimentos. O carinho e a atenção é parte da trajetória na construção
da aprendizagem mútua, sendo apenas o começo do caminho a ser
percorrido pelo aluno no período de escolarização.
Quando observamos nossos alunos, percebemos que o olhar tem
significado de expressividade da alma, são manifestações de sentimentos
que podem ser interpretados de forma positiva ou negativa. O olhar do
professor influencia no comportamento do aluno, quando interpretado de
forma negativa, gera desconforto em sala de aula.
O olhar do professor para o aluno é indispensável para o sucesso da
aprendizagem, da autoestima e da valorização do aprendiz. É através de
uma nova interpretação do olhar para a aprendizagem do aluno que o
professor descobrirá o talento que cada um possui. Ao refletir sobre as
potencialidades e capacidades dos alunos, o professor fortalece a interação
e a compreensão em sala de aula.
Isso inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões,
respeitar seus limites, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar
acessibilidade. Para isso, o professor deve disponibilizar conversas e
debates que possam encorajar o aluno a tentar de novo sem ter medo de
errar. Dessa forma, o professor pode trabalhar várias atividades facilitadoras
do conhecimento.
Vale ressaltar que a postura pedagógica do professor deve possibilitar
ao aluno desafios que propiciem diversas interações, como sujeito do
conhecimento e do afeto, favorecendo seu rendimento escolar.
No ambiente escolar, a afetividade pode ser demonstrada na
preocupação com os alunos e no reconhecimento de indivíduos autônomos.
Além disso, a relação de afetividade deve dar sentido a reflexão e a
investigação sobre quem é o aluno, levando em consideração a experiência
de vida de cada um. Quando o afeto prevalece em sala de aula, todas as
conquistas dos alunos contribuem no processo de aprendizagem
construindo elos entre afetividade e cognição.
Apesar de alternarem a dominância, afetividade e cognição não se
mantêm como funções exteriores uma à outra. Cada uma, ao reaparecer
como atividade predominante num dado estágio, incorpora as conquistas
realizadas pela outra, no estágio anterior, construindo-se reciprocamente,
num permanente processo de integração e diferenciação (GALVÃO, 1996,
p.45).
Quando falamos em afetividade no âmbito escolar, abrangemos
manifestações emocionais que se evidenciam dentro da sala de aula.
Portanto, compreendemos a afetividade como sentimento construído através
da vivência, da experiência, do reconhecimento e principalmente do respeito
ao outro.
Os professores exercem um papel importante no desenvolvimento
afetivo dos alunos, pois estão presentes no processo de ensino
aprendizagem em todos os momentos de sua escolarização. A afetividade é
como um recurso de motivação na aprendizagem do aluno, sendo assim,
contribui no desenvolvimento das emoções que se evidenciam dentro da
sala de aula.
Ao propormos a formação global do aluno nos diferentes contextos, é
considerável como missão o aprendizado de forma agradável e acolhedora,
tomando como foco principal da escola.
Tratar da afetividade na relação entre o professor e aluno, é levar em
consideração o estado emocional em que o aluno se encontra no momento,
devendo perceber as atitudes e expressões emocionais na sala de aula.
1.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho permitiu pensar a educação a partir das
teorias walloniana, vygotskyana epiagetianaque pressupõe uma ruptura nas
finalidades formativas dos sistemas educativosatuais. Gadotti (2000, p.10)
escreve que uma educação assim, visa ao “desenvolvimentointegral da
pessoa: inteligência, sensibilidade, sentido ético e estético,
responsabilidadepessoal, espiritualidade, pensamento autônomo e crítico,
imaginação, criatividade,iniciativa. Para isso, não se deve negligenciar
nenhuma das potencialidades de cadaindividuo.”
Retoma-se que, para Wallon (1975), a afetividade assume um papel
fundamentalna constituição e no funcionamento da inteligência, pois, são os
motivos, necessidades,desejos que direcionam o interesse da criança para o
conhecimento e conquista domundo ao seu redor.
Vygotsky também acredita que a motivação é a mola propulsora da
busca pelo
conhecimento. A partir do momento que o educador estabelece uma
relação social decooperação, teoria defendida por Piaget, o processo de
ensino/aprendizagem rompe adicotomia entre cognição e afetividade,
desmistificando a visão de relação maternal quese atribui aos aspectos
afetivos, pois é possível aliar a disciplina, a metodologia, àemoção.
A conscientização do educador é fundamental, pois é ele o mediador,
quemplaneja as aulas e organiza os ambientes. Quando toma consciência
de sua importânciana formação do aluno, a promoção de espaços
democráticos para a construção coletivado conhecimento torna-se um
processo natural e necessário.
As escolas, por sua vez, devem também se preocupar com a
formação desteprofissional que, hoje, tem um perfil de mediador, buscando
atuar junto a ele, incluindoem sua visão educacional, a afetividade, que é tão
necessária para o bom desempenhodos alunos e uma educação de
qualidade.
Hoje, pensamos que educar significa também preocupar-se com
aconstrução e organização da afetividade das pessoas. Afinal a escola, para
cumprir seupapel, deve ser um lugar de vida e sobretudo de sucesso e
realização pessoal para alunose educadores.
Desta forma, o estudo da afetividade, no contexto educacional,
pretendecompreender a relação professor-aluno, permeada pela
participação ativa de ambos,envolvendo acordos e desacordos. Através
dessa troca, a criança constrói sua visão demundo, baseada nos
sentimentos, valores e significados que apreende do meio eespecificamente
na escola.
Diante da discussão até aqui apresentada, fica clara a necessidade
deconstruirmos um sistema educativo que supere a clássica contraposição
entre razão eemoção, cognição e afetividade, e que rompa com a concepção
dissociada, relegando osaspectos afetivos e emocionais a segundo plano.
O presente artigo é apenas o início de uma reflexão parcial deste
tema queservirá de base para futuros trabalhos.
REFERENCIAS
ARANTES, V. A. Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas.
São Paulo:Atlas, 2003.
DANTAS, Heloísa. A afetividade e a construção do sujeito na
psicogenética de Wallon.In: LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS,
H. Piaget, Vygotsky,Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo:
Summus, 1992.
FREIRE, PAULO. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática
educativa.São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREUD, Sigmund. Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud.Edição StandardBrasileira Summus, 1992.
_________________.Obras completas. Madrid: Biblioteca Nueva,1973.
GALVÃO, Izabel. Henry Wallon: Uma Concepção Dialética do
Desenvolvimento Infantil. Petrópolis: Vozes, 1996.
GADOTTI, M. Perspectivas atuais em educação. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GOLEMAN, D. Inteligência emocional.Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. 370p.
LA TAILLE, Yves de et al. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas
emdiscussão. São Paulo: Summus, 1992.
PIAGET, J. Problemas de Psicologia Genética. In:_________. Os
Pensadores. SãoPaulo: Abril Cultural, 1983.
PIAGET, J. . A formação do símbolo na criança. (A. Cabral e C. M. Oiticica,
trad.). Riode Janeiro: Zahar Editores, 1978. (Original publicado em 1945).
PIAGET, J. Psicologia da inteligência. Rio de Janeiro: Zahar,1997.
SALTINI,C.J.P. Afetividade Inteligência: a emoção na educação.Rio de
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SALTINI, C. J. P. Afetividade e inteligência. Rio de Janeiro: DP & A, 1999.
SCHALL, Virgínia Torres. A Afetividade na Educação deCrianças. Disponível
em: <<http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo/.asp São Paulo: Ática,
1986.
VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São
Paulo: MartinsFontes, 2000.
WALLON, Henry. A Evolução Psicológica da Criança. Lisboa,Edições 70,
1999. entrID=921>>. Acesso em: 10/12/2012.
WALLON, Henry. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada.
Petrópolis:Vozes, 2008.
WALLON, Henry. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole,
1989.WESCHSLER, M. P. F. Relações entre afetividade e cognição: de
Moreno a Piaget. 2ªed. São Paulo.
Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon.
Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-
69752005000100002&script=sci_arttext. Em 02/01/2013.

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  • 1. FACETED – INSTITUTO DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DARWIN DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DOCÊNCIA ALEXSANDRO PRATES FREITAS A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE ATAMIRA-PA 2012
  • 2. ALEXSANDRO PRATES FREITAS A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE Artigo apresentado, à Faculdade de Ciências, Educação e Tecnologia Darwin, como requisito parcial para conclusão do curso de pós- graduação em docência. Orientadora: Prof.ª Sarita Abadia Assumpção. ALTAMIRA-PA 2012
  • 3. ALEXSANDRO PRATES FREITAS A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE Artigo apresentado à Banca Examinadora da Faculdade de Ciências, Educação e Tecnologia Darwin, como requisito parcial para obtenção do titulo de Especialista em docência. Orientador: Professor Mestre Paulo Rogério de Oliveira Aprovada em ____/_____/_____ Nota: BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Prof. Mestre Paulo Rogério de Oliveira Orientador _________________________________________________ Prof. Sarita Abadia Assumpção 2º Membro da Banca Examinadora Prof. Thiago Rosa da Silva 3º Membro da Banca Examinadora.
  • 4. A importância da afetividade para uma educação de qualidade ALEXSANDRO PRATES FREITAS RESUMO Este artigo tem como objetivo investigar sob uma visão psicológica a importânciada afetividade, identificandocomo a afetividade entre professor ealuno pode contribuir para uma educação de qualidade de formaacolhedora e prazerosa. Objetivando descrever a respeito do aspecto sócio afetivo como mola propulsora da ação educativa. A análise se fundamenta nas ideias de pensadores como Vygotsky, Piaget eWallonque nos atentapara afetividade como ponto de fundamental importância,tanto para o professor quanto para o aluno.Essarelação entre ambos, contribui para umaeducação de qualidade. Os vínculos emocionais que se estabelecem desde onascimento influenciam na construção e desenvolvimento do sujeito, propiciando-lheferramentas necessárias à aquisição da aprendizagem, sua conservação e continuidade. Nestecontexto, o professor é sujeito de sua história pessoal e tem poder de compreender anecessidade de sua participação efetiva e ativa na transformação da sociedade, através doprocesso de construção do conhecimento, e da realidade vivida pelo aluno. Verifica-se,portanto, a necessidade de interação e que esta, esteja associada à afetividade entre aluno eeducador, e também é fundamental que a família esteja inserida e colabore ativamente desteprocesso.Buscamos assim, por meio deste artigo, contribuir para a reflexão sobre aimportância que a afetividade exerce para uma educação de qualidade queservirá de base para futuros trabalhos. Palavras chaves: Afetividade; Professor; Aluno; Educação de qualidade
  • 5. ABSTRACT This article aims to investigate under a psychological view of the importance of affectivity, identifying as affection between teacher and student can contribute to a quality education in a warm and pleasant. Aiming to describe about the socio-affective aspect as springboard for educational action. The analysis is based on the ideas of thinkers such as Vygotsky, Piaget and Wallon us attentive to affectivity as a point of fundamental importance, both for the teacher and for the student. This relationship between the two, contributing to a quality education.The emotional bonds that are established from birth influence the construction and development of the subject, providing him the necessary tools of learning acquisition, preservation and continuity. In this context, the teacher is the subject of his personal story and is able to understand the need for their active and effective participation in the transformation of society through the process of knowledge construction, and the reality experienced by the student. There is therefore the need for interaction and that this could be associated with the affection between student and teacher, and is also crucial that the family is inserted and collaborate actively in this process.We seek well, through this article, to contribute to the reflection on the importance of affectivity has to a quality education that will form the basis for future work. Keywords: Affection, Professor, Student, Education Quality
  • 6. 1. INTRODUÇÃO Toda criança desde o nascimento tem a necessidadede atenção e afeto para viver num processocontínuo e harmônico de socialização e integraçãofamiliar e social. No ambiente escolar, osalunos que manifestam sentimentos de prazer, desucesso e que são bem sucedidos em sala de aula,são aqueles que os esforços foram encorajados erespeitados. Quando falamos dos alunos menos favorecidosintelectualmente, referimo-nos aos que são frutosde atitudes desencorajadoras. Neles, emergemsentimentos de inferioridade em relação asi mesmo e aos outros alunos. Isso nos mostra aimportância da afetividade presente na vida doaluno. Nesse sentido, observamos comportamentos entreprofessor e aluno que muitas vezes não compreendemos.Mas, que despertam nossa atenção e noslevam a refletir melhor a postura entre ambos. O relacionamento entre professor e aluno, poderesultar em consequências negativas, gerandoconflitos em sala de aula. Diante disso, questionamosem que momentos os conflitos em sala deaula dificultam a construção do conhecimentodo aluno. E como diferentes atitudes emocionaise comportamentais podem interferir na posturapedagógica do professor em sala de aula. A afetividade quando demonstrada em sala deaula, resulta em experiências positivas, trazendobenefícios na aprendizagem do aluno. A segurançae confiança depositada no professor sãofundamentais para a construção do processo deaprendizagem. O afeto no ambiente escolar não está somenteno ato de carinho como abraçar ou beijar o alunocomo cumprimento de sua chegada a sala deaula. Mas é no olhar confiante do professor em relaçãoà aprendizagem do aluno que proporcionasegurança e equilíbrio entre ambos. O aluno não está preparado para entrar na escolae o afastamento dos pais se torna difícil paraele. Diante dessa situação, durante o processo deconstrução de conhecimento o aluno tem necessidadede se sentir aceito e
  • 7. acolhido dentro de suaslimitações. Por isso, o afeto do professor é o pontoprincipal para o aluno interagir com a escola. O professor, também tem a necessidade de seraceito e respeitado. Diante disso, a necessidade deafeto do aluno e do professor se entrelaça numarelação recíproca que evolui durante o ano letivo.Mas no decorrer desse período as necessidadesafetivas se modificam e tornando-se cognitivas. Este trabalho de pesquisa bibliográfica tem comoobjetivo investigar a importância da afetividadena aprendizagem, identificando como a interatividadeentre professor e aluno pode contribuirna sala de aula de forma acolhedora e prazerosa. Para isso, utilizamos o referencial teórico que se atenta para afetividade como pontode equilíbrio, tanto para o professor quantopara o aluno, contribuindo para uma educaçãode qualidade. 1.1 A AFETIVIDADE SEGUNDO VYGOTSKY Para Vygotsky, só se pode compreender por completo o pensamento humanoquando se compreende a base afetiva. Assim como na teoria walloniana, acredita quepensamento e afeto são indissociáveis. Quem separa o pensamento do afeto nega de antemão a possiblidade deestudar a influência inversa do pensamento no plano afetivo. […] A vidaemocional está conectada a outros processos psicológicos e aodesenvolvimento da consciência de um modo geral. (VYGOTSKY, 2000apud ARANTES, 2003, p.18) Vygotsky (2000, p.146) escreve que: O aspecto emocional do individuo não tem menos importância do que osoutros aspectos e é objeto de preocupação da educação nas mesmasproporções em que o são a inteligência e a vontade. O amor pode vir a ser umtalento tanto quanto a genialidade, quanto a descoberta do cálculo diferencial.
  • 8. Tanto Vygotsky quanto Wallon afirmam que não se pode separar afetividade ecognição. Vygotsky evidencia o pensamento com sua gênese na motivação, a qual incluitendência, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção. A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. Apreocupação do professor não deve se limitar ao fato de que seus alunospensem profundamente e assimilem a geografia, mas também que a sintam. […] as reações emocionais devem constituir o fundamento do processoeducativo. (VYGOTSKY, 2003, p.121) A afetividade está sempre presente nas experiências empíricas vividas pelosseres humanos. Quando entra na escola, torna-se ainda mais evidente seu papel narelação professor-aluno. As reações emocionais exercem uma influência essencial e absoluta em todasas formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processoeducativo. Se quisermos que os alunos recordam melhor ou exercitem maisseu pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejamemocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa têm demonstradoque um fato impregnado de emoção é recordado de forma mais sólida, firmee prolongada que um feito indiferente. (VYGOTSKY, 2003, p.121) Um professor que é afetivo com seus alunos, favorece que se estabeleça umarelação de segurança e evita bloqueios afetivos e cognitivos, auxiliando no trabalhosocializado e ajuda o aluno a superar erros e a aprender com eles. 1.2AFETIVIDADE SEGUNDO PIAGET Para Piaget (1998 apud SALTINI, 1999), o desenvolvimento afetivo está ligadointrinsecamente e ocorre paralelo ao desenvolvimento moral: a criança vai superando afase do egocentrismo, se apercebe da importância das interações com as outras pessoase desenvolve a percepção do eu e do outro como referência.
  • 9. Os sentimentos e as operações intelectuais não constituem duas realidadesseparadas e sim dois aspectos complementares de toda a realidade psíquica,pois o pensamento é sempre acompanhado de uma tonalidade e significadoafetivo, portanto, a afetividade e a cognição são indissociáveis na sua origeme evolução, constituindo os dois aspectos complementares de qualquerconduta humana, já que em toda atividade há um aspecto afetivo e umaspecto cognitivo ou inteligente. (PIAGET, 1983, p. 234) Desde o nascimento, o desenvolvimento intelectual é obra da sociedade e doindivíduo. Contudo, segundo Piaget, afirmar que o homem é ser social, não significaoptar por uma teoria que explique como o “social” interfere no desenvolvimento e nascapacidades da inteligência humana. O equacionamento que o autor dá para esta questão passa por dois momentos. Oprimeiro: entender o que é ser social. O segundo: fatores sociais explicam odesenvolvimento intelectual (como?). O homem normal não é social da mesma maneira aos seis meses ou aos vinteanos de idade, e, por conseguinte, sua individualidade não pode ser da mesmaqualidade nesses dois diferentes níveis. (PIAGET, 1998 apud LA TAILLE,1992, p. 12) Apesar de Piaget considerar que o conhecimento é construído pela criança emsua interação com o meio, acreditava que todas as crianças se desenvolvem através deestágios – formas de apreensão da realidade – até atingirem o pensamento formal, emque são capazes de pensar sobre o pensar. Para o autor, o equilíbrio faz parte do desenvolvimento cognitivo. O critérioseguido por ele é a qualidade de troca intelectual entre os indivíduos e, consequentemente, o ótimo grau de socialização só acontece quando esta troca atinge oequilíbrio. Em síntese: No total, o equilíbrio de uma troca de pensamentos supõe 1) um sistemacomum de signos e de definições 2) uma conservação de proposições válidasobrigando aquele que as reconhece como tal 3) uma reciprocidade depensamento entre os interlocutores. (PIAGET 1998 apud LA TAILLE, 1992,p. 14)
  • 10. Para que o equilíbrio ocorra, são necessários interlocutores que possam cumpriresta regra numa relação social e isso só acontece quando os sujeitos se encontram nomesmo nível de desenvolvimento. A começar pelo estágio sensório-motor. Para Piaget a partir da aquisição dalinguagem, inicia-se a socialização efetiva da inteligência. Porém, na fase pré-operatóriaalgumas características ainda limitam a socialização equilibrada. Em primeiro lugar, falta “a capacidade de aderir a uma escala comum dereferência, condição necessária ao verdadeiro diálogo.” (LA TAILLE, 1992, p. 15). Umexemplo clássico são os jogos de regras, cada criança tende a seguir as suas. Em segundo lugar, vem a contradição.“Tudo se passa como se faltasse umaregulação essencial ao raciocínio: aquela que obriga o indivíduo a levar em conta o queadmitiu ou disse, e a conservar esse valor nas construções ulteriores.” ( PIAGET, 1998apud LA TAILLE, 1992, p. 15) E, por último, a criança pequena tem dificuldade em se colocar no ponto de vistado outro, o que impede a reciprocidade. Essas três características Piaget chamou de “pensamento egocêntrico”. Como opróprio nome diz, “centrado no eu”. Nesta fase, por exemplo, as crianças sãoinfluenciáveis pelas ideias dos adultos, repetem comportamentos, acreditando ser seus. Por isso, as interações sociais são precárias, pois a criança ainda é heterônoma. A partir do estágio operatório as interações sociais conseguiram se efetuar commaior equilíbrio. Paralelamente a esta, a criança alcançará o que Piaget define de“personalidade” A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros “eus” e refratárioà socialização, mas é o indivíduo se submetendo voluntariamente às normasde reciprocidade e de universalidade. Como tal, longe de estar à margem dasociedade, a personalidade constitui o produto mais refinado da socialização. Com efeito, é na medida em que o “eu” renuncia a si mesmo para inserir seuponto de vista próprio entre os outros e se curvar assim às regras dareciprocidade que o indivíduo torna-
  • 11. se personalidade. (…) Em oposição aoegocentrismo inicial, o qual consiste em tomar o ponto de vista próprio comoabsoluto, por falta de poder perceber seu carater particular, a personalidadeconsiste em tomarconsciência desta relatividade da perspectiva individual e acolocá-la em relação com o conjunto das outras perspectivas possíveis: apersonalidade é, pois, uma coordenação da individualidade com o universal.(PIAGET, 1998 apud LA TAILLE, 1992, p. 16-17) Para Piaget, essa busca pelo “equilíbrio” tem bases biológicas, pois é próprio doser vivo procurar o equilíbrio que lhe permita adaptação. Nesse processo dedesenvolvimento, é fundamental a ação do sujeito sobre o objeto, “já que é sobre osúltimos que se vão construir conhecimentos e que, é através de uma tomada deconsciência, da organização das primeiras que novas estruturas mentais vão sendoconstruídas.” (LA TAILLE, 1992, p. 18). Piaget (1954) que afirma que a afetividade não modifica a estrutura no funcionamentointeligência, porém, é a energia que impulsiona a ação de aprender. Poderá acelerar ouretardar o desenvolvimento dos indivíduos, podendo até interferir no funcionamento dasestruturas da inteligência (apud ANDRADE, 2007). 1.3 AFETIVIDADE SEGUNDOWALLON Wallon (1989) atribui imensa importância à emoção e à afetividade, criandoconceitos a partir do ato motor, da afetividade e da inteligência. As interações são umprocesso natural para o desenvolvimento e para a manifestação das emoções. Contudo,Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003, p.61) diferencia emoção de afetividade: As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são manifestações davida afetiva. Na linguagem comum costuma- se substituir emoção porafetividade, tratando os termos como sinônimos. Todavia, não o são. Aafetividade é um conceito meio abrangente no qual se inserem váriasmanifestações. Para Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003), o movimento é a base dopensamento e as emoções que dão origem à afetividade, sendo ela
  • 12. fundamental naconstituição do sujeito. O autor dá o exemplo de um bebê que ainda não desenvolveu alinguagem e que utiliza seu corpo por meio de contorções, espasmos e outrasmanifestações emocionais, para mobilizar os adultos a sua volta através do afeto. Deacordo com Galvão (2003, p.74), “pela capacidade de modelar o próprio corpo, aemoção permite a organização de um primeiro modo de consciência dos estados mentaise de uma primeira percepção das realidades externas.” No caso dos adultos, Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003) dá importância àsubjetividade dos estados afetivos vividos por quem experimenta uma determinadaemoção. Ou seja, na teoria walloniana, a vida emocional é uma condição para aexistência das relações interpessoais e, para este teórico, as emoções fazem parte davida intelectual, não separando o aspecto cognitivo do afetivo. Paralelamente ao impacto que as conquistas feitas ao plano cognitivo têmsobre a vida afetiva, a dinâmica emocional terá sempre um impacto sobre avida intelectual. […] É graças à coesão social provocada pela emoção que acriança tem acesso à linguagem, instrumento fundamental da atividadeintelectual. (GALVÃO, 2003, p.76) Um conceito de sua teoria que tem influência na prática pedagógica é que aemoção estabelece uma relação imediata dos indivíduos entre si, independente de todarelação intelectual. A propagação “epidérmica” das emoções, ao provocar um estado decomunhão e de uníssono, dilui as fronteiras entre os indivíduos, podendolevar a esforços e intenções em torno de um objetivo comum. Permitiria,assim, relações de solidariedade quando a cooperação não fosse possível pordeficiência dos meios intelectuais ou por falta de consenso conceitual,contribuindo portanto, para a constituição de um grupo e para as realizaçõescoletivas. (WALLON, 1989, p.162) Considerando este caráter unificador das emoções, no âmbito da práticapedagógica, torna-se fundamental o fortalecimento da afetividade na relaçãoprofessor/aluno para que a aprendizagem se torne eficaz, favorecendo, assim, aautoestima, o diálogo e a socialização. Vale ressaltar
  • 13. que a afetividade também éimportante no processo de avaliação, afastando eventuais riscos de antipatia entreprofessor e aluno. Atribui às emoções um papel de primeira grandeza na formação da vidapsíquica, funcionando como uma amálgama entre o social e o orgânico. As relações dacriança com o mundo exterior são, desde o início, relações de sociabilidade, visto que, aonascer, não tem “meios de ação sobre as coisas circundantes, razão porque a satisfação das suasnecessidades e desejos tem de ser realizada por intermédio das pessoas adultas que a rodeiam. Por isso, os primeiros sistemas de reação que se organizam sob ainfluência do ambiente, as emoções, tendem a realizar, por meio de manifestaçõesconsoantes e contagiosas, uma fusão de sensibilidade entre o indivíduo e o seuentourage” (Wallon, 1971, p. 262). 1.4 EDUCAÇÃO E AFETIVIDADE Para Freud (1914), o ser humano nasce com seu eu (sujeito psíquico) pronto,mas irá constituí-lo a partir de si e de suas relações sociais. Os avanços da psicanálise fomentam o debate sobre a significação do mundoinconsciente e sua importância como suporte da inteligência não só operatória, masprincipalmente figurativa e simbólica (SALTINI, 2002). Daí a importância dacontribuição dos atores sociais na conjuntura desse processo. Partindo do entendimento de que o sujeito só se desenvolve como sujeito a partirdas relações sociais (professor/aluno, pai/filho entre outros sujeitos sociais) e, portanto,da qualidade dessas relações. Neste sentido, a escola deverá encarregar-se da promoçãodo desenvolvimento do conhecimento e das relações sociais. Piaget (1998) em seus estudos considera o quanto o aspecto afetivo é importanteem uma escola. Por exemplo, como acontece a identificação entre um aluno e seuprofessor. Dos estudos da psicanálise começam a emergir novas conexões entre o somáticoe o simbólico. Isto é, as manifestações e contribuições do corpo via símbolos. Piaget(1998) enfatiza a unidade entre afetividade em
  • 14. nossas ações cotidianas. O ato deInteligência pressupõe, pois, uma regulação energética interna (interesse, esforço,facilidade). (PIAGET, 1977). Sendo assim, o conhecimento torna-se parte da pessoa quando se encontrainserido no contexto vital, pois a vida se explica somente através de si mesma e buscaexplicação para si mesma (SALTINI, 2002). Claparède (1954), citado por Saltini (2003), fala que, para falarmos deinteligência e afetividade precisamos nos referir também, e sempre, a emoção, asligações e inter-relações afetivas. Seria impossível entender o desenvolvimento dainteligência sem um desenvolvimento integrado por aquilo que nos desperta o interessee prazer em realizar. De acordo com o exposto, a proposta escolar deveria contemplar o ensino comoalgo instigante relacionado com a vida do educando e o que se deseja ensinar. Paulo Freire (1996) diz ser necessária a reflexão sobre o homem e uma análiseprofunda do meio concreto, deste homem concreto a quem desejamos educar, oumelhor, a quem desejamos ajudar a educar-se. Professores não educam, ajudam aspessoas a se educarem e, ao ajudar, educam-se também. Assim como não existeeducador e educando, pois ambos estão na mesma tarefa. Segundo a psicanálise, a razão e emoção, consideradas no contexto escolar,contribuem para a solução de problemas na educação e na formação do professor. Nestaperspectiva, significa que o professor deve contemplar o aluno inserido num contextosocial e plural diante das diversas expressões de sentimentos e emoções. Goleman (1995) enfatiza a necessidade de se trabalhar a inteligência emocionaldo aluno para que este saiba gerir suas emoções e situações de conflito e, na resoluçãode problemas, saiba se relacionar com seus pares e encontre situações criativas naresolução de problema. Wallon, dentro do princípio dialético, identifica a relação entre inteligência euma das manifestações da afetividade a emoção ( LA TAILLE, 1992). A relação entreambas é de caráter dialético, pois, se, por um lado, não existe nada no pensamento quenão tinha surgido das primeiras sensações, por um lado, a luz da razão dá àssensibilidades um novo conteúdo.
  • 15. É de se notar que, entre emoção e a atividade intelectual existeinterdependência,mas também oposição, pois, ao mesmo tempo que estão presentes na unidade dodesenvolvimento, a emoção se esvai diante da atividade intelectual. É natural sermossurpreendidos por surtos emotivos não sabendo agir racionalmente. Neste momento,percebe-se a ausência de interconexão entre a emoção e a razão. Heloysa Dantas (1992) fala sobre a possibilidade de haver etapas de desenvolvimento da afetividade, pois parece propor uma evolução da afetividade que seinicia nos primeiros dias de vida e se prolonga no processo de desenvolvimento, sediferenciando de maneira distinta sob a influência do meio social. Na abordagem psicanalítica, o aprender envolve a relação professor- aluno, poisaprender é aprender com alguém. De posse dessa premissa, o professor passa a ter umaforte influência sobre o aluno, pois ele, agora, é a referência do conhecimento. Segundo a psicanálise, o que falta para as pedagogias modernas é a consideraçãoem assuntos como: frustração, agressividade, conflito. A relação do professor com seualuno depende fundamentalmente de sua maturidade afetiva na qual saberá promovervínculos respeitando a individualidade e as necessidades de cada aluno. “Todas asamizades e vinculações amorosas ulteriores são relacionadas sobre a base primitivatenha deixado” (FREUD, 1914, p. 1893). Segundo Violante (1995), muito da “dificuldade de aprender” deve-se à falta deinvestimento do eu na sua própria atividade do pensar. Isto porque a atividade depensar da criança pode não ter sido reconhecida, ou ninguém ter investido nela. Piaget, in Kupfer (1997), conclui enfatizando a necessidade de se romper atradicional dicotomia existente entre afetividade e inteligência, mostrando o quanto éproblemático do ponto de vista teórico, dizer que a afetividade é orientada e causadapela inteligência ou, o contrário, presumir que a inteligência dirige a afetividade. Istosignificaria não compreender que toda a conduta é una e, portanto, pressupõeinteligência e afetividade em constante interação e interdependência, transformando-se edesenvolvendo- se durante a organização progressiva das condutas.
  • 16. Assim como Piaget, Wallon mostra-nos em seus escritos, compartilhar da ideiade que emoção e razão estão, intrinsecamente, conectadas (1986). 1.5 AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA Piaget (1998) demonstra que as estruturas do conhecimento estão em constantesmodificações, passando por estágios de desequilíbrio, reequilíbrio para poderinternalizar seu conhecimento. Sendo assim, a criança necessita de vivência qualitativaque possibilite esse intercâmbio de experiências e informações, conferindo umaaprendizagem significativa. Quando a criança vai à escola, ela se apresenta com grandes expectativas emrelação ao ambiente, ao conteúdo e, principalmente, pela figura do professor, aquele queirá mediar esse processo. Neste novo contexto, a percepção positiva de si e do outro éessencial para o desenvolvimento de vínculos e parcerias que irão nortear todo oprocesso. Os PCNs defendem que, se a as primeiras experiências escolares forem bemsucedidas, o aluno construirá uma representação positiva de si mesmo como alguémcapaz de aprender (BRASIL, 1997). E, se de outra sorte, o aluno perderá o interesse e amotivação para aprender. Diante desta perspectiva, a afetividade é um dos principais fatores que irãonortear a prática educativa, como também possibilitar vivências enriquecedoras deaprendizagem (BRASIL, 1997). O aluno constrói conhecimento a partir de suasvivências, estabelece relações com o que está sendo oferecido na sala de aula quandoeste conteúdo tem significação prática. Moreno (1999) ressalta a falta de educação afetiva na escola ou em casa, e odesconhecimento das formas de interpretação e de respostas adequadas perante asatitudes, condutas e manifestação emotivas das demais pessoas deixarão os alunos àmercê das mazelas sociais (a falta de referencial, o vício, a marginalidade, a ociosidadeentre outros fatores que corrompem a juventude. A partir disto, podemos pensar numa escola que forme cidadão capaz de atuar etransformar a realidade, no ser humano consciente de sua
  • 17. capacidade, como ressaltaSaltini (2002), da sua consciência, da sua capacidade de transformação, que o serhumano possa encontrar satisfação nas relações estabelecidas com o outro em função dacomunicação do seu desejo. Piaget (1998) reforça que o principal objetivo da educação é criar homenscapazes de inventar coisas novas e não criar meros repetidores de modelos préestabelecidos. A meta deveria ser formar homens criativos, inventivos e descobridores;pessoas capazes de criticar, deduzir, analisar, refletir pessoas livres e autônomas. 1.6 PROFESSOR E ALUNO NO CENTRO DAS EMOÇÕES Diante da relação entre emoção e afetividade, consideramosque o professor em sala de aula deveestar preparado para trabalhar com as emoçõesdos alunos. Pois, no cotidiano escolar são comunsas situações de conflitos envolvendo professorese alunos, nas quais ambos respondem com manifestaçõesemocionais que podem vir a acarretarsituações agressivas e constrangedoras. Na sala de aula é necessário que o professor observee entenda as sinalizações que o aluno demonstraatravés do gesto, da mímica, do olhar e aexpressão facial que as vezes passa desapercebidono cotidiano escolar. É através dessas manifestações da atividade emocional e da afetividade narelação professor e aluno, que ambos interagemde uma forma ou de outra. No entanto, Wallon (1999), um dos principais teóricos do desenvolvimento humano, atribui a emoçãocomo o primeiro sentimento que cria vínculoafetivo entre os indivíduos. De acordo com Wallona emoção faz parte da afetividade: As emoções, assim como os sentimentos e osdesejos, são manifestações da vida afetiva. Na linguagem comum costuma-se substituiremoção por afetividade, tratando os termoscomo sinônimos.Todavia, não o são. A afetividade é um conceitomais abrangente no qual se inserem várias manifestações.(WALLON 1999, p.61).
  • 18. A teoria walloriana trata das emoções na vida dascrianças, investigando todos os meios sociais doqual façam parte, entre eles a família e a escola.E destaca a importância das emoções na relaçãoprofessor e aluno. Quando o aluno passa a ser o centro das preocupaçõesda escola e se a escola tem como missãocriar oportunidade para aprendizagem, a relaçãoprofessor e aluno torna-se afetiva e produtiva naconstrução do conhecimento. O aluno em sua condição de aprendiz espera queo ambiente escolar, seja diferente do meio emque ele vive, e que o educador, seja diferente das pessoas do círculo de amizades que ele conhece erespeite suas diferenças sociais e familiares. Diante das colocações feitas pela teoria de Wallon,consideramos que o professor em sala de auladeve saber trabalhar com as emoções. Pois, no cotidianoescolar são comuns as situações de conflitoenvolvendo professores e alunos. A desordem ea agitação motora, a dispersão e as crises emocionais são alguns exemplos das reações dos alunosnos momentos de conflito em sala de aula. Nessesmomentos, os alunos manifestam suas emoçõesatravés do choro, da raiva, do desespero e de medosque são acompanhados de crises nervosas. Ao se tratar da conduta do aluno, compreendemosque pode ser justificada pela necessidade deexpor seus sentimentos diante de qualquer estímulode conteúdo emocional como a expressãofacial, o tom de voz, pessoas, entre outros. SegundoWallon (1986), não se pode explicar uma condutaisolando-a do meio em que ela se desenvolve.Com os diferentes meios de que faz parte aconduta do indivíduo pode mudar (p. 369). Embora, determinada conduta do aluno em relação ao professor, pode ocorrer em função dos seuscolegas. Ou seja, o aluno pode querer chamar aatenção dos colegas, por vaidade, por sentimentode inferioridade ou simplesmente pelo desejo decortejá-los. Diante dessa situação, são sentimentosque se confundem com as emoções.
  • 19. E no ambiente escolar, tanto aluno quanto o professor,são livres para expor sentimentos acompanhadosde atitudes e comportamentos quepossam melhorar a convivência de ambos nummesmo espaço. Para Wallon (1986), as emoções são aquelas expressõesacompanhadas de reações intensas ebreves do organismo como o choro, a gargalhadae a paixão. Já os sentimentos são mais duradourosque as emoções, entre eles, destacamos a amizadee a ternura. Todas essas manifestações afetivasfazem parte de nossa vida psíquica e nos acompanhama todo o momento e em todas as situações. Na escola não é diferente e a aprendizagem dependeem grande parte dessas relações afetivaspedagógicas, estabelecidas entre professores ealunos. No decorrer do ano letivo na convivênciaem sala de aula, surgem hostilidades da criançaem relação ao professor, seja ela por falta de êxitoem suas tarefas, pela severidade do professor, pormotivos pessoais provindos da família ou outrosde ordem emocional. Por isso, acreditamos queé possível o professor se equivocar, quando nãoestá apto a compreender a conduta do aluno quemanifesta suas emoções de forma agressiva. Diante de situações difíceis e conflitantes na salade aula, o professor precisa investigar o motivo,conhecer a história de vida familiar e receber suasatitudes com calma e bom senso. Sendo assim, oprofessor não deve tomar a situação de conflitocomo afronta pessoal ou provocação. O professor deve evitar atitudes e indícios dedesagrado, pois, com certeza essa expressão deviolência ou de agressividade pode ser entendidocomo um grito de socorro. Portanto, a interaçãoentre professor e aluno, consiste em açõessimples como a forma que se refere ao aluno, seucomportamento e sua postura perante ele. Naprática pedagógica essas ações são importantespara que o aluno valorize e crie vínculos de sentimentose de cumplicidade. Por isso, na sala deaula é necessário identificar e avaliar as situaçõesde dificuldade e de conflito que cercam o relacionamentoentre professor e aluno. Convém ressaltar que a busca na compreensãodos motivos e reações que levam o aluno a terdiversas atitudes em diferentes momentos, desafiao professor a refletir e pesquisar intervençõeseficazes que contribuam na formação de sua personalidadee de sua aprendizagem.
  • 20. 1.7 A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO O vínculo afetivo que o professor estabelece com o aluno em sala de aula, deve ter um caráter libertador e de confiança no cotidiano, para combater o preconceito e os rótulos comuns presentes no ambiente escolar. Dessa forma, o vinculo afetivo estabelecido, favorece a expressão de questõespessoais entre professor e aluno no cotidiano escolar. Além disso, conduz a autonomia e o sucesso na construção da aprendizagem recíproca, na formação da personalidade dos alunos em adultos seguros e confiantes de si, capazes de pensarde forma crítica o mundo que os cercam. Muitos são os fatores que afetam a aprendizagemdo aluno, principalmente quando a afetividade não faz parte de alguns momentos de sua vida cotidiana e escolar. Portanto, a afetividade é capaz de derrubar a baixa estima e rótulos comuns em sala de aula quando o aluno não aprende. No ambiente escolar, o professor tem que ser equilibrado emocionalmente, além de dar atenção ao aluno, deve se aproximar, elogiar, saber ouvir e reconhecer seu valor, acreditando na sua capacidade de aprender e de ser uma pessoa melhor. Essas ações favorecem a afetividade no aluno. O professor proporciona segurança e respeito, na forma de expressar seus sentimentos. O carinho e a atenção é parte da trajetória na construção da aprendizagem mútua, sendo apenas o começo do caminho a ser percorrido pelo aluno no período de escolarização. Quando observamos nossos alunos, percebemos que o olhar tem significado de expressividade da alma, são manifestações de sentimentos que podem ser interpretados de forma positiva ou negativa. O olhar do professor influencia no comportamento do aluno, quando interpretado de forma negativa, gera desconforto em sala de aula.
  • 21. O olhar do professor para o aluno é indispensável para o sucesso da aprendizagem, da autoestima e da valorização do aprendiz. É através de uma nova interpretação do olhar para a aprendizagem do aluno que o professor descobrirá o talento que cada um possui. Ao refletir sobre as potencialidades e capacidades dos alunos, o professor fortalece a interação e a compreensão em sala de aula. Isso inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões, respeitar seus limites, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade. Para isso, o professor deve disponibilizar conversas e debates que possam encorajar o aluno a tentar de novo sem ter medo de errar. Dessa forma, o professor pode trabalhar várias atividades facilitadoras do conhecimento. Vale ressaltar que a postura pedagógica do professor deve possibilitar ao aluno desafios que propiciem diversas interações, como sujeito do conhecimento e do afeto, favorecendo seu rendimento escolar. No ambiente escolar, a afetividade pode ser demonstrada na preocupação com os alunos e no reconhecimento de indivíduos autônomos. Além disso, a relação de afetividade deve dar sentido a reflexão e a investigação sobre quem é o aluno, levando em consideração a experiência de vida de cada um. Quando o afeto prevalece em sala de aula, todas as conquistas dos alunos contribuem no processo de aprendizagem construindo elos entre afetividade e cognição. Apesar de alternarem a dominância, afetividade e cognição não se mantêm como funções exteriores uma à outra. Cada uma, ao reaparecer como atividade predominante num dado estágio, incorpora as conquistas realizadas pela outra, no estágio anterior, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e diferenciação (GALVÃO, 1996, p.45). Quando falamos em afetividade no âmbito escolar, abrangemos manifestações emocionais que se evidenciam dentro da sala de aula. Portanto, compreendemos a afetividade como sentimento construído através
  • 22. da vivência, da experiência, do reconhecimento e principalmente do respeito ao outro. Os professores exercem um papel importante no desenvolvimento afetivo dos alunos, pois estão presentes no processo de ensino aprendizagem em todos os momentos de sua escolarização. A afetividade é como um recurso de motivação na aprendizagem do aluno, sendo assim, contribui no desenvolvimento das emoções que se evidenciam dentro da sala de aula. Ao propormos a formação global do aluno nos diferentes contextos, é considerável como missão o aprendizado de forma agradável e acolhedora, tomando como foco principal da escola. Tratar da afetividade na relação entre o professor e aluno, é levar em consideração o estado emocional em que o aluno se encontra no momento, devendo perceber as atitudes e expressões emocionais na sala de aula. 1.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste trabalho permitiu pensar a educação a partir das teorias walloniana, vygotskyana epiagetianaque pressupõe uma ruptura nas finalidades formativas dos sistemas educativosatuais. Gadotti (2000, p.10) escreve que uma educação assim, visa ao “desenvolvimentointegral da pessoa: inteligência, sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidadepessoal, espiritualidade, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade,iniciativa. Para isso, não se deve negligenciar nenhuma das potencialidades de cadaindividuo.” Retoma-se que, para Wallon (1975), a afetividade assume um papel fundamentalna constituição e no funcionamento da inteligência, pois, são os motivos, necessidades,desejos que direcionam o interesse da criança para o conhecimento e conquista domundo ao seu redor. Vygotsky também acredita que a motivação é a mola propulsora da busca pelo
  • 23. conhecimento. A partir do momento que o educador estabelece uma relação social decooperação, teoria defendida por Piaget, o processo de ensino/aprendizagem rompe adicotomia entre cognição e afetividade, desmistificando a visão de relação maternal quese atribui aos aspectos afetivos, pois é possível aliar a disciplina, a metodologia, àemoção. A conscientização do educador é fundamental, pois é ele o mediador, quemplaneja as aulas e organiza os ambientes. Quando toma consciência de sua importânciana formação do aluno, a promoção de espaços democráticos para a construção coletivado conhecimento torna-se um processo natural e necessário. As escolas, por sua vez, devem também se preocupar com a formação desteprofissional que, hoje, tem um perfil de mediador, buscando atuar junto a ele, incluindoem sua visão educacional, a afetividade, que é tão necessária para o bom desempenhodos alunos e uma educação de qualidade. Hoje, pensamos que educar significa também preocupar-se com aconstrução e organização da afetividade das pessoas. Afinal a escola, para cumprir seupapel, deve ser um lugar de vida e sobretudo de sucesso e realização pessoal para alunose educadores. Desta forma, o estudo da afetividade, no contexto educacional, pretendecompreender a relação professor-aluno, permeada pela participação ativa de ambos,envolvendo acordos e desacordos. Através dessa troca, a criança constrói sua visão demundo, baseada nos sentimentos, valores e significados que apreende do meio eespecificamente na escola. Diante da discussão até aqui apresentada, fica clara a necessidade deconstruirmos um sistema educativo que supere a clássica contraposição entre razão eemoção, cognição e afetividade, e que rompa com a concepção dissociada, relegando osaspectos afetivos e emocionais a segundo plano. O presente artigo é apenas o início de uma reflexão parcial deste tema queservirá de base para futuros trabalhos. REFERENCIAS
  • 24. ARANTES, V. A. Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo:Atlas, 2003. DANTAS, Heloísa. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon.In: LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky,Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. FREIRE, PAULO. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREUD, Sigmund. Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud.Edição StandardBrasileira Summus, 1992. _________________.Obras completas. Madrid: Biblioteca Nueva,1973. GALVÃO, Izabel. Henry Wallon: Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil. Petrópolis: Vozes, 1996. GADOTTI, M. Perspectivas atuais em educação. Porto Alegre: Artmed, 2000. GOLEMAN, D. Inteligência emocional.Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. 370p. LA TAILLE, Yves de et al. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas emdiscussão. São Paulo: Summus, 1992. PIAGET, J. Problemas de Psicologia Genética. In:_________. Os Pensadores. SãoPaulo: Abril Cultural, 1983. PIAGET, J. . A formação do símbolo na criança. (A. Cabral e C. M. Oiticica, trad.). Riode Janeiro: Zahar Editores, 1978. (Original publicado em 1945). PIAGET, J. Psicologia da inteligência. Rio de Janeiro: Zahar,1997. SALTINI,C.J.P. Afetividade Inteligência: a emoção na educação.Rio de Janeiro:DP&A,2002. SALTINI, C. J. P. Afetividade e inteligência. Rio de Janeiro: DP & A, 1999. SCHALL, Virgínia Torres. A Afetividade na Educação deCrianças. Disponível em: <<http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo/.asp São Paulo: Ática, 1986. VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: MartinsFontes, 2000. WALLON, Henry. A Evolução Psicológica da Criança. Lisboa,Edições 70, 1999. entrID=921>>. Acesso em: 10/12/2012.
  • 25. WALLON, Henry. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Petrópolis:Vozes, 2008. WALLON, Henry. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.WESCHSLER, M. P. F. Relações entre afetividade e cognição: de Moreno a Piaget. 2ªed. São Paulo. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414- 69752005000100002&script=sci_arttext. Em 02/01/2013.