Este documento discute a importância da afetividade para uma educação de qualidade. Apresenta as perspectivas de Vygotsky, Piaget e Wallon sobre como a afetividade está ligada à cognição e é fundamental para o desenvolvimento do aluno e sua aprendizagem. Também descreve como o relacionamento afetivo entre professor e aluno pode contribuir de forma positiva para a construção do conhecimento.
1. FACETED – INSTITUTO DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E
TECNOLOGIA DARWIN
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DOCÊNCIA
ALEXSANDRO PRATES FREITAS
A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
ATAMIRA-PA
2012
2. ALEXSANDRO PRATES FREITAS
A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Artigo apresentado, à Faculdade de
Ciências, Educação e Tecnologia
Darwin, como requisito parcial para
conclusão do curso de pós-
graduação em docência.
Orientadora: Prof.ª Sarita Abadia
Assumpção.
ALTAMIRA-PA
2012
3. ALEXSANDRO PRATES FREITAS
A IMPORTANCIA DA AFETIVIDADE PARA UMA
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Artigo apresentado à Banca Examinadora da Faculdade de Ciências, Educação
e Tecnologia Darwin, como requisito parcial para obtenção do titulo de
Especialista em docência. Orientador: Professor Mestre Paulo Rogério de
Oliveira
Aprovada em ____/_____/_____
Nota:
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Mestre Paulo Rogério de Oliveira
Orientador
_________________________________________________
Prof. Sarita Abadia Assumpção
2º Membro da Banca Examinadora
Prof. Thiago Rosa da Silva
3º Membro da Banca Examinadora.
4. A importância da afetividade para uma educação de qualidade
ALEXSANDRO PRATES FREITAS
RESUMO
Este artigo tem como objetivo investigar sob uma visão psicológica a
importânciada afetividade, identificandocomo a afetividade entre professor
ealuno pode contribuir para uma educação de qualidade de
formaacolhedora e prazerosa. Objetivando descrever a respeito do aspecto
sócio afetivo como mola propulsora da ação educativa. A análise se
fundamenta nas ideias de pensadores como Vygotsky, Piaget eWallonque
nos atentapara afetividade como ponto de fundamental importância,tanto
para o professor quanto para o aluno.Essarelação entre ambos, contribui
para umaeducação de qualidade. Os vínculos emocionais que se
estabelecem desde onascimento influenciam na construção e
desenvolvimento do sujeito, propiciando-lheferramentas necessárias à
aquisição da aprendizagem, sua conservação e continuidade.
Nestecontexto, o professor é sujeito de sua história pessoal e tem poder de
compreender anecessidade de sua participação efetiva e ativa na
transformação da sociedade, através doprocesso de construção do
conhecimento, e da realidade vivida pelo aluno. Verifica-se,portanto, a
necessidade de interação e que esta, esteja associada à afetividade entre
aluno eeducador, e também é fundamental que a família esteja inserida e
colabore ativamente desteprocesso.Buscamos assim, por meio deste artigo,
contribuir para a reflexão sobre aimportância que a afetividade exerce para
uma educação de qualidade queservirá de base para futuros trabalhos.
Palavras chaves: Afetividade; Professor; Aluno; Educação de qualidade
5. ABSTRACT
This article aims to investigate under a psychological view of the
importance of affectivity, identifying as affection between teacher and student
can contribute to a quality education in a warm and pleasant. Aiming to
describe about the socio-affective aspect as springboard for educational
action. The analysis is based on the ideas of thinkers such as Vygotsky,
Piaget and Wallon us attentive to affectivity as a point of fundamental
importance, both for the teacher and for the student. This relationship
between the two, contributing to a quality education.The emotional bonds
that are established from birth influence the construction and development of
the subject, providing him the necessary tools of learning acquisition,
preservation and continuity. In this context, the teacher is the subject of his
personal story and is able to understand the need for their active and
effective participation in the transformation of society through the process of
knowledge construction, and the reality experienced by the student. There is
therefore the need for interaction and that this could be associated with the
affection between student and teacher, and is also crucial that the family is
inserted and collaborate actively in this process.We seek well, through this
article, to contribute to the reflection on the importance of affectivity has to a
quality education that will form the basis for future work.
Keywords: Affection, Professor, Student, Education Quality
6. 1. INTRODUÇÃO
Toda criança desde o nascimento tem a necessidadede atenção e
afeto para viver num processocontínuo e harmônico de socialização e
integraçãofamiliar e social. No ambiente escolar, osalunos que manifestam
sentimentos de prazer, desucesso e que são bem sucedidos em sala de
aula,são aqueles que os esforços foram encorajados erespeitados.
Quando falamos dos alunos menos favorecidosintelectualmente,
referimo-nos aos que são frutosde atitudes desencorajadoras. Neles,
emergemsentimentos de inferioridade em relação asi mesmo e aos outros
alunos. Isso nos mostra aimportância da afetividade presente na vida
doaluno.
Nesse sentido, observamos comportamentos entreprofessor e aluno
que muitas vezes não compreendemos.Mas, que despertam nossa atenção
e noslevam a refletir melhor a postura entre ambos.
O relacionamento entre professor e aluno, poderesultar em
consequências negativas, gerandoconflitos em sala de aula. Diante disso,
questionamosem que momentos os conflitos em sala deaula dificultam a
construção do conhecimentodo aluno. E como diferentes atitudes
emocionaise comportamentais podem interferir na posturapedagógica do
professor em sala de aula.
A afetividade quando demonstrada em sala deaula, resulta em
experiências positivas, trazendobenefícios na aprendizagem do aluno. A
segurançae confiança depositada no professor sãofundamentais para a
construção do processo deaprendizagem.
O afeto no ambiente escolar não está somenteno ato de carinho como
abraçar ou beijar o alunocomo cumprimento de sua chegada a sala deaula.
Mas é no olhar confiante do professor em relaçãoà aprendizagem do aluno
que proporcionasegurança e equilíbrio entre ambos.
O aluno não está preparado para entrar na escolae o afastamento dos
pais se torna difícil paraele. Diante dessa situação, durante o processo
deconstrução de conhecimento o aluno tem necessidadede se sentir aceito e
7. acolhido dentro de suaslimitações. Por isso, o afeto do professor é o
pontoprincipal para o aluno interagir com a escola.
O professor, também tem a necessidade de seraceito e respeitado.
Diante disso, a necessidade deafeto do aluno e do professor se entrelaça
numarelação recíproca que evolui durante o ano letivo.Mas no decorrer
desse período as necessidadesafetivas se modificam e tornando-se
cognitivas.
Este trabalho de pesquisa bibliográfica tem comoobjetivo investigar a
importância da afetividadena aprendizagem, identificando como a
interatividadeentre professor e aluno pode contribuirna sala de aula de forma
acolhedora e prazerosa.
Para isso, utilizamos o referencial teórico que se atenta para
afetividade como pontode equilíbrio, tanto para o professor quantopara o
aluno, contribuindo para uma educaçãode qualidade.
1.1 A AFETIVIDADE SEGUNDO VYGOTSKY
Para Vygotsky, só se pode compreender por completo o pensamento
humanoquando se compreende a base afetiva. Assim como na teoria
walloniana, acredita quepensamento e afeto são indissociáveis.
Quem separa o pensamento do afeto nega de antemão a
possiblidade deestudar a influência inversa do pensamento no
plano afetivo. […] A vidaemocional está conectada a outros
processos psicológicos e aodesenvolvimento da consciência de
um modo geral. (VYGOTSKY, 2000apud ARANTES, 2003,
p.18)
Vygotsky (2000, p.146) escreve que:
O aspecto emocional do individuo não tem menos importância
do que osoutros aspectos e é objeto de preocupação da
educação nas mesmasproporções em que o são a inteligência
e a vontade. O amor pode vir a ser umtalento tanto quanto a
genialidade, quanto a descoberta do cálculo diferencial.
8. Tanto Vygotsky quanto Wallon afirmam que não se pode separar
afetividade ecognição. Vygotsky evidencia o pensamento com sua gênese
na motivação, a qual incluitendência, necessidades, interesses, impulsos,
afeto e emoção.
A emoção não é uma ferramenta menos importante que o
pensamento. Apreocupação do professor não deve se limitar
ao fato de que seus alunospensem profundamente e assimilem
a geografia, mas também que a sintam.
[…] as reações emocionais devem constituir o fundamento do
processoeducativo. (VYGOTSKY, 2003, p.121)
A afetividade está sempre presente nas experiências empíricas
vividas pelosseres humanos. Quando entra na escola, torna-se ainda mais
evidente seu papel narelação professor-aluno.
As reações emocionais exercem uma influência essencial e
absoluta em todasas formas de nosso comportamento e em
todos os momentos do processoeducativo. Se quisermos que
os alunos recordam melhor ou exercitem maisseu pensamento,
devemos fazer com que essas atividades
sejamemocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa
têm demonstradoque um fato impregnado de emoção é
recordado de forma mais sólida, firmee prolongada que um
feito indiferente. (VYGOTSKY, 2003, p.121)
Um professor que é afetivo com seus alunos, favorece que se
estabeleça umarelação de segurança e evita bloqueios afetivos e cognitivos,
auxiliando no trabalhosocializado e ajuda o aluno a superar erros e a
aprender com eles.
1.2AFETIVIDADE SEGUNDO PIAGET
Para Piaget (1998 apud SALTINI, 1999), o desenvolvimento afetivo
está ligadointrinsecamente e ocorre paralelo ao desenvolvimento moral: a
criança vai superando afase do egocentrismo, se apercebe da importância
das interações com as outras pessoase desenvolve a percepção do eu e do
outro como referência.
9. Os sentimentos e as operações intelectuais não constituem
duas realidadesseparadas e sim dois aspectos
complementares de toda a realidade psíquica,pois o
pensamento é sempre acompanhado de uma tonalidade e
significadoafetivo, portanto, a afetividade e a cognição são
indissociáveis na sua origeme evolução, constituindo os dois
aspectos complementares de qualquerconduta humana, já que
em toda atividade há um aspecto afetivo e umaspecto cognitivo
ou inteligente. (PIAGET, 1983, p. 234)
Desde o nascimento, o desenvolvimento intelectual é obra da
sociedade e doindivíduo. Contudo, segundo Piaget, afirmar que o homem é
ser social, não significaoptar por uma teoria que explique como o “social”
interfere no desenvolvimento e nascapacidades da inteligência humana.
O equacionamento que o autor dá para esta questão passa por dois
momentos. Oprimeiro: entender o que é ser social. O segundo: fatores
sociais explicam odesenvolvimento intelectual (como?).
O homem normal não é social da mesma maneira aos seis
meses ou aos vinteanos de idade, e, por conseguinte, sua
individualidade não pode ser da mesmaqualidade nesses dois
diferentes níveis. (PIAGET, 1998 apud LA TAILLE,1992, p. 12)
Apesar de Piaget considerar que o conhecimento é construído pela
criança emsua interação com o meio, acreditava que todas as crianças se
desenvolvem através deestágios – formas de apreensão da realidade – até
atingirem o pensamento formal, emque são capazes de pensar sobre o
pensar.
Para o autor, o equilíbrio faz parte do desenvolvimento cognitivo. O
critérioseguido por ele é a qualidade de troca intelectual entre os indivíduos
e, consequentemente, o ótimo grau de socialização só acontece quando
esta troca atinge oequilíbrio. Em síntese:
No total, o equilíbrio de uma troca de pensamentos supõe 1)
um sistemacomum de signos e de definições 2) uma
conservação de proposições válidasobrigando aquele que as
reconhece como tal 3) uma reciprocidade depensamento entre
os interlocutores. (PIAGET 1998 apud LA TAILLE, 1992,p. 14)
10. Para que o equilíbrio ocorra, são necessários interlocutores que
possam cumpriresta regra numa relação social e isso só acontece quando
os sujeitos se encontram nomesmo nível de desenvolvimento.
A começar pelo estágio sensório-motor. Para Piaget a partir da
aquisição dalinguagem, inicia-se a socialização efetiva da inteligência.
Porém, na fase pré-operatóriaalgumas características ainda limitam a
socialização equilibrada.
Em primeiro lugar, falta “a capacidade de aderir a uma escala comum
dereferência, condição necessária ao verdadeiro diálogo.” (LA TAILLE, 1992,
p. 15).
Umexemplo clássico são os jogos de regras, cada criança tende a
seguir as suas.
Em segundo lugar, vem a contradição.“Tudo se passa como se
faltasse umaregulação essencial ao raciocínio: aquela que obriga o indivíduo
a levar em conta o queadmitiu ou disse, e a conservar esse valor nas
construções ulteriores.” ( PIAGET, 1998apud LA TAILLE, 1992, p. 15)
E, por último, a criança pequena tem dificuldade em se colocar no
ponto de vistado outro, o que impede a reciprocidade.
Essas três características Piaget chamou de “pensamento
egocêntrico”. Como opróprio nome diz, “centrado no eu”. Nesta fase, por
exemplo, as crianças sãoinfluenciáveis pelas ideias dos adultos, repetem
comportamentos, acreditando ser seus.
Por isso, as interações sociais são precárias, pois a criança ainda é
heterônoma.
A partir do estágio operatório as interações sociais conseguiram se
efetuar commaior equilíbrio. Paralelamente a esta, a criança alcançará o que
Piaget define de“personalidade”
A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros
“eus” e refratárioà socialização, mas é o indivíduo se
submetendo voluntariamente às normasde reciprocidade e de
universalidade. Como tal, longe de estar à margem
dasociedade, a personalidade constitui o produto mais refinado
da socialização.
Com efeito, é na medida em que o “eu” renuncia a si mesmo
para inserir seuponto de vista próprio entre os outros e se
curvar assim às regras dareciprocidade que o indivíduo torna-
11. se personalidade. (…) Em oposição aoegocentrismo inicial, o
qual consiste em tomar o ponto de vista próprio comoabsoluto,
por falta de poder perceber seu carater particular, a
personalidadeconsiste em tomarconsciência desta relatividade
da perspectiva individual e acolocá-la em relação com o
conjunto das outras perspectivas possíveis: apersonalidade é,
pois, uma coordenação da individualidade com o
universal.(PIAGET, 1998 apud LA TAILLE, 1992, p. 16-17)
Para Piaget, essa busca pelo “equilíbrio” tem bases biológicas, pois é
próprio doser vivo procurar o equilíbrio que lhe permita adaptação. Nesse
processo dedesenvolvimento, é fundamental a ação do sujeito sobre o
objeto, “já que é sobre osúltimos que se vão construir conhecimentos e que,
é através de uma tomada deconsciência, da organização das primeiras que
novas estruturas mentais vão sendoconstruídas.” (LA TAILLE, 1992, p. 18).
Piaget (1954) que afirma que a afetividade não modifica a estrutura
no funcionamentointeligência, porém, é a energia que impulsiona a ação de
aprender. Poderá acelerar ouretardar o desenvolvimento dos indivíduos,
podendo até interferir no funcionamento dasestruturas da inteligência (apud
ANDRADE, 2007).
1.3 AFETIVIDADE SEGUNDOWALLON
Wallon (1989) atribui imensa importância à emoção e à afetividade,
criandoconceitos a partir do ato motor, da afetividade e da inteligência. As
interações são umprocesso natural para o desenvolvimento e para a
manifestação das emoções. Contudo,Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003,
p.61) diferencia emoção de afetividade:
As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são
manifestações davida afetiva. Na linguagem comum costuma-
se substituir emoção porafetividade, tratando os termos como
sinônimos. Todavia, não o são. Aafetividade é um conceito
meio abrangente no qual se inserem váriasmanifestações.
Para Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003), o movimento é a base
dopensamento e as emoções que dão origem à afetividade, sendo ela
12. fundamental naconstituição do sujeito. O autor dá o exemplo de um bebê
que ainda não desenvolveu alinguagem e que utiliza seu corpo por meio de
contorções, espasmos e outrasmanifestações emocionais, para mobilizar os
adultos a sua volta através do afeto. Deacordo com Galvão (2003, p.74),
“pela capacidade de modelar o próprio corpo, aemoção permite a
organização de um primeiro modo de consciência dos estados mentaise de
uma primeira percepção das realidades externas.”
No caso dos adultos, Wallon (1979 apud GALVÃO, 2003) dá
importância àsubjetividade dos estados afetivos vividos por quem
experimenta uma determinadaemoção. Ou seja, na teoria walloniana, a vida
emocional é uma condição para aexistência das relações interpessoais e,
para este teórico, as emoções fazem parte davida intelectual, não separando
o aspecto cognitivo do afetivo.
Paralelamente ao impacto que as conquistas feitas ao plano
cognitivo têmsobre a vida afetiva, a dinâmica emocional terá
sempre um impacto sobre avida intelectual. […] É graças à
coesão social provocada pela emoção que acriança tem
acesso à linguagem, instrumento fundamental da
atividadeintelectual. (GALVÃO, 2003, p.76)
Um conceito de sua teoria que tem influência na prática pedagógica é
que aemoção estabelece uma relação imediata dos indivíduos entre si,
independente de todarelação intelectual.
A propagação “epidérmica” das emoções, ao provocar um
estado decomunhão e de uníssono, dilui as fronteiras entre os
indivíduos, podendolevar a esforços e intenções em torno de
um objetivo comum. Permitiria,assim, relações de solidariedade
quando a cooperação não fosse possível pordeficiência dos
meios intelectuais ou por falta de consenso
conceitual,contribuindo portanto, para a constituição de um
grupo e para as realizaçõescoletivas. (WALLON, 1989, p.162)
Considerando este caráter unificador das emoções, no âmbito da
práticapedagógica, torna-se fundamental o fortalecimento da afetividade na
relaçãoprofessor/aluno para que a aprendizagem se torne eficaz,
favorecendo, assim, aautoestima, o diálogo e a socialização. Vale ressaltar
13. que a afetividade também éimportante no processo de avaliação, afastando
eventuais riscos de antipatia entreprofessor e aluno.
Atribui às emoções um papel de primeira grandeza na formação da
vidapsíquica, funcionando como uma amálgama entre o social e o orgânico.
As relações dacriança com o mundo exterior são, desde o início, relações de
sociabilidade, visto que, aonascer, não tem
“meios de ação sobre as coisas circundantes, razão porque a
satisfação das suasnecessidades e desejos tem de ser
realizada por intermédio das pessoas adultas que
a rodeiam. Por isso, os primeiros sistemas de reação que se
organizam sob ainfluência do ambiente, as emoções, tendem a
realizar, por meio de manifestaçõesconsoantes e contagiosas,
uma fusão de sensibilidade entre o indivíduo e o seuentourage”
(Wallon, 1971, p. 262).
1.4 EDUCAÇÃO E AFETIVIDADE
Para Freud (1914), o ser humano nasce com seu eu (sujeito psíquico)
pronto,mas irá constituí-lo a partir de si e de suas relações sociais.
Os avanços da psicanálise fomentam o debate sobre a significação
do mundoinconsciente e sua importância como suporte da inteligência não
só operatória, masprincipalmente figurativa e simbólica (SALTINI, 2002). Daí
a importância dacontribuição dos atores sociais na conjuntura desse
processo.
Partindo do entendimento de que o sujeito só se desenvolve como
sujeito a partirdas relações sociais (professor/aluno, pai/filho entre outros
sujeitos sociais) e, portanto,da qualidade dessas relações. Neste sentido, a
escola deverá encarregar-se da promoçãodo desenvolvimento do
conhecimento e das relações sociais.
Piaget (1998) em seus estudos considera o quanto o aspecto afetivo
é importanteem uma escola. Por exemplo, como acontece a identificação
entre um aluno e seuprofessor.
Dos estudos da psicanálise começam a emergir novas conexões
entre o somáticoe o simbólico. Isto é, as manifestações e contribuições do
corpo via símbolos. Piaget(1998) enfatiza a unidade entre afetividade em
14. nossas ações cotidianas. O ato deInteligência pressupõe, pois, uma
regulação energética interna (interesse, esforço,facilidade). (PIAGET, 1977).
Sendo assim, o conhecimento torna-se parte da pessoa quando se
encontrainserido no contexto vital, pois a vida se explica somente através de
si mesma e buscaexplicação para si mesma (SALTINI, 2002).
Claparède (1954), citado por Saltini (2003), fala que, para falarmos
deinteligência e afetividade precisamos nos referir também, e sempre, a
emoção, asligações e inter-relações afetivas. Seria impossível entender o
desenvolvimento dainteligência sem um desenvolvimento integrado por
aquilo que nos desperta o interessee prazer em realizar.
De acordo com o exposto, a proposta escolar deveria contemplar o
ensino comoalgo instigante relacionado com a vida do educando e o que se
deseja ensinar.
Paulo Freire (1996) diz ser necessária a reflexão sobre o homem e
uma análiseprofunda do meio concreto, deste homem concreto a quem
desejamos educar, oumelhor, a quem desejamos ajudar a educar-se.
Professores não educam, ajudam aspessoas a se educarem e, ao ajudar,
educam-se também. Assim como não existeeducador e educando, pois
ambos estão na mesma tarefa.
Segundo a psicanálise, a razão e emoção, consideradas no contexto
escolar,contribuem para a solução de problemas na educação e na
formação do professor. Nestaperspectiva, significa que o professor deve
contemplar o aluno inserido num contextosocial e plural diante das diversas
expressões de sentimentos e emoções.
Goleman (1995) enfatiza a necessidade de se trabalhar a inteligência
emocionaldo aluno para que este saiba gerir suas emoções e situações de
conflito e, na resoluçãode problemas, saiba se relacionar com seus pares e
encontre situações criativas naresolução de problema.
Wallon, dentro do princípio dialético, identifica a relação entre
inteligência euma das manifestações da afetividade a emoção ( LA TAILLE,
1992). A relação entreambas é de caráter dialético, pois, se, por um lado,
não existe nada no pensamento quenão tinha surgido das primeiras
sensações, por um lado, a luz da razão dá àssensibilidades um novo
conteúdo.
15. É de se notar que, entre emoção e a atividade intelectual
existeinterdependência,mas também oposição, pois, ao mesmo tempo que
estão presentes na unidade dodesenvolvimento, a emoção se esvai diante
da atividade intelectual. É natural sermossurpreendidos por surtos emotivos
não sabendo agir racionalmente. Neste momento,percebe-se a ausência de
interconexão entre a emoção e a razão.
Heloysa Dantas (1992) fala sobre a possibilidade de haver etapas de
desenvolvimento da afetividade, pois parece propor uma evolução da
afetividade que seinicia nos primeiros dias de vida e se prolonga no
processo de desenvolvimento, sediferenciando de maneira distinta sob a
influência do meio social.
Na abordagem psicanalítica, o aprender envolve a relação professor-
aluno, poisaprender é aprender com alguém. De posse dessa premissa, o
professor passa a ter umaforte influência sobre o aluno, pois ele, agora, é a
referência do conhecimento.
Segundo a psicanálise, o que falta para as pedagogias modernas é a
consideraçãoem assuntos como: frustração, agressividade, conflito. A
relação do professor com seualuno depende fundamentalmente de sua
maturidade afetiva na qual saberá promovervínculos respeitando a
individualidade e as necessidades de cada aluno. “Todas asamizades e
vinculações amorosas ulteriores são relacionadas sobre a base
primitivatenha deixado” (FREUD, 1914, p. 1893).
Segundo Violante (1995), muito da “dificuldade de aprender” deve-se
à falta deinvestimento do eu na sua própria atividade do pensar. Isto porque
a atividade depensar da criança pode não ter sido reconhecida, ou ninguém
ter investido nela.
Piaget, in Kupfer (1997), conclui enfatizando a necessidade de se
romper atradicional dicotomia existente entre afetividade e inteligência,
mostrando o quanto éproblemático do ponto de vista teórico, dizer que a
afetividade é orientada e causadapela inteligência ou, o contrário, presumir
que a inteligência dirige a afetividade. Istosignificaria não compreender que
toda a conduta é una e, portanto, pressupõeinteligência e afetividade em
constante interação e interdependência, transformando-se edesenvolvendo-
se durante a organização progressiva das condutas.
16. Assim como Piaget, Wallon mostra-nos em seus escritos, compartilhar
da ideiade que emoção e razão estão, intrinsecamente, conectadas (1986).
1.5 AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA
Piaget (1998) demonstra que as estruturas do conhecimento estão
em constantesmodificações, passando por estágios de desequilíbrio,
reequilíbrio para poderinternalizar seu conhecimento. Sendo assim, a
criança necessita de vivência qualitativaque possibilite esse intercâmbio de
experiências e informações, conferindo umaaprendizagem significativa.
Quando a criança vai à escola, ela se apresenta com grandes
expectativas emrelação ao ambiente, ao conteúdo e, principalmente, pela
figura do professor, aquele queirá mediar esse processo. Neste novo
contexto, a percepção positiva de si e do outro éessencial para o
desenvolvimento de vínculos e parcerias que irão nortear todo oprocesso.
Os PCNs defendem que, se a as primeiras experiências escolares
forem bemsucedidas, o aluno construirá uma representação positiva de si
mesmo como alguémcapaz de aprender (BRASIL, 1997). E, se de outra
sorte, o aluno perderá o interesse e amotivação para aprender.
Diante desta perspectiva, a afetividade é um dos principais fatores
que irãonortear a prática educativa, como também possibilitar vivências
enriquecedoras deaprendizagem (BRASIL, 1997). O aluno constrói
conhecimento a partir de suasvivências, estabelece relações com o que está
sendo oferecido na sala de aula quandoeste conteúdo tem significação
prática.
Moreno (1999) ressalta a falta de educação afetiva na escola ou em
casa, e odesconhecimento das formas de interpretação e de respostas
adequadas perante asatitudes, condutas e manifestação emotivas das
demais pessoas deixarão os alunos àmercê das mazelas sociais (a falta de
referencial, o vício, a marginalidade, a ociosidadeentre outros fatores que
corrompem a juventude.
A partir disto, podemos pensar numa escola que forme cidadão capaz
de atuar etransformar a realidade, no ser humano consciente de sua
17. capacidade, como ressaltaSaltini (2002), da sua consciência, da sua
capacidade de transformação, que o serhumano possa encontrar satisfação
nas relações estabelecidas com o outro em função dacomunicação do seu
desejo.
Piaget (1998) reforça que o principal objetivo da educação é criar
homenscapazes de inventar coisas novas e não criar meros repetidores de
modelos préestabelecidos. A meta deveria ser formar homens criativos,
inventivos e descobridores;pessoas capazes de criticar, deduzir, analisar,
refletir pessoas livres e autônomas.
1.6 PROFESSOR E ALUNO NO CENTRO DAS EMOÇÕES
Diante da relação entre emoção e afetividade, consideramosque o
professor em sala de aula deveestar preparado para trabalhar com as
emoçõesdos alunos. Pois, no cotidiano escolar são comunsas situações de
conflitos envolvendo professorese alunos, nas quais ambos respondem com
manifestaçõesemocionais que podem vir a acarretarsituações agressivas e
constrangedoras.
Na sala de aula é necessário que o professor observee entenda as
sinalizações que o aluno demonstraatravés do gesto, da mímica, do olhar e
aexpressão facial que as vezes passa desapercebidono cotidiano escolar. É
através dessas manifestações da atividade emocional e da afetividade
narelação professor e aluno, que ambos interagemde uma forma ou de
outra.
No entanto, Wallon (1999), um dos principais teóricos do
desenvolvimento humano, atribui a emoçãocomo o primeiro sentimento que
cria vínculoafetivo entre os indivíduos. De acordo com Wallona emoção faz
parte da afetividade:
As emoções, assim como os sentimentos e osdesejos, são
manifestações da vida afetiva.
Na linguagem comum costuma-se substituiremoção por afetividade,
tratando os termoscomo sinônimos.Todavia, não o são. A afetividade é um
conceitomais abrangente no qual se inserem várias
manifestações.(WALLON 1999, p.61).
18. A teoria walloriana trata das emoções na vida dascrianças,
investigando todos os meios sociais doqual façam parte, entre eles a família
e a escola.E destaca a importância das emoções na relaçãoprofessor e
aluno.
Quando o aluno passa a ser o centro das preocupaçõesda escola e
se a escola tem como missãocriar oportunidade para aprendizagem, a
relaçãoprofessor e aluno torna-se afetiva e produtiva naconstrução do
conhecimento.
O aluno em sua condição de aprendiz espera queo ambiente escolar,
seja diferente do meio emque ele vive, e que o educador, seja diferente das
pessoas do círculo de amizades que ele conhece erespeite suas
diferenças sociais e familiares.
Diante das colocações feitas pela teoria de Wallon,consideramos que
o professor em sala de auladeve saber trabalhar com as emoções. Pois, no
cotidianoescolar são comuns as situações de conflitoenvolvendo professores
e alunos. A desordem ea agitação motora, a dispersão e as crises
emocionais
são alguns exemplos das reações dos alunosnos momentos de
conflito em sala de aula. Nessesmomentos, os alunos manifestam suas
emoçõesatravés do choro, da raiva, do desespero e de medosque são
acompanhados de crises nervosas.
Ao se tratar da conduta do aluno, compreendemosque pode ser
justificada pela necessidade deexpor seus sentimentos diante de qualquer
estímulode conteúdo emocional como a expressãofacial, o tom de voz,
pessoas, entre outros. SegundoWallon (1986), não se pode explicar uma
condutaisolando-a do meio em que ela se desenvolve.Com os diferentes
meios de que faz parte aconduta do indivíduo pode mudar (p. 369).
Embora, determinada conduta do aluno em relação ao professor,
pode ocorrer em função dos seuscolegas. Ou seja, o aluno pode querer
chamar aatenção dos colegas, por vaidade, por sentimentode inferioridade
ou simplesmente pelo desejo decortejá-los. Diante dessa situação, são
sentimentosque se confundem com as emoções.
19. E no ambiente escolar, tanto aluno quanto o professor,são livres para
expor sentimentos acompanhadosde atitudes e comportamentos quepossam
melhorar a convivência de ambos nummesmo espaço.
Para Wallon (1986), as emoções são aquelas
expressõesacompanhadas de reações intensas ebreves do organismo como
o choro, a gargalhadae a paixão. Já os sentimentos são mais duradourosque
as emoções, entre eles, destacamos a amizadee a ternura. Todas essas
manifestações afetivasfazem parte de nossa vida psíquica e nos
acompanhama todo o momento e em todas as situações.
Na escola não é diferente e a aprendizagem dependeem grande parte
dessas relações afetivaspedagógicas, estabelecidas entre professores
ealunos. No decorrer do ano letivo na convivênciaem sala de aula, surgem
hostilidades da criançaem relação ao professor, seja ela por falta de êxitoem
suas tarefas, pela severidade do professor, pormotivos pessoais provindos
da família ou outrosde ordem emocional. Por isso, acreditamos queé
possível o professor se equivocar, quando nãoestá apto a compreender a
conduta do aluno quemanifesta suas emoções de forma agressiva.
Diante de situações difíceis e conflitantes na salade aula, o professor
precisa investigar o motivo,conhecer a história de vida familiar e receber
suasatitudes com calma e bom senso. Sendo assim, oprofessor não deve
tomar a situação de conflitocomo afronta pessoal ou provocação.
O professor deve evitar atitudes e indícios dedesagrado, pois, com
certeza essa expressão deviolência ou de agressividade pode ser
entendidocomo um grito de socorro. Portanto, a interaçãoentre professor e
aluno, consiste em açõessimples como a forma que se refere ao aluno,
seucomportamento e sua postura perante ele. Naprática pedagógica essas
ações são importantespara que o aluno valorize e crie vínculos de
sentimentose de cumplicidade. Por isso, na sala deaula é necessário
identificar e avaliar as situaçõesde dificuldade e de conflito que cercam o
relacionamentoentre professor e aluno.
Convém ressaltar que a busca na compreensãodos motivos e reações
que levam o aluno a terdiversas atitudes em diferentes momentos, desafiao
professor a refletir e pesquisar intervençõeseficazes que contribuam na
formação de sua personalidadee de sua aprendizagem.
20. 1.7 A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
O vínculo afetivo que o professor estabelece com o aluno em sala de
aula, deve ter um caráter libertador e de confiança no cotidiano, para
combater o preconceito e os rótulos comuns presentes no ambiente escolar.
Dessa forma, o vinculo afetivo estabelecido, favorece a expressão de
questõespessoais entre professor e aluno no cotidiano escolar. Além disso,
conduz a autonomia e o sucesso na construção da aprendizagem recíproca,
na formação da personalidade dos alunos em adultos seguros e confiantes
de si, capazes de pensarde forma crítica o mundo que os cercam.
Muitos são os fatores que afetam a aprendizagemdo aluno,
principalmente quando a afetividade não faz parte de alguns momentos de
sua vida cotidiana e escolar.
Portanto, a afetividade é capaz de derrubar a baixa estima e rótulos
comuns em sala de aula quando o aluno não aprende.
No ambiente escolar, o professor tem que ser equilibrado
emocionalmente, além de dar atenção ao aluno, deve se aproximar, elogiar,
saber ouvir e reconhecer seu valor, acreditando na sua capacidade de
aprender e de ser uma pessoa melhor. Essas ações favorecem a afetividade
no aluno.
O professor proporciona segurança e respeito, na forma de expressar
seus sentimentos. O carinho e a atenção é parte da trajetória na construção
da aprendizagem mútua, sendo apenas o começo do caminho a ser
percorrido pelo aluno no período de escolarização.
Quando observamos nossos alunos, percebemos que o olhar tem
significado de expressividade da alma, são manifestações de sentimentos
que podem ser interpretados de forma positiva ou negativa. O olhar do
professor influencia no comportamento do aluno, quando interpretado de
forma negativa, gera desconforto em sala de aula.
21. O olhar do professor para o aluno é indispensável para o sucesso da
aprendizagem, da autoestima e da valorização do aprendiz. É através de
uma nova interpretação do olhar para a aprendizagem do aluno que o
professor descobrirá o talento que cada um possui. Ao refletir sobre as
potencialidades e capacidades dos alunos, o professor fortalece a interação
e a compreensão em sala de aula.
Isso inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões,
respeitar seus limites, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar
acessibilidade. Para isso, o professor deve disponibilizar conversas e
debates que possam encorajar o aluno a tentar de novo sem ter medo de
errar. Dessa forma, o professor pode trabalhar várias atividades facilitadoras
do conhecimento.
Vale ressaltar que a postura pedagógica do professor deve possibilitar
ao aluno desafios que propiciem diversas interações, como sujeito do
conhecimento e do afeto, favorecendo seu rendimento escolar.
No ambiente escolar, a afetividade pode ser demonstrada na
preocupação com os alunos e no reconhecimento de indivíduos autônomos.
Além disso, a relação de afetividade deve dar sentido a reflexão e a
investigação sobre quem é o aluno, levando em consideração a experiência
de vida de cada um. Quando o afeto prevalece em sala de aula, todas as
conquistas dos alunos contribuem no processo de aprendizagem
construindo elos entre afetividade e cognição.
Apesar de alternarem a dominância, afetividade e cognição não se
mantêm como funções exteriores uma à outra. Cada uma, ao reaparecer
como atividade predominante num dado estágio, incorpora as conquistas
realizadas pela outra, no estágio anterior, construindo-se reciprocamente,
num permanente processo de integração e diferenciação (GALVÃO, 1996,
p.45).
Quando falamos em afetividade no âmbito escolar, abrangemos
manifestações emocionais que se evidenciam dentro da sala de aula.
Portanto, compreendemos a afetividade como sentimento construído através
22. da vivência, da experiência, do reconhecimento e principalmente do respeito
ao outro.
Os professores exercem um papel importante no desenvolvimento
afetivo dos alunos, pois estão presentes no processo de ensino
aprendizagem em todos os momentos de sua escolarização. A afetividade é
como um recurso de motivação na aprendizagem do aluno, sendo assim,
contribui no desenvolvimento das emoções que se evidenciam dentro da
sala de aula.
Ao propormos a formação global do aluno nos diferentes contextos, é
considerável como missão o aprendizado de forma agradável e acolhedora,
tomando como foco principal da escola.
Tratar da afetividade na relação entre o professor e aluno, é levar em
consideração o estado emocional em que o aluno se encontra no momento,
devendo perceber as atitudes e expressões emocionais na sala de aula.
1.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho permitiu pensar a educação a partir das
teorias walloniana, vygotskyana epiagetianaque pressupõe uma ruptura nas
finalidades formativas dos sistemas educativosatuais. Gadotti (2000, p.10)
escreve que uma educação assim, visa ao “desenvolvimentointegral da
pessoa: inteligência, sensibilidade, sentido ético e estético,
responsabilidadepessoal, espiritualidade, pensamento autônomo e crítico,
imaginação, criatividade,iniciativa. Para isso, não se deve negligenciar
nenhuma das potencialidades de cadaindividuo.”
Retoma-se que, para Wallon (1975), a afetividade assume um papel
fundamentalna constituição e no funcionamento da inteligência, pois, são os
motivos, necessidades,desejos que direcionam o interesse da criança para o
conhecimento e conquista domundo ao seu redor.
Vygotsky também acredita que a motivação é a mola propulsora da
busca pelo
23. conhecimento. A partir do momento que o educador estabelece uma
relação social decooperação, teoria defendida por Piaget, o processo de
ensino/aprendizagem rompe adicotomia entre cognição e afetividade,
desmistificando a visão de relação maternal quese atribui aos aspectos
afetivos, pois é possível aliar a disciplina, a metodologia, àemoção.
A conscientização do educador é fundamental, pois é ele o mediador,
quemplaneja as aulas e organiza os ambientes. Quando toma consciência
de sua importânciana formação do aluno, a promoção de espaços
democráticos para a construção coletivado conhecimento torna-se um
processo natural e necessário.
As escolas, por sua vez, devem também se preocupar com a
formação desteprofissional que, hoje, tem um perfil de mediador, buscando
atuar junto a ele, incluindoem sua visão educacional, a afetividade, que é tão
necessária para o bom desempenhodos alunos e uma educação de
qualidade.
Hoje, pensamos que educar significa também preocupar-se com
aconstrução e organização da afetividade das pessoas. Afinal a escola, para
cumprir seupapel, deve ser um lugar de vida e sobretudo de sucesso e
realização pessoal para alunose educadores.
Desta forma, o estudo da afetividade, no contexto educacional,
pretendecompreender a relação professor-aluno, permeada pela
participação ativa de ambos,envolvendo acordos e desacordos. Através
dessa troca, a criança constrói sua visão demundo, baseada nos
sentimentos, valores e significados que apreende do meio eespecificamente
na escola.
Diante da discussão até aqui apresentada, fica clara a necessidade
deconstruirmos um sistema educativo que supere a clássica contraposição
entre razão eemoção, cognição e afetividade, e que rompa com a concepção
dissociada, relegando osaspectos afetivos e emocionais a segundo plano.
O presente artigo é apenas o início de uma reflexão parcial deste
tema queservirá de base para futuros trabalhos.
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