Pontilhismo
Domingo à tarde na ilha de La Grand Jatte,
de Georges Seurat, 1884-1886
O palácio Papal, Avignon, de Georges Seurat, (1900)
Tarde em Nápoles (1876-1877),
de Paul Cézanne
Expressionismo
Banhistas (1894),
de Paul Cézanne
Cézanne tinha interesse na
simplificação das formas naturais
em seus essenciais geométricos;
ele queria “tratar a natureza pelo
cilindro, pela esfera, pelo cone”.
A atenção concentrada com a
qual ele registrava suas
observações da natureza resultou
em uma profunda exploração da
visão binocular. Cézanne rompe
com a perspectiva.
Expressionismo
O grito (1893), de Edward Munch.
Puberdade (1894), de Edward Munch.
Utilizando cores irreais, dá forma plástica
ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à
miséria humana, à prostituição. Deforma-
se a figura, para ressaltar o sentimento.
Campo de trigo com corvos (1890), de Vincent Van Gogh.
Expressionismo
Expressionismo
Na literatura:
linguagem fragmentada, elíptica, frases
nominais;
despreocupação quanto à organização do
texto em estrofes, ao emprego de rimas ou à
musicalidade;
combate à fome, à inércia e aos valores do
mundo burguês.
Fragmento de poema expressionista (tradução):
Soam ventoinhas em nuvens perdidas
Os livros são bruxas. Povos desconexos.
A alma reduz-se a mínimos complexos
A arte está morta. As horas reduzidas.
O meu tempo, de Wilkleim Klem
Cubismo
Na literatura, os artistas cubistas preocuparam-
se com a construção do texto e ressaltaram a
disposição gráfica do poema. Com isso, os espaços
em branco da folha de papel passaram a ter
importância. Além disso, o cubismo caracterizou-se
por apresentar uma linguagem bem humorada, cheia
de inversões e elipses, na qual os substantivos são
dispostos de forma aparentemente anárquica e o
verbo, os adjetivos e a pontuação são desprezados.
Cubismo
O poeta francês Guillaume
Apollinaire é o principal repre-
sentante do Cubismo na literatura.
Depois de sua morte, foi publicado
Caligrammes, poèmes de la paix et
de la guerre (1913-1916), uma
coletânea de poemas concretos
produzidos durante a primeira guerra
mundial.
Il pleut des voix de femmes comme si elles étaient
mortes même dans le souvenir
C'est vous aussi qu'il pleut merveilleuses encontres
de ma vie ô gouttelettes
Et ces nuages cabrés se prennent à hennir tout un
univers de villes auriculaires
Écoute s'il pleut tandis que le regret et le dédain
leurent une ancienne musique
Ecoute tomber les liens qui te retiennent en haut et
en bas
Chove (Apollinaire)
Chovem as vozes das mulheres como se elas
estivessem mortas mesmo na lembrança
É você também que chove gotículas de
maravilhosos encontros de minha vida
E essas nuvens turbulentas se põem a relinchar
todo um universo de cidades auricular
Escuta se chove enquanto pesar e desprezo
Leurent uma música antiga
Olhe para baixo as ligações que mantêm você
subir e descer
reconheça
essa adorável pessoa é você
sem o grande chapéu de palha
olho
nariz
boca
aqui o oval do seu rosto
seu lindo pescoço
um pouco
mais abaixo
é seu coração
que bate
aqui enfim
a imperfeita imagem
de seu busto adorado
visto como
se através de uma nuvem
Cubismo
Hípica
(Oswald de Andrade)
Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails
poema de influência
cubista com a
presença de
elementos como a
fragmentação da
realidade, a
predominância de
substantivos e
flashes
cinematográficos.
Vladimir Maiakóvski (1893 – 1930)
Sua obra, profundamente revolucionária na
forma e nas ideias que defendeu, apresenta-se
coerente, original, veemente, una.
A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem
nenhuma consideração pela divisão em temas e
vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de
uma constante elaboração, que vai desde a
invenção vocabular até o inusitado arrojo das
rimas.
Em lugar de uma carta
Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto –
um capítulo do inferno de Krutchônikh .
Recorda –
atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração – aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu hall escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
– duro fardo por certo –
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele
trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mas a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos – rodopiante carnaval –
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?
Deixa-me ao menos arrelvar numa última carícia teu passo que se apressa.
Futurismo
Trechos do Manifesto Futurista de 1912,
O Manifesto Técnico da Literatura
destruição da sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem;
uso do o verbo no infinitivo, para que se adapte elasticamente ao substantivo e não o
submeta ao eu do escritor, que observa ou imagina. O verbo no infinitivo pode, sozinho,
dar o sentido da continuidade da vida e a elasticidade da intuição que a percebe;
abolição do adjetivo para que o substantivo desnudo conserve a sua cor essencial. O
adjetivo é incompatível com a nossa visão dinâmica, uma vez que supõe uma parada,
uma meditação;
abolição do advérbio, velha fivela que une as palavras umas às outras. O advérbio
conserva a frase numa fastidiosa unidade de tom;
a da pontuação, que será substituída por sinais da matemática (+, -, =, #, ˂, ˃) e
pelos sinais musicais;
destruição do eu psicologizante.
Ode triunfal (Fernando Pessoa)
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
[...]
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável! !
[...]
Capricho – 1930 – Óleo sobre tela de Kandinsky
Amarelo, vermelho, azul – Kandinsky
Dadaísmo
A técnica do ready-made consiste em
transformar em obra de arte objetos do
cotidiano, satirizando o mito
mercantilista do capitalismo. Essa
técnica deu origem à Arte Pop.
Roda de bicicleta
Marcel Duchamp (1913)
La Gioconda con bigotes (1919)
Dadaísmo
Na literatura:
Agressividade;
improvisação;
desordem;
rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio;
livre associação de palavras (técnica de escrita automática,
que mais tarde seria aproveitada pelo Surrealismo);
invenção de palavras com base na exploração apenas de
sua sonoridade.
Dadaísmo
“Receita" para se fazer um poema dadaísta segundo Tristan Tzara:
Para fazer um poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar
a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que
formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas
do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma
sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
Dadaísmo
Veja um exemplo de poema dessa proposta
Die Schlacht (A batalha), de Ludwig Kassak
Berr... bum, bumbum, bum...
Ssi... Bum, papapa bum, bumm
Zazzau... Dum, bum, bumbumbum
Prä, prä, prä... Ra, hä-hä, aa...
Harol...
Surrealismo
Pré-História
Murilo Mendes
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.
No Brasil, vários escritores foram
influenciados pelas ideias
surrealistas, tais como Mário de
Andrade, Oswald de Andrade,
Murilo Mendes e Jorge de Lima.
No poema ao lado de Murilo
Mendes, pode-se perceber
algumas características do
Surrealismo, como o ilogismo, o
absurdo, as imagens
surpreendentes, a atmosfera
onírica.
Referências:
TUFANO, Douglas. Estudos de língua e
literatura. 5. ed. Volume 3. São Paulo:
Moderna, 1998.
CEREJA, William Roberto; COCHAR, Thereza.
Português: linguagens. São Paulo: Atual,
2003.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e
Modernismo brasileiro. 10 ed. Rio de Janeiro:
Record, 1987.
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