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Centro de Ensino Urbano Rocha 
Professora: Mary Alvarenga 
Disciplina: Filosofia Série: 1° ano 
Surgimento da Filosofia Ocidental 
 O nascimento da Filosofia 
Apesar de podermos utilizar a palavra filosofia de um modo amplo, a filosofia propriamente dita nasceu na Grécia Antiga, no século VI a.C. A origem da palavra vem do grego philosophia, cujo significado é “amigo do saber” (philo = amigo e sophia = saber). 
Como já vimos, a filosofia tem o uso da razão como instrumento para obter o conhecimento (razão, em grego, é logos). A característica principal do uso da razão pelos filósofos é o fato de que ela é capaz de esclarecer de maneira sistematizada as questões a serem solucionadas. Mas por que a filosofia surgiu na Grécia? Uma resposta possível é a de que os gregos tinham uma relação muito “pessoal” com seus deuses, enquanto esses deuses eram a reprodução da figura humana, ou seja, continham as virtudes e os defeitos dos homens. Perceba que sua própria mitologia aproximava os gregos de uma maior preocupação com a figura humana. Essa centralização no humano fez com que, lentamente, a mitologia fosse dando lugar a um pensamento mais focado no logos, isto é, na razão. 
Em outras palavras: alguns gregos, por volta do século VI a.C., sentiram a necessidade de encontrar algo mais concreto para explicar o mundo que os cercava, pois já não lhes satisfazia as explicações fantasiosas dos mitos. Era o ser humano preocupado em conhecer; começava assim uma longa jornada de desenvolvimento da razão, que se estende até os nossos dias. 
Além dessa necessidade de buscar explicações racionais, condições históricas, políticas, econômicas e sociais possibilitaram o surgimento da Filosofia. 
Vejamos algumas delas: 
a) Invenção do calendário: O calendário apresentou uma nova forma de calcular o tempo e as horas, a possibilidade de contar os dias, os meses, e, desse modo, prever as épocas de chuva, de inverno, de seca e de calor. 
b) Viagens marítimas: Os gregos, ao longo de sua história, caracterizaram-se como uma civilização voltada para as navegações e para os negócios. Como grandes comerciantes e conquistadores, os gregos estiveram em contato com os mais variados povos e culturas. Isso proporcionou a busca por informações capazes de explicar a origem do mundo e os diferentes tipos de cultura, costumes e civilizações que nele existem. Por isso, embora costume-se afirmar que a Filosofia nasceu na Grécia, é importante ressaltar a contribuição cultural dos povos conquistados pelos gregos. 
c) Surgimento da vida urbana: A atividade comercial e as navegações contribuíram para o surgimento de cidades e para o crescimento dos centros urbanos já existentes. O comércio permitiu a circulação de moedas, de mercadorias, de pessoas e de ideias. As moedas trouxeram consigo o valor de troca dos objetos, ou seja, cada objeto, dependendo da utilidade, da quantidade e do material com que foi produzido, possui uma importância que corresponde ao seu valor de troca. Em consequência disso, o cálculo foi aperfeiçoado.
d) Aperfeiçoamento da escrita alfabética: Todas as informações e descobertas passaram a ser registradas por escrito e esses registros, posteriormente, comparados a outros estudos. O conhecimento passou a ser armazenado, aperfeiçoado e renovado. 
e) Invenção da política: Uma das características da política é conduzir o indivíduo para o debate, contribuindo para as decisões que afetarão todo o grupo. Um político deve planejar seu discurso sob uma linha objetiva e racional de pensamento. Além disso, suas ideias têm de ser expressas de maneira clara, para que todos o entendam e se convençam de que suas propostas são as melhores para o grupo. Assim como a política, a filosofia exige a organização do pensamento e a objetividade das palavras. Na Grécia antiga, filosofia e política eram inseparáveis. 
 Os primeiros filósofos gregos 
Os primeiros filósofos começaram a se destacar na Grécia no século VI a.C. (600-501 a.C.). Sua preocupação essencial era explicar a origem e o funcionamento do mundo exterior, por isso são conhecidos como “filósofos da natureza”, pois suas inquietações iam mais na direção da compreensão e da explicação dos fenômenos da natureza do que da essência humana. O primeiro filósofo grego que se concentrou na análise do ser humano foi Sócrates, já no século V a.C. Em função disso, todos os filósofos gregos anteriores a ele são incluídos no grupo dos pré-socráticos, não apenas por estarem situados cronologicamente antes de Sócrates, mas por terem uma preocupação em comum: a natureza (e não o homem). 
Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo pré-socrático e, portanto, o primeiro filósofo grego. Ele pertenceu ao grupo dos filósofos jônicos, assim como Anaximandro, Anaxímenes, Anaxágoras, Empédocles e Heráclito. Outro pré-socrático de destaque foi Pitágoras, pertencente à escola itálica. Mas ainda devemos destacar os representantes da escola eleática, como Xenófanes, Parmênides e Zenão, além dos integrantes da escola atomista, Leucipo e Demócrito. 
Explicar a origem do mundo de forma racional é a função da cosmologia (“estudo do mundo”), que substituiu a cosmogonia (explicação do mundo por meio dos mitos). Para os filósofos pré- socráticos, a grande questão era saber como por meio do caos (desordem) foi possível a criação do cosmos (mundo). Esses pensadores acreditavam que o princípio (em grego, arché) de todas as coisas seria a razão explicativa para a ocorrência dessa transformação. A água, o ar, o átomo ou a combinação de água, terra, fogo e ar foram algumas das respostas dadas por esses filósofos. Esses elementos seriam a manifestação física da arché, ou seja, a physis (forma). Essa teoria se contrapunha às explicações mitológicas, que se baseavam na ideia da criação do mundo a partir do nada. Porém, é importante ressaltar que a passagem do pensamento mítico para o racional-lógico se deu de maneira lenta, pois é possível encontrar resquícios de mitologia nos filósofos pré-socráticos. 
 Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eleia 
Para alguns filósofos pré-socráticos, uma questão ainda persistia: como um princípio físico podia dar origem a diversas coisas? A explicação para essa pergunta está na kinesis, isto é, no “movimento” ou “transformação”. É o que chamamos de devir. E os filósofos que se destacaram para ilustrar essa explicação foram Heráclito, da cidade de Éfeso, na Jônia, e Parmênides, natural de 
Eleia, hoje território italiano. 
Heráclito (540 a 470 a.C., aproximadamente) buscava entender a multiplicidade das formas reais e, para isso, entendia que o movimento é algo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias (por exemplo, o bem e o mal, o quente e o frio, a ordem e a desordem); tudo se transforma, mesmo que não seja observável pelos nossos sentidos, que seriam limitados para verificar o movimento que possibilita a existência. Como afirmou: “Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois esse rio muda pelo movimento de suas águas e o homem também se transforma pelas mudanças, não só orgânicas como psicológicas. Resumindo:
“tudo flui”. 
Parmênides (530 a 460 a.C., aproximadamente), crítico de Heráclito, afirmava que seria impossível acreditar que o 
movimento fosse uma constante, pois uma coisa ou um ser não podem “ser” e “não-ser” ao mesmo tempo. Para questionar o exemplo do rio, Parmênides concluiu que o movimento não pode ser desprezado e tampouco superestimado, pois o movimento só existe para o mundo sensível, ou para os nossos sentidos, enquanto para o mundo inteligível, ou seja, para o mundo das ideias (a razão), o movimento é ilusório, pois todo ser tem sua identidade que não pode ser contrafeita. Resumindo: “as coisas que existem fora de mim são idênticas ao meu pensamento, e o que eu não conseguir pensar não pode ser realidade”. 
Heráclito e Parmênides inauguraram uma discussão que passou a ser um dos grandes desafios para os filósofos gregos que viveram depois deles, em especial, Platão e Aristóteles. O conhecimento verdadeiro passa pelos sentidos para chegar à razão ou só pode ser formulado diretamente pela razão? O que vemos, tocamos e sentimos, de uma maneira geral, são apenas ilusões? Se a razão por si só é a fonte de toda sabedoria, isso quer dizer que já nascemos sabendo, ou seja, que o conhecimento é inato? As respostas possíveis a essas questões orientarão praticamente toda a história do pensamento filosófico, chegando, inclusive, até nossos dias. 
Atividade 
1. Indique o significado etimológico do termo filosofia. 
2. Explique a importância e influência da mitologia para o surgimento da filosofia. 
3. Indique e explique os fatores que levaram ao surgimento da filosofia. 
4. Indique e explique a preocupação essencial dos filósofos pré-socráticos. 
5. Explique as principais ideias de Heráclito. 
6. Explique as principais ideias de Parmênides. 
7. Diferencie o pensamento de Heráclito e Parmênides a partir de um exemplo.

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O surgimento da filosofia

  • 1. Centro de Ensino Urbano Rocha Professora: Mary Alvarenga Disciplina: Filosofia Série: 1° ano Surgimento da Filosofia Ocidental  O nascimento da Filosofia Apesar de podermos utilizar a palavra filosofia de um modo amplo, a filosofia propriamente dita nasceu na Grécia Antiga, no século VI a.C. A origem da palavra vem do grego philosophia, cujo significado é “amigo do saber” (philo = amigo e sophia = saber). Como já vimos, a filosofia tem o uso da razão como instrumento para obter o conhecimento (razão, em grego, é logos). A característica principal do uso da razão pelos filósofos é o fato de que ela é capaz de esclarecer de maneira sistematizada as questões a serem solucionadas. Mas por que a filosofia surgiu na Grécia? Uma resposta possível é a de que os gregos tinham uma relação muito “pessoal” com seus deuses, enquanto esses deuses eram a reprodução da figura humana, ou seja, continham as virtudes e os defeitos dos homens. Perceba que sua própria mitologia aproximava os gregos de uma maior preocupação com a figura humana. Essa centralização no humano fez com que, lentamente, a mitologia fosse dando lugar a um pensamento mais focado no logos, isto é, na razão. Em outras palavras: alguns gregos, por volta do século VI a.C., sentiram a necessidade de encontrar algo mais concreto para explicar o mundo que os cercava, pois já não lhes satisfazia as explicações fantasiosas dos mitos. Era o ser humano preocupado em conhecer; começava assim uma longa jornada de desenvolvimento da razão, que se estende até os nossos dias. Além dessa necessidade de buscar explicações racionais, condições históricas, políticas, econômicas e sociais possibilitaram o surgimento da Filosofia. Vejamos algumas delas: a) Invenção do calendário: O calendário apresentou uma nova forma de calcular o tempo e as horas, a possibilidade de contar os dias, os meses, e, desse modo, prever as épocas de chuva, de inverno, de seca e de calor. b) Viagens marítimas: Os gregos, ao longo de sua história, caracterizaram-se como uma civilização voltada para as navegações e para os negócios. Como grandes comerciantes e conquistadores, os gregos estiveram em contato com os mais variados povos e culturas. Isso proporcionou a busca por informações capazes de explicar a origem do mundo e os diferentes tipos de cultura, costumes e civilizações que nele existem. Por isso, embora costume-se afirmar que a Filosofia nasceu na Grécia, é importante ressaltar a contribuição cultural dos povos conquistados pelos gregos. c) Surgimento da vida urbana: A atividade comercial e as navegações contribuíram para o surgimento de cidades e para o crescimento dos centros urbanos já existentes. O comércio permitiu a circulação de moedas, de mercadorias, de pessoas e de ideias. As moedas trouxeram consigo o valor de troca dos objetos, ou seja, cada objeto, dependendo da utilidade, da quantidade e do material com que foi produzido, possui uma importância que corresponde ao seu valor de troca. Em consequência disso, o cálculo foi aperfeiçoado.
  • 2. d) Aperfeiçoamento da escrita alfabética: Todas as informações e descobertas passaram a ser registradas por escrito e esses registros, posteriormente, comparados a outros estudos. O conhecimento passou a ser armazenado, aperfeiçoado e renovado. e) Invenção da política: Uma das características da política é conduzir o indivíduo para o debate, contribuindo para as decisões que afetarão todo o grupo. Um político deve planejar seu discurso sob uma linha objetiva e racional de pensamento. Além disso, suas ideias têm de ser expressas de maneira clara, para que todos o entendam e se convençam de que suas propostas são as melhores para o grupo. Assim como a política, a filosofia exige a organização do pensamento e a objetividade das palavras. Na Grécia antiga, filosofia e política eram inseparáveis.  Os primeiros filósofos gregos Os primeiros filósofos começaram a se destacar na Grécia no século VI a.C. (600-501 a.C.). Sua preocupação essencial era explicar a origem e o funcionamento do mundo exterior, por isso são conhecidos como “filósofos da natureza”, pois suas inquietações iam mais na direção da compreensão e da explicação dos fenômenos da natureza do que da essência humana. O primeiro filósofo grego que se concentrou na análise do ser humano foi Sócrates, já no século V a.C. Em função disso, todos os filósofos gregos anteriores a ele são incluídos no grupo dos pré-socráticos, não apenas por estarem situados cronologicamente antes de Sócrates, mas por terem uma preocupação em comum: a natureza (e não o homem). Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo pré-socrático e, portanto, o primeiro filósofo grego. Ele pertenceu ao grupo dos filósofos jônicos, assim como Anaximandro, Anaxímenes, Anaxágoras, Empédocles e Heráclito. Outro pré-socrático de destaque foi Pitágoras, pertencente à escola itálica. Mas ainda devemos destacar os representantes da escola eleática, como Xenófanes, Parmênides e Zenão, além dos integrantes da escola atomista, Leucipo e Demócrito. Explicar a origem do mundo de forma racional é a função da cosmologia (“estudo do mundo”), que substituiu a cosmogonia (explicação do mundo por meio dos mitos). Para os filósofos pré- socráticos, a grande questão era saber como por meio do caos (desordem) foi possível a criação do cosmos (mundo). Esses pensadores acreditavam que o princípio (em grego, arché) de todas as coisas seria a razão explicativa para a ocorrência dessa transformação. A água, o ar, o átomo ou a combinação de água, terra, fogo e ar foram algumas das respostas dadas por esses filósofos. Esses elementos seriam a manifestação física da arché, ou seja, a physis (forma). Essa teoria se contrapunha às explicações mitológicas, que se baseavam na ideia da criação do mundo a partir do nada. Porém, é importante ressaltar que a passagem do pensamento mítico para o racional-lógico se deu de maneira lenta, pois é possível encontrar resquícios de mitologia nos filósofos pré-socráticos.  Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eleia Para alguns filósofos pré-socráticos, uma questão ainda persistia: como um princípio físico podia dar origem a diversas coisas? A explicação para essa pergunta está na kinesis, isto é, no “movimento” ou “transformação”. É o que chamamos de devir. E os filósofos que se destacaram para ilustrar essa explicação foram Heráclito, da cidade de Éfeso, na Jônia, e Parmênides, natural de Eleia, hoje território italiano. Heráclito (540 a 470 a.C., aproximadamente) buscava entender a multiplicidade das formas reais e, para isso, entendia que o movimento é algo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias (por exemplo, o bem e o mal, o quente e o frio, a ordem e a desordem); tudo se transforma, mesmo que não seja observável pelos nossos sentidos, que seriam limitados para verificar o movimento que possibilita a existência. Como afirmou: “Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois esse rio muda pelo movimento de suas águas e o homem também se transforma pelas mudanças, não só orgânicas como psicológicas. Resumindo:
  • 3. “tudo flui”. Parmênides (530 a 460 a.C., aproximadamente), crítico de Heráclito, afirmava que seria impossível acreditar que o movimento fosse uma constante, pois uma coisa ou um ser não podem “ser” e “não-ser” ao mesmo tempo. Para questionar o exemplo do rio, Parmênides concluiu que o movimento não pode ser desprezado e tampouco superestimado, pois o movimento só existe para o mundo sensível, ou para os nossos sentidos, enquanto para o mundo inteligível, ou seja, para o mundo das ideias (a razão), o movimento é ilusório, pois todo ser tem sua identidade que não pode ser contrafeita. Resumindo: “as coisas que existem fora de mim são idênticas ao meu pensamento, e o que eu não conseguir pensar não pode ser realidade”. Heráclito e Parmênides inauguraram uma discussão que passou a ser um dos grandes desafios para os filósofos gregos que viveram depois deles, em especial, Platão e Aristóteles. O conhecimento verdadeiro passa pelos sentidos para chegar à razão ou só pode ser formulado diretamente pela razão? O que vemos, tocamos e sentimos, de uma maneira geral, são apenas ilusões? Se a razão por si só é a fonte de toda sabedoria, isso quer dizer que já nascemos sabendo, ou seja, que o conhecimento é inato? As respostas possíveis a essas questões orientarão praticamente toda a história do pensamento filosófico, chegando, inclusive, até nossos dias. Atividade 1. Indique o significado etimológico do termo filosofia. 2. Explique a importância e influência da mitologia para o surgimento da filosofia. 3. Indique e explique os fatores que levaram ao surgimento da filosofia. 4. Indique e explique a preocupação essencial dos filósofos pré-socráticos. 5. Explique as principais ideias de Heráclito. 6. Explique as principais ideias de Parmênides. 7. Diferencie o pensamento de Heráclito e Parmênides a partir de um exemplo.