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OFICINA DIDÁTICA
Documentos escritos suplementares
I.A O expansionismo europeu
A cidade de Florença no final do séc. XIV
A cidade de Florença contava com cerca de 25 000 homens capazes de pegar em
armas, incluindo 1500 cidadãos nobres e ricos. Tinha ainda cerca de 1500 estrangeiros,
entre comerciantes e soldados.
As oficinas que fabricavam tecidos de lã eram pelo menos duzentas, empregando mais
de 30 000 pessoas e produzindo anualmente entre 70 000 e 80 000 peças de tecido,
com um valor superior a 1 200 000 florins de ouro. Cerca de vinte armazéns
comerciavam tecidos de linho importando da França e de outros países mais de 10 000
peças, uma parte vendida na cidade, outra reexportada por Florença. Os bancos eram
cerca de oito e cunhavam-se, por ano, na cidade, entre 350 000 e 400 000 florins de
ouro.
G. Villani, Crónica. Final do século XIV
A importância comercial de Veneza
Em 1423, o doge(1)
de Veneza falava assim aos habitantes da cidade:
Senhores, graças à paz, a nossa cidade investe um capital de 10 milhões de ducados(2)
através do mundo inteiro […]. Temos a navegar três mil embarcações […] com 12 000
marinheiros […]. Felizes de vós e dos vossos filhos! Vistes a nossa cidade cunhar em
cada ano um milhão e duzentos mil ducados de ouro […]. Só os Florentinos fornecem-
nos em cada ano 16 000 peças de pano. E nós exportamo-las para Nápoles, Sicília,
Espanha, Norte de África, Egito, Sicília, Chipre e Lisboa; e em cada semana os
Florentinos trazem-nos 7000 ducados para nos adquirirem lã francesa e catalã, cereais,
seda, ouro, prata, açúcar, especiarias […] com grandes lucros para a nossa terra.
Marino Sanuto, Vida dos Duques de Florença
(1) Doge era o nome que em Veneza e noutras repúblicas italianas se dava ao magistrado que dirigia a
cidade. (2) Moeda de Veneza, em ouro.
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A grande cidade de Ceuta
Ceuta é uma cidade grandíssima […] que, desde os tempos mais
antigos até há poucos anos, sempre tinha ido em crescimento, tanto
em opulência como em número de habitantes. Dessa forma, tornara-
se a mais bela e a mais habitada cidade de Marrocos. Havia nela
muitos templos e colégios de estudantes, muitos artesãos e muitos
homens cultos. E no trabalho do cobre havia notáveis artífices cujas
peças pareciam feitas de prata. […] De fora e de dentro da cidade,
vê-se a ribeira de Granada, que está muito próxima, do outro lado do
estreito. […] No ano de 1415, Ceuta foi tomada por uma armada do
rei de Portugal e todos os que viviam na cidade se puseram em fuga.
Leão Africano, historiador muçulmano (c. 1485-c. 1554),Descrição de África
Início do descobrimento da costa africana
Mandou o senhor infante D. Henrique um cavaleiro nobre, de nome
Gonçalo Velho, para além das ilhas Canárias, ao longo da beira-mar.
[…] O qual chegou a um lugar onde havia apenas areia e não se
acharam árvores nem ervas, à qual terra de areia […] se chama Mar
Arenoso [deserto do Sara].Esse Mar Arenoso os muçulmanos do
norte de África o atravessam em caravanas, levando às vezes até
700 camelos, até um lugar chamado Tombuctu, em demanda do oiro
[…] que aí se encontra em grande abundância. […] O que, ouvido
pelo infante D. Henrique, o moveu a procurar, por mar, aquelas terras
para ter comércio com elas e sustentar os seus nobres.
Diogo Gomes, Relação do Descobrimento da Guiné
A passagem do cabo Bojador
Tinha o infante D. Henrique vontade de saber que terra ficava para
além das Canárias e de um cabo que se chama Bojador, porque, até
aquele tempo, não se sabia a qualidade da terra que ficava além do
dito cabo. […] Mandou, assim, em direção a essas partes os seus
navios, para haver de tudo manifesta certidão. […] Mas, embora lá
enviasse muitas vezes homens que tinham experiência de grandes
feitos, nunca nenhum ousou passar aquele cabo Bojador […].
Depois de doze anos [de tentativas], mandou o Infante armar uma
barca da qual fez capitão Gil Eanes, seu escudeiro, o qual, seguindo
a viagem dos outros e tocado daquele mesmo temor(1)
, não passou
das ilhas Canárias. Mas, no ano seguinte [1434],o Infante fez armar
outra vez a dita barca e, chamando Gil Eanes de parte, o encarregou
muito que se esforçasse para passar aquele cabo.
[…] De facto, Gil Eanes, desprezando todo o perigo, dobrou naquela
viagem o cabo Bojador e passou além, onde achou as coisas muito
ao contrário do que ele e os outros até ali presumiam.
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Zurara, Crónica da Guiné
(1) Dizia-se então que, depois do cabo Bojador, o mar era tão baixo e as correntes
tão fortes que navio que lá passasse jamais conseguiria voltar.
O arrendamento a Fernão Gomes
Em novembro do ano de 1469, arrendou el-rei D. Afonso V o negócio
da Guiné a Fernão Gomes, um rico cidadão de Lisboa, pelo tempo de
cinco anos, por duzentos mil réis cada ano. Com a condição de que
em cada um desses cinco anos fosse obrigado a descobrir pela costa
adiante cem léguas. […] E foi Fernão Gomes tão diligente e ditoso
nesse descobrimento que logo em janeiro de 1471 descobriu o
resgate(1)
de ouro a que agora chamamos a Mina.
João de Barros, Ásia
(1) Lugar onde se fazia comércio; o próprio comércio.
Relações comerciais com África
O senhor infante D. Henrique tinha sempre de todos os escravos que
traziam uma quarta parte […]. Tendo o senhor Infante equipado uma
caravela de Lagos, […] fez-me a mim, Diogo Gomes, capitão dele.
[…] Quando passámos o rio de S. Domingos […] vieram os naturais
da terra nas suas embarcações e trouxeram-nos as suas
mercadorias, a saber […] dentes de elefante e uma porção de
malagueta em grão, com o que muito me alegrei […].
No outro dia vimos gentes […] e chegámos até próximo e fizemos
paz com eles […]. E aí recebi uma certa quantidade de ouro, em
troca das nossas mercadorias, a saber: pano, manilhas(1)
de cobre,
etc.
Diogo Gomes, Relação do Descobrimento da Guiné
(1) Argolas, pulseiras.
A dificuldade dos primeiros contactos
Os nossos navios, vendo-se assaltados por aquela multidão de
negros, descarregaram quatro bombardas da primeira vez. Ao ouvi-
las, os Negros, aterrados pelo grande estrondo, deixaram cair os
arcos e olhando uns para um lado outros para outro estavam
admirados de ver as pedras disparadas pelas bombardas cortarem a
água junto de si.
[…] Tentámos depois contactar aqueles Negros e […] então lhe
perguntámos por que causa nos ofendiam, sendo nós gente pacífica
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e vindo tratar de mercadorias. E dissemos-lhes que tínhamos boa
paz com os Negros do Senegal e que assim igualmente queríamos
ter com eles; que éramos vindos de países distantes para trazer
alguns presentes de valor ao seu rei e Senhor por parte do rei de
Portugal, o qual desejava ter amizade e boa paz com ele; e que lhes
rogávamos viessem a nós pacificamente tomar das nossas
mercadorias, dando-nos das suas quanto quisessem […].A sua
resposta foi que, pelo passado, tinham alguma notícia de nós e do
nosso modo de tratar com os Negros do Senegal; os quais Negros
não podiam deixar de ser maus homens em querer a nossa amizade,
porque eles tinham por certo que nós Cristãos comíamos carne
humana e que não comprávamos os Negros senão para os comer;
por isto não queriam a nossa amizade por nenhum modo.
Cadamosto, Navegações
A chegada dos primeiros escravos africanos a Portugal
Chegaram as caravelas a Lagos, de onde haviam partido […]. No
outro dia começaram os marinheiros a tirar os escravos que tinham
trazido para os levarem segundo lhes fora mandado […].
Qual seria o coração, por duro que pudesse ser, que não ficasse
cheio de piedoso sofrimento, vendo a situação daquela gente? […]
Uns tinham as caras baixas e os rostos lavados em lágrimas, outros
estavam gemendo dolorosamente, […] outros faziam as suas
lamentações em maneira de canto segundo o costume da sua terra
[…].Mas, para a sua dor ser mais acrescentada, chegaram os que
estavam encarregados da partilha e começaram a apartá-los uns dos
outros, a fim de fazerem lotes iguais. Para isso havia necessidade de
se apartarem os filhos dos pais, as mulheres dos maridos e os
irmãos uns dos outros […].
Quem poderia acabar com aquela partilha sem grande trabalho?
Logo que os tinham posto numa parte, os filhos, que viam os pais na
outra, levantavam-se e corriam para eles; as mães apertavam os
filhos nos braços para não lhes serem tirados
E assim os acabaram de repartir com dificuldade, pois, além do
trabalho que tinham com os cativos, o campo estava cheio de gente,
assim de Lagos como das aldeias em redor, que deixara aquele dia
descansar as mãos em que estava a força do seu ganho, somente
para ver aquela novidade. E com estas coisas que viam, uns
chorando, outros falando, faziam tamanho alvoroço que estorvavam
os que faziam a partilha.
Zurara, Crónica da Guiné. Séc. XV
Edificação da fortaleza de S. Jorge da Mina
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El-rei D. João II, porque já em vida d'el-rei D. Afonso V, seu pai, tinha
a seu cargo o negócio da Guiné(1)
, sabia, por experiência dele, como
daí vinham ouro, marfim, escravos e outras coisas que enriqueciam o
seu reino. Por outro lado, cada ano se descobriam novas terras e
povos, pelo que a esperança do descobrimento da Índia por estes
mares se acendia mais nele. E sabendo que na terra onde se fazia o
resgate do ouro, os negros aceitavam com satisfação panos de seda,
de lã, de linho e outras coisas […] ordenou que a fortaleza de S.
Jorge da Mina se fizesse em aquele lugar onde os nossos
ordinariamente faziam o resgate do ouro.
João de Barros, Ásia
(1) Designava-se por Guiné toda a costa africana.
A ilha de S. Tomé
Habitam na ilha de S. Tomé muitos comerciantes portugueses,
castelhanos, franceses e genoveses […]. E todos têm mulher e filhos
e às vezes acontece que, morrendo-lhes as mulheres brancas, as
tomam negras […]. O principal negócio dos habitantes é fabricar
açúcar e vendê-lo aos navios que todos os anos o vêm buscar. […]
Cada habitante compra escravos negros, com as suas negras, da
Guiné, Benim ou Congo e põe estes casais a lavrar a terra, para
plantar e fazer o açúcar. E há homens ricos que possuem 150, 200 e
até 300 escravos, os quais têm obrigação de trabalhar toda a
semana para o seu senhor, exceto aos sábados, em que trabalham
no cultivo dos víveres de que se alimentam.
Navegação de Lisboa à ilha de S. Tomé. C. 1540
Contra a escravatura
Não se admite, nem a razão humana consente, que jamais houvesse
no mundo trato(1)
público de comprar homens livres e pacíficos, como
quem compra e vende animais, bois ou cavalos e semelhantes. [No
entanto,] assim os conduzem, trazem e levam e escolhem com tanto
desprezo e violência, como faz o magarefe ao gado no curral.
Padre Fernando Oliveira, Arte da Guerra no Mar. 1555
(1) Negócio, comércio.
D. João II e o plano da Índia
Pelo muito desejo que el-rei D. João II tinha do descobrimento da
Índia, com muito grande cuidado pelo mar a mandou descobrir ao
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longo da costa. [Mas] quis também ter o seu conhecimento por terra.
E no ano de 1487 mandou Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã,
homens aptos para isso e em quem confiava, com os quais fez
grandes despesas, para, por via de Jerusalém ou pelo Cairo,
passarem à terra do Preste João.
Garcia de Resende, Crónica de D. João II
D. Manuel I dá aos reis de Castela a notícia da chegada à Índia
Muito altos, muito excelentes príncipes e muito poderosos senhores.
Sabem Vossas Altezas como, há mais de dois anos, tínhamos
mandado Vasco da Gama […] com quatro navios a descobrir pelo
oceano. Pelos mesmos descobridores que agora a esta cidade [de
Lisboa] chegaram, soubemos que acharam e descobriram a Índia e
outros reinos, e entraram e navegaram no mar dela, em que acharam
grandes cidades, de grandes e ricos edifícios, nas quais se faz o
comércio de especiarias e pedrarias, que são transportadas em naus
de grande grandeza a Meca e dali ao Cairo, de onde se espalham
pelo mundo. Trouxeram já estes descobridores grande quantidade de
canela, cravo, gengibre, noz-moscada e pimenta e muita pedraria
fina de todas as qualidades […]. E como sabemos que Vossas
Altezas disto hão de receber grande prazer e contentamento, tivemos
por bem dar-lhe disso notícia.
Carta de D. Manuel I. 12 de julho de 1499
Reação de Veneza à chegada de Vasco da Gama à Índia
Toda a gente está estupefacta. Pelas pessoas mais instruídas, esta
notícia [da descoberta do caminho marítimo para a Índia] foi
considerada a pior que a República Veneziana alguma vez recebeu.
[…] Veneza chegou à reputação e fama que hoje tem pelo tráfico e
navegação contínua que faz no mar, trazendo todos os anos uma
grande quantidade de especiarias nas suas galés e naus […].
Portanto, sendo agora encontrada por Portugal esta nova rota [para a
Índia] este rei de Portugal levará todas as especiarias para Lisboa e
não há dúvida de que os Húngaros, Alemães e Flamengos e
Franceses e todos os outros […] que costumavam vir a Veneza
comprar especiarias com o seu dinheiro, todos se voltarão para
Lisboa por ser mais fácil de lá ir e, acima de tudo, porque terão as
especiarias mais baratas […]. Isto porque as especiarias que vinham
para Veneza passavam por vários países muçulmanos e em todos os
lugares pagavam enormíssimos direitos, presentes e impostos, pelo
que […] o que custava um ducado em Calecute chegava a Veneza a
100 […].
Uma coisa é certa: devido a esta notícia, todas as especiarias
desceram muitíssimo em Veneza, porque os compradores habituais,
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sabendo tantas novidades, se retraem muito e, como pessoas
prudentes, se mostram hesitantes em comprar.
G. Priuli, Diário. 1501
As relações entre Portugueses e Muçulmanos no oceano Índico
vistas pelos Muçulmanos
Em abril de 1507, chegaram notícias: […] os Europeus(1)
prosseguiam
as suas incursões pelo litoral da Índia […] e a sua audácia não
conhecia limites: mais de 20 dos seus navios ousaram penetrar no
mar Vermelho, atacaram os navios mercantes indianos e
apoderaram-se das cargas, de forma que muitas importações foram
suspensas […].
Em dezembro de 1508 soube-se que o exército enviado à Índia sob o
comando do emir Hussain havia obtido uma vitória sobre os
Europeus que infestavam o oceano Índico. Obteve-se uma razia
considerável. Sob as ordens do sultão do Egito, encantado com
essas notícias, os tambores rufaram durante três dias consecutivos.
Hussain pedia reforços para aniquilar os últimos vestígios das hostes
europeias.
Ibn Iyas, Crónica do Egito. 1522
(1) Refere-se, naturalmente, aos Portugueses.
O comércio português no Oriente
Entendeu el-rei D. Manuel […] que o comércio era o melhor e mais
suave modo com que podíamos entrar nas partes do Oriente e nelas
ser melhor recebidos. Para mais autoridade e crédito do mesmo
negócio e melhor conservação dele, convinha que esse negócio se
fizesse em nome d'el-rei e por conta da Fazenda Real. Além de isso
lhe ser muito proveitoso era forçado a fazê-lo por não haver, no
princípio, mercadores nem outros particulares que aventurassem os
seus bens em terras tão desconhecidas. Por essas e outras muitas
razões, mandou fazer este comércio da Índia por conta da sua
fazenda e, para melhor benefício, reservou para si, sob gravíssimas
penas, o comércio de todo o género de drogas(1)
e especiarias,
marfim, contas, lacre e outras muitas fazendas, proibindo que
qualquer pessoa aí comerciasse nesses produtos ou os trouxesse ao
reino de Portugal. Para isso, nos lugares de maior comércio e maior
chegada dessas e de outras mercadorias, mandou estabelecer
feitorias por conta da sua fazenda e fazer casas fortes, a modo de
fortalezas, para guarda das mercadorias e defesa dos feitores e
gente delas.
Livro das Cidades e Fortalezas da Índia. Manuscrito de 1582
(1) Produtos medicinais ou destinados à tinturaria.
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As riquezas da Casa da Índia
Próximo do arsenal está a Casa da Índia, em que se guardam as
mercadorias e especiarias que de todo o Oriente trazem a Portugal
as naus da carreira da Índia, e que, sendo levadas e vendidas na
Flandres, em França, na Alemanha e noutras partes da Europa,
enriquecem enormemente o real tesouro.
Padre Duarte Sande, Diário. 1584
Eu vi muitas vezes na Casa da Índia mercadores com sacos cheios
de moedas de ouro e prata para fazerem o pagamento do que
deviam por conta das especiarias que compravam. E os oficiais lhes
diziam que voltassem noutro dia, porque não havia tempo para então
contarem o dinheiro, tanta era a quantidade que se recebia todos os
dias.
Damião de Góis, Crónica de D. Manuel. 1566
A cidade de Goa
Há cerca de cem anos que os Portugueses conquistaram esta cidade
de Goa e muitas vezes me espantei de como, em tão poucos anos,
puderam levantar tantos e tão soberbos edifícios de igrejas, palácios,
fortalezas e outros, fabricados à maneira da Europa. […] Motivo de
espanto é também o poder que aí têm adquirido, pois tudo ali está
organizado como se fora na própria Lisboa.
Esta cidade é a metrópole de todo o Estado dos Portugueses na
Índia, que lhes dá tanto poder, riquezas e celebridade. Nela tem o
vice-rei a sua residência e é tratado com uma corte como se fora o
próprio rei. […] Todos os embarques, quer seja de coisas de guerra
quer do comércio por conta do rei é aqui que se fazem. […] Quanto à
multidão de povo é maravilha o grande número de gente que aí vai e
vem todos os dias por mar e por terra a tratar de todos os tipos de
negócios.
Pyrard de Laval, Viagem… C. 1610
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Casamento de Portugueses na Índia
Aqui em Goa tomaram-se algumas mouras(1)
de boa aparência e
alguns homens de bem quiseram casar com elas e ficar nesta terra.
[…] Eu os casei com elas e dei-lhes o dote de casamento ordenado
por Vossa Alteza: a cada um seu cavalo e casas e terras e gado.
Serão umas 450 almas.
[…] Creio, Senhor, que se não partira de Goa casariam neste ano
mais de seiscentas pessoas […]. E estão tantos para casar que o
não poderá crer Vossa Alteza.
Afonso de Albuquerque, Cartas para El-Rei D. Manuel
(1) Refere-se a mulheres indianas.
Missionação e comércio
Se não houvesse mercadores que fossem procurar os tesouros da
Terra no Oriente e nas Índias Ocidentais, quem transportaria para lá
os pregadores que levam os tesouros celestes?
Os pregadores levam o Evangelho e os mercadores levam os
pregadores.
P. António Vieira, História do Futuro
Elogio da China por um português do séc. XVI
Uma das coisas porque esta monarquia da China é tão nobre, tão
rica e de tão grande comércio é porque é toda atravessada por rios e
canais […] muitos que a Natureza fez e muitos que os reis, os
senhores e os povos antigamente mandaram abrir para que toda a
terra se pudesse navegar e comunicar sem grande trabalho.
[…] Nos vinte e um anos em que […] atravessei a maior parte da
Ásia, vi, nalguns lugares, grandíssimas abundâncias de mantimentos
[…] mas nem todos juntos têm comparação com os que há na China.
E da mesma forma são todas as outras com que a Natureza a dotou
[…]. E para dar brilho a tudo isto, há também nela uma tão grande
observância da Justiça e um governo tão justo e tão excelente que
ao de todas as outras terras pode fazer inveja.
Fernão Mendes Pinto, Peregrinação
Nomeação do primeiro governador-geral do Brasil
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Eu, el-rei D. João III, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da
minha casa, que, vendo eu quanto serviço de Deus e meu é
conservar e engrandecer as capitanias e povoações do Brasil e fazer
com que melhor e mais seguramente se possam ir povoando […],
ordenei mandar fazer nas terras do Brasil uma fortaleza e povoação
grande e forte na Baía de Todos-os-Santos. Daí se deve dar ajuda às
outras povoações e ministrar a justiça e cuidar das coisas que digam
respeito ao meu serviço e aos negócios da minha fazenda.
E pela muita confiança que tenho em vós, que em caso de tal
qualidade e de tanta importância me sabereis servir com aquela
fidelidade e diligência que se para isso requer, hei por bem de vos
enviar por governador às ditas terras do Brasil.
Regimento de Tomé de Sousa. 1548
A cidade da Baía no século XVI
Encontram-se na cidade da Baía 46 engenhos de açúcar. A cidade
não é muito grande pois a maior parte da população vive nos
arredores, nos engenhos e nas fazendas. Em toda a região há,
talvez, umas duas mil famílias portuguesas – isto é, 10 a 12 mil
pessoas – e para o serviço dos engenhos e das fazendas há três mil
escravos negros e à volta de oito mil índios cristianizados, escravos
ou livres. Entre os índios livres, alguns vivem nas casas dos
Portugueses e a maior parte em três aldeias que os nossos padres
têm a seu cuidado e, a partir de onde, vão servir os Portugueses
mediante o pagamento de um salário.
Relação de um padre jesuíta. 1585
A capital do império Asteca
Um dos primeiros europeus a chegar ao México descreve assim a
cidade asteca de Tenochtitlan:
Da última plataforma do grande templo podíamos observar toda a
cidade. Víamos o aqueduto que a abastece de água doce […].
Víamos na grande laguna a multidão de barcos, uns que chegavam
com abastecimentos, outros que saíam carregados de mercadorias.
Víamos os inúmeros templos e oratórios em forma de torres, todos
resplandecentes de brancura – coisa maravilhosa! – e as casas com
terraços. […] E depois de termos olhado tudo isso, voltámos os olhos
para a grande praça do mercado e para a multidão de pessoas que
compravam e vendiam […]. Havia mercadores de ouro, de prata, de
pedras preciosas, de plumas, de tecidos, de bordados, de muitos
outros produtos e de escravos […]. Estavam entre nós soldados que
tinham estado em várias partes do mundo, em Constantinopla, em
Roma, em toda a Itália, e disseram que nunca tinham visto um
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mercado tão bem organizado e ordenado, nem tão grande, nem
cheio de uma tal multidão.
Diaz de Castillo, História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha. Início do
século XVI
Incas e Astecas
Apenas se encontraram [na América] dois grandes reinos ou impérios
que são o dos Astecas na Nova Espanha [México] e o dos Incas no
Peru e não saberia eu dizer qual deles foi mais poderoso reino,
porque em edifícios e grandeza de corte excediam os Astecas aos do
Peru, mas em tesouros, riqueza e grandeza das províncias excediam
os Incas aos Mexicanos. […] Uma coisa é certa: em organização e
em civilização assim como em poder e em riqueza, levavam estes
dois reinos grande vantagem a todos os mais povos índios.
José de Acosta, História natural e moral das Índias. 1590
Receita contra as anginas
Durante o século XVI o uso das especiarias generalizou-se na
Europa quer como condimento quer como auxiliar para a
conservação de alimentos. Havia, no entanto, quem também
utilizasse as especiarias para fins mais específicos:
Junta-se canela que seja muito boa e noz-moscada, de cada coisa
uma onça(1)
, e de gengibre um quarto de onça […] e quatro ou cinco
cravos girofles(2)
e uma onça de açúcar refinado. Tudo há de ser
muito bem moído e peneirado e muito bem misturado. Tomar-se-á
quanto desses pós se possa apanhar com três dedos e deitá-los-ão
pela goela do que tiver as anginas tão abaixo quanto puderem e,
após isso, um bocado de água fria. E desta maneira lhos darão três
vezes, uma após a outra e dar-lhos-ão três ou quatro dias a fio, se
nos primeiros três dias não ficar livre da doença.
Livro de Cozinha da Infanta D. Maria. Início do século XVI
(1) 1 onça = 28,961 gramas. (2) Vulgarmente chamado cravo-da-Índia ou cravo-de-
cabecinha.
O ananás
Este fruto cuja origem dizem ser o Brasil, foi daí levado às Índias
Orientais nas quais há agora em grande quantidade e por todas as
partes delas. É do tamanho de uma cidra, muito amarelo e muito
oloroso quando está maduro e tanto cheira que na rua se conhece a
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casa onde está. É muito sumarento e seu sabor é muito suave; de
longe parece-se com a alcachofra mas não tem os espinhos tão
agudos nem picam.
Cristóvão da Costa, Tratado das Drogas e Medicinas… 1578
A importância da cidade de Antuérpia
Há presentemente em Antuérpia mais de 13 500 casas e suficiente
espaço para outras 1500. […] Se continuar a prosperar como até
aqui, tornar-se-á uma das mais povoadas cidades da Europa. Toda a
cidade é admirável de ver: por toda a parte o olhar é atraído pela
abundância e variedade de todo o género de mercadorias que
enchem uma multidão de navios prestes a largar para todos os
cantos do mundo. Muitos mercadores franceses frequentam o seu
porto e igualmente habitam na cidade alemães, dinamarqueses,
italianos, espanhóis, ingleses e portugueses. Todos esses
mercadores fazem um comércio inacreditável. De manhã e de tarde,
a horas certas, vão à Bolsa e aí, com o auxílio de tradutores, tratam
da compra e da venda de mercadorias.
Ludovico Guicciardini, Descrição dos Países Baixos. 1567
Uma riqueza que se esvai
Pobres Espanhóis, que não reconheceis
A imensa riqueza que tendes ao dispor.
Esse ouro, pelo qual sem cessar penais,
Pelo qual derramais o sangue e correis os mares,
Não sabeis afinal como guardá-lo.
Quantos países, estão, como sabeis,
Com as vossas moedas de ouro a abarrotar
Enquanto vós próprios pobres permaneceis,
À força de tudo dar?
Lope de Vega, A oitava maravilha. 1609
Um grande banqueiro do século XVI
O nome de Jacob Fugger era conhecido em todos os reinos e em
todas as regiões, até mesmo entre os pagãos. Imperadores, reis,
príncipes e grandes senhores enviaram-lhe embaixadas, o Papa
saudou-o e abraçou-o como a um filho querido, os cardeais
levantaram-se diante dele. Todos os mercadores do mundo o
consideravam um homem inspirado e a todos maravilhou.
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Crónicas de Augsburgo. Século XVI
A expansão peninsular e os outros paÍses europeus
Os Portugueses […] tornaram-se senhores do golfo Pérsico e, em
parte, do mar Vermelho, e desta forma encheram os seus navios com
a riqueza das Índias e da Arábia […] para depois no-la venderem a
retalho e a peso de ouro. Ao mesmo tempo, os Castelhanos
apoderaram-se de novas terras, cheias de ouro e prata, e encheram
com eles a Espanha. […] Ora é um facto que os Espanhóis(1)
não
podem viver sem a França. São inevitavelmente forçados a comprar-
nos o trigo, as telas, os panos, o papel, os livros, e até a marcenaria
e outras obras manuais. Vão, por isso, procurar, para nós, o ouro, a
prata e as especiarias ao fim do mundo.
J. Bodin, Resposta aos paradoxos de M. de Malestroit. 1568
(1) O autor refere-se aqui aos Espanhóis no sentido de habitantes da Península
Ibérica. Trata-se, portanto, de Portugueses e Espanhóis.
Os senhores de engenho
Quem chamou às oficinas em que se fabrica o açúcar engenhos,
acertou verdadeiramente no nome. Porque quem quer que as vê e as
considera com a reflexão que merecem, é obrigado a confessar que
são uma das principais invenções do engenho humano […].
O ser senhor de engenho é um título a que muitos aspiram, porque
traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos.
André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, por suas drogas e minas. 1710
Prosperidade dos colonos brasileiros
Há na Baía mais de cem moradores que têm cada ano de mil até 5
mil cruzados de renda, e outros que têm mais, cujas fazendas valem
20 mil, até 50 e 60 mil cruzados, os quais se apresentam muito
honradamente, com muitos cavalos, criados e escravos, e com
vestidos demasiados, especialmente as mulheres, porque não
vestem senão sedas, por a terra não ser fria, no que fazem grandes
despesas […]. As pessoas de menor condição, […] assim que têm
qualquer possibilidade, têm as suas casas bem arranjadas e na mesa
serviço de prata, e trazem as suas mulheres muito bem ataviadas de
joias de ouro.
Gabriel Soares de Souza, Tratado descritivo do Brasil. 1584
História oito | 8.º ano
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A mão de obra escrava africana
Neste Brasil se há criado uma nova Guiné com a grande multidão de
escravos vindos de lá que aqui se acham; tanto que, em algumas
capitanias, há mais deles que dos naturais da terra, e todos os
homens que nele vivem têm metida quase toda a sua fazenda em
semelhante mercadoria.
Diálogos das Grandezas do Brasil
Práticas culturais dos escravos de origem africana
Negar-lhes totalmente os seus folguedos, que são o único alívio do
seu cativeiro, é querê-los desconsolados e melancólicos, de pouca
vida e saúde. Portanto, não lhes impeçam os senhores que escolham
os seus reis, que cantem e bailem por algumas horas honestamente
em alguns dias do ano, e que se alegrem inocentemente à tarde
depois de terem feito pela manhã as suas festas de Nossa Senhora
do Rosário, de São Benedito e do santo da capela do engenho,
ajudando-os o senhor como prémio do seu continuado trabalho.
André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, por suas drogas e minas. 1710
Conflito entre colonos e Jesuítas sobre a escravização dos
Índios
Na primeira carta já disse da grande perseguição sofrida pelos Índios
por causa da ambição dos Portugueses em os escravizarem. Não há
nada para dizer de novo, senão que a perseguição aumentou ainda
mais.
No ano de 1649, os bandeirantes de São Paulo partiram para o
sertão em busca de uma nação de índios distante muitas léguas
daquela capitania. A intenção era arrancar os índios de suas terras,
trazerem-nos para São Paulo e aí se servirem deles como
costumam. Após meses de viagem, os bandeirantes encontraram
uma aldeia de índios dirigidos pelos Jesuítas. Quando chegaram com
os soldados de mão armada, os índios estavam na igreja e o padre
rezava missa. Dentro dessa mesma igreja prenderam todos os
índios. […] Alguns que escaparam ao ataque avisaram os padres de
duas aldeias vizinhas que, armando seus índios, vieram em socorro
daqueles que estavam presos. Na batalha, os bandeirantes foram
vencedores. Muitos índios fugiram. Um dos padres foi morto por uma
bala.
P. António Vieira, Cartas ao Padre Provincial. 1653
História oito | 8.º ano
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Aculturação dos Índios
Os índios que andam entre nós e estão debaixo da doutrina dos
religiosos vivem já muito desviados dos antigos costumes; porque
sabem a doutrina e batizam os filhos, casam-se na forma do Sagrado
Concílio, e não têm mais de uma mulher, andam vestidos, e
juntamente aprendem a ler, a escrever e a contar; e saem alguns
deles destros no canto, e assim são bons charameleiros.
Diálogos das Grandezas do Brasil. Séc. XVII
Hábitos dos Índios
A folha desta erva, como é seca e curada, é muito estimada dos
índios e mamelucos e dos portugueses, que bebem o fumo dela,
ajuntando muitas folhas destas torcidas umas às outras e metidas
num canudo de folha de palma, e põe-se-lhe o fogo por uma banda,
e como faz brasa metem este canudo pela outra banda na boca, e
sorvem-lhes o fumo para dentro até que lhe sai pelas ventas fora.
Gabriel Soares de Souza, Tratado descritivo do Brasil. 1584
Em lugar de cama, a maioria dos padres, nossos irmãos, usa uns
panos tecidos à maneira de rede, suspensos por duas cordas e
traves, como usam os índios. Todavia, os que padecem de
enfermidade de corpo por algum tempo usam de camas como em
Portugal.
P. José de Anchieta, Informação da Província do Brasil. 1585
História oito | 8.º ano
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Expectativas sobre a possível União Ibérica
O autor imagina um diálogo entre várias personagens sobre as
futuras relações entre Portugal e Espanha. A cena passa-se na Índia,
nos finais do reinado de D. Sebastião.
Despachador – Grande negócio é esse o das minas de África! Não
sei como se não põe os ombros a coisa tamanha e tão necessária;
se isso fora dos reis de Espanha já houvera de estar tudo descoberto
e senhoreado.
Soldado – Também os nossos reis o teriam feito se se dispusessem
a isso, ou tivessem sorte para terem minas; mas parece que todas se
guardaram para os Espanhóis, e praza a Deus que se não guarde
ainda este nosso reino para eles!
Despachador – Que mau fora isso? El-rei de Castela não é também
português como nós? Mas porque dizeis isso?
Soldado – Vejo este nosso rei moço sem casar; faltam-nos herdeiros
de casa; se assim for viremos a dar nesses outros, de fora; e não
vejo outro inconveniente senão a antiga rixa que sempre houve entre
nós e os castelhanos.
Fidalgo – Quando suceder isso, nada me receio; porque essa ponta
não há senão na gente baixa, que na nobre é outra coisa muito
diferente. Quem mais aprimorados que os Espanhóis? […] Quem
mais tudo o que, senhor, quiserdes? Não me receio eu disso.
Diogo do Couto, Soldado Prático
Promessas e ameaças de Filipe II
Podereis certificar ao Sereníssimo Rei, meu tio [o Cardeal-rei D.
Henrique], que estou absolutamente seguro de que, junto da sua
Real pessoa e das mais importantes desse reino, não deve ter lugar
a opinião popular dos que se me opõem, dizendo que sou príncipe
estrangeiro, quando afinal tenho tanto sangue de Portugal e muito
mais do que de nenhuma outra parte. Dir-lhe-eis ainda […] que
considere atentamente nas misérias e calamidades públicas que
poderiam resultar de não reconhecerem o grande direito e justiça que
tenho, obrigando-me a tomar outro caminho, que não o da brandura,
amor e liberalidade que proponho.
Carta de Filipe II ao seu embaixador em Lisboa. 24 de agosto de 1579
História oito | 8.º ano

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  • 1. www.raizeditora.pt OFICINA DIDÁTICA Documentos escritos suplementares I.A O expansionismo europeu A cidade de Florença no final do séc. XIV A cidade de Florença contava com cerca de 25 000 homens capazes de pegar em armas, incluindo 1500 cidadãos nobres e ricos. Tinha ainda cerca de 1500 estrangeiros, entre comerciantes e soldados. As oficinas que fabricavam tecidos de lã eram pelo menos duzentas, empregando mais de 30 000 pessoas e produzindo anualmente entre 70 000 e 80 000 peças de tecido, com um valor superior a 1 200 000 florins de ouro. Cerca de vinte armazéns comerciavam tecidos de linho importando da França e de outros países mais de 10 000 peças, uma parte vendida na cidade, outra reexportada por Florença. Os bancos eram cerca de oito e cunhavam-se, por ano, na cidade, entre 350 000 e 400 000 florins de ouro. G. Villani, Crónica. Final do século XIV A importância comercial de Veneza Em 1423, o doge(1) de Veneza falava assim aos habitantes da cidade: Senhores, graças à paz, a nossa cidade investe um capital de 10 milhões de ducados(2) através do mundo inteiro […]. Temos a navegar três mil embarcações […] com 12 000 marinheiros […]. Felizes de vós e dos vossos filhos! Vistes a nossa cidade cunhar em cada ano um milhão e duzentos mil ducados de ouro […]. Só os Florentinos fornecem- nos em cada ano 16 000 peças de pano. E nós exportamo-las para Nápoles, Sicília, Espanha, Norte de África, Egito, Sicília, Chipre e Lisboa; e em cada semana os Florentinos trazem-nos 7000 ducados para nos adquirirem lã francesa e catalã, cereais, seda, ouro, prata, açúcar, especiarias […] com grandes lucros para a nossa terra. Marino Sanuto, Vida dos Duques de Florença (1) Doge era o nome que em Veneza e noutras repúblicas italianas se dava ao magistrado que dirigia a cidade. (2) Moeda de Veneza, em ouro. História oito | 8.º ano
  • 2. www.raizeditora.pt A grande cidade de Ceuta Ceuta é uma cidade grandíssima […] que, desde os tempos mais antigos até há poucos anos, sempre tinha ido em crescimento, tanto em opulência como em número de habitantes. Dessa forma, tornara- se a mais bela e a mais habitada cidade de Marrocos. Havia nela muitos templos e colégios de estudantes, muitos artesãos e muitos homens cultos. E no trabalho do cobre havia notáveis artífices cujas peças pareciam feitas de prata. […] De fora e de dentro da cidade, vê-se a ribeira de Granada, que está muito próxima, do outro lado do estreito. […] No ano de 1415, Ceuta foi tomada por uma armada do rei de Portugal e todos os que viviam na cidade se puseram em fuga. Leão Africano, historiador muçulmano (c. 1485-c. 1554),Descrição de África Início do descobrimento da costa africana Mandou o senhor infante D. Henrique um cavaleiro nobre, de nome Gonçalo Velho, para além das ilhas Canárias, ao longo da beira-mar. […] O qual chegou a um lugar onde havia apenas areia e não se acharam árvores nem ervas, à qual terra de areia […] se chama Mar Arenoso [deserto do Sara].Esse Mar Arenoso os muçulmanos do norte de África o atravessam em caravanas, levando às vezes até 700 camelos, até um lugar chamado Tombuctu, em demanda do oiro […] que aí se encontra em grande abundância. […] O que, ouvido pelo infante D. Henrique, o moveu a procurar, por mar, aquelas terras para ter comércio com elas e sustentar os seus nobres. Diogo Gomes, Relação do Descobrimento da Guiné A passagem do cabo Bojador Tinha o infante D. Henrique vontade de saber que terra ficava para além das Canárias e de um cabo que se chama Bojador, porque, até aquele tempo, não se sabia a qualidade da terra que ficava além do dito cabo. […] Mandou, assim, em direção a essas partes os seus navios, para haver de tudo manifesta certidão. […] Mas, embora lá enviasse muitas vezes homens que tinham experiência de grandes feitos, nunca nenhum ousou passar aquele cabo Bojador […]. Depois de doze anos [de tentativas], mandou o Infante armar uma barca da qual fez capitão Gil Eanes, seu escudeiro, o qual, seguindo a viagem dos outros e tocado daquele mesmo temor(1) , não passou das ilhas Canárias. Mas, no ano seguinte [1434],o Infante fez armar outra vez a dita barca e, chamando Gil Eanes de parte, o encarregou muito que se esforçasse para passar aquele cabo. […] De facto, Gil Eanes, desprezando todo o perigo, dobrou naquela viagem o cabo Bojador e passou além, onde achou as coisas muito ao contrário do que ele e os outros até ali presumiam. História oito | 8.º ano
  • 3. www.raizeditora.pt Zurara, Crónica da Guiné (1) Dizia-se então que, depois do cabo Bojador, o mar era tão baixo e as correntes tão fortes que navio que lá passasse jamais conseguiria voltar. O arrendamento a Fernão Gomes Em novembro do ano de 1469, arrendou el-rei D. Afonso V o negócio da Guiné a Fernão Gomes, um rico cidadão de Lisboa, pelo tempo de cinco anos, por duzentos mil réis cada ano. Com a condição de que em cada um desses cinco anos fosse obrigado a descobrir pela costa adiante cem léguas. […] E foi Fernão Gomes tão diligente e ditoso nesse descobrimento que logo em janeiro de 1471 descobriu o resgate(1) de ouro a que agora chamamos a Mina. João de Barros, Ásia (1) Lugar onde se fazia comércio; o próprio comércio. Relações comerciais com África O senhor infante D. Henrique tinha sempre de todos os escravos que traziam uma quarta parte […]. Tendo o senhor Infante equipado uma caravela de Lagos, […] fez-me a mim, Diogo Gomes, capitão dele. […] Quando passámos o rio de S. Domingos […] vieram os naturais da terra nas suas embarcações e trouxeram-nos as suas mercadorias, a saber […] dentes de elefante e uma porção de malagueta em grão, com o que muito me alegrei […]. No outro dia vimos gentes […] e chegámos até próximo e fizemos paz com eles […]. E aí recebi uma certa quantidade de ouro, em troca das nossas mercadorias, a saber: pano, manilhas(1) de cobre, etc. Diogo Gomes, Relação do Descobrimento da Guiné (1) Argolas, pulseiras. A dificuldade dos primeiros contactos Os nossos navios, vendo-se assaltados por aquela multidão de negros, descarregaram quatro bombardas da primeira vez. Ao ouvi- las, os Negros, aterrados pelo grande estrondo, deixaram cair os arcos e olhando uns para um lado outros para outro estavam admirados de ver as pedras disparadas pelas bombardas cortarem a água junto de si. […] Tentámos depois contactar aqueles Negros e […] então lhe perguntámos por que causa nos ofendiam, sendo nós gente pacífica História oito | 8.º ano
  • 4. www.raizeditora.pt e vindo tratar de mercadorias. E dissemos-lhes que tínhamos boa paz com os Negros do Senegal e que assim igualmente queríamos ter com eles; que éramos vindos de países distantes para trazer alguns presentes de valor ao seu rei e Senhor por parte do rei de Portugal, o qual desejava ter amizade e boa paz com ele; e que lhes rogávamos viessem a nós pacificamente tomar das nossas mercadorias, dando-nos das suas quanto quisessem […].A sua resposta foi que, pelo passado, tinham alguma notícia de nós e do nosso modo de tratar com os Negros do Senegal; os quais Negros não podiam deixar de ser maus homens em querer a nossa amizade, porque eles tinham por certo que nós Cristãos comíamos carne humana e que não comprávamos os Negros senão para os comer; por isto não queriam a nossa amizade por nenhum modo. Cadamosto, Navegações A chegada dos primeiros escravos africanos a Portugal Chegaram as caravelas a Lagos, de onde haviam partido […]. No outro dia começaram os marinheiros a tirar os escravos que tinham trazido para os levarem segundo lhes fora mandado […]. Qual seria o coração, por duro que pudesse ser, que não ficasse cheio de piedoso sofrimento, vendo a situação daquela gente? […] Uns tinham as caras baixas e os rostos lavados em lágrimas, outros estavam gemendo dolorosamente, […] outros faziam as suas lamentações em maneira de canto segundo o costume da sua terra […].Mas, para a sua dor ser mais acrescentada, chegaram os que estavam encarregados da partilha e começaram a apartá-los uns dos outros, a fim de fazerem lotes iguais. Para isso havia necessidade de se apartarem os filhos dos pais, as mulheres dos maridos e os irmãos uns dos outros […]. Quem poderia acabar com aquela partilha sem grande trabalho? Logo que os tinham posto numa parte, os filhos, que viam os pais na outra, levantavam-se e corriam para eles; as mães apertavam os filhos nos braços para não lhes serem tirados E assim os acabaram de repartir com dificuldade, pois, além do trabalho que tinham com os cativos, o campo estava cheio de gente, assim de Lagos como das aldeias em redor, que deixara aquele dia descansar as mãos em que estava a força do seu ganho, somente para ver aquela novidade. E com estas coisas que viam, uns chorando, outros falando, faziam tamanho alvoroço que estorvavam os que faziam a partilha. Zurara, Crónica da Guiné. Séc. XV Edificação da fortaleza de S. Jorge da Mina História oito | 8.º ano
  • 5. www.raizeditora.pt El-rei D. João II, porque já em vida d'el-rei D. Afonso V, seu pai, tinha a seu cargo o negócio da Guiné(1) , sabia, por experiência dele, como daí vinham ouro, marfim, escravos e outras coisas que enriqueciam o seu reino. Por outro lado, cada ano se descobriam novas terras e povos, pelo que a esperança do descobrimento da Índia por estes mares se acendia mais nele. E sabendo que na terra onde se fazia o resgate do ouro, os negros aceitavam com satisfação panos de seda, de lã, de linho e outras coisas […] ordenou que a fortaleza de S. Jorge da Mina se fizesse em aquele lugar onde os nossos ordinariamente faziam o resgate do ouro. João de Barros, Ásia (1) Designava-se por Guiné toda a costa africana. A ilha de S. Tomé Habitam na ilha de S. Tomé muitos comerciantes portugueses, castelhanos, franceses e genoveses […]. E todos têm mulher e filhos e às vezes acontece que, morrendo-lhes as mulheres brancas, as tomam negras […]. O principal negócio dos habitantes é fabricar açúcar e vendê-lo aos navios que todos os anos o vêm buscar. […] Cada habitante compra escravos negros, com as suas negras, da Guiné, Benim ou Congo e põe estes casais a lavrar a terra, para plantar e fazer o açúcar. E há homens ricos que possuem 150, 200 e até 300 escravos, os quais têm obrigação de trabalhar toda a semana para o seu senhor, exceto aos sábados, em que trabalham no cultivo dos víveres de que se alimentam. Navegação de Lisboa à ilha de S. Tomé. C. 1540 Contra a escravatura Não se admite, nem a razão humana consente, que jamais houvesse no mundo trato(1) público de comprar homens livres e pacíficos, como quem compra e vende animais, bois ou cavalos e semelhantes. [No entanto,] assim os conduzem, trazem e levam e escolhem com tanto desprezo e violência, como faz o magarefe ao gado no curral. Padre Fernando Oliveira, Arte da Guerra no Mar. 1555 (1) Negócio, comércio. D. João II e o plano da Índia Pelo muito desejo que el-rei D. João II tinha do descobrimento da Índia, com muito grande cuidado pelo mar a mandou descobrir ao História oito | 8.º ano
  • 6. www.raizeditora.pt longo da costa. [Mas] quis também ter o seu conhecimento por terra. E no ano de 1487 mandou Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã, homens aptos para isso e em quem confiava, com os quais fez grandes despesas, para, por via de Jerusalém ou pelo Cairo, passarem à terra do Preste João. Garcia de Resende, Crónica de D. João II D. Manuel I dá aos reis de Castela a notícia da chegada à Índia Muito altos, muito excelentes príncipes e muito poderosos senhores. Sabem Vossas Altezas como, há mais de dois anos, tínhamos mandado Vasco da Gama […] com quatro navios a descobrir pelo oceano. Pelos mesmos descobridores que agora a esta cidade [de Lisboa] chegaram, soubemos que acharam e descobriram a Índia e outros reinos, e entraram e navegaram no mar dela, em que acharam grandes cidades, de grandes e ricos edifícios, nas quais se faz o comércio de especiarias e pedrarias, que são transportadas em naus de grande grandeza a Meca e dali ao Cairo, de onde se espalham pelo mundo. Trouxeram já estes descobridores grande quantidade de canela, cravo, gengibre, noz-moscada e pimenta e muita pedraria fina de todas as qualidades […]. E como sabemos que Vossas Altezas disto hão de receber grande prazer e contentamento, tivemos por bem dar-lhe disso notícia. Carta de D. Manuel I. 12 de julho de 1499 Reação de Veneza à chegada de Vasco da Gama à Índia Toda a gente está estupefacta. Pelas pessoas mais instruídas, esta notícia [da descoberta do caminho marítimo para a Índia] foi considerada a pior que a República Veneziana alguma vez recebeu. […] Veneza chegou à reputação e fama que hoje tem pelo tráfico e navegação contínua que faz no mar, trazendo todos os anos uma grande quantidade de especiarias nas suas galés e naus […]. Portanto, sendo agora encontrada por Portugal esta nova rota [para a Índia] este rei de Portugal levará todas as especiarias para Lisboa e não há dúvida de que os Húngaros, Alemães e Flamengos e Franceses e todos os outros […] que costumavam vir a Veneza comprar especiarias com o seu dinheiro, todos se voltarão para Lisboa por ser mais fácil de lá ir e, acima de tudo, porque terão as especiarias mais baratas […]. Isto porque as especiarias que vinham para Veneza passavam por vários países muçulmanos e em todos os lugares pagavam enormíssimos direitos, presentes e impostos, pelo que […] o que custava um ducado em Calecute chegava a Veneza a 100 […]. Uma coisa é certa: devido a esta notícia, todas as especiarias desceram muitíssimo em Veneza, porque os compradores habituais, História oito | 8.º ano
  • 7. www.raizeditora.pt sabendo tantas novidades, se retraem muito e, como pessoas prudentes, se mostram hesitantes em comprar. G. Priuli, Diário. 1501 As relações entre Portugueses e Muçulmanos no oceano Índico vistas pelos Muçulmanos Em abril de 1507, chegaram notícias: […] os Europeus(1) prosseguiam as suas incursões pelo litoral da Índia […] e a sua audácia não conhecia limites: mais de 20 dos seus navios ousaram penetrar no mar Vermelho, atacaram os navios mercantes indianos e apoderaram-se das cargas, de forma que muitas importações foram suspensas […]. Em dezembro de 1508 soube-se que o exército enviado à Índia sob o comando do emir Hussain havia obtido uma vitória sobre os Europeus que infestavam o oceano Índico. Obteve-se uma razia considerável. Sob as ordens do sultão do Egito, encantado com essas notícias, os tambores rufaram durante três dias consecutivos. Hussain pedia reforços para aniquilar os últimos vestígios das hostes europeias. Ibn Iyas, Crónica do Egito. 1522 (1) Refere-se, naturalmente, aos Portugueses. O comércio português no Oriente Entendeu el-rei D. Manuel […] que o comércio era o melhor e mais suave modo com que podíamos entrar nas partes do Oriente e nelas ser melhor recebidos. Para mais autoridade e crédito do mesmo negócio e melhor conservação dele, convinha que esse negócio se fizesse em nome d'el-rei e por conta da Fazenda Real. Além de isso lhe ser muito proveitoso era forçado a fazê-lo por não haver, no princípio, mercadores nem outros particulares que aventurassem os seus bens em terras tão desconhecidas. Por essas e outras muitas razões, mandou fazer este comércio da Índia por conta da sua fazenda e, para melhor benefício, reservou para si, sob gravíssimas penas, o comércio de todo o género de drogas(1) e especiarias, marfim, contas, lacre e outras muitas fazendas, proibindo que qualquer pessoa aí comerciasse nesses produtos ou os trouxesse ao reino de Portugal. Para isso, nos lugares de maior comércio e maior chegada dessas e de outras mercadorias, mandou estabelecer feitorias por conta da sua fazenda e fazer casas fortes, a modo de fortalezas, para guarda das mercadorias e defesa dos feitores e gente delas. Livro das Cidades e Fortalezas da Índia. Manuscrito de 1582 (1) Produtos medicinais ou destinados à tinturaria. História oito | 8.º ano
  • 8. www.raizeditora.pt As riquezas da Casa da Índia Próximo do arsenal está a Casa da Índia, em que se guardam as mercadorias e especiarias que de todo o Oriente trazem a Portugal as naus da carreira da Índia, e que, sendo levadas e vendidas na Flandres, em França, na Alemanha e noutras partes da Europa, enriquecem enormemente o real tesouro. Padre Duarte Sande, Diário. 1584 Eu vi muitas vezes na Casa da Índia mercadores com sacos cheios de moedas de ouro e prata para fazerem o pagamento do que deviam por conta das especiarias que compravam. E os oficiais lhes diziam que voltassem noutro dia, porque não havia tempo para então contarem o dinheiro, tanta era a quantidade que se recebia todos os dias. Damião de Góis, Crónica de D. Manuel. 1566 A cidade de Goa Há cerca de cem anos que os Portugueses conquistaram esta cidade de Goa e muitas vezes me espantei de como, em tão poucos anos, puderam levantar tantos e tão soberbos edifícios de igrejas, palácios, fortalezas e outros, fabricados à maneira da Europa. […] Motivo de espanto é também o poder que aí têm adquirido, pois tudo ali está organizado como se fora na própria Lisboa. Esta cidade é a metrópole de todo o Estado dos Portugueses na Índia, que lhes dá tanto poder, riquezas e celebridade. Nela tem o vice-rei a sua residência e é tratado com uma corte como se fora o próprio rei. […] Todos os embarques, quer seja de coisas de guerra quer do comércio por conta do rei é aqui que se fazem. […] Quanto à multidão de povo é maravilha o grande número de gente que aí vai e vem todos os dias por mar e por terra a tratar de todos os tipos de negócios. Pyrard de Laval, Viagem… C. 1610 História oito | 8.º ano
  • 9. www.raizeditora.pt Casamento de Portugueses na Índia Aqui em Goa tomaram-se algumas mouras(1) de boa aparência e alguns homens de bem quiseram casar com elas e ficar nesta terra. […] Eu os casei com elas e dei-lhes o dote de casamento ordenado por Vossa Alteza: a cada um seu cavalo e casas e terras e gado. Serão umas 450 almas. […] Creio, Senhor, que se não partira de Goa casariam neste ano mais de seiscentas pessoas […]. E estão tantos para casar que o não poderá crer Vossa Alteza. Afonso de Albuquerque, Cartas para El-Rei D. Manuel (1) Refere-se a mulheres indianas. Missionação e comércio Se não houvesse mercadores que fossem procurar os tesouros da Terra no Oriente e nas Índias Ocidentais, quem transportaria para lá os pregadores que levam os tesouros celestes? Os pregadores levam o Evangelho e os mercadores levam os pregadores. P. António Vieira, História do Futuro Elogio da China por um português do séc. XVI Uma das coisas porque esta monarquia da China é tão nobre, tão rica e de tão grande comércio é porque é toda atravessada por rios e canais […] muitos que a Natureza fez e muitos que os reis, os senhores e os povos antigamente mandaram abrir para que toda a terra se pudesse navegar e comunicar sem grande trabalho. […] Nos vinte e um anos em que […] atravessei a maior parte da Ásia, vi, nalguns lugares, grandíssimas abundâncias de mantimentos […] mas nem todos juntos têm comparação com os que há na China. E da mesma forma são todas as outras com que a Natureza a dotou […]. E para dar brilho a tudo isto, há também nela uma tão grande observância da Justiça e um governo tão justo e tão excelente que ao de todas as outras terras pode fazer inveja. Fernão Mendes Pinto, Peregrinação Nomeação do primeiro governador-geral do Brasil História oito | 8.º ano
  • 10. www.raizeditora.pt Eu, el-rei D. João III, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa, que, vendo eu quanto serviço de Deus e meu é conservar e engrandecer as capitanias e povoações do Brasil e fazer com que melhor e mais seguramente se possam ir povoando […], ordenei mandar fazer nas terras do Brasil uma fortaleza e povoação grande e forte na Baía de Todos-os-Santos. Daí se deve dar ajuda às outras povoações e ministrar a justiça e cuidar das coisas que digam respeito ao meu serviço e aos negócios da minha fazenda. E pela muita confiança que tenho em vós, que em caso de tal qualidade e de tanta importância me sabereis servir com aquela fidelidade e diligência que se para isso requer, hei por bem de vos enviar por governador às ditas terras do Brasil. Regimento de Tomé de Sousa. 1548 A cidade da Baía no século XVI Encontram-se na cidade da Baía 46 engenhos de açúcar. A cidade não é muito grande pois a maior parte da população vive nos arredores, nos engenhos e nas fazendas. Em toda a região há, talvez, umas duas mil famílias portuguesas – isto é, 10 a 12 mil pessoas – e para o serviço dos engenhos e das fazendas há três mil escravos negros e à volta de oito mil índios cristianizados, escravos ou livres. Entre os índios livres, alguns vivem nas casas dos Portugueses e a maior parte em três aldeias que os nossos padres têm a seu cuidado e, a partir de onde, vão servir os Portugueses mediante o pagamento de um salário. Relação de um padre jesuíta. 1585 A capital do império Asteca Um dos primeiros europeus a chegar ao México descreve assim a cidade asteca de Tenochtitlan: Da última plataforma do grande templo podíamos observar toda a cidade. Víamos o aqueduto que a abastece de água doce […]. Víamos na grande laguna a multidão de barcos, uns que chegavam com abastecimentos, outros que saíam carregados de mercadorias. Víamos os inúmeros templos e oratórios em forma de torres, todos resplandecentes de brancura – coisa maravilhosa! – e as casas com terraços. […] E depois de termos olhado tudo isso, voltámos os olhos para a grande praça do mercado e para a multidão de pessoas que compravam e vendiam […]. Havia mercadores de ouro, de prata, de pedras preciosas, de plumas, de tecidos, de bordados, de muitos outros produtos e de escravos […]. Estavam entre nós soldados que tinham estado em várias partes do mundo, em Constantinopla, em Roma, em toda a Itália, e disseram que nunca tinham visto um História oito | 8.º ano
  • 11. www.raizeditora.pt mercado tão bem organizado e ordenado, nem tão grande, nem cheio de uma tal multidão. Diaz de Castillo, História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha. Início do século XVI Incas e Astecas Apenas se encontraram [na América] dois grandes reinos ou impérios que são o dos Astecas na Nova Espanha [México] e o dos Incas no Peru e não saberia eu dizer qual deles foi mais poderoso reino, porque em edifícios e grandeza de corte excediam os Astecas aos do Peru, mas em tesouros, riqueza e grandeza das províncias excediam os Incas aos Mexicanos. […] Uma coisa é certa: em organização e em civilização assim como em poder e em riqueza, levavam estes dois reinos grande vantagem a todos os mais povos índios. José de Acosta, História natural e moral das Índias. 1590 Receita contra as anginas Durante o século XVI o uso das especiarias generalizou-se na Europa quer como condimento quer como auxiliar para a conservação de alimentos. Havia, no entanto, quem também utilizasse as especiarias para fins mais específicos: Junta-se canela que seja muito boa e noz-moscada, de cada coisa uma onça(1) , e de gengibre um quarto de onça […] e quatro ou cinco cravos girofles(2) e uma onça de açúcar refinado. Tudo há de ser muito bem moído e peneirado e muito bem misturado. Tomar-se-á quanto desses pós se possa apanhar com três dedos e deitá-los-ão pela goela do que tiver as anginas tão abaixo quanto puderem e, após isso, um bocado de água fria. E desta maneira lhos darão três vezes, uma após a outra e dar-lhos-ão três ou quatro dias a fio, se nos primeiros três dias não ficar livre da doença. Livro de Cozinha da Infanta D. Maria. Início do século XVI (1) 1 onça = 28,961 gramas. (2) Vulgarmente chamado cravo-da-Índia ou cravo-de- cabecinha. O ananás Este fruto cuja origem dizem ser o Brasil, foi daí levado às Índias Orientais nas quais há agora em grande quantidade e por todas as partes delas. É do tamanho de uma cidra, muito amarelo e muito oloroso quando está maduro e tanto cheira que na rua se conhece a História oito | 8.º ano
  • 12. www.raizeditora.pt casa onde está. É muito sumarento e seu sabor é muito suave; de longe parece-se com a alcachofra mas não tem os espinhos tão agudos nem picam. Cristóvão da Costa, Tratado das Drogas e Medicinas… 1578 A importância da cidade de Antuérpia Há presentemente em Antuérpia mais de 13 500 casas e suficiente espaço para outras 1500. […] Se continuar a prosperar como até aqui, tornar-se-á uma das mais povoadas cidades da Europa. Toda a cidade é admirável de ver: por toda a parte o olhar é atraído pela abundância e variedade de todo o género de mercadorias que enchem uma multidão de navios prestes a largar para todos os cantos do mundo. Muitos mercadores franceses frequentam o seu porto e igualmente habitam na cidade alemães, dinamarqueses, italianos, espanhóis, ingleses e portugueses. Todos esses mercadores fazem um comércio inacreditável. De manhã e de tarde, a horas certas, vão à Bolsa e aí, com o auxílio de tradutores, tratam da compra e da venda de mercadorias. Ludovico Guicciardini, Descrição dos Países Baixos. 1567 Uma riqueza que se esvai Pobres Espanhóis, que não reconheceis A imensa riqueza que tendes ao dispor. Esse ouro, pelo qual sem cessar penais, Pelo qual derramais o sangue e correis os mares, Não sabeis afinal como guardá-lo. Quantos países, estão, como sabeis, Com as vossas moedas de ouro a abarrotar Enquanto vós próprios pobres permaneceis, À força de tudo dar? Lope de Vega, A oitava maravilha. 1609 Um grande banqueiro do século XVI O nome de Jacob Fugger era conhecido em todos os reinos e em todas as regiões, até mesmo entre os pagãos. Imperadores, reis, príncipes e grandes senhores enviaram-lhe embaixadas, o Papa saudou-o e abraçou-o como a um filho querido, os cardeais levantaram-se diante dele. Todos os mercadores do mundo o consideravam um homem inspirado e a todos maravilhou. História oito | 8.º ano
  • 13. www.raizeditora.pt Crónicas de Augsburgo. Século XVI A expansão peninsular e os outros paÍses europeus Os Portugueses […] tornaram-se senhores do golfo Pérsico e, em parte, do mar Vermelho, e desta forma encheram os seus navios com a riqueza das Índias e da Arábia […] para depois no-la venderem a retalho e a peso de ouro. Ao mesmo tempo, os Castelhanos apoderaram-se de novas terras, cheias de ouro e prata, e encheram com eles a Espanha. […] Ora é um facto que os Espanhóis(1) não podem viver sem a França. São inevitavelmente forçados a comprar- nos o trigo, as telas, os panos, o papel, os livros, e até a marcenaria e outras obras manuais. Vão, por isso, procurar, para nós, o ouro, a prata e as especiarias ao fim do mundo. J. Bodin, Resposta aos paradoxos de M. de Malestroit. 1568 (1) O autor refere-se aqui aos Espanhóis no sentido de habitantes da Península Ibérica. Trata-se, portanto, de Portugueses e Espanhóis. Os senhores de engenho Quem chamou às oficinas em que se fabrica o açúcar engenhos, acertou verdadeiramente no nome. Porque quem quer que as vê e as considera com a reflexão que merecem, é obrigado a confessar que são uma das principais invenções do engenho humano […]. O ser senhor de engenho é um título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, por suas drogas e minas. 1710 Prosperidade dos colonos brasileiros Há na Baía mais de cem moradores que têm cada ano de mil até 5 mil cruzados de renda, e outros que têm mais, cujas fazendas valem 20 mil, até 50 e 60 mil cruzados, os quais se apresentam muito honradamente, com muitos cavalos, criados e escravos, e com vestidos demasiados, especialmente as mulheres, porque não vestem senão sedas, por a terra não ser fria, no que fazem grandes despesas […]. As pessoas de menor condição, […] assim que têm qualquer possibilidade, têm as suas casas bem arranjadas e na mesa serviço de prata, e trazem as suas mulheres muito bem ataviadas de joias de ouro. Gabriel Soares de Souza, Tratado descritivo do Brasil. 1584 História oito | 8.º ano
  • 14. www.raizeditora.pt A mão de obra escrava africana Neste Brasil se há criado uma nova Guiné com a grande multidão de escravos vindos de lá que aqui se acham; tanto que, em algumas capitanias, há mais deles que dos naturais da terra, e todos os homens que nele vivem têm metida quase toda a sua fazenda em semelhante mercadoria. Diálogos das Grandezas do Brasil Práticas culturais dos escravos de origem africana Negar-lhes totalmente os seus folguedos, que são o único alívio do seu cativeiro, é querê-los desconsolados e melancólicos, de pouca vida e saúde. Portanto, não lhes impeçam os senhores que escolham os seus reis, que cantem e bailem por algumas horas honestamente em alguns dias do ano, e que se alegrem inocentemente à tarde depois de terem feito pela manhã as suas festas de Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito e do santo da capela do engenho, ajudando-os o senhor como prémio do seu continuado trabalho. André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, por suas drogas e minas. 1710 Conflito entre colonos e Jesuítas sobre a escravização dos Índios Na primeira carta já disse da grande perseguição sofrida pelos Índios por causa da ambição dos Portugueses em os escravizarem. Não há nada para dizer de novo, senão que a perseguição aumentou ainda mais. No ano de 1649, os bandeirantes de São Paulo partiram para o sertão em busca de uma nação de índios distante muitas léguas daquela capitania. A intenção era arrancar os índios de suas terras, trazerem-nos para São Paulo e aí se servirem deles como costumam. Após meses de viagem, os bandeirantes encontraram uma aldeia de índios dirigidos pelos Jesuítas. Quando chegaram com os soldados de mão armada, os índios estavam na igreja e o padre rezava missa. Dentro dessa mesma igreja prenderam todos os índios. […] Alguns que escaparam ao ataque avisaram os padres de duas aldeias vizinhas que, armando seus índios, vieram em socorro daqueles que estavam presos. Na batalha, os bandeirantes foram vencedores. Muitos índios fugiram. Um dos padres foi morto por uma bala. P. António Vieira, Cartas ao Padre Provincial. 1653 História oito | 8.º ano
  • 15. www.raizeditora.pt Aculturação dos Índios Os índios que andam entre nós e estão debaixo da doutrina dos religiosos vivem já muito desviados dos antigos costumes; porque sabem a doutrina e batizam os filhos, casam-se na forma do Sagrado Concílio, e não têm mais de uma mulher, andam vestidos, e juntamente aprendem a ler, a escrever e a contar; e saem alguns deles destros no canto, e assim são bons charameleiros. Diálogos das Grandezas do Brasil. Séc. XVII Hábitos dos Índios A folha desta erva, como é seca e curada, é muito estimada dos índios e mamelucos e dos portugueses, que bebem o fumo dela, ajuntando muitas folhas destas torcidas umas às outras e metidas num canudo de folha de palma, e põe-se-lhe o fogo por uma banda, e como faz brasa metem este canudo pela outra banda na boca, e sorvem-lhes o fumo para dentro até que lhe sai pelas ventas fora. Gabriel Soares de Souza, Tratado descritivo do Brasil. 1584 Em lugar de cama, a maioria dos padres, nossos irmãos, usa uns panos tecidos à maneira de rede, suspensos por duas cordas e traves, como usam os índios. Todavia, os que padecem de enfermidade de corpo por algum tempo usam de camas como em Portugal. P. José de Anchieta, Informação da Província do Brasil. 1585 História oito | 8.º ano
  • 16. www.raizeditora.pt Expectativas sobre a possível União Ibérica O autor imagina um diálogo entre várias personagens sobre as futuras relações entre Portugal e Espanha. A cena passa-se na Índia, nos finais do reinado de D. Sebastião. Despachador – Grande negócio é esse o das minas de África! Não sei como se não põe os ombros a coisa tamanha e tão necessária; se isso fora dos reis de Espanha já houvera de estar tudo descoberto e senhoreado. Soldado – Também os nossos reis o teriam feito se se dispusessem a isso, ou tivessem sorte para terem minas; mas parece que todas se guardaram para os Espanhóis, e praza a Deus que se não guarde ainda este nosso reino para eles! Despachador – Que mau fora isso? El-rei de Castela não é também português como nós? Mas porque dizeis isso? Soldado – Vejo este nosso rei moço sem casar; faltam-nos herdeiros de casa; se assim for viremos a dar nesses outros, de fora; e não vejo outro inconveniente senão a antiga rixa que sempre houve entre nós e os castelhanos. Fidalgo – Quando suceder isso, nada me receio; porque essa ponta não há senão na gente baixa, que na nobre é outra coisa muito diferente. Quem mais aprimorados que os Espanhóis? […] Quem mais tudo o que, senhor, quiserdes? Não me receio eu disso. Diogo do Couto, Soldado Prático Promessas e ameaças de Filipe II Podereis certificar ao Sereníssimo Rei, meu tio [o Cardeal-rei D. Henrique], que estou absolutamente seguro de que, junto da sua Real pessoa e das mais importantes desse reino, não deve ter lugar a opinião popular dos que se me opõem, dizendo que sou príncipe estrangeiro, quando afinal tenho tanto sangue de Portugal e muito mais do que de nenhuma outra parte. Dir-lhe-eis ainda […] que considere atentamente nas misérias e calamidades públicas que poderiam resultar de não reconhecerem o grande direito e justiça que tenho, obrigando-me a tomar outro caminho, que não o da brandura, amor e liberalidade que proponho. Carta de Filipe II ao seu embaixador em Lisboa. 24 de agosto de 1579 História oito | 8.º ano