1. Síntese da Sessão 3
O Modelo de Auto-Avaliação. Problemáticas e conceitos implicados
Foram objectivos desta sessão:
Perceber a estrutura e os conceitos implicados na construção do Modelo de Auto-
Avaliação das Bibliotecas Escolares.
Entender os factores críticos de sucesso inerentes à sua aplicação.
Foram leituras obrigatórias:
Texto da sessão, disponibilizado na plataforma.
Modelo de Auto-Avaliação
Excerto de texto: “Professores Bibliotecários Escolares: resultados da aprendizagem e
prática baseada em evidências”.
E sugeridas como leituras facultativas:
Todd, Ross (2001). O Manifesto das bibliotecas escolares sobre a prática baseada em
evidências.
Todd, Ross (2001). Transições para futuros desejáveis das bibliotecas escolares.
Todd, Ross (2002) Professores Bibliotecários Escolares: resultados da aprendizagem e
prática baseada em evidências (Texto integral)
As tarefas propostas consistiram, em alternativa:
Tarefa 1
Planear um Workshop formativo de apresentação do Modelo de Auto-Avaliação
dirigido à sua escola/ agrupamento. As temáticas a abordar deveriam ser, entre outras, as
seguintes:
- Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares.
- O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria. Conceitos
implicados.
- Organização estrutural e funcional.
- Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar. Oportunidades e
constrangimentos.
2. - Gestão participada das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de participação da
escola.
Poderiam recorrer, quando julgassem oportuno, à informação disponibilizada, citando-a.
Era pedido que indicassem os instrumentos a criar para a realização do workshop.
Tarefa 2
Fazer uma análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares, tendo
em conta os seguintes aspectos:
- Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares.
- O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria. Conceitos
implicados.
- Organização estrutural e funcional.
- Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar. Oportunidades e
constrangimentos.
- Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de participação da e na escola.
Poderiam recorrer, quando julgassem oportuno, à informação disponibilizada, citando-a.
Tarefa 3
A implementação do Modelo de Auto-Avaliação requer uma liderança forte e uma
mudança de atitude e de práticas por parte do professor bibliotecário e da escola.
Expor num texto, que contenha citações das leituras obrigatórias sugeridas, os aspectos
que considera ser essenciais a essa mudança.
Realização das Tarefas
Em relação à realização das tarefas, podemos considerar que esta turma está de
parabéns. Participaram com pontualidade na unidade, com excepção da Maria Cristina Rosa
que não publicou qualquer participação, facto a que deve dar especial atenção, para não
comprometer o aproveitamento na formação por falta de assiduidade. Por favorável
coincidência distribuíram-se de forma muito equilibrada entre as três hipóteses de trabalho.
Elaboraram a tarefa 1 (Fórum 1) 6 formandos, a tarefa 2 (Fórum 2) 7 formandos e, por último, a
tarefa 3 (Fórum 3) 6 formandos.
3. No TEXTO DA SESSÃO são sublinhados alguns dos conceitos que presidem à construção e
aplicação do Modelo de Auto-avaliação, e que importa voltar a clarificar, nomeadamente os
conceitos de VALOR e de EVIDENCE-BASED PRACTICE “ .
É necessário pensar o conceito de VALOR, uma vez que “ [...] O valor não é algo intrínseco
às coisas mas tem sobretudo a ver com a experiência e benefícios que se retira delas: se é
importante a existência de uma BE agradável e bem apetrechada, a esse facto deve estar
associada uma utilização consequente nos vários domínios que caracterizam a missão da BE,
capaz de produzir resultados que contribuam de forma efectiva para os objectivos da escola em
que se insere. “
É necessário que os professores, a escola, e em particular, os Professores Bibliotecários,
tentem responder à questão: Quão grande é o valor da biblioteca escolar? Se para uns o valor
da BE reside no espaço, na sua organização e nos recursos que disponibiliza, para outros o seu
valor reside na sua ligação próxima aos currículos e à construção do conhecimento. Atribuir
valor à BE implica saber transmitir a informação e o conhecimento necessários aos nossos
utilizadores, promover serviços de qualidade nunca perdendo de vista a missão e a visão da
biblioteca. O valor consiste em medir os resultados.
É neste contexto que devemos introduzir o conceito de Evidence-Based practice. Este
traduz-se no desenvolvimento de práticas sistemáticas de recolha de evidências, associadas ao
trabalho do dia-a-dia. A quantidade e qualidade das evidências recolhidas deverão informar a
prática diária ou fornecer informação acerca de determinada questão chave para a qual
procuramos melhoria ou solução.
Este conceito tem sido explorado por vários especialistas. Ross Todd associa o conceito às
práticas das bibliotecas escolares e à necessidade que estas têm de fazer diferença na escola
que servem e de provar o impacto que têm nas aprendizagens. Valoriza a necessidade de provar
esse impacto no contexto da escola, onde desenvolvemos trabalho.
Síntese do Fórum 1 - Planear um Workshop formativo de apresentação do Modelo de
Auto-Avaliação
Os formandos não efectuaram rigorosamente a tarefa pedida, centrando-se somente na
apresentação da arquitectura do Modelo de Autoavaliação e não no planeamento de um
workshop.
4. O workshop é uma reunião de trabalho com um carácter prático, suscitando o debate de
ideias, e que se dirige a um pequeno grupo, com o objectivo de facilitar a reflexão e realizar
uma tarefa. Um workshop diferencia-se de uma palestra ou conferencia, por isso o público-alvo
não pode, não deve ser apenas espectador.
O planeamento dos vossos workshop induz a uma atitude passiva do público-alvo,
limitando-se a apresentar a arquitectura do modelo e/ou os resultados obtidos no anterior,
como se pode constatar nos contributos da Ana Paula Silva, da Vera Monteiro e do António
Padeira, não sendo pensados no sentido de induzir uma metodologia activa e construtiva (uma
vez que se trata de uma "oficina"), de trabalho e reflexão que se pretende imprimir a
determinado grupo.
O planeamento de um Workshop implica pensar: no público-alvo, na duração, na
calendarização, apresentar a metodologia a seguir entre outros aspectos formais importantes. A
formanda Gracinda Silva foi quem mais se aproximou dos aspectos formais do planeamento do
workshop.
Quanto aos instrumentos a criar mais enumerados foram, sem dúvida o Powerpoint,
excepto o formando Carlos Matias que apresentou uma diversidade maior, onde se destaca:
“Brainstorming, Powerpoint e uma questão final” para reflectir, inferimos nós.
Síntese do Fórum 2 - Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas
Escolares
Consideramos que as análises ao Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares não
evidenciam uma crítica reflexiva à arquitectura, pressupostos e operacionalização, focalizando-
se, muitas vezes na experiência pessoal.
De um modo geral, todos os formandos reconhecem um “processo de melhoria”, “ um
instrumento pedagógico”, a formanda Paula Oliveira vai um pouco mais longe e afirma que o
“modelo constituiu uma oportunidade saber qual o caminho a seguir, que metodologia aplicar e
como a operacionalizar.”
Contudo, pensamos que o modelo de auto-avaliação, ainda é mais do que os formandos
afirmam, é um instrumento que permitirá elevar os índices de qualidade de uma biblioteca. Ser
professor bibliotecário numa biblioteca de qualidade é promover as suas competências e ser
proactivo. É optimizar os processos que produzem resultados e impactos na qualidade da
biblioteca. É induzir a mudança e geri-la. É gerir a biblioteca escolar para o sucesso,
5. demonstrando o seu valor e, neste sentido, o modelo de auto-avaliação é um instrumento
essencial.
A Ana Paula Rodrigues afirma “não existir uma prática de recolha sistemática de
evidências, a dificuldade inicial em obtê-las e em tratá-las (…)”. De facto, o modelo de auto-
avaliação veio induzir outras práticas e a apropriação de conceitos como domínio, indicadores e
factores críticos de sucesso. Relembramos que os domínios representam as áreas essenciais
para que a BE cumpra, de forma efectiva, os pressupostos e objectivos que suportam a sua
acção no processo educativo. Os indicadores apontam para as zonas nucleares de intervenção
em cada domínio e permitem a aplicação de elementos de medição que irão possibilitar uma
apreciação sobre a qualidade da BE. Por último, os factores críticos de sucesso pretendem ser
exemplos de situações, ocorrências e acções que operacionalizam o respectivo indicador. Os
factores enunciados, de forma não exaustiva, permitem compreender melhor as formas de
concretização do indicador, tendo simultaneamente um valor informativo/formativo e
constituindo um guia orientador para a recolha de evidências.
Apreciámos o facto de alguns formando referirem, como oportunidade, a integração do
processo de auto-avaliação da BE com o processo de auto-avaliação da escola.
Foram vários os constrangimentos da integração/aplicação à realidade da escola/
biblioteca escolar enumerados pelos formandos, por exemplo a Ana Furtado, sublinha a
“dificuldade em conseguir abranger todos os docentes”, enquanto o Abílio Pires que coloca a
ênfase no “receio da mudança e o desconhecimento do modelo”.
No entanto, é precisamente face a este receio de mudança que o professor bibliotecário
deverá exercer a sua liderança e ser indutor de novas práticas. Agora, mais do que nunca, cabe
ao professor bibliotecário a tarefa de alertar os seus pares para que as metodologias e as
ferramentas com que se trabalha podem já não responder às necessidades dos nossos alunos e
que o trabalho isolado dos professores não favorece a mudança. É tempo dos professores
bibliotecários criarem novas e melhores formas de comunicação, de fomentar o crescimento, de
minimizar fragilidades, e de melhorar a qualidade dos produtos e serviços prestados. É tempo
dos professores bibliotecários liderarem o processo de mudança.
De um modo geral, todos os formandos que optaram pelo fórum 2 reforçam a aposta no
envolvimento de toda a escola neste processo de auto-avaliação, o que consideramos muito
positivo.
6. Síntese do Fórum 3 - A implementação do Modelo de Auto-Avaliação requer uma
liderança forte e uma mudança de atitude e de práticas por parte do professor bibliotecário e
da escola.
A questão da liderança é essencial à plena implementação do Modelo de Auto-Avaliação
e decisiva à mudança de atitudes e de práticas, e é neste sentido que o tema da liderança marca
presença na arquitectura do modelo, ora de forma mais explícita (no subdomínio D.2), ora
apenas implícita. Era pedida uma reflexão sobre o conceito de liderança em articulação com o
modelo de auto-avaliação e como desta articulação se poderá induzir mudança de atitudes e
práticas. Infelizmente nem todos os formandos respeitaram a tarefa, considerando mesmo que
a formanda Sandra Azevedo se afastou do solicitado.
A Filomena Azevedo sublinha que “Ao implementar e aplicar o MAABE, o professor
bibliotecário exerce a sua liderança, motivando a equipa da BE”, ideia esta muito relevante. A
liderança é uma responsabilidade partilhada por todos os membros da organização. Significa
que o professor bibliotecário, para ser líder, terá de saber distribuir tarefas pela equipa,
encorajar à acção, ao envolvimento, para que todos contribuam significativamente para a
melhoria. Os líderes, neste caso, o professor bibliotecário, estão conscientes que a mudança é
difícil e que é necessário avaliar o seu desempenho e o da organização para posteriormente
celebrar a transformação, por isso um modelo de auto-avaliação é essencial para o progresso,
para a melhoria, para a qualidade.
A Armandina Maia, a Dora Gomes e a Teresa Gonçalves citam Ross Todd a propósito dos
vários tipos de liderança: “1. Liderança informada; 2. Liderança determinada; 3. Liderança
estratégica; 4. Liderança colaborativa; 5. Liderança criativa; 6. Liderança renovável; 7. Liderança
sustentável. “, mas não clarificam que os líderes devem recorrer à liderança que mais lhe
convier numa determinada situação, em função das necessidades. Há professores bibliotecários
que apresentam e/ou desenvolvem mais uma liderança colaborativa, outra liderança
estratégica, outra liderança criativa e noutras situações poderá fazer uso de várias lideranças.
A Cândida Matos apresenta uma excelente reflexão na qual coloca a ênfase na liderança
colaborativa, afirmando que “a liderança colaborativa é uma dimensão muito importante
porque a construção de parcerias com os outros professores, através de uma filosofia
compartilhada sobre a aprendizagem baseada em investigação para a construção do
conhecimento “, assim como a Filomena Azevedo que também realça “ a importância do
trabalho colaborativo entre o professor bibliotecário e os outros professores virado para
7. objectivos formativos e de aprendizagem bem definidos no âmbito do trabalho de projecto ou
do desenvolvimento curricular”.
Algumas das vossas reflexões referem a liderança estratégica, a qual merece uma
atenção e reflexão pertinente, uma vez que a liderança estratégica passa pela capacidade de
comunicação, quer com a sua equipa quer com os seus colaboradores e/ou professores da
escola. Os líderes estratégicos assumem a responsabilidade de comunicação, assegurando-se
que as suas estratégias e os resultados são do conhecimento de todos. A empatia, o saber ouvir,
a capacidade de observação, a competência leitora e o recurso às tecnologias reflectem a
capacidade de comunicação do professor bibliotecário.
Ainda gostaríamos de referir que :
Começamos por dizer que no contributo de alguns formandos houve alguma confusão entre
avaliação e auto-avaliação…
A implementação do modelo de auto-avaliação não pretende ser um processo burocrático… O
testemunho partilhado pela Dora em relação ao seu “antecessor ter abandonado o cargo por
discordar deste modelo que, segundo ele, aniquila o professor bibliotecário pelas inúmeras horas
que lhe ocupa, horas essas em que, precisamente, deveria pôr em prática muitos dos aspectos
defendidos pelo modelo” é paradigmático em relação a esse sentimento, que passa
precisamente pela alteração de algumas práticas ao nível da gestão.
Não deve, portanto, representar uma excessiva sobrecarga de trabalho, na qual se consome
grande parte das energias da equipa. Isto implica, por exemplo, que alguns procedimentos
deverão ser formalizados e implementados de forma a criar algumas rotinas de funcionamento,
tornando-se práticas habituais e não apenas com vista à avaliação. A título exemplificativo,
refira-se a conveniência em efectuar-se um registo escrito de todas as reuniões e contactos de
trabalho realizados pelo professor bibliotecário e equipa da BE.
A maioria dos contributos revela uma leitura e análise do MAABE ainda bastante superficial,
nomeadamente na apropriação do seu quadro referencial, etapa essencial para a fase seguinte
da formação que se irá prender com os modos de operacionalização.
Apesar disso, e tendo em conta a heterogeneidade do grupo, felicitamos o conjunto da
turma pelo trabalho desenvolvido e desejamos a todos a continuação de um bom trabalho!
As formadoras
Júlia e Margarida