O documento discute os impactos da greve dos bancários no crédito. A paralisação levou a uma queda de 11% nos desembolsos de empréstimos em setembro, afetando linhas como crédito para pessoas físicas e pequenas empresas. Além disso, a greve pressiona os bancos em meio aos esforços para controlar custos, já que os salários dos funcionários representam grande parte das despesas. Por outro lado, analistas acreditam que os efeitos negativos no crédito podem ser temporários.
GRANDES BANCOS PRIVADOS DEVEM TER AVANÇO LENTO DO CRÉDITO, MAS ATIVOS MELHORA...
Participação em matéria do Valor (09/10/2013)Greve puxa recuo do crédito em setembro valor 09 10-13
1. Jornal Valor --- Página 7 da edição "09/10/2013 1a CAD C" ---- Impressa por cgbarbosa às 08/10/2013@20:18:41
Quarta-feira, 9 de outubro de 2013 | Valor | C7
Enxerto
Jornal Valor Econômico - CAD C - FINANCAS - 9/10/2013 (20:18) - Página 7- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Finanças
Paralisação Pressão por reajuste salarial dificulta planos dos bancos de conter custos e ganhar eficiência
Grevepuxarecuodocréditoemsetembro
Felipe Marques, Carolina Mandl e
Karin Sato
De São Paulo
A greve dos bancários, hoje
completando seu vigésimo pri-
meiro dia, já deixa suas marcas
no crédito. Grandes instituições
relatam queda nos desembolsos
em setembro, tanto em linhas de
pessoa física como em pequenas
e médias empresas, causada pelo
fechamento de agências.
Aparalisaçãoagravaumquadro
dedemandamaisfracaporcrédito
quesearrastapor2013.Aomesmo
tempo, a perspectiva de ceder às
demandas sindicais e aumentar os
gastos com pessoal pressiona os
esforços dos bancos por maior efi-
ciêncianagestãodedespesas.
De acordo com o executivo de
um dos cinco maiores bancos de
varejodoBrasil,osdesembolsosde
empréstimos em setembro recua-
ram 11% na comparação com
agosto, puxados em grande parte
pela greve dos bancários. “E olha
que em setembro foram apenas
dezdiasdegreve”,afirmou.
Até mesmo o consignado, que
costuma ser originado fora da
agência bancária pelos promoto-
resdecrédito,maisconhecidosco-
mo“pastinhas”,vemsofrendocom
agreve.Umbanqueirodeumains-
tituição de médio porte relata que
sua originação na linha caiu 6% na
comparaçãomensal.
No caso do consignado, os pro-
blemas se concentram em convê-
nios de servidores públicos que
ainda não foram automatizados,
em que as operações de crédito
originadas precisam passar pelas
agências. Isso ocorre principal-
mente em pequenas e médias pre-
feituras, que, embora não repre-
sentem grandes volumes indivi-
dualmente,somamvaloresnacasa
dosR$5bilhõesdesaldojuntas.
Outras linhas impactadas pela
paralisação são os empréstimos
para empresas, em especial as de
pequeno porte. O que relatam os
bancos é que, nesses casos, os
clientestêmohábitodenegociar
taxas e melhores condições de
empréstimos de capital de giro e
descontodeduplicatasnasagên-
cias — em especial os comércios.
“No sufoco, eles estão contratan-
do por telefone em agências com
funcionamento interno.”
Sem abrir seus números, um
banco de varejo estrangeiro rela-
ta que as modalidades de crédito
mais afetadas são as voltadas pa-
ra pequenos negócios, principal-
mente no varejo, e pessoas físi-
cas. “Uma semana de greve não
chegaatertantoimpactonapro-
dução para empresas. Isso por-
que recomendamos aos gerentes
que visitem seus clientes. Mas de-
pois disso já se sente o reflexo”,
diz o diretor dessa instituição.
O que pondera outro executivo
de um banco de varejo é que gre-
ves anteriores mostram que a pa-
ralisaçãoapenasrepresaemprésti-
mos, que são fechados nos meses
seguintes. “A empresa ou o indiví-
duonãodeixamdeprecisardecré-
dito. Podem adiar essa demanda,
mas ela continua lá. Acabou a gre-
ve, ela deságua”, afirma. “Não dá
paradizerquepassamosincólume
pelagreve,masoefeitoétemporá-
rio”.Navisãodessebanqueiro,em-
bora influenciado pela greve, se-
tembro acabou sendo melhor que
outrosperíodosdoanonocrédito,
graçasàmelhoradaeconomia.
Para o analista da corretora
GBM Brasil André Riva o efeito da
greve deve se diluir. “Isso ficou
muito claro em 2012, quando a
greve durou cerca de dez dias em
setembro. Naquele mês, houve
uma queda, mas, no seguinte, foi
registrada uma recuperação”, diz.
Em setembro de 2012, indicador
daSerasaExperiandedemandado
consumidor por crédito recuou
16,5% ante agosto. Em outubro,
porém, compensou parte da que-
da com alta de 17,2%. Neste ano, a
quedaemsetembrofoide9,8%em
relaçãoaomêsanterior.
Se o efeito negativo no crédito
pode ser, ao menos em parte, tem-
porário, o reajuste de salários aca-
ba incrementando uma linha que
os bancos têm feito de tudo para
cortar:despesascompessoal.
Nos cinco maiores bancos do
país — Banco do Brasil, Caixa Eco-
nômica Federal, Itaú Unibanco,
Santander e Bradesco —, os salá-
rios dos funcionários representam
entre44,4%e62%dosgastosadmi-
nistrativos totais, consumindo R$
33 bilhões no primeiro semestre
desteano.(vejagráficoaolado)
Pela proporção que a folha de
pagamento tem nos balanços, os
bancos têm sido duros nas nego-
ciações salariais. Para investidores
eanalistas,asinstituiçõesfinancei-
ras já comunicaram que suas des-
pesas neste ano devem ficar em li-
nha com a inflação ou até abaixo
dela. Mas os bancos já sabem que
ossaláriosterãoganhoreal.
Apesardoreajustesalarialsupe-
rioràinflação,oimpactonoíndice
de eficiência — calculado a partir
dadivisãodasdespesaspelasrecei-
tas operacionais — deve ser nulo,
segundo Mario Pierry, analista do
Deutsche Bank. Analistas traba-
lhamcomumreajusterealdeaté2
pontospercentuais.
Um dos possíveis beneficiados
da greve são os correspondentes.
Associação que reúne o segmento,
a Aneps, observou aumento resi-
dual na procura pelo serviço. “Os
correspondentes relatam que o
público que os frequenta é dife-
rentedoquevaiàagência”,dizEdi-
sonCosta,presidentedaAneps.
Fonte: Bancos. * Exclui depreciação e amortização
A importância do pessoal
No primeiro semestre, salários consumiram R$ 33 bilhões
Despesas com pessoal - R$ bilhões
Banco
do Brasil
Itaú
Unibanco
Bradesco Caixa Santander*
0
4
8
12
16
8,3 7,5
6,2
7,5
3,5
% dos gastos administrativos totais
Bancos privados
reduziram
quadro de
funcionários em
10,2 mil
em 12 meses.
A Caixa
contratou
8,6 milBanco
do Brasil
Itaú
Unibanco
Bradesco Caixa Santander*
0
20
40
60
80
58
44,4 46,6
62
50
Efeitosdaparalisaçãochegamaté
aprédiodebancodeinvestimento
Talita Moreira, Carolina Mandl e
Camilla Veras
De São Paulo
A greve dos bancários respin-
gou até mesmo em um banco de
investimentos, cujos funcionários
têm parte de sua remuneração
atreladaafatoresvariáveisecostu-
mam passar longe desse tipo de
mobilização. O escritório do Bra-
desco BBI, na Avenida Paulista,
permaneceu fechado o dia todo.
Ninguémentravanemsaía.
Segundo o Valor apurou, os
principais executivos trabalha-
ram de casa e só um diretor este-
ve no edifício ontem.
Esse é apenas um exemplo de
como a paralisação começa a ter
impacto, mesmo que indireta-
mente, em áreas que vão além das
tradicionaisagênciasbancárias.
No Itaú Unibanco, permanece-
ram fechados ontem dois edifícios
que abrigam centros tecnológicos
— um na rodovia Raposo Tavares,
na Grande São Paulo, e outro na
avenidadoEstado,nazonaLeste.
Anteontem, a entrada da sede
da Caixa foi bloqueada. Só direto-
res e vice-presidentes do banco ti-
veram acesso ao escritório. Locali-
zar por telefone alguém dentro do
bancofoiumatarefadifícil.
Procurados, Bradesco BBI, Itaú e
Caixanãocomentaramoassunto.
O Comando Nacional dos Ban-
cários, coordenado pela Confede-
ração Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro (Contraf), re-
gistrou ontem o fechamento de
11.748 agências, centros adminis-
trativos e call centers no país. Isso
representa mais da metade das
22.637agênciasexistentes.
Em 2012 e 2011, as greves dos
bancários duraram respectiva-
mente 8 e 21 dias e foram encerra-
das com acordos que garantiram
aumentos reais de 2% e de 1,5%,
respectivamente.Nesteano,ostra-
balhadores pedem correção de
11,93%,comaumentorealde5%—
percentual semelhante ao que foi
proposto no início da campanha
salarialnosdoisanosanteriores.
Os bancários se queixam do si-
lêncio das empresas desde a pri-
meira proposta de reajuste, de
6,1%, feita em 5 de setembro. Se-
gundoCarlosCordeiro,presidente
da Contraf, os bancos não fizeram
nenhum contato com a federação
entre o início da greve e o fim da
semanapassada,quandofoifeitaa
proposta de 7,1% de reajuste. “A
negociação neste ano está mais
dura porque os bancos, apesar de
divulgarem lucros recordes, que-
remdiminuiraindamaisoscustos.
Mas a categoria ainda tem fôlego
paramantereexpandiragreve.”
Em outra ponta, os bancos se
queixamdafaltadecontrapropos-
ta dos bancários. Ontem, porém,
apósumasinalizaçãodafederação
dos trabalhadores de que voltaria
a negociar com uma proposta de
reajuste acima de 8%, representan-
tes de bancos estavam reunidos à
noite para selar uma nova oferta.
Até o fechamento desta edição, a
reuniãonãotinhaseencerrado.
BiosevplanejacaptarUS$300milhões
Talita Moreira
De São Paulo
A companhia sucroalcooleira
Biosev lançou uma oferta para
captar US$ 300 milhões em bô-
nus seniores sem garantia, se-
gundo fonte a par da operação.
O preço indicativo inicial da
emissão é de 12% ao ano.
Os papéis terão prazo de sete
anos,masserãoresgatáveisapartir
do quarto ano. A empresa, contro-
lada pelo grupo francês Louis
Dreyfus, pretende usar os recursos
parapagardívidas.Épossívelquea
emissãosejafechadahoje.
O volume da oferta, se confir-
mado, ficará abaixo dos US$ 500
milhões que a Biosev pretendia
captar. No entanto, para levantar
essa quantia, a companhia teria
de aceitar um custo ainda mais
elevado para a operação, segun-
do fontes a par do assunto.
Em apresentações ao mercado,
aempresasondouoapetitedosin-
vestidores por uma operação que
pagasse 9% ao ano. Se ficar mesmo
em 12%, a oferta sairá mais cara
que a do frigorífico Marfrig, consi-
deradaumaempresacomperfilde
dívida arriscado. No mês passado,
o frigorífico captou US$ 400 mi-
lhões em bônus com prazo de oito
anos, cupom de 11,25% ao ano e
retornoaoinvestidorde11,5%.
De acordo com um interlocutor
a par da captação, o custo dos pa-
péisdaBiosevestáassociadoaoris-
co da indústria sucroalcooleira e é
melhor que o de outras compa-
nhias do setor. A emissão recebeu
nota preliminar “B1” da Moody’s e
“BB-” da Fitch. Ambas denotam
umperfildedívidaarriscado.
Será a primeira emissão de em-
presa sem grau de investimento
desde que o BNDES reabriu a fila
de captações no mês passado,
comofertadeUS$2,5bilhões.
O momento escolhido pela Bio-
sev para captar no exterior é pecu-
liar. O mercado de Treasuries — os
títulosdoTesouroamericano,refe-
rência para os preços de bônus
corporativos — está em compasso
deesperadiantedoimpasseemre-
lação ao teto da dívida dos EUA.
Porém, essa questão não tem in-
fluenciadooandamentodaoferta,
dissefonteapardoassunto.
BNP Paribas, Bradesco BBI, Ci-
tigroup, Banco do Brasil, HSBC e
Itaú BBA coordenam a operação.
(Colaborou Fabiana Batista)
Custodeoperaçãomaislongaédesafio
Felipe Marques
De São Paulo
AsregrasdeBasileia3,quetor-
nam mais rígidas as exigências
de capital para as instituições fi-
nanceiras, serão um complica-
doradicionalparaosbancosbra-
sileiros em um cenário que pro-
mete alongamento de prazos das
operações de crédito. A avaliação
é do presidente do J.P. Morgan no
Brasil, José Berenguer. “O sistema
bancário brasileiro vai precisar
de captações mais longas”, afir-
mou ontem, durante o 3º Con-
gresso Internacional de Gestão
de Riscos, promovido pela Fede-
ração Brasileira de Bancos (Fe-
braban) em São Paulo.
No contexto de Basileia 3, que
deve aumentar os custos de capi-
tal para os bancos, o executivo
destacou uma peculiaridade do
cenário brasileiro atual. “Aqui te-
mos um desafio específico: um
momento em que o governo ten-
ta fazer com que os bancos te-
nham mais participação em ope-
rações de longo prazo”, disse. “A
questão hoje é cultural e não de
criação de novos instrumentos”,
afirmou o executivo.
Para Berenguer, no rastro da
crise de 2008, a implementação
de novas regras bancárias pode
levar a um encarecimento de cré-
dito de longo prazo ou a uma re-
dução dos prazos de operações
de crédito.
“Seguramente, o prazo médio
das operações de crédito no Bra-
sil vai ser mais longo. O desafio é
como fazer isso nesse cenário de
regras de Basileia mais rígidas”,
afirmou o executivo.
As regras de regulação bancá-
ria no pós-crise financeira tam-
bémrefletemumcenárioemque
os governos assumem um papel
menos ativo no resgate de insti-
tuições financeiras e em que os
depositantes e acionistas passam
a participar mais do custo de res-
gatar um banco com dificulda-
des. Esses instrumentos, chama-
dos “bail in”, devem se tornar
mais comuns de agora em dian-
te, segundo Berenguer.
Para o executivo, os bancos
brasileiros devem trabalhar no
sentido de evitar comportamen-
tos que estimulem a originação
de crédito de má qualidade, em
especial no que diz respeito às
comissões pagas aos agentes in-
termediários.
“Os bancos precisam evitar pa-
gar comissões ‘na cabeça’ [ou se-
ja, desembolsar toda a comissão
assimqueocréditoécontratado]
para quem faz a originação”, afir-
mou. “É preciso conseguir mais
alinhamento entre os correspon-
dentes que trazem essas opera-
ções e o banco”, disse, em refe-
rência aos chamados “pastinhas”
do crédito consignado e às con-
cessionárias que atuam no crédi-
to para compra de veículos.
“Tenho notado algumas medi-
das na direção certa para essa
questão, mas ainda estão longe
do ideal”, afirmou o presidente
do J.P Morgan no Brasil. Ele lem-
brou o caso dos Estados Unidos
na crise de 2008, quando os in-
centivos para originação de hi-
potecas comprometeram a qua-
lidade dessas carteiras. “Esse in-
centivo incorreto pode trazer
menor rigor nas operações ati-
vas”, disse o executivo.
ANNACAROLINANEGRI/VALOR
Berenguer, do J.P. Morgan: Basileia 3 tende a encarecer operações longas
Ministério da
Educação
O IFSC – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina - torna público para o conhecimento de quem
possa interessar que a data da sessão de abertura do Pregão Eletrônico 123/2013, para Aquisição de Material Permanente de
Gastronomia para o IFSC, disponível nos sítios www.comprasnet.gov.br ou www.ifsc.edu.br, será no dia 21/10/2013 às 09:00h no sítio
www.comprasnet.gov.br.
Florianópolis, 09 de outubro de 2013
MARIA CLARA KASCHNY SCHNEIDER
REITORA DO IFSC
EDITAL DE PREGÃO ELETRÔNICO POR SRP Nº 123/2013
SANTA CATARINA
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO,CIÊNCIA ETECNOLOGIA