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Ao Deus dos fracos
Prefácio
Quando meu amigo Michael Wells me enviou o manuscrito deste livro com uma nota perguntando
se eu escreveria o prefácio, eu acabara de ler seu livro anterior, Perdido no Deserto.
Muitos cristãos foram enganados pela idéia de que se não pensarem no diabo, ele irá embora e não
os perturbará. Eu mesmo cri nessa teoria por muito tempo, até que percebi que o diabo tenta pegar os
cristãos de um jeito ou de outro. Problemas, Presença de Deus e Oração é um livro que pode ajudar
aqueles que tentaram adotar essa falsa teoria para suas vidas.
A mensagem deste livro soa alta e clara, e é esta: tome cuidado, cristão, o diabo o persegue; ele
quer vê-lo derrotado e destronado dos lugares celestes em Cristo Jesus, nos quais você foi colocado pela
graça de Deus... e quando isso acontece, você não pode se esconder atrás de uma teologia de segurança
eterna, mas tem de se esconder atrás de I João 1.9, "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.". Mike Wells levou essa mensagem ao
redor do mundo através de seus escritos e visitas pessoais.
Mike é uma pessoa especial cujo método de comunicação cristã é único. É um método que
missiólogos e teólogos predicaram em seus livros e salas de aulas, um método que missionários em terras
estrangeiras tentaram por anos, mas ao qual eles não conseguiam aderir sem reservas. É um método que
pode revolucionar as missões modernas e trazê-las de volta ao estilo original de Jesus de Nazaré. Chamase amizade.
Que ferramenta maravilhosa e sagrada é essa para o evangelismo, e como Mike Wells a tem
personificado através de sua vida e ministério ao cultivar amizades simples e genuínas!
Mike tocou figurões religiosos, jovens rebeldes, alcoólatras e agnósticos da mesma maneira, com
uma habilidade concedida por Deus para olhar para o potencial além de um antagonismo contra o
Cristianismo, e ver o valor de uma alma que precisa de Cristo. Vi-o deixar de lado a tentação de uma tirada
fácil e a ambição mesquinha de se tornar um figurão; ele é um servo e um amigo, não um patrão. Ele não
tem um mestre de cerimônias contratado para dizer "E a-a-a-q-u-i está Mike" antes de falar.
Atualmente a adoração ao sucesso tem enganado muitos cristãos. Muitos cristãos estão
desapercebidos das complexidades do trabalho do demônio entre eles, talvez porque imaginem o trabalho
do demônio em bares e becos sujos mas não em lugares agradáveis como igrejas e organizações cristãs.
Quão errados temos estado. E se formos aplicar o padrão de sucesso do mundo a Jesus e a Seu ministério
terreno, Ele foi um fracasso colossal e um desperdício total. Quem teria pensado que uma execução
vergonhosa numa cruz romana, enquanto amigos e família observavam impotentes, fosse um sucesso?
Mas Deus estava trabalhando lá mesmo, começando a vitória final sobre o esquema do diabo, ainda
quando o mundo escarnecia dEle.
Há muitas vozes pedindo nossa atenção, com um apelo para escrevermos, ou ainda mais
telefonarmos, com o cartão de crédito a postos, como um caminho rápido para o sucesso. Mesmo alguns
propagandistas cristãos usam essa técnica para alcançar seus objetivos de sucesso e fama própria.
Visibilidade é a palavra chave. "Alcançar o mundo para Cristo" é a desculpa, tudo em nome de Jesus, para
quem a visibilidade significou ser pendurado numa cruz.
Que campo fértil para o demônio e seus anjos - sim, eu disse anjos, desviarem os cristãos de seu
caminho. Problemas, Presença de Deus e Oração analisa esse paradoxo do sucesso e mostra o que
significa ser realmente bem-sucedido. Este livro pode ajudar leitores a examinarem os mais íntimos
recantos de seus próprios corações com honestidade, discernimento psicológico, e autoridade bíblica.
Durante meu ministério com a Associação Evangelística Büly Graham, tive o privilégio de encontrar
muitos servos genuínos de Deus em todo o mundo. Mike Wells é um deles. Encontrei-o no começo dos
anos oitenta, durante uma de minhas visitas a Denver para uma reunião especial representando Billy
Graham e as Conferências Mundiais de Amsterdam. Durante uma sessão não planejada com Mike,
impressionou-me seu discernimento das Escrituras e sua compreensão da natureza cristã e das tentativas
do diabo para derrotar os cristãos. Nosso amor e respeito um pelo outro cresceu durante todos esses anos
através de responsabilidades em comum, amigos, e parcerias no ministério.
Você é um cristão derrotado sob ameaça do inimigo e precisando de ajuda? Você está ofendido e
bravo por causa de um relacionamento destruído? Quer se libertar completamente da servidão que o
inimigo possa ter trazido sobre sua vida e experimentar a alegria de uma vida cristã vitoriosa? Se isso é o
que você deseja, recomendo que leia Problemas, Presença de Deus e Oração.

Dr. V. Samuel Jones
Associação Evangelística Billy Graham

Introdução
Antes de tornar-me cristão, não estava particularmente surpreso com as circunstâncias caóticas de
minha vida. Aquilo parecia ser a vida mesmo. Todos ao meu redor estavam passando pelas mesmas
coisas. Entretanto, ouvi, de amigos cristãos, uma mensagem de esperança. Eles diziam que a causa dos
meus problemas era simples: “Você não conhece a Deus; portanto, é como um homem que,
constantemente, tenta nadar contra a corrente, num rio sem compaixão." A solução deles era igualmente
simples: "Convide a Cristo para entrar em seu coração e tenha vida abundante, livre de preocupação, medo,
e mesmo calamidades." Os que me testemunharam do amor de Jesus e seu poder salvador deixaram-me
bem claro que eu seria tirado daquela vida de vazio e embate que levava.
Isso foi muitos anos atrás, e para ser perfeitamente honesto, minha vida melhorou bastante desde
que me tornei cristão. Entretanto, não tem sido, e não é agora, livre de conturbação, derrota, horas de
solidão, ou mesmo tragédia. Ou seja, ainda experimento problemas. Aprendi também que essa condição
não é somente minha. Freqüentemente discípulos cristãos que estão no meio de caos familiar, escravizados
por pecados que pensaram ter deixado para trás havia longo tempo, sob tremenda pressão financeira,
pensando em divórcio, ou sentindo que não conseguem encontrar a Deus, segundo eles próprios, suas
vidas são tudo, menos abundantes.
Qual a razão para os cristãos estarem em tal dificuldade? Que se pode dizer em seu favor? Esperase que nada disso aconteça àqueles que seguem a Deus, não é? Aceitamos a Jesus como nossa própria
vida; como pode ser? Que bem pode vir de tais dificuldades? Há algum jeito de explicar razoavelmente
nossas entradas e saídas abruptas da agitação? Poderia ser que a mão de Deus estivesse de algum modo
por trás de tudo que nos perturba e deixa perplexos? Se apenas pudéssemos nos assegurar de que Deus
está envolvido em nossos desapontamentos como parte de Seu plano e que não somos apenas controlados
pelo ambiente mundial, então talvez pudéssemos ser encorajados em meio a nossos problemas.
A promessa é de que podemos nos animar, de que há um propósito celeste para todos os nossos
problemas! Vendo a maravilha, sabedoria e simplicidade disso, nós nos alegraremos de que Deus nos
tenha abençoado com problemas. Há um fim divino planejado para cada dificuldade. Quando esse fim se
concretizar, poderemos aprender a apreciar épocas em que as esperanças são destroçadas e são grandes
as frustrações.
Parte 1
Problemas com um propósito
Capítulo 1
Os Problemas São Normais?
O que é a vida cristã normal? É uma vida que inclui lutas, problemas, e acontecimentos que
parecem combater a alegria que nos dizem encontrarmos em Cristo? É normal ter problemas vindos de
desejos tão naturais como comida ou sexo, ou lutar com pensamentos descontrolados ou falta de
disciplina? É comum ser assoberbado por conturbações emocionais, feridas do passado, lembranças de
fracassos, sentimentos de inferioridade e insegurança, e mesmo o medo de ser rejeitado por Deus? Não é
incomum lutar com finanças, saúde, um companheiro de quarto incômodo, colega ou parente? Todas essas
são questões vexatórias por duas razões essenciais. Primeiro, lutávamos normalmente com tais coisas
antes de virmos a Cristo, e como poderíamos ter imaginado tal luta uma vez que estamos nEle? Segundo,
muitos autores, palestrantes e líderes cristãos insinuaram que esse tipo de experiência não é parte da vida
cristã normal, porém revela, antes, as deficiências de uma fé abaixo do padrão.
Quando tentamos entender as inadequações de nossas vidas, podemos ouvir os testemunhos de
cristãos vitoriosos que raramente mencionam qualquer experiência perturbadora depois de sua conversão.
A vida desses cristãos parece geralmente ter sido de vitória, louvor, e poder avassalador! Geralmente
muitos de nós, com o passar do tempo, acabamos aceitando o fato de que somos cristãos muito anormais:
fracos, não conseguindo permanecer onde deveríamos, e sem a habilidade, inteligência, e disciplina para
vivermos a vida de vitória completa como definida pelas experiências de certos irmãos.
Aqueles que têm problemas, entretanto têm de tomar coragem, porque o que descobri em minha
caminhada com o Senhor e interação com seu povo é que, notavelmente, problemas são um elemento
natural da vida do cristão. A vida cristã normal não deixa de ter lutas, nem é livre de fracassos, nem é uma
vida de picos emocionais constantes. Pelo contrário, essa vida é cheia de adversidade, mas adversidade
com propósito.
Veja o que o apóstolo Paulo disse em I Co 4.9-13: "Porque tenho para mim que Deus a nós,
apóstolos, nos pôs por últimos, condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, tanto a anjos
como a homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, (...) fracos, (...) desprezíveis. Até a presente hora
padecemos fome e sede; estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos
afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos,
e o suportamos; somos difamados, e exortamos; até apresente somos considerados como o refugo do
mundo, e como a escória de tudo."
Essa não é uma passagem popular entre o povo da prosperidade, mas Paulo reitera seu ponto de vista,
escrevendo aos Coríntios novamente: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexas, mas
não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre
no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos..." (II Cor.
4.8-10).
O que é, então, a vida cristã normal? Será freqüentemente uma vida cheia de problemas. Uma vez
que entendamos que fatos, pessoas, saúde e circunstâncias adversas têm um propósito em nossas vidas,
poderemos nos submeter à mão de Deus nelas. Problemas são normais!
Muitas vezes os desconfortos na vida dos cristãos vêm nem tanto dos problemas, quanto de seu
contínuo auto-exame. Eles imaginam o que estará errado com eles para que Deus permita tais coisas
acontecerem. A Escritura está repleta de inferências de que vamos sofrer; hoje, entretanto, esse aspecto da
vida cristã comum é freqüentemente ignorado, impedindo muitos de substituírem seu desânimo por
coragem.
Deixe-me ilustrar. Quando minha esposa e eu estávamos esperando nosso primeiro filho, entramos
para um curso de pais, onde se apresentou o que minha esposa e eu experimentaríamos durante o
processo do nascimento, a terminologia que o médico usaria, e como minha esposa poderia lidar mais
efetivamente com a dor, através de uma série de exercícios de respiração. O hospital estava cheio de
pacientes na noite do nascimento de nosso bebê, portanto, tínhamos apenas uma divisória de tecido entre
nós e uma jovem ao nosso lado. À medida que passávamos pela experiência, minha mulher praticava as
técnicas de respiração e ambos escutávamos atentamente cada palavra da enfermeira e do médico. Ela
pode confirmar que toda a preparação não a livrou da dor, mas teve um efeito calmante sobre nós, ao nos
familiarizar com o que provavelmente aconteceria. Entretanto, a jovem ao nosso lado gritou durante todo o
parto, porque ninguém lhe dissera o que esperar. O que considerávamos normal ela cria fazer-lhe mal.
Qualquer cristão em amadurecimento está continuamente dando à luz uma vida espiritual mais
profunda. Aqueles que entenderem o lugar da dor descansarão, sabendo que o resultado será algo glorioso.
Os desinformados sobre a necessidade dos problemas na vida para aperfeiçoá-los freqüentemente
passarão a vida gritando, tentando imaginar o que acontece, e reclamando da pessoa ou pessoas que
colocaram em tal condição. Falta-lhes uma expectativa alegre do que virá, depois que a dor tiver, há muito,
se ido.
Muito se fala, nos círculos cristãos sobre frutificação. Muitos sinceramente desejam frutificar,
demonstrando pertencer ao Pai no céu. Há um aspecto na frutificação, entretanto, que muitas vezes é
ignorado: pode causar muito desconforto, mesmo dor.
Tenho uma macieira em meu quintal. O tempo em nossa região neste último ano foi
excepcionalmente favorável para árvores frutíferas. A árvore ficou tão carregada de frutas que seu tronco
chegou a ficar a vinte centímetros do chão. Se eu não tivesse cuidado dos galhos que estavam a ponto de
se quebrar, a árvore teria sido seriamente danificada. A macieira sofreu para dar frutos úteis a outros.
Quase morreu para dar vida. O fruto espiritual não é para nosso beneficio, mas para o benefício das
pessoas ao nosso redor. Como a árvore, quanto mais fruto dermos, mais o Senhor nos terá em estado de
tensão.
A dor é normal para o cristão frutífero, e também o é um período de inverno, que vem logo após a
estação de frutificação. Durante o inverno parece que a árvore não tem vida alguma. Sua força vital está
escondida na parte mais profunda do ser da árvore - as raízes. Lá ficará durante meses, fortalecendo-se
para o que se revelará na primavera seguinte.
Tão poucos cristãos aprenderam a desfrutar do inverno, quando não há sentimentos, frutos,
grandes expressões de vida, mas antes o trabalho silencioso e oculto de Deus na parte mais profunda do
ser humano: o espírito! Inverno é normal. Tempos de dor são normais. Sequidão é normal. Adversidade é
normal. Todos são necessários para liberar a vida que o cristão tem oculta dentro de si - a vida de Cristo.
À medida que nos submetemos ávida cristã normal e vemos, no meio dos problemas, a mão de
Deus treinando, direcionando, e liberando a vida de Cristo, aprendemos alguns dos mais profundos
segredos possíveis. Muito do que nunca podemos entender, lendo sobre as vidas de grandes cristãos como
Paulo, tornará real em nossas próprias experiências.
Eu, pessoalmente, não conseguia compreender a afirmação de Paulo, "somos injuriados, e
bendizemos". Era algo que memorizara então minha mente o possuía; mas a verdade nunca fizera a
jornada de quarenta e cinco centímetros da minha mente para o meu coração, até o dia em que ocorreu um
problema. Estava trabalhando em outro país quando recebi um telefonema de minha esposa informando-me
de que uma quantidade de dinheiro que um amigo me devia pagar não nos seria entregue - nunca! Ele se
recusava a dar-me o que era meu. Eu tinha começado minha viagem com a confiança de que enquanto
estivesse longe, minha esposa poderia pagar a prestação da casa, comprar alimentos, e cobrir outras
despesas necessárias. Essa confiança estava baseada na capacidade de meu amigo de me pagar o que
me devia. Ao ouvir a preocupante noticia de que não receberia, minha primeira reação foi a fúria. Como
podia? Como ousava? Quem ele achava que era?
Depois de encerrar a conversa com minha mulher, eu sabia, por causa de minha preocupação com
minha casa e de minha ira, que não poderia sair da sala para ministrar à assembléia de cristãos que me
esperavam. Ajoelhei-me e comecei a orar, contando ao Senhor toda a minha frustração. Sua paz
lentamente começou a descer. Em Sua luz eu pude ver a luz: a provisão diária não depende do homem
mas dEle. Deus era meu provedor. Que pensamento glorioso! Não precisava mais confiar no homem, que
não é confiável. Podia confiar em Deus, que sempre é fiel. Naquele momento fui libertado de pedir pela
riqueza deste mundo; o Filho me havia libertado de fato. Minha resposta ao Senhor foi decidir que iria
perdoar o débito daquela pessoa, quando voltasse para casa. Essencialmente lhe daria o dinheiro que ele
me devia; era nessa medida que me havia libertado dele.
Levantei-me com o coração, como disse Hudson Taylor, tão leve quanto meu bolso, pronto para
compartilhar com os cristãos meu Deus, o Deus de toda a provisão. Quando entrei no salão, um irmão veio
até mim e colocou em minhas mãos um cheque para o ministério dez vezes maior do que o que tinha
perdido. Isso sim era uma taxa de câmbio! Testemunhei uma das mais básicas leis do reino funcionando:
"Porque a nossa leve e momentânea tributação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno
peso de gloriai' (II Co 4.17). Ou seja, vi a grande desproporção na taxa de câmbio do reino de Deus, que
sempre é absoluta. Dando tão pouco recebemos tanto. Se tão grande de quantidade pode vir desse simples
ato de autonegação, o que poderia acontecer, se me decidisse a tomar a minha cruz e negar a mim mesmo
em todas as áreas de meus relacionamentos com os outros?
Deitado em minha cama naquela noite, meu coração se encheu de gratidão pelo que antes fora um
problema. Pedi ao Senhor que abençoasse esse irmão que me enganara, porque por sua mão viera tão
grande bênção. Sem sua atitude eu poderia nunca ter aprendido tão completamente que Deus é meu
provedor, uma lição que desde aquela época me deu paz no meio de muitas adversidades. Quando as
palavras saíam de minha boca para abençoar aquele irmão, percebi que Cristo em mim tinha realizado as
palavras de Paulo, "somos injuriados, e bendizemos". Agora eu estava mais animado que nunca. Quando
um problema vier, Deus sempre fará algo maravilhoso em mim; portanto, posso abençoar os que me
amaldiçoam.
Um dia, ao concluir a orientação de uma mulher que experimentava algumas dificuldades conjugais,
dei-lhe uma tarefa. Era algo pequeno e simples de se fazer. Na semana seguinte ela deveria beijar seu
marido toda vez que ele dissesse algo negativo ou mal-educado para ou sobre ela. Ela brincou, perceptiva:
"Não posso ler um livro em vez disso?" Ela percebia muito bem as dificuldades envolvidas em cumprir a
menor das tarefas que requeira auto-negação. Duas semanas mais tarde ela voltou e começou a contar as
mudanças que ocorreram e o novo senso de libertação da pressão para agir pensando nos outros que
começara a experimentar libertação dos sentimentos de inferioridade, e também da ansiedade que vem de
tentar se proteger e projetar. Poderíamos facilmente observar que o fruto advindo desse problema com seu
marido superou em muito o sofrimento que o problema causara.
A vida cristã normal é de problemas, mas lembre-se de que cada problema passou pelas mãos de
um Pai de amor e traz consigo, mesmo antes de chegar, um propósito expresso e intrínseco. Para os que
passam por aflição, geralmente o propósito está oculto, mas o sofredor experiente sabe que será glorioso.
Os problemas são a principal ferramenta de Deus para esgotar nossos recursos e nos levar à rica
experiência de todas as Suas riquezas.
Um dos mais efetivos métodos de domar cavalos é colocar o cavalo selvagem numa baia, montá-lo,
e soltá-lo numa arena cheia de areia. É interessante ver o cavalo correndo em círculos, lutando com a areia
funda até ficar coberto de branco, e então, finalmente, quando não consegue mais colocar uma pata na
frente da outra, desiste. Nesse momento o cavalo não mais se auto dirigirá, mas vai permitir ao cavaleiro
que dite cada movimento seu.
É assim com os defeitos nas vidas dos cristãos. Chegamos a Cristo tão cheios de nossos próprios
esforços, de vontade própria, e energia. Não estamos prontos a entregar as rédeas ao Espírito Santo.
Precisamos ser colocados em situações semelhantes à da areia funda (problemas, circunstâncias,
relacionamentos com pessoas), onde qualquer tentativa para nos libertar nos trará uma exaustão mais
profunda da alma. No fim estamos quebrados, cada um disposto a dizer "não posso mais", e pronto para ser
dirigido em cada movimento, pelo Espírito Santo.
Neste ponto a alma (mente, vontade e emoções), corpo e mundo hão de separar-se do espírito.
Deus colocou Sua própria vida em nossos espíritos para fazê-los arcas de tesouro do que precisamos e
desejamos como humanos: amor, segurança, aceitação, paz, e todo o resto. Entretanto estamos
acostumados demais a olhar para nós mesmos e para os outros, tentando descobrir essas riquezas. Então
Deus permite que tudo fora do domínio espiritual nos falhe, separando o espírito de tudo o mais e fazendonos esperar apenas aí o atendimento de nossas necessidades mais profundas. É um processo doloroso em
nossas falhas, mas o resultado será homens e mulheres em Cristo que não poderão ser levados a agir fora
do espírito. Esses cristãos podem viver não das coisas do inundo, mas acima delas, não mais sugando
suas necessidades de outros, mas repletos a ponto de transbordar e capazes de compartilhar da
abundância de seus tesouros espirituais.
Esse processo de quebrantamento tem sido chamado de "a noite escura da alma"; andamos em
escuridão sem ter nem percepção da presença de Deus nem satisfação em tudo o que existe fora do
espírito. Aqui nos defrontamos com o fato de que apesar de nossas bocas proclamarem paz somente em
Cristo, nossos corações têm clamado pela "concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida" (IJo 2.16) para nos contentar. Conforto no lugar da maturidade e da integridade no Senhor
tem sido o objetivo de vida, a razão pela qual aceitamos os prós da vida e desprezamos todos os contras. O
processo de quebrantamento finalmente nos fará olhar além da área de conforto e descobrir que tudo de
que precisamos na vida é saber que Deus está em Seu trono.
Não muito tempo atrás um amigo me contou que certa vez perdera vários milhões de dólares. A
economia tinha caído em sua região, e ele começou a perder um negócio depois do outro. Ele não foi o
único a ter esse problema, porque vários de seus amigos passaram exatamente pela mesma situação. Ele
decidiu encontrar-se com um amigo em situação semelhante e perguntar como planejara salvar sua fortuna.
O amigo lhe contou que devia a um banco vários milhões de dólares e iria imediatamente lá declarar
bancarrota. Disse que tentava não se apegar a nada, dizendo ao banco que estava desistindo de seu
negócio. Meu amigo foi confundido por tal resposta e perguntou se não seria melhor lutar, planejar e
trabalhar para reter seu patrimônio financeiro. O homem explicou suas razões assim: "Devo milhões ao
banco. Posso trabalhar para pagar e assumir toda a responsabilidade ou declarar bancarrota. Se declarar
bancarrota, o banco investiu em mim demais para me deixar falir e terá a obrigação, responsabilidade,
vontade e interesse próprio em tentar evitar que eu desmorone completamente!" Dentro de poucos anos
meu amigo, embora lutando para salvar sua fortuna, a perdera, mas o homem que declarara bancarrota era
um bilionário, graças à ajuda daquele banco.
Estava andando nas montanhas no dia seguinte pensando na conversa: fazia sentido o banco,
tendo investido tanto, ter de fato uma boa razão para evitar que o milionário quebrasse. Meu pensamento
seguinte foi: quanto mais Deus investiu em nós? Investiu em nós seu próprio Filho, que vede muito mais
que milhões de dólares. Tendo investido Seu Filho, investiu demais em cada um de nós para nos deixar
quebrar.
Se apenas declararmos nossa própria bancarrota pessoal, pararmos de trabalhar e planejar, e
olharmos para Ele, Ele completará o que começou. O próprio fato de que Deus investiu Seu Filho em nós
deveria silenciar todo questionamento que nossas mentes possam ter. Ele ajudará minha família? Me
ajudará financeiramente? Cristo crescerá em mim? Jamais serei livre do pecado e do fracasso? Jamais
sentirei que Deus está perto? Claro que Deus nos ajudará; ele investiu muito em cada um de nós para não
o fazer. "Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não
nos dará também com ele todas as coisas?" (Rm 8.32)

Capítulo 2
Cristãos Precisam de Problemas
Problemas com um Propósito
Davi tão sabiamente revelou, "Na minha angústia invoquei o Senhor..." (SI 18.6). Problemas nos
levam para perto de Deus. São planejados para nos levar mesmo à Sua presença. Uma vez lá, o crente
sobrecarregado compreende que não há nada que a presença de Deus não cure. Esse é o propósito final
de Deus para cada problema.
Quando uma pessoa toma um avião de uma cidade distante de volta para casa, imediatamente
sente alívio e uma expectativa ansiosa, porque o avião é o meio pelo qual logo estará com seus amados.
Problemas são análogos ao avião, porque são o meio pelo qual o crente pode ser transportado para a
própria presença de Deus no céu. Descobrindo que Sua presença renova e restaura, o crente começará a
dar graças diante de cada situação, evento, pessoa ou calamidade que o coloque tão perto de Deus.
Alguns não concordarão com a idéia de que Deus esteja envolvido em nossos problemas, dizendo
que são pessoas ou acontecimentos que causam o sofrimento; podem até assumir a culpa por alguns
problemas, eles próprios, eliminando, assim, a parte de Deus em seu sofrimento. Concluirão que é
responsabilidade deles consertar o que estiver errado. Esse engano leva crentes a lutar com suas próprias
forcas em várias situações, longe do poder vitorioso que Deus dá tão generosamente àqueles que estão em
Sua presença. Muitos crentes gastam suas vidas inteiras planejando superar problemas com suas próprias
forças. Trabalham duro para melhorar sua situação, e apesar de nunca terem sucesso total, livram-se da
pressão apenas o suficiente para evitar serem levados à presença de Deus, onde encontrariam vida
abundante.
Uma vez que concluímos que os problemas são encomendados com o objetivo de nos conduzir à
presença de Deus, temos uma resposta para 90% das perguntas sobre o sofrimento. Quando oriento
alguém que me revela um pecado ou falha que o está derrotando, como um casamento terrível, conflitos no
trabalho, divisões na igreja, ou vários erros que ele cometeu, uma questão me vem imediatamente à mente:
Senhor, como esse problema levará este teu filho mais próximo de Ti? Que maravilhoso segredo de se
possuir, o saber tanto o começo (o problema) quanto o fim (Sua presença). Preciso apenas construir para o
crente desencorajado uma estrada que ligue os dois.
Um crente com problemas é abençoado por Deus. Sim, verdadeiramente abençoado! Se não tem
para onde se voltar, desistiu de si e dos outros, e descobriu que os problemas simplesmente não podem ser
resolvidos de qualquer maneira terrena, ele pode rapidamente ser levado a ver que há apenas uma
esperança para si a presença de Deus. Deus realmente usa os problemas para levar o crente à Sua
presença. Que pessoa abençoada! Não precisa buscar a Deus, porque Deus o encontrou e vai salvá-lo.
Imagine, se quiser, um jardineiro que no outono coloca suas plantas mais preciosas numa estufa,
onde ficarão protegidas do inverno rigoroso. Lá recebem seu cuidado constante e continuam a frutificar,
protegidas de um ambiente desfavorável. E se uma planta pudesse deixar a estufa por sua própria vontade?
O inverno rapidamente a mataria. Assim é com os crentes. Quando na presença de Deus, vivemos dentro
de uma estufa espiritual num mundo voltado contra Deus. Seguros lá dentro, temos, de Deus, conforto,
proteção e comunhão que permitem que frutifiquemos. Se deixarmos Sua presença, imediatamente
experimentaremos as duras realidades do mundo, do pecado, de Satanás, e da carne.
Muito freqüentemente cometemos o engano de tentar achar uma resposta para o sofrimento em vez
de voltarmos à presença do Pai de amor, onde nenhuma resposta é necessária. Como cristãos deveríamos
conhecer o propósito da dor e a própria razão da vida, que é a comunhão com Deus.
Que Deus temos! Quão privilegiados somos por termos o Deus de todo o universo dando-nos Sua
atenção e nos perseguindo para nos abençoar! Tristemente é verdade que Deus precisa nos perseguir,
visto que tantos crentes passam a vida tentando evitá-lo. Com suas mentes querem dar a Deus o lugar que
Lhe é devido, mas ao mesmo tempo são levados por suas emoções a outras pessoas ou planos para
satisfazer suas necessidades mais profundas, tomando, assim, seu próprio caminho para o sucesso e a
satisfação fora de Deus. O homem parece gostar de meditar neste ou naquele plano para obter
contentamento, e devotaria toda a sua vida a tal planejamento, se não fosse por uma coisa: problemas.
Como a dor, eles fazem o homem parar de viver para o futuro ou no passado e prestar atenção no presente.
Problemas fazem os homens se voltarem a Deus agora.
Imagine estar numa sala com quatro muros e quatro portas. Três das quatro portas estão trancadas;
a porta destrancada é uma pela qual você não quer entrar. Você luta, tentando abrir as outras três até que,
frustrado e até irado, percebe que precisa escolher a única porta que está destrancada. Ao abri-la,
descobre, para sua surpresa, que é na verdade a porta que leva à liberdade que você confiava tanto estar
atrás das outras três. Deus usa problemas para destruir nossos planos que nunca nos trariam vida
abundante e conduzir-nos pela porta que nos leva à Sua presença e verdadeira vida.
O filho pródigo criou seu próprio sofrimento, mas causou o glorioso resultado de comunhão
renovada com o pai.
Deus é amor! Ele nos quer perto dEle para poder nos mostrar Seu amor. O homem carnal,
entretanto, é auto-suficiente em sua ignorância. Os problemas fazem o homem perceber que ele não é uma
criatura independente e que precisa da providência do Criador. O homem não pode solucionar seus
próprios problemas, muito menos os problemas globais. Problemas nos permitem ver que precisamos de
Deus. Se não houvesse problemas que o homem não pudesse resolver, certamente o homem nunca
buscaria além de si mesmo.
Não deveria haver dúvida de que problemas e sofrimento são o baluarte de Deus na vida do crente
para levá-lo da auto-suficiência para o todo-suficiente Pai do céu. "Na minha angústia invoquei ao Senhor"
(E Sm 22.7). "...porém, na sua angústia voltaram para o Senhor, Deus de Israel" (II Cr 15.4). "...clamaremos
a ti em nossa aflição..." (II Cr 20.9). "Senhor, na angústia te buscaram..." (Is 26:16). "Na minha angústia
clamei ao Senhor..." (Jn 2.2). Vez após vez vemos o ciclo de sofrimento tomando lugar na história de Israel.
O Livro dos Juizes testifica desse ciclo, porque, quando as coisas iam bem, o povo logo esquecia a Deus.
Então eles clamavam, Deus os libertava, e, depois de algum tempo libertos, eles se esqueciam novamente
de Deus. Problemas não são planejados para nos destruir, mas para nos levar para perto de Deus para que
sejamos feitos completos.
Não há nada que a presença de Deus não remedie. Nada! Quando escutamos os mandamentos de
Deus, podemos nos encontrar sobrecarregados e mesmo fugindo dEle, especialmente quando tentativas
anteriores de cumprir os mandamentos tiveram pouco ou nenhum sucesso. Podemos começar a evitar a
Deus, não querendo ouvir as palavras que tememos: 'Você falhou." Aqui jaz uma profunda decepção; não
vamos melhorar nosso comportamento antes de chegar à presença de Deus, porque isso é impossível.
Antes, é a presença de Deus que melhora nosso comportamento.
Não se lave para chegar até Deus; chegue-se a Ele esperando que Ele o limpe. Quando você está
perto do Senhor, ordens tornam-se promessas. Em vez de ouvir "Não adulterarás", e temer que possa fazêlo, ouça como uma promessa: "Na Minha presença, com Minha vida e poder, você nunca cometerá
adultério." Vê a diferença? Sua presença dá confiança e esperança.
As Escrituras estão repletas de homens e mulheres que, achegando-se a Deus em problemas e
sofrimento, encontram tudo de que precisam para a vida abundante. Os israelitas murmuraram contra o
Senhor no deserto. Deus ouviu seu murmúrio e preparou-se para agir em seu favor, sob a condição de que
primeiro se achegassem a Ele. "Chegai-vos à presença do Senhor, porque ele ouviu as vossas
murmurações" (Êx 16.9). "À tardinha comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu
sou o Senhor vosso Deus" (Êx 16.12).
Deixe que seus problemas o levem a clamar ao Senhor, que dará alívio e tudo de que você precisa.
"Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o é a nós o Senhor nosso Deus todas
as vezes que o invocamos?" (Dt 4.7). Achegue-se a Deus, e a consciência de viver em Sua presença será
tão doce, tão bela, e tão revigorante que os problemas não mais serão preocupação. Você vai querer louváLo pelo sofrimento, que no passado foi visto como um monstro destruidor, mas agora é visto como um
agente positivo que traz proximidade com Deus.

Problemas Nos Fazem Receptivos
Há um jeito de sair de nossos problemas? Qual é? Podemos trilhar o caminho em nossa condição
doentia? Ele nos aceitará, quando chegarmos? Sim! E o caminho é incrivelmente simples. A resposta está
nEle e não em nós. Temos de nos concentrar nEle e não em nossos fracassos, frustrações, depressão, ou
ansiedade. NEle encontraremos a resposta simples para superar todo obstáculo.
Sim, Sua resposta é simples, porque neste momento Sua palavra para você é, 'Tornai-vos para
mim, (...) e eu me tornarei para vós..." (Zc 1.3). Quando se achar sitiado por problemas, simplesmente diga
"Senhor, torno-me para ti." Isso é tudo o que você precisa fazer para se assegurar de que Ele se tornará
para você. A palavra tornar nas Escrituras é uma pequena palavra, muito simples, significando "procurar ou
chamar". Uma boa ilustração da palavra seria eu pegar o telefone e chamá-lo. Ao fazê-lo, eu me torno para
você, e se você atender ao telefone, então terá se tornado para mim. Tornar-se para o Senhor é tão simples
como pegar o telefone e chamá-lo. Quanto esforço é pegar o telefone, teclar os números, e esperar pela
resposta? Está ao alcance da maioria das pessoas.
Deus não é um Deus de remédios obsoletos, mas nos dá o necessário a qualquer momento.
Precisamos buscá-Lo e nos voltarmos a Ele momento a momento, ficando em constante comunhão, para
receber Sua ajuda constante.
Podemos olhar para Escrituras que mencionam áreas específicas de derrota. A prescrição de Deus
em cada uma das passagens listadas na próxima página é a mesma - voltar-se. Então Ele dará o resultado.
Ao olhar a lista, você achará itens na coluna "Problema" que se aplicam a você. Confio que você verá que a
solução para todos esses é voltar-se ao Senhor para receber a solução prometida. Há o engano de que
você pode obter essas coisas listadas como "Resultado" através de algum plano ou métodos próprios, mas
simplesmente não é assim. Se isso fosse possível, então Deus perderia seu baluarte em nós, e logo iríamos
seguir nossos próprios caminhos. Precisamos nos assegurar de que o resultado seja a proximidade a Deus,
e quando essa proximidade for obtida, naquele ponto e em Seu próprio tempo, Deus é livre para retirar o
problema. Deus procura a proximidade com todos os homens, não apenas uns poucos escolhidos.
Entretanto, apenas uns poucos é que se submetem ao propósito de Deus de ser trazido para perto através
dos problemas.

Texto

Problema

Resultado

Deuteronômio 4.30-31

Angústia

Misericórdia

Deuteronômio 30.40-6

Maldição

Restauração, libertação

l Samuel 6.4

Doença

Saúde

l Samuel 7.3

Opressão

Libertação

l Reis 9.4; 8.50 (1)

Pecado

Perdão

1

I Reis 9 tem apenas 28 versículos...
II Crônicas 6.24-38

Falta de Compromisso

Compromisso total

II Crônicas 30.6-9

Preocupação

Compaixão
crianças

Jó 22.23

Perdição Injustiça

Restauração Justiça

Salmo 6. 3-4

Perturbação

Resgate

Isaías 19.22

Não ser escutado

Resposta de Deus

Isaías 44.22

Transgressão

Limpeza

Idolatria

Redenção

Isaías 55.7

Maldade

Perdão

Jeremias 3.12

Fracasso

Substituição da ira pela graça

Jeremias 3.22

Infidelidade

Fidelidade

Jeremias 15.19

Comunhão Quebrada

Restauração

Jeremias 24.7

Coração dividido

Coração íntegro

Oséias 6.1

Ferida

Cura

Oséias 14.1

Tropeço

Libertação do pecado

Malaquias 4.6

Famílias divididas

Corações restaurados

pela

família

e

Problemas nos Preparam para o Serviço de Deus
O Livro de Juizes registra uma história muito notável. Sansão, a caminho de Timnate, foi
surpreendido por um leão jovem que veio em sua direção rugindo, mas "o Espírito cio Senhor se apossou
dele, de modo que ele, sem ter coisa alguma na mão, despedaçou o leão como se fosse um cabrito." (14.6).
Sansão foi surpreendido pelo leão, mas talvez igualmente surpreendido pelo que aconteceu quando o
Espírito de Deus veio sobre ele. Algum tempo depois, quando voltou por aquele caminho "nele havia um
enxame de abelhas, e mel." (v. 8) Sansão comeu até se saciar, e ao achar seu pai e sua mãe, também os
alimentou. Sansão ficou tão impressionado com toda essa aventura a ponto de compor uma charada sobre
ela: "Do que come saiu comida, e do forte saiu doçura." (v. 14) A besta que o destruiria tornou-se uma fonte
de sustento para ele e seus parentes.
É-nos dito em I Pé 5.8, "O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e
procurando a quem possa devorar". O diabo, como o leão de Sansão, pode parecer vir do nada na forma de
um problema, uma tentação ou pecado, uma circunstância, ou mesmo uma pessoa, com um propósito: para
devorar. Entretanto, se permanecermos firmes no meio do que poderia parecer um ataque avassalador, o
Espírito do Senhor nos libertará. "E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória,
depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer" (I Pé
5.10).
Depois de termos vencido, podemos não ser capazes de discernir a razão do problema por
semanas, meses, ou, talvez, enquanto estivermos neste mundo. Mas o não saber pode, em si, nos
impulsionar para que "cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo." (Ef 4.15)
Ao visitar a Índia, fiz a um de meus mentores uma pergunta teológica. Sua resposta imediata foi
"Antes de fazer a pergunta, precisamos discernir se haverá algo de valor obtido pelo entendimento que a
resposta trará!" Depois de refletir, respondi que a pergunta não afetaria diretamente minha vida ou as vidas
dos outros. O irmão disse "Então essas coisas não são para nós." Fiquei impressionado com o quão
confortável ele estava em não ter uma resposta.
Há muitas coisas que questionamos e tentamos entender que não são para o nosso conhecimento.
A resposta, se recebida, nos beneficiaria muito pouco. Por exemplo, podemos perguntar por que uma
pessoa mais chegada morreu. Mesmo que Deus nos fosse dar uma resposta direta, não diminuiria nossa
tristeza, porque apenas Ele o pode fazer. À medida que amadurecemos, nós nos contentamos com muitas
questões sem resposta.
No tempo perfeito de Deus descobriremos que os problemas que no começo pensamos nos
destruiriam na verdade nos fortaleceram e tornaram-se mesmo uma fonte de força para outros. Podemos
então dizer como Sansão "Do que come saiu comida, e do forte saiu doçura." Sem o treinamento que vem
de viver com problemas, é impossível para o povo de Deus ser fonte de vida para outros. Precisamos lutar
com os desafios, se quisermos servir aos outros. "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para
que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós
mesmos somos consolados por Deus." (II Co 1.3-4)
Depois de ler os escritos de Paulo e examinar sua vida, podemos dizer, com confiança, quão
grande ensino vem de grande fraqueza e sofrimento. Ensino poderoso pode ter-se desenvolvido na mente,
mas tem de amadurecer no coração. Esse processo raramente acontece fora das dificuldades.
Nas montanhas temos um cogumelo chamado bufa-de-lobo. É cheio de vida, mas ávida nele não é
liberada até que o cogumelo seja completamente seco e esmagado pela pata de um alce ou por um ramo
que cai. Então a chuva seguinte pode trazer nova vida de fungos para cobrir o chão da floresta.
Assim é conosco. As experiências de esmagamento liberarão o poder da vida que temos por dentro
para brotar em vida ao nosso redor: "pois nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor
de Jesus, para que também ávida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal." (II Co 4.11)
No tempo em que o Novo Testamento foi escrito, fundidores aqueciam o ouro para extrair as
impurezas. Depois de esfriar, o ouro era aquecido de novo e mais impureza retirada. Esse processo
continuava até que o fundidor pudesse ver seu reflexo no ouro, quando tinha certeza de que estava puro. O
ouro não aumentava a cada aquecimento, porque sempre existira no minério. Antes, era revelado.
Assim o crente a cada momento possui tudo de Cristo que possa jamais querer. Entretanto ávida
própria impede a expressão da grande recompensa abrigada dentro de cada crente. Deus precisa remover
tudo o que não é dEle através de fundições periódicas (problemas). Quando termina o refino, mais de Cristo
é revelado no Crente. O processo é repetido vez após vez.
O crente que desistiu de resolver seus próprios problemas permite que eles o levem para perto de
Deus para que Ele os resolva. Torna-se um filho precioso para Deus. "...na qual exultais, ainda que agora
por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a vossa fé,
mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na
revelação de Jesus Cristo" (I Pe 1.6-7). Esse crente experimentará a promessa de Jesus, "Em verdade, em
verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do
que estas; porque eu vou para o Pai" (Jo 14.12). Para alguém assim, a vida própria foi substituída pela vida
de Cristo, e ele participa no trabalho de Cristo na Terra. É preciso deixar claro para todos que desejam
desfrutar de tal vida que o processo de tornar-se espiritualmente produtivo inclui problemas. Antes de
termos problemas e sermos convencidos de nossa própria fraqueza em enfrentá-los, raramente podemos
ver qualquer de nossas falhas. Temos justiça própria. Mas uma vez convencidos de nossas próprias
deficiências, nós nos identificaremos com pecadores, teremos compaixão deles, e nos entristeceremos com
seu pecado. Não é suficiente que odiemos o pecado com o ódio de Deus, como muitos ensinam; temos
também de amar os pecadores com o amor do Filho de Deus. Problemas nos trarão a uma posição de
serviço frutífero naquele amor.

Problemas Constroem Nossa Fé
Muitos crentes lamentam sua falta de fé para o trabalho para o qual Deus os chamou. Querem mais
fé para serem mais produtivos. Freqüentemente as circunstâncias difíceis são exatamente o que Deus usa
para construir sua fé.
Todas as coisas recebidas de Deus têm de ser recebidas pela fé. A despeito de como as coisas
apareçam, devemos confiar que serão nossas. As Escrituras estão cheias de promessas para os filhos de
Deus, mas, freqüentemente, quando tentamos tomar uma promessa e guardá-la como nossa, um problema
acontece que parece negar o cumprimento da promessa. O que acontece é bem simples: Deus está
edificando nossa fé. Se toda promessa fosse imediatamente realizada, como cresceríamos em fé?
Imagine colocar uma barra de doce aos pés da cama de uma criança e dizer que amanhã você lhe
dará o doce para comer. Sua promessa de providenciar, no dia seguinte, o doce prometido, exige fé da
criança? Certamente não, porque a criança já pode ver o doce.
Deus nos dá uma promessa, mas não podemos ver imediatamente sua realidade, porque "a fé é o
firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem." (Hb 11.1) Ele então
permite um problema que pareceria reverter Sua promessa, mas, se permanecermos firmes em nossa
crença, nossa fé será edificada. Assim, freqüentemente, descobrimos que experimentamos uma reversão
da promessa antes de recebermos seu cumprimento. Esse é o processo que edifica a fé em nós como povo
de Deus e, no fim, faz nossas vidas verdadeiramente abundantes.
Estão registrados nas Escrituras alguns exemplos desse princípio atuando nas vidas do povo de
Deus. Refletir sobre eles vai nos ajudar a entender mais facilmente o conceito. Abraão sofreu muitos
revertérios, mas permaneceu firme nas promessas de Deus, até receber seu cumprimento. Ele cria que
Deus lhe daria a terra, e, crendo, essa pequena coisa tornou-se a semente da qual sua fé em um Deus
infinito iria tornar-se grande. Essa é uma mensagem que Abraão traz a todos os crentes: se confiarmos em
Deus num assunto pequeno, esse pequeno assunto será o começo de bênçãos grandes e magníficas. O
que aconteceu, entretanto, depois que ele recebeu a promessa da terra? Teve de deixá-la por causa de
uma fome, deu a seu sobrinho a escolha da terra, e teve de ir lutar numa guerra. Finalmente nós o
encontramos perguntando "Ó Senhor Deus, como saberei que hei de herdá-la?” (Gn 15.8)
Foi prometido a José, num sonho, que seus pais e irmãos se curvariam perante ele; mas muito
sofrimento, rejeição - inclusive rejeição despreziva da parte dos próprios irmãos que ele sonhara o
honrariam - e humilhação ocorreram entre a promessa e seu cumprimento.
Embora perturbado, Moisés creu que Deus o enviava para libertar os israelitas do Egito, mas, antes
que visse a missão cumprida, os sinais e maravilhas que lhe foram dados pelo Senhor foram igualados
pelos mágicos de Faraó, e os israelitas se lhe opuseram por torná-los detestáveis aos olhos de Faraó.
Depois que Samuel ungiu Davi, porque o Senhor o escolhera para rei, Davi levantou-se e sentou no
trono? Não. Antes de tornar-se o governante, ele foi ameaçado de morte por Saul, vez após vez. Em sua
situação, sua habitação, em nada habitação de rei eram cavernas, e ele tornou-se conhecido íntimo das
dificuldades e obstáculos de vários tipos.
O Espírito Santo separou Paulo para cumprir Seu trabalho. No processo, Paulo foi expulso de uma
cidade, apedrejado até parecer morto, naufragou e foi aprisionado.
Por que Deus trama tais coisas? Na verdade é muito simples: Deus adora promover, alimentar, e
aumentar a fé. Ele tem grande alegria e prazer em quem, ao receber a promessa e depois a adversidade,
permanece firme, apesar da mais negra circunstância, confiando e meditando na Palavra de Deus.
Em minha própria vida notei que Deus freqüentemente me leva a desejar servir de uma maneira em
particular, deixando claro que Ele chamou. Então experimento problemas. Houve vezes em que me desviei
e não recebi a bênção, porém mais e mais me descubro permanecendo firme, esperando ansiosamente
pela realização.
Há muitas áreas de nossas vidas onde podemos ver esse princípio em ação, porque há muitas
promessas que Deus fez a todos os crentes. Por exemplo, nossos filhos. "Instrui o menino 110 caminho em
que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele." (Pv 22.6) Sem dúvida, quando criamos
nossos filhos, há muitas vezes em que pensamos ver o fracasso dessa promessa. Entretanto, se
permanecermos firmes na fé, sabendo que o fracasso freqüentemente vem antes, podemos permanecer
com a maior paz no meio da calamidade. Essa é a confiança que vejo no pai do filho pródigo (Lc 15.11-32).
Ele seguramente ficou perplexo com o comportamento ímpio do filho, mas ainda tinha confiança tranqüila
em Deus.
Podemos experimentar adversidades pessoais tão severas, que chegaremos a crer que o
cumprimento de uma promessa nunca poderá ocorrer. Veja o que Pedro teve de passar depois de ter
recebido o seguinte do Senhor: "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue
quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do
reino dos céus..." (Mt 16.17-19). Você consegue imaginar como Pedro se sentiu depois de tal promessa do
Filho de Deus? Mas imediatamente as adversidades começaram. O mesmo Senhor olhou para ele e disse:
"Para trás de mim, Satanás", e depois "Esta noite (...) me negarás." Pedro permaneceu tão firme quanto
conseguiu, naquela ocasião, e depois. Acima de tudo, Pedro recebeu o cumprimento da promessa de Deus.
A história da igreja é repleta de santos que tiveram episódios de grandes adversidades em suas
vidas pessoais, seus casamentos, suas famílias, no ministério e na saúde. Andaram pela fé e não por vista,
sabendo que quando as promessas são finalmente cumpridas, as lições mais profundas de fé ao longo do
caminho que têm o mais alto valor.
O que Deus lhe prometeu; o que Ele levou-o a fazer? Há em, seu coração, um anelo por ministrar?
Então se anime! Ele realizará tudo o que você desejar uma vez que você tome a posição de se entregar a
Ele em total confiança e fé. Não tema as adversidades que os problemas trazem. Permaneça firme nelas e
receberá, não como uma criança mimada mas como uma pessoa de fé.
Precisamos chegar a ver que as dificuldades são uma parte integral da fórmula para o crescimento
na vida de todo crente. Obstáculos não significam que uma pessoa tenha sido abandonada, nem indicam
que ela tem menor importância ou menos bênção de Deus. Na verdade tal crente está prosseguindo para
agir no âmbito de um chamado maior.
Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, sabendo que
aprovação da vossa fé produz a perseverança... Tiago 1.2-3
Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa
da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam. Tiago 1.12

Capítulo 3
O Funil de Deus
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram
por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Mateus 7.13-14

Jesus indicou que há dois caminhos que os homens podem seguir: o caminho largo que leva à
destruição e o caminho estreito dirigindo-se à vida. Cristãos são levados do caminho largo para o caminho
estreito através do que chamo de funil de Deus. Quando você quer encher uma garrafa de gargalo estreito
com água de uma vasilha grande, um funil concentra e força o líquido para dentro da abertura pequena
precisamente como você quer, sem desperdiçar uma gota.
Deus tem um funil, por assim dizer, que Lhe permite pegar você (uma criatura muito pequena) das
massas da humanidade e colocá-lo exatamente onde Ele o quer. Se você pudesse analisar, descobriria que
o funil de Deus é feito de vários problemas: pessoas, eventos, circunstâncias adversas, situações
exasperantes na igreja, pressões financeiras, fracassos, pensamentos, casamentos doentios, saúde fraca, e
situações familiares desgastantes, só para citar alguns. Todos esses problemas são planejados para levar
você, o cristão, mais e mais para o caminho estreito que leva mesmo à presença de Deus, onde os
problemas não serão mais preocupação, mas oração, alegria e louvor serão o prato do dia.

Rejeitando o Funil
Muitos cometem o erro de se rebelarem contra os problemas que descobrem ao seu redor em vez
de submeter-se ao propósito de Deus. Notam-se várias atitudes, quando cristãos são cercados por
dificuldades. Alguns, com grande esforço, começam a lutar contra o funil. Criam toda sorte de métodos e
trabalham até a exaustão, esperando se livrarem do que quer que lhes cause tanto tormento. Não
aprenderam que Deus não faz nada a respeito dos nossos problemas, se tentamos resolvê-los por nós
mesmos.
Desde que Ele é o único capaz de resolver o problema, o cristão autoconfiante está na terrível
situação de estar tão confiante em sua própria força, que não pode permitir a Deus que providencie a
solução. Afinal, um cristão assim carrega um saco invisível de truques contendo todos os métodos que ele
desenvolveu para lidar com emergências: controle, manipulação, religião, ira, fuga, depressão,
ressentimento, bloqueio emocional, absorção ou distribuição de culpa, e por aí vai. Se Deus permitisse que
algum desses truques resolvesse o problema, então estaria dando Sua aprovação a ferramentas tão
patéticas para se viver, enquanto ao mesmo tempo, encorajando o desejo de alguém ser auto-suficiente. É
importante que Deus não permita que os truques ajudem o cristão a superar os problemas.
É fácil encontrar aqueles que experimentam o fracasso de seus truques, porque ficam bravos,
retraídos e deprimidos, e freqüentemente retornarão aos velhos pecados do passado, na esperança de que
darão algum alívio. Se experimentarem mesmo a mais tênue sombra da diminuição do incômodo, irão mais
uma vez trabalhar no problema, a todo vapor, com seu saco de truques. De fato, esses cristãos têm de ser
curados do que na realidade é um estado de idolatria; um ídolo sendo, simplesmente, aquilo a que alguém
recorre, além de Deus, quando em problemas. Esses ídolos são variados e podem incluir coisas como
comida, discussões, retraimento, controle, ou trabalho duro. Pequenos sacos de truques reservados para
resolver os problemas da vida na verdade nada mais são que ídolos, cuja eficácia Deus nada fará para
comprovar.
Simplesmente não temos os recursos dentro de nós para superar nossos problemas e viver
abundantemente. Há uma lição a ser aprendida dos fariseus, que possuíam a mais religiosa, disciplinada, e
educada vida própria. Entretanto rejeitaram o próprio Deus quando ficaram face a face com Ele, e são prova
de que a carne não tem valor na tentativa de resolver conflitos.
Alguns se acostumam tanto aos problemas que chegam de fato a decidir que isso é tudo o que a
vida tem para eles. Podem reclamar de seu sofrimento, gemer e lamentar sobre seus problemas, mas em
todas as suas ações e conversa revelam que estão preparados para permanecer nesse estado miserável,
por acreditarem que a vida no funil é tudo o que jamais experimentarão. Lembrem-se de que o propósito do
funil de Deus é nos fazer atravessá-lo e chegar à Sua presença. Não há vantagem em sermos miseráveis
toda a vida! Precisamos permitir a cada circunstância que nos leve à presença de Deus, onde
encontraremos nosso alívio.
Quando vê a mão de Deus no meio da turbulência, uma quieta confiança vem sobre o cristão. Isso é
diferente de se acomodar no meio da aflição, que para muitos se torna uma atitude-filtro através da qual se
enxergam o mundo e os outros. Uma vez que o cristão decide que seu quinhão na vida é ser miserável,
cada evento parece confirmar essa teoria.
Muitas vezes vemos essa atitude-filtro em casamentos. O inimigo trabalha para convencer um dos
parceiros de que não há esperança para o casamento. Uma vez que essa mentira é aceita, qualquer coisa
que lhe seja dita passa pelo filtro e é distorcida para confirmar a mentira de que o casamento jamais
melhorará.
Imagine uma fábrica colocada em sua cabeça, suas orelhas representando duas portas largas, uma
para receber e outra para enviar. O produto dessa fábrica é tormento. Se uma carga de tormento é deixada
na porta de recebimento, é processada na fábrica e chega à porta de despacho como tormento refinado.
Isso não surpreende. O que é interessante, entretanto, é que quando se deixam rosas na recepção e elas
processadas na fábrica também saem como tormento. Acontece algo oculto na fábrica que pode
transformar uma rosa em tormento, um beijo em tormento, ou amor em tormento.
Freqüentemente encontro a fábrica de tormento funcionando em pais, revelada em sua ira quanto a
fatos insignificantes como uma mangueira de jardim deixada no quintal, uma bicicleta estacionada no meio
da garagem, um trabalho deixado pela metade. Num casamento a ira pode vir de um objeto deixado em
lugar inadequado, de pressão financeira, de uma palavra dura, de uma tarefa não iniciada. No trabalho, a ira
pode vir de um colega rude, da falta de satisfação na função, ou mesmo de uma vaga de estacionamento
ocupada.
Muitos homens de idade entre trinta e quarenta anos estão insatisfeitos. Alguns se referem a isso
como crise da meia-idade, onde uni homem começa a temer que sua vida alcance um ponto no qual a
realização de suas esperanças, sonhos e desejos não seja possível. O homem fica verdadeiramente irado
contra si mesmo por sua própria inabilidade de realizar seus sonhos, mas tudo isso permite ao inimigo
construir uma fábrica de tormento dentro dele, fazendo com que o homem culpe a mulher e filhos por
sobrecarregá-lo com a responsabilidade de prover-lhes o sustento com um trabalho que ele odeia
completamente. O raciocínio é este: "Se minha esposa e filhos são a causa de meu tormento, devem ser
deixados de lado ou ao menos devem ser alvos de toda a minha frustração." Com a fábrica de tormento em
operação plena, o homem não consegue aceitar sua mulher, seus filhos, seu trabalho e as circunstâncias
em que se encontra com um coração grato e alegre. Ele é incapaz de ver que Deus lhe deu a esposa, os
filhos e o trabalho e que estar bravo com eles é estar bravo com Deus.
Precisamos perceber que o que consideramos ser uma vida abundante e valiosa raramente será
assim considerada por Deus. Aceitar com alegria e gratidão onde estamos hoje, como vindo das mãos de
um Deus de amor que sabe exatamente do que precisamos, nos permite encontrar a paz. Uma vez que
desenvolvamos a atitude de que todos estejam contra nós, todos os fatos parecem provar que a vida é
miserável, Deus não está presente, e nada jamais mudará. De fato, alguns de nós, mesmo
inconscientemente, criaremos situações só para provar nossa falsa teoria; crendo que somos inúteis e
malquistos, começamos a agir de modo que outros nos evitem ou nos rejeitem abertamente.
Há aqueles que realmente gostam de seus problemas e, por medo de perdê-los, nunca tentam se
submeter a Cristo. Alguns usam problemas mentais e emocionais para obter aceitação e atenção da parte
de todos e manter-se no centro das atenções o tempo todo.
Uma vez visitei um homem que foi colocado numa instituição psiquiátrica e diagnosticado como
incurável. Seus pais me disseram que, embora continuassem a visitá-lo regularmente, seu filho não os
reconhecia mais e não conseguia "processar" nada do que lhe era dito. Depois de gastar alguns minutos
com aquele jovem, disse-lhe não crer que ele estivesse doente, mas que estava usando a situação para
controlar a família. Imediatamente ele ficou muito bravo e começou a argumentar veementemente comigo
que ele estava na verdade muito doente. Achei essa habilidade em argumentar interessante frente à certeza
da família de que ele não conseguia manter uma simples conversa.
Há muitos cristãos que mostram misericórdia pelos feridos, como devem. Infelizmente, muitas vezes atraem
quem não tem intenção de superar seus problemas e chegar à presença de Deus, mas querem consumir
tanto tempo dos cristãos amorosos quanto puderem.
Rendendo-se ao Funil
Por que sofremos? Por que Deus ainda não nos libertou? Por que Ele ainda não mudou essa
pessoa ou situação impossíveis? Será que Ele ainda não completou em nós o trabalho que será realizado
pelas circunstâncias e situações? Poderia ser que ainda não nos desiludimos de sermos libertos por nossos
ídolos? Será que ainda temos de nos render ao funil?
Veja o seguinte. Imagine tomar um curso de doze meses chamado "Levado à Sua Presença" Você
sofreu muito para completar nove meses do curso e agora reclama de quão difícil é. Deus poderia liberá-lo
da sala de aula; se o fizesse, os nove meses do curso seriam desperdiçados, e você teria de fazê-los
novamente depois. Isso é o que você quer de verdade, ver seu sofrimento dar em nada e repetir-se depois?
Nunca! Fique firme até que o curso se complete.
Um irmão me contou que quando era menino, no Brasil, sempre quisera ter um cachorrinho sem
rabo. Um dia seu pai lhe trouxe o esperado cachorrinho, mas com rabo. Ele perguntou a seu pai sobre o
problema e recebeu um canivete com a instrução, "Corte-o fora, perto da cerca." O menino levou o
cachorrinho para fora, mas ao pensar na situação ficou triste, não querendo causar dor ao cachorrinho. Ele
ainda queria um cachorro sem rabo e decidiu fazer o que parecia perfeitamente lógico para uma criança.
Em vez de causar grande desconforto cortando a cauda toda de uma vez, ia causar menos sofrimento
cortando-a um pouquinho de cada vez!
Veja, muitas pessoas recusam a dor do momento, junto com a possibilidade de superá-la
definitivamente, escolhendo a dor prolongada. Cada pessoa deve permitir que os problemas que Deus lhe
preparou a levem à Sua presença. Se Deus é verdadeiramente amoroso não liberará ninguém antes de
terminar o trabalho.
Costumava sentir-me frustrado, quando mudava para um nova cidade e começava a procurar um
emprego. "Por que, Deus, quando sabes qual o trabalho que tens para mim, me fazes continuar a procurar?
Não podes simplesmente me levar ao lugar certo, sem toda essa procura?" Não! Ele não podia me mostrar
o trabalho, até que eu tivesse desistido de todos os meus esforços e qualidades (ídolos) que sentia ser útil
para assegurar um emprego. Deus precisa nos colocar em situações que nos façam desistir de nós
mesmos, e então Ele nos dará a resposta que é Ele mesmo. Jesus é a resposta da qual se origina uma
resposta para cada situação; quando nós O temos, muito pouco é necessário.
Você se lembra de que os homens pendurados nas cruzes ao lado da cruz de Cristo tiveram de ter
suas pernas quebradas? Quando os romanos crucificavam alguém, enfiavam um cravo em seus pés, e, se
o crucificado tivesse força de vontade suficiente, podia colocar seu peso sobre esses cravos, embora isso
cansasse dor, evitando a asfixia e permanecendo vivo por mais tempo. Isto é, através da dor a pessoa
prolongava sua dor.
Não é essa a condição de muitos? Através da vontade própria, preocupados apenas com o que
percebem ser seu melhor interesse, são capazes de prolongar a própria dor da vida. Cristo, por outro lado,
não estava cheio de vontade própria, mas depositou Sua vontade aos pés de Seu amoroso Pai. Se o Pai
colocou o Filho num lugar tal como a cruz, o Filho o aceitou, esperando e agradecendo a Deus pela
libertação que, estava certo, viria. Ele seria levantado do túmulo, vencendo a morte.
Precisamos também chegar ao lugar de rendição onde a vontade própria cede lugar à vontade de
Deus. Para chegar a esse ponto podemos precisar de alguma ajuda como os ladrões em suas cruzes.
Apenas quando os soldados viam a cena patética de uma pessoa crucificada tentando manter sua dolorosa
existência, é que quebravam suas pernas para livrá-lo de seu tormento. Enquanto há qualquer força
restante, o crucificado luta pela vida; algumas vezes precisa da ação de outro para efetuar a morte.
Você precisa ter as pernas da vida própria quebradas? Sua vontade é tal que você não consegue
desistir de si mesmo? Você precisa da ação de outro para livrá-lo de seu próprio tormento? O Espírito Santo
fará exatamente isso através das circunstâncias e dos relacionamentos. Uma vez que você desista e aceite
a morte que essas coisas ajudam a produzir, a vida verdadeira — vida de Cristo — virá, porque o propósito
do funil é levá-lo para perto dEle.
Resumindo, por que você sofre? Porque você não é um dos "muitos chamados", mas um dos
"poucos escolhidos". Você sofre porque Deus em Seu amor o vê como alguém precioso e especial que Ele
quer para Si. Pense nisso! Você, entre milhões de pessoas, foi chamado para conhecer a Deus de um
modo mais profundo. Para que isso ocorra, você precisa chegar ao fim de si mesmo. Uma vez que veja a
glória disso, você O louvará pelos acontecimentos, cada um deles, que o trouxeram até aqui. Renda-se ao
funil com seu propósito de trazê-lo perto.

A Linha de Montagem de Deus
Há dois métodos predominantes de discipulado hoje. Um é o método do homem, análogo a um
molde. Moldes produzem objetos que se parecem consigo mesmos. Os objetos podem ser atraentes, mas
não há variações. Cada um é exatamente como o que veio antes. O discipulando pode procurar reproduzir
a pessoa que está fazendo o discipulado com um molde feito de vários métodos que provaram ao moldador
(o mestre) serem mais valiosos, como a memorização da Escritura, o testemunho, roupas adequadas,
utilizar frases particulares, e demonstrar talentos desejados. O resultado final é produzir uma réplica do
mestre. Escolas de evangelismo podem querer criar réplicas de evangelistas; escolas de missões dinâmicas
podem tentar moldar missionários dinâmicos. A igreja está atulhada de programas que prometem reproduzir
na vida do pupilo o que quer que o autor ou professor possua em certa abundância. Essa é uma forma de
discipulado.
Há outra forma de discipulado: o método de Deus para criar pessoas úteis consiste em atenção
individualizada ao longo de um período de tempo. Imagine ter dois pedaços de argila ambos em forma de
quadrado. Se você tivesse um grupo de 150 pessoas e passasse um pedaço de argila, por elas, pedindo a
cada pessoa para fazer qualquer impressão nele, seria interessante notar como a argila mudaria à medida
que passasse. Alguns a apertariam, mudando completamente sua forma; outros poderiam fazer uma
impressão bem leve com seus dedos; outros poderiam tentar fazê-la voltar a sua forma original. Quando o
pedaço de argila tivesse acabado de circular e fosse colocado ao lado do outro pedaço que permaneceu
intocado, qualquer um poderia duplicar, no pedaço intocado, as exatas impressões do pedaço manuseado?
Claro que não! O pedaço que circulou foi moldado pelas adições sucessivas do toque de 150 pessoas.
Assim é com o método de discipulado de Deus. Não somos formados por um único molde que
rapidamente nos faz como todos os outros; antes, somos moldados cada um unicamente.
Imagine qualquer cristão como uma porção de argila nas mãos de Deus. Ele passa a argila pela
oficina do oleiro, que está cheia de gente, uns com martelos, outro empunhando problemas, outros
tentações, outro portando curativos. Podemos nos surpreender ao descobrir que se permite a entrada de
demônios na oficina, assim como doença física. Enquanto Deus tem a porção de argila em suas mãos, Ele
chama várias pessoas e fatos. Apenas aqueles a quem Deus chama tem permissão de ir fazer sua
impressão na argila. Algumas vezes ela é atacada, e sua aparência se torna distorcida e feia. Outras vezes,
uma beleza escondida, nunca antes imaginada, começa a emanar dessa simples porção de argila. Através
desse constante apertar, esmagar e moldar, encontramos algo bastante útil e muito belo, uma expressão
perfeita do próprio coração do Oleiro mesmo. Ele criou algo para Sua glória, algo que o expressasse, e algo
para um bom trabalho muito especial. No fim, o objeto criado é cheio de vida e não pode olhar para trás
irado diante de algum fato ou pessoa, por parecer, à primeira vista, machucá-lo ou distorcê-lo. Em vez
disso, essa bela criatura gloria-se somente no Senhor, não desejando criar outro como ele mesmo, mas
encorajar outros que a se submetam à mão de Deus para serem feitos algo útil, belo e único.
É interessante que um dos maiores missionários que jamais viveu foi instruído a não ir para o
campo missionário porque não tinha o treinamento necessário. Ele foi, deixando que Deus o desenvolvesse
no que Ele quisesse. Agora existe uma escola de missões com seu nome, que tenta moldar outros grandes
missionários à sua imagem. Mas ninguém alcançou a estatura do cristão em cuja honra a escola foi
fundada. Por quê? Porque esse homem permitiu a Deus que o transformasse de uma porção de argila num
discípulo útil. Um molde criado por homens nunca pode produzir tal obra-prima.
Não há chamado maior para um cristão de que se submeter ao trabalho de Deus em sua vida e
encorajar outros a fazerem o mesmo. Aqueles que conhecem o potencial de uma porção de argila não
estão ansiosos para colocar essa argila num molde e reproduzir o que acham importante. Eles sabem que a
argila precisa ser moldada por Deus ao longo do tempo. Esses mestres estão satisfeitos em não moldar,
mas em deixar na argila a impressão que Deus os criou e capacitou a fazer. E quando é sua vez de serem
moldados, recebem as marcas com alegria, sabendo que estão sendo mudados e desenvolvidos de acordo
com a vontade de Deus.
Não veja esse processo apenas como problemas e dor; mantenha o alvo em mente: a bela pessoa
que o Artesão Mestre está criando. Seja encorajado por aquilo em que você está se transformando: a
expressão de Sua beleza é um vaso produtivo nEle.
"Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos de
lado todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que
nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossajé, o qual, pelo gozo que lhe
estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus."
Hebreus 12.1,2

Parte 2
Obstáculos no caminho estreito
Uma vez que concluamos que não há esperança de superar nossos problemas por nós mesmos, e
uma vez que sejamos levados a Deus para a solução de nossos dilemas, nos moveremos para fora do funil
de Deus, para o caminho estreito que leva à Sua presença. Enquanto abordarmos um problema com todas
as nossas forças, o inimigo contenta-se com deixar-nos sozinhos. Uma vez que percebamos, entretanto,
que a libertação reside em Deus e começamos a jornada em direção à Sua presença, o inimigo fica muito
preocupado; o crente que vive na presença de Deus é "mais que vencedor". Portanto, o inimigo coloca uma
série de obstáculos no caminho estreito tentando fazer retroceder o candidato a vencedor.
Como discipulei centenas de crentes em diversos países e culturas, foi interessante notar que há
uma constância nos obstáculos que o inimigo erege para atrapalhar os cristãos em sua jornada para viver
do poder que é deles perante o trono do Pai. Vejamos agora alguns dos obstáculos mais comuns.

Capítulo 4
Medos
Medo de Rejeição
Há muitos que entendem a necessidade de estar perto de Deus, entretanto temem essa
possibilidade; vivem continuamente uma vida de fuga- Por que alguém não adoraria viver cada dia
deleitando-se na glória de seu Salvador? Para muitos, o medo exatamente desse encontro tem suas raízes
na rejeição, que os deixou com medo de que, uma vez que estejam perto de Deus, Ele também os rejeite. O
raciocínio vai na seguinte linha: "Doerá quando Deus me rejeitar; portanto, evitarei Deus, evitando, assim, a
dor da rejeição." Esse medo foi revelado em Adão depois de seu pecado ('Tive medo ...e escondi-me", Gn
3.10) e de novo em Pedro ("Retira-te de mim...", Lc 5.8). Claro que há alguma relevância nesse raciocínio,
porque quando falhamos com outros, eles na maioria das vezes acabaram nos rejeitando. Sabemos que
falhamos com Deus, então supomos que Ele nos rejeitará. Deus, entretanto, não age como um homem e
não deve ser julgado como um homem. Ele que o está levando à Sua presença é um Deus de compaixão;
Ele certamente não o rejeitará, quando você chegar.
As pessoas fogem do homossexual, da prostituta, da mulher controladora, do fofoqueiro, do
alcoólatra, do orgulhoso, e do santarrão, mas Deus não evita nenhum deles. Apesar de seu comportamento
ser pecaminoso, eles precisam entender que Deus sente sua dor. A compaixão de Deus O enche de dor,
quando vê o ápice de Sua criação vivendo em tormento.
Não pense nem por um momento que, quando Deus o vê cercado de problemas e miséria, Ele não
se comove com sua condição. Ele escolherá esperar e agir somente quando seu propósito final tiver sido
cumprido e essas circunstâncias levarem-no para Seus braços de amor. O conforto que você receberá
aliviará a memória dessas lembranças terríveis.
Imagine que Deus tem um balde com seu nome escrito. Cada dia que você sofre, o balde é
lentamente preenchido com Sua compaixão. No tempo certo, quando o sofrimento produziu tudo o que
Deus planejara, o balde cheio será derramado sobre você.
Testemunhei esse princípio em ação freqüentemente na vida dos cristãos. Uma tarde um homem
entrou em meu escritório e anunciou que eu realmente não seria capaz de ajudá-lo porque ele não era
cristão. Era óbvio pela tensão no rosto do homem que ele estava no meio de muita tribulação. Ele
compartilhou alguns fatos de sua vida, que fora cheia de abusos físicos, emocionais e mentais por seu pai
psicótico. Esse homem achava que Deus fosse bem como seu pai terreno, então não espantava que ele
não tivesse intenção de se tornar cristão. Sentado lá, meu espírito teve consciência de que o balde de
compaixão de Deus tinha finalmente se enchido para esse homem. Deus não ia tolerai- mais sofrimento.
Precisei apenas abrir minha boca e compartilhar a mais simples das verdades cristãs para ver o homem ser
preenchido pelo amor e compaixão de Deus. O querido irmão tinha sido tão ferido que mal podia expressar
qualquer emoção, mas notei que uma pequena lágrima corria de seu olho. Sim, uma lágrima muito
pequena, mas representava para esse homem a última gota no balde, agora cheio até transbordar.
Acabara! Os problemas tinham servido tanto a Deus como a esse homem. O Senhor estava agora
satisfeito, tendo recebido a vida do homem, e o homem estava agora satisfeito, tendo recebido a vida de
Deus. Tudo isso fora possível por causa dos problemas.
Nunca deixe que o inimigo consiga erigir o obstáculo que leva você a acreditar que uma vez que
esteja na presença de Deus Ele o tratará como um homem o trata, porque nosso Deus é um Deus de
compaixão.

Medo da Entrega Total
Muito se escreveu sobre compromisso total com o Senhor da parte do cristão. Eu prefiro a palavra
entrega. Enquanto compromisso implica em que precisamos fazer algo, entrega parece reconhecer que
Deus, e somente Deus, pode realizar o que é necessário. Somos como ramos entregues à videira,
confiando nEle para tudo de que precisamos. Nossa própria vida precisa passar por Ele. Entrega é mais
uma atitude, do que alguma coisa que devamos fazer.
Muitos temem a entrega total que crêem que a proximidade de Deus exigirá; lutam com o desejo de
se apegar a coisas que reservaram para si mesmos e tentaram esconder de Deus. Ou no passado
entregaram a Deus um pecado em particular ou uma situação e tudo pareceu permanecer sem mudança.
Isso levou à desesperança e à conclusão de que se algo deve acontecer, precisam, eles próprios fazê-las
acontecer. As pessoas que tiveram tais experiências têm um visão distorcida do que é, realmente, a entrega
total, porque a associaram ou com a perda imediata ou com resultados imediatos.
Vários anos atrás encontrei uma garota que queria mais que tudo servir a Deus no ministério. Havia
um problema: ela lutava continuamente contra a depressão. Fiz-lhe várias perguntas como "Você gosta de
ser melancólica?", "Há alguma satisfação em estar abatida?" (Porque muitos adoram a atenção que
recebem dos outros e não têm intenção de viver de qualquer outro modo). Perguntei se podia identificar
fatos que tivessem causado o desânimo. Então me voltei para a questão do pecado em sua vida. A todas as
minhas sondagens ela respondeu clara e honestamente, e não havia razão aparente para a depressão.
Fiz-lhe uma pergunta a mais. "Cristo amou seu Pai no céu, mais quando estava no Monte da
Transfiguração, quando seus discípulos viram sua glória, do que quando estava pendurado numa cruz do
Calvário onde morreu?"
Sua resposta foi correta: "Ele não O amou mais nem menos em qualquer lugar."
Expliquei que a entrega é amar a Deus no meio dos tempos ruins assim como nos bons; é amar a
Deus no meio da tristeza ou da alegria, porque Ele é Deus. Então disse-lhe para não mais fazer da
depressão o foco e principal assunto de sua vida, mas fazer Cristo ser tudo. Quando ela parou de se
preocupar com sua incapacidade de servir a Deus por causa de sua saúde emocional inadequada, logo se
achou inconscientemente servindo a Cristo sem reservas. Não aconteceu do dia para a noite, mas
aconteceu.
Precisamos amar ao Senhor tanto durante nossas maiores provações quanto quando somos
surpreendidos por eventos prazerosos. Há muitos cristãos que querem se entregar totalmente ao Senhor
para receber bênçãos constantes, mas quando os eventos se tornam dolorosos tomam de novo o controle
para resolver tudo sozinhos, recusando-se a esperar nEle.
Veja a atitude de Jó, de entrega simples; ele estava determinado a permanecer firme mesmo no pior
dos acontecimentos, circunstâncias e problemas, "...receberemos de Deus o bem, e não receberemos o
mal?" (Jó 2.10) Não importa a que fosse submetido, não queria fraquejar.
Quando a adversidade aparente vem e você resolutamente escolhe entregar-se, não espere que
outros o encorajem em sua decisão. Lembre-se de que a esposa de Jó não apoiou sua posição. Não espere
conforto dos outros; o único consolo que você terá é aquele que Deus dá. Você precisa aprender a amar o
tomar a cruz e negar-se a si mesmo que constitui a entrega total, porque esse amor lhe permitirá manter a
paz, mesmo no meio das experiências mais parecidas com as de Jó.
Se você escolher a cruz, estará escolhendo o Senhor Jesus. Enquanto pratica o entregar-se a Deus
no que Ele lhe trouxer, haverá horas quando você achará a entrega bem fácil, e será capaz de fazê-la com
grande confiança e força. Noutras ocasiões, fará essa entrega em fraqueza com muita luta, mas lembre-se
de que o importante é sua entrega. Na fraqueza ou na força, sua atitude para com Deus deve ser
permanecer e entregar sua vida com um coração grato.
Creio que o homem espiritual não vê bons ou maus acontecimentos, mas vê apenas a Deus. O
inimigo trabalha para que vivamos extremos: nos auto-indulgindo ou negligenciando a nós mesmos;
trabalhando duro para satisfazer nossos colegas ou desistindo e dizendo: "Quem se importa?"; clamando
contra as feias manifestações da carne, enquanto mostramos orgulhosamente outros feitos da mesma vida
própria. O homem entregue, espiritual, reage da mesma maneira ao louvor e à condenação, fraqueza e
força, liberdade e prisão, doçura e amargura, tentação e derrota, dor e saúde, fadiga e deleite, ou incerteza
e um plano definido, porque ele está centrado em Cristo e vivendo para Ele que está acima de tudo o que é
terreno. Ele não deixa nada atrasar seu caminho nem por um momento. Entrega não requer grande força,
mas apenas abandonar-se à força de Deus e viver diariamente consciente dela e experimentando-a.

Medo de Ser uma Esponja
O inimigo persuadiu muitos a crerem que se se entregarem totalmente ao Senhor suas vidas se
encherão de abuso e tormento ao serem afligidas e usadas por outros. Satanás consegue essa brecha
porque poucos cristãos descobriram a bênção que vem de se receber a crueldade que o mundo lhes lança
de ser uma esponja para aqueles ao seu redor.
Uma esponja é usada para absorver. Em vez de deixar a ira, a frustração, ou a amargura fluírem
dele para afligirem alguém mais, o cristão as absorve e impede que se espalhem. A ira é como uma bola
numa partida de tênis. Enquanto cada oponente consegue rebatê-la, sua velocidade aumenta até que
alguém perca. Quando as manifestações da vida própria são rebatidas, há uma grande diferença: nunca
haverá um vencedor, porque na vida cristã não há vencedores, mas apenas perdedores totais e
"perdedores-vencedores". Quando manifesta a carne, ou quando se manifesta a carnalidade de outra
pessoa e o cristão paga na mesma moeda, ele é um perdedor total. Se ele absorve a feiúra da vida de
outros, entretanto, ele descobre que toda a questão pode se encerrar. A mentira comum em que
acreditamos é que ele perdeu, mas na verdade ganhou: é um "perdedor-vencedor", tendo aparentemente
perdido na terra, mas ganhando no reino de Deus. Da mesma maneira Cristo absorveu até a morte o que a
humanidade Lhe impôs, e ganhou para sempre riquezas, poder, honra e glória. Ele pareceu ser um
perdedor, quando foi crucificado; é um vencedor total.
Você quer encerrar o conflito em sua casa, seus relacionamentos, e seu próprio coração? Então
simplesmente seja uma esponja. Ao longo do dia absorva tudo o que vem da carnalidade do homem ao seu
redor e veja a paz de Cristo prevalecer.
Ser uma esponja é ter uma vida abençoada, uma vida de força e caráter verdadeiros. ".. .somos
injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e o suportamos; somos difamados, e exortamos; até o
presente somos considerados como o refugo do mundo..." (I Co 4.12-13). Paulo era um homem de grande
força porque era uma esponja para os que o cercavam.
Há três maneiras de se enxergar o mandamento de amar. A primeira é sob a perspectiva da lei, que
ensina essencialmente a amar ou Deus o punirá. A segunda é sob a perspectiva do desejo de ser feliz
através da obediência à Escritura, amando como você se ama. A terceira e mais alta perspectiva vem da
vida de Cristo, que na verdade o capacita a amar seu inimigo. O primeiro é um bom caminho, o segundo é
um excelente caminho, mas o terceiro é o caminho perfeito de Deus. É o caminho de se tornar uma
esponja, de negar-se, mas não ao Senhor dentro de si.
Uma vez um homem veio a mim preocupado com seu casamento. Sua esposa, ele disse, sempre
dizia coisas que o ofendiam. Esse homem era bem intimidante e enérgico. Ele me contou de várias
situações perigosas em que estivera em sua vida e como sua determinação e força o tinham livrado. Fiquei
realmente espantado enquanto ele falava desses eventos perigosos, porque eu sabia que se eu tivesse
enfrentado as mesmas situações não teria me saído tão bem quanto ele. Ele era corajoso em todos os
sentidos da palavra. Entretanto, quando acabou de falar, respondi chamando-o de maricá e fraco. Ele quase
pulou da cadeira quando se inclinou para a frente e explodiu: "Explique-se!" Eu podia não ter participado
dessas situações perigosas, disse-lhe, mas o verdadeiro teste da masculinidade não estava nessas coisas,
mas no grau em que conseguimos ser esponjas. Disse-lhe que era uma visão patética ver um homem tão
forte reclamando de algo pequeno que sua esposa lhe dissera de uma maneira que não lhe agradara e
pensando em divórcio porque não conseguia absorver palavras duras. Apesar de toda a sua habilidade
exterior, e Oração ele era um fraco.
Quantos casamentos seriam imediatamente transformados, se o marido ou a esposa consentissem
em ser uma esponja. É a incapacidade de perder que causa o desenvolvimento de tantas raízes de
amargura em casais. Um homem pode ir para a cama, e se sua esposa lhe diz algo ofensivo, ele pode punila não lhe falando. Ela pode retaliar recusando-se a tocá-lo. Ele poderia então encontrar novas maneiras de
revidar, e a espiral do casamento afunda, freqüentemente até o divórcio. O triste é que tudo poderia ser
interrompido se um ou outro simplesmente aceitasse a questão e se determinasse a amar.
Sua reação a cada situação negativa revela seu coração mais do que o coração da pessoa que a
causou. Você ama sua esposa como Deus ordenou, ou você apenas a ama se...? Você respeita seu marido
como a Bíblia ordena, ou você apenas o respeita se...? Os "se" em seu relacionamento revelam fraqueza e
precisam ser entregues antes que Deus veja a necessidade de mudança em seu parceiro.
Entrega — ser um perdedor-vencedor — é uma vida abundante a ser almejada, não temida.
Empurre esse obstáculo para fora do caminho ao se aproximar de Deus. Com o mandamento de negar a si
mesmo Deus dá toda a força necessária para obedecê-lo.
Quando estou discipulando uma pessoa irada contra o que alguém mais fez ou disse acerca dela,
gosto de perguntar 'Você está ofendido?" Então afirmo que estou contente com a afronta e esperançoso de
que, no futuro, a pessoa continue a ser ofendida. Ser ofendido é um ingrediente crucial na vida do cristão,
porque quando a insolência dos outros não nos incomodar mais, saberemos que estamos vivendo a vida
eterna. Jesus podia ter se ressentido de toda a multidão no dia em que foi crucificado; ainda assim dentro
em pouco deu a esses transgressores Sua própria vida. Se aceitarmos os insultos de outros, seremos
capazes de dar a essas mesmas pessoas nossas vidas. Morremos para que vivam (II Co 4. l O-12).
Quando somos desprezados, temos duas responsabilidades: primeiro, recebê-lo com perdão;
segundo, tirar a pessoa que nos ofende da condição de quererem ofender a outros.
Você gostaria de ver publicado um livro com a lista alfabética de todas as pessoas que você
conhece e as afirmações negativas que fez sobre elas? Claro que não! Ninguém gostaria disso. Você
tentaria destruir o livro. Quando ouve algo negativo sobre você, dito por outros, portanto por elas e por si
mesmo, destrua a informação imediatamente e não permita que ela destrua o relacionamento. Afinal, você
sabe que é culpado exatamente do mesmo.
No meio de toda confrontação negativa, não há apenas alguma lição para a pessoa irada ou
ofensora aprender, mas algo para você, o ofendido, também aprender. Você pode perdoar, amar e
encorajar, como o Senhor fez por você quando O ofendeu? O coração de um ofensor é prontamente visível,
mas a reação que você tem revela sua condição, se é da carne ou do espírito. Se for da carne, espero que
você continue a receber afrontas, até que andar na carne o faça tão miserável, que você se volte à vida
interior profunda que não pode ser ofendida.
Muitas vezes pensei quão maravilhoso seria freqüentar uma igreja que tivesse escrito na entrada
"Esta é uma congregação de cristãos que não se ofendem". Porque freqüentemente me envergonho do
modo como membros da igreja e obreiros analisam uns aos outros intensamente, esperando por falhas que
provem suas próprias observações emocionais. Eles examinam criticamente como o dinheiro é gasto, que
tipo de carro se dirige, as roupas que se usam, e mesmo a área total dos escritórios, até que o
ressentimento é desperto de todos os lados. Não deveria ser assim.
Se cremos seriamente que a vida cristã é para ser vivida em relacionamentos saudáveis momento a
momento, então podemos ver cada ofensa como a primeira naquele momento, e portanto a primeiríssima. É
fácil perdoar a primeira ofensa, mas pessoas demais vêem cada uma como outra gota no balde de provas,
confirmando que alguém não presta e tem de ser descartado. Ao receber cada ofensa no momento,
acharemos bem fácil perdoar setenta vezes sete.

Medo da Fraqueza
Muitos crêem que são fracos demais para entrar na presença de Deus. Foram convencidos de que
tal privilégio ê para os poderosos. Entretanto, fraqueza nunca deve ser obstáculo.
Foi um grupo heterogêneo de pessoas entre os israelitas que saiu pela manhã para coletar o maná.
Alguns eram jovens e fortes, outros eram velhos, fracos ou viúvas. Se os fortes coletassem uma grande
quantidade, descobririam na manhã seguinte que, na verdade, não tinham sobra. Ao mesmo tempo os
fracos, que colheram apenas uma pequena porção, descobriram que tinham todo o necessário. Os fracos e
os fortes foram tratados da mesma maneira, porque Deus não é parcial.
Assim é com cristãos que coletam diariamente o verdadeiro maná (Jesus) que veio dos céus. Os
muito resistentes não conseguem colher mais do que os muito deficientes. De novo, Deus não age
parcialmente. Ávida integral do Filho está disponível mesmo para os mais fracos, que na verdade são mais
adequados para uma vida na presença de nosso Salvador. Porque é em nossa força que mais
provavelmente descansaremos confortavelmente e deixaremos de reconhecer nossa necessidade dEle a
cada momento.
O inimigo persuadiu muitos a crerem que são incapazes de um relacionamento profundo com o
Senhor. Esse engano é possível por causa das idéias erradas sobre o que é, na verdade um
relacionamento profundo com o Senhor. Cristãos podem pensar que seja uma vida monástica de oração e
dever religioso, servindo num pais distante, ou chegando a um nível de perfeição expressa. Quando
definida nesses termos, é de se espantar que poucos creiam que tal vida seja para eles? A definição do
Senhor de uma vida profunda não é pesada, mas é a de uma vida em que simplesmente Lhe entregamos
nossos espíritos a cada momento. É a vida natural de estabilidade, a mesma consciência sem esforço de
um ramo ligado à videira. Enquanto o ramo pode não sentir nada de especial, ainda há uma dependência e
confiança quietas na videira, para prover todo o necessário. Olhando um ramo, vemos que a vida que ele
vive em confiança sólida não apenas é possível, mas é o jeito mais natural para sua existência. De fato,
seria muito mais difícil e artificial para o ramo viver num vaso, cortado da videira. Ávida profunda de
estabilidade é possível para todos, mesmo os mais fracos.
Como o corpo de Cristo sofreu por causa da constante comparação de um membro com outro!
Muitos reavivamentos simplesmente giram em torno de uma única pessoa, que gasta uma semana
recontando tudo o que alcançou. Às escondidas, os que se assentam nos bancos comparam-se aquela
pessoa e concluem que nunca serão eficazes ou agradáveis a Deus. A igreja, então, é deixada com muitos
que se sentem muito fracos, despreparados, e derrotados para jamais entrar num relacionamento profundo
com o Senhor.
É preciso esclarecer que o que é necessário para a vida abençoada de comunhão íntegra com o
Senhor não é intelecto, habilidade ou poder superiores, mas uma qualidade do coração que pode facilmente
ser determinada. Qualquer um que responder afirmativamente à pergunta 'Você O ama?" possui todo o
necessário para uma caminhada profunda com o Senhor. Precisamos alcançar uma simples verdade que
tem sido sufocada e escondida. Desde que Deus deu Seu Filho para nos resgatar, não há nada mais fácil
para nós obtermos que a presença e alegria de Jesus Cristo a cada momento. Nada mais fácil, porque é
algo que o Pai dá livremente a todos, mesmo aos mais fracos.
Nunca permita que o inimigo o persuada de que você não é adequado para a presença de Deus,
que sua bênção pode ser para outros mas não para você. Atenda ao mandamento para adentrar com
ousadia. Por que se nos fala para buscá-Lo? Porque Ele pode ser encontrado! Ele quer que cada cristão O
encontre. "Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração." (Jr 29.13)
"Quando disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei" (SI 27.8)
Ouvimos o mandamento, problemas nos levam a Ele, e somos livres para obedecer. Buscaremos
ao Senhor que pode ser achado.

Medo em Si
À medida que continuamos o exame dos obstáculos que o inimigo coloca à nossa frente, quando
nos aproximamos da presença de Deus, temos de estar conscientes de que, se seus outros obstáculos de
engano falharem, ele alegremente usará o ás em sua manga — o medo.
É interessante notar que há dois ensinos predominantes nas Escrituras sobre o medo. O primeiro
abriga todas as ordens para temer a Deus. “Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o" (SI 22.23). "O temor do
Senhor é o princípio da sabedoria" (SI 111.10). "O conselho do Senhor é para aqueles que o temem, e ele
lhes faz saber o seu poeto." (SI 25.14) "Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os
que esperam na sua benignidade" (SI 33.18)
O primeiro ensino sobre o medo é a base para o segundo. "Eis aqui o Senhor teu Deus tem posto
esta terra diante de ti; sobe, apodera-te dela, como te falou o Senhor Deus de teus pais; não temas, e não
te assustes." (Dt 1.21) "Então eu vos disse: Não nos atemorizeis, e não tenhais medo deles." (Dt 1.29)
"Então o Senhor me disse: Não o temas, porque to entreguei nas mãos, a ele e a todo o seu povo; de
maneira que o ferimos, até que não lhe ficou sobrevivente algum." (Dt 3.2)
Nosso Deus é um Deus zeloso! Não podemos ter outros deuses diante dEle. Uma das
características de um falso deus é que inspira medo, sem o qual os adoradores logo perderiam o interesse
e iriam por seus próprios caminhos.
É simples discernir o que os homens adoram, ao observar o que os faz apreensivos. Muitos
permitem que as finanças os perturbem, então colocaram sua confiança para sua provisão, no dinheiro, em
vez de colocá-la no Pai celestial. Alguns se aproximam das autoridades com perturbação, mostrando sua
esperança (realizada ou não) nos poderosos. Alguns temem as ações de homens, porque é na humanidade
que colocam suas expectativas. A lista continua. É importante perceber que somos ordenados a nada temer
senão a Deus.
O temor é reservado como uma das mais altas formas de adoração. Satanás mostra-se como um
deus deste mundo e exige o medo de seus seguidores. Entretanto, temos ordens de não temer senão ao
único verdadeiro Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele somente é digno do temor da humanidade.
Dar nosso medo a um deus tal como satanás é adorá-lo. Isso é pecado! Nossa adoração do único Deus
verdadeiro deve libertar-nos de todos os outros medos: de satanás, do homem, ou circunstâncias. "E não
temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no
inferno tanto a alma como o corpo." (Mt 10.28).
Você vê porque o inimigo adora inspirar medo no povo de Deus, porque assim ele prova a si mesmo
que é mais que um anjo caído, um inimigo derrotado, e um leão que ruge sem dentes. Com o medo,
satanás recebe uma medida de adoração que deve ser reservada para Deus somente e tenta mais uma vez
elevar-se para uma posição igual à de Deus.
Quando Jesus estava no deserto, satanás o tentou: "Tudo isto te darei, se, prostrado, me
adorares." (Mt 4.9) O termo adorar é definido simplesmente como "dar atenção a". Satanás simplesmente
dizia, "Dê-me sua atenção!" Jesus recusou, dizendo, "Vai-te, satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu
Deus adorarás, e só a ele servirás." (Mt 4.10) Somente Deus deve cativar nossa atenção.
Infelizmente, há muitos cristãos que dão a satanás consideração indevida, porque não se passa um
dia sem que se consumam com medo dele, enquanto se preocupam constantemente com seus planos e
enganos. Não é de maneira alguma incomum ouvir mais deles sobre o inimigo que sobre Cristo.
Sucumbiram, embora contra suas vontades, à adoração ao inimigo, mas erram porque seu poder não se
pode comparar de jeito nenhum ao do nosso Deus.
Muitas vezes a batalha entre o bem e o mal é retratada pelo símbolo taoísta de um pequeno círculo
metade branco, metade preto. As cores são colocadas de maneira a rivalizarem uma com a outra, pelo
domínio; mas ao ganhar posição o negro, o branco perde, e vice-versa. Alguns cristãos vêem a terra e os
céus nesse tipo de luta entre as forças das trevas e as forças da luz. Entretanto, não é assim. Nele estava a
vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela." (Jo 1.4-5, ênfase minha). A luz e as trevas não batalham com força igual, porque a escuridão sempre
tem de dar lugar à luz. A escuridão nunca sobrepuja a luz, mas simplesmente ocupa o espaço, quando a luz
o permite, ao se retirar. A luz, ao contrário, conquista a escuridão e a força a se retirar do caminho.
O homem ainda não inventou urna luz escura, oposta ao holofote, que possa penetrar a luz do dia
com um facho de escuridão. Não há algo assim para perturbar a luz, porque a escuridão não tem poder
sobre, ou defesa contra a luz. Ainda quando fico de pé no topo de uma montanha na hora mais escura de
uma noite na qual nem a lua nem as estrelas consigam exibir sua luz brilhante, minha lanterna barata pode
fender a escuridão. Uma imensidão de escuridão não pode vencer minha lanterninha barata, mas tem de
dar lugar a seu facho.
Como seriam nossas vidas sem a aurora, que imediatamente expulsa a escuridão e permite a
produtividade e a segurança do dia? Em nossos corações, a luz de Deus tem de se levantar a cada dia, e
toda a escuridão, inclusive o medo, desaparecerá. Não precisamos estudar calhamaços, esforçando-nos
para entender a escuridão e seu poder, quando tudo o que é necessário é uma compreensão da presença
da luz de Cristo dentro de nossos corações. Nem todo o trabalho demoníaco resistirá a ela, porque todas as
sombras têm de fugir e dar lugar à sua glória.
Assim como a luz é indizivelmente maior que a escuridão, o poder de Deus é infinitamente maior
que o do inimigo. Sabemos, então, que a escuridão de satanás apenas terá permissão de operar onde Deus
determinar. É importante que nos concentremos em Sua luz liberada dentro de nós, que expulsará
quaisquer trevas que queiram entrar em nós.
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  • 2. Nossos e-books são disponibilizados gratuitamente, com a única finalidade de oferecer leitura edificante a todos aqueles que não tem condições econômicas para comprar. Se você é financeiramente privilegiado, então utilize nosso acervo apenas para avaliação, e, se gostar, abençoe autores, editoras e livrarias, adquirindo os livros. SEMEADORES DA PALAVRA e-books evangélicos Digitalização: ide http://semeadoresdapalavra.top-forum.net/portal.htm
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  • 4. Ao Deus dos fracos Prefácio Quando meu amigo Michael Wells me enviou o manuscrito deste livro com uma nota perguntando se eu escreveria o prefácio, eu acabara de ler seu livro anterior, Perdido no Deserto. Muitos cristãos foram enganados pela idéia de que se não pensarem no diabo, ele irá embora e não os perturbará. Eu mesmo cri nessa teoria por muito tempo, até que percebi que o diabo tenta pegar os cristãos de um jeito ou de outro. Problemas, Presença de Deus e Oração é um livro que pode ajudar aqueles que tentaram adotar essa falsa teoria para suas vidas. A mensagem deste livro soa alta e clara, e é esta: tome cuidado, cristão, o diabo o persegue; ele quer vê-lo derrotado e destronado dos lugares celestes em Cristo Jesus, nos quais você foi colocado pela graça de Deus... e quando isso acontece, você não pode se esconder atrás de uma teologia de segurança eterna, mas tem de se esconder atrás de I João 1.9, "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.". Mike Wells levou essa mensagem ao redor do mundo através de seus escritos e visitas pessoais. Mike é uma pessoa especial cujo método de comunicação cristã é único. É um método que missiólogos e teólogos predicaram em seus livros e salas de aulas, um método que missionários em terras estrangeiras tentaram por anos, mas ao qual eles não conseguiam aderir sem reservas. É um método que pode revolucionar as missões modernas e trazê-las de volta ao estilo original de Jesus de Nazaré. Chamase amizade. Que ferramenta maravilhosa e sagrada é essa para o evangelismo, e como Mike Wells a tem personificado através de sua vida e ministério ao cultivar amizades simples e genuínas! Mike tocou figurões religiosos, jovens rebeldes, alcoólatras e agnósticos da mesma maneira, com uma habilidade concedida por Deus para olhar para o potencial além de um antagonismo contra o Cristianismo, e ver o valor de uma alma que precisa de Cristo. Vi-o deixar de lado a tentação de uma tirada fácil e a ambição mesquinha de se tornar um figurão; ele é um servo e um amigo, não um patrão. Ele não tem um mestre de cerimônias contratado para dizer "E a-a-a-q-u-i está Mike" antes de falar. Atualmente a adoração ao sucesso tem enganado muitos cristãos. Muitos cristãos estão desapercebidos das complexidades do trabalho do demônio entre eles, talvez porque imaginem o trabalho do demônio em bares e becos sujos mas não em lugares agradáveis como igrejas e organizações cristãs. Quão errados temos estado. E se formos aplicar o padrão de sucesso do mundo a Jesus e a Seu ministério terreno, Ele foi um fracasso colossal e um desperdício total. Quem teria pensado que uma execução vergonhosa numa cruz romana, enquanto amigos e família observavam impotentes, fosse um sucesso? Mas Deus estava trabalhando lá mesmo, começando a vitória final sobre o esquema do diabo, ainda quando o mundo escarnecia dEle. Há muitas vozes pedindo nossa atenção, com um apelo para escrevermos, ou ainda mais telefonarmos, com o cartão de crédito a postos, como um caminho rápido para o sucesso. Mesmo alguns propagandistas cristãos usam essa técnica para alcançar seus objetivos de sucesso e fama própria. Visibilidade é a palavra chave. "Alcançar o mundo para Cristo" é a desculpa, tudo em nome de Jesus, para quem a visibilidade significou ser pendurado numa cruz. Que campo fértil para o demônio e seus anjos - sim, eu disse anjos, desviarem os cristãos de seu caminho. Problemas, Presença de Deus e Oração analisa esse paradoxo do sucesso e mostra o que
  • 5. significa ser realmente bem-sucedido. Este livro pode ajudar leitores a examinarem os mais íntimos recantos de seus próprios corações com honestidade, discernimento psicológico, e autoridade bíblica. Durante meu ministério com a Associação Evangelística Büly Graham, tive o privilégio de encontrar muitos servos genuínos de Deus em todo o mundo. Mike Wells é um deles. Encontrei-o no começo dos anos oitenta, durante uma de minhas visitas a Denver para uma reunião especial representando Billy Graham e as Conferências Mundiais de Amsterdam. Durante uma sessão não planejada com Mike, impressionou-me seu discernimento das Escrituras e sua compreensão da natureza cristã e das tentativas do diabo para derrotar os cristãos. Nosso amor e respeito um pelo outro cresceu durante todos esses anos através de responsabilidades em comum, amigos, e parcerias no ministério. Você é um cristão derrotado sob ameaça do inimigo e precisando de ajuda? Você está ofendido e bravo por causa de um relacionamento destruído? Quer se libertar completamente da servidão que o inimigo possa ter trazido sobre sua vida e experimentar a alegria de uma vida cristã vitoriosa? Se isso é o que você deseja, recomendo que leia Problemas, Presença de Deus e Oração. Dr. V. Samuel Jones Associação Evangelística Billy Graham Introdução Antes de tornar-me cristão, não estava particularmente surpreso com as circunstâncias caóticas de minha vida. Aquilo parecia ser a vida mesmo. Todos ao meu redor estavam passando pelas mesmas coisas. Entretanto, ouvi, de amigos cristãos, uma mensagem de esperança. Eles diziam que a causa dos meus problemas era simples: “Você não conhece a Deus; portanto, é como um homem que, constantemente, tenta nadar contra a corrente, num rio sem compaixão." A solução deles era igualmente simples: "Convide a Cristo para entrar em seu coração e tenha vida abundante, livre de preocupação, medo, e mesmo calamidades." Os que me testemunharam do amor de Jesus e seu poder salvador deixaram-me bem claro que eu seria tirado daquela vida de vazio e embate que levava. Isso foi muitos anos atrás, e para ser perfeitamente honesto, minha vida melhorou bastante desde que me tornei cristão. Entretanto, não tem sido, e não é agora, livre de conturbação, derrota, horas de solidão, ou mesmo tragédia. Ou seja, ainda experimento problemas. Aprendi também que essa condição não é somente minha. Freqüentemente discípulos cristãos que estão no meio de caos familiar, escravizados por pecados que pensaram ter deixado para trás havia longo tempo, sob tremenda pressão financeira, pensando em divórcio, ou sentindo que não conseguem encontrar a Deus, segundo eles próprios, suas vidas são tudo, menos abundantes. Qual a razão para os cristãos estarem em tal dificuldade? Que se pode dizer em seu favor? Esperase que nada disso aconteça àqueles que seguem a Deus, não é? Aceitamos a Jesus como nossa própria vida; como pode ser? Que bem pode vir de tais dificuldades? Há algum jeito de explicar razoavelmente nossas entradas e saídas abruptas da agitação? Poderia ser que a mão de Deus estivesse de algum modo por trás de tudo que nos perturba e deixa perplexos? Se apenas pudéssemos nos assegurar de que Deus está envolvido em nossos desapontamentos como parte de Seu plano e que não somos apenas controlados pelo ambiente mundial, então talvez pudéssemos ser encorajados em meio a nossos problemas. A promessa é de que podemos nos animar, de que há um propósito celeste para todos os nossos problemas! Vendo a maravilha, sabedoria e simplicidade disso, nós nos alegraremos de que Deus nos tenha abençoado com problemas. Há um fim divino planejado para cada dificuldade. Quando esse fim se concretizar, poderemos aprender a apreciar épocas em que as esperanças são destroçadas e são grandes as frustrações.
  • 6. Parte 1 Problemas com um propósito Capítulo 1 Os Problemas São Normais? O que é a vida cristã normal? É uma vida que inclui lutas, problemas, e acontecimentos que parecem combater a alegria que nos dizem encontrarmos em Cristo? É normal ter problemas vindos de desejos tão naturais como comida ou sexo, ou lutar com pensamentos descontrolados ou falta de disciplina? É comum ser assoberbado por conturbações emocionais, feridas do passado, lembranças de fracassos, sentimentos de inferioridade e insegurança, e mesmo o medo de ser rejeitado por Deus? Não é incomum lutar com finanças, saúde, um companheiro de quarto incômodo, colega ou parente? Todas essas são questões vexatórias por duas razões essenciais. Primeiro, lutávamos normalmente com tais coisas antes de virmos a Cristo, e como poderíamos ter imaginado tal luta uma vez que estamos nEle? Segundo, muitos autores, palestrantes e líderes cristãos insinuaram que esse tipo de experiência não é parte da vida cristã normal, porém revela, antes, as deficiências de uma fé abaixo do padrão. Quando tentamos entender as inadequações de nossas vidas, podemos ouvir os testemunhos de cristãos vitoriosos que raramente mencionam qualquer experiência perturbadora depois de sua conversão. A vida desses cristãos parece geralmente ter sido de vitória, louvor, e poder avassalador! Geralmente muitos de nós, com o passar do tempo, acabamos aceitando o fato de que somos cristãos muito anormais: fracos, não conseguindo permanecer onde deveríamos, e sem a habilidade, inteligência, e disciplina para vivermos a vida de vitória completa como definida pelas experiências de certos irmãos. Aqueles que têm problemas, entretanto têm de tomar coragem, porque o que descobri em minha caminhada com o Senhor e interação com seu povo é que, notavelmente, problemas são um elemento natural da vida do cristão. A vida cristã normal não deixa de ter lutas, nem é livre de fracassos, nem é uma vida de picos emocionais constantes. Pelo contrário, essa vida é cheia de adversidade, mas adversidade com propósito. Veja o que o apóstolo Paulo disse em I Co 4.9-13: "Porque tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, tanto a anjos como a homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, (...) fracos, (...) desprezíveis. Até a presente hora padecemos fome e sede; estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e o suportamos; somos difamados, e exortamos; até apresente somos considerados como o refugo do mundo, e como a escória de tudo." Essa não é uma passagem popular entre o povo da prosperidade, mas Paulo reitera seu ponto de vista, escrevendo aos Coríntios novamente: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexas, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos..." (II Cor. 4.8-10).
  • 7. O que é, então, a vida cristã normal? Será freqüentemente uma vida cheia de problemas. Uma vez que entendamos que fatos, pessoas, saúde e circunstâncias adversas têm um propósito em nossas vidas, poderemos nos submeter à mão de Deus nelas. Problemas são normais! Muitas vezes os desconfortos na vida dos cristãos vêm nem tanto dos problemas, quanto de seu contínuo auto-exame. Eles imaginam o que estará errado com eles para que Deus permita tais coisas acontecerem. A Escritura está repleta de inferências de que vamos sofrer; hoje, entretanto, esse aspecto da vida cristã comum é freqüentemente ignorado, impedindo muitos de substituírem seu desânimo por coragem. Deixe-me ilustrar. Quando minha esposa e eu estávamos esperando nosso primeiro filho, entramos para um curso de pais, onde se apresentou o que minha esposa e eu experimentaríamos durante o processo do nascimento, a terminologia que o médico usaria, e como minha esposa poderia lidar mais efetivamente com a dor, através de uma série de exercícios de respiração. O hospital estava cheio de pacientes na noite do nascimento de nosso bebê, portanto, tínhamos apenas uma divisória de tecido entre nós e uma jovem ao nosso lado. À medida que passávamos pela experiência, minha mulher praticava as técnicas de respiração e ambos escutávamos atentamente cada palavra da enfermeira e do médico. Ela pode confirmar que toda a preparação não a livrou da dor, mas teve um efeito calmante sobre nós, ao nos familiarizar com o que provavelmente aconteceria. Entretanto, a jovem ao nosso lado gritou durante todo o parto, porque ninguém lhe dissera o que esperar. O que considerávamos normal ela cria fazer-lhe mal. Qualquer cristão em amadurecimento está continuamente dando à luz uma vida espiritual mais profunda. Aqueles que entenderem o lugar da dor descansarão, sabendo que o resultado será algo glorioso. Os desinformados sobre a necessidade dos problemas na vida para aperfeiçoá-los freqüentemente passarão a vida gritando, tentando imaginar o que acontece, e reclamando da pessoa ou pessoas que colocaram em tal condição. Falta-lhes uma expectativa alegre do que virá, depois que a dor tiver, há muito, se ido. Muito se fala, nos círculos cristãos sobre frutificação. Muitos sinceramente desejam frutificar, demonstrando pertencer ao Pai no céu. Há um aspecto na frutificação, entretanto, que muitas vezes é ignorado: pode causar muito desconforto, mesmo dor. Tenho uma macieira em meu quintal. O tempo em nossa região neste último ano foi excepcionalmente favorável para árvores frutíferas. A árvore ficou tão carregada de frutas que seu tronco chegou a ficar a vinte centímetros do chão. Se eu não tivesse cuidado dos galhos que estavam a ponto de se quebrar, a árvore teria sido seriamente danificada. A macieira sofreu para dar frutos úteis a outros. Quase morreu para dar vida. O fruto espiritual não é para nosso beneficio, mas para o benefício das pessoas ao nosso redor. Como a árvore, quanto mais fruto dermos, mais o Senhor nos terá em estado de tensão. A dor é normal para o cristão frutífero, e também o é um período de inverno, que vem logo após a estação de frutificação. Durante o inverno parece que a árvore não tem vida alguma. Sua força vital está escondida na parte mais profunda do ser da árvore - as raízes. Lá ficará durante meses, fortalecendo-se para o que se revelará na primavera seguinte. Tão poucos cristãos aprenderam a desfrutar do inverno, quando não há sentimentos, frutos, grandes expressões de vida, mas antes o trabalho silencioso e oculto de Deus na parte mais profunda do ser humano: o espírito! Inverno é normal. Tempos de dor são normais. Sequidão é normal. Adversidade é normal. Todos são necessários para liberar a vida que o cristão tem oculta dentro de si - a vida de Cristo. À medida que nos submetemos ávida cristã normal e vemos, no meio dos problemas, a mão de Deus treinando, direcionando, e liberando a vida de Cristo, aprendemos alguns dos mais profundos segredos possíveis. Muito do que nunca podemos entender, lendo sobre as vidas de grandes cristãos como Paulo, tornará real em nossas próprias experiências. Eu, pessoalmente, não conseguia compreender a afirmação de Paulo, "somos injuriados, e bendizemos". Era algo que memorizara então minha mente o possuía; mas a verdade nunca fizera a
  • 8. jornada de quarenta e cinco centímetros da minha mente para o meu coração, até o dia em que ocorreu um problema. Estava trabalhando em outro país quando recebi um telefonema de minha esposa informando-me de que uma quantidade de dinheiro que um amigo me devia pagar não nos seria entregue - nunca! Ele se recusava a dar-me o que era meu. Eu tinha começado minha viagem com a confiança de que enquanto estivesse longe, minha esposa poderia pagar a prestação da casa, comprar alimentos, e cobrir outras despesas necessárias. Essa confiança estava baseada na capacidade de meu amigo de me pagar o que me devia. Ao ouvir a preocupante noticia de que não receberia, minha primeira reação foi a fúria. Como podia? Como ousava? Quem ele achava que era? Depois de encerrar a conversa com minha mulher, eu sabia, por causa de minha preocupação com minha casa e de minha ira, que não poderia sair da sala para ministrar à assembléia de cristãos que me esperavam. Ajoelhei-me e comecei a orar, contando ao Senhor toda a minha frustração. Sua paz lentamente começou a descer. Em Sua luz eu pude ver a luz: a provisão diária não depende do homem mas dEle. Deus era meu provedor. Que pensamento glorioso! Não precisava mais confiar no homem, que não é confiável. Podia confiar em Deus, que sempre é fiel. Naquele momento fui libertado de pedir pela riqueza deste mundo; o Filho me havia libertado de fato. Minha resposta ao Senhor foi decidir que iria perdoar o débito daquela pessoa, quando voltasse para casa. Essencialmente lhe daria o dinheiro que ele me devia; era nessa medida que me havia libertado dele. Levantei-me com o coração, como disse Hudson Taylor, tão leve quanto meu bolso, pronto para compartilhar com os cristãos meu Deus, o Deus de toda a provisão. Quando entrei no salão, um irmão veio até mim e colocou em minhas mãos um cheque para o ministério dez vezes maior do que o que tinha perdido. Isso sim era uma taxa de câmbio! Testemunhei uma das mais básicas leis do reino funcionando: "Porque a nossa leve e momentânea tributação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de gloriai' (II Co 4.17). Ou seja, vi a grande desproporção na taxa de câmbio do reino de Deus, que sempre é absoluta. Dando tão pouco recebemos tanto. Se tão grande de quantidade pode vir desse simples ato de autonegação, o que poderia acontecer, se me decidisse a tomar a minha cruz e negar a mim mesmo em todas as áreas de meus relacionamentos com os outros? Deitado em minha cama naquela noite, meu coração se encheu de gratidão pelo que antes fora um problema. Pedi ao Senhor que abençoasse esse irmão que me enganara, porque por sua mão viera tão grande bênção. Sem sua atitude eu poderia nunca ter aprendido tão completamente que Deus é meu provedor, uma lição que desde aquela época me deu paz no meio de muitas adversidades. Quando as palavras saíam de minha boca para abençoar aquele irmão, percebi que Cristo em mim tinha realizado as palavras de Paulo, "somos injuriados, e bendizemos". Agora eu estava mais animado que nunca. Quando um problema vier, Deus sempre fará algo maravilhoso em mim; portanto, posso abençoar os que me amaldiçoam. Um dia, ao concluir a orientação de uma mulher que experimentava algumas dificuldades conjugais, dei-lhe uma tarefa. Era algo pequeno e simples de se fazer. Na semana seguinte ela deveria beijar seu marido toda vez que ele dissesse algo negativo ou mal-educado para ou sobre ela. Ela brincou, perceptiva: "Não posso ler um livro em vez disso?" Ela percebia muito bem as dificuldades envolvidas em cumprir a menor das tarefas que requeira auto-negação. Duas semanas mais tarde ela voltou e começou a contar as mudanças que ocorreram e o novo senso de libertação da pressão para agir pensando nos outros que começara a experimentar libertação dos sentimentos de inferioridade, e também da ansiedade que vem de tentar se proteger e projetar. Poderíamos facilmente observar que o fruto advindo desse problema com seu marido superou em muito o sofrimento que o problema causara. A vida cristã normal é de problemas, mas lembre-se de que cada problema passou pelas mãos de um Pai de amor e traz consigo, mesmo antes de chegar, um propósito expresso e intrínseco. Para os que passam por aflição, geralmente o propósito está oculto, mas o sofredor experiente sabe que será glorioso. Os problemas são a principal ferramenta de Deus para esgotar nossos recursos e nos levar à rica experiência de todas as Suas riquezas. Um dos mais efetivos métodos de domar cavalos é colocar o cavalo selvagem numa baia, montá-lo, e soltá-lo numa arena cheia de areia. É interessante ver o cavalo correndo em círculos, lutando com a areia
  • 9. funda até ficar coberto de branco, e então, finalmente, quando não consegue mais colocar uma pata na frente da outra, desiste. Nesse momento o cavalo não mais se auto dirigirá, mas vai permitir ao cavaleiro que dite cada movimento seu. É assim com os defeitos nas vidas dos cristãos. Chegamos a Cristo tão cheios de nossos próprios esforços, de vontade própria, e energia. Não estamos prontos a entregar as rédeas ao Espírito Santo. Precisamos ser colocados em situações semelhantes à da areia funda (problemas, circunstâncias, relacionamentos com pessoas), onde qualquer tentativa para nos libertar nos trará uma exaustão mais profunda da alma. No fim estamos quebrados, cada um disposto a dizer "não posso mais", e pronto para ser dirigido em cada movimento, pelo Espírito Santo. Neste ponto a alma (mente, vontade e emoções), corpo e mundo hão de separar-se do espírito. Deus colocou Sua própria vida em nossos espíritos para fazê-los arcas de tesouro do que precisamos e desejamos como humanos: amor, segurança, aceitação, paz, e todo o resto. Entretanto estamos acostumados demais a olhar para nós mesmos e para os outros, tentando descobrir essas riquezas. Então Deus permite que tudo fora do domínio espiritual nos falhe, separando o espírito de tudo o mais e fazendonos esperar apenas aí o atendimento de nossas necessidades mais profundas. É um processo doloroso em nossas falhas, mas o resultado será homens e mulheres em Cristo que não poderão ser levados a agir fora do espírito. Esses cristãos podem viver não das coisas do inundo, mas acima delas, não mais sugando suas necessidades de outros, mas repletos a ponto de transbordar e capazes de compartilhar da abundância de seus tesouros espirituais. Esse processo de quebrantamento tem sido chamado de "a noite escura da alma"; andamos em escuridão sem ter nem percepção da presença de Deus nem satisfação em tudo o que existe fora do espírito. Aqui nos defrontamos com o fato de que apesar de nossas bocas proclamarem paz somente em Cristo, nossos corações têm clamado pela "concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (IJo 2.16) para nos contentar. Conforto no lugar da maturidade e da integridade no Senhor tem sido o objetivo de vida, a razão pela qual aceitamos os prós da vida e desprezamos todos os contras. O processo de quebrantamento finalmente nos fará olhar além da área de conforto e descobrir que tudo de que precisamos na vida é saber que Deus está em Seu trono. Não muito tempo atrás um amigo me contou que certa vez perdera vários milhões de dólares. A economia tinha caído em sua região, e ele começou a perder um negócio depois do outro. Ele não foi o único a ter esse problema, porque vários de seus amigos passaram exatamente pela mesma situação. Ele decidiu encontrar-se com um amigo em situação semelhante e perguntar como planejara salvar sua fortuna. O amigo lhe contou que devia a um banco vários milhões de dólares e iria imediatamente lá declarar bancarrota. Disse que tentava não se apegar a nada, dizendo ao banco que estava desistindo de seu negócio. Meu amigo foi confundido por tal resposta e perguntou se não seria melhor lutar, planejar e trabalhar para reter seu patrimônio financeiro. O homem explicou suas razões assim: "Devo milhões ao banco. Posso trabalhar para pagar e assumir toda a responsabilidade ou declarar bancarrota. Se declarar bancarrota, o banco investiu em mim demais para me deixar falir e terá a obrigação, responsabilidade, vontade e interesse próprio em tentar evitar que eu desmorone completamente!" Dentro de poucos anos meu amigo, embora lutando para salvar sua fortuna, a perdera, mas o homem que declarara bancarrota era um bilionário, graças à ajuda daquele banco. Estava andando nas montanhas no dia seguinte pensando na conversa: fazia sentido o banco, tendo investido tanto, ter de fato uma boa razão para evitar que o milionário quebrasse. Meu pensamento seguinte foi: quanto mais Deus investiu em nós? Investiu em nós seu próprio Filho, que vede muito mais que milhões de dólares. Tendo investido Seu Filho, investiu demais em cada um de nós para nos deixar quebrar. Se apenas declararmos nossa própria bancarrota pessoal, pararmos de trabalhar e planejar, e olharmos para Ele, Ele completará o que começou. O próprio fato de que Deus investiu Seu Filho em nós deveria silenciar todo questionamento que nossas mentes possam ter. Ele ajudará minha família? Me ajudará financeiramente? Cristo crescerá em mim? Jamais serei livre do pecado e do fracasso? Jamais sentirei que Deus está perto? Claro que Deus nos ajudará; ele investiu muito em cada um de nós para não
  • 10. o fazer. "Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?" (Rm 8.32) Capítulo 2 Cristãos Precisam de Problemas Problemas com um Propósito Davi tão sabiamente revelou, "Na minha angústia invoquei o Senhor..." (SI 18.6). Problemas nos levam para perto de Deus. São planejados para nos levar mesmo à Sua presença. Uma vez lá, o crente sobrecarregado compreende que não há nada que a presença de Deus não cure. Esse é o propósito final de Deus para cada problema. Quando uma pessoa toma um avião de uma cidade distante de volta para casa, imediatamente sente alívio e uma expectativa ansiosa, porque o avião é o meio pelo qual logo estará com seus amados. Problemas são análogos ao avião, porque são o meio pelo qual o crente pode ser transportado para a própria presença de Deus no céu. Descobrindo que Sua presença renova e restaura, o crente começará a dar graças diante de cada situação, evento, pessoa ou calamidade que o coloque tão perto de Deus. Alguns não concordarão com a idéia de que Deus esteja envolvido em nossos problemas, dizendo que são pessoas ou acontecimentos que causam o sofrimento; podem até assumir a culpa por alguns problemas, eles próprios, eliminando, assim, a parte de Deus em seu sofrimento. Concluirão que é responsabilidade deles consertar o que estiver errado. Esse engano leva crentes a lutar com suas próprias forcas em várias situações, longe do poder vitorioso que Deus dá tão generosamente àqueles que estão em Sua presença. Muitos crentes gastam suas vidas inteiras planejando superar problemas com suas próprias forças. Trabalham duro para melhorar sua situação, e apesar de nunca terem sucesso total, livram-se da pressão apenas o suficiente para evitar serem levados à presença de Deus, onde encontrariam vida abundante. Uma vez que concluímos que os problemas são encomendados com o objetivo de nos conduzir à presença de Deus, temos uma resposta para 90% das perguntas sobre o sofrimento. Quando oriento alguém que me revela um pecado ou falha que o está derrotando, como um casamento terrível, conflitos no trabalho, divisões na igreja, ou vários erros que ele cometeu, uma questão me vem imediatamente à mente: Senhor, como esse problema levará este teu filho mais próximo de Ti? Que maravilhoso segredo de se possuir, o saber tanto o começo (o problema) quanto o fim (Sua presença). Preciso apenas construir para o crente desencorajado uma estrada que ligue os dois. Um crente com problemas é abençoado por Deus. Sim, verdadeiramente abençoado! Se não tem para onde se voltar, desistiu de si e dos outros, e descobriu que os problemas simplesmente não podem ser resolvidos de qualquer maneira terrena, ele pode rapidamente ser levado a ver que há apenas uma esperança para si a presença de Deus. Deus realmente usa os problemas para levar o crente à Sua presença. Que pessoa abençoada! Não precisa buscar a Deus, porque Deus o encontrou e vai salvá-lo. Imagine, se quiser, um jardineiro que no outono coloca suas plantas mais preciosas numa estufa, onde ficarão protegidas do inverno rigoroso. Lá recebem seu cuidado constante e continuam a frutificar, protegidas de um ambiente desfavorável. E se uma planta pudesse deixar a estufa por sua própria vontade? O inverno rapidamente a mataria. Assim é com os crentes. Quando na presença de Deus, vivemos dentro de uma estufa espiritual num mundo voltado contra Deus. Seguros lá dentro, temos, de Deus, conforto, proteção e comunhão que permitem que frutifiquemos. Se deixarmos Sua presença, imediatamente experimentaremos as duras realidades do mundo, do pecado, de Satanás, e da carne.
  • 11. Muito freqüentemente cometemos o engano de tentar achar uma resposta para o sofrimento em vez de voltarmos à presença do Pai de amor, onde nenhuma resposta é necessária. Como cristãos deveríamos conhecer o propósito da dor e a própria razão da vida, que é a comunhão com Deus. Que Deus temos! Quão privilegiados somos por termos o Deus de todo o universo dando-nos Sua atenção e nos perseguindo para nos abençoar! Tristemente é verdade que Deus precisa nos perseguir, visto que tantos crentes passam a vida tentando evitá-lo. Com suas mentes querem dar a Deus o lugar que Lhe é devido, mas ao mesmo tempo são levados por suas emoções a outras pessoas ou planos para satisfazer suas necessidades mais profundas, tomando, assim, seu próprio caminho para o sucesso e a satisfação fora de Deus. O homem parece gostar de meditar neste ou naquele plano para obter contentamento, e devotaria toda a sua vida a tal planejamento, se não fosse por uma coisa: problemas. Como a dor, eles fazem o homem parar de viver para o futuro ou no passado e prestar atenção no presente. Problemas fazem os homens se voltarem a Deus agora. Imagine estar numa sala com quatro muros e quatro portas. Três das quatro portas estão trancadas; a porta destrancada é uma pela qual você não quer entrar. Você luta, tentando abrir as outras três até que, frustrado e até irado, percebe que precisa escolher a única porta que está destrancada. Ao abri-la, descobre, para sua surpresa, que é na verdade a porta que leva à liberdade que você confiava tanto estar atrás das outras três. Deus usa problemas para destruir nossos planos que nunca nos trariam vida abundante e conduzir-nos pela porta que nos leva à Sua presença e verdadeira vida. O filho pródigo criou seu próprio sofrimento, mas causou o glorioso resultado de comunhão renovada com o pai. Deus é amor! Ele nos quer perto dEle para poder nos mostrar Seu amor. O homem carnal, entretanto, é auto-suficiente em sua ignorância. Os problemas fazem o homem perceber que ele não é uma criatura independente e que precisa da providência do Criador. O homem não pode solucionar seus próprios problemas, muito menos os problemas globais. Problemas nos permitem ver que precisamos de Deus. Se não houvesse problemas que o homem não pudesse resolver, certamente o homem nunca buscaria além de si mesmo. Não deveria haver dúvida de que problemas e sofrimento são o baluarte de Deus na vida do crente para levá-lo da auto-suficiência para o todo-suficiente Pai do céu. "Na minha angústia invoquei ao Senhor" (E Sm 22.7). "...porém, na sua angústia voltaram para o Senhor, Deus de Israel" (II Cr 15.4). "...clamaremos a ti em nossa aflição..." (II Cr 20.9). "Senhor, na angústia te buscaram..." (Is 26:16). "Na minha angústia clamei ao Senhor..." (Jn 2.2). Vez após vez vemos o ciclo de sofrimento tomando lugar na história de Israel. O Livro dos Juizes testifica desse ciclo, porque, quando as coisas iam bem, o povo logo esquecia a Deus. Então eles clamavam, Deus os libertava, e, depois de algum tempo libertos, eles se esqueciam novamente de Deus. Problemas não são planejados para nos destruir, mas para nos levar para perto de Deus para que sejamos feitos completos. Não há nada que a presença de Deus não remedie. Nada! Quando escutamos os mandamentos de Deus, podemos nos encontrar sobrecarregados e mesmo fugindo dEle, especialmente quando tentativas anteriores de cumprir os mandamentos tiveram pouco ou nenhum sucesso. Podemos começar a evitar a Deus, não querendo ouvir as palavras que tememos: 'Você falhou." Aqui jaz uma profunda decepção; não vamos melhorar nosso comportamento antes de chegar à presença de Deus, porque isso é impossível. Antes, é a presença de Deus que melhora nosso comportamento. Não se lave para chegar até Deus; chegue-se a Ele esperando que Ele o limpe. Quando você está perto do Senhor, ordens tornam-se promessas. Em vez de ouvir "Não adulterarás", e temer que possa fazêlo, ouça como uma promessa: "Na Minha presença, com Minha vida e poder, você nunca cometerá adultério." Vê a diferença? Sua presença dá confiança e esperança. As Escrituras estão repletas de homens e mulheres que, achegando-se a Deus em problemas e sofrimento, encontram tudo de que precisam para a vida abundante. Os israelitas murmuraram contra o Senhor no deserto. Deus ouviu seu murmúrio e preparou-se para agir em seu favor, sob a condição de que primeiro se achegassem a Ele. "Chegai-vos à presença do Senhor, porque ele ouviu as vossas
  • 12. murmurações" (Êx 16.9). "À tardinha comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus" (Êx 16.12). Deixe que seus problemas o levem a clamar ao Senhor, que dará alívio e tudo de que você precisa. "Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o é a nós o Senhor nosso Deus todas as vezes que o invocamos?" (Dt 4.7). Achegue-se a Deus, e a consciência de viver em Sua presença será tão doce, tão bela, e tão revigorante que os problemas não mais serão preocupação. Você vai querer louváLo pelo sofrimento, que no passado foi visto como um monstro destruidor, mas agora é visto como um agente positivo que traz proximidade com Deus. Problemas Nos Fazem Receptivos Há um jeito de sair de nossos problemas? Qual é? Podemos trilhar o caminho em nossa condição doentia? Ele nos aceitará, quando chegarmos? Sim! E o caminho é incrivelmente simples. A resposta está nEle e não em nós. Temos de nos concentrar nEle e não em nossos fracassos, frustrações, depressão, ou ansiedade. NEle encontraremos a resposta simples para superar todo obstáculo. Sim, Sua resposta é simples, porque neste momento Sua palavra para você é, 'Tornai-vos para mim, (...) e eu me tornarei para vós..." (Zc 1.3). Quando se achar sitiado por problemas, simplesmente diga "Senhor, torno-me para ti." Isso é tudo o que você precisa fazer para se assegurar de que Ele se tornará para você. A palavra tornar nas Escrituras é uma pequena palavra, muito simples, significando "procurar ou chamar". Uma boa ilustração da palavra seria eu pegar o telefone e chamá-lo. Ao fazê-lo, eu me torno para você, e se você atender ao telefone, então terá se tornado para mim. Tornar-se para o Senhor é tão simples como pegar o telefone e chamá-lo. Quanto esforço é pegar o telefone, teclar os números, e esperar pela resposta? Está ao alcance da maioria das pessoas. Deus não é um Deus de remédios obsoletos, mas nos dá o necessário a qualquer momento. Precisamos buscá-Lo e nos voltarmos a Ele momento a momento, ficando em constante comunhão, para receber Sua ajuda constante. Podemos olhar para Escrituras que mencionam áreas específicas de derrota. A prescrição de Deus em cada uma das passagens listadas na próxima página é a mesma - voltar-se. Então Ele dará o resultado. Ao olhar a lista, você achará itens na coluna "Problema" que se aplicam a você. Confio que você verá que a solução para todos esses é voltar-se ao Senhor para receber a solução prometida. Há o engano de que você pode obter essas coisas listadas como "Resultado" através de algum plano ou métodos próprios, mas simplesmente não é assim. Se isso fosse possível, então Deus perderia seu baluarte em nós, e logo iríamos seguir nossos próprios caminhos. Precisamos nos assegurar de que o resultado seja a proximidade a Deus, e quando essa proximidade for obtida, naquele ponto e em Seu próprio tempo, Deus é livre para retirar o problema. Deus procura a proximidade com todos os homens, não apenas uns poucos escolhidos. Entretanto, apenas uns poucos é que se submetem ao propósito de Deus de ser trazido para perto através dos problemas. Texto Problema Resultado Deuteronômio 4.30-31 Angústia Misericórdia Deuteronômio 30.40-6 Maldição Restauração, libertação l Samuel 6.4 Doença Saúde l Samuel 7.3 Opressão Libertação l Reis 9.4; 8.50 (1) Pecado Perdão 1 I Reis 9 tem apenas 28 versículos...
  • 13. II Crônicas 6.24-38 Falta de Compromisso Compromisso total II Crônicas 30.6-9 Preocupação Compaixão crianças Jó 22.23 Perdição Injustiça Restauração Justiça Salmo 6. 3-4 Perturbação Resgate Isaías 19.22 Não ser escutado Resposta de Deus Isaías 44.22 Transgressão Limpeza Idolatria Redenção Isaías 55.7 Maldade Perdão Jeremias 3.12 Fracasso Substituição da ira pela graça Jeremias 3.22 Infidelidade Fidelidade Jeremias 15.19 Comunhão Quebrada Restauração Jeremias 24.7 Coração dividido Coração íntegro Oséias 6.1 Ferida Cura Oséias 14.1 Tropeço Libertação do pecado Malaquias 4.6 Famílias divididas Corações restaurados pela família e Problemas nos Preparam para o Serviço de Deus O Livro de Juizes registra uma história muito notável. Sansão, a caminho de Timnate, foi surpreendido por um leão jovem que veio em sua direção rugindo, mas "o Espírito cio Senhor se apossou dele, de modo que ele, sem ter coisa alguma na mão, despedaçou o leão como se fosse um cabrito." (14.6). Sansão foi surpreendido pelo leão, mas talvez igualmente surpreendido pelo que aconteceu quando o Espírito de Deus veio sobre ele. Algum tempo depois, quando voltou por aquele caminho "nele havia um enxame de abelhas, e mel." (v. 8) Sansão comeu até se saciar, e ao achar seu pai e sua mãe, também os alimentou. Sansão ficou tão impressionado com toda essa aventura a ponto de compor uma charada sobre ela: "Do que come saiu comida, e do forte saiu doçura." (v. 14) A besta que o destruiria tornou-se uma fonte de sustento para ele e seus parentes. É-nos dito em I Pé 5.8, "O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa devorar". O diabo, como o leão de Sansão, pode parecer vir do nada na forma de um problema, uma tentação ou pecado, uma circunstância, ou mesmo uma pessoa, com um propósito: para devorar. Entretanto, se permanecermos firmes no meio do que poderia parecer um ataque avassalador, o Espírito do Senhor nos libertará. "E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer" (I Pé 5.10). Depois de termos vencido, podemos não ser capazes de discernir a razão do problema por semanas, meses, ou, talvez, enquanto estivermos neste mundo. Mas o não saber pode, em si, nos impulsionar para que "cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo." (Ef 4.15)
  • 14. Ao visitar a Índia, fiz a um de meus mentores uma pergunta teológica. Sua resposta imediata foi "Antes de fazer a pergunta, precisamos discernir se haverá algo de valor obtido pelo entendimento que a resposta trará!" Depois de refletir, respondi que a pergunta não afetaria diretamente minha vida ou as vidas dos outros. O irmão disse "Então essas coisas não são para nós." Fiquei impressionado com o quão confortável ele estava em não ter uma resposta. Há muitas coisas que questionamos e tentamos entender que não são para o nosso conhecimento. A resposta, se recebida, nos beneficiaria muito pouco. Por exemplo, podemos perguntar por que uma pessoa mais chegada morreu. Mesmo que Deus nos fosse dar uma resposta direta, não diminuiria nossa tristeza, porque apenas Ele o pode fazer. À medida que amadurecemos, nós nos contentamos com muitas questões sem resposta. No tempo perfeito de Deus descobriremos que os problemas que no começo pensamos nos destruiriam na verdade nos fortaleceram e tornaram-se mesmo uma fonte de força para outros. Podemos então dizer como Sansão "Do que come saiu comida, e do forte saiu doçura." Sem o treinamento que vem de viver com problemas, é impossível para o povo de Deus ser fonte de vida para outros. Precisamos lutar com os desafios, se quisermos servir aos outros. "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus." (II Co 1.3-4) Depois de ler os escritos de Paulo e examinar sua vida, podemos dizer, com confiança, quão grande ensino vem de grande fraqueza e sofrimento. Ensino poderoso pode ter-se desenvolvido na mente, mas tem de amadurecer no coração. Esse processo raramente acontece fora das dificuldades. Nas montanhas temos um cogumelo chamado bufa-de-lobo. É cheio de vida, mas ávida nele não é liberada até que o cogumelo seja completamente seco e esmagado pela pata de um alce ou por um ramo que cai. Então a chuva seguinte pode trazer nova vida de fungos para cobrir o chão da floresta. Assim é conosco. As experiências de esmagamento liberarão o poder da vida que temos por dentro para brotar em vida ao nosso redor: "pois nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que também ávida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal." (II Co 4.11) No tempo em que o Novo Testamento foi escrito, fundidores aqueciam o ouro para extrair as impurezas. Depois de esfriar, o ouro era aquecido de novo e mais impureza retirada. Esse processo continuava até que o fundidor pudesse ver seu reflexo no ouro, quando tinha certeza de que estava puro. O ouro não aumentava a cada aquecimento, porque sempre existira no minério. Antes, era revelado. Assim o crente a cada momento possui tudo de Cristo que possa jamais querer. Entretanto ávida própria impede a expressão da grande recompensa abrigada dentro de cada crente. Deus precisa remover tudo o que não é dEle através de fundições periódicas (problemas). Quando termina o refino, mais de Cristo é revelado no Crente. O processo é repetido vez após vez. O crente que desistiu de resolver seus próprios problemas permite que eles o levem para perto de Deus para que Ele os resolva. Torna-se um filho precioso para Deus. "...na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo" (I Pe 1.6-7). Esse crente experimentará a promessa de Jesus, "Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai" (Jo 14.12). Para alguém assim, a vida própria foi substituída pela vida de Cristo, e ele participa no trabalho de Cristo na Terra. É preciso deixar claro para todos que desejam desfrutar de tal vida que o processo de tornar-se espiritualmente produtivo inclui problemas. Antes de termos problemas e sermos convencidos de nossa própria fraqueza em enfrentá-los, raramente podemos ver qualquer de nossas falhas. Temos justiça própria. Mas uma vez convencidos de nossas próprias deficiências, nós nos identificaremos com pecadores, teremos compaixão deles, e nos entristeceremos com seu pecado. Não é suficiente que odiemos o pecado com o ódio de Deus, como muitos ensinam; temos
  • 15. também de amar os pecadores com o amor do Filho de Deus. Problemas nos trarão a uma posição de serviço frutífero naquele amor. Problemas Constroem Nossa Fé Muitos crentes lamentam sua falta de fé para o trabalho para o qual Deus os chamou. Querem mais fé para serem mais produtivos. Freqüentemente as circunstâncias difíceis são exatamente o que Deus usa para construir sua fé. Todas as coisas recebidas de Deus têm de ser recebidas pela fé. A despeito de como as coisas apareçam, devemos confiar que serão nossas. As Escrituras estão cheias de promessas para os filhos de Deus, mas, freqüentemente, quando tentamos tomar uma promessa e guardá-la como nossa, um problema acontece que parece negar o cumprimento da promessa. O que acontece é bem simples: Deus está edificando nossa fé. Se toda promessa fosse imediatamente realizada, como cresceríamos em fé? Imagine colocar uma barra de doce aos pés da cama de uma criança e dizer que amanhã você lhe dará o doce para comer. Sua promessa de providenciar, no dia seguinte, o doce prometido, exige fé da criança? Certamente não, porque a criança já pode ver o doce. Deus nos dá uma promessa, mas não podemos ver imediatamente sua realidade, porque "a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem." (Hb 11.1) Ele então permite um problema que pareceria reverter Sua promessa, mas, se permanecermos firmes em nossa crença, nossa fé será edificada. Assim, freqüentemente, descobrimos que experimentamos uma reversão da promessa antes de recebermos seu cumprimento. Esse é o processo que edifica a fé em nós como povo de Deus e, no fim, faz nossas vidas verdadeiramente abundantes. Estão registrados nas Escrituras alguns exemplos desse princípio atuando nas vidas do povo de Deus. Refletir sobre eles vai nos ajudar a entender mais facilmente o conceito. Abraão sofreu muitos revertérios, mas permaneceu firme nas promessas de Deus, até receber seu cumprimento. Ele cria que Deus lhe daria a terra, e, crendo, essa pequena coisa tornou-se a semente da qual sua fé em um Deus infinito iria tornar-se grande. Essa é uma mensagem que Abraão traz a todos os crentes: se confiarmos em Deus num assunto pequeno, esse pequeno assunto será o começo de bênçãos grandes e magníficas. O que aconteceu, entretanto, depois que ele recebeu a promessa da terra? Teve de deixá-la por causa de uma fome, deu a seu sobrinho a escolha da terra, e teve de ir lutar numa guerra. Finalmente nós o encontramos perguntando "Ó Senhor Deus, como saberei que hei de herdá-la?” (Gn 15.8) Foi prometido a José, num sonho, que seus pais e irmãos se curvariam perante ele; mas muito sofrimento, rejeição - inclusive rejeição despreziva da parte dos próprios irmãos que ele sonhara o honrariam - e humilhação ocorreram entre a promessa e seu cumprimento. Embora perturbado, Moisés creu que Deus o enviava para libertar os israelitas do Egito, mas, antes que visse a missão cumprida, os sinais e maravilhas que lhe foram dados pelo Senhor foram igualados pelos mágicos de Faraó, e os israelitas se lhe opuseram por torná-los detestáveis aos olhos de Faraó. Depois que Samuel ungiu Davi, porque o Senhor o escolhera para rei, Davi levantou-se e sentou no trono? Não. Antes de tornar-se o governante, ele foi ameaçado de morte por Saul, vez após vez. Em sua situação, sua habitação, em nada habitação de rei eram cavernas, e ele tornou-se conhecido íntimo das dificuldades e obstáculos de vários tipos. O Espírito Santo separou Paulo para cumprir Seu trabalho. No processo, Paulo foi expulso de uma cidade, apedrejado até parecer morto, naufragou e foi aprisionado. Por que Deus trama tais coisas? Na verdade é muito simples: Deus adora promover, alimentar, e aumentar a fé. Ele tem grande alegria e prazer em quem, ao receber a promessa e depois a adversidade, permanece firme, apesar da mais negra circunstância, confiando e meditando na Palavra de Deus.
  • 16. Em minha própria vida notei que Deus freqüentemente me leva a desejar servir de uma maneira em particular, deixando claro que Ele chamou. Então experimento problemas. Houve vezes em que me desviei e não recebi a bênção, porém mais e mais me descubro permanecendo firme, esperando ansiosamente pela realização. Há muitas áreas de nossas vidas onde podemos ver esse princípio em ação, porque há muitas promessas que Deus fez a todos os crentes. Por exemplo, nossos filhos. "Instrui o menino 110 caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele." (Pv 22.6) Sem dúvida, quando criamos nossos filhos, há muitas vezes em que pensamos ver o fracasso dessa promessa. Entretanto, se permanecermos firmes na fé, sabendo que o fracasso freqüentemente vem antes, podemos permanecer com a maior paz no meio da calamidade. Essa é a confiança que vejo no pai do filho pródigo (Lc 15.11-32). Ele seguramente ficou perplexo com o comportamento ímpio do filho, mas ainda tinha confiança tranqüila em Deus. Podemos experimentar adversidades pessoais tão severas, que chegaremos a crer que o cumprimento de uma promessa nunca poderá ocorrer. Veja o que Pedro teve de passar depois de ter recebido o seguinte do Senhor: "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos céus..." (Mt 16.17-19). Você consegue imaginar como Pedro se sentiu depois de tal promessa do Filho de Deus? Mas imediatamente as adversidades começaram. O mesmo Senhor olhou para ele e disse: "Para trás de mim, Satanás", e depois "Esta noite (...) me negarás." Pedro permaneceu tão firme quanto conseguiu, naquela ocasião, e depois. Acima de tudo, Pedro recebeu o cumprimento da promessa de Deus. A história da igreja é repleta de santos que tiveram episódios de grandes adversidades em suas vidas pessoais, seus casamentos, suas famílias, no ministério e na saúde. Andaram pela fé e não por vista, sabendo que quando as promessas são finalmente cumpridas, as lições mais profundas de fé ao longo do caminho que têm o mais alto valor. O que Deus lhe prometeu; o que Ele levou-o a fazer? Há em, seu coração, um anelo por ministrar? Então se anime! Ele realizará tudo o que você desejar uma vez que você tome a posição de se entregar a Ele em total confiança e fé. Não tema as adversidades que os problemas trazem. Permaneça firme nelas e receberá, não como uma criança mimada mas como uma pessoa de fé. Precisamos chegar a ver que as dificuldades são uma parte integral da fórmula para o crescimento na vida de todo crente. Obstáculos não significam que uma pessoa tenha sido abandonada, nem indicam que ela tem menor importância ou menos bênção de Deus. Na verdade tal crente está prosseguindo para agir no âmbito de um chamado maior. Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, sabendo que aprovação da vossa fé produz a perseverança... Tiago 1.2-3 Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam. Tiago 1.12 Capítulo 3 O Funil de Deus Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Mateus 7.13-14 Jesus indicou que há dois caminhos que os homens podem seguir: o caminho largo que leva à destruição e o caminho estreito dirigindo-se à vida. Cristãos são levados do caminho largo para o caminho
  • 17. estreito através do que chamo de funil de Deus. Quando você quer encher uma garrafa de gargalo estreito com água de uma vasilha grande, um funil concentra e força o líquido para dentro da abertura pequena precisamente como você quer, sem desperdiçar uma gota. Deus tem um funil, por assim dizer, que Lhe permite pegar você (uma criatura muito pequena) das massas da humanidade e colocá-lo exatamente onde Ele o quer. Se você pudesse analisar, descobriria que o funil de Deus é feito de vários problemas: pessoas, eventos, circunstâncias adversas, situações exasperantes na igreja, pressões financeiras, fracassos, pensamentos, casamentos doentios, saúde fraca, e situações familiares desgastantes, só para citar alguns. Todos esses problemas são planejados para levar você, o cristão, mais e mais para o caminho estreito que leva mesmo à presença de Deus, onde os problemas não serão mais preocupação, mas oração, alegria e louvor serão o prato do dia. Rejeitando o Funil Muitos cometem o erro de se rebelarem contra os problemas que descobrem ao seu redor em vez de submeter-se ao propósito de Deus. Notam-se várias atitudes, quando cristãos são cercados por dificuldades. Alguns, com grande esforço, começam a lutar contra o funil. Criam toda sorte de métodos e trabalham até a exaustão, esperando se livrarem do que quer que lhes cause tanto tormento. Não aprenderam que Deus não faz nada a respeito dos nossos problemas, se tentamos resolvê-los por nós mesmos. Desde que Ele é o único capaz de resolver o problema, o cristão autoconfiante está na terrível situação de estar tão confiante em sua própria força, que não pode permitir a Deus que providencie a solução. Afinal, um cristão assim carrega um saco invisível de truques contendo todos os métodos que ele desenvolveu para lidar com emergências: controle, manipulação, religião, ira, fuga, depressão, ressentimento, bloqueio emocional, absorção ou distribuição de culpa, e por aí vai. Se Deus permitisse que algum desses truques resolvesse o problema, então estaria dando Sua aprovação a ferramentas tão patéticas para se viver, enquanto ao mesmo tempo, encorajando o desejo de alguém ser auto-suficiente. É importante que Deus não permita que os truques ajudem o cristão a superar os problemas. É fácil encontrar aqueles que experimentam o fracasso de seus truques, porque ficam bravos, retraídos e deprimidos, e freqüentemente retornarão aos velhos pecados do passado, na esperança de que darão algum alívio. Se experimentarem mesmo a mais tênue sombra da diminuição do incômodo, irão mais uma vez trabalhar no problema, a todo vapor, com seu saco de truques. De fato, esses cristãos têm de ser curados do que na realidade é um estado de idolatria; um ídolo sendo, simplesmente, aquilo a que alguém recorre, além de Deus, quando em problemas. Esses ídolos são variados e podem incluir coisas como comida, discussões, retraimento, controle, ou trabalho duro. Pequenos sacos de truques reservados para resolver os problemas da vida na verdade nada mais são que ídolos, cuja eficácia Deus nada fará para comprovar. Simplesmente não temos os recursos dentro de nós para superar nossos problemas e viver abundantemente. Há uma lição a ser aprendida dos fariseus, que possuíam a mais religiosa, disciplinada, e educada vida própria. Entretanto rejeitaram o próprio Deus quando ficaram face a face com Ele, e são prova de que a carne não tem valor na tentativa de resolver conflitos. Alguns se acostumam tanto aos problemas que chegam de fato a decidir que isso é tudo o que a vida tem para eles. Podem reclamar de seu sofrimento, gemer e lamentar sobre seus problemas, mas em todas as suas ações e conversa revelam que estão preparados para permanecer nesse estado miserável, por acreditarem que a vida no funil é tudo o que jamais experimentarão. Lembrem-se de que o propósito do funil de Deus é nos fazer atravessá-lo e chegar à Sua presença. Não há vantagem em sermos miseráveis toda a vida! Precisamos permitir a cada circunstância que nos leve à presença de Deus, onde encontraremos nosso alívio. Quando vê a mão de Deus no meio da turbulência, uma quieta confiança vem sobre o cristão. Isso é diferente de se acomodar no meio da aflição, que para muitos se torna uma atitude-filtro através da qual se
  • 18. enxergam o mundo e os outros. Uma vez que o cristão decide que seu quinhão na vida é ser miserável, cada evento parece confirmar essa teoria. Muitas vezes vemos essa atitude-filtro em casamentos. O inimigo trabalha para convencer um dos parceiros de que não há esperança para o casamento. Uma vez que essa mentira é aceita, qualquer coisa que lhe seja dita passa pelo filtro e é distorcida para confirmar a mentira de que o casamento jamais melhorará. Imagine uma fábrica colocada em sua cabeça, suas orelhas representando duas portas largas, uma para receber e outra para enviar. O produto dessa fábrica é tormento. Se uma carga de tormento é deixada na porta de recebimento, é processada na fábrica e chega à porta de despacho como tormento refinado. Isso não surpreende. O que é interessante, entretanto, é que quando se deixam rosas na recepção e elas processadas na fábrica também saem como tormento. Acontece algo oculto na fábrica que pode transformar uma rosa em tormento, um beijo em tormento, ou amor em tormento. Freqüentemente encontro a fábrica de tormento funcionando em pais, revelada em sua ira quanto a fatos insignificantes como uma mangueira de jardim deixada no quintal, uma bicicleta estacionada no meio da garagem, um trabalho deixado pela metade. Num casamento a ira pode vir de um objeto deixado em lugar inadequado, de pressão financeira, de uma palavra dura, de uma tarefa não iniciada. No trabalho, a ira pode vir de um colega rude, da falta de satisfação na função, ou mesmo de uma vaga de estacionamento ocupada. Muitos homens de idade entre trinta e quarenta anos estão insatisfeitos. Alguns se referem a isso como crise da meia-idade, onde uni homem começa a temer que sua vida alcance um ponto no qual a realização de suas esperanças, sonhos e desejos não seja possível. O homem fica verdadeiramente irado contra si mesmo por sua própria inabilidade de realizar seus sonhos, mas tudo isso permite ao inimigo construir uma fábrica de tormento dentro dele, fazendo com que o homem culpe a mulher e filhos por sobrecarregá-lo com a responsabilidade de prover-lhes o sustento com um trabalho que ele odeia completamente. O raciocínio é este: "Se minha esposa e filhos são a causa de meu tormento, devem ser deixados de lado ou ao menos devem ser alvos de toda a minha frustração." Com a fábrica de tormento em operação plena, o homem não consegue aceitar sua mulher, seus filhos, seu trabalho e as circunstâncias em que se encontra com um coração grato e alegre. Ele é incapaz de ver que Deus lhe deu a esposa, os filhos e o trabalho e que estar bravo com eles é estar bravo com Deus. Precisamos perceber que o que consideramos ser uma vida abundante e valiosa raramente será assim considerada por Deus. Aceitar com alegria e gratidão onde estamos hoje, como vindo das mãos de um Deus de amor que sabe exatamente do que precisamos, nos permite encontrar a paz. Uma vez que desenvolvamos a atitude de que todos estejam contra nós, todos os fatos parecem provar que a vida é miserável, Deus não está presente, e nada jamais mudará. De fato, alguns de nós, mesmo inconscientemente, criaremos situações só para provar nossa falsa teoria; crendo que somos inúteis e malquistos, começamos a agir de modo que outros nos evitem ou nos rejeitem abertamente. Há aqueles que realmente gostam de seus problemas e, por medo de perdê-los, nunca tentam se submeter a Cristo. Alguns usam problemas mentais e emocionais para obter aceitação e atenção da parte de todos e manter-se no centro das atenções o tempo todo. Uma vez visitei um homem que foi colocado numa instituição psiquiátrica e diagnosticado como incurável. Seus pais me disseram que, embora continuassem a visitá-lo regularmente, seu filho não os reconhecia mais e não conseguia "processar" nada do que lhe era dito. Depois de gastar alguns minutos com aquele jovem, disse-lhe não crer que ele estivesse doente, mas que estava usando a situação para controlar a família. Imediatamente ele ficou muito bravo e começou a argumentar veementemente comigo que ele estava na verdade muito doente. Achei essa habilidade em argumentar interessante frente à certeza da família de que ele não conseguia manter uma simples conversa. Há muitos cristãos que mostram misericórdia pelos feridos, como devem. Infelizmente, muitas vezes atraem quem não tem intenção de superar seus problemas e chegar à presença de Deus, mas querem consumir tanto tempo dos cristãos amorosos quanto puderem.
  • 19. Rendendo-se ao Funil Por que sofremos? Por que Deus ainda não nos libertou? Por que Ele ainda não mudou essa pessoa ou situação impossíveis? Será que Ele ainda não completou em nós o trabalho que será realizado pelas circunstâncias e situações? Poderia ser que ainda não nos desiludimos de sermos libertos por nossos ídolos? Será que ainda temos de nos render ao funil? Veja o seguinte. Imagine tomar um curso de doze meses chamado "Levado à Sua Presença" Você sofreu muito para completar nove meses do curso e agora reclama de quão difícil é. Deus poderia liberá-lo da sala de aula; se o fizesse, os nove meses do curso seriam desperdiçados, e você teria de fazê-los novamente depois. Isso é o que você quer de verdade, ver seu sofrimento dar em nada e repetir-se depois? Nunca! Fique firme até que o curso se complete. Um irmão me contou que quando era menino, no Brasil, sempre quisera ter um cachorrinho sem rabo. Um dia seu pai lhe trouxe o esperado cachorrinho, mas com rabo. Ele perguntou a seu pai sobre o problema e recebeu um canivete com a instrução, "Corte-o fora, perto da cerca." O menino levou o cachorrinho para fora, mas ao pensar na situação ficou triste, não querendo causar dor ao cachorrinho. Ele ainda queria um cachorro sem rabo e decidiu fazer o que parecia perfeitamente lógico para uma criança. Em vez de causar grande desconforto cortando a cauda toda de uma vez, ia causar menos sofrimento cortando-a um pouquinho de cada vez! Veja, muitas pessoas recusam a dor do momento, junto com a possibilidade de superá-la definitivamente, escolhendo a dor prolongada. Cada pessoa deve permitir que os problemas que Deus lhe preparou a levem à Sua presença. Se Deus é verdadeiramente amoroso não liberará ninguém antes de terminar o trabalho. Costumava sentir-me frustrado, quando mudava para um nova cidade e começava a procurar um emprego. "Por que, Deus, quando sabes qual o trabalho que tens para mim, me fazes continuar a procurar? Não podes simplesmente me levar ao lugar certo, sem toda essa procura?" Não! Ele não podia me mostrar o trabalho, até que eu tivesse desistido de todos os meus esforços e qualidades (ídolos) que sentia ser útil para assegurar um emprego. Deus precisa nos colocar em situações que nos façam desistir de nós mesmos, e então Ele nos dará a resposta que é Ele mesmo. Jesus é a resposta da qual se origina uma resposta para cada situação; quando nós O temos, muito pouco é necessário. Você se lembra de que os homens pendurados nas cruzes ao lado da cruz de Cristo tiveram de ter suas pernas quebradas? Quando os romanos crucificavam alguém, enfiavam um cravo em seus pés, e, se o crucificado tivesse força de vontade suficiente, podia colocar seu peso sobre esses cravos, embora isso cansasse dor, evitando a asfixia e permanecendo vivo por mais tempo. Isto é, através da dor a pessoa prolongava sua dor. Não é essa a condição de muitos? Através da vontade própria, preocupados apenas com o que percebem ser seu melhor interesse, são capazes de prolongar a própria dor da vida. Cristo, por outro lado, não estava cheio de vontade própria, mas depositou Sua vontade aos pés de Seu amoroso Pai. Se o Pai colocou o Filho num lugar tal como a cruz, o Filho o aceitou, esperando e agradecendo a Deus pela libertação que, estava certo, viria. Ele seria levantado do túmulo, vencendo a morte. Precisamos também chegar ao lugar de rendição onde a vontade própria cede lugar à vontade de Deus. Para chegar a esse ponto podemos precisar de alguma ajuda como os ladrões em suas cruzes. Apenas quando os soldados viam a cena patética de uma pessoa crucificada tentando manter sua dolorosa existência, é que quebravam suas pernas para livrá-lo de seu tormento. Enquanto há qualquer força restante, o crucificado luta pela vida; algumas vezes precisa da ação de outro para efetuar a morte. Você precisa ter as pernas da vida própria quebradas? Sua vontade é tal que você não consegue desistir de si mesmo? Você precisa da ação de outro para livrá-lo de seu próprio tormento? O Espírito Santo fará exatamente isso através das circunstâncias e dos relacionamentos. Uma vez que você desista e aceite a morte que essas coisas ajudam a produzir, a vida verdadeira — vida de Cristo — virá, porque o propósito do funil é levá-lo para perto dEle.
  • 20. Resumindo, por que você sofre? Porque você não é um dos "muitos chamados", mas um dos "poucos escolhidos". Você sofre porque Deus em Seu amor o vê como alguém precioso e especial que Ele quer para Si. Pense nisso! Você, entre milhões de pessoas, foi chamado para conhecer a Deus de um modo mais profundo. Para que isso ocorra, você precisa chegar ao fim de si mesmo. Uma vez que veja a glória disso, você O louvará pelos acontecimentos, cada um deles, que o trouxeram até aqui. Renda-se ao funil com seu propósito de trazê-lo perto. A Linha de Montagem de Deus Há dois métodos predominantes de discipulado hoje. Um é o método do homem, análogo a um molde. Moldes produzem objetos que se parecem consigo mesmos. Os objetos podem ser atraentes, mas não há variações. Cada um é exatamente como o que veio antes. O discipulando pode procurar reproduzir a pessoa que está fazendo o discipulado com um molde feito de vários métodos que provaram ao moldador (o mestre) serem mais valiosos, como a memorização da Escritura, o testemunho, roupas adequadas, utilizar frases particulares, e demonstrar talentos desejados. O resultado final é produzir uma réplica do mestre. Escolas de evangelismo podem querer criar réplicas de evangelistas; escolas de missões dinâmicas podem tentar moldar missionários dinâmicos. A igreja está atulhada de programas que prometem reproduzir na vida do pupilo o que quer que o autor ou professor possua em certa abundância. Essa é uma forma de discipulado. Há outra forma de discipulado: o método de Deus para criar pessoas úteis consiste em atenção individualizada ao longo de um período de tempo. Imagine ter dois pedaços de argila ambos em forma de quadrado. Se você tivesse um grupo de 150 pessoas e passasse um pedaço de argila, por elas, pedindo a cada pessoa para fazer qualquer impressão nele, seria interessante notar como a argila mudaria à medida que passasse. Alguns a apertariam, mudando completamente sua forma; outros poderiam fazer uma impressão bem leve com seus dedos; outros poderiam tentar fazê-la voltar a sua forma original. Quando o pedaço de argila tivesse acabado de circular e fosse colocado ao lado do outro pedaço que permaneceu intocado, qualquer um poderia duplicar, no pedaço intocado, as exatas impressões do pedaço manuseado? Claro que não! O pedaço que circulou foi moldado pelas adições sucessivas do toque de 150 pessoas. Assim é com o método de discipulado de Deus. Não somos formados por um único molde que rapidamente nos faz como todos os outros; antes, somos moldados cada um unicamente. Imagine qualquer cristão como uma porção de argila nas mãos de Deus. Ele passa a argila pela oficina do oleiro, que está cheia de gente, uns com martelos, outro empunhando problemas, outros tentações, outro portando curativos. Podemos nos surpreender ao descobrir que se permite a entrada de demônios na oficina, assim como doença física. Enquanto Deus tem a porção de argila em suas mãos, Ele chama várias pessoas e fatos. Apenas aqueles a quem Deus chama tem permissão de ir fazer sua impressão na argila. Algumas vezes ela é atacada, e sua aparência se torna distorcida e feia. Outras vezes, uma beleza escondida, nunca antes imaginada, começa a emanar dessa simples porção de argila. Através desse constante apertar, esmagar e moldar, encontramos algo bastante útil e muito belo, uma expressão perfeita do próprio coração do Oleiro mesmo. Ele criou algo para Sua glória, algo que o expressasse, e algo para um bom trabalho muito especial. No fim, o objeto criado é cheio de vida e não pode olhar para trás irado diante de algum fato ou pessoa, por parecer, à primeira vista, machucá-lo ou distorcê-lo. Em vez disso, essa bela criatura gloria-se somente no Senhor, não desejando criar outro como ele mesmo, mas encorajar outros que a se submetam à mão de Deus para serem feitos algo útil, belo e único. É interessante que um dos maiores missionários que jamais viveu foi instruído a não ir para o campo missionário porque não tinha o treinamento necessário. Ele foi, deixando que Deus o desenvolvesse no que Ele quisesse. Agora existe uma escola de missões com seu nome, que tenta moldar outros grandes missionários à sua imagem. Mas ninguém alcançou a estatura do cristão em cuja honra a escola foi fundada. Por quê? Porque esse homem permitiu a Deus que o transformasse de uma porção de argila num discípulo útil. Um molde criado por homens nunca pode produzir tal obra-prima. Não há chamado maior para um cristão de que se submeter ao trabalho de Deus em sua vida e encorajar outros a fazerem o mesmo. Aqueles que conhecem o potencial de uma porção de argila não
  • 21. estão ansiosos para colocar essa argila num molde e reproduzir o que acham importante. Eles sabem que a argila precisa ser moldada por Deus ao longo do tempo. Esses mestres estão satisfeitos em não moldar, mas em deixar na argila a impressão que Deus os criou e capacitou a fazer. E quando é sua vez de serem moldados, recebem as marcas com alegria, sabendo que estão sendo mudados e desenvolvidos de acordo com a vontade de Deus. Não veja esse processo apenas como problemas e dor; mantenha o alvo em mente: a bela pessoa que o Artesão Mestre está criando. Seja encorajado por aquilo em que você está se transformando: a expressão de Sua beleza é um vaso produtivo nEle. "Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos de lado todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossajé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus." Hebreus 12.1,2 Parte 2 Obstáculos no caminho estreito Uma vez que concluamos que não há esperança de superar nossos problemas por nós mesmos, e uma vez que sejamos levados a Deus para a solução de nossos dilemas, nos moveremos para fora do funil de Deus, para o caminho estreito que leva à Sua presença. Enquanto abordarmos um problema com todas as nossas forças, o inimigo contenta-se com deixar-nos sozinhos. Uma vez que percebamos, entretanto, que a libertação reside em Deus e começamos a jornada em direção à Sua presença, o inimigo fica muito preocupado; o crente que vive na presença de Deus é "mais que vencedor". Portanto, o inimigo coloca uma série de obstáculos no caminho estreito tentando fazer retroceder o candidato a vencedor. Como discipulei centenas de crentes em diversos países e culturas, foi interessante notar que há uma constância nos obstáculos que o inimigo erege para atrapalhar os cristãos em sua jornada para viver do poder que é deles perante o trono do Pai. Vejamos agora alguns dos obstáculos mais comuns. Capítulo 4 Medos Medo de Rejeição Há muitos que entendem a necessidade de estar perto de Deus, entretanto temem essa possibilidade; vivem continuamente uma vida de fuga- Por que alguém não adoraria viver cada dia deleitando-se na glória de seu Salvador? Para muitos, o medo exatamente desse encontro tem suas raízes na rejeição, que os deixou com medo de que, uma vez que estejam perto de Deus, Ele também os rejeite. O raciocínio vai na seguinte linha: "Doerá quando Deus me rejeitar; portanto, evitarei Deus, evitando, assim, a dor da rejeição." Esse medo foi revelado em Adão depois de seu pecado ('Tive medo ...e escondi-me", Gn 3.10) e de novo em Pedro ("Retira-te de mim...", Lc 5.8). Claro que há alguma relevância nesse raciocínio, porque quando falhamos com outros, eles na maioria das vezes acabaram nos rejeitando. Sabemos que
  • 22. falhamos com Deus, então supomos que Ele nos rejeitará. Deus, entretanto, não age como um homem e não deve ser julgado como um homem. Ele que o está levando à Sua presença é um Deus de compaixão; Ele certamente não o rejeitará, quando você chegar. As pessoas fogem do homossexual, da prostituta, da mulher controladora, do fofoqueiro, do alcoólatra, do orgulhoso, e do santarrão, mas Deus não evita nenhum deles. Apesar de seu comportamento ser pecaminoso, eles precisam entender que Deus sente sua dor. A compaixão de Deus O enche de dor, quando vê o ápice de Sua criação vivendo em tormento. Não pense nem por um momento que, quando Deus o vê cercado de problemas e miséria, Ele não se comove com sua condição. Ele escolherá esperar e agir somente quando seu propósito final tiver sido cumprido e essas circunstâncias levarem-no para Seus braços de amor. O conforto que você receberá aliviará a memória dessas lembranças terríveis. Imagine que Deus tem um balde com seu nome escrito. Cada dia que você sofre, o balde é lentamente preenchido com Sua compaixão. No tempo certo, quando o sofrimento produziu tudo o que Deus planejara, o balde cheio será derramado sobre você. Testemunhei esse princípio em ação freqüentemente na vida dos cristãos. Uma tarde um homem entrou em meu escritório e anunciou que eu realmente não seria capaz de ajudá-lo porque ele não era cristão. Era óbvio pela tensão no rosto do homem que ele estava no meio de muita tribulação. Ele compartilhou alguns fatos de sua vida, que fora cheia de abusos físicos, emocionais e mentais por seu pai psicótico. Esse homem achava que Deus fosse bem como seu pai terreno, então não espantava que ele não tivesse intenção de se tornar cristão. Sentado lá, meu espírito teve consciência de que o balde de compaixão de Deus tinha finalmente se enchido para esse homem. Deus não ia tolerai- mais sofrimento. Precisei apenas abrir minha boca e compartilhar a mais simples das verdades cristãs para ver o homem ser preenchido pelo amor e compaixão de Deus. O querido irmão tinha sido tão ferido que mal podia expressar qualquer emoção, mas notei que uma pequena lágrima corria de seu olho. Sim, uma lágrima muito pequena, mas representava para esse homem a última gota no balde, agora cheio até transbordar. Acabara! Os problemas tinham servido tanto a Deus como a esse homem. O Senhor estava agora satisfeito, tendo recebido a vida do homem, e o homem estava agora satisfeito, tendo recebido a vida de Deus. Tudo isso fora possível por causa dos problemas. Nunca deixe que o inimigo consiga erigir o obstáculo que leva você a acreditar que uma vez que esteja na presença de Deus Ele o tratará como um homem o trata, porque nosso Deus é um Deus de compaixão. Medo da Entrega Total Muito se escreveu sobre compromisso total com o Senhor da parte do cristão. Eu prefiro a palavra entrega. Enquanto compromisso implica em que precisamos fazer algo, entrega parece reconhecer que Deus, e somente Deus, pode realizar o que é necessário. Somos como ramos entregues à videira, confiando nEle para tudo de que precisamos. Nossa própria vida precisa passar por Ele. Entrega é mais uma atitude, do que alguma coisa que devamos fazer. Muitos temem a entrega total que crêem que a proximidade de Deus exigirá; lutam com o desejo de se apegar a coisas que reservaram para si mesmos e tentaram esconder de Deus. Ou no passado entregaram a Deus um pecado em particular ou uma situação e tudo pareceu permanecer sem mudança. Isso levou à desesperança e à conclusão de que se algo deve acontecer, precisam, eles próprios fazê-las acontecer. As pessoas que tiveram tais experiências têm um visão distorcida do que é, realmente, a entrega total, porque a associaram ou com a perda imediata ou com resultados imediatos. Vários anos atrás encontrei uma garota que queria mais que tudo servir a Deus no ministério. Havia um problema: ela lutava continuamente contra a depressão. Fiz-lhe várias perguntas como "Você gosta de ser melancólica?", "Há alguma satisfação em estar abatida?" (Porque muitos adoram a atenção que recebem dos outros e não têm intenção de viver de qualquer outro modo). Perguntei se podia identificar
  • 23. fatos que tivessem causado o desânimo. Então me voltei para a questão do pecado em sua vida. A todas as minhas sondagens ela respondeu clara e honestamente, e não havia razão aparente para a depressão. Fiz-lhe uma pergunta a mais. "Cristo amou seu Pai no céu, mais quando estava no Monte da Transfiguração, quando seus discípulos viram sua glória, do que quando estava pendurado numa cruz do Calvário onde morreu?" Sua resposta foi correta: "Ele não O amou mais nem menos em qualquer lugar." Expliquei que a entrega é amar a Deus no meio dos tempos ruins assim como nos bons; é amar a Deus no meio da tristeza ou da alegria, porque Ele é Deus. Então disse-lhe para não mais fazer da depressão o foco e principal assunto de sua vida, mas fazer Cristo ser tudo. Quando ela parou de se preocupar com sua incapacidade de servir a Deus por causa de sua saúde emocional inadequada, logo se achou inconscientemente servindo a Cristo sem reservas. Não aconteceu do dia para a noite, mas aconteceu. Precisamos amar ao Senhor tanto durante nossas maiores provações quanto quando somos surpreendidos por eventos prazerosos. Há muitos cristãos que querem se entregar totalmente ao Senhor para receber bênçãos constantes, mas quando os eventos se tornam dolorosos tomam de novo o controle para resolver tudo sozinhos, recusando-se a esperar nEle. Veja a atitude de Jó, de entrega simples; ele estava determinado a permanecer firme mesmo no pior dos acontecimentos, circunstâncias e problemas, "...receberemos de Deus o bem, e não receberemos o mal?" (Jó 2.10) Não importa a que fosse submetido, não queria fraquejar. Quando a adversidade aparente vem e você resolutamente escolhe entregar-se, não espere que outros o encorajem em sua decisão. Lembre-se de que a esposa de Jó não apoiou sua posição. Não espere conforto dos outros; o único consolo que você terá é aquele que Deus dá. Você precisa aprender a amar o tomar a cruz e negar-se a si mesmo que constitui a entrega total, porque esse amor lhe permitirá manter a paz, mesmo no meio das experiências mais parecidas com as de Jó. Se você escolher a cruz, estará escolhendo o Senhor Jesus. Enquanto pratica o entregar-se a Deus no que Ele lhe trouxer, haverá horas quando você achará a entrega bem fácil, e será capaz de fazê-la com grande confiança e força. Noutras ocasiões, fará essa entrega em fraqueza com muita luta, mas lembre-se de que o importante é sua entrega. Na fraqueza ou na força, sua atitude para com Deus deve ser permanecer e entregar sua vida com um coração grato. Creio que o homem espiritual não vê bons ou maus acontecimentos, mas vê apenas a Deus. O inimigo trabalha para que vivamos extremos: nos auto-indulgindo ou negligenciando a nós mesmos; trabalhando duro para satisfazer nossos colegas ou desistindo e dizendo: "Quem se importa?"; clamando contra as feias manifestações da carne, enquanto mostramos orgulhosamente outros feitos da mesma vida própria. O homem entregue, espiritual, reage da mesma maneira ao louvor e à condenação, fraqueza e força, liberdade e prisão, doçura e amargura, tentação e derrota, dor e saúde, fadiga e deleite, ou incerteza e um plano definido, porque ele está centrado em Cristo e vivendo para Ele que está acima de tudo o que é terreno. Ele não deixa nada atrasar seu caminho nem por um momento. Entrega não requer grande força, mas apenas abandonar-se à força de Deus e viver diariamente consciente dela e experimentando-a. Medo de Ser uma Esponja O inimigo persuadiu muitos a crerem que se se entregarem totalmente ao Senhor suas vidas se encherão de abuso e tormento ao serem afligidas e usadas por outros. Satanás consegue essa brecha porque poucos cristãos descobriram a bênção que vem de se receber a crueldade que o mundo lhes lança de ser uma esponja para aqueles ao seu redor. Uma esponja é usada para absorver. Em vez de deixar a ira, a frustração, ou a amargura fluírem dele para afligirem alguém mais, o cristão as absorve e impede que se espalhem. A ira é como uma bola numa partida de tênis. Enquanto cada oponente consegue rebatê-la, sua velocidade aumenta até que
  • 24. alguém perca. Quando as manifestações da vida própria são rebatidas, há uma grande diferença: nunca haverá um vencedor, porque na vida cristã não há vencedores, mas apenas perdedores totais e "perdedores-vencedores". Quando manifesta a carne, ou quando se manifesta a carnalidade de outra pessoa e o cristão paga na mesma moeda, ele é um perdedor total. Se ele absorve a feiúra da vida de outros, entretanto, ele descobre que toda a questão pode se encerrar. A mentira comum em que acreditamos é que ele perdeu, mas na verdade ganhou: é um "perdedor-vencedor", tendo aparentemente perdido na terra, mas ganhando no reino de Deus. Da mesma maneira Cristo absorveu até a morte o que a humanidade Lhe impôs, e ganhou para sempre riquezas, poder, honra e glória. Ele pareceu ser um perdedor, quando foi crucificado; é um vencedor total. Você quer encerrar o conflito em sua casa, seus relacionamentos, e seu próprio coração? Então simplesmente seja uma esponja. Ao longo do dia absorva tudo o que vem da carnalidade do homem ao seu redor e veja a paz de Cristo prevalecer. Ser uma esponja é ter uma vida abençoada, uma vida de força e caráter verdadeiros. ".. .somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e o suportamos; somos difamados, e exortamos; até o presente somos considerados como o refugo do mundo..." (I Co 4.12-13). Paulo era um homem de grande força porque era uma esponja para os que o cercavam. Há três maneiras de se enxergar o mandamento de amar. A primeira é sob a perspectiva da lei, que ensina essencialmente a amar ou Deus o punirá. A segunda é sob a perspectiva do desejo de ser feliz através da obediência à Escritura, amando como você se ama. A terceira e mais alta perspectiva vem da vida de Cristo, que na verdade o capacita a amar seu inimigo. O primeiro é um bom caminho, o segundo é um excelente caminho, mas o terceiro é o caminho perfeito de Deus. É o caminho de se tornar uma esponja, de negar-se, mas não ao Senhor dentro de si. Uma vez um homem veio a mim preocupado com seu casamento. Sua esposa, ele disse, sempre dizia coisas que o ofendiam. Esse homem era bem intimidante e enérgico. Ele me contou de várias situações perigosas em que estivera em sua vida e como sua determinação e força o tinham livrado. Fiquei realmente espantado enquanto ele falava desses eventos perigosos, porque eu sabia que se eu tivesse enfrentado as mesmas situações não teria me saído tão bem quanto ele. Ele era corajoso em todos os sentidos da palavra. Entretanto, quando acabou de falar, respondi chamando-o de maricá e fraco. Ele quase pulou da cadeira quando se inclinou para a frente e explodiu: "Explique-se!" Eu podia não ter participado dessas situações perigosas, disse-lhe, mas o verdadeiro teste da masculinidade não estava nessas coisas, mas no grau em que conseguimos ser esponjas. Disse-lhe que era uma visão patética ver um homem tão forte reclamando de algo pequeno que sua esposa lhe dissera de uma maneira que não lhe agradara e pensando em divórcio porque não conseguia absorver palavras duras. Apesar de toda a sua habilidade exterior, e Oração ele era um fraco. Quantos casamentos seriam imediatamente transformados, se o marido ou a esposa consentissem em ser uma esponja. É a incapacidade de perder que causa o desenvolvimento de tantas raízes de amargura em casais. Um homem pode ir para a cama, e se sua esposa lhe diz algo ofensivo, ele pode punila não lhe falando. Ela pode retaliar recusando-se a tocá-lo. Ele poderia então encontrar novas maneiras de revidar, e a espiral do casamento afunda, freqüentemente até o divórcio. O triste é que tudo poderia ser interrompido se um ou outro simplesmente aceitasse a questão e se determinasse a amar. Sua reação a cada situação negativa revela seu coração mais do que o coração da pessoa que a causou. Você ama sua esposa como Deus ordenou, ou você apenas a ama se...? Você respeita seu marido como a Bíblia ordena, ou você apenas o respeita se...? Os "se" em seu relacionamento revelam fraqueza e precisam ser entregues antes que Deus veja a necessidade de mudança em seu parceiro. Entrega — ser um perdedor-vencedor — é uma vida abundante a ser almejada, não temida. Empurre esse obstáculo para fora do caminho ao se aproximar de Deus. Com o mandamento de negar a si mesmo Deus dá toda a força necessária para obedecê-lo. Quando estou discipulando uma pessoa irada contra o que alguém mais fez ou disse acerca dela, gosto de perguntar 'Você está ofendido?" Então afirmo que estou contente com a afronta e esperançoso de
  • 25. que, no futuro, a pessoa continue a ser ofendida. Ser ofendido é um ingrediente crucial na vida do cristão, porque quando a insolência dos outros não nos incomodar mais, saberemos que estamos vivendo a vida eterna. Jesus podia ter se ressentido de toda a multidão no dia em que foi crucificado; ainda assim dentro em pouco deu a esses transgressores Sua própria vida. Se aceitarmos os insultos de outros, seremos capazes de dar a essas mesmas pessoas nossas vidas. Morremos para que vivam (II Co 4. l O-12). Quando somos desprezados, temos duas responsabilidades: primeiro, recebê-lo com perdão; segundo, tirar a pessoa que nos ofende da condição de quererem ofender a outros. Você gostaria de ver publicado um livro com a lista alfabética de todas as pessoas que você conhece e as afirmações negativas que fez sobre elas? Claro que não! Ninguém gostaria disso. Você tentaria destruir o livro. Quando ouve algo negativo sobre você, dito por outros, portanto por elas e por si mesmo, destrua a informação imediatamente e não permita que ela destrua o relacionamento. Afinal, você sabe que é culpado exatamente do mesmo. No meio de toda confrontação negativa, não há apenas alguma lição para a pessoa irada ou ofensora aprender, mas algo para você, o ofendido, também aprender. Você pode perdoar, amar e encorajar, como o Senhor fez por você quando O ofendeu? O coração de um ofensor é prontamente visível, mas a reação que você tem revela sua condição, se é da carne ou do espírito. Se for da carne, espero que você continue a receber afrontas, até que andar na carne o faça tão miserável, que você se volte à vida interior profunda que não pode ser ofendida. Muitas vezes pensei quão maravilhoso seria freqüentar uma igreja que tivesse escrito na entrada "Esta é uma congregação de cristãos que não se ofendem". Porque freqüentemente me envergonho do modo como membros da igreja e obreiros analisam uns aos outros intensamente, esperando por falhas que provem suas próprias observações emocionais. Eles examinam criticamente como o dinheiro é gasto, que tipo de carro se dirige, as roupas que se usam, e mesmo a área total dos escritórios, até que o ressentimento é desperto de todos os lados. Não deveria ser assim. Se cremos seriamente que a vida cristã é para ser vivida em relacionamentos saudáveis momento a momento, então podemos ver cada ofensa como a primeira naquele momento, e portanto a primeiríssima. É fácil perdoar a primeira ofensa, mas pessoas demais vêem cada uma como outra gota no balde de provas, confirmando que alguém não presta e tem de ser descartado. Ao receber cada ofensa no momento, acharemos bem fácil perdoar setenta vezes sete. Medo da Fraqueza Muitos crêem que são fracos demais para entrar na presença de Deus. Foram convencidos de que tal privilégio ê para os poderosos. Entretanto, fraqueza nunca deve ser obstáculo. Foi um grupo heterogêneo de pessoas entre os israelitas que saiu pela manhã para coletar o maná. Alguns eram jovens e fortes, outros eram velhos, fracos ou viúvas. Se os fortes coletassem uma grande quantidade, descobririam na manhã seguinte que, na verdade, não tinham sobra. Ao mesmo tempo os fracos, que colheram apenas uma pequena porção, descobriram que tinham todo o necessário. Os fracos e os fortes foram tratados da mesma maneira, porque Deus não é parcial. Assim é com cristãos que coletam diariamente o verdadeiro maná (Jesus) que veio dos céus. Os muito resistentes não conseguem colher mais do que os muito deficientes. De novo, Deus não age parcialmente. Ávida integral do Filho está disponível mesmo para os mais fracos, que na verdade são mais adequados para uma vida na presença de nosso Salvador. Porque é em nossa força que mais provavelmente descansaremos confortavelmente e deixaremos de reconhecer nossa necessidade dEle a cada momento. O inimigo persuadiu muitos a crerem que são incapazes de um relacionamento profundo com o Senhor. Esse engano é possível por causa das idéias erradas sobre o que é, na verdade um relacionamento profundo com o Senhor. Cristãos podem pensar que seja uma vida monástica de oração e dever religioso, servindo num pais distante, ou chegando a um nível de perfeição expressa. Quando
  • 26. definida nesses termos, é de se espantar que poucos creiam que tal vida seja para eles? A definição do Senhor de uma vida profunda não é pesada, mas é a de uma vida em que simplesmente Lhe entregamos nossos espíritos a cada momento. É a vida natural de estabilidade, a mesma consciência sem esforço de um ramo ligado à videira. Enquanto o ramo pode não sentir nada de especial, ainda há uma dependência e confiança quietas na videira, para prover todo o necessário. Olhando um ramo, vemos que a vida que ele vive em confiança sólida não apenas é possível, mas é o jeito mais natural para sua existência. De fato, seria muito mais difícil e artificial para o ramo viver num vaso, cortado da videira. Ávida profunda de estabilidade é possível para todos, mesmo os mais fracos. Como o corpo de Cristo sofreu por causa da constante comparação de um membro com outro! Muitos reavivamentos simplesmente giram em torno de uma única pessoa, que gasta uma semana recontando tudo o que alcançou. Às escondidas, os que se assentam nos bancos comparam-se aquela pessoa e concluem que nunca serão eficazes ou agradáveis a Deus. A igreja, então, é deixada com muitos que se sentem muito fracos, despreparados, e derrotados para jamais entrar num relacionamento profundo com o Senhor. É preciso esclarecer que o que é necessário para a vida abençoada de comunhão íntegra com o Senhor não é intelecto, habilidade ou poder superiores, mas uma qualidade do coração que pode facilmente ser determinada. Qualquer um que responder afirmativamente à pergunta 'Você O ama?" possui todo o necessário para uma caminhada profunda com o Senhor. Precisamos alcançar uma simples verdade que tem sido sufocada e escondida. Desde que Deus deu Seu Filho para nos resgatar, não há nada mais fácil para nós obtermos que a presença e alegria de Jesus Cristo a cada momento. Nada mais fácil, porque é algo que o Pai dá livremente a todos, mesmo aos mais fracos. Nunca permita que o inimigo o persuada de que você não é adequado para a presença de Deus, que sua bênção pode ser para outros mas não para você. Atenda ao mandamento para adentrar com ousadia. Por que se nos fala para buscá-Lo? Porque Ele pode ser encontrado! Ele quer que cada cristão O encontre. "Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração." (Jr 29.13) "Quando disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei" (SI 27.8) Ouvimos o mandamento, problemas nos levam a Ele, e somos livres para obedecer. Buscaremos ao Senhor que pode ser achado. Medo em Si À medida que continuamos o exame dos obstáculos que o inimigo coloca à nossa frente, quando nos aproximamos da presença de Deus, temos de estar conscientes de que, se seus outros obstáculos de engano falharem, ele alegremente usará o ás em sua manga — o medo. É interessante notar que há dois ensinos predominantes nas Escrituras sobre o medo. O primeiro abriga todas as ordens para temer a Deus. “Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o" (SI 22.23). "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (SI 111.10). "O conselho do Senhor é para aqueles que o temem, e ele lhes faz saber o seu poeto." (SI 25.14) "Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua benignidade" (SI 33.18) O primeiro ensino sobre o medo é a base para o segundo. "Eis aqui o Senhor teu Deus tem posto esta terra diante de ti; sobe, apodera-te dela, como te falou o Senhor Deus de teus pais; não temas, e não te assustes." (Dt 1.21) "Então eu vos disse: Não nos atemorizeis, e não tenhais medo deles." (Dt 1.29) "Então o Senhor me disse: Não o temas, porque to entreguei nas mãos, a ele e a todo o seu povo; de maneira que o ferimos, até que não lhe ficou sobrevivente algum." (Dt 3.2) Nosso Deus é um Deus zeloso! Não podemos ter outros deuses diante dEle. Uma das características de um falso deus é que inspira medo, sem o qual os adoradores logo perderiam o interesse e iriam por seus próprios caminhos. É simples discernir o que os homens adoram, ao observar o que os faz apreensivos. Muitos permitem que as finanças os perturbem, então colocaram sua confiança para sua provisão, no dinheiro, em
  • 27. vez de colocá-la no Pai celestial. Alguns se aproximam das autoridades com perturbação, mostrando sua esperança (realizada ou não) nos poderosos. Alguns temem as ações de homens, porque é na humanidade que colocam suas expectativas. A lista continua. É importante perceber que somos ordenados a nada temer senão a Deus. O temor é reservado como uma das mais altas formas de adoração. Satanás mostra-se como um deus deste mundo e exige o medo de seus seguidores. Entretanto, temos ordens de não temer senão ao único verdadeiro Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele somente é digno do temor da humanidade. Dar nosso medo a um deus tal como satanás é adorá-lo. Isso é pecado! Nossa adoração do único Deus verdadeiro deve libertar-nos de todos os outros medos: de satanás, do homem, ou circunstâncias. "E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo." (Mt 10.28). Você vê porque o inimigo adora inspirar medo no povo de Deus, porque assim ele prova a si mesmo que é mais que um anjo caído, um inimigo derrotado, e um leão que ruge sem dentes. Com o medo, satanás recebe uma medida de adoração que deve ser reservada para Deus somente e tenta mais uma vez elevar-se para uma posição igual à de Deus. Quando Jesus estava no deserto, satanás o tentou: "Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares." (Mt 4.9) O termo adorar é definido simplesmente como "dar atenção a". Satanás simplesmente dizia, "Dê-me sua atenção!" Jesus recusou, dizendo, "Vai-te, satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás." (Mt 4.10) Somente Deus deve cativar nossa atenção. Infelizmente, há muitos cristãos que dão a satanás consideração indevida, porque não se passa um dia sem que se consumam com medo dele, enquanto se preocupam constantemente com seus planos e enganos. Não é de maneira alguma incomum ouvir mais deles sobre o inimigo que sobre Cristo. Sucumbiram, embora contra suas vontades, à adoração ao inimigo, mas erram porque seu poder não se pode comparar de jeito nenhum ao do nosso Deus. Muitas vezes a batalha entre o bem e o mal é retratada pelo símbolo taoísta de um pequeno círculo metade branco, metade preto. As cores são colocadas de maneira a rivalizarem uma com a outra, pelo domínio; mas ao ganhar posição o negro, o branco perde, e vice-versa. Alguns cristãos vêem a terra e os céus nesse tipo de luta entre as forças das trevas e as forças da luz. Entretanto, não é assim. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela." (Jo 1.4-5, ênfase minha). A luz e as trevas não batalham com força igual, porque a escuridão sempre tem de dar lugar à luz. A escuridão nunca sobrepuja a luz, mas simplesmente ocupa o espaço, quando a luz o permite, ao se retirar. A luz, ao contrário, conquista a escuridão e a força a se retirar do caminho. O homem ainda não inventou urna luz escura, oposta ao holofote, que possa penetrar a luz do dia com um facho de escuridão. Não há algo assim para perturbar a luz, porque a escuridão não tem poder sobre, ou defesa contra a luz. Ainda quando fico de pé no topo de uma montanha na hora mais escura de uma noite na qual nem a lua nem as estrelas consigam exibir sua luz brilhante, minha lanterna barata pode fender a escuridão. Uma imensidão de escuridão não pode vencer minha lanterninha barata, mas tem de dar lugar a seu facho. Como seriam nossas vidas sem a aurora, que imediatamente expulsa a escuridão e permite a produtividade e a segurança do dia? Em nossos corações, a luz de Deus tem de se levantar a cada dia, e toda a escuridão, inclusive o medo, desaparecerá. Não precisamos estudar calhamaços, esforçando-nos para entender a escuridão e seu poder, quando tudo o que é necessário é uma compreensão da presença da luz de Cristo dentro de nossos corações. Nem todo o trabalho demoníaco resistirá a ela, porque todas as sombras têm de fugir e dar lugar à sua glória. Assim como a luz é indizivelmente maior que a escuridão, o poder de Deus é infinitamente maior que o do inimigo. Sabemos, então, que a escuridão de satanás apenas terá permissão de operar onde Deus determinar. É importante que nos concentremos em Sua luz liberada dentro de nós, que expulsará quaisquer trevas que queiram entrar em nós.