A endometriose é uma doença exclusivamente feminina caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, principalmente na pelve. Apresenta sintomas como dor menstrual intensa, dor durante a relação sexual e infertilidade. O diagnóstico é realizado por meio de laparoscopia e biópsia, e o tratamento envolve cirurgia, medicamentos para atrofiar o endométrio ou técnicas de reprodução assistida.
1. ENDOMETRIOSE
Doença exclusivamente feminina, descrito somente 3 casos na literatura em homens que
estavam em uso de estrogênios para tratamento de câncer de próstata. Maior incidência
na mulher em fase reprodutiva, com pico aos 25 anos. Possui alta incidência em
população infértil chegando a 25% e na população geral 10% a 15%.
Seu conceito é a presença de glândulas endometriais fora da cavidade uterina, sendo o
sítio mais comum a pelve feminina, mas há relatos de células endometriais no cérebro,
pulmões, cicatrizes cirúrgicas.
Etiologia desconhecida, apresentando diversas teorias que tentam explicar sua origem,
sendo que vem sendo estudada desde o fim do século XIX. Dentre as teorias que
permaneceram por mais tempo há teoria de Sampson, 1922, acreditava que durante o
período da menstruação ocorreria um fluxo reverso para a cavidade abdominal,
justificando a presença comum no fundo de saco de Douglas. No entanto, com a ampla
utilização da laparoscopia, foi observado que em mulheres no período menstrual há
refluxo e no entanto, nem todas desenvolvem a doença. Teoria de Javert, que em estudo
de cadáveres observou a presença de células endometriais em linfonodos, dando uma
explicação a disseminação linfática para a doença. Modernamente temos o interesse
dentro da questão imunológica, na descoberta de fatores que estariam facilitando que
determinadas mulheres mantenham essas células fora do local e permitindo sua fixação
e manutenção através de processos angiogênicos.
A sintomatologia caracteriza-se pela tríade clássica: dismenorréia, dispareunia e
infertilidade. No entanto, nem sempre encontramos em uma mesma paciente esses três
sintomas/sinais. È comum associar a hiperprolactinemia e aos ovários micropolicísticos,
levando a irregularidade menstrual e metrorragias. Mas o mais importante dos sintomas
se refere à dismenorréia intensa prejudicando a qualidade de vida dessas mulheres e alto
índice de absenteísmo em seu trabalho.
Há sociedades específicas para o estudo dessa doença e que tentam classificá-la de
acordo com sua gravidade. Disso, surge uma particularidade que é a não associação da
intensidade do comprometimento anatômico com a sintomatologia apresentada.
O diagnóstico somente é feito através do estudo histopatológico da área, portanto, sendo
necessária a laparoscopia com biópsia. Laudos ultrassonográficos podem sugerir a
presença de endometrioma, que são cistos com conteúdo hipoecogênico fino, parede
levemente espessada, que se assemelha ao corpo lúteo que não muda com a fase do
ciclo, mas não nos permite afirmar o diagnóstico de endometriose.
2. O tratamento utilizado na atualidade visa dar conforto a paciente ou atender seus
interesses. Em ambos os casos, o tratamento cirúrgico, com a retirada de cistos acima de
2,5 cm com ablação dos focos está indicado. Em casos de falência do primeiro
tratamento e a paciente apresentando dismenorréia intensa podemos utilizar a forma
clínica através dos análogos de LHRH, Danazol, Gestrinoma, progestogênio contínuo
com a finalidade de atrofiar o endométrio e consequentemente o ectópico melhorando a
sintomatologia da paciente. Em pacientes cujo desejo é da procriação utiliza-se a
inseminação artificial e/ou fertilização "in vitro", obtendo sucesso através da gestação e
da melhora da doença.