1. Tiragem: 19618 Pág: 24
País: Portugal Cores: Cor
Period.: Diária Área: 26,96 x 31,34 cm²
ID: 43353489 20-08-2012 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2
Novos horários criam
tensão entre sindicatos
e trabalhadores
da Groundforce
Novo acordo de empresa foi assinado em Janeiro deste
ano e permite semanas de trabalho com 50 horas.
Hermínia Saraiva Relativamente aos novos ho- roporto. Razões que levam o
herminia.saraiva@economico.pt rários, Fernando Henriques diz mesmo responsável a dizer que
que os serão “mais gravosos as novas regras “vão provocar o
Os trabalhadores da Groundfor- para a saúde dos trabalhadores aumento do absentismo e po-
ce contestam o regulamento que estão na placa” do aeropor- dem pôr em causa a segurança
horário que saiu da revisão do to, explicando que durante o dos voos”.
Acordo de Empresa (AE) e que Verão estes trabalhadores estão
permite uma carga horária de sujeitos a temperaturas extre- Ameaças à segurança
50 horas semanais, acima do li- mas, com os termómetros a su- dividem opiniões
mite legal de 40 horas. Os sindi- bir em média cinco graus em re- Receios que André Teives repu-
catos, que assinaram o novo AE lação à temperatura fora do ae- dia. “Está fora de questão colo-
defendem que esta foi a única carem-se problemas de segu-
forma de viabilizar a empresa. rança ligados com a carga horá-
André Teives,
A Comissão de Trabalhadores presidente do
ria. Se as pessoas estiverem a
(CT) alega que já protestou junto STHA, alega que o trabalhar e ficarem 12 horas a
da gestão da Groundforce e que Acordo de Empresa receber trabalho extraordiná-
vai expor o caso ao Instituto Na- assinado em rio, então não há problema com
Janeiro foi a única
cional de Aviação Civil (INAC) e forma de garantir segurança?”. E o sindicalista
à Associação Internacional de a viabilidade recorda o caso da escala de Faro,
Transporte Aéreo (IATA, na sigla da empresa encerrada no final de 2010, em
de ‘handling’
inglesa), por considerar que o que durante o Verão os funcio-
regulamento coloca em risco a nários estavam sujeitos a horá-
segurança da operação, e à Or- rios de cerca de 11 horas.
ganização Mundial de Saúde O presidente do STHA escla-
(OMS), alegando que é lesivo da rece ainda que a negociação dos
saúde dos trabalhadores. novos horários ocorreu quando
“O [novo] Acordo de Empre- “no país se falava da introdução
sa foi assinado no início de 2012, de mais 30 minutos de trabalho
um pouco à revelia da vontade diários” e que a opção dos sin-
dos trabalhadores”, critica Fer- dicatos da Groundforce “foi
nando Henriques, da direcção manter as 7h30 normais, per- Os trabalhadores da Groundforce
da CT da Groundforce, acres- mitindo que, em alguns casos, o receiam que turnos mais longos
centando que “não houve ma- período normal de trabalho ameacem a segurança da operação.
nifestação de acordo ou desa- possa aumentar até às dez ho-
cordo dos trabalhadores” quan- CARGA HORÁRIA ras”. Com os horários a vigorar
to à nova redacção do AE.
André Teives, presidente do
Sindicatos dos Técnicos de
● A entrada ao serviço às 5h
pressupõe uma carga horária
por períodos de seis meses, o AE
estipula, segundo os sindicatos,
que no final desse período a mé-
Empresa aguarda
Handling e Aeroportos (STHA), de cinco horas por dia ou dia não ultrapasse as 37h30 de
um dos cinco sindicatos que ne- de 25 horas semanais. trabalho semanais (ver caixa). Concurso para a atribuição os concursos para a selecção de
gociou o novo AE com a admi- Além da assinatura dos re- de licenças para Lisboa e Porto um prestador de serviços de as-
nistração da Groundforce, diz ● Começar a trabalhar às 6h30 presentantes da STHA, o novo foi lançado há mais de um ano. sistência em escala, nos aero-
que esta foi a forma de garantir a implica uma carga horária acordo de empresa da Ground- portos de Lisboa, Porto e Faro,
sobrevivência da empresa e a de 7h30 por dia ou 37h30 force foi firmado, a 20 de Janeiro A venda da maioria do capital da continuam a seguir os trâmites
manutenção de mais de dois mil por semana. deste ano, pelos sindicatos das Groundforce à TAP era apenas normais previstos na legislação
postos de trabalho. “Os cinco Indústrias Metalúrgicas e Afins um dos passos no processo de aplicável”. De acordo com a
sindicatos assinaram um AE ● Quem entrar às 7h terá (SIMA), Nacional Trabalhadores viabilização e nem sequer o mais mesma fonte, o júri do concurso
para viabilizar a empresa, para uma carga horária de 50 horas Aviação Civil (Sintac), dos Tra- importante. Para que a empresa está “actualmente [a analisar]
permitir que a empresa pudesse semanais ou de dez horas diárias. balhadores da Aviação e Aero- de ‘handling’ (assistência em as propostas apresentadas pelos
concorrer [à renovação das li- portos (Sitava) e dos Quadros da terra) sobreviva, é necessário diversos concorrentes”.
cenças de operação], porque só ● Os sindicatos dizem que três Aviação Comercial (SQAC). que sejam renovadas as licenças A Urbanos – que comprou
com um plano de viabilidade era horários se aplicam de forma O Diário Económico tentou de operação nos aeroportos de 50,1% da Groundforce à TAP no
possível concorrer e só havia sucessiva, com os ciclos a ainda obter esclarecimentos Lisboa e Porto. Mas os concursos final do ano passado – assumiu a
plano de viabilidade se o AE fos- repetirem-se ininterruptamente junto da administração da em- lançados no final de Junho de empresa a 1 de Julho, depois de
se revisto”, explica André Tei- por seis meses, perfazendo presa, liderada por Carlos Paz, 2011 continuam sem vencedor. um processo que chegou a Bru-
ves, habitual porta-voz dos cin- no final desse período uma mas não obteve resposta até ao O Instituto Nacional de Avia- xelas e que ameaçou a viabilida-
co sindicatos. média de 37h30 semanais. fecho desta edição. ■ ção Civil (INAC) esclarece “que de da empresa pela demora na
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Paulo Figueiredo
licenças de operação
aprovação da operação pelo lado
PREJUÍZO do ministério das Finanças.
A empresa de ‘handling’ fe-
2,3 milhões chou o semestre com perdas de
2,3 milhões de euros, de acordo
A Groundforce fechou o semestre
com os resultados semestrais da
com perdas de 2,3 milhões
TAP divulgados no final da se-
de euros, valor que representa
mana passada. Este valor re-
uma recuperação de 68,8%
presenta “uma recuperação de
face aos 7,3 milhões de prejuízo
68,8% face aos 7,3 milhões de
registados nos primeiros seis
prejuízo” em igual período de
meses de 2011.
2011 e é para a companhia aérea
portuguesa, um indício da
“possibilidade de obter os pri-
meiros resultados positivos
ainda em 2012”, contra o pre-
juízo de 11,1 milhões de euros
registado em 2011. ■