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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
          CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
      CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM




O PROCESSO TERAPÊUTICO DOS USUÁRIOS DE UM CENTRO DE
  ATENÇÃO PSICOSSOCIAL PARA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
               (CAPSi) DO SUL DO BRASIL


                     ACADÊMICAS: CAMILA CRISTINA FERREIRA CALEFFI
                                 CAROLINE NUNES DA SILVA STADNICKI
                                      LUIZA STELLA DALVA DA CUNHA


                   ORIENTADORA: Profª Dra. MARIA TEREZINHA ZEFERINO


                     FLORIANÓPOLIS , 2011
INTRODUÇÃO

o Ao  longo da história a visão da “loucura” tem sofrido mudanças
no imaginário das pessoas, sempre refletindo suas ideologias,
culturas e políticas. No século XVIII, estes “loucos” começam a ser
enquadrados como “doentes mentais” tornando-se alvo de
pesquisas e intervenções psiquiátricas, surgindo assim os hospitais
psiquiátricos. A partir do séc. XX surge a necessidade de
reformulação do sistema através da substituição dos manicômios
por serviços substitutivos (TEIXEIRA, 2009).

o Nessa forma de conceber saúde mental, a reabilitação psicossocial
e a reinserção social são os objetivos principais dos tratamentos
(TEIXEIRA, 2009).
INTRODUÇÃO

o Assim  surge a rede de atenção à saúde mental, tendo como
serviço central os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS),
dispositivos de atendimento diário, destinados a acolher
pacientes com transtorno mental, estimulando sua integração
social e familiar e sua autonomia (BRASIL, 2004).

o No campo da saúde mental da criança e do adolescente, são
criados os Centros de Atenção Psicossocial para Infância e
Adolescência (CAPSi), dispositivos destinados ao atendimento
de crianças e adolescentes com transtornos mentais que
envolvam prejuízos severos e persistentes (BRASIL, 2004).
INTRODUÇÃO

o Considerando o exposto, escolhemos como tema central deste
estudo a atenção à saúde mental da criança e do adolescente e
como campo de atuação um CAPSi do Sul do Brasil.



oA   ideia de realizar este trabalho surgiu durante o estágio
curricular da sexta fase em saúde mental na atenção básica,
somado ao nosso interesse em trabalhar na a área da criança e ao
percebermos lacunas em relação a trabalhos científicos nesta
área.
QUESTÃO DE PESQUISA


Como se desenvolve o processo terapêutico dos usuários de
 um CAPSi do Sul do Brasil?
OBJETIVOS

 Objetivo   Geral:
-   Compreender como se desenvolve o processo terapêutico dos
    usuários de um CAPSi do Sul do Brasil.

 Objetivos   Específicos:
 - Levantar o perfil dos usuários que tiveram o seu processo
   terapêutico finalizado no CAPSi;
- Identificar como se dá a inclusão do usuário no projeto terapêutico do
   CAPSi;
- Verificar qual a compreensão dos profissionais sobre o processo
   terapêutico dos usuários atendidos no CAPSi.
REVISÃO DE LITERATURA


 O processo de Reforma Psiquiátrica;
 Rede de Atenção em Saúde Mental;
 Centro de Atenção Psicossocial;
 Saúde Mental na Infância e Adolescência;
 O Processo Terapêutico.
METODOLOGIA

 Pesquisa qualitativa na perspectiva descritiva;
 Local: CAPSi do Sul do Brasil;

 Submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com
  Seres Humanos da UFSC sob parecer de nº2189;
 Participantes da pesquisa: 7 profissionais de nível superior – uma
  enfermeira, três psicólogas, duas assistentes sociais e um médico
  psiquiatra;
 Coleta de dados: 2 etapas - prontuários de crianças e adolescentes
  que receberam alta terapêutica de 2004 até junho de 2011 e
  entrevista semi-estruturada com os profissionais do serviço.
METODOLOGIA

1. Prontuários:

    Período de Coleta: agosto e setembro de 2011;
    Critério de inclusão: prontuários encerrados com alta
     terapêutica desde a abertura do serviço até junho de
     2011;
    Identificados     110      prontuários,     selecionados,
     aleatoriamente, três prontuários por ano de alta, de 2004
     a junho de 2011, com exceção do ano de 2004 (apenas
     duas altas) e 2011 (nenhuma alta), totalizando 20
     prontuários.
METODOLOGIA

2. Entrevistas:

   Período de coleta: outubro de 2011;
   Leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre
    e Esclarecido;
   As          entrevistas         foram         gravadas
    e, posteriormente, transcritas e organizadas em tabelas
    para melhor visualização e análise das mesmas;
   O instrumento de pesquisa semi-estruturado foi
    dividido em duas partes: a primeira contemplou dados
    pessoais dos profissionais e a segunda relacionada ao
    processo terapêutico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

   Dos dados coletados surgiram cinco categorias:

-   Terapeuta de referência;
-   Atendimento multiprofissional;
-   Projeto terapêutico individual;
-   Contrato terapêutico;
-   Processo de alta no CAPSi.
TERAPEUTA DE
REFERÊNCIA
TERAPEUTA DE REFERÊNCIA


   O profissional que acolheu o indivíduo no
    serviço passará a ser uma referência para
    ele, podendo ser o que denominamos de
    terapeuta de referência, mas não
    necessariamente, pois é preciso que se leve
    em conta o vínculo que o usuário estabelece
    com o terapeuta, algo fundamental em seu
    processo de tratamento (BRASIL, 2004).
TERAPEUTA DE REFERÊNCIA

   “A definição tem que ter o vinculo entre o usuário e o terapeuta,
    embora tendo em vista a equipe reduzida nesses dois últimos anos a
    gente tem percebido que terapeuta de referencia acaba sendo aquele
    que faz a entrevista inicial e acaba ficando com o caso” (P7).

   “O terapeuta de referência é aquele que faz todo o contato com a
    rede, que tem um vínculo maior com a família ou com o
    referenciado” (P1).

   “Terapeuta de referência é aquele que se responsabiliza pelo menor,
    que passa acompanhar a criança e o adolescente no momento em
    que ele chega aqui e em todas as intercorrências” (P3).
TERAPEUTA DE REFERÊNCIA

   Através da análise das entrevistas constatamos que o
    profissional de referência é, normalmente, aquele que
    realizou a entrevista inicial, apesar de os profissionais
    afirmarem que o mais importante é o vínculo estabelecido;

   Em relação aos dados retirados dos prontuários verificamos
    que não havia um documento que registrasse quem era o TR.
    Por isso, usamos como critério de identificação o profissional
    que tivesse realizado mais atendimentos individuais/família.
    Dos 20 prontuários analisados 16 mantiveram como TR o
    profissional que realizou a entrevista inicial.
ATENDIMENTO
MULTIPROFISSIONAL
ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL


Anoção de trabalho em equipe tem surgido como
um meio de enfrentar o intenso processo de
especialização na área da saúde. Configura-se
como uma modalidade de trabalho coletivo, na
qual se desenvolve uma relação recíproca entre as
múltiplas intervenções técnicas e a interação entre
profissionais de diferentes áreas (PEDUZZI, 2001).
ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL

   “Ocorre a partir dessas reuniões de equipe que a gente tem, porque
    aí ocorre assim, por exemplo, eu tenho um paciente que vem pra
    uma primeira avaliação comigo, então a equipe não conhece, quem
    vai estabelecer o primeiro contato sou eu, e a partir da
    entrevista, ou nas entrevistas, eu encaminho pra equipe pra gente
    discutir um plano terapêutico” (P6).

   “Ele vem e na discussão de caso é que isso é mais ou menos
    delineado, ele vem eu acolho e faço vários atendimentos:
    família, escola[...]dou um cercamento do caso e levo para a
    discussão de caso, aí ali a coisa se delineia” (P2).
ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL

   Os profissionais do CAPSi demonstraram conhecimento sobre a
    importância desse trabalho multiprofissional, sendo que a maioria
    define que tal modalidade de atendimento acontece, na verdade, nas
    reuniões de discussão de caso;



   Com a coleta de dados dos prontuários tivemos a oportunidade de
    observar a existência de uma equipe multiprofissional, uma vez que
    dos 20 prontuários consultados, 16 usuários apresentavam
    evoluções de dois ou mais profissionais de diferentes formações.
PROJETO TERAPÊUTICO
INDIVIDUAL
PROJETO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL



 Nos serviços de saúde mental, em especial os CAPS,
 as estratégias de ação são planejadas e têm objetivos
 estabelecidos no projeto terapêutico, que é definido
 pela Portaria 147, de 25 de agosto de 1994, como
 sendo um conjunto de objetivos e ações propostos e
 implementados pela equipe multiprofissional, com
 vistas à recuperação do usuário, desde a entrada até
 sua alta (KANTORSKI et al, 2010);
PROJETO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL

   No CAPSi, os projetos terapêuticos individuais já começam a ser
    desenhados na entrevista inicial. Porém o mesmo projeto só é
    fechado nas reuniões de equipe, através da discussão dos casos:

   “Eu quando estou fazendo avaliação eu já estou vislumbrando uma
    possibilidade[...]mas é na reunião de equipe que é decidido o
    projeto terapêutico.” (P4).

   “Então, na entrevista inicial a gente já começa a meio que elaborar
    esse projeto terapêutico. No momento do estudo de caso com a
    equipe a gente fecha uma proposta de projeto.” (P5).
PROJETO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL

   Outro ponto destacado é que esse projeto terapêutico individual deve ser
    elaborado a partir da necessidade do usuário, além de que o mesmo precisa
    ser acordado também com o usuário e família e não somente com a
    equipe;

   “O projeto terapêutico é moldado de acordo com as necessidades e
    também de acordo com as possibilidades da família e do usuário. Então a
    gente não pode fazer um projeto terapêutico e manter eles fora desse
    processo[...]então é meio construído junto.” (P1).

   Na coleta de dados dos prontuários observamos a inexistência de um
    registro claro de qual é o projeto terapêutico individual para cada criança e
    adolescente. Então, para nossa coleta utilizamos como critério a leitura de
    todas as evoluções e observação de quais atividades estava inserida.
CONTRATO
TERAPÊUTICO
CONTRATO TERAPÊUTICO

   Em se tratando de saúde mental, para que haja possibilidade do
    tratamento ter êxito trabalha-se, basicamente, em cima do contrato
    estabelecido entre o usuário e o serviço. Este contrato deve ser
    flexível em termos de objetivos, horários, frequência entre outros,
    porém deve ser extremamente rigoroso no que diz respeito à ética
    em relação ao usuário e a todo conteúdo que for trazido para o
    tratamento (SILVEIRA, 2010).

   Um dos objetivos do contrato por escrito é imprimir um rito de
    passagem ao momento tênue em que a relação está sendo
    assumidamente iniciada, porém não está ainda constituída. A autora
    relata que já ouviu frases de seus pacientes, como “caramba, agora é
    sério” ou “agora não posso sair”? Ou de uma advogada “...mas, isto
    não tem efeito legal, nenhum”, ou outros que, simplesmente, após a
    leitura e a assinatura, guardam na bolsa como algo natural
                                                      (D’ACRI, (2009) .
CONTRATO TERAPÊUTICO

   Quanto à realização do contrato terapêutico formal, ou escrito, a
    equipe menciona que chegou a elaborar um contrato formal, porém
    aos poucos o mesmo foi deixando de ser utilizado pelos
    profissionais, demonstrando, que não houve aderência por parte da
    equipe, sendo feito apenas de forma verbal:

   “É, mas a gente costuma falar, verbalmente a gente firma esse
    contrato...” (P1).

   “O processo a gente fala para a família, então desde o começo a
    gente fala como vai ser, é o momento falado, hoje não tem papel
    para fazer isso, o contrato que a gente utiliza é isso, é falar o
    planejamento para a família da oficina, acho que é esse tipo de
    contrato” (P7).
CONTRATO TERAPÊUTICO

   Quanto à importância da realização desse contrato, a maior parte dos
    profissionais acredita ser importante, porém não vêm necessidade de
    fazê-lo de forma escrita:

   “Ele é importante. Eu acho que é importante a família se sentir
    responsável também. Só que só o papel não tem um valor assim...
    né, porque a gente teria que levar mais a sério também.” (P1).

   “Contrato de papel o que eu penso, assim é interessante por conta
    das faltas, da não adesão, dessa coisa que o perfil das famílias
    daqui acontece, mas eu não sei se tem necessidade [...] Mas eu não
    vejo uma necessidade de papel não, mas um papel eu não vejo
    necessidade” (P7).
CONTRATO TERAPÊUTICO

 Apesar de a literatura nos trazer a importância de um
 contrato terapêutico formal para a realização de um bom
 processo terapêutico, constatamos a não aderência da
 equipe à utilização deste documento, sendo o contrato
 realizado apenas de forma verbal;

 Além   das entrevistas constatamos também a sua não
 utilização através da coleta de dados nos prontuários, pois
 dos 20 que foram analisados apenas um possuía o contrato
 terapêutico escrito.
PROCESSO
DE ALTA
PROCESSO DE ALTA


A  alta pode ser entendida como uma parte integrante do
 processo terapêutico do usuário, que deve ser cogitada desde a
 chegada do mesmo no serviço e tem que estar diretamente
 relacionada com o projeto terapêutico individual, visando
 sempre a reabilitação psicossocial (PELIZZARO, 2006).

 Observamos  que a avaliação para a alta gira principalmente em
 torno das queixas, ou do quadro inicial e tendo se resolvido
 esse quadro, o caso é discutido em reunião de equipe, que em
 conjunto decide pela alta ou não do usuário:
PROCESSO DE ALTA

   “É quando vê que a problemática maior da criança ou adolescente
    já foi eliminada e às vezes a própria criança manifesta vontade de
    sair, e quando, como eu falei, quando é constatada a melhora da
    criança do quadro que ela entrou, quadro antigo que ela entrou está
    eliminado.[...] eu observo assim partindo da melhora da pessoa”
    (P3).

   “[...]a gente começa a perceber que talvez não tenha mais
    necessidade, que a demanda já se transformou, que a gente já
    conseguiu, está conseguindo vê que esse cara está super bem na
    escola, e assim vai, a gente vai percebendo sinais de melhora e
    encaminha pra alta...” (P4).
PROCESSO DE ALTA

 Durante   a seleção dos prontuários observamos que nem sempre
    a alta terapêutica está claramente definida. Desta forma
    tivemos que selecionar critérios para determinar quais
    prontuários seriam incluídos na pesquisa:

-   anotação no prontuário de alta por melhora;
-   leitura das evoluções e observação de melhora do quadro ao
    final do tratamento;
-   auxílio da nossa supervisora, que por estar lá desde o inicio,
    conhece os casos e sabia nos orientar se era ou não alta
    terapêutica.
PROCESSO TERAPÊUTICO
PROCESSO TERAPÊUTICO


O  processo terapêutico ocorre de forma complexa, por ser
 um fenômeno que envolve muitos fatores, como as
 experiências que o usuário viveu e vive, suas expectativas
 para o futuro, os recursos psíquicos de que dispõe, o
 contexto de seus relacionamentos familiares e sociais, que
 compõe sua história de vida individual, além do motivo
 pelo qual ele foi encaminhado para atendimento no
 serviço, e a relação que se estabelece entre o terapeuta e o
 usuário (FERREIRA, 2005) .
PROCESSO TERAPÊUTICO

   Com base nos depoimentos dos profissionais, percebemos que a
    maioria entende o processo terapêutico como todo o caminho
    percorrido pelas crianças e adolescentes enquanto são atendidos no
    CAPSi:

   “O     processo      terapêutico,   diferentemente    do    projeto
    terapêutico, começa desde o início, desde a hora do acolhimento até
    depois da alta[...]”(P1).

   “Eu acho que processo, para mim é desde que ele chega aqui, chega
    aqui para ser avaliado, ele está na entrevista inicial até a alta
    dele, isso é o processo, é o caminho que ele percorre até finalmente
    voltar a vida dele enfim, sem precisar da gente[...]”(P7).
PROCESSO TERAPÊUTICO
   Neste caminho, a criança, o adolescente e suas respectivas famílias
    são inseridos em uma série de atividades que visam compreender a
    situação a fim de traçar um plano, ou seja, um projeto terapêutico,
    que seja capaz de abranger a complexidade do problema vivido pelo
    usuário e sua família;

   Outro ponto que se destaca é a visão dos profissionais de que o
    processo terapêutico não deve ficar restrito à criança ou adolescente,
    mas toda a rede de apoio, principalmente a família:

   “Eu acho que todo o caminho que esse usuário faz... no sentido dele
    se perceber melhor, dele compreender a situação dele, dele se
    conhecer, dele poder conhecer o meio que ele tá, a família, as
    condições que ele têm, as condições que ele têm na escola e ele
    aprender respostas” (P5)
PROCESSO TERAPÊUTICO

 Com a coleta de dados dos prontuários pudemos observar que
 esse processo terapêutico não é facilmente identificado, uma
 vez que as informações estão incompletas ou ausentes;

 Verificamos  que apesar dos profissionais demonstrarem
 conhecimento sobre processo terapêutico e estarem realizando-
 o no serviço, o registro dos mesmos nos prontuários é pouco
 percebido, uma vez que as informações parecem ser
 aleatoriamente anotadas, o que dificulta a leitura desse
 processo terapêutico por um profissional que não conhece os
 casos ou não faz parte do serviço.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

   A coleta de dados nos prontuários e as entrevistas possibilitaram a
    compreensão de como ocorre este processo em todas as suas
    etapas, desde o momento em que o usuário é acolhido até a sua alta;

   A realização da coleta de dados nos prontuários nos fez
    compreender como se constitui neste serviço o registro deste
    processo;

   Já com as entrevistas, verificamos como o profissional compreende
    e realiza o processo, algo que não fica evidenciado nos prontuários.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Sendo assim, verificamos que:

O  processo terapêutico pode ser entendido como todo o
 caminhar da criança ou adolescente durante seu tratamento no
 CAPSi;

O  terapeuta de referência é aquele que irá acompanhar o
 usuário durante todo seu tratamento, funcionando como elo
 entre o usuário, a família, sua rede social e o restante da
 equipe, sendo normalmente aquele que realiza o primeiro
 atendimento, apesar de os profissionais considerarem
 importante o vínculo estabelecido entre terapeuta e usuário;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
   O projeto terapêutico individual já começa a ser pensado desde os
    primeiros atendimentos, mas é definido mesmo nas reuniões de
    equipe. Além disso, deve ser elaborado de acordo com as
    necessidades da criança ou adolescente e sua família, sendo
    acordado e aceito pelos mesmos;

   O contrato terapêutico é realizado apenas de forma verbal, que a
    equipe acha importante sua realização mas não vê necessidade de
    ser feito por escrito;

   A alta terapêutica acontece com a superação do quadro inicial e das
    queixas que surgem durante o tratamento. Deve ser trabalhada
    desde o início do processo, como a noção de que em um momento o
    usuário não precisará mais deste serviço e poderá caminhar sozinho;
CONSIDERAÇÕES FINAIS

   O processo terapêutico de um usuário atendido no CAPSi é algo
    muito mais amplo do que apenas sua presença no serviço, é
    importante que o profissional eleito como terapeuta de referência
    não direcione seu olhar apenas para a criança ou adolescente, e sim
    a todas as situações em que o mesmo vive, sua família, escola,
    todos os espaços onde o mesmo frequenta, uma vez que toda essa
    rede contribui de maneira significativa para sofrimento mental
    desse usuário;

   Além disso, deve ocorrer de maneira dinâmica, sofrendo
    modificações ao longo do tempo, tendo em vista que se trabalha
    com sofrimento mental, algo que não pode ser visto como simples e
    homogêneo, mas sim complexo e multifacetado, principalmente em
    se tratando de crianças e adolescentes, que podem ser considerados
    mais frágeis e sensíveis as situações do seu cotidiano.
AGRADECIMENTOS

 Agradecemos  a Deus por nos guiar e abençoar durante esta
 jornada de formação e aprendizado e aos nossos pais pelo
 apoio, paciência e o carinho que investiram em nós,
 sempre acreditando em nosso potencial e nos ensinando
 qual o melhor caminho a seguir.

 Também    somos gratos aos nossos irmãos e demais
 familiares, amigos e companheiros por estarem conosco
 nas horas boas e difíceis, compreendendo a nossa ausência
 nos momentos em que este trabalho exigia a nossa atenção
 integral.
AGRADECIMENTOS

 Agradecemos    a equipe do CAPSi que nos acolheu
 especialmente à Lílian Pagliuca, nossa supervisora, que
 guiou nossos passos quando escolhemos mergulhar em um
 mundo novo e ao professor Jonas Salomão Sprícigo que
 nos auxiliou na ausência de nossa orientadora.

 E, finalmente, com muito carinho, respeito e admiração
 registramos nossa gratidão à Profª Maria Terezinha
 Zeferino, nossa orientadora, que abraçou a nossa causa
 desde o dia em que a convidamos para nos orientar. Que
 mesmo quando esteve distante nos ensinou a confiar em
 nos mesmas e que no decorrer do trabalho foi uma amiga
 que     soube    nos     acalmar   nos  momentos     de
 dificuldades, angústias e dúvidas.
DEDICATÓRIA
   Este trabalho é dedicado a todas as crianças e adolescentes
    que nos ensinaram a valorizar mais nossa família, a amar
    mais a vida, a compreender as particularidades de cada ser,
    de cada família e a respeitar o ser humano.
   Obrigada por nos ensinar que todas as crianças e jovens
    precisam de proteção e necessitam serem tratadas com
    respeito, amor e carinho e por nos ensinar que apesar de
    tudo ainda é possível, brincar, sorrir e superar as
    dificuldades da vida!
     Dedicamos também ao nosso pequeno Arthur Stadnicki,
    que acaba de vir ao mundo e já é amado e respeitado por
    todos que o cercam. Que você possa fazer parte de um
    mundo melhor, com pessoas mais amáveis e pacientes, que
    respeitem a própria vida e a vida dos demais. Que a sua
    chegada possa representar tudo o que todas as crianças
    merecem ter nessa vida.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial/
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

COUTO, Maria Cristina Ventura; DUARTE, Cristiane S; DELGADO, Pedro Gabriel
Godinho. A Saúde Mental Infantil na Saúde Pública brasileira: situação atual e desafios.
Revista Brasileira de Psiquiatria, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v30n4/a15v30n4.pdf.> Acesso em: 25 maio 2011.

D’ACRI, Gladys Costa de M. R. M. Reflexões Sobre o Contrato Terapêutico Como
Instrumento de Autorregulação do Terapeuta. Revista da Abordagem Gestáltica – XV
(1):             42-50.             Goiânia,2009.            Disponível         em:
<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v15n1/v15n1a07.pdf > Acesso em: 3 nov. 2011.

FERREIRA, Vinícius Renato Thomé. Produção brasileira em bases de dados sobre o
processo terapêutico na terapia familiar e de casal. Revista PSICO, Porto
Alegre, PUCRS, 2005, v. 36, n.1.

FERREIRA, Gina. A reforma psiquiátrica no Brasil: Uma análise sócio política. Revista de
Psicanálise, São Paulo, 2006, v.4, n.1. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad-
pesq/arquivos/c03-art06.pdf> Acesso em: 25 maio 2011.
REFERÊNCIAS
KANTORSKI, L., BIELEMANN, V., CLASEN, B., SILVEIRA PADILHA, M., BUENO, M.,
HECK, R.. A concepção dos profissionais acerca do projeto terapêutico de Centros de
Atenção Psicossocial - CAPS. Revista Cogitare Enfermagem.15, dez. 2010. Disponível
em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs-2.2.4/index.php/cogitare/article/view/20362/13523> Acesso
em: 23maio 2011.

PEDUZZI, Marina. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Revista de Saúde
Pública.     São       Paulo,      2001,     35     (1):    103-9.       Disponível    em:
<http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v35n1/4144.pdf.> Acesso em: 27 out. 2011.

PELIZZARO, F. A alta de usuários nos serviços substitutivos/CAPS na região da
Grande Florianópolis – SC. 2006. 65f. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso em
Psicologia). Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 2006.

SILVEIRA, Gabriela Kunz. Entre a Ética e a Alegria – Reflexões Necessárias Para o
Trabalho em Um CAPS. 2010. 31f. Especialização em Educação em Saúde Mental
Coletiva. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/29953/000779528.pdf?sequence=1>
Acesso em: 3 nov. 2011.

TEIXEIRA, Raquel Malheiros. As contribuições de Franco Basaglia para o campo da
saúde mental e da reforma psiquiátrica brasileira. Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública,     Bahia,      2009.   Disponível        em:     <http://abepsi.org.br/site/wp-
content/uploads/2011/01/TCC-RAQUEL-MALHEIROS-TEIXEIRA-_2_pdf.> Acesso em: 25
maio 2011.

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Trabalho de Conclusão de Curso

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM O PROCESSO TERAPÊUTICO DOS USUÁRIOS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL PARA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (CAPSi) DO SUL DO BRASIL ACADÊMICAS: CAMILA CRISTINA FERREIRA CALEFFI CAROLINE NUNES DA SILVA STADNICKI LUIZA STELLA DALVA DA CUNHA ORIENTADORA: Profª Dra. MARIA TEREZINHA ZEFERINO FLORIANÓPOLIS , 2011
  • 2. INTRODUÇÃO o Ao longo da história a visão da “loucura” tem sofrido mudanças no imaginário das pessoas, sempre refletindo suas ideologias, culturas e políticas. No século XVIII, estes “loucos” começam a ser enquadrados como “doentes mentais” tornando-se alvo de pesquisas e intervenções psiquiátricas, surgindo assim os hospitais psiquiátricos. A partir do séc. XX surge a necessidade de reformulação do sistema através da substituição dos manicômios por serviços substitutivos (TEIXEIRA, 2009). o Nessa forma de conceber saúde mental, a reabilitação psicossocial e a reinserção social são os objetivos principais dos tratamentos (TEIXEIRA, 2009).
  • 3. INTRODUÇÃO o Assim surge a rede de atenção à saúde mental, tendo como serviço central os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dispositivos de atendimento diário, destinados a acolher pacientes com transtorno mental, estimulando sua integração social e familiar e sua autonomia (BRASIL, 2004). o No campo da saúde mental da criança e do adolescente, são criados os Centros de Atenção Psicossocial para Infância e Adolescência (CAPSi), dispositivos destinados ao atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais que envolvam prejuízos severos e persistentes (BRASIL, 2004).
  • 4. INTRODUÇÃO o Considerando o exposto, escolhemos como tema central deste estudo a atenção à saúde mental da criança e do adolescente e como campo de atuação um CAPSi do Sul do Brasil. oA ideia de realizar este trabalho surgiu durante o estágio curricular da sexta fase em saúde mental na atenção básica, somado ao nosso interesse em trabalhar na a área da criança e ao percebermos lacunas em relação a trabalhos científicos nesta área.
  • 5. QUESTÃO DE PESQUISA Como se desenvolve o processo terapêutico dos usuários de um CAPSi do Sul do Brasil?
  • 6. OBJETIVOS  Objetivo Geral: - Compreender como se desenvolve o processo terapêutico dos usuários de um CAPSi do Sul do Brasil.  Objetivos Específicos: - Levantar o perfil dos usuários que tiveram o seu processo terapêutico finalizado no CAPSi; - Identificar como se dá a inclusão do usuário no projeto terapêutico do CAPSi; - Verificar qual a compreensão dos profissionais sobre o processo terapêutico dos usuários atendidos no CAPSi.
  • 7. REVISÃO DE LITERATURA  O processo de Reforma Psiquiátrica;  Rede de Atenção em Saúde Mental;  Centro de Atenção Psicossocial;  Saúde Mental na Infância e Adolescência;  O Processo Terapêutico.
  • 8. METODOLOGIA  Pesquisa qualitativa na perspectiva descritiva;  Local: CAPSi do Sul do Brasil;  Submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da UFSC sob parecer de nº2189;  Participantes da pesquisa: 7 profissionais de nível superior – uma enfermeira, três psicólogas, duas assistentes sociais e um médico psiquiatra;  Coleta de dados: 2 etapas - prontuários de crianças e adolescentes que receberam alta terapêutica de 2004 até junho de 2011 e entrevista semi-estruturada com os profissionais do serviço.
  • 9. METODOLOGIA 1. Prontuários:  Período de Coleta: agosto e setembro de 2011;  Critério de inclusão: prontuários encerrados com alta terapêutica desde a abertura do serviço até junho de 2011;  Identificados 110 prontuários, selecionados, aleatoriamente, três prontuários por ano de alta, de 2004 a junho de 2011, com exceção do ano de 2004 (apenas duas altas) e 2011 (nenhuma alta), totalizando 20 prontuários.
  • 10. METODOLOGIA 2. Entrevistas:  Período de coleta: outubro de 2011;  Leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;  As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas e organizadas em tabelas para melhor visualização e análise das mesmas;  O instrumento de pesquisa semi-estruturado foi dividido em duas partes: a primeira contemplou dados pessoais dos profissionais e a segunda relacionada ao processo terapêutico.
  • 11. RESULTADOS E DISCUSSÃO  Dos dados coletados surgiram cinco categorias: - Terapeuta de referência; - Atendimento multiprofissional; - Projeto terapêutico individual; - Contrato terapêutico; - Processo de alta no CAPSi.
  • 13. TERAPEUTA DE REFERÊNCIA  O profissional que acolheu o indivíduo no serviço passará a ser uma referência para ele, podendo ser o que denominamos de terapeuta de referência, mas não necessariamente, pois é preciso que se leve em conta o vínculo que o usuário estabelece com o terapeuta, algo fundamental em seu processo de tratamento (BRASIL, 2004).
  • 14. TERAPEUTA DE REFERÊNCIA  “A definição tem que ter o vinculo entre o usuário e o terapeuta, embora tendo em vista a equipe reduzida nesses dois últimos anos a gente tem percebido que terapeuta de referencia acaba sendo aquele que faz a entrevista inicial e acaba ficando com o caso” (P7).  “O terapeuta de referência é aquele que faz todo o contato com a rede, que tem um vínculo maior com a família ou com o referenciado” (P1).  “Terapeuta de referência é aquele que se responsabiliza pelo menor, que passa acompanhar a criança e o adolescente no momento em que ele chega aqui e em todas as intercorrências” (P3).
  • 15. TERAPEUTA DE REFERÊNCIA  Através da análise das entrevistas constatamos que o profissional de referência é, normalmente, aquele que realizou a entrevista inicial, apesar de os profissionais afirmarem que o mais importante é o vínculo estabelecido;  Em relação aos dados retirados dos prontuários verificamos que não havia um documento que registrasse quem era o TR. Por isso, usamos como critério de identificação o profissional que tivesse realizado mais atendimentos individuais/família. Dos 20 prontuários analisados 16 mantiveram como TR o profissional que realizou a entrevista inicial.
  • 17. ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL Anoção de trabalho em equipe tem surgido como um meio de enfrentar o intenso processo de especialização na área da saúde. Configura-se como uma modalidade de trabalho coletivo, na qual se desenvolve uma relação recíproca entre as múltiplas intervenções técnicas e a interação entre profissionais de diferentes áreas (PEDUZZI, 2001).
  • 18. ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL  “Ocorre a partir dessas reuniões de equipe que a gente tem, porque aí ocorre assim, por exemplo, eu tenho um paciente que vem pra uma primeira avaliação comigo, então a equipe não conhece, quem vai estabelecer o primeiro contato sou eu, e a partir da entrevista, ou nas entrevistas, eu encaminho pra equipe pra gente discutir um plano terapêutico” (P6).  “Ele vem e na discussão de caso é que isso é mais ou menos delineado, ele vem eu acolho e faço vários atendimentos: família, escola[...]dou um cercamento do caso e levo para a discussão de caso, aí ali a coisa se delineia” (P2).
  • 19. ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL  Os profissionais do CAPSi demonstraram conhecimento sobre a importância desse trabalho multiprofissional, sendo que a maioria define que tal modalidade de atendimento acontece, na verdade, nas reuniões de discussão de caso;  Com a coleta de dados dos prontuários tivemos a oportunidade de observar a existência de uma equipe multiprofissional, uma vez que dos 20 prontuários consultados, 16 usuários apresentavam evoluções de dois ou mais profissionais de diferentes formações.
  • 21. PROJETO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL  Nos serviços de saúde mental, em especial os CAPS, as estratégias de ação são planejadas e têm objetivos estabelecidos no projeto terapêutico, que é definido pela Portaria 147, de 25 de agosto de 1994, como sendo um conjunto de objetivos e ações propostos e implementados pela equipe multiprofissional, com vistas à recuperação do usuário, desde a entrada até sua alta (KANTORSKI et al, 2010);
  • 22. PROJETO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL  No CAPSi, os projetos terapêuticos individuais já começam a ser desenhados na entrevista inicial. Porém o mesmo projeto só é fechado nas reuniões de equipe, através da discussão dos casos:  “Eu quando estou fazendo avaliação eu já estou vislumbrando uma possibilidade[...]mas é na reunião de equipe que é decidido o projeto terapêutico.” (P4).  “Então, na entrevista inicial a gente já começa a meio que elaborar esse projeto terapêutico. No momento do estudo de caso com a equipe a gente fecha uma proposta de projeto.” (P5).
  • 23. PROJETO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL  Outro ponto destacado é que esse projeto terapêutico individual deve ser elaborado a partir da necessidade do usuário, além de que o mesmo precisa ser acordado também com o usuário e família e não somente com a equipe;  “O projeto terapêutico é moldado de acordo com as necessidades e também de acordo com as possibilidades da família e do usuário. Então a gente não pode fazer um projeto terapêutico e manter eles fora desse processo[...]então é meio construído junto.” (P1).  Na coleta de dados dos prontuários observamos a inexistência de um registro claro de qual é o projeto terapêutico individual para cada criança e adolescente. Então, para nossa coleta utilizamos como critério a leitura de todas as evoluções e observação de quais atividades estava inserida.
  • 25. CONTRATO TERAPÊUTICO  Em se tratando de saúde mental, para que haja possibilidade do tratamento ter êxito trabalha-se, basicamente, em cima do contrato estabelecido entre o usuário e o serviço. Este contrato deve ser flexível em termos de objetivos, horários, frequência entre outros, porém deve ser extremamente rigoroso no que diz respeito à ética em relação ao usuário e a todo conteúdo que for trazido para o tratamento (SILVEIRA, 2010).  Um dos objetivos do contrato por escrito é imprimir um rito de passagem ao momento tênue em que a relação está sendo assumidamente iniciada, porém não está ainda constituída. A autora relata que já ouviu frases de seus pacientes, como “caramba, agora é sério” ou “agora não posso sair”? Ou de uma advogada “...mas, isto não tem efeito legal, nenhum”, ou outros que, simplesmente, após a leitura e a assinatura, guardam na bolsa como algo natural  (D’ACRI, (2009) .
  • 26. CONTRATO TERAPÊUTICO  Quanto à realização do contrato terapêutico formal, ou escrito, a equipe menciona que chegou a elaborar um contrato formal, porém aos poucos o mesmo foi deixando de ser utilizado pelos profissionais, demonstrando, que não houve aderência por parte da equipe, sendo feito apenas de forma verbal:  “É, mas a gente costuma falar, verbalmente a gente firma esse contrato...” (P1).  “O processo a gente fala para a família, então desde o começo a gente fala como vai ser, é o momento falado, hoje não tem papel para fazer isso, o contrato que a gente utiliza é isso, é falar o planejamento para a família da oficina, acho que é esse tipo de contrato” (P7).
  • 27. CONTRATO TERAPÊUTICO  Quanto à importância da realização desse contrato, a maior parte dos profissionais acredita ser importante, porém não vêm necessidade de fazê-lo de forma escrita:  “Ele é importante. Eu acho que é importante a família se sentir responsável também. Só que só o papel não tem um valor assim... né, porque a gente teria que levar mais a sério também.” (P1).  “Contrato de papel o que eu penso, assim é interessante por conta das faltas, da não adesão, dessa coisa que o perfil das famílias daqui acontece, mas eu não sei se tem necessidade [...] Mas eu não vejo uma necessidade de papel não, mas um papel eu não vejo necessidade” (P7).
  • 28. CONTRATO TERAPÊUTICO  Apesar de a literatura nos trazer a importância de um contrato terapêutico formal para a realização de um bom processo terapêutico, constatamos a não aderência da equipe à utilização deste documento, sendo o contrato realizado apenas de forma verbal;  Além das entrevistas constatamos também a sua não utilização através da coleta de dados nos prontuários, pois dos 20 que foram analisados apenas um possuía o contrato terapêutico escrito.
  • 30. PROCESSO DE ALTA A alta pode ser entendida como uma parte integrante do processo terapêutico do usuário, que deve ser cogitada desde a chegada do mesmo no serviço e tem que estar diretamente relacionada com o projeto terapêutico individual, visando sempre a reabilitação psicossocial (PELIZZARO, 2006).  Observamos que a avaliação para a alta gira principalmente em torno das queixas, ou do quadro inicial e tendo se resolvido esse quadro, o caso é discutido em reunião de equipe, que em conjunto decide pela alta ou não do usuário:
  • 31. PROCESSO DE ALTA  “É quando vê que a problemática maior da criança ou adolescente já foi eliminada e às vezes a própria criança manifesta vontade de sair, e quando, como eu falei, quando é constatada a melhora da criança do quadro que ela entrou, quadro antigo que ela entrou está eliminado.[...] eu observo assim partindo da melhora da pessoa” (P3).  “[...]a gente começa a perceber que talvez não tenha mais necessidade, que a demanda já se transformou, que a gente já conseguiu, está conseguindo vê que esse cara está super bem na escola, e assim vai, a gente vai percebendo sinais de melhora e encaminha pra alta...” (P4).
  • 32. PROCESSO DE ALTA  Durante a seleção dos prontuários observamos que nem sempre a alta terapêutica está claramente definida. Desta forma tivemos que selecionar critérios para determinar quais prontuários seriam incluídos na pesquisa: - anotação no prontuário de alta por melhora; - leitura das evoluções e observação de melhora do quadro ao final do tratamento; - auxílio da nossa supervisora, que por estar lá desde o inicio, conhece os casos e sabia nos orientar se era ou não alta terapêutica.
  • 34. PROCESSO TERAPÊUTICO O processo terapêutico ocorre de forma complexa, por ser um fenômeno que envolve muitos fatores, como as experiências que o usuário viveu e vive, suas expectativas para o futuro, os recursos psíquicos de que dispõe, o contexto de seus relacionamentos familiares e sociais, que compõe sua história de vida individual, além do motivo pelo qual ele foi encaminhado para atendimento no serviço, e a relação que se estabelece entre o terapeuta e o usuário (FERREIRA, 2005) .
  • 35. PROCESSO TERAPÊUTICO  Com base nos depoimentos dos profissionais, percebemos que a maioria entende o processo terapêutico como todo o caminho percorrido pelas crianças e adolescentes enquanto são atendidos no CAPSi:  “O processo terapêutico, diferentemente do projeto terapêutico, começa desde o início, desde a hora do acolhimento até depois da alta[...]”(P1).  “Eu acho que processo, para mim é desde que ele chega aqui, chega aqui para ser avaliado, ele está na entrevista inicial até a alta dele, isso é o processo, é o caminho que ele percorre até finalmente voltar a vida dele enfim, sem precisar da gente[...]”(P7).
  • 36. PROCESSO TERAPÊUTICO  Neste caminho, a criança, o adolescente e suas respectivas famílias são inseridos em uma série de atividades que visam compreender a situação a fim de traçar um plano, ou seja, um projeto terapêutico, que seja capaz de abranger a complexidade do problema vivido pelo usuário e sua família;  Outro ponto que se destaca é a visão dos profissionais de que o processo terapêutico não deve ficar restrito à criança ou adolescente, mas toda a rede de apoio, principalmente a família:  “Eu acho que todo o caminho que esse usuário faz... no sentido dele se perceber melhor, dele compreender a situação dele, dele se conhecer, dele poder conhecer o meio que ele tá, a família, as condições que ele têm, as condições que ele têm na escola e ele aprender respostas” (P5)
  • 37. PROCESSO TERAPÊUTICO  Com a coleta de dados dos prontuários pudemos observar que esse processo terapêutico não é facilmente identificado, uma vez que as informações estão incompletas ou ausentes;  Verificamos que apesar dos profissionais demonstrarem conhecimento sobre processo terapêutico e estarem realizando- o no serviço, o registro dos mesmos nos prontuários é pouco percebido, uma vez que as informações parecem ser aleatoriamente anotadas, o que dificulta a leitura desse processo terapêutico por um profissional que não conhece os casos ou não faz parte do serviço.
  • 38. CONSIDERAÇÕES FINAIS  A coleta de dados nos prontuários e as entrevistas possibilitaram a compreensão de como ocorre este processo em todas as suas etapas, desde o momento em que o usuário é acolhido até a sua alta;  A realização da coleta de dados nos prontuários nos fez compreender como se constitui neste serviço o registro deste processo;  Já com as entrevistas, verificamos como o profissional compreende e realiza o processo, algo que não fica evidenciado nos prontuários.
  • 39. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo assim, verificamos que: O processo terapêutico pode ser entendido como todo o caminhar da criança ou adolescente durante seu tratamento no CAPSi; O terapeuta de referência é aquele que irá acompanhar o usuário durante todo seu tratamento, funcionando como elo entre o usuário, a família, sua rede social e o restante da equipe, sendo normalmente aquele que realiza o primeiro atendimento, apesar de os profissionais considerarem importante o vínculo estabelecido entre terapeuta e usuário;
  • 40. CONSIDERAÇÕES FINAIS  O projeto terapêutico individual já começa a ser pensado desde os primeiros atendimentos, mas é definido mesmo nas reuniões de equipe. Além disso, deve ser elaborado de acordo com as necessidades da criança ou adolescente e sua família, sendo acordado e aceito pelos mesmos;  O contrato terapêutico é realizado apenas de forma verbal, que a equipe acha importante sua realização mas não vê necessidade de ser feito por escrito;  A alta terapêutica acontece com a superação do quadro inicial e das queixas que surgem durante o tratamento. Deve ser trabalhada desde o início do processo, como a noção de que em um momento o usuário não precisará mais deste serviço e poderá caminhar sozinho;
  • 41. CONSIDERAÇÕES FINAIS  O processo terapêutico de um usuário atendido no CAPSi é algo muito mais amplo do que apenas sua presença no serviço, é importante que o profissional eleito como terapeuta de referência não direcione seu olhar apenas para a criança ou adolescente, e sim a todas as situações em que o mesmo vive, sua família, escola, todos os espaços onde o mesmo frequenta, uma vez que toda essa rede contribui de maneira significativa para sofrimento mental desse usuário;  Além disso, deve ocorrer de maneira dinâmica, sofrendo modificações ao longo do tempo, tendo em vista que se trabalha com sofrimento mental, algo que não pode ser visto como simples e homogêneo, mas sim complexo e multifacetado, principalmente em se tratando de crianças e adolescentes, que podem ser considerados mais frágeis e sensíveis as situações do seu cotidiano.
  • 42. AGRADECIMENTOS  Agradecemos a Deus por nos guiar e abençoar durante esta jornada de formação e aprendizado e aos nossos pais pelo apoio, paciência e o carinho que investiram em nós, sempre acreditando em nosso potencial e nos ensinando qual o melhor caminho a seguir.  Também somos gratos aos nossos irmãos e demais familiares, amigos e companheiros por estarem conosco nas horas boas e difíceis, compreendendo a nossa ausência nos momentos em que este trabalho exigia a nossa atenção integral.
  • 43. AGRADECIMENTOS  Agradecemos a equipe do CAPSi que nos acolheu especialmente à Lílian Pagliuca, nossa supervisora, que guiou nossos passos quando escolhemos mergulhar em um mundo novo e ao professor Jonas Salomão Sprícigo que nos auxiliou na ausência de nossa orientadora.  E, finalmente, com muito carinho, respeito e admiração registramos nossa gratidão à Profª Maria Terezinha Zeferino, nossa orientadora, que abraçou a nossa causa desde o dia em que a convidamos para nos orientar. Que mesmo quando esteve distante nos ensinou a confiar em nos mesmas e que no decorrer do trabalho foi uma amiga que soube nos acalmar nos momentos de dificuldades, angústias e dúvidas.
  • 44. DEDICATÓRIA  Este trabalho é dedicado a todas as crianças e adolescentes que nos ensinaram a valorizar mais nossa família, a amar mais a vida, a compreender as particularidades de cada ser, de cada família e a respeitar o ser humano.  Obrigada por nos ensinar que todas as crianças e jovens precisam de proteção e necessitam serem tratadas com respeito, amor e carinho e por nos ensinar que apesar de tudo ainda é possível, brincar, sorrir e superar as dificuldades da vida!  Dedicamos também ao nosso pequeno Arthur Stadnicki, que acaba de vir ao mundo e já é amado e respeitado por todos que o cercam. Que você possa fazer parte de um mundo melhor, com pessoas mais amáveis e pacientes, que respeitem a própria vida e a vida dos demais. Que a sua chegada possa representar tudo o que todas as crianças merecem ter nessa vida.
  • 45. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. COUTO, Maria Cristina Ventura; DUARTE, Cristiane S; DELGADO, Pedro Gabriel Godinho. A Saúde Mental Infantil na Saúde Pública brasileira: situação atual e desafios. Revista Brasileira de Psiquiatria, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v30n4/a15v30n4.pdf.> Acesso em: 25 maio 2011. D’ACRI, Gladys Costa de M. R. M. Reflexões Sobre o Contrato Terapêutico Como Instrumento de Autorregulação do Terapeuta. Revista da Abordagem Gestáltica – XV (1): 42-50. Goiânia,2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v15n1/v15n1a07.pdf > Acesso em: 3 nov. 2011. FERREIRA, Vinícius Renato Thomé. Produção brasileira em bases de dados sobre o processo terapêutico na terapia familiar e de casal. Revista PSICO, Porto Alegre, PUCRS, 2005, v. 36, n.1. FERREIRA, Gina. A reforma psiquiátrica no Brasil: Uma análise sócio política. Revista de Psicanálise, São Paulo, 2006, v.4, n.1. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad- pesq/arquivos/c03-art06.pdf> Acesso em: 25 maio 2011.
  • 46. REFERÊNCIAS KANTORSKI, L., BIELEMANN, V., CLASEN, B., SILVEIRA PADILHA, M., BUENO, M., HECK, R.. A concepção dos profissionais acerca do projeto terapêutico de Centros de Atenção Psicossocial - CAPS. Revista Cogitare Enfermagem.15, dez. 2010. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs-2.2.4/index.php/cogitare/article/view/20362/13523> Acesso em: 23maio 2011. PEDUZZI, Marina. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Revista de Saúde Pública. São Paulo, 2001, 35 (1): 103-9. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v35n1/4144.pdf.> Acesso em: 27 out. 2011. PELIZZARO, F. A alta de usuários nos serviços substitutivos/CAPS na região da Grande Florianópolis – SC. 2006. 65f. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia). Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 2006. SILVEIRA, Gabriela Kunz. Entre a Ética e a Alegria – Reflexões Necessárias Para o Trabalho em Um CAPS. 2010. 31f. Especialização em Educação em Saúde Mental Coletiva. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/29953/000779528.pdf?sequence=1> Acesso em: 3 nov. 2011. TEIXEIRA, Raquel Malheiros. As contribuições de Franco Basaglia para o campo da saúde mental e da reforma psiquiátrica brasileira. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Bahia, 2009. Disponível em: <http://abepsi.org.br/site/wp- content/uploads/2011/01/TCC-RAQUEL-MALHEIROS-TEIXEIRA-_2_pdf.> Acesso em: 25 maio 2011.