3. DOS ESTADOS UNIDOS PARA O MUNDO
A Comunicação Empresarial surgiu nos Estados Unidos, no início do século.
Mais precisamente em 1906. Naquele ano, em Nova Iorque, Ivy Lee decidiu
deixar o jornalismo de lado para montar o primeiro escritório de Relações
Públicas do mundo.
4. Lee mudou de atividade com o objetivo de recuperar a credibilidade perdida
pelo poderoso empresário John D. Rockfeller.
Rockfeller era, na época, o mais odiado de todos os empresários dos Estados
Unidos. Motivo: assim como os mais destacados donos de empresas daquele
país, ele vinha sendo acusado de combater impiedosamente as pequenas e
médias organizações.
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6. Era "feroz, impiedoso e sanguinário". E não media esforços em busca
do seu principal objetivo: o monopólio ou melhor: o lucro fácil que o
monopólio acabava gerando.
Para ele, Ivy Lee era o único caminho que imaginava para evitar novas
denúncias, "a partir de uma nova atitude de respeito pela opinião pública".
Até então a opinião pública não tinha a menor importância para ele.
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9. O escritório criado por Lee passou a fornecer à imprensa "notícias
empresariais para serem divulgadas jornalisticamente e não como anúncios
ou como matéria paga". “Eram informações corretas, de interesse e de
importância para o público". Eram informações tão honestas, segundo
podemos concluir, que acabavam evitando novas denúncias contra os
empresários mal falados.
Mas, como Lee conseguiu convencer a imprensa de que seu trabalho era
sério, honesto e profissional?
O que ele fez para vencer a barreira e a desconfiança que tantas dores de
cabeça e decepções, tantos prejuízos, enfim, geraram para todos os
profissionais sérios e honestos que há décadas vêm tentando fazer
Comunicação Empresarial no Brasil?
10. O primeiro encarregado de Relações Públicas do
mundo conseguiu sucesso imediato e prolongado,
ganhou dinheiro e fez escola, porque, segundo Hebe
Wey, (pesquisadora americana) escreveu e adotou
uma carta de princípios que até hoje representa
"uma excelente orientação para os especialistas
modernos"
11. Carta de Princípios
"Este não é um serviço de imprensa secreto. Todo o nosso
trabalho é feito às claras. Nós pretendemos fazer a divulgação
de notícias. Isto não é um agenciamento de anúncios. Se
acharem que o nosso assunto ficaria melhor na seção
comercial, não o usem. Nosso assunto é exato. Mais detalhes,
sobre qualquer questão, serão dados prontamente e
qualquer diretor de jornal interessado será auxiliado, com o
maior prazer, na verificação direta de qualquer declaração de
fato. Em resumo, nosso plano é divulgar prontamente, para o
bem das empresas e das instituições públicas, com absoluta
franqueza, à imprensa e ao público dos Estados Unidos,
informações relativas a assuntos de valor e de interesse para
o público".
(IVY LEE)
12. O trabalho de Ivy Lee para seu cliente fez tanto sucesso junto
à imprensa e à opinião pública, que Rockfeller passou de
"patrão sanguinário" a "benfeitor da humanidade".
13.
14. Lee morreu "por volta de 1935, quando dirigia o Departamento de Relações
Públicas da Chrysler". E deve ter morrido feliz, porque a atividade que ele
inventara havia sido adotada em inúmeras empresas e órgãos públicos.
Passara a ser estudada, inclusive, em universidades do porte e do prestígio
de Yale, Harvard e Colúmbia, que criaram cadeiras específicas e começaram
a formar especialistas em Relações Públicas.
15. Dos Estados Unidos, as Relações Públicas foram sucessivamente para o Canadá
(1940), França (1946), Holanda, Inglaterra, Noruega, Itália, Bélgica, Suécia e
Finlândia (1950) e Alemanha (1958).
Segundo a estudiosa Monique Augras, nos Estados Unidos, em 1936, seis em
cada grupo de 300 empresas tinham serviços de Relações Públicas; em 1961, a
relação era de 250 em 300; em 1970, beirava 100%.
17. As Relações Públicas e, por consequência, as atividades de Comunicação
Empresarial, vieram para o Brasil nos anos 50, com as indústrias e as
agências de propaganda dos Estados Unidos.
Chegaram atraídas pelas vantagens oferecidas pelo governo do presidente
Juscelino Kubitschek de Oliveira.
JK havia assumido a Presidência da Republica em meados dos anos 50 com
a disposição de fazer "50 anos em 5". Consequentemente, ele criou
condições para que viessem para o Brasil as primeiras montadoras de
veículos automotores. Fábricas de produtos de higiene, também. Como a
Colgate Palmolive, onde se iniciaram na Comunicação Empresarial
profissionais como Vera Giangrande e Antônio De Salvo.
Segundo De Salvo, o primeiro RP do Brasil foi Rolim Valença, que em 1960
começou a aprender a profissão na J. W. Thompson. Três anos depois ele
criou a primeira agência de Relações Públicas do país, a AAB.
18. Foi também por volta de 1960 que Antônio De Salvo começou a visitar as
redações de jornais em São Paulo, capital e interior. Ele fazia o trabalho
ingrato de convencer os editores a dar notícias a respeito das atividades e
produtos da empresa onde trabalhava.
Naquela época – segundo De Salvo da ADS – “os jornais não publicavam
notícias de economia, quanto mais de empresas. As notícias eram de
literatura, cultura, esportes, política, religião etc.”
"Fui obrigado a convencê-los de que as empresas e seus produtos também
mereciam ser notícias", disse De Salvo.
20. Qual foi a principal atividade desenvolvida pelo jornalista Ivy Lee,
assim que ele estabeleceu o primeiro escritório de Relações Públicas
em Nova Iorque, em 1906?
Para recuperar a imagem do empresário John D. Rockfeller, conhecido
como "patrão sanguinário", Lee escrevia notícias a respeito das
atividades de suas empresas. Em seguida, dirigia-se às redações para
convencer os editores de jornais a publicá-las como notícias e não
como anúncios ou matérias pagas.
No Brasil – e certamente em todos os outros países – aconteceu
exatamente o mesmo.
Conclusão: há mais de 90 anos os RPs faziam exatamente aquilo que é
mais comum entre os assessores de imprensa: elaboração e
distribuição de notícias.
21. Mas como Lee precisava de fatos para ter notícias, ele
começou a interferir no dia-a-dia do seu cliente. E a primeira
providência que tomou foi derrubar barreiras entre Rockfeller
e o público. Imediatamente, o empresário dispensou sua
segurança e passou a circular sem os guarda-costas que o
acompanhavam 24 horas por dia. Depois, Lee fez com que
Rockfeller cooperasse com o Congresso nas investigações a
respeito das denúncias de que ele havia mandado atirar nos
seus funcionários em greve. Pelo seu ineditismo, essa atitude
foi destacada positivamente pela imprensa. Por fim, Lee fez
com que Rockfeller criasse numerosas fundações de interesse
público. Entre elas a Fundação Rockfeller para Pesquisa
Médica. Foi a partir daí que o maior empresário da época
acabou reconhecido como "benfeitor da humanidade".
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26. E, no Brasil, quando foi que os profissionais de Comunicação Empresarial
passaram a criar fatos que viriam a ser notícias? Certamente não foi muito
depois de 1960, ano em que as Relações Públicas começaram a ser
praticadas profissionalmente por aqui. Até porque tudo o que as
multinacionais produziam era novidade para os brasileiros. Em especial os
automóveis. E todos nós sabemos que até hoje a indústria automobilística
é quem mais gera notícias de negócios e a respeito de novos produtos no
Brasil.
Foi assim que surgiram os eventos em que a Volkswagen, a Ford, a General
Motors, a Fiat e outras montadoras de veículos automotores – instaladas
ou não no Brasil – apresentam suas novidades para jornalistas dos mais
diferentes jornais e revistas do País. No Brasil e até mesmo no exterior.
Tudo sob o comando de relações públicas e jornalistas. De profissionais de
Comunicação Empresarial, enfim.
27. Foi assim também que surgiram as entrevistas
coletivas e os tradicionais almoços de fim de ano,
quando as empresas reúnem repórter, pauteiros,
editores e diretores de redação para anunciar os
resultados do ano que termina, os planos para o
ano novo e, de quebra, dar um bom brinde para
cada um.
Diante de tudo isso vemos que no Brasil os
profissionais de Comunicação Empresarial atuam
nas diferentes frentes da Comunicação Social ou de
Massa.
28. Eles criam e organizam eventos os mais diferentes;
geram fatos;
elaboram notícias;
fazem com que essas notícias sejam veiculadas por jornais, revistas,
agências noticiosas, emissoras de rádio e televisão, nos fac-símiles
como Jornalistas & Cia., na Internet e até em painéis eletrônicos
(como o que temos na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, na
esquina das Ruas da Mooca e José Antônio de Oliveira, na Mooca,
em São Paulo);
criam e veiculam campanhas institucionais;
formulam e executam políticas, planos e estratégias de
comunicação para governos, empresas e entidades do terceiro setor
(ONGs, sindicatos patronais e de trabalhadores, partidos políticos
etc.);
estruturam e administram serviços de atendimento ao consumidor;
planejam e editam publicações as mais variadas, em forma de
revistas, boletins e jornais;
29. idem em relação a programas internos de rádio e televisão;
idealizam e produzem clippings impressos e eletrônicos; alguns
com mais de uma edição por dia e não raro ao longo dos sete
dias da semana, incluindo feriados e dias santos, Natal e ano-
novo (como o que a Imprensa Oficial está fazendo para o
Governador de São Paulo);
atuam como lobistas e ombudsman;
escrevendo discursos e artigos;
criando e atualizando páginas na Internet.
30. FATOS RELEVANTES NO BRASIL
Os profissionais de Comunicação Empresarial que se aventuraram a
fazer o meio de campo entre seus clientes ou patrões (representados
por empresas, empresários, órgãos públicos e seus
dirigentes/políticos) e a imprensa (jornais, revistas, rádios, tevês etc.)
enfrentaram os mais variados tipos de preconceito e discriminação
ao longo de muitos anos.
No início, a culpa era dos profissionais de redação. Eles não
conheciam as peculiaridades e não entendiam as sutilezas do
trabalho dos jornalistas e dos profissionais de Relações Públicas que
iam aos veículos levar notícias. Foi preciso muita paciência e
dedicação para abrir espaço nas páginas de nossas principais
publicações dos anos 60.
34. Depois, com o advento da ditadura militar e o consequente
crescimento da corrupção, a partir de 31 de março de 1964,
muitos empresários, políticos e até mesmo assessores de
imprensa, todos inescrupulosos, não resistiram à tentação de
dar bons presentes aos jornalistas. Presentes e às vezes até
empregos fantasmas. E com os chamados jabaculês eles
compraram alguns repórteres, redatores e editores que
abriram a eles espaços indevidos.
35.
36. Essa prática acabou gerando má vontade cada vez maior por parte dos
jornalistas honestos em relação a toda a categoria dos assessores de imprensa.
Como era cada vez mais difícil pôr notícias em veículos sérios, alguns donos de
empresas de Relações Públicas e assessoria de imprensa passaram a usar um
novo artifício: mandavam às redações as moças mais bonitas e bem torneadas
que encontravam nas faculdades de comunicação social. E algumas, como
ganhavam um salário fixo pequeno e uma gratificação interessante por notícia
publicada, faziam até o que não deviam com os garanhões das redações.
Por essas e outras, os profissionais sérios e escrupulosos encontravam cada
vez mais dificuldades para o cumprimento do dever nosso do dia-a-dia.
As assessorias de imprensa só vieram a ganhar credibilidade a partir de 1978,
após a última greve dos jornalistas de São Paulo. Por quê? Porque com a greve
ocorreram muitas demissões nas redações e os demitidos tiveram que migrar.
Muitos como empregados e outros como seus próprios patrões.
37. Um exemplo: nos anos 80, os anos de ouro para a COMUNIC,
os eventos patrocinados por clientes como (Volkswagen no
automobilismo, Marlboro na Fórmula 1 e no motocross,
Melitta, Vat 69 e Campari, entre outros, no tênis) tinham suas
marcas exibidas diariamente nas páginas dos 50 maiores
jornais do País e em quase todas os programas de esportes da
televisão. Hoje – e ao longo de todos os anos 90 – isso só seria
possível se, além de patrocinar eventos, essas marcas
comprassem espaços na mídia.
38. A INTERNET NA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
A Internet mudou a vida de todos e não poderia deixar de dar sua
contribuição também para quem faz Comunicação Empresarial.
A partir da popularização da Internet no Brasil, em 1996, quando foi criado
o Universo Online, ficou muito mais fácil enviar notícias aos jornais,
revistas, rádios, tevês e agências noticiosas.
39. É IMPORTANTE LEMBRAR QUE...
A Comunicação Empresarial não pode ser considerada apenas
uma definição de dicionário. Ou seja, simplesmente como "um
conjunto de métodos e técnicas de comunicação, dentro da
empresa, dirigida ao público interno (funcionários) e ao público
externo (clientes, fornecedores, consumidores etc.)". Até
porque definições como essas precisam ser sempre revistas em
função das mudanças da sociedade e do ambiente empresarial.
40. A imagem institucional de uma empresa é um ser vivo,
dinâmico. Hoje, pode estar saudável, bem vista, aceita,
festejada. Amanhã? Vai depender da história de hoje.
41. Uma boa Comunicação Empresarial é condição primária
para uma boa imagem institucional da empresa.
42. Se o trabalhador não conhece a empresa na qual trabalha e
não sabe qual é a filosofia que a anima, torna-se difícil
estabelecer metas e passar para os consumidores e a
sociedade a imagem que se deseja.
43. As empresas estão aprendendo que, tão importante quanto
aparecer bem, é saber escutar e interpretar o que os
consumidores estão tentando lhes falar. Ainda que eles estejam
à beira de um ataque de nervos.
44. No mundo moderno, quem descuida da imagem é um
grande candidato a colher fracassos, ao invés de lucros.
45. A imagem de uma empresa é formulada a partir das
informações que a comunidade recebe a esse respeito.
Sem uma comunicação eficiente, a imagem será difusa ou
ruim, pois será formada com base em informações
incompletas ou incorretas, em presunções e boatos.
46. A comunicação deve ser permanente, independentemente
do comportamento do mercado ou do fato de a empresa ter
ou não ações negociadas em bolsa.
47. A comunicação requer agilidade e rapidez para se evitar, na
imprensa, a tão prejudicial expressão: "A empresa se
recusou a falar sobre o assunto" .
48. Comunicação não se limita ao release, peça jornalística que
ganhou força com o autoritarismo e começou a morrer com ele.
O release está cada vez mais desacreditado e deve, sempre que
possível, ser substituído por entrevistas.
49. O primeiro e principal público de uma empresa é o seu
efetivo, sem o qual todo esforço de comunicação
redundará nulo.
50. A comunicação não é útil, é indispensável; não é despesa, é
investimento; é um processo permanente .
65. Referências:
AMARAL, Cláudio, A HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO
EMPRESARIAL NO BRASIL
Disponível em: http://www.portal-
rp.com.br/bibliotecavirtual/memoria/0095.htm, acesso em: 20/08/2015
66. Relacione: (Página 12)
a) Emissor
b) Receptor
c) Mensagem
d) Canal
e) Resposta ou feedback
f) Ambiente
g) Ruído
( ) contexto onde ocorre a comunicação
( ) aquele que decodifica e interpreta a mensagem
( ) interferência que leva à perda de informação na transmissão da mensagem
( ) reação do receptor à mensagem do emissor
( ) quem codifica a mensagem
( ) estrutura organizada de sinais pertencentes a um código
( ) meio físico que propaga a mensagem
67. Relacione: (Página 12)
a) Emissor
b) Receptor
c) Mensagem
d) Canal
e) Resposta ou feedback
f) Ambiente
g) Ruído
( F ) contexto onde ocorre a comunicação
( B ) aquele que decodifica e interpreta a mensagem
( G ) interferência que leva à perda de informação na transmissão da mensagem
( E ) reação do receptor à mensagem do emissor
( A ) quem codifica a mensagem
( C ) estrutura organizada de sinais pertencentes a um código
( D ) meio físico que propaga a mensagem
68. Questões: (Página 13 da Apostila)
1 – Por que a comunicação é a base da existência de qualquer organização?
2 – Por que as organizações ainda temem em acreditar na comunicação empresarial?
3 – Comente sobre a diferença de cultura comunicacional entre o Brasil e os países
estrangeiros. Justifique sua resposta.
4 – Diferencie tática de estratégia e identifique suas fontes de pesquisa.