Este documento resume a peça de teatro "Felizmente Há Luar!" de 1961 escrita por Luís de Sttau Monteiro. A peça critica o regime ditatorial de Salazar através de uma alegoria sobre uma revolta liberal frustrada em 1817. A obra denuncia o poder opressor representado por figuras como o General Beresford e reflete o drama de um povo sob repressão e censura.
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Felizmente há luar
1. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Entre
o tempo representado
e
o(s) tempo(s) transposto(s)
Vítor Oliveira
2005
2. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
“Que atitude deveremos
adoptar no nosso
teatro, relativamente à
natureza e à
sociedade, nós, filhos de
um século científico?
Essa atitude é crítica: Bertolt Brecht (1898-
dirigindo-se à 1956), dramaturgo, encenador
e teórico alemão
sociedade, será a
transformação da
sociedade.”
3. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
“Não sou uma pessoa
que tenha imensa fé nos
homens (…). Tenho
no progresso
histórico.”
Sttau Monteiro,
in entrevista no programa da TV2
“Noite de Teatro”
Luís de Sttau Monteiro (1926-1993)
4. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
. Obra publicada em 1961
. Distinção com o Grande Prémio
de Teatro da Associação
Portuguesa de Escritores, em
1962
. Antestreia em Paris (Club Franco-
Portugais de la Jeunesse), no dia 1 de
Março de 1969
. Estreia no dia 30 de Março no
Theatre de l‟Ouest
Parisien, pelo Teatro-Oficina
Capa da edição do “Jornal do Foro – Português
1962 (duas edições)
5. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
. Proibição, pela censura, da sua
representação em Portugal
. Afastamento face a um “intuito político
imediato”, embora o autor reconheça
que “foi uma espécie de espirro”
contra tudo o que o irritava, na
altura, em Portugal:
“- a torpeza
- a sacanice
- a cobardia dos que se acomo-
dam”.
Capa da edição da Portugália -
1962
6. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
. Sucesso editorial: 160 mil exem-
plares vendidos nas primeiras edi-
ções
. Peça objectivada não na represen-
tação de uma acção ou perso-
nagem histórica mas na reflexão
do presente, baseada na analogia
com um momento histórico
. Técnica de distanciação: olhar crí-
tico face à acção representada e
orientado para a percepção, o jul-
gamento de formas de injustiça
e/ou de opressão que possam ser
reflexo do que caracteriza a actua-
Capa de uma edição da Ática - lidade
1963
7. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
. Obra com um fundo histórico:
revolta liberal frustrada, em 1817,
dinamizada pelo “Supremo Con-
selho Regenerador de Portugal,
Brasil e Algarves”, visando
afastar os ingleses do controlo
militar do país e formar novo
governo
. O contexto da escrita e da
primeira representação: início da
década de sessenta marcado
pela contestação crescente ao
regime ditatorial de Salazar
. Um texto entre dois contextos
Capa de outra edição da Ática (um texto-metáfora)
8. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
. Primeira
representação
em
Portugal, em
1978 (após o
25 de Abril de
1974),
no Teatro
Nacional
D. Maria
II, numa
encenação a
cargo do
próprio autor
Capa de edição da Areal - 1999 Capa de edição da Areal - 2004
9. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Texto dramático em dois actos
ACTO I
. Populares desanimados e descontentes: esperança? Um cenário
. Focalização no contexto histórico (invasões francesas, domí- dominado pela
nio inglês, ausência do rei, poder absoluto da regência) presença ausente
. Predomínio da esfera político-social de um homem
. Orquestração da prisão do general Gomes Freire de Andrade
. Triunfo do poder totalitário: irreversibilidade das decisões to-
madas
ACTO II
. Populares descrentes e revoltados face à incapacidade de
mudança: desesperança
. Focalização no contexto anterior (prisão do general)
. Predomínio da esfera emotiva, íntima, afectiva
. Confronto da sensibilidade com o poder
. Apoteose trágica: general executado e hino ao inconformismo
10. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra que ecoa o nome de um só homem
o companheiro de o primo odiado por
Matilde de Melo Miguel Forjaz
o amigo de o potencial rival de
Sousa Falcão Beresford
a esperança o vindicado pelo
dos indigentes Principal Sousa
a vítima dos
o “herói” governadores, dado o o “estrangeirado”
perigo de influência que
representa
11. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra de contrastes
PODER
CONTRAPODER
12. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra que reflecte o jogo de interesses
VICENTE
POLÍCIAS
MORAIS SARMENTO
ANDRADE CORVO
13. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra que assume
a presença da resistência
MATILDE
SOUSA
FALCÃO
FREI DIOGO
CANÇÕES
14. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra que aspira
à libertação e ao ideal da liberdade
Matilde de Melo O Antigo Soldado
A. Sousa Falcão Manuel
O General é Gomes Freire de Andrade: o O General é
apresentado na esfera grande carácter da coragem apresentado na esfera
afectiva / íntima e da esperança social / militar
15. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra que espelha…
a miséria que envolve os sobreviventes
a denúncia e a renúncia do mal
a duplicidade das palavras
a vitória sobre o mal,
pela coragem e esperança dos grandes carácteres
16. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
“Foi aquela peça
em que um homem
voltado para
o dia seguinte
– o Gomes Freire – Sttau Monteiro
foi morto encontrava-se preso no
Aljube quando
Felizmente Há Luar! foi
pela gente da véspera.” premiado pela
Associação Portuguesa
de Escritores.
17. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
“Dezassete anos depois da sua
edição, o texto de Luís de Sttau
Monteiro, Felizmente Há Luar!, subiu à
cena do Teatro Nacional D. Maria
II, Casa de Garrett.
E, curiosamente, encenada pelo autor. A
noite de estreia encheu a majestosa sala
de espectáculos. Foi, sem dúvida, um
acontecimento cultural que a
Democracia felizmente permitiu. O
fascismo não consentia a sua
teatralização, já que a imagem do
General Gomes Freire de Andrade –
herói da peça – se parecia muito com a
figura carismática do „general sem medo‟
que fizera tremer o edifício salazarista.” Capa do folheto da peça
(29 de Setembro de 1978)
in Jornal de Notícias, 1 de Outubro de 1978
18. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Viveu num tempo que mutilou obras;
que perseguiu e privou da liberdade
todos aqueles que constituíam uma
ameaça ao poder instituído
Inspirou-se num tempo que, à
semelhança do presente da escrita, se
aproxima da comum esperança na
chegada da liberdade
Escolheu a lua, o verde e a árvore
como símbolos da mudança, da
esperança, da evolução e regeneração a
que se aspira
20. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
BIBLIOGRAFIA
Fotografias gentilmente cedidas pelo Teatro Experimental do Porto
DELGADO, Isabel L. (2000) – Para uma Leitura de Felizmente Há
Luar! de Luís de Sttau Monteiro, Lisboa, Editorial Presença
MONTEIRO, Luís de Sttau (1999) – Felizmente Há
Luar!, Porto, Areal Editores
VILAS-BOAS, António et al. (2001) – Felizmente Há Luar! Um texto
entre dois tempos – Leitura didáctica da obra, Porto, Edições
Asa
22. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
TEXTO-METÁFORA
. Absolutismo de D. Miguel Forjaz . Política ditatorial de Salazar
. Governação do Principal Sousa . Influência do Cardeal Cerejeira
. Influência militar de Beresford e . Conivência de alguma política
interferência política estrangeira com a situação do país
. Gomes Freire de Andrade . General Humberto Delgado
. Grupos-sombra: dois polícias e . Grupos-sombra: polícia política
Vicente (PIDE) e delatores
. Miséria e ignorância dos populares . Miséria e ignorância dos populares
. Repressão ideológica . Censura e perseguição
23. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra que denuncia o poder opressor
General D. Miguel Principal
Beresford Forjaz Sousa
Domínio inglês Representante da Rosto da instituição
Pragmatismo polí- aristocracia e do eclesiástica
tico absolutismo
Comprazimento na
Arrogância face ao Atitude de sobran- ignorância e sub-
país e aos restantes ceria missão do povo
governadores Estratega na manu- Hipocrisia e mani-
Mercenário tenção do poder pulação
Conselho de Regência: receio de perda de posição
24. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Uma obra que denuncia
o drama colectivo de um povo
. Dos deserdados da sorte e do berço, que lutam para sobreviver ao mal
. Entre a esperança e a desilusão da acção transformadora
. Com falta de liberdade de expressão e de movimentos
. Contra a miséria que se revela inalterável
. Numa situação de pobreza extrema
. Com um sarcasmo inofensivo
. À espera de ajuda exterior
. Sem acção, por falta de um líder
. Com a presença de um grupo-sombra: os delatores
25. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
VICENTE
o insurgido contra os desígnios da sorte e das
diferenças sociais
o crítico à actuação política dos governadores
e do rei
o popular consciente do condicionamento do
povo (o que irá resolver em termos individuais)
o traidor da própria classe (delator)
o bajulador (hipócrita) do poder
o agitador, provocador das forças políticas
o interesseiro, ambicioso (busca da promoção)
26. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
POLÍCIAS
os representantes dos polícias (“iguais a
todos os polícias”), que cumprem “sempre a
mesma coisa: rondas, feiras, serviço à porta
deste ou daquele”
os da classe intermédia: entre os poderosos e
os oprimidos
os cumpridores dos desígnios e das intenções
dos poderosos
os que esperam gozar dos favores que a
chefia lhes possa proporcionar (cf. o interesse
de ver Vicente como Chefe)
27. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
MORAIS SARMENTO
os dois oficiais que revelam
falta de carácter ao contri-
buírem para a delação
os elementos da maçonaria
os defensores dos valores
materiais
os subservientes da
regência, em busca da
promoção, por actos de
denúncia
os embuçados que mantêm a
ANDRADE CORVO duplicidade dos denunciantes
28. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO A
“Um dia encontramos o nosso homem a so-
nhar um outro mundo – sabemos que esse
sonho põe termo à paz que tanto desejamos,
e, mesmo assim, queremos dizer-lhe que si-
ga o seu caminho, que iremos com ele até ao
fim, mas não sabemos por onde começar…
Mas é preciso começar! Estivesse eu em S.
Julião da Barra, e já ele teria dado a sua vida
por mim.
(Pausa)
Vou enfrentá-los. É o que ele faria se aqui es-
tivesse e – quem sabe? - talvez Deus me oi-
ça.”
in Felizmente Há Luar!, Acto II, pp. 90-91
29. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO B
“ SOUSA FALCÃO
Todos somos chamados, pelo menos uma
vez, a desempenhar um papel que nos su-
pera. É nesse momento que justificamos o
resto da vida perdida no desempenho de
pequenos papéis indignos do que somos.
Chegou a nossa hora, Matilde.
Vamos.”
in Felizmente Há Luar!, Acto II, pp. 89
30. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO C
“ FREI DIOGO
A misericórdia de Deus é infinita.
Tão grande que os homens não a
podem conceber. Haja o que houver
não julgue a Deus pelos homens que
falam em Seu nome.
(…)
(Para Matilde)
Não faça a Deus o que os homens
fizeram ao general Gomes Freire: não
O julgue sem O ouvir. Deus carece
cada vez mais desse direito. ”
in Felizmente Há Luar!, Acto II, pp. 128
31. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO D
“ PRINCIPAL SOUSA
Se a um ministro de Deus é permitido odiar,
que o Senhor, um dia, perdoe o ódio que te-
nho aos Franceses…
Veja, Sr. D. Miguel, como eles transforma-
ram esta terra de gente pobre mas feliz num
antro de revoltados! Por essas aldeias fora é
cada vez maior o número dos que só pensam
aprender a ler… Dizem-me que se fala aber-
tamente em guilhotinas e que o povo canta
pelas ruas canções subversivas.”
in Felizmente Há Luar!, Acto I, pp. 40
32. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO E
“O Antigo Soldado
Estas cantigas são inventadas
No regimento de Freire d‟Andrade
São cantadas com o estilo
De lá ré ó liberdade.”
in Felizmente Há Luar!, Acto I, p. 18
33. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO 1
“(Encaminha-se para a esquerda do palco)
Era tão fácil… Tão mais fácil que tudo isto…
(…) Era como se estivéssemos outra vez lá
fora, longe das intrigas mesquinhas em que esta
gente se perde e perde a vida…
(Pausa)
…, agora, estou sozinha. Sozinha e rodeada
de inimigos numa terra hostil a tudo o que é
grande, numa terra onde só cortam as árvores
para que não façam sombra aos arbustos…”
in Felizmente Há Luar!, Acto II, Areal Editores, p.85
34. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO 2
“Sousa Falcão
(…)
O Reino caiu nas mãos duma gente
mesquinha que chama alma ao estômago e
que eleva regulamentos policiais à categoria
de princípios sagrados… Eu bem lhes dizia
que não voltassem!... Matilde: sempre que
chega alguém de fora, abalam os alicerces
do Reino!
Os reis do Rossio vivem no pavor de toda
e qualquer pessoa capaz de gritar que eles
vão nus.”
in Felizmente Há Luar!, Acto II, p. 86
35. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO 3
“O Antigo Soldado
Um amigo do povo!
Um homem às direitas! Quem fez
aquele não fez outro igual…
Manuel
Se ele quisesse…”
in Felizmente Há Luar!, Acto I, pp. 20-21
36. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
EXCERTO 4
“(Olha para o céu)
Vem aí a madrugada…
(Respira fundo, enchendo os pulmões de ar)
O céu está carregado de estrelas e o ar tão
puro, que só de cheirá-lo nos sentimos outros!
(Pausa)
Ah! Senhora, se o general estivesse esta
noite aqui, levava-nos com ele até ao fim do
mundo!”
in Felizmente Há Luar!, Acto II, p. 108
37. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
MANUEL
a voz consciente e crítica dos
populares, capaz de utilizar a arma do
sarcasmo
o trabalhador na realidade dura da “descarga
das barcaças”
o exemplo do homem na relação típica com a
mulher (Rita): entre o dominador e o afectivo
o indeciso na acção, pela noção de impotência
para alterar a situação de miséria em que vive
o desesperançado, dada a evolução adversa
da situação que repetidamente vive
38. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
MATILDE
a “companheira de todas as horas” do
General, algo desligada do mundo exterior
a desamparada: perdeu o filho (morte) e perde
o companheiro (prisão e morte)
a invectivadora de um grupo popular (que não
a apoia)
a revoltada contra as incongruências do mundo
a resistente, evoluindo da individualidade para
a consciência da realidade sócio-política (assu-
me o papel que poderia ter sido o de Gomes
Freire de Andrade)
39. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Felizmente Há Luar!
D. Miguel Forjaz Matilde de Melo Luís de Sttau Monteiro
Luar expõe a ameaça, o
o perigo dos dissidentes Luar associa-se à renova- Luar simboliza:
ção regeneradora . o devir temporal
Luar permite visualizar
as fogueiras (dissuasão, . a morte e o renascer
Luar ilumina a ousada
repressão e terror) crença na mudança . a passagem para estádios
de vida mais libertadores
Luar é adjuvante do Luar incita a esperança do
poder e do controlo por contrapoder . a evolução
este exercido
40. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
Lisboa há-de cheirar toda a noite a
carne assada, (…), e o cheiro há-de-
-lhes ficar na memória durante muitos
anos… Sempre que pensarem em
discutir as nossas ordens, lembrar-se-
-ão do cheiro…
(Com raiva)
É verdade que a execução se prolon-
gará pela noite, mas felizmente há
luar…
in Felizmente Há Luar!, Acto II, Areal Editores, p.131
41. Felizmente Há Luar! (1961)
de Luís de Sttau Monteiro
(Para o povo)
Olhem bem! Limpem os olhos no
clarão daquela fogueira e abram as
almas ao que ela nos ensina…
(Pausa)
É quase um grito. Felizmente – felizmente há luar!
Felizmente Há Luar!, Acto II, Areal Editores, p.140