Portugal foi o primeiro país a realizar grandes descobrimentas devido à sua localização geográfica favorável, marinheiros experientes e avanços tecnológicos. As viagens expandiram-se gradualmente ao longo da costa africana sob a liderança do Infante D. Henrique, resultando no estabelecimento de rotas comerciais lucrativas e no contorno do Cabo da Boa Esperança. Isto abriu caminho para Vasco da Gama alcançar a Índia por mar em 1498.
2. Sendo as necessidades de expansão comuns
a toda a Europa, porque foi Portugal o
primeiro país a levar a bom termo esta
aventura dos descobrimentos?
3. Portugal fica situado no extremo ocidental da
Europa, perto da costa de África e dos
arquipélagos atlânticos. Possui, além disso, uma
boa fachada marítima e bons portos naturais.
Devido ao comércio a longa distância existiam
em Portugal marinheiros experientes capazes de
constituir as tripulações nas viagens de
descoberta.
Além disso, no século XV Portugal gozava de paz
e, com a revolução de 1383/1385 dera-se o
reforço do poder régio e uma renovação dos
quadros dirigentes.
4. Ao longo dos séculos as culturas muçulmana e
judaica, que passaram pelo país, transmitiram os
seus conhecimentos e técnicas de domínio da
navegação.
No século XIV foram introduzidos em Portugal a
bússola, o quadrante e o astrolábio, divulgados
pelos Muçulmanos. O uso de instrumentos
como o astrolábio e o quadrante exigiam bons
conhecimentos de matemática que foram
transmitidos por sábios judeus e muçulmanos.
6. No domínio da construção naval, em Portugal
aperfeiçoou-se na construção da caravela -
uma embarcação de leme fixo à popa e vela
triangulares, o que permite ao barco navegar
na presença de ventos contrários.
7. A expansão portuguesa
iniciou-se em 1415 com a
conquista de Ceuta, cidade
Muçulmana do Norte de
África, que se tratava de um
ponto estratégico para as
rotas do comércio
internacional e de transporte
de cereais.
Os portugueses pretendiam,
igualmente, expandir a fé
cristã num território
muçulmano.
8. Ceuta não era a cidade que os portugueses
idealizavam pois as rotas do comércio foram
desviadas pelos Muçulmanos e a cidade já se
encontrava vandalizada pelos seus sucessivos
ataques. Nasceu o desejo de atingir não as
rotas de cereais mas as rotas do ouro. E é
aqui que começa a verdadeira aventura dos
descobrimentos!
9. Foi o Infante D. Henrique I,
filho de D. João I, um grande
impulsionar dos
descobrimentos que, em 1416
a 1460 se realizaram, em
especial, à costa africana.
As primeiras viagens foram
realizadas à vista da costa e
não exigiam, por isso, grandes
conhecimentos. No entanto, à
medida que se viajava para sul,
as viagens tornavam-se cada
vez mais longas e difíceis.
10. Foi numa das viagens em direcção à Costa de
África que os portugueses localizaram os
arquipélagos da Madeira (em 1419) e dos Açores
(cerca de 1427).
Algumas ilhas desses arquipélagos já aparecem
representadas em mapas do Século XIV. Não se
trata de uma descoberta mas de um
reconhecimento.
Foram os portugueses que no século XV
procederam à ocupação e povoamento dos
AÇORES e da MADEIRA.
11. Até à chegada dos portugueses os arquipélagos
dos Açores e da Madeira eram desabitados.
Na Madeira a criação de condições para a
agricultura implicou o abate de densa floresta
que a cobria e a construção de canais de água, a
partir das suas abundantes nascentes. Além da
produção de cereais foi introduzida a produção
de cana de açúcar e da vinha. Para trabalhar
nessas culturas, em especial na cultura do açúcar
vieram escravos de Marrocos e da costa africana.
Com o clima húmido dos Açores apostaram na
produção de cereais e na criação de gado.
12. Machim era um jovem inglês que se terá apaixonado por uma
rapariga da sua idade, mas nobre e muito rica. Seus pais
queriam casá-la com um rapaz da mesma condição social.
Vendo os seus amores contrariados os dois jovens decidiram
fugir para França. No entanto, o navio em que viajavam,
apanhado por uma tempestade, foi parar às proximidades da
ilha da Madeira, que era, então, uma ilha desconhecida. A
rapariga, que se sentia doente, pediu para desembarcar. O
namorado concordou e ambos chegaram à costa num bote.
Entretanto a tempestade levou o navio para a costa africana,
sendo que os seus tripulantes foram feitos reféns pelos Mouros
e os dois jovens ficaram sozinhos na ilha deserta. A jovem
sucumbiu à doença e três dias depois acabou por morrer.
Machim sepultou-a na ilha, colocando uma cruz sobre a
sepultura. O rapaz pouco tempo sobreviveu. Terá sido Machim
que derivou o actual nome da vila da Madeira – Machico.
13. Ao mesmo tempo que se
procedia à colonização dos
Açores e da Madeira, procedia-se
à exploração da costa africana.
Em 1434 foi ultrapassado o Cabo
Bojador por Gil Eanes, que até
então o último ponto navegado
pelos europeus
14. As viagens realizadas nos anos seguintes não foram
vantajosas pois, para além do solo ser estéril, as terras
estavam despovoadas.
A situação alterou-se com a passagem do Cabo
Branco, em 1441, pelo navegador Nuno Tristão. A
partir daí começava uma região fértil e populosa,
onde os portugueses puderam comerciar escravos e,
finalmente, ouro.
Em 1460 a expansão portuguesa já tinha ultrapassado
a Guiné e chegara à serra leoa. Houve, porém, a partir
de então, um abrandamento, por causa da morte do
Infante D. Henrique e o desinteresse do rei Afonso V.
15.
16. Após a morte do Infante D. Henrique a aventura dos
descobrimentos ficou entregue à iniciativa particular.
Em contrapartida, pressionado pelos interesses dos
nobres, Afonso V promoveu várias expedições ao norte de
África. Desta forma, foram conquistadas no litoral
marroquinho, as cidades de Alcácer Ceguer (1458) e de
Arzila e Tânger (1471).
Em 1469 o comércio africano foi arrendado por cinco anos
a Fernão Gomes, um rico mercador de Lisboa. Em troca,
além do pagamento em dinheiro, este comprometi-se a
descobrir, cada ano, cem léguas de costa. Essa obrogação
foi cumprida. Durante esse contrato (1469-1474) foi
explorado todo o golfo da Guiné, entre a Serra Leoa e o
Cabo de Santa Catarina, incluindo a costa da Mina, onde
abundava o ouro.
17. D. João II só se tornou rei em 1481, no entanto,
já desde 1474 era responsável pela expansão.
Sob a sua orientação a expansão traçou o
objectivo claro de atingir a Índia, contornando o
continente africano. O ouro que alcançariam
podia permitir a D. João II a manutenção das
viagens. Além disso, os conhecimentos acerca
da geografia e astronomia que foram sendo
desenvolvidos permitiam cada vez mais
segurança e estabilidade nas expedições.
18.
19. Com este espírito, Diogo Cão, com duas
expedições chegou em, 1482-1483/
1485-1486 à actual Namíbia.
20. Bartolomeu Dias navegado
com três caravelas foi além do
limite que Diogo Cão chegara
e continuou ao longo da costa.
Depois de uma violenta
tempestade ultrapassou em
1488 o Cabo da Boa
Esperança. Estabelecia-se,
assim, a ligação entre os
oceanos Atlântico e Índico e
com ela a esperança de chegar
à Índia.
21.
22. A competição entre Portugal e Castela, pela posse dos
territórios começou ainda no século XIV, com a
disputa acerca do arquipélago das Canárias. Mais
tarde os castelhanos quiseram participar no comércio
com a costa de África o que provocou um demorado
conflito.
Em 1479 o tratado de Alcáçovas estabeleceu o
primeiro entendimento entre os dois países: Portugal
desistia de qualquer pretensão das Ilhas Canárias e
Castela cedia a exclusividade dos territórios sul
daquelas ilhas. No entanto, voltou a complicar-se por
causa da descoberta da América por Cristóvão
Colombo.
23. • Colombo era um mercador
genovês que viveu muito
tempo em Portugal onde
recolheu muitas informações
sobre a possível existência de
terras a ocidente dos Açores.
Com esses dados e sabendo-
se já que a terra era redonda,
elaborou um plano para
atingir a Índia navegando
para Ocidente.
24. D. João II não mostrou interesse neste
projecto. Foi então oferecer os seus serviços
a Castela que, depois de muitas hesitações
lhe concederam uma frota de três pequenos
navios. Em 1492, ao atingir terras
desconhecidas, pensou ter chegado à Índia
mas, apenas tinha chegado às Antilhas, um
arquipélago da América Central.
25. A quem pertenciam as novas terras descobertas por
Colombo? O rei de Portugal, fazendo a sua
interpretação do Tratado de Alcáçovas considerava
que deveriam ser portuguesas. Posição contrária
tinham os reis de Espanha.
Em 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas, sob a
égide do Papa, a autoridade máxima conhecida,
estabelecendo a divisão do mundo em dois
hemisférios.
As terras e os mares descobertos ou a descobrir para
oriente dessa linha ficariam para Portugal; os que
estivessem para Ocidente ficariam para Espanha.
26. Depois de obtido o consentimento com o
Tratado de Tordesilhas, D. João II iniciou a
preparação da expedição para a Índia.
Os portugueses já tinham recolhido informação
sobre os ventos e desenvolvido novas artes de
navegação. Os cartógrafos desenvolveram
novas cartas de náuticas que, de forma rigorosa
traçavam os contornos da costa e as linhas de
rumo.
Contudo, o Rei D. João II morreu em 1495, antes
de ver concretizado o seu projecto. Segue a
missão pelo seu sucessor D. Manuel I.
27. Para comandar a
expedição foi escolhido
Vasco da Gama, que
tinha, então, menos de 30
anos. A armada era
composta por quatro
navios e 150 homens e
saiu do Restelo, em
Lisboa, a 8 de Julho de
1497.
28. Os portugueses não foram bem acolhidos
nos vários portos da costa oriental africana,
cujo comércio era dominado pelos
muçulmanos. Excepto em Melinde, onde
contaram com a colaboração de um piloto
conhecedor dos mares do índico. Chegaram
finalmente em 20 de Maio de 1498, sendo o
desembarque efectuado em Calecute, um
importante porto indiano.
29. Um ano depois da expedição
de Vasco da Gama foi
enviado Pedro Álvares Cabral,
numa poderosa frota, com o
objectivo de assegurar o
domínio português no
Oriente e trazer o primeiro
grande carregamento de
especiarias.
30. Contudo, a dada altura os
navios fizeram um grande
desvio e, em 22 de Abril de
1500 foi avistada terra.
Estava descoberto,
oficialmente, o Brasil. Oito
dias depois a expedição
seguiu o seu rumo. Contudo,
há quem considere que o
Brasil já havia sido
descoberto antes de 1494 e
que este desvio terá sido
propositado.