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ESPECIAL PROTEÍNAS DO SORO | SPECIAL 
DE LEITE | 397 
Propriedades fisiológicas-funcionais das 
proteínas do soro de leite 
Physiological-functional properties of milk whey proteins 
1 Departamento de Alimentos e Nutrição, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. Rua 
Monteiro Lobato, 80, 13083-970, Campinas, SP, Brasil. E-mail: sgarb@fea.unicamp.br 
Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição 
Valdemiro Carlos SGARBIERI1 
R E S U M O 
O presente artigo coloca em destaque as propriedades multifuncionais das proteínas presentes no soro de 
leite bovino, a começar pelo colostro que contém essas proteínas em concentrações muito elevadas e que tem 
por função garantir a proteção e a imunidade dos recém-nascidos. Essas mesmas proteínas continuam no 
leite, porém em concentrações bastante reduzidas. A utilização dessas proteínas nas formas de concentrados 
e isolados protéicos evidenciam propriedades muito favoráveis à saúde no sentido de diminuir o risco de 
doenças infecciosas e também as consideradas crônicas e/ou degenerativas. Enfatizou-se as propriedades das 
proteínas do soro de leite e de peptídios delas resultantes no estímulo ao sistema imunológico, na proteção 
contra microrganismos patogênicos e contra alguns tipos de vírus como o HIV e o vírus da hepatite C, na 
proteção contra vários tipos de câncer, particularmente de cólon, na proteção da mucosa gástrica contra 
agressão por agentes ulcerogênicos, evidenciou-se várias linhas de ação protetora das proteínas de soro 
contra agentes condicionadores de problemas cardiovasculares. Com base em várias propriedades funcionais 
das proteínas do soro de leite, discutiu-se a vantagem e os benefícios de seu uso como suplemento alimentar 
para atletas e esportistas em geral. Os possíveis benefícios de vários fatores de crescimento celular, presentes 
no soro de leite também foram discutidos. 
Termos de Indexação: proteínas do leite, leite, colostro, propriedades funcionais fisiológicas. 
A B S T R A C T 
This article emphasizes the multifunctional properties of the bovine milk whey proteins, starting with the 
colostrum where these proteins occur in high concentrations and are reputed as responsible for the protection 
and passive immunization of the newborn babies. The same proteins found in colostrum in high concentrations 
are found in milk although at much lower concentrations. The utilization of the milk whey proteins in the form
398 | V.C. SGARBIERI 
of concentrates or isolates has been found to be highly beneficial to health in the sense of decreasing the risk 
of infectious as well as chronical and degenerative diseases. In this article emphasis was given to the properties 
of whey proteins in the form of concentrates or isolates, and their hydrolysates (peptides) as immunostimulants, 
inhibitors of pathogenic microorganisms and some viruses, including HIV and hepatitis C viruses. In the 
protection against tumor’s development, particularly colon cancer and protection of the gastric mucosa 
against ulceration by agressive ulcerogenic agents. Various actions of the milk whey protein were pointed out 
as defense mechanisms for cardiovascular degenerative diseases. Several research work were discussed showing 
the benefit of using milk whey protein to counteract undesirable metabolic and immunological effect of 
excessive exercise. Finally the cell growth and regeneration stimulatory properties of the milk whey growth 
factors were pointed out. 
Index terms: milk, proteins, milk, colostrum, physiological-functional properties. 
I N T R O D U Ç Ã O 
O leite, produto de secreção das glândulas 
mamárias é um fluido viscoso constituído de uma 
fase líquida e partículas em suspensão, formando 
uma emulsão natural, estável em condições 
normais de temperatura ou de refrigeração. Possui 
elevado valor nutritivo, sendo o único alimento 
que satisfaz às necessidades nutricionais e 
metabólicas do recém-nascido de cada espécie1. 
Os macrocomponentes do leite bovino são 
a água (87,30%), a lactose (4,90%), gordura 
(3,80%), proteínas (3,30%) e minerais (0,72%). 
As partículas suspensas na fase líquida do leite 
são gotículas de gordura e micelas de caseína. O 
leite bovino é comercializado em sua forma 
líquida integral ou desengordurada e pasteurizado 
ou esterilizado. Essas mesmas formas são também 
comercializadas desidratadas, leite em pó. 
O soro de leite pode ser obtido em 
laboratório ou na indústria por três processos 
principais2,3: a) pelo processo de coagulação 
enzimática (enzima quimosina), resultando no 
coágulo de caseínas, matéria-prima para a 
produção de queijos e no soro “doce”; b) 
precipitação ácida no pH isoelétrico (pI), resultando 
na caseína isoelétrica, que é transformada em 
caseinatos e no soro ácido; c) separação física 
das micelas de caseína por microfiltração, 
obtendo-se um concentrado de micelas e as 
proteínas do soro, na forma de concentrado ou 
isolado protéico. 
A relação caseínas:proteínas do soro é 
bastante variável entre as espécies de mamífero4. 
Esta relação é de 80,0:20,0 (%) no leite bovino, 
de 20,0:80,0 (%) no leite humano, 80,0:20,0 (%) 
no leite de búfala e 82,2:15,8 (%) no de cabra. 
Observa-se que no leite humano a proporção de 
proteínas de soro é 4 vezes a das caseínas, 
comparadas com as do leite de vaca e de búfala. 
Outro aspecto muito importante a 
considerar sobre o leite, como primeiro e único 
alimento dos recém-nascidos, é que a primeira 
secreção das glândulas mamárias, após o parto, 
tem composição muito diferente do leite e recebe 
o nome de colostro. O colostro é um líquido 
amarelado, mais viscoso que o leite e a sua 
composição varia muito nas primeiras 72h após o 
parto5. A Tabela 1 mostra a variação de compo-sição 
do colostro bovino nas primeiras 72h 
comparada com a composição do leite já 
estabilizado. 
Observa-se (Tabela 1) que a composição 
do colostro bovino (3h pós-parto) é bem diferente 
após 72h e muito diferente do leite como é 
consumido. Gordura, proteína total, proteínas de 
soro e minerais diminuem com o passar do tempo, 
enquanto que as caseínas e a lactose aumentam. 
Nota-se na Tabela 2 como a concentração 
(mg/mL) das principais proteínas do soro decresce 
no colostro no período de 3h a 72h, e suas 
concentrações no leite bovino já estabilizado5. 
Observa-se que todas as proteínas: imunoglobulina 
G (IgG), imunoglobulina A (IgA), ∝-lactalbumina 
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004
PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 399 
(∝-La), β-lactoglobulina (β-Lg), albumina de soro 
bovino (BSA), lactoferrina (Lf) e lactoperoxidase 
(Lp) diminuem significativamente de 
concentração, na passagem do colostro para leite 
normal de consumo. 
A IgG é a predominante no colostro e 
no leite bovino e, dentre as demais proteínas, 
a β-Lg, a ∝-La e a BSA são as predominantes. 
A elevada concentração das proteínas de 
soro no colostro é muito importante, uma vez que 
as imunoglobulinas (IgG e IgA) transferem 
imunidade passiva ao recém-nascido, enquanto 
que as demais proteínas do soro, coletivamente, 
promovem o desenvolvimento e a maturação dos 
tecidos epiteliais do sistema gastrointestinal, ainda 
não completamente desenvolvido funcionalmente. 
Protegem ainda contra bactérias e vírus deletérios 
à saúde do bebê. 
Comparação interessante poderá também 
ser feita quanto às concentrações de algumas 
das principais proteínas do soro (Tabela 3) 
entre os leites bovino e humano. Nota-se que 
a β-lactoglobulina, predominante no leite bovino, 
praticamente não aparece no leite humano. As 
demais proteínas de soro aparecem também em 
maior concentração no leite humano. 
Do ponto de vista aminoacídico 
(aminoácidos essenciais), as proteínas de soro 
apresentam quase todos os aminoácidos 
essenciais em excesso às recomendações, exceto 
pelos aminoácidos aromáticos (fenilalanina, 
tirosina) que não aparecem em excesso, mas 
atendem às recomendações para todas as idades. 
Apresentam elevadas concentrações dos ami-noácidos 
triptofano, cisteína, leucina, isoleucina 
e lisina. 
As proteínas do soro de leite são altamente 
digeríveis e rapidamente absorvidas pelo 
organismo, estimulando a síntese de proteínas 
sangüíneas e teciduais a tal ponto que alguns 
pesquisadores6-8 classificaram essas proteínas 
como proteínas de metabolização rápida fast 
metabolizing proteins, muito adequadas para 
situações de estresses metabólicos em que a 
reposição de proteínas no organismo se torna 
emergencial. 
Tabela 1.Variação na composição percentual do colostro bovino, 
comparada com a do leite bovino. 
β-Lg 
BSA Lf 
Lp 
Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição 
Gordura 
Proteína total 
Proteínas de soro 
Caseínas 
Lactose 
Cinza 
Sólidos totais 
Fonte: Heng5. 
3h 
06,80 
09,42 
08,50 
00,92 
02,38 
01,02 
19,62 
72h 
03,72 
04,68 
01,60 
03,18 
04,27 
00,74 
13,41 
Componentes (%) 
Leite bovino 
03,50 
03,20 
00,50 
02,73 
04,60 
00,70 
12,00 
Colostro (Tempo pós-parto) 
Tabela 2. Concentração de proteínas de soro no colostro e no leite bovino (mg/mL). 
3 
12 
24 
36 
48 
60 
72 
Leite 
45,00 
61,50 
40,00 
15,00 
13,60 
15,80 
06,00 
00,50 
7,08 
9,55 
6,98 
3,17 
0,56 
0,56 
0,12 
0,09 
5,97 
8,40 
8,56 
6,42 
8,12 
8,12 
2,36 
2,00 
Tempo 
Lact.(Horas) 
IgG IgA ∝-La 
40,50 
39,88 
26,54 
18,47 
19,42 
19,42 
06,18 
04,00 
5,07 
5,21 
1,97 
1,20 
1,15 
1,15 
0,44 
0,28 
3,06- 
4,28- 
1,77- 
n.d. 
0,94- 
0,94- 
n.d. 
0,02- 
0,35- 
3,46 
4,29 
2,45 
1,00 
n.d. 
n.d. 
n.d. 
0,03 
n.d. = não detectado. IgG, imunoglobulina G; IgA, imunoglobulina A; ∝-La, ∝-lactalbumina; β-Lg, β-Lactoglobulina; BSA, albumina de soro 
sangüíneo; Lf, lactoferrina; Lp, lactoperoxidase.
400 | V.C. SGARBIERI 
Tabela 3. Quantidades, em gramas por litro, das principais 
proteínas de soro lácteo, do leite bovino e do leite 
humano. 
Neste artigo, será dada ênfase às 
propriedades fisiológicas e funcionais que resultam 
em importante modulação metabólica e/ou 
inibição ou retardamento de processos patológicos 
ou do envelhecimento precoce em animais de 
experimentação e, provavelmente, na espécie 
humana. 
Atividade imunomoduladora 
Uma das propriedades funcionais 
fisiológicas mais estudadas e importantes das 
proteínas do soro de leite se relaciona com o seu 
poder imunomodulador. Já se comentou sobre a 
elevada concentração e o papel importante das 
imunoglobulinas do colostro na defesa dos recém- 
-nascidos. 
As imunoglobulinas do leite permanecem 
quase que integralmente no soro e continuam a 
desempenhar função importante, não somente no 
sistema gastrointestinal mas sistemicamente em 
todo o organismo. 
Na década de 80, uma série de pesquisas 
desenvolvidas particularmente no Canadá9-12 
mostraram que dietas à base de concentrados de 
proteínas de soro de leite bovino, não 
desnaturadas, promovia estímulo imunológico 
superior a um grande número de outras proteínas 
isoladas e testadas comparativamente, quanto ao 
poder de estimular a produção de imunoglobulina 
M (IgM) o baço, após estímulo antigênico 
(imunização) com um número conhecido de 
hemácias de carneiro. 
Ao mesmo tempo em que se verificava 
aumento significativo da produção de 
imunoglobulina havia um aumento correspondente 
do tripeptídio glutationa (γ-glutamilcisteinilglicina) 
no baço, no fígado e em vários outros órgãos. 
Os pesquisadores canadenses associaram 
o poder imunoestimulante das proteínas do soro 
com a capacidade dessas proteínas estimular a 
síntese de glutationa, em virtude do elevado 
conteúdo de cisteína e de repetidas seqüências 
glutamil-cistina na estrutura primária dessas 
proteínas12,13. Peptídios com a seqüência glutamil- 
-cistina seriam formados na digestão dessas 
proteínas e absorvidos como tal, servindo de 
substrato para a síntese de glutationa. Esta, por 
sua vez, exerce um poder estimulatório sobre 
linfócitos capazes de sintetizar imunoglobulinas. 
A eficácia das proteínas isoladas do soro 
de leite no sentido de melhorar a atuação do 
sistema imunológico foi também testada em 
humanos portadores do vírus HIV14,15. Esses vírus, 
mesmo quando a doença está sob controle, por 
efeito de medicação, causam um desequilíbrio dos 
linfócitos TCD+ (linfócitos de defesa do 
4 
organismo) deixando prevalecer os linfócitos TCD8 
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 
+ 
ou linfócitos de ataque (Tkiller). Embora com 
número reduzido de sujeitos, 3 e 4 indivíduos, 
respectivamente, a administração de 10g a 40g 
diárias de proteínas de soro a esses indivíduos 
portadores de HIV elevou a concentração de 
glutationa nos linfócitos e o número de linfócitos 
TCD+, melhorando as condições gerais dos 
4 
pacientes, inclusive com ganho de peso de 2kg a 
7kg, no período de 3 meses de suplementação. 
Estudos recentes16,17 realizados em Cam-pinas, 
SP, comprovaram o poder imunoestimulante 
e estimulador da síntese de glutationa, em 
camundongos e em humanos, por preparados de 
proteína de soro bovino produzidos em escala 
piloto2. Dietas contendo concentrado protéico de 
soro de leite (WPC) estimulou a síntese de 
imunoglobulina M no baço e a síntese de 
glutationa no fígado em camundongo da linhagem 
Proteínas de soro (g/L) 
β-lactoglobulina 
∝-lactalbumina 
Soralbumina (BSA) 
Imunoglobulinas 
Lactoferrina 
Lisozima 
Leite bovino 
3,2 
1,2 
0,4 
0,7 
0,1 
desprezível 
Leite humano 
desprezível 
2,8 
0,6 
1,0 
0,2 
0,4
PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 401 
A/J, mais do que qualquer outra proteína testada. 
Forte correlação linear positiva (r=0,998) foi 
encontrada entre células do baço produtoras de 
IgM e concentração de glutationa no fígado. Em 
estudo prospectivo duplo-cego, 18 crianças entre 
1 e 6 anos de idade, portadoras de HIV foram 
suplementadas com concentrado de proteína de 
soro de leite (WPC) ou placebo (maltodextrina) 
por 4 meses. Observou-se uma elevação nos níveis 
de linfócitos TCD+, elevação da síntese de 
4 
glutationa eritrocitária e redução na ocorrência 
de episódios infecciosos no grupo suplementado 
com WPC. 
Além do concentrado e do isolado protéico 
de proteína de soro (WPC e WPI), respectiva-mente, 
ação imunoestimulatória tem sido 
demonstrada para proteínas isoladas do soro: 
imunoglobulinas, lactoferrina, lactoperoxidase, 
glicomacropeptídio (GMP). Este último só é 
encontrado no soro doce, como produto da 
ação da enzima coagulante quimosina sobre 
a κ-caseína. 
Além de estar presente no soro, a lactoferri-na 
é secretada por neutrófilos, podendo estimular 
o crescimento de vários tipos de células do sistema 
imune como linfócitos, macrófagos/monócitos, 
além de estimular a resposta imune humoral na 
produção de anticorpos18. 
Atividade antimicrobiana e antiviral 
Atividade antimicrobiana e antiviral têm 
sido demonstradas para as proteínas do soro de 
leite lactoferrina, lactoperoxidase, ∝-lactalbumina 
e as imunoglobulinas. 
A lactoferrina, bem como seu peptídio 
lactoferricina, inibem a proliferação e o cresci-mento 
de bactérias gran-positivas e gran-negativas, 
bem como leveduras fungos e protozoários por 
quelar (seqüestrar) o ferro disponível no ambiente, 
enquanto que a lactoperoxidase tem propriedade 
bactericida através da oxidação de tiocianatos em 
presença de peróxido de hidrogênio (H2O2)19,20. 
Hidrólise enzimática da lactoferrina libera 
peptídios com ação inibitória ao vírus da hepatite 
C e com ação contra a bactéria Helicobacter 
pylori21-22. A lactoferricina, peptídio formado dos 
resíduos 17-41, resultante da ação da pepsina 
sobre a lactoferrina, apresenta além da atividade 
antimicrobiana23, ação apoptótica sobre células 
da leucemia humana24. 
Hidrólise enzimática (pepsina, tripsina, 
quimotripsina) permitiram o isolamento e a 
identificação de peptídios de diversos tamanhos 
moleculares e seqüências com atividade 
bactericida, a partir das proteínas β-lactoglobulina 
e ∝-lactalbumina21,25,26, sugerindo que essas 
proteínas do soro poderão exercer efeito 
antibiótico no organismo após hidrólise enzimática. 
Propriedade bactericida também tem sido 
demonstrada em oligômeros de ∝-lactalbumina 
que podem se formar em meio ácido, na presença 
do ácido oléico27. Esses oligômeros poderiam se 
formar no estômago pela perda do Ca++ ligado a 
essa molécula seguida da complexação com o 
ácido graxo monoinsaturado. Além da atividade 
antibiótica, esses oligômeros de ∝-lactalbumina 
apresentam também ação apoptótica sobre 
células cancerígenas. 
Atividade anticâncer 
Tem sido demonstrado, por vários 
pesquisadores, que concentrados de proteínas do 
soro de leite bovino, assim como várias de suas 
proteínas e peptídios, delas derivados, apresentam 
ação inibitória para diversos tipos de câncer em 
modelos animais e em culturas de células 
cancerígenas. 
O câncer é uma doença complexa cuja 
indução e desenvolvimento dependem de 
inúmeros fatores. Várias pesquisas têm sido 
desenvolvidas nos últimos anos, tanto em modelos 
animais como em culturas de células que 
demonstram ação anticâncer das proteínas do soro 
de leite. 
McIntosh et al.28-30 estudaram a ação de 
várias proteínas da dieta (proteínas de soro de 
Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição
402 | V.C. SGARBIERI 
leite, caseína, proteínas da carne bovina e da soja) 
contra o desenvolvimento de tumores de cólon 
induzidos pelo carcinógeno 1,2-dimetilhidrazina. 
Nestes estudos observaram que dietas contendo 
as proteínas do soro de leite inibiram o 
aparecimento e o crescimento de tumores de 
cólon de forma mais significativa que a caseína, 
as proteínas de carne bovina e as da soja, sendo 
a ordem de significância estatística: proteína do 
soro>caseína>carne>soja, podendo portanto 
concluir-se que as proteínas do soro (WPC) atuaram 
de maneira mais eficaz no combate à tumorigê-nese 
induzida, em roedores, que as demais 
proteínas testadas. 
McIntosh et al.28 compararam a eficiência 
de dietas contendo 15% de WPC, 15% de 
proteína de soja e dois outros tratamentos 15% 
soja mais 5% lactoferrina ou 15% soja mais 5% 
β-lactoglobulina. Observaram que a suple-mentação 
da soja com 5% lactoferrina ou 5% 
β-lactoglobulina resultou em inibição da formação 
de lesões pré-cancerígenas (focos de críptas 
aberrantes), tão eficientemente quanto o WPC, 
evidenciando a importância dessas duas proteínas 
do soro na inibição do processo de carcinogênese. 
Recentes pesquisas realizadas em 
Campinas, SP, com câncer de cólon induzido em 
camundongos da linhagem A/J por azoximetano, 
confirmaram a eficácia das proteínas do soro de 
leite bovino (WPC) na inibição de lesões intestinais 
pré-cancerígenas (focos de críptas aberrantes) e 
desenvolvimento de tumores de cólon do tipo 
adenocarcinoma, bem como no estímulo à síntese 
de glutationa hepática e de imunoglobulina M 
(IgM) por células de baço31. Nesta pesquisa, 
comparou-se o poder antitumoral de quatro 
concentrados protéicos, a saber, um WPC 
preparado em Campinas, SP, em planta piloto2, 
um preparado de proteínas de soro (Immunocal), 
preparado e patenteado no Canadá, uma caseína 
comercial e um isolado de proteína de soja, 
também comercial. A dieta utilizada foi a AIN-93 
com uma das proteínas citadas como única fonte 
protéica (20g proteína/100g dieta). Não houve 
diferença entre as dietas para ganho de peso. O 
número e tamanho dos tumores foram significativa-mente 
maiores nos animais em dieta de proteína 
de soja, seguida da caseína e dos dois preparados 
de proteínas de soro, significativamente inferiores, 
em relação à caseína e à soja. Os dois preparados 
de soro não diferiram entre si, em nenhum dos 
parâmetros estudados. Esses resultados 
confirmaram os reportados por pesquisadores do 
Canadá, Austrália e outros países. 
Outros pesquisadores constataram a 
capacidade inibitória das proteínas do soro de leite 
sobre o câncer de mama32, de cabeça e pescoço33 
e sobre culturas de células cancerígenas34,35. 
Atividades antiúlcera 
Embora o leite e os produtos lácteos 
tenham sido, ao longo do tempo, os alimentos 
preferidos por pessoas com problemas gástricos 
(hiperacidez, azia, queimação estomacal, refluxo 
gástrico-esofágico), esses efeitos têm sido 
atribuídos, principalmente, às gorduras do leite e 
sua própria consistência física de emulsão líquida. 
A partir do conhecimento de que as 
proteínas do soro de leite são ricas em 
aminoácidos sulfurados, particularmente cisteína, 
e que são capazes de promover, in vivo, aumento 
da síntese de glutationa além do fato de a 
glutationa ser importante na proteção dos tecidos 
epiteliais, iniciou-se em Campinas, SP, uma linha 
de pesquisa para explorar possível ação protetora 
das proteínas do soro de leite bovino na proteção 
da mucosa gástrica, contra vários agentes 
agressores. 
Rosaneli et al.36-38 pesquisaram a ação de 
um preparado (WPC), produzido em planta 
piloto2, na inibição da ação ulcerogênica do etanol 
absoluto, da indometacina (antiinflamatório 
não-esteroidal) e de fatores de estresse como 
imobilização e frio e estresse químico com 
reserpina. 
Os resultados dessas pesquisas permitiram 
concluir que o WPC e seus hidrolisados enzimáticos 
protegem a mucosa estomacal de ratos contra as 
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004
PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 403 
agressões do etanol absoluto e da indometacina, 
inibindo as lesões ulcerativas numa faixa de 50% 
a 80%, em relação a um controle negativo 
(solução salina fisiológica). Comparou-se também 
com drogas específicas para o controle de úlcera 
gástrica, como a cimetidina e a carbenoxolona, 
cuja inibição foi da ordem de 80% a 90%. 
Chegou-se ainda à conclusão, através de testes 
de bloqueios metabólicos com reagentes 
específicos, que as vias operantes no mecanismo 
de proteção parecem envolver substâncias 
sulfidrilas como cisteína, glutationa e 
provavelmente enzimas que dependem de grupos 
sulfidrilos em seu centro catalítico. 
Envolve também o ciclo das prostaglan-dinas, 
tendo sua síntese na mucosa gástrica 
estimulada. As substâncias sulfidrilas, além da 
função redutora, protegem a mucosa através do 
seqüestro de radicais livres, que se formam em 
maior quantidade na presença dos agentes 
agressores. As prostaglandinas protegem a mucosa 
gástrica através do estímulo à produção de muco 
e de bicarbonato, que formam uma camada 
protetora da mucosa contra ulcerações. 
Pesquisas recentes realizadas no exterior 
e pelo grupo de Campinas39-41, SP, permitiram 
concluir que uma das proteínas do soro ativa contra 
a ulceração gástrica é a ∝-lactalbumina e que a 
β-lactoglobulina não apresenta ação antiulcero-gênica, 
Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição 
em ratos. 
Proteção ao sistema cardiovascular 
Pesquisas realizadas no exterior e em 
Campinas, SP, mostraram que proteínas do soro 
de leite bovino podem atuar de várias formas, 
protegendo o sistema circulatório e cardíaco, 
podendo contribuir, desta forma, para a dimi-nuição 
dos riscos de patologias cardiovasculares. 
Algumas pesquisas42-45 evidenciaram efeito 
positivo das proteínas de soro na redução dos níveis 
de triglicérides e do colesterol sangüíneo e/ou 
hepático. Jacobucci et al.42,43 mostraram efeito 
positivo no abaixamento do colesterol sangüíneo, 
em ratos, semelhantemente à da proteína de soja, 
contrariamente à caseína que tende a aumentar 
a colesterolemia sangüínea e a lipidemia hepática. 
Sautier et al.44 estudaram por 49 dias o 
efeito, em ratos, de dietas contendo 23% de uma 
das seguintes fontes de proteína: proteínas de soro 
de leite, caseína, proteínas de soja ou de girassol. 
Observaram que os níveis de colesterol foram mais 
altos nos ratos alimentados com dieta de caseína 
comparado com os ratos em dieta de proteína de 
soro de leite. Embora os níveis de colesterol sérico 
total e de HDL-colesterol tivessem sido idênticos 
nos grupos alimentados com proteína de soro, soja 
ou de girassol, a excreção fecal de esteróis neutros 
foi maior para o grupo em proteína de soja. Por 
outro lado, o colesterol hepático foi significa-tivamente 
mais baixo nos ratos em dieta com 
proteína de soro, comparado com as demais dietas 
estudadas. 
Os autores desta pesquisa concluíram que, 
comparado com a dieta de caseína, a dieta com 
proteína de soro provocou uma redução no 
colesterol total e do HDL-colesterol, sem interferir 
na excreção de esteróides neutros. Por outro lado, 
as dietas de soja e girassol diminuíram os níveis 
de HDL-colesterol sangüíneo, sendo que apenas 
a dieta de soja promoveu um aumento da 
excreção fecal de esteróides. 
Em outro estudo, Nagaoka et al.45, em 
pesquisa com ratos compararam os efeitos da 
proteína de soja com as do soro de leite e 
verificaram que os níveis de lipídios totais e de 
colesterol foram significativamente diminuídos 
pelo efeito das proteínas de soro, sendo que o 
efeito para as proteínas de soro foi mais 
significativo que para as proteínas de soja. 
Outro aspecto das proteínas de soro de 
leite, que pode contribuir para a saúde car-diovascular, 
está relacionado à descoberta de que 
a hidrólise enzimática de algumas dessas proteínas 
liberam peptídios com ação hipotensora ou anti-hipertensiva46- 
48. Esses peptídios que podem ser 
formados também a partir de outras proteínas 
alimentares (soja, peixe, trigo, gelatina) são 
capazes de inibir a ação da enzima conversora
404 | V.C. SGARBIERI 
de angiotensina I em angiotensina II (ACE). A 
angiotensina I é um decaptídio inativo produzido 
nos rins, que é convertido em angiotensina II, um 
octapeptídio com forte ação vasoconstritora, 
portanto, com ação hipertensora. Além da ação 
hipertensora, a angiotensina II estimula a produção 
do hormônio aldosterona que age diminuindo a 
excreção renal de fluido e de sais, aumentando a 
retenção de água e o volume de fluido extrace-lular. 
Vários peptídios com ação inibidora da 
ACE foram isolados e caracterizados a partir 
de hidrolisados da β-lactoglobulina e da 
∝-lactalbumina49-52. 
As proteínas do soro de leite poderão 
exercer vários efeitos benéficos sobre o sistema 
cardiovascular graças às suas propriedades 
redutoras (cisteína, estímulo à síntese de 
glutationa), seqüestrantes de radicais livres 
(glutationa, lactoferrina, lactoperoxidase) que são 
também inibidores da lipoxidação das 
lipoproteínas e artérias. Peptídios derivados da 
lactoferrina mostraram atividade anticoagulante, 
inibindo a agregação de plaquetas53. 
Benefício à atividade esportiva 
O exercício físico tem profundo efeito no 
metabolismo das proteínas54, no consumo de O2 
(VO2) acima dos níveis de repouso55, no transporte 
de aminoácidos56 e de glicose57, bem como na 
concentração de lactato muscular58. 
Nos últimos anos tem-se verificado um 
avanço importante da nutrição esportiva, com 
base em princípios fisiológicos e bioquímicos59. 
Uma alimentação especial pode promover melhor 
saúde e otimizar os benefícios do treinamento. 
Sabe-se que aminoácidos e peptídios, 
como precursores da síntese protéica, exercem 
papel fundamental no organismo. Tem-se obser-vado 
que a oxidação da leucina, em ratos 
treinados, é superior à de ratos não treinados60, 
portanto, o condicionamento físico aumenta o 
turnover e a oxidação da leucina e essa oxidação 
é acelerada na media em que o organismo esteja 
mais depletado de glicogênio. 
O exercício físico, em geral, requer um 
maior aporte protéico, o que se deve a uma maior 
utilização de aminoácidos como fonte energética 
no metabolismo. Na atividade física, a diminuição 
da disponibilidade de aminoácidos pode limitar o 
efeito estimulatório da insulina sobre a síntese 
tecidual de proteínas61. Excessos na ingestão de 
proteínas podem, contudo, proporcionar efeitos 
negativos no metabolismo hepático e renal. 
Estudos com animais de laboratório, 
exercitados à exaustão, utilizando dietas com 
proteínas de soro de leite ou seus hidrolisados, 
levaram a conclusões ligeiramente diferentes em 
função do tipo de dieta usada. 
Tassi62, utilizando proteína de soro com 
15% de grau de hidrólise, observou que ratos 
submetidos a exercício exaustivo foram capazes 
de manter os teores séricos de glicose e albumina 
e do glicogênio muscular. Por outro lado, Ramos63, 
utilizando um hidrolisado protéico de soro lácteo, 
com 30% de grau de hidrólise não observou o 
mesmo efeito protetor observado na pesquisa 
anterior. Provavelmente o hidrolisado com 30% 
de grau de hidrólise não tenha sido tão bem 
absorvido e metabolizado quanto o de menor grau 
de hidrólise (15%). 
Dieta suplementada com mistura de 
proteínas de soro lácteo, parcialmente hidrolisadas 
e carboidrato foi capaz de estimular a secreção 
de insulina e aumentar os níveis de aminoácidos 
plasmáticos com maior eficiência que dietas 
suplementadas com proteína intacta (não 
hidrolisada) ou com apenas carboidrato64. 
Estudos realizados em Campinas, SP, 
utilizaram ratos Wistar jovens recebendo dois tipos 
de dieta, proteína de soro isolada ou um 
hidrolisado (grau de hidrólise médio) resultante 
do mesmo isolado, submetidos a três condições 
experimentais: grupo sedentário, grupo treinado 
e grupo treinado à exaustão65,66. Foram avaliados 
a evolução ponderal tempo de exaustão, concen-tração 
de lactato sangüíneo, glicose, albumina e 
proteínas totais séricas, além de glicogênio e 
proteína muscular. Os resultados mais relevantes 
neste estudo mostraram que a proteína hidrolisada 
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004
PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 405 
promoveu melhor desempenho físico nos animais 
treinados, evidenciado pela maior resistência à 
exaustão; o hidrolisado produziu redução do 
lactato sangüíneo e apresentou vantagem 
significativa quanto à manutenção dos níveis de 
albumina e de proteínas séricas totais. Foi possível 
inferir, desta pesquisa, que o grupo de animais 
em dieta de hidrolisado de proteínas de soro 
tiveram melhor desempenho metabólico e foram 
significativamente mais resistentes à exaustão que 
os ratos que receberam a dieta com proteínas de 
soro íntegras (não hidrolisadas). 
Considerando que o exercício físico 
exaustivo causa depressão imunológica67,68, 
produção de radicais livres e catabolismo protéico 
e que as proteínas do soro de leite e seus 
hidrolisados agem estimulando o sistema imune 
(celular e humoral) através do estímulo linfocitário 
e produção de anticorpos; que várias proteínas 
do soro de leite e seus produtos metabólicos são 
antioxidantes e seqüestrantes de radicais livres, 
que essas proteínas são rapidamente digeridas e 
absorvidas e que a composição de aminoácidos 
das mesmas favorecem a síntese de proteínas 
musculares (aminoácidos de cadeias ramificadas) 
é de se esperar que sua ação seja altamente 
benéfica ao organismo humano e animal, antes, 
durante e após períodos de exercícios intensos 
e/ou prolongados. 
Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição 
Outros benefícios 
Os conhecimentos sobre os mecanismos 
de ação fisiológica das proteínas do soro de leite 
são ainda muito incompletos, particularmente 
pouco se conhece sobre as funções e os benefícios 
de inúmeros componentes menores (natureza 
protéica ou não-protéica) presentes no soro e 
recuperados em maior ou menor proporção nos 
isolados protéicos. 
No conjunto, essas substâncias têm sido 
chamadas de fatores de crescimento celular, 
incluindo neste grupo, além da lactoferrina18, uma 
série de polipeptídios, incluindo os fatores de 
crescimento semelhantes à insulina I e II (IGF-I 
e IGF-II), fatores ácidos e básicos de estímulo ao 
crescimento de fibroblastos (aFGF, bFGF), fatores 
de transformação de tecidos (TGF-β1 e TGF-β2), 
além de vários outros não identificados69. No 
conjunto, essas substâncias estimulam a 
proliferação (mitogênese) de variados tipos de 
células, podendo substituir, em boa parte, o soro 
fetal bovino comercializado com esta finalidade. 
Pesquisadores australianos69 estabeleceram 
metodologias em nível piloto, para o isolamento 
desses fatores do soro de leite, como um 
concentrado, estudando sua ação não somente 
como estimulador do crescimento celular, mas 
também, como agente reparador de feridas 
crônicas70. Um extrato total desses fatores de 
crescimento estimulou o crescimento de 
fibroblastos com potência várias vezes maior que 
o observado para o soro fetal bovino. Demonstrou- 
-se ainda que cada um desses fatores isoladamente 
não estimulou a multiplicação e o crescimento 
celular, sugerindo que deve ser o efeito sinergístico 
do conjunto dos fatores que produz o resultado 
desejado. 
Pesquisa recente71 demonstrou a eficácia 
do permeado da ultrafiltração do soro de leite 
como fator de crescimento em meios de cultura 
de Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium 
lactis, probióticos utilizados na formulação de 
alimentos funcionais. 
É ainda oportuno citar que a ∝-lactalbumi-na 
faz parte do complexo enzimático responsável 
pela síntese da lactose na glândula mamária, 
portanto muito importante no processo de síntese 
e excreção da lactose, um dos principais 
componentes do leite. 
Pelo seu elevado teor de triptofano, a 
∝-lactalbumina tem o poder de elevar o triptofano 
sangüíneo. Sendo o triptofano precursor do 
neurotransmissor serotonina e do hormônio 
neurosecretor melatonina, alguns autores72,73 
atribuíram efeitos comportamentais da ingestão 
dessa proteína no apetite, na saciedade, no humor, 
na percepção da dor e no ciclo de dormir e 
acordar.
406 | V.C. SGARBIERI 
C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 
Avanços recentes nas Ciências da Nutrição 
e nas pesquisas biomédicas, têm revelado algumas 
das complexas relações entre nutrição e saúde, 
sugerindo que algumas proteínas e peptídios de 
origem alimentar poderão ter utilidade na pre-venção 
e/ou tratamento de condições patológicas 
decorrentes da má nutrição, doenças e envelhe-cimento. 
Apesar das inúmeras pesquisas mostrando 
efeitos fisiológicos benéficos das proteínas e 
peptídios do soro de leite, particularmente, em 
experimentos com animais, o conhecimento ainda 
é muito limitado sobre esses efeitos no organismo 
humano. Muito há que se pesquisar sobre os 
verdadeiros mecanismos de ação dessas proteínas 
e peptídios e das quantidades que devem participar 
da dieta para produzir seus efeitos benéficos. 
Muitas das propriedades funcionais 
fisiológicas descritas nesta revisão estão 
condicionadas à manutenção da integridade 
estrutural dessas proteínas, significando que 
métodos especiais de produção devem ser 
adotados para a preservação das estruturas das 
proteínas e de suas propriedades. 
É animador verificar que pesquisadores, 
nutricionistas e processadores de alimentos vêm 
reconhecendo que essas proteínas e peptídios 
delas derivados, poderão ter um alto valor no 
mercado e constituir-se em suplementos alimen-tícios 
valiosos na diminuição de riscos de doenças 
crônicas e degenerativas, bem como valiosos 
aliados dietoterápicos no tratamento de várias 
doenças. 
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to the exercising rat. Nutr Res 1998; 18:875-81. 
66. Pimenta FMV. Efeitos do consumo de hidrolisado 
das proteínas do soro lácteo no desempenho físico 
e no metabolismo protéico do rato exercitado 
[dissertação]. Campinas: Faculdade de Engenharia 
de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas; 
2002. 
67. Smith LL. Overtraining, excessive exercise and 
altered immunity. Sports Med 2003; 33:347-64. 
68. Elphich GF, Greenwood BN, Campisi J, Fleshner M. 
Increase serum nIgM in voluntarily physically active 
rats: a potential role for B1 cells. J Appl Physiol 
2003; 94:660-67. 
69. Belford DA, Rogers ML, Regester GO, Francis GL, 
Smithers GW, Liepe IJ, et al. Milk-derived growth 
factors as serum supplements for the growth of 
fibroblast and epithelial cells. In Vitro Cell Dev Biol 
1995; 31:752-60. 
70. Regester GO, Belford DA, Goddard C, Howarth 
GS, Smithers GW, Copeland AC, et al. Prospective 
clinical application for a growth factor extract from 
whey: Gut disease and wound repair. In: 
Proceedings of the 3rd International Whey 
Conference; 1997; Chicago. Brussels, Belgium: 
International Dairy Federation; 1998. p.333-6. 
71. Saron MLG. Aproveitamento do permeado do soro 
de leite bovino através da transformação da lactose 
em lactulose e como ingrediente para meios de 
cultura de batérias probióticas [dissertação]. 
Campinas: Faculdade de Engenharia de Alimentos, 
Universidade Estadual de Campinas; 2004. 
72. Heine WE, Klein PD, Reeds PJ. The importance of 
∝-lactalbumin in infantil nutrition. J Nutr 1991; 
121:277-83. 
73. Yogman MW, Zeisel SH, Roberts C. Assessing 
effects of serotonin precursors on newborn 
behaviour. J Psychiatric Res 1982; 17:123-33. 
Recebido e aceito em para publicação em 1 de outubro 
de 2004. 
Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição

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  • 1. ESPECIAL PROTEÍNAS DO SORO | SPECIAL DE LEITE | 397 Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do soro de leite Physiological-functional properties of milk whey proteins 1 Departamento de Alimentos e Nutrição, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. Rua Monteiro Lobato, 80, 13083-970, Campinas, SP, Brasil. E-mail: sgarb@fea.unicamp.br Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição Valdemiro Carlos SGARBIERI1 R E S U M O O presente artigo coloca em destaque as propriedades multifuncionais das proteínas presentes no soro de leite bovino, a começar pelo colostro que contém essas proteínas em concentrações muito elevadas e que tem por função garantir a proteção e a imunidade dos recém-nascidos. Essas mesmas proteínas continuam no leite, porém em concentrações bastante reduzidas. A utilização dessas proteínas nas formas de concentrados e isolados protéicos evidenciam propriedades muito favoráveis à saúde no sentido de diminuir o risco de doenças infecciosas e também as consideradas crônicas e/ou degenerativas. Enfatizou-se as propriedades das proteínas do soro de leite e de peptídios delas resultantes no estímulo ao sistema imunológico, na proteção contra microrganismos patogênicos e contra alguns tipos de vírus como o HIV e o vírus da hepatite C, na proteção contra vários tipos de câncer, particularmente de cólon, na proteção da mucosa gástrica contra agressão por agentes ulcerogênicos, evidenciou-se várias linhas de ação protetora das proteínas de soro contra agentes condicionadores de problemas cardiovasculares. Com base em várias propriedades funcionais das proteínas do soro de leite, discutiu-se a vantagem e os benefícios de seu uso como suplemento alimentar para atletas e esportistas em geral. Os possíveis benefícios de vários fatores de crescimento celular, presentes no soro de leite também foram discutidos. Termos de Indexação: proteínas do leite, leite, colostro, propriedades funcionais fisiológicas. A B S T R A C T This article emphasizes the multifunctional properties of the bovine milk whey proteins, starting with the colostrum where these proteins occur in high concentrations and are reputed as responsible for the protection and passive immunization of the newborn babies. The same proteins found in colostrum in high concentrations are found in milk although at much lower concentrations. The utilization of the milk whey proteins in the form
  • 2. 398 | V.C. SGARBIERI of concentrates or isolates has been found to be highly beneficial to health in the sense of decreasing the risk of infectious as well as chronical and degenerative diseases. In this article emphasis was given to the properties of whey proteins in the form of concentrates or isolates, and their hydrolysates (peptides) as immunostimulants, inhibitors of pathogenic microorganisms and some viruses, including HIV and hepatitis C viruses. In the protection against tumor’s development, particularly colon cancer and protection of the gastric mucosa against ulceration by agressive ulcerogenic agents. Various actions of the milk whey protein were pointed out as defense mechanisms for cardiovascular degenerative diseases. Several research work were discussed showing the benefit of using milk whey protein to counteract undesirable metabolic and immunological effect of excessive exercise. Finally the cell growth and regeneration stimulatory properties of the milk whey growth factors were pointed out. Index terms: milk, proteins, milk, colostrum, physiological-functional properties. I N T R O D U Ç Ã O O leite, produto de secreção das glândulas mamárias é um fluido viscoso constituído de uma fase líquida e partículas em suspensão, formando uma emulsão natural, estável em condições normais de temperatura ou de refrigeração. Possui elevado valor nutritivo, sendo o único alimento que satisfaz às necessidades nutricionais e metabólicas do recém-nascido de cada espécie1. Os macrocomponentes do leite bovino são a água (87,30%), a lactose (4,90%), gordura (3,80%), proteínas (3,30%) e minerais (0,72%). As partículas suspensas na fase líquida do leite são gotículas de gordura e micelas de caseína. O leite bovino é comercializado em sua forma líquida integral ou desengordurada e pasteurizado ou esterilizado. Essas mesmas formas são também comercializadas desidratadas, leite em pó. O soro de leite pode ser obtido em laboratório ou na indústria por três processos principais2,3: a) pelo processo de coagulação enzimática (enzima quimosina), resultando no coágulo de caseínas, matéria-prima para a produção de queijos e no soro “doce”; b) precipitação ácida no pH isoelétrico (pI), resultando na caseína isoelétrica, que é transformada em caseinatos e no soro ácido; c) separação física das micelas de caseína por microfiltração, obtendo-se um concentrado de micelas e as proteínas do soro, na forma de concentrado ou isolado protéico. A relação caseínas:proteínas do soro é bastante variável entre as espécies de mamífero4. Esta relação é de 80,0:20,0 (%) no leite bovino, de 20,0:80,0 (%) no leite humano, 80,0:20,0 (%) no leite de búfala e 82,2:15,8 (%) no de cabra. Observa-se que no leite humano a proporção de proteínas de soro é 4 vezes a das caseínas, comparadas com as do leite de vaca e de búfala. Outro aspecto muito importante a considerar sobre o leite, como primeiro e único alimento dos recém-nascidos, é que a primeira secreção das glândulas mamárias, após o parto, tem composição muito diferente do leite e recebe o nome de colostro. O colostro é um líquido amarelado, mais viscoso que o leite e a sua composição varia muito nas primeiras 72h após o parto5. A Tabela 1 mostra a variação de compo-sição do colostro bovino nas primeiras 72h comparada com a composição do leite já estabilizado. Observa-se (Tabela 1) que a composição do colostro bovino (3h pós-parto) é bem diferente após 72h e muito diferente do leite como é consumido. Gordura, proteína total, proteínas de soro e minerais diminuem com o passar do tempo, enquanto que as caseínas e a lactose aumentam. Nota-se na Tabela 2 como a concentração (mg/mL) das principais proteínas do soro decresce no colostro no período de 3h a 72h, e suas concentrações no leite bovino já estabilizado5. Observa-se que todas as proteínas: imunoglobulina G (IgG), imunoglobulina A (IgA), ∝-lactalbumina Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004
  • 3. PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 399 (∝-La), β-lactoglobulina (β-Lg), albumina de soro bovino (BSA), lactoferrina (Lf) e lactoperoxidase (Lp) diminuem significativamente de concentração, na passagem do colostro para leite normal de consumo. A IgG é a predominante no colostro e no leite bovino e, dentre as demais proteínas, a β-Lg, a ∝-La e a BSA são as predominantes. A elevada concentração das proteínas de soro no colostro é muito importante, uma vez que as imunoglobulinas (IgG e IgA) transferem imunidade passiva ao recém-nascido, enquanto que as demais proteínas do soro, coletivamente, promovem o desenvolvimento e a maturação dos tecidos epiteliais do sistema gastrointestinal, ainda não completamente desenvolvido funcionalmente. Protegem ainda contra bactérias e vírus deletérios à saúde do bebê. Comparação interessante poderá também ser feita quanto às concentrações de algumas das principais proteínas do soro (Tabela 3) entre os leites bovino e humano. Nota-se que a β-lactoglobulina, predominante no leite bovino, praticamente não aparece no leite humano. As demais proteínas de soro aparecem também em maior concentração no leite humano. Do ponto de vista aminoacídico (aminoácidos essenciais), as proteínas de soro apresentam quase todos os aminoácidos essenciais em excesso às recomendações, exceto pelos aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina) que não aparecem em excesso, mas atendem às recomendações para todas as idades. Apresentam elevadas concentrações dos ami-noácidos triptofano, cisteína, leucina, isoleucina e lisina. As proteínas do soro de leite são altamente digeríveis e rapidamente absorvidas pelo organismo, estimulando a síntese de proteínas sangüíneas e teciduais a tal ponto que alguns pesquisadores6-8 classificaram essas proteínas como proteínas de metabolização rápida fast metabolizing proteins, muito adequadas para situações de estresses metabólicos em que a reposição de proteínas no organismo se torna emergencial. Tabela 1.Variação na composição percentual do colostro bovino, comparada com a do leite bovino. β-Lg BSA Lf Lp Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição Gordura Proteína total Proteínas de soro Caseínas Lactose Cinza Sólidos totais Fonte: Heng5. 3h 06,80 09,42 08,50 00,92 02,38 01,02 19,62 72h 03,72 04,68 01,60 03,18 04,27 00,74 13,41 Componentes (%) Leite bovino 03,50 03,20 00,50 02,73 04,60 00,70 12,00 Colostro (Tempo pós-parto) Tabela 2. Concentração de proteínas de soro no colostro e no leite bovino (mg/mL). 3 12 24 36 48 60 72 Leite 45,00 61,50 40,00 15,00 13,60 15,80 06,00 00,50 7,08 9,55 6,98 3,17 0,56 0,56 0,12 0,09 5,97 8,40 8,56 6,42 8,12 8,12 2,36 2,00 Tempo Lact.(Horas) IgG IgA ∝-La 40,50 39,88 26,54 18,47 19,42 19,42 06,18 04,00 5,07 5,21 1,97 1,20 1,15 1,15 0,44 0,28 3,06- 4,28- 1,77- n.d. 0,94- 0,94- n.d. 0,02- 0,35- 3,46 4,29 2,45 1,00 n.d. n.d. n.d. 0,03 n.d. = não detectado. IgG, imunoglobulina G; IgA, imunoglobulina A; ∝-La, ∝-lactalbumina; β-Lg, β-Lactoglobulina; BSA, albumina de soro sangüíneo; Lf, lactoferrina; Lp, lactoperoxidase.
  • 4. 400 | V.C. SGARBIERI Tabela 3. Quantidades, em gramas por litro, das principais proteínas de soro lácteo, do leite bovino e do leite humano. Neste artigo, será dada ênfase às propriedades fisiológicas e funcionais que resultam em importante modulação metabólica e/ou inibição ou retardamento de processos patológicos ou do envelhecimento precoce em animais de experimentação e, provavelmente, na espécie humana. Atividade imunomoduladora Uma das propriedades funcionais fisiológicas mais estudadas e importantes das proteínas do soro de leite se relaciona com o seu poder imunomodulador. Já se comentou sobre a elevada concentração e o papel importante das imunoglobulinas do colostro na defesa dos recém- -nascidos. As imunoglobulinas do leite permanecem quase que integralmente no soro e continuam a desempenhar função importante, não somente no sistema gastrointestinal mas sistemicamente em todo o organismo. Na década de 80, uma série de pesquisas desenvolvidas particularmente no Canadá9-12 mostraram que dietas à base de concentrados de proteínas de soro de leite bovino, não desnaturadas, promovia estímulo imunológico superior a um grande número de outras proteínas isoladas e testadas comparativamente, quanto ao poder de estimular a produção de imunoglobulina M (IgM) o baço, após estímulo antigênico (imunização) com um número conhecido de hemácias de carneiro. Ao mesmo tempo em que se verificava aumento significativo da produção de imunoglobulina havia um aumento correspondente do tripeptídio glutationa (γ-glutamilcisteinilglicina) no baço, no fígado e em vários outros órgãos. Os pesquisadores canadenses associaram o poder imunoestimulante das proteínas do soro com a capacidade dessas proteínas estimular a síntese de glutationa, em virtude do elevado conteúdo de cisteína e de repetidas seqüências glutamil-cistina na estrutura primária dessas proteínas12,13. Peptídios com a seqüência glutamil- -cistina seriam formados na digestão dessas proteínas e absorvidos como tal, servindo de substrato para a síntese de glutationa. Esta, por sua vez, exerce um poder estimulatório sobre linfócitos capazes de sintetizar imunoglobulinas. A eficácia das proteínas isoladas do soro de leite no sentido de melhorar a atuação do sistema imunológico foi também testada em humanos portadores do vírus HIV14,15. Esses vírus, mesmo quando a doença está sob controle, por efeito de medicação, causam um desequilíbrio dos linfócitos TCD+ (linfócitos de defesa do 4 organismo) deixando prevalecer os linfócitos TCD8 Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 + ou linfócitos de ataque (Tkiller). Embora com número reduzido de sujeitos, 3 e 4 indivíduos, respectivamente, a administração de 10g a 40g diárias de proteínas de soro a esses indivíduos portadores de HIV elevou a concentração de glutationa nos linfócitos e o número de linfócitos TCD+, melhorando as condições gerais dos 4 pacientes, inclusive com ganho de peso de 2kg a 7kg, no período de 3 meses de suplementação. Estudos recentes16,17 realizados em Cam-pinas, SP, comprovaram o poder imunoestimulante e estimulador da síntese de glutationa, em camundongos e em humanos, por preparados de proteína de soro bovino produzidos em escala piloto2. Dietas contendo concentrado protéico de soro de leite (WPC) estimulou a síntese de imunoglobulina M no baço e a síntese de glutationa no fígado em camundongo da linhagem Proteínas de soro (g/L) β-lactoglobulina ∝-lactalbumina Soralbumina (BSA) Imunoglobulinas Lactoferrina Lisozima Leite bovino 3,2 1,2 0,4 0,7 0,1 desprezível Leite humano desprezível 2,8 0,6 1,0 0,2 0,4
  • 5. PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 401 A/J, mais do que qualquer outra proteína testada. Forte correlação linear positiva (r=0,998) foi encontrada entre células do baço produtoras de IgM e concentração de glutationa no fígado. Em estudo prospectivo duplo-cego, 18 crianças entre 1 e 6 anos de idade, portadoras de HIV foram suplementadas com concentrado de proteína de soro de leite (WPC) ou placebo (maltodextrina) por 4 meses. Observou-se uma elevação nos níveis de linfócitos TCD+, elevação da síntese de 4 glutationa eritrocitária e redução na ocorrência de episódios infecciosos no grupo suplementado com WPC. Além do concentrado e do isolado protéico de proteína de soro (WPC e WPI), respectiva-mente, ação imunoestimulatória tem sido demonstrada para proteínas isoladas do soro: imunoglobulinas, lactoferrina, lactoperoxidase, glicomacropeptídio (GMP). Este último só é encontrado no soro doce, como produto da ação da enzima coagulante quimosina sobre a κ-caseína. Além de estar presente no soro, a lactoferri-na é secretada por neutrófilos, podendo estimular o crescimento de vários tipos de células do sistema imune como linfócitos, macrófagos/monócitos, além de estimular a resposta imune humoral na produção de anticorpos18. Atividade antimicrobiana e antiviral Atividade antimicrobiana e antiviral têm sido demonstradas para as proteínas do soro de leite lactoferrina, lactoperoxidase, ∝-lactalbumina e as imunoglobulinas. A lactoferrina, bem como seu peptídio lactoferricina, inibem a proliferação e o cresci-mento de bactérias gran-positivas e gran-negativas, bem como leveduras fungos e protozoários por quelar (seqüestrar) o ferro disponível no ambiente, enquanto que a lactoperoxidase tem propriedade bactericida através da oxidação de tiocianatos em presença de peróxido de hidrogênio (H2O2)19,20. Hidrólise enzimática da lactoferrina libera peptídios com ação inibitória ao vírus da hepatite C e com ação contra a bactéria Helicobacter pylori21-22. A lactoferricina, peptídio formado dos resíduos 17-41, resultante da ação da pepsina sobre a lactoferrina, apresenta além da atividade antimicrobiana23, ação apoptótica sobre células da leucemia humana24. Hidrólise enzimática (pepsina, tripsina, quimotripsina) permitiram o isolamento e a identificação de peptídios de diversos tamanhos moleculares e seqüências com atividade bactericida, a partir das proteínas β-lactoglobulina e ∝-lactalbumina21,25,26, sugerindo que essas proteínas do soro poderão exercer efeito antibiótico no organismo após hidrólise enzimática. Propriedade bactericida também tem sido demonstrada em oligômeros de ∝-lactalbumina que podem se formar em meio ácido, na presença do ácido oléico27. Esses oligômeros poderiam se formar no estômago pela perda do Ca++ ligado a essa molécula seguida da complexação com o ácido graxo monoinsaturado. Além da atividade antibiótica, esses oligômeros de ∝-lactalbumina apresentam também ação apoptótica sobre células cancerígenas. Atividade anticâncer Tem sido demonstrado, por vários pesquisadores, que concentrados de proteínas do soro de leite bovino, assim como várias de suas proteínas e peptídios, delas derivados, apresentam ação inibitória para diversos tipos de câncer em modelos animais e em culturas de células cancerígenas. O câncer é uma doença complexa cuja indução e desenvolvimento dependem de inúmeros fatores. Várias pesquisas têm sido desenvolvidas nos últimos anos, tanto em modelos animais como em culturas de células que demonstram ação anticâncer das proteínas do soro de leite. McIntosh et al.28-30 estudaram a ação de várias proteínas da dieta (proteínas de soro de Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição
  • 6. 402 | V.C. SGARBIERI leite, caseína, proteínas da carne bovina e da soja) contra o desenvolvimento de tumores de cólon induzidos pelo carcinógeno 1,2-dimetilhidrazina. Nestes estudos observaram que dietas contendo as proteínas do soro de leite inibiram o aparecimento e o crescimento de tumores de cólon de forma mais significativa que a caseína, as proteínas de carne bovina e as da soja, sendo a ordem de significância estatística: proteína do soro>caseína>carne>soja, podendo portanto concluir-se que as proteínas do soro (WPC) atuaram de maneira mais eficaz no combate à tumorigê-nese induzida, em roedores, que as demais proteínas testadas. McIntosh et al.28 compararam a eficiência de dietas contendo 15% de WPC, 15% de proteína de soja e dois outros tratamentos 15% soja mais 5% lactoferrina ou 15% soja mais 5% β-lactoglobulina. Observaram que a suple-mentação da soja com 5% lactoferrina ou 5% β-lactoglobulina resultou em inibição da formação de lesões pré-cancerígenas (focos de críptas aberrantes), tão eficientemente quanto o WPC, evidenciando a importância dessas duas proteínas do soro na inibição do processo de carcinogênese. Recentes pesquisas realizadas em Campinas, SP, com câncer de cólon induzido em camundongos da linhagem A/J por azoximetano, confirmaram a eficácia das proteínas do soro de leite bovino (WPC) na inibição de lesões intestinais pré-cancerígenas (focos de críptas aberrantes) e desenvolvimento de tumores de cólon do tipo adenocarcinoma, bem como no estímulo à síntese de glutationa hepática e de imunoglobulina M (IgM) por células de baço31. Nesta pesquisa, comparou-se o poder antitumoral de quatro concentrados protéicos, a saber, um WPC preparado em Campinas, SP, em planta piloto2, um preparado de proteínas de soro (Immunocal), preparado e patenteado no Canadá, uma caseína comercial e um isolado de proteína de soja, também comercial. A dieta utilizada foi a AIN-93 com uma das proteínas citadas como única fonte protéica (20g proteína/100g dieta). Não houve diferença entre as dietas para ganho de peso. O número e tamanho dos tumores foram significativa-mente maiores nos animais em dieta de proteína de soja, seguida da caseína e dos dois preparados de proteínas de soro, significativamente inferiores, em relação à caseína e à soja. Os dois preparados de soro não diferiram entre si, em nenhum dos parâmetros estudados. Esses resultados confirmaram os reportados por pesquisadores do Canadá, Austrália e outros países. Outros pesquisadores constataram a capacidade inibitória das proteínas do soro de leite sobre o câncer de mama32, de cabeça e pescoço33 e sobre culturas de células cancerígenas34,35. Atividades antiúlcera Embora o leite e os produtos lácteos tenham sido, ao longo do tempo, os alimentos preferidos por pessoas com problemas gástricos (hiperacidez, azia, queimação estomacal, refluxo gástrico-esofágico), esses efeitos têm sido atribuídos, principalmente, às gorduras do leite e sua própria consistência física de emulsão líquida. A partir do conhecimento de que as proteínas do soro de leite são ricas em aminoácidos sulfurados, particularmente cisteína, e que são capazes de promover, in vivo, aumento da síntese de glutationa além do fato de a glutationa ser importante na proteção dos tecidos epiteliais, iniciou-se em Campinas, SP, uma linha de pesquisa para explorar possível ação protetora das proteínas do soro de leite bovino na proteção da mucosa gástrica, contra vários agentes agressores. Rosaneli et al.36-38 pesquisaram a ação de um preparado (WPC), produzido em planta piloto2, na inibição da ação ulcerogênica do etanol absoluto, da indometacina (antiinflamatório não-esteroidal) e de fatores de estresse como imobilização e frio e estresse químico com reserpina. Os resultados dessas pesquisas permitiram concluir que o WPC e seus hidrolisados enzimáticos protegem a mucosa estomacal de ratos contra as Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004
  • 7. PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 403 agressões do etanol absoluto e da indometacina, inibindo as lesões ulcerativas numa faixa de 50% a 80%, em relação a um controle negativo (solução salina fisiológica). Comparou-se também com drogas específicas para o controle de úlcera gástrica, como a cimetidina e a carbenoxolona, cuja inibição foi da ordem de 80% a 90%. Chegou-se ainda à conclusão, através de testes de bloqueios metabólicos com reagentes específicos, que as vias operantes no mecanismo de proteção parecem envolver substâncias sulfidrilas como cisteína, glutationa e provavelmente enzimas que dependem de grupos sulfidrilos em seu centro catalítico. Envolve também o ciclo das prostaglan-dinas, tendo sua síntese na mucosa gástrica estimulada. As substâncias sulfidrilas, além da função redutora, protegem a mucosa através do seqüestro de radicais livres, que se formam em maior quantidade na presença dos agentes agressores. As prostaglandinas protegem a mucosa gástrica através do estímulo à produção de muco e de bicarbonato, que formam uma camada protetora da mucosa contra ulcerações. Pesquisas recentes realizadas no exterior e pelo grupo de Campinas39-41, SP, permitiram concluir que uma das proteínas do soro ativa contra a ulceração gástrica é a ∝-lactalbumina e que a β-lactoglobulina não apresenta ação antiulcero-gênica, Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição em ratos. Proteção ao sistema cardiovascular Pesquisas realizadas no exterior e em Campinas, SP, mostraram que proteínas do soro de leite bovino podem atuar de várias formas, protegendo o sistema circulatório e cardíaco, podendo contribuir, desta forma, para a dimi-nuição dos riscos de patologias cardiovasculares. Algumas pesquisas42-45 evidenciaram efeito positivo das proteínas de soro na redução dos níveis de triglicérides e do colesterol sangüíneo e/ou hepático. Jacobucci et al.42,43 mostraram efeito positivo no abaixamento do colesterol sangüíneo, em ratos, semelhantemente à da proteína de soja, contrariamente à caseína que tende a aumentar a colesterolemia sangüínea e a lipidemia hepática. Sautier et al.44 estudaram por 49 dias o efeito, em ratos, de dietas contendo 23% de uma das seguintes fontes de proteína: proteínas de soro de leite, caseína, proteínas de soja ou de girassol. Observaram que os níveis de colesterol foram mais altos nos ratos alimentados com dieta de caseína comparado com os ratos em dieta de proteína de soro de leite. Embora os níveis de colesterol sérico total e de HDL-colesterol tivessem sido idênticos nos grupos alimentados com proteína de soro, soja ou de girassol, a excreção fecal de esteróis neutros foi maior para o grupo em proteína de soja. Por outro lado, o colesterol hepático foi significa-tivamente mais baixo nos ratos em dieta com proteína de soro, comparado com as demais dietas estudadas. Os autores desta pesquisa concluíram que, comparado com a dieta de caseína, a dieta com proteína de soro provocou uma redução no colesterol total e do HDL-colesterol, sem interferir na excreção de esteróides neutros. Por outro lado, as dietas de soja e girassol diminuíram os níveis de HDL-colesterol sangüíneo, sendo que apenas a dieta de soja promoveu um aumento da excreção fecal de esteróides. Em outro estudo, Nagaoka et al.45, em pesquisa com ratos compararam os efeitos da proteína de soja com as do soro de leite e verificaram que os níveis de lipídios totais e de colesterol foram significativamente diminuídos pelo efeito das proteínas de soro, sendo que o efeito para as proteínas de soro foi mais significativo que para as proteínas de soja. Outro aspecto das proteínas de soro de leite, que pode contribuir para a saúde car-diovascular, está relacionado à descoberta de que a hidrólise enzimática de algumas dessas proteínas liberam peptídios com ação hipotensora ou anti-hipertensiva46- 48. Esses peptídios que podem ser formados também a partir de outras proteínas alimentares (soja, peixe, trigo, gelatina) são capazes de inibir a ação da enzima conversora
  • 8. 404 | V.C. SGARBIERI de angiotensina I em angiotensina II (ACE). A angiotensina I é um decaptídio inativo produzido nos rins, que é convertido em angiotensina II, um octapeptídio com forte ação vasoconstritora, portanto, com ação hipertensora. Além da ação hipertensora, a angiotensina II estimula a produção do hormônio aldosterona que age diminuindo a excreção renal de fluido e de sais, aumentando a retenção de água e o volume de fluido extrace-lular. Vários peptídios com ação inibidora da ACE foram isolados e caracterizados a partir de hidrolisados da β-lactoglobulina e da ∝-lactalbumina49-52. As proteínas do soro de leite poderão exercer vários efeitos benéficos sobre o sistema cardiovascular graças às suas propriedades redutoras (cisteína, estímulo à síntese de glutationa), seqüestrantes de radicais livres (glutationa, lactoferrina, lactoperoxidase) que são também inibidores da lipoxidação das lipoproteínas e artérias. Peptídios derivados da lactoferrina mostraram atividade anticoagulante, inibindo a agregação de plaquetas53. Benefício à atividade esportiva O exercício físico tem profundo efeito no metabolismo das proteínas54, no consumo de O2 (VO2) acima dos níveis de repouso55, no transporte de aminoácidos56 e de glicose57, bem como na concentração de lactato muscular58. Nos últimos anos tem-se verificado um avanço importante da nutrição esportiva, com base em princípios fisiológicos e bioquímicos59. Uma alimentação especial pode promover melhor saúde e otimizar os benefícios do treinamento. Sabe-se que aminoácidos e peptídios, como precursores da síntese protéica, exercem papel fundamental no organismo. Tem-se obser-vado que a oxidação da leucina, em ratos treinados, é superior à de ratos não treinados60, portanto, o condicionamento físico aumenta o turnover e a oxidação da leucina e essa oxidação é acelerada na media em que o organismo esteja mais depletado de glicogênio. O exercício físico, em geral, requer um maior aporte protéico, o que se deve a uma maior utilização de aminoácidos como fonte energética no metabolismo. Na atividade física, a diminuição da disponibilidade de aminoácidos pode limitar o efeito estimulatório da insulina sobre a síntese tecidual de proteínas61. Excessos na ingestão de proteínas podem, contudo, proporcionar efeitos negativos no metabolismo hepático e renal. Estudos com animais de laboratório, exercitados à exaustão, utilizando dietas com proteínas de soro de leite ou seus hidrolisados, levaram a conclusões ligeiramente diferentes em função do tipo de dieta usada. Tassi62, utilizando proteína de soro com 15% de grau de hidrólise, observou que ratos submetidos a exercício exaustivo foram capazes de manter os teores séricos de glicose e albumina e do glicogênio muscular. Por outro lado, Ramos63, utilizando um hidrolisado protéico de soro lácteo, com 30% de grau de hidrólise não observou o mesmo efeito protetor observado na pesquisa anterior. Provavelmente o hidrolisado com 30% de grau de hidrólise não tenha sido tão bem absorvido e metabolizado quanto o de menor grau de hidrólise (15%). Dieta suplementada com mistura de proteínas de soro lácteo, parcialmente hidrolisadas e carboidrato foi capaz de estimular a secreção de insulina e aumentar os níveis de aminoácidos plasmáticos com maior eficiência que dietas suplementadas com proteína intacta (não hidrolisada) ou com apenas carboidrato64. Estudos realizados em Campinas, SP, utilizaram ratos Wistar jovens recebendo dois tipos de dieta, proteína de soro isolada ou um hidrolisado (grau de hidrólise médio) resultante do mesmo isolado, submetidos a três condições experimentais: grupo sedentário, grupo treinado e grupo treinado à exaustão65,66. Foram avaliados a evolução ponderal tempo de exaustão, concen-tração de lactato sangüíneo, glicose, albumina e proteínas totais séricas, além de glicogênio e proteína muscular. Os resultados mais relevantes neste estudo mostraram que a proteína hidrolisada Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004
  • 9. PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE | 405 promoveu melhor desempenho físico nos animais treinados, evidenciado pela maior resistência à exaustão; o hidrolisado produziu redução do lactato sangüíneo e apresentou vantagem significativa quanto à manutenção dos níveis de albumina e de proteínas séricas totais. Foi possível inferir, desta pesquisa, que o grupo de animais em dieta de hidrolisado de proteínas de soro tiveram melhor desempenho metabólico e foram significativamente mais resistentes à exaustão que os ratos que receberam a dieta com proteínas de soro íntegras (não hidrolisadas). Considerando que o exercício físico exaustivo causa depressão imunológica67,68, produção de radicais livres e catabolismo protéico e que as proteínas do soro de leite e seus hidrolisados agem estimulando o sistema imune (celular e humoral) através do estímulo linfocitário e produção de anticorpos; que várias proteínas do soro de leite e seus produtos metabólicos são antioxidantes e seqüestrantes de radicais livres, que essas proteínas são rapidamente digeridas e absorvidas e que a composição de aminoácidos das mesmas favorecem a síntese de proteínas musculares (aminoácidos de cadeias ramificadas) é de se esperar que sua ação seja altamente benéfica ao organismo humano e animal, antes, durante e após períodos de exercícios intensos e/ou prolongados. Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004 Revista de Nutrição Outros benefícios Os conhecimentos sobre os mecanismos de ação fisiológica das proteínas do soro de leite são ainda muito incompletos, particularmente pouco se conhece sobre as funções e os benefícios de inúmeros componentes menores (natureza protéica ou não-protéica) presentes no soro e recuperados em maior ou menor proporção nos isolados protéicos. No conjunto, essas substâncias têm sido chamadas de fatores de crescimento celular, incluindo neste grupo, além da lactoferrina18, uma série de polipeptídios, incluindo os fatores de crescimento semelhantes à insulina I e II (IGF-I e IGF-II), fatores ácidos e básicos de estímulo ao crescimento de fibroblastos (aFGF, bFGF), fatores de transformação de tecidos (TGF-β1 e TGF-β2), além de vários outros não identificados69. No conjunto, essas substâncias estimulam a proliferação (mitogênese) de variados tipos de células, podendo substituir, em boa parte, o soro fetal bovino comercializado com esta finalidade. Pesquisadores australianos69 estabeleceram metodologias em nível piloto, para o isolamento desses fatores do soro de leite, como um concentrado, estudando sua ação não somente como estimulador do crescimento celular, mas também, como agente reparador de feridas crônicas70. Um extrato total desses fatores de crescimento estimulou o crescimento de fibroblastos com potência várias vezes maior que o observado para o soro fetal bovino. Demonstrou- -se ainda que cada um desses fatores isoladamente não estimulou a multiplicação e o crescimento celular, sugerindo que deve ser o efeito sinergístico do conjunto dos fatores que produz o resultado desejado. Pesquisa recente71 demonstrou a eficácia do permeado da ultrafiltração do soro de leite como fator de crescimento em meios de cultura de Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium lactis, probióticos utilizados na formulação de alimentos funcionais. É ainda oportuno citar que a ∝-lactalbumi-na faz parte do complexo enzimático responsável pela síntese da lactose na glândula mamária, portanto muito importante no processo de síntese e excreção da lactose, um dos principais componentes do leite. Pelo seu elevado teor de triptofano, a ∝-lactalbumina tem o poder de elevar o triptofano sangüíneo. Sendo o triptofano precursor do neurotransmissor serotonina e do hormônio neurosecretor melatonina, alguns autores72,73 atribuíram efeitos comportamentais da ingestão dessa proteína no apetite, na saciedade, no humor, na percepção da dor e no ciclo de dormir e acordar.
  • 10. 406 | V.C. SGARBIERI C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S Avanços recentes nas Ciências da Nutrição e nas pesquisas biomédicas, têm revelado algumas das complexas relações entre nutrição e saúde, sugerindo que algumas proteínas e peptídios de origem alimentar poderão ter utilidade na pre-venção e/ou tratamento de condições patológicas decorrentes da má nutrição, doenças e envelhe-cimento. Apesar das inúmeras pesquisas mostrando efeitos fisiológicos benéficos das proteínas e peptídios do soro de leite, particularmente, em experimentos com animais, o conhecimento ainda é muito limitado sobre esses efeitos no organismo humano. Muito há que se pesquisar sobre os verdadeiros mecanismos de ação dessas proteínas e peptídios e das quantidades que devem participar da dieta para produzir seus efeitos benéficos. Muitas das propriedades funcionais fisiológicas descritas nesta revisão estão condicionadas à manutenção da integridade estrutural dessas proteínas, significando que métodos especiais de produção devem ser adotados para a preservação das estruturas das proteínas e de suas propriedades. É animador verificar que pesquisadores, nutricionistas e processadores de alimentos vêm reconhecendo que essas proteínas e peptídios delas derivados, poderão ter um alto valor no mercado e constituir-se em suplementos alimen-tícios valiosos na diminuição de riscos de doenças crônicas e degenerativas, bem como valiosos aliados dietoterápicos no tratamento de várias doenças. R E F E R Ê N C I A S 1. Sgarbieri VC. Proteínas em alimentos protéicos: propriedades-degradações-modificações. São Paulo: Varela; 1996. 517p. 2. Zinsly PF, Sgarbieri VC, Pereira Dias NFG, Jacobucci HB, Pacheco MTB, Baldini VLS. Produção piloto de concentrados de proteínas de leite bovino: composição e valor nutritivo. Braz J Food Tecnol 2001; 4:1-8. 3. Maubois J-L, Fauquant J, Famelart M-H, Caussin F. Milk microfiltrate, a convenient starting material for fractionation of whey proteins and derivatives. In: Proceedings of the 3rd International Whey Conference; 2001; Munich. Chicago: American Dairy Products Institute; 2001. p.59-72. 4. Hambreus L. Nutritional aspects of milk proteins. In: Fox PL, editor. Advanced Dairy Chemistry. London: Elsevier; 1992. v.1:Proteins, p.457. 5. Heng GB. Chemical composition of bovine colostrum. Food for Health in the Pacific Rim. Trumball (Conn): Food and Nutrition Press; 1999. p.405. 6. Boirie Y, Dangin M, Gachon P, Vasson MP, Maubois J-L, Beaufrère B. Slow and fast dietary proteins differently modulate post-prandial protein secretion. Proc Nat Acad Sci (USA) 1997; 94: 14930-5. 7. Frühbeck G. Slow and fast dietary proteins. Nature 1998, 39:843-5. 8. Dangin M, Boiurie Y, Garcia-Rodena C, Gachon P, Fauquant J, Callier P, et al. The digestion rate is an independent regulating factor of post prandial protein retention. Am J Physiol Endocrin Metab 2001; 280:E340-E8. 9. Bounous G, Kongshavn PAL. Influence of dietary protein on the immune system of mice. J Nutr 1982; 112:1747-55. 10. Bounous G, Létourneau L, Kongshavn PAL. Influence of dietary protein type on the immune system of mice. J Nutr 1983; 113:1415-21. 11. Bounous G, Kongshavn PAL, Gold P. The immunoenhancing property of dietary whey protein concentrate. Clin Invest Med 1988; 11:271-8. 12. Bounous G, Batist G, Gold P. Immunoenhancing property of dietary whey protein in mice: role of glutathione. Clin Invest Med 1989; 12:154-61. 13. Bounous G, Gold P. The biological activity of undenatured dietary whey proteins: role of glutathione. Clin Invest Med 1991; 14:296-309. Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(4):397-409, out./dez., 2004
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