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Série tecnologia da informação (TI)
TENDÊNCIAS
E DEMANDAS
TECNOLÓGICAS
EM TI
Série TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - hardware
TENDÊNCIAS
E DEMANDAS
TECNOLÓGICAS
EM TI
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET
Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI
Conselho Nacional
Robson Braga de Andrade
Presidente
SENAI – Departamento Nacional
Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral
Gustavo Leal Sales Filho
Diretor de Operações
Série TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - hardware
TENDÊNCIAS
E DEMANDAS
TECNOLÓGICAS
EM TI
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Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial
Departamento Nacional
Sede
Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
© 2012. SENAI – Departamento Nacional
© 2012. SENAI – Departamento Regional de Goiás
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo Integrado de Educação a Distância do
SENAI de Goiás, em parceria com os Departamentos Regionais do Distrito Federal, Bahia e
Paraíba, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos
os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
SENAI Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP
SENAI Departamento Regional de Goiás
Núcleo Integrado de Educação a Distância – NIEaD
______________________________________________________________
S477t
SENAI-Departamento Regional de Goiás
Tendências e demandas tecnológicas em TI /SENAI –
Departamento Regional de Goiás – Goiânia, 2012.
154p.: il.
3 Tendências em TI. 2. Demandas por novos produtos. 3.Inovação
Tecnológica..4. Aplicação de novas tecnologias. 5. Educação a
distância.
I. Autor. II. Título.
CDD – 004
______________________________________________________________
Lista de ilustrações
Figura 1 − Antoine Laurent de Lavoisier....................................................................................................................14
Figura 2 − Davi x Golias....................................................................................................................................................16
Figura 3 − Dexter ...............................................................................................................................................................17
Figura 4 − Narciso...............................................................................................................................................................18
Figura 5 − Leão pronto para atacar..............................................................................................................................19
Figura 6 − Antiga produção de tecido........................................................................................................................20
Figura 7 − Tear mecânico.................................................................................................................................................21
Figura 8 − Lâmpada de tungstênio.............................................................................................................................22
Figura 9 − O mundo digital.............................................................................................................................................23
Figura 10 − Sardinha enlatada.......................................................................................................................................25
Figura 11 − Ideia conceitual de tablet apresentada na série Star Trek.............................................................26
Figura 12 − Abacaxi...........................................................................................................................................................26
Figura 13 − Colmeia...........................................................................................................................................................27
Figura 14 − Representação do círculo vicioso.........................................................................................................28
Figura 15 − Convergência digital..................................................................................................................................30
Figura 16 − Harry Nyquist...............................................................................................................................................30
Figura 17 − Digitalização conforme o teorema de Nyquist................................................................................31
Figura 18 − Processo de digitalização.........................................................................................................................32
Figura 19 − Exemplo de onda sonora.........................................................................................................................33
Figura 20 − Exemplo de imagem..................................................................................................................................34
Figura 21 − Pintura rupestre ..........................................................................................................................................34
Figura 22 − Vídeo................................................................................................................................................................35
Figura 23 − Ícones de mídias..........................................................................................................................................36
Figura 24 − Modelo antigo de televisão....................................................................................................................36
Figura 25 − Fonógrafo de Edison..................................................................................................................................37
Figura 26 − Livros...............................................................................................................................................................38
Figura 27 − Carta................................................................................................................................................................39
Figura 28 − Modelo de telefone antigo......................................................................................................................40
Figura 29 − Modelo de Smartphone............................................................................................................................41
Figura 30 − Caminhos.......................................................................................................................................................42
Figura 31 − Nave estelar Enterprise.............................................................................................................................46
Figura 32 − Steve Jobs......................................................................................................................................................47
Figura 33 − Inovação ........................................................................................................................................................48
Figura 34 − Navegar é preciso, viver não é preciso....................................................................................................49
Figura 35 − Cesta de pão de queijo.............................................................................................................................51
Figura 36 − Raul Seixas.....................................................................................................................................................54
Figura 37 − Inovação de produto.................................................................................................................................54
Figura 38 − Jobs e Wozinak observam placa principal do Apple I...................................................................56
Figura 39 − IBM 5150........................................................................................................................................................56
Figura 40 − Apple Macintosh Original........................................................................................................................57
Figura 41 − Apple iMac....................................................................................................................................................57
Figura 42 − Apple IPod.....................................................................................................................................................58
Figura 43 − Exemplos de redes sociais.......................................................................................................................58
Figura 44 − A aldeia global.............................................................................................................................................59
Figura 45 − Mapa em papel............................................................................................................................................60
Figura 46 − Tempos modernos......................................................................................................................................60
Figura 47 − Henry Ford.....................................................................................................................................................61
Figura 48 − Código de barras.........................................................................................................................................63
Figura 49 − GPS...................................................................................................................................................................64
Figura 50 − Cartões de crédito ou débito..................................................................................................................64
Figura 51 − Internet Banking .........................................................................................................................................65
Figura 52 − MPS BR ...........................................................................................................................................................65
Figura 53 − Dilbert e a inovação organizacional....................................................................................................66
Figura 54 − Papéis arquivados.......................................................................................................................................68
Figura 55 − Dilbert e o marketing ................................................................................................................................69
Figura 56 − Exemplos de banners.................................................................................................................................72
Figura 57 − Marketing via e-mail ..................................................................................................................................72
Figura 58 − Vídeo marketing ..........................................................................................................................................73
Figura 59 − Exemplos de redes sociais.......................................................................................................................73
Figura 60 − Dilbert e a inovação...................................................................................................................................74
Figura 61 − Inovação.........................................................................................................................................................75
Figura 62 − Riscos ..............................................................................................................................................................77
Figura 63 − Comunicação ao redor da fogueira .....................................................................................................84
Figura 64 − Sistema de comunicação ........................................................................................................................85
Figura 65 − Ideograma chinês para PAZ ...................................................................................................................85
Figura 66 − Capa do Livro“Understanding the media: the extensions of man”..............................................87
Figura 67 − Computadores.............................................................................................................................................89
Figura 68 − Programação do Eniac..............................................................................................................................89
Figura 69 − Rede computacional..................................................................................................................................90
Figura 70 − Ambiente thin client...................................................................................................................................91
Figura 71 − Google Chromebook.................................................................................................................................91
Figura 72 − Smartphone...................................................................................................................................................92
Figura 73 − Tablet...............................................................................................................................................................93
Figura 74 − Geladeira com internet.............................................................................................................................94
Figura 75 − Televisão digital...........................................................................................................................................94
Figura 76 − Logo Ginga....................................................................................................................................................95
Figura 77 − Tela de toque (touch screen)....................................................................................................................96
Figura 78 − Wii remote......................................................................................................................................................97
Figura 79 − Microsoft Kinect..........................................................................................................................................98
Figura 80 − Kinect em uso médico..............................................................................................................................98
Figura 81 − Impressora 3D..............................................................................................................................................99
Figura 82 − Realidade aumentada............................................................................................................................100
Figura 83 − Ilustração de conectividade ................................................................................................................101
Figura 84 − Home plug ..................................................................................................................................................101
Figura 85 − Rede sem fio .............................................................................................................................................102
Figura 86 − Rede mesh .................................................................................................................................................102
Figura 87 − IEEE 802.22 ................................................................................................................................................103
Figura 88 − QoS................................................................................................................................................................104
Figura 89 − Nuvem ........................................................................................................................................................105
Figura 90 − Computação em Nuvem.......................................................................................................................106
Figura 91 − Tempestade................................................................................................................................................108
Figura 92 − Armazém antigo .....................................................................................................................................109
Figura 93 − E-commerce................................................................................................................................................110
Figura 94 − Canal de Retorno.....................................................................................................................................111
Figura 95 − Mercado Global........................................................................................................................................112
Figura 96 − Cartões de crédito e débito..................................................................................................................113
Figura 97 − Impostos.....................................................................................................................................................113
Figura 98 − Documentos de identidade ................................................................................................................114
Figura 99 − Redes sociais..............................................................................................................................................115
Figura 100 − Pessoas conectadas..............................................................................................................................115
Figura 101 − Cuidado.....................................................................................................................................................118
Figura 102 − Usuário de rede social.........................................................................................................................119
Figura 103 − TI Verde......................................................................................................................................................123
Figura 104 − Cuidado com a natureza.....................................................................................................................124
Figura 105 − Reciclagem de lixo eletrônico...........................................................................................................125
Figura 106 − Documentos............................................................................................................................................128
Figura 107 − Logicaldoc................................................................................................................................................132
Figura 108 − Goldendoc...............................................................................................................................................132
Figura 109 − Carteira de trabalho.............................................................................................................................133
Figura 110 − SBC..............................................................................................................................................................134
Figura 111 − Congresso Nacional..............................................................................................................................136
Figura 112 − O Homem de seis milhões de dólares...........................................................................................138
Figura 113 − Frankenstein............................................................................................................................................139
Figura 114 − Pirata com algumas próteses ...........................................................................................................140
Figura 115 − Mão robótica segurando um ovo ...................................................................................................141
Figura 116 − Paciente com retina eletrônica.........................................................................................................142
Quadro 1 − Habilitação Profissional Técnica em Manutenção e Suporte em Informática......................11
Quadro 2 − Redes sociais mais populares..............................................................................................................117
Tabela 1 − Índice de energia limpa utilizado por empresas de TI..................................................................127
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................11
2 Demanda de Novos Produtos Industrializados...................................................................................................13
2.1 A demanda por novos produtos.............................................................................................................14
2.2 A revolução industrial.................................................................................................................................19
2.3 O ciclo virtuoso.............................................................................................................................................24
2.4 A convergência digital................................................................................................................................30
2.5 A convergência digital – produtos.........................................................................................................36
3 Inovação Tecnológica....................................................................................................................................................45
3.1 O que é inovação..........................................................................................................................................46
3.2 Impacto no mercado...................................................................................................................................49
3.3 Inovação de produtos.................................................................................................................................53
3.4 Inovação do processo.................................................................................................................................60
3.5 Inovação organizacional............................................................................................................................66
3.6 Inovação de marketing...............................................................................................................................69
3.7 Gestão da inovação.....................................................................................................................................74
4 Aplicações de Novas Tecnologias
4.1 Comunicação.................................................................................................................................................84
4.2 Era pós-PC.......................................................................................................................................................89
4.3 Os periféricos.................................................................................................................................................95
4.4 Conectividade............................................................................................................................................101
4.5 Computação em nuvem.........................................................................................................................105
4.6 O comércio...................................................................................................................................................109
4.7 A vida social: as redes sociais................................................................................................................115
4.8 As redes sociais – comportamento.....................................................................................................119
4.9 TI verde..........................................................................................................................................................123
4.10 Gestão Eletrônica De Documentos .................................................................................................128
4.11 A lei, a profissão e o profissional.......................................................................................................133
4.12 O homem, a fronteira final...................................................................................................................137
Referências.........................................................................................................................................................................147
Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................149
Índice...................................................................................................................................................................................151
1
Caro aluno, nesta unidade curricular você conhecerá a evolução do mercado e assim com-
preender como funciona o ciclo de demandas por novos produtos.
Aprenderemos sobre a inovação de produtos, processos, organizações e marketing ligados
à área de TI e os possíveis impactos dessa inovação no mercado. E, por último, veremos a evo-
lução sofrida pela comunicação nos últimos tempos, abordando inclusive as principais redes
sociais da atualidade.
A seguir, são descritos na matriz curricular os módulos e as unidades curriculares do curso,
assim como suas cargas horárias.
Quadro 1 - Habilitação Profissional Técnica em Manutenção e Suporte em Informática
Módulos Unidades Curriculares Carga Horária
Carga Horária
Módulo
Básico
•	 Fundamentos para DocumentaçãoTécnica 140h
320h
•	 Eletroeletrônica Aplicada 120h
•	 Terminologia de Hardware, Software e Redes 60h
Específico I
•	 Arquitetura e Montagem de Computadores 160h
880h
•	 Instalação e Manutenção de Computadores 250h
•	 Instalação e Configuração de Rede 160h
•	 Segurança de Dados 50h
•	 Sistemas Operacionais 120h
•	 Gerenciamento de Serviços deTI 80h
•	 Tendências e DemandasTecnológicas emTI 60h
Bons estudos!
Introdução
2
Demanda por novos
produtos industrializados
Um dos resultados visíveis com as mudanças ocorridas durante a história é a constante bus-
ca por novos produtos.
Desde a Revolução Industrial vemos um grande desenvolvimento no processo, produtivida-
de e qualidade de novos produtos, tornando-os ainda mais interessante com o surgimento da
eletricidade e a chegada do mundo digital.
Outro fator que devemos levar em consideração ao estudarmos a demanda por novos pro-
dutos é o impacto do ciclo virtuoso na produção desses. Podemos observar que uma série de
fatos ou fenômenos que naturalmente se interligam resultam numa repetição cíclica, promo-
vendo inovação e aperfeiçoamento.
Ao final deste capítulo você será capaz de definir e relacionar:
a) as demandas por novos produtos;
b) as constantes revoluções da aldeia global;
c) o impacto do ciclo virtuoso sobre a demanda de novos produtos;
d) a convergência digital e seus produtos.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
14
2.1 A DEMANDA POR NOVOS PRODUTOS
"... Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantado
Com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação …
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem."
(Como Nossos Pais, Belchior)
Belchior, em “Como nossos pais”, apresentou uma visão da mudança que se
desejava causar no país no período da ditadura militar. Os versos da canção po-
dem também ser usados para revelar a necessidade nata do ser humano pela
inovação e a busca do novo, sendo que diversas vezes esta nos leva a mudanças
de comportamentos sociais, a criação de novos produtos e demandas tecnológi-
cas. A canção retrata também algo muito interessante: a resistência da estrutura
estabelecida ao novo, a novidade. A inovação e o uso de novos produtos muitas
vezes são afastados pelas pessoas e organizações. Vamos discutir neste tópico
sobre demanda de novos produtos.
A CRIAÇÃO
Dreamstime
(2012)
Figura 1 − Antoine Laurent de Lavoisier
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
15
Um sábio chamado Lavoisier disse um dia: “Nada se cria. Tudo se transforma”.
Se observarmos a humanidade ao longo dos tempos, notamos um comporta-
mento cíclico de reutilização das ideias.
Vejamos um exemplo: a vila.
No princípio as cidades eram organizadas atrás de grandes paredes protegi-
das pelo aparato bélico do rei contra invasores externos. Ao longo do tempo, o
conceito de cidade se estendeu para o de país. Atualmente repetimos a ideia de
cidade medieval: condomínios horizontais onde seus muros protegem aqueles
que estão em seu interior.
Outros exemplos podem ser dados: o automóvel atual não passa da carroça na
qual substituímos o cavalo por um motor a combustão ou a eletricidade. O cor-
reio eletrônico substitui as cartas, e o Twitter substitui o mural do bairro. E tantas
outras situações, em que apenas as incrementamos tecnologicamente.
UM NOVO PRODUTO
Vamos a uma pequena história:
Há muito tempo, no século XVIII, a população enfrentava um problema para
conservar alimentos contra a deterioração, em especial quando se realizava o seu
transporte. Surgiu, então, a ideia de guardar a comida em latas lacradas e aquecê-
-las a alta temperatura. Não se sabia na época, mas ao aquecer a lata, estavam
eliminando quaisquer micro-organismos presentes na comida e o lacre evitava a
entrada de novos micro-organismos, garantindo que o alimento não ia se dete-
riorar por um tempo. A partir dessa ideia foi criada a comida enlatada, um produ-
to muito útil atualmente. O que você talvez não saiba é de um fato muito curioso:
o abridor de latas só foi inventado mais de 10 anos depois, e, durante aquele
período, as latas eram abertas com martelo, talhadeira e outros instrumentos, in-
cluindo pedras.
Aqui temos exemplos interessantes:
a) o surgimento de um novo produto pela demanda de mercado, a comida
enlatada;
b) a demanda por produtos que tornem o anterior de mais fácil uso e, portan-
to, com maior utilidade, neste caso o abridor de latas.
Novos produtos surgem pela inovação e criatividade do ser humano, através
de pesquisa pura ou aplicada. Mas não necessariamente novos produtos são ne-
cessários ou existirá demanda pelos mesmos. Logo uma excelente ideia pode de-
terminar a quebra de uma empresa se não estiver atenta ao mercado.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
16
O MERCADO COMO FILTRO DO SUCESSO
Não adianta ter os melhores produtos ou estruturas de suporte e não ter o
cliente. Vamos a três pequenas histórias para ilustrar isso.
DAVI E GOLIAS
Dreamstime
(2012)
Figura 2 − Davi x Golias
Você lembra a história do pequeno Davi? Ele vence o gigante Golias com o uso
de um estilingue.
Na década de 60/70, a AT&T (American Bell) possuía uma influência tão forte
no mercado de telecomunicações americano que o governo decidiu, para o bem
da população, que ela deveria ser fragmentada em empresas menores, as chama-
das Baby Bell´s. Dessa forma, cada pequena empresa atuaria de forma regional e
a AT&T trabalharia com os estados, em ligações a longa distância, como nosso
DDD. A AT&T se manteve como empresa principal na área nas décadas de 70,80,
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
17
e 90, contudo, a poucos anos, foi adquirida por uma das empresas originarias dela
na divisão. O que aconteceu? Em última instância ela foi vítima da crença de que
o VOIP (nova tecnologia), voz sobre IP, não afetaria seus negócio de chamadas a
longa distância. O grande problema para a mesma é que o VOIP se tornou uma
realidade e afetou suas receitas.
Não acreditar em inovação pode matar.
DEXTER
Vector
Junky
(2012)
Figura 3 − Dexter
Dexter é um menino cientista dos desenhos animados que vive no laboratório,
está ligado em tudo e nos avanços tecnológicos. A Nortel Canadense também
estava. Era uma das líderes do mercado mundial, mas era baseada na telefonia
clássica, usando X. 25, depois Frame Relay fornecendo soluções para o mercado.
Contudo, como era uma empresa a busca do novo, notou que o mercado ten-
dia para a convergência digital usando ATM. Adquiriu a principal fornecedora de
ATM, a americana Bay Networks, e investiu neste mercado. Em certo momento,
com o crescimento da internet, apostou no chamado IP Over Sonet, ou protocolo
IP diretamente sobre a fibra ótica, mais barato, mais simples que ATM e seria o
futuro.
Apenas um pequeno problema aconteceu: o mercado não comprou a ideia da
Nortel e ela que passou a ter uma excelente solução para os próximos anos, infe-
lizmente quebrou e está terminando de ter suas patentes vendidas no mercado
para pagar as dívidas.
Ideias revolucionárias cedo demais podem quebrar.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
18
NARCISO
Peintures
des
Musées
de
France
(2012)
Figura 4 − Narciso
A Apple, após fornecer o primeiro microcomputador para pessoas comuns
usarem, por já vir montado, sofreu uma forte concorrência com o lançamento
pela IBM, uma empresa muito maior que a Apple, do IBM PC, em 1981. Enquanto
a IBM tinha um século, a Apple, 5 anos. O que fazer? A resposta veio em inovação:
a Apple introduziu o Macintosh com interface gráfica e multimídia no início dos
anos 80 (1984), sendo o sucesso tal que rapidamente recuperou o mercado per-
dido para o IBM PC.
Com as ações da Apple na Bolsa de Valores, Steve Jobs contratou um adminis-
trador para a empresa e passou a se dedicar à criação de novos produtos. O admi-
nistrador entendeu que Jobs não devia mexer com inovação já que o Macintosh
era um sucesso e o demitiu. Depois de algum tempo, a Apple não conseguiu ino-
var mais o Macintosh e passou a ter prejuízos, quase indo à falência. Recuperou-se
quando adquiriu a nova empresa fundada por Jobs após sua demissão, a Next,
recolocando-o como presidente da Apple. Basicamente os produtos da Next fo-
ram e são os Macintoshs atuais.
Ficar parado no tempo, curtindo o próprio sucesso, pode ser mortal.
O QUE FAZER?
Usando uma expressão popular: “se correr o bicho pega se ficar o bicho come!”
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
19
Dreamstime
(2012)
Figura 5 − Leão pronto para atacar
Se não procurar inovação e novos produtos a empresa quebra e se buscar pro-
dutos muito inovadores, quebra também. Não é bem assim, o que apresentamos
foram casos infelizes no mercado, que afetaram empresas líderes e com mais de
50 anos de mercado.
Devemos entender que existe forte demanda por novos produtos, inovação,
e que acima de tudo o mercado é dinâmico e muda constantemente. Uma ideia
boa hoje pode ser péssima amanhã e vice-versa. A Apple com o Ipad nos pro-
va isso. Várias empresas tentaram montar um tablet com funções parecidas, sem
sucesso. O Ipad não. Ele era o produto certo, na hora certa, no formato e design
certo. Isso se chama sucesso de vendas.
Pense um pouco nas palavras de Cazuza, em o Tempo Não Para.
… Eu vejo o futuro repetir o passado.
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para…
O novo sempre vem. Mesmo que revisite o passado.
2.2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
"Sinais de vida no país vizinho
Eu já não ando mais sozinho
Toca o telefone,
Chega um telegrama enfim
Ouvimos qualquer coisa de Brasília
Rumores falam em guerrilha
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
20
Foto no jornal,
Cadeia nacional
...
Viola o canto ingênuo do caboclo
..."
(Revoluções por Minuto, RPM)
As mudanças sempre vêm. O novo sempre vem, gostemos ou não. O mundo
está em uma constante revolução: a revolução da informática, da conectividade,
da aldeia global. Mas como diriam os autores do texto acima, a mudança é emi-
nente. Outro ícone, Renato Russo, expressou em Fátima:
Mas acontece que tudo tem começo…
Se começa um dia acaba,
eu tenho pena de vocês
E o começo foi há muito tempo. Ao falarmos em revolução da informática,
veremos que começou há dois séculos.
DO TEAR AO TEAR
Dreamstime
(2012)
Figura 6 − Antiga produção de tecido
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
21
A revolução industrial tem início na Inglaterra do século XVIII com a mecaniza-
ção dos sistemas de produção.
Elementos marcantes, como a locomotiva a vapor e o tear, surgem. Na segun-
da metade do século XIX, ocorre a segunda revolução industrial com um forte
cunho tecnológico, merecendo destaque a eletricidade, os processos vindos dela
e novas tecnologias.
Com os avanços da tecnologia da informação e da genética, estamos na tercei-
ra fase, ou terceira revolução industrial.
Um fato marcante no início da revolução industrial foi a automação dos teares
manuais que produziam tecido. Foi desenvolvido um tear mecânico programá-
vel, que mediante um cartão perfurado se especificava o padrão do tecido e os
desenhos a serem produzidos. Foi um progresso notável para a época, possibili-
tando ganho em produtividade e qualidade.
Dreamstime
(2012)
Figura 7 − Tear mecânico
A criação do tear mecanizado abriu a mente da população da época para um
novo mundo de oportunidades com a automação, surgindo então uma forte de-
manda por novos produtos que resolvessem problemas do cotidiano, em espe-
cial no chão de fábrica da indústria.
O cartão perfurado de comandos usado pelo tear automatizado foi empre-
gado até a década de 50, quando surgiram os terminais interativos. Com a nova
tecnologia, os cartões deixaram de ser usados como principal forma de entrada
de dados para computadores.
A posse da matriz energética é elemento determinante nesse momento para
o sucesso.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
22
A REVOLUÇÃO ELÉTRICA
Dreamstime
(2012)
Figura 8 − Lâmpada de tungstênio
O surgimento da eletricidade é ponto marcante na chamada segunda revo-
lução industrial, e podemos notar alguns elementos lógicos. Com a eletricidade
temos a matriz energética, enquanto geradora, localizada em local não determi-
nado. Deixamos de ter estoque de óleo, carvão e outros insumos e tratamos a
fonte de energia como uma commodity. Outro elemento principal é a possibili-
dade de criarmos novos engenhos, produtos, que ocupam menos espaço e são
mais baratos.
Em especial na área de comunicação, a eletricidade nos permite uma gama
imensa de oportunidades. Saímos do papel utilizado a milhares de anos, o sim-
ples desenho sobre uma superfície que necessitava ser transportada para ter seu
conteúdo acessado, e chegamos aos meios de comunicação que não precisam de
transporte. Podemos citar o telégrafo, o rádio, o telefone, a televisão. Esses meios
de comunicação mudam totalmente a organização social, política e espacial com
as quais as comunidades humanas estavam acostumadas. Uma nova humanida-
de surge.
Se novos conceitos surgem, as demandas por produtos adequados à nova re-
alidade deixam de ser ocasionais e passam a ser demoradas. É claro que nessa
época, final do século XIX, as capacidades apenas começam a ser imaginadas e
transformadas em produtos.
A posse da matriz energética passa a não ser determinante, mas meramente
uma commodity. É elemento chave a fábrica, o processo fabril e a informação.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
23
A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO
FabriCO
(2012)
Figura 9 − O mundo digital
Se a capacidade de fornecer alimento e abrigo ao homem na pré-história foi fa-
tor determinante para definir o espaço que o mesmo ocupava; e o fogo, elemento
que permitia transformar o alimento, gerar proteção contra outros seres e aque-
cer item básico de sobrevivência, algo quase místico dentro de um agrupamento
humano e defendido vorazmente. A defesa do fogo perde a importância quando
há a descoberta de como gerá-lo (lembramos que só conseguíamos fogo devido
a algumas tempestades com raios que provocavam um incêndio). O fogo conti-
nuou sendo importante, mas algo maior surge: a informação, o conhecimento.
As tábuas de pedra, com os mandamentos que Moisés traz ao povo, são co-
nhecimentos sociais que permitem que comunidades sobrevivam. A biblioteca
de Alexandria é um repositório de conhecimento, algo que Alexandre, O Grande,
entendeu ser mais importante que o ouro e riqueza dos povos que conquistou.
A idade média é marcada pela Santa Inquisição e pelo Index (de livro proibido),
novamente conhecimento que podemos acessar ou não. A igreja católica possuiu
a posse do conhecimento humano durante séculos quando a única forma de se
copiar livros era através de réplica manual, tão bem executada por monges copis-
tas que dominavam várias línguas e técnicas. A implementação da imprensa por
Gutenberg marca a possibilidade da divulgação da informação em escala. Qual-
quer um poderia a baixo custo replicar informação.
VOCÊ
SABIA?
Acredita-se que a imprensa foi inventada na China e
Gutenberg apenas aperfeiçoou o processo trocando os
blocos de impressão de barro por chumbo.
A segunda revolução industrial transformou o modo de transportar a informa-
ção, contudo, atualmente, a informação é gerada e consumida instantaneamente
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
24
pela população mundial. Produzimos nos últimos 10 anos de existência da inter-
net mais informação do que nos milênios anteriores de existência humana.
Hoje, a posse da informação e seu uso adequado é o fator determinante no
sucesso de um produto, bem como o uso adequado dos novos canais de comu-
nicação, como as redes sociais, tem impacto maior do que qualquer marketing
tradicional. A demanda por produtos e a forma que esperamos por eles passou a
ser determinada de forma global e comunitária. A posse da fabrica é apenas um
detalhe técnico, tanto que grande parte da factory, produção básica, foi migrada
para a China.
"Somos os filhos da revolução,
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola."
(Renato Russo, Geração Coca-Cola)
Renato Russo, ao escrever os versos sublimes de Geração Coca-Cola, estava
quase certo: não somos escravos, somos produtos da internet. A nova tônica é a
aldeia global. Nós, enquanto profissionais da tecnologia da informação, somos
os alicerces de uma nova civilização que surge. Perceba a dimensão de nossa res-
ponsabilidade.
O mundo é informação e a informação é digital.
2.3 O CICLO VIRTUOSO
"Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração..."
(Chico Buarque, Roda Viva)
A poesia detalha, tão bem, a vida como uma roda de desafios e mudanças. A
própria vida é tratada como uma roda, um ciclo. O ciclo da vida. Começo, meio,
fim e recomeço, já que em um ciclo não existe fim. A demanda por novos produ-
tos e serviços pode ser vista da mesma forma. Como um ciclo de início, meio, fim
e recomeço com um novo produto.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
25
Em administração, estamos interessados também em um ciclo específico: o
virtuoso. Vamos discutir sobre ele e o impacto sobre a demanda de novos pro-
dutos.
ONDE TENHO UMA TOMADA LIVRE PARA A SARDINHA?
Dreamstime
(2012)
Figura 10 − Sardinha enlatada
Imagine o desafio de se comer sardinha. Há algum tempo o problema era
achar uma frigideira para fritar as sardinhas. Hoje, é achar uma tomada para ligar
um abridor de lata elétrico.
O fato de criarmos novos produtos acaba alimentando a criação de novas so-
luções para os novos produtos e, a partir daí, outros novos produtos são criados,
estabelecendo-se um ciclo sem fim.
Vamos explicar melhor:
Se você desejava comer sardinha com Miojo há algum tempo, bastava fritá-las
e pronto. Ao surgir comida enlatada foi interessante criar um novo produto base-
ado nos enlatados: sardinhas em lata (molho de óleo ou tomate). Bom, era difícil
abrir a lata de sardinha com um martelo, o sucesso e popularidade do produto
enlatado levou a invenção de um novo produto: o abridor de latas. Agora era fácil
abrir uma lata de sardinha.
Como o abridor de latas foi criado, permitiu-se uma popularização maior de
outros produtos em latas, causando mudanças na forma das pessoas se alimenta-
rem. O que origina outra vez novos produtos, como um abridor de latas elétrico.
Na área de informática encontramos o mesmo processo. Os primeiros compu-
tadores eram máquinas imensas que resolviam poucos problemas e inacessíveis.
Na década de 60, tínhamos máquinas menores e de menor custo. No cinema e TV
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
26
passavam diversos filmes e seriados mostrando computadores de forma integra-
da ao dia a dia. A série Jornada nas Estrelas (StarTrek) apresenta o conceito do que
seriam os nossos tablets atuais, como podemos ver na figura a seguir, isso num
tempo que não havia o computador pessoal, o microcomputador.
Desilu
Productions
(1966-1967),
Paramount
Television
(1967-1969)
Figura 11 − Ideia conceitual de tablet apresentada na série Star Trek
A fixação desta ideia de produto e as possibilidades geradas pelo transistor e
circuitos integrados levaram a criação deste e de vários outros produtos nas duas
décadas seguintes à de 60.
Um novo produto puxa outro levando a uma demanda constante de inovação
e novos produtos.
CASOS E RELATOS
FabriCO
(2012)
Figura 12 − Abacaxi
A capital do abacaxi
A cidade de Xique-xique vivia uma crise imensa, com seu comércio fe-
chando, e com a economia local parada. Um dia, o novo prefeito resolveu
que incrementaria a economia local.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
27
O seguinte anúncio foi colocado na entrada da cidade: “Venham conhe-
cer a capital do Abacaxi”, e divulgou essa visão entre a população. Logo,
os produtores agrícolas começaram a plantar abacaxi, o que demandou
a contratação de pessoas, para o campo. A indústria local, vendo as
possibilidades, montou uma fábrica de compotas e uma de doces de
abacaxi, que gerou mais emprego e maior capacidade de consumo por
parte da população. Hoje Xique-xique, por ter acreditado, é realmente a
capital do abacaxi com uma economia rica que gira em torno da cultura
do abacaxi.
O prefeito, reeleito, agora tem uma nova ideia: “Xique-xique a capital
do abacaxi, laranja e mel”. É que uma flor leva à outra e abelha gosta de
mel, um ciclo evolutivo constante.
Dreamstime
(2012)
Figura 13 − Colmeia
Entende-se por ciclo virtuoso este processo contínuo de alimentação do siste-
ma com crescimento e evolução. Um exemplo interessante seria na área de eco-
nomia e finanças. Imagine uma determinada cidade com economia estacionária.
Agora considere que você consiga aumentar empregos na cidade: isso vai levar a
um aumento de renda da população e por consequência aquecerá o consumo. Se
tivermos esse aquecimento, necessitamos de mais produtos e também de mais
investimentos na indústria, o que vai gerar mais empregos na cidade, ocasionan-
do um aumento de renda da população e assim repetitivamente. Devemos ser
cautelosos ao ciclo virtuoso para que não tenhamos o “estouro da bolha” onde
exista uma crise eminente.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
28
O CICLO VICIOSO
Dreamstime
(2012)
Figura 14 − Representação do círculo vicioso
Da mesma forma que a expressão ciclo virtuoso denota um arranjo econômico
crescente, temos outra que expressa também um processo cíclico, mas negativo.
O ciclo vicioso ou círculo vicioso.
O conceito estabelece uma sequência de eventos, cíclica, que se repete le-
vando não a melhoras, mas a uma piora. Um exemplo é a demanda por novos
produtos tecnológicos sem razão justificada. Supondo que necessitamos de um
novo sistema operacional, este precisa de um novo hardware, que demanda um
novo sistema operacional, e assim por diante. No final não teremos ganhado, será
apenas o uso e evolução da tecnologia por si só.
A LEI DE MOORE E O CICLO VIRTUOSO
Gordon Earl Moore, um dos criadores da Intel, em 1965, fez a seguinte afirma-
tiva:
The complexity for minimum component costs has increased at a
rate of roughly a factor of two per year (seegraph on next page).
Certainly over the short term this rate can be expected to conti-
nue, if not to increase. Over the longer term, the rate of increase is
a bit more uncertain, al-though there is no reason to believe it will
not remain nearly constant for at least 10 years.
Fonte: <ftp://download.intel.com/museum/Moores_Law/Arti-
cles-press_Releases/Gordon_Moore_1965_Article.pdf>
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
29
Em sua visão, a capacidade computacional, em termos de componentes por
circuito integrado, dobraria a cada ano. Leia o artigo completo e entenderá a vi-
são de Moore do ciclo virtuoso aplicado a produtos em tecnologia. Em suma:
a) os circuitos integrados geram novos produtos, com preços menores;
b) com os preços mais baixos, permite-se (induz) o surgimento de novos pro-
dutos e aplicações: microcomputadores, video games;
c) o surgimento de novas aplicações leva a uma maior demanda de mercado
o que gera novas indústrias;
d) novas indústrias geram concorrência;
e) concorrência gera demanda por avanços tecnológicos;
f) a demanda leva à manufatura de mais elementos por circuito integrado.
A LEI DE NATHAN
Computação é essencialmente software. Nathan Myhrvold nos apresenta uma
série de conceitos muito interessantes sobre ele, conhecida como Lei de Nathan,
vejamos:
a) Primeira Lei: software é como gás, expande até preencher todo o container;
b) Segunda Lei: software cresce até se tornar limitado pela lei de Moore;
c) Terceira Lei: o crescimento do software torna a lei de Moore possível;
d) QuartaLei:softwaresomenteélimitadopelaexpectativaeambiçãohumanas.
SAIBA
MAIS
Para saber mais sobre as Leis de Nathan, leia o artigo origi-
nal disponível em: <http://wm.microsoft.com/ms/acm97/
nm100.asf>.
Se analisarmos as premissas, veremos que software acaba sendo o elemento
determinante na evolução do hardware. Um exemplo recente é o Kinect da Micro-
soft que nos apresenta uma nova forma de interagir com sistemas computacio-
nais, possibilitando caminharmos para a realidade aumentada e a virtual.
O Kinect hoje é limitado de forma eficaz ao Xbox, devido ao alto consumo
de hardware. Com os sistemas computacionais evoluindo, teremos o mesmo no
cotidiano e toda uma mudança na forma de trabalhar, gerando um novo ciclo,
virtuoso, na área de TI.
Devemos estar sempre atentos a manter nossa empresa em um constante ci-
clo virtuoso.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
30
2.4 A CONVERGÊNCIA DIGITAL
"Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação"
(Admirável chip novo, Pitty)
Dreamstime
(2012)
Figura 15 − Convergência digital
O ser humano é um ser social. Vive em grupos e para tal emprega a informação
e meios de transmissão para se comunicar. No início eram as pinturas nas caver-
nas e a conversa ao redor da fogueira, hoje é a internet.
No mundo em que vivemos encontramos várias formas e fontes de informação,
porém quase todas são analógicas. O mundo computacional é digital, devemos
entender como digitalizar esta informação analógica para seu uso computacional.
NYQUIST
Rochester
Institute
of
Technology
(2012)
Figura 16 − Harry Nyquist
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
31
No ano de 1929, Harry Nyquist estabeleceu os requisitos e princípios básicos
para a digitalização da informação.
Notou que se obtivéssemos amostras do sinal/informação analógica que dese-
jássemos digitalizar, em uma taxa que fosse o dobro da frequência e, neste ponto,
pegássemos o valor do sinal, como uma amostra representada por um número,
este poderia ser armazenado, anotado, transmitido. Ao se enviar as amostras para
um ponto B diferente, bastaria ter uma onda com a mesma frequência da original
e ajustarmos nela os valores da amostragem realizada para termos a informação
integral original sem perdas.
Denis
Pacher
(2012)
Figura 17 − Digitalização conforme o teorema de Nyquist
Fonte: http://www.emssiweb.com/2lMuneadLimin/inc/ckfinder/userfiles/images/MUESTREO1.jpg
Parece confuso, mas não é. Vejamos um exemplo:
Imagine uma onda com frequência de um hertz (1 Hz), que significa um ciclo
por segundo. Pelo teorema de Nyquist, obtemos duas amostras do sinal no in-
tervalo de 1 segundo. Essa informação serve para recriar o sinal original quando
tivermos uma onda de mesma frequência no destino em que desejamos levar a
informação.
O teorema de Nyquist fala apenas em tempo. Contudo, um sinal também pos-
sui amplitude (altura). Logo no eixo Y de amplitude, teremos que definir os pon-
tos a serem marcados, de 0 a N. Em uma determinada amostra, em que o sinal
esteja entre dois pontos marcados no eixo Y, podemos ter um valor não inteiro.
Valores não inteiros são de difícil representação, em especial em informática.
O teorema de Nyquist foi criado em um momento que não tínhamos compu-
tadores, mas foi o elemento principal, de aplicação imediata, para a digitalização
dos dados.
QUANTIZAÇÃO
Já que lidar com valores não inteiros é um problema, podemos resolver isto ar-
redondando os mesmo. A solução que foi apresentada para o problema foi quan-
tizar (aproximar) o sinal ajustando para o intervalo mais próximo. Por exemplo,
um valor 2,1 iria para 2; um 2,9 para 3.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
32
O processo de quantização introduz pequenos erros na amostragem do sinal
e leve distorção na sua amplitude na recriação, mas algo considerado tolerável
dada a economia gerada.
VOCÊ
SABIA?
Usuários de equipamentos de som com LP de vinil ale-
gam que o CD não consegue representar o mesmo som.
Estão certos. Os erros introduzidos na digitalização com
quantização, mesmo mínimos, são notados por ouvidos
bem treinados.
A figura abaixo apresenta uma ilustração de um processo típico de digitaliza-
ção. O item principal para o sucesso da digitalização é o codec (codificador/deco-
dificador do sinal). Para se obter um desempenho maior, os codecs vêm normal-
mente implementados em circuitos integrados denominados DSP (Digital Signal
Processor), podendo, contudo, serem executados também em software.
PAM Quantização
Codificação
binária
Binário / codi-
ficação digital
0001100000100110
+038
- 127
+ 127
000
Direção da transferência
+024
00110010000011000
Denis
Pacher
(2012)
Figura 18 − Processo de digitalização
Fonte: http://www.todomonografias.com/images/2007/03/102957.gif
Observe que o teorema de Nyquist é uma aplicação na frequência e tempo,
logo sinais estáticos, como uma foto, necessitam de outro tipo de tratamento
para digitalização.
AS MÍDIAS
Diversas mídias são empregadas no dia a dia para representar a informação
que desejamos no mundo real e por consequência no computacional: o áudio, o
vídeo e as imagens. Discutamos, então, um pouco sobre as características de cada
um e como digitalizar tais mídias.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
33
a) O áudio
FabriCO
(2012)
Figura 19 − Exemplo de onda sonora
A humanidade ao longo do tempo tem usado os mais diversos meios para se
comunicar, em especial temos a voz, a música e outros sons que chamamos sim-
plesmente de som ou áudio.
Uma característica do áudio, enquanto sinal, é de ser uma modulação sobre
uma onda analógica, ou seja, em todo momento temos o sinal sonoro, mesmo
quando está em silêncio.
A digitalização do som consiste em aplicar o teorema de Nyquist e armazenar
os valores numéricos das amostras. Esses valores podem ser transmitidos em sis-
temas de comunicação, como a telefonia, ou armazenados em CD ou DVD.
Se você olhou o conteúdo de um CD de música, nele existem diversos arqui-
vos com extensões como wav, mp3 e outros. Esses arquivos contêm os dados
digitalizados e, devido ao grande tamanho dos dados, são comprimidos usando
algoritmos especializados conhecidos como Codecs.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
34
b) A imagem
FabriCO
(2012)
Figura 20 − Exemplo de imagem
O uso de imagens para expressar, armazenar e transmitir informações é mile-
nar, remete a representação através de pinturas rupestres, passando pela escrita
nas suas mais variadas formas, incluindo a escrita atual latina que nada mais é do
que a associação de fonemas a imagens e a partir daí temos textos que represen-
tam sons que podem ser fonetizados1 e falados. Merece destaque a pintura e a
fotografia como elemento de representação de informação.
A característica principal de uma imagem é que é estática ou discreta, não ten-
do como elemento componente o tempo. Como a imagem é estática, o processo
de digitalização não aplica o teorema de Nyquist, e busca especificar que em uma
área de uma polegada quadrada representamos N pontos, denominamos de dpi,
ou dots per inch (pontos por polegada).
Após a digitalização, procedemos com a compressão dos dados obtidos geran-
do um arquivo de saída. Exemplo de arquivos digitais comprimidos são jpeg e png.
Dreamstime
(2012)
Figura 21 − Pintura rupestre
1 FONETIZAR
Tornar fonético. Examinar
sob o ponto de vista
fonético. Grafar (os
vocábulos) segundo a
fonética.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
35
c) O vídeo
A fotografia em movimento e o som.
FabriCO
(2012)
Figura 22 − Vídeo
O vídeo consiste em uma mídia muito utilizada nos dias atuais por permitir
capturar o movimento das coisas. No processo de digitalização de um vídeo são
empregadas técnicas de amostragem temporal da imagem. No caso, o olho hu-
mano é capaz de perceber 30 imagens por segundo, obtemos 30 fotos por segun-
do e aplicamos técnicas de digitalização das fotos obtidas. Um segundo arquivo é
gerado capturando o áudio e digitalizando o mesmo usando práticas já descritas.
No final um arquivo de saída é gerado combinando os arquivos de vídeo e de
áudio obtidos.
Formatos conhecidos de arquivos de vídeo são mpeg4, mpeg2, avi, dvix.
O TRATAMENTO DAS MÍDIAS
Ao longo do tempo as diversas mídias (áudio, vídeo, imagens) são combinadas
em diversos produtos que atendem à demanda, seja fotografia, jornal, revistas,
rádio, tv, telefonia, equipamentos como cd player, gravador cassete etc. Cada mí-
dia era tratada de forma separada com equipamentos separados.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
36
O procedimento de digitalização da informação associado à popularização da
internet como rede de conectividade permite atualmente novos produtos, todos
digitais. Os tipos de mídias se unem em único universo digital.
Dreamstime
(2012)
Figura 23 − Ícones de mídias
Denominamos de multimídia a grande área na computação que trata várias
mídias, hoje quase sempre online, e produtos e métodos para lidar com elas.
2.5 A CONVERGÊNCIA DIGITAL – PRODUTOS
Thiago
Rocha
(2012)
Figura 24 − Modelo antigo de televisão
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
37
Entendemos por convergência digital o processo de migração das nossas so-
luções para o mundo digital. A convergência digital, magistralmente sentida na
obra de Marshall McLuhan “Understanding the Media”, em 1963, atualmente se
tornou produto, realidade palpável.
Hoje, encontramos-nos em uma situação peculiar: quase tudo que conhece-
mos está na internet de forma digital.
SAIBA
MAIS
O pessoal de publicidade tem uma visão bem interessante
da convergência. Em especial, veja os vídeos EPIC 2015, no
link <https://www.youtube.com/watch?v=U2LcBmoE6Ws>, e
Prometheus a Revolução da Mídia, em <https://www.youtu-
be.com/watch?v=5SJup6CGiO4>.
A MÚSICA Dreamstime
(2012)
Figura 25 − Fonógrafo de Edison
No início, surgiu o fonógrafo de Edison, que depois foi modificado em toca
discos com LPs (Long play) de vinil.
O processo era todo analógico. Gravavam-se ranhuras no vinil que ao passar
uma agulha sobre ele o som gravado era gerado e amplificado em caixas sonoras.
Com a introdução dos primeiros CDs, os LPs de vinil começaram a sumir do
mercado. Os toca-fitas que permitiam a portabilidade do áudio deram lugar aos
toca-CDs portáteis, os chamados discman.
A Apple introduziu a ideia do discman com mídia de estado sólido, o IPOD.
Foi um sucesso absoluto. Isso levou à demanda de novos produtos na área, ex-
terminando os tradicionais LPs e CDs. Hoje unimos a isto a conectividade, onde
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
38
levamos a música para a internet, mudando completamente a forma de vender e
comprar música.
De um início conturbado, como sites onde as músicas eram disponibilizadas
de forma ilegal, hoje temos o modelo do iTunes que nos permite adquirir músicas
de forma legal.
Um fato interessante foi quando a Apple propôs o iTunes: grande parte do
mercado acreditou que seria um completo fracasso, uma perda de tempo e di-
nheiro. Esse raciocínio partiu da visão de que se baixava música da internet por
ser “de graça”, ou seja, com a intenção de não pagar, caracterizando roubo/pira-
taria da música. A implementação do iTunes mostrou o contrário: foi um sucesso
absoluto, tanto que o iTunes responde por uma parcela razoável dos lucros da
Apple nos dias atuais. Os usuários desejavam comprar músicas digitais via down-
load por um preço razoável.
Ninguém havia oferecido tal serviço ainda, logo o mesmo foi implementado
pela força: temos um caso interessante em que o mercado diz quais produtos
deseja e como, se não fornecermos tal serviço, o mercado arruma uma forma de
obtê-lo. No caso do iTunes temos ainda o choque claro entre gerações. Uma que
acredita em uma forma de mundo, e outra que pratica outro formato, atualmente
conectadas e em rede.
O JORNAL E O LIVRO
Dreamstime
(2012)
Figura 26 − Livros
Se a música migrou para o online imagine o jornal e os livros. O Amazon Kindle
e outros leitores de texto são os elementos chaves nos dias atuais. Encontramos
modelos interessantes como os jornais que mantêm uma versão impressa e uma
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
39
online e os casos, como o tradicional Jornal do Brasil, que optou por manter ape-
nas uma versão online.
A portabilidade de livros é um elemento interessante para o usuário e colabo-
ra com a sustentabilidade. A impressão de documentos como um todo tende a
diminuir ao longo do tempo, gerando um consumo de madeira menor para este
fim, bem como a redução de custos e de espaço usado para guardar livros.
AS CARTAS
FabriCO
(2012)
Figura 27 − Carta
O que são mesmos as cartas?
Se você tem menos de 20 anos talvez nunca tenha escrito uma carta, mas se
perguntar a sua avó ela poderá explicar. Talvez comece assim:
“− Nos meus tempos as coisas eram melhores, não tínhamos essa coisa de
computador com e-mail não, se queríamos falar com alguém, mandávamos uma
carta.”
Nos dias atuais, as cartas foram praticamente substituídas pelos e-mails que
replicam o mesmo conceito. Um documento que enviamos de um endereço para
outro, mas não um endereço físico, e sim um endereço do mundo digital na in-
ternet. E-mails são muito usados, mas já percebemos claramente seu destino: a
extinção.
Da mesma forma que as músicas quando digitalizadas foram para o CD, e o
mesmo desapareceu com o aparecimento da internet, o e-mail tem seguido o
mesmo caminho. Não basta usar o mesmo conceito em uma nova mídia. A in-
ternet é interativa e viva, e não estática como o papel. Soluções on the fly, como
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
40
mensagens instantâneas e as redes sociais, são as novas tônicas de comunicação.
E-mail é passado, não por ser ruim, mas pelo mercado exigir um novo produto e
forma de trabalhar.
O TELEFONE
Dreamstime
(2012)
Figura 28 − Modelo de telefone antigo
O telefone representa um elemento interessante de mudança. Nos primórdios
das redes computacionais, a telefonia era usada, e ainda continua, como rede bá-
sica de transmissão de dados. O tráfego de dados era tratado como uma aplica-
ção extra, um subproduto, já que a lucratividade vinha dos serviços de voz.
Ao longo do tempo, o telefone mudou. A rede telefônica foi digitalizada, mas
para o usuário final nada mudou. Na década de 90 surge, em escala, a primeira
grande evolução: a telefonia móvel celular. Existiam telefones móveis, mas liga-
dos a carros devido ao grande consumo de energia para transmissão e recepção
de sinal, tornando o uso em escala inviável.
O surgimento do sistema de comunicação via rádio celular permitiu a popu-
larização do serviço de telefonia no Brasil. Mesmo com o alto custo do serviço,
muitas das vezes era a única alternativa disponível em determinados locais de-
vido à escassez de linha fixa. O sistema celular permitiu a mobilidade do usuário,
contudo era somente um telefone. Uma ideia interessante foi integrar a ele um
serviço semelhante aos dos pagers de época com o envio de mensagens, este
serviço foi chamado SMS (short message system), obtendo grande sucesso como
serviço agregado.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
41
Com a digitalização da planta celular começaram a ser integrados serviços de
comunicação de dados, primeiro serviços lentos, hoje 3G caminhando para o 4G
(LTE). Mesmo com a baixa qualidade dos serviços 3G no Brasil e seu custo alto, o
celular superou as instalações fixas de banda larga.
Dreamstime
(2012)
Figura 29 − Modelo de Smartphone
Se tivermos dados no celular, ele pode virar um computador. Consequência
imediata: surgem os smartphones, basicamente computadores em um celular. A
Blackberry, fabricante canadense, é um exemplo disto: vendia PDAs e em deter-
minado momento integrou uma aplicação ao PDA, o acesso via celular.
A telefonia fixa tem sido trocada para chamadas a longa distância por VOIP.
Notamos uma mudança interessante: a rede celular, sendo usada para dados, e a
fixa, sendo transformada em uma aplicação na internet. Produtos como iPhone e
Android surgem neste contexto.
Com as mudanças do modo de se usar a telefonia e as possibilidades são imen-
sas.
VOCÊ
SABIA?
Que o telefone celular enquanto equipamento móvel,
não conectado ao carro é ideia e patente de um brasilei-
ro? Isso também ocorre para o cartão telefônico! Conhe-
ça estes dados e outros visitando o site do CPQD.
AS MUDANÇAS
A convergência digital levou todas as áreas a migrarem a forma de atuar. A
telefonia foi para o voz sobre IP, televisão para IPtv (IP TV), tecnologia diferente
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
42
da TV digital (conhecida como SBTVD no Brasil) por ser online e interativa, se co-
meçarmos a enumerar, a lista é imensa no uso das mídias, e então temos várias
mudanças.
A demanda por novos produtos que aliem diversas mídias online apenas está
começando.
A TELEVISÃO
Um fato curioso ocorreu com a tentativa de se replicar o nosso modelo de tele-
visão aberto na internet. O Youtube oferece programação com horário marcado,
além de seu tradicional sistema de vídeo armazenado. Lógica simples: existiam
muitos usuários no Youtube que organizavam playlists. O Youtube poderia fazer
isso para eles, porém não deu certo.
As razões do não sucesso são várias, mas a principal: a televisão não possui
interatividade na escolha da programação. O Youtube permitia isso. Temos um
claro exemplo que não basta colocar o mesmo produto em uma nova mídia.
COMO USAR A MÍDIA
FabriCO
(2012)
Figura 30 − Caminhos
Da mesma forma que um novo meio, no caso a internet, leva a uma forma
diferente de tratar as mídias, o que fazemos com elas, agora digitais, muda subs-
tancialmente. Alguns exemplos para refletirmos:
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
43
a) o ensino atual cada vez mais possui conteúdos online e caminha para o ensi-
no não presencial a distância e a web é a alavanca deste processo;
b) o diagnóstico de doenças é feito de forma colaborativa por especialista em
rede;
c) a edição de livros é realizada online por grupos de pessoas em países dife-
rentes.
A lista de possibilidades é imensa. Cada uma significa novos produtos, uma
demanda constante em um ciclo virtuoso alimentando as probabilidades da cria-
tividade humana. E do seu ponto de vista, profissional de tecnologia da informa-
ção, abrindo novos campos de atuação. Nos dizeres de Aldous Huxely chegamos
ao “admirável mundo novo” (the brave new world).
Recapitulando
Neste capítulo você compreendeu o que são as demandas por novos pro-
dutos e como as revoluções influenciaram o caminho percorrido até a
chegada do mundo digital.
Entendeu a importância do ciclo virtuoso dentro da demanda por novos
produtos e a promoção do aperfeiçoamento neste processo.
3
Inovação tecnológica
A busca por novidades faz parte do homem desde a sua origem, estando presente nas mais
diversas áreas do conhecimento.
Pessoas e fatos inovadores transformaram produtos e conceitos, levando a indústria a uma
dinâmica mais ágil e eficaz, impactando diretamente no mercado e sua competitividade.
A inovação dos produtos e seus processos de fabricação é diretamente motivada pelo de-
senvolvimento tecnológico e econômico do mercado. Em conjunto, a boa organização de uma
empresa e um marketing bem planejado e executado propicia o máximo de eficiência, suprindo
as necessidades demandadas.
Ao final deste capítulo você será capaz de:
a) definir o que é inovação e seu impacto no mercado;
b) relacionar a inovação de produtos, processos, organizações e marketing à área de TI;
c) entender o que é e como praticar a gestão da inovação.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
46
3.1 O QUE É INOVAÇÃO
"Você me faz correr demais os riscos desta highway
Você me faz correr atrás do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto, deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar
Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir..."
(Infinita highway, Engenheiros do Hawaii)
“Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise. Em
sua missão de cinco anos: para explorar novos mundos, para procurar novas vi-
das e novas civilizações, para audaciosamente ir aonde nenhum homem jamais
esteve.” (Stark Trek, 1966).
Poder
Naval
(2012)
Figura 31 − Nave estelar Enterprise
A procura do novo. O ser humano sempre esta buscando, como vimos nas
palavras de Gessinger, do grupo Engenheiros do Hawaii, ou nas de Gene Rodden-
berry, na série Jornada nas estrelas, a busca é constante. A Bíblia Sagrada nos traz
a visão da procura de conhecimento do homem em sua origem por Adão e Eva. A
maçã mordida é o conhecimento obtido.
A busca da inovação é o motor da sociedade e seu objeto de destaque no
mundo. A inovação está presente em diversas áreas do saber, alguns exemplos:
a) Leonardo Da Vinci foi inovador em quase tudo o que fez, podemos citar
seus conceitos de anatomia;
b) Van Gogh e Picasso representam uma forma de ver o mundo diferente pela
pintura;
c) Freud apresentou um olhar inovador sobre o ser humano entendendo-o do
ponto de vista psicológico e não somente físico;
3 Inovação Tecnológica
47
d) Ford foi inovador ao executar a linha de produção em série.
Poderíamos listar, nas várias áreas do saber ou atuação, pessoas e fatos inova-
dores que mudaram o ambiente e o tempo em que viveram. Estamos interessa-
dos em elementos inovadores que permitam transformar produtos e conceitos,
levando a uma indústria mais ágil e ao sucesso econômico.
A APPLE E A INOVAÇÃO
Na década de 70, a Apple foi responsável por popularizar o conceito de compu-
tador entre a sociedade em geral. Na década de 80, a mesma empresa nos trouxe
o uso da multimídia como elemento diário, bem como uma interface interativa.
Nos anos 90, usando a base da Next, adquirida pela Apple, a empresa apresenta
o computador como elemento também de design, não sendo importante ape-
nas que funcionasse bem, mas que fosse um elemento do meio, que fosse belo.
Década seguinte: a Apple nos traz a fase do I (eu): o iPod, sucessor do discman; o
iPhone, sucessor do celular; o iPad sucessor do PDA, e talvez do computador.
O que é mais interessante na história da Apple é o uso de inovação nos produ-
tos. Toda a tecnologia para criar estes e outros produtos estava disponível para
qualquer um usar e ter sucesso. Qual a razão do sucesso da Apple?
Dreamstime
(2012)
Figura 32 − Steve Jobs
A Apple foi fundada por dois Steves: Wornizak e Jobs. O primeiro, um enge-
nheiro de computação; o segundo, um inovador. O diferencial da empresa foi
Steve Jobs que sempre primou por ter produtos inovadores e usáveis por leigos.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
48
INOVAÇÃO
Dreamstime
(2012)
Figura 33 − Inovação
Algo importante é definirmos inovação. A FINEP, órgão federal que atua no
fomento de projetos inovadores, define inovação como:
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço)
novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo
método de marketing, ou um novo método organizacional nas práti-
cas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas.
Essa definição abrangente de uma inovação compreende um amplo
conjunto de inovações possíveis. Uma inovação pode ser mais estrei-
tamente categorizada em virtude da implementação de um ou mais
tipos de inovação, por exemplo, inovações de produto e de processo.
(FINEP, 2006, p. 55)
SAIBA
MAIS
Para saber mais sobre inovação, leia o documento da FINEP
na íntegra, por meio do link: <http://download.finep.gov.br/
dcom/brasil_inovador/capa.html>. Informações sobre inova-
ções no dia a dia podem ser obtidas em: <www.inovacaotec-
nologica.com.br/noticias>.
Ou seja, a inovação é uma nova forma de fazer algo, trazer o novo. A Apple,
como vimos a pouco, se enquadra perfeitamente na definição da FINEP.
3 Inovação Tecnológica
49
A NECESSIDADE DE INOVAÇÃO
A inovação se faz necessária, principalmente, para a sustentabilidade das em-
presas no mercado competitivo. Logo, se a empresa quer ser lembrada e ficar
entre as melhores, tem que inovar.
As inovações são importantes também porque permitem a conquista de no-
vos mercados, aumentando a renda das empresas, consentindo a realização de
novas parcerias, conquista de novos conhecimentos e consequente aumento do
valor de suas marcas. Podemos notar isso em empresas como Microsoft, Apple e
HP, que são marcas muito respeitadas, e que agregam valor aos seus produtos,
sendo bem aceitos pelos clientes, alterando seu estilo de vida, hábitos e padrões
de comportamento.
Em geral, as empresas são o principal centro das inovações. É por intermédio
delas que as tecnologias, invenções, ideias e produtos chegam ao mercado, com
um processo de concepção, desenvolvimento e gestão da inovação, visto a ne-
cessidade de investimento em pesquisa e aperfeiçoamento.
Para realizar o processo de inovação, algumas empresas possuem áreas intei-
ras dedicadas à inovação, com laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, con-
tando com diversos pesquisadores e parceiros.
Os principais fatores que influenciam a necessidade de inovação são: necessi-
dade de mercado, mudanças na indústria, mudanças demográficas e culturais e
novos conhecimentos técnicos.
3.2 IMPACTO NO MERCADO
Navegar é preciso, viver não é preciso.
(Pompeu).
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
(Fernando Pessoa)
Brasil
Escola
(2012)
Figura 34 − Navegar é preciso, viver não é preciso.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
50
Vamos a um exercício criativo. Feche os olhos. Imagine que você está em uma
máquina do tempo e que foi para o ano de 1813. Não é tanto tempo assim. Pense
que acabou de acordar em um novo dia. O que vai fazer hoje?
Há 200 anos não tínhamos “alguns” produtos. Como a eletricidade, o telefone,
a televisão, a internet, ou melhor, o computador. Se enumerarmos, a lista é imen-
sa. Tanto elementos básicos como os citados quanto outros, como carros, aviões,
ou mesmo um mero medicamento para um resfriado. Nos últimos 200 anos muita
coisa mudou. Inovações foram colocadas na prática, novos produtos surgiram, o
mundo mudou.
Da mesma forma que se fossemos transportados ao passado, imagine alguém
daqueles dias, 1813, sendo trazido ao presente. Seria interessante discutirmos e
pensarmos qual seria o maior impacto e qual o maior choque gerado. Se a falta
dos produtos atuais, que não existiam no passado, ou a presença do novo para
aquele que vem para o futuro. Qual a sua opinião? Achamos que o choque do
novo é maior. O novo causa mudança e gera desconforto, já que requer adapta-
ções e aquisição de outros conhecimentos, desafios. Cazuza disse em “Só as mães
são felizes”:
... Reparou como os velhos
Vão perdendo a esperança
Com seus bichinhos de estimação e plantas?
Já viveram tudo
E sabem que a vida é bela
Reparou na inocência
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela…
A presença de inovações tecnológicas, em especial na área de tecnologia da
informação, tem mudando a forma que as empresas e indústrias funcionam, bem
como a forma que as pessoas interagem e convivem. Hoje, por exemplo, é mar-
cante o papel das redes sociais como elemento aglutinador das pessoas, algo não
imaginável há 10 anos.
Há alguns anos, o celular foi um avanço fantástico, atualmente não pensamos
nele sem estar conectado a internet ou sem SMS. Já pensou um dia sem compu-
tadores ou sem carro? O impacto seria grande.
3 Inovação Tecnológica
51
CASOS E RELATOS
Fazendo pão de queijo
Ju
Melo
(2012)
Figura 35 − Cesta de pão de queijo
Dona Ana, hoje com 60 anos de idade, aprendeu com sua vó, na infância,
que para se fazer um bom pão de queijo o segredo é ter um queijo curado
(seco) de boa qualidade, um bom polvilho e com as mãos amassar mis-
turando bem, de forma a se obter uma massa uniforme até identificar o
ponto da massa, fazer pequenas bolhas e colocar para assar. Ana cresceu
e ao longo da vida sempre fez assim. Comprou o queijo, ralou no ralo
manual, comprou o polvilho, os ovos e leite e preparou seu pão de queijo.
Na idade adulta, encontrou um artefato estranho que era o multiprocessa-
dordealimentos:colocavaoqueijoládentroeoaparelhosoltavaomesmo
ralado. Mesmo acreditando que o sabor não seria o mesmo aderiu à facili-
dade. Depois veio a batedeira elétrica, que facilitou mais ainda o trabalho,
o forno não era mais a lenha, virou a gás e hoje elétrico. Muitas mudanças.
Hoje ela está encucada. Ela pediu para sua bisneta mais velha comprar os
produtos para fazer pão queijo e ela chegou com o pão de queijo pronto
no saquinho lacrado, já pré-assado. Quase pronto. Dona Ana imaginou
como da vez do multiprocessador, que o sabor não seria o mesmo, que
não seria igual. Contudo, como a bisneta Mariana pediu, ela colocou no
forno e esperou. Resignada foi comer o pão de queijo depois de pronto.
E não é que ficou bom: “Ficou excelente” – exclamou ela – “Igual ao da
minha vó!” Para a bisneta apenas disse, “Fazendo com amor, tudo fica
bom”. Depois disso ficou pensativa. Há algum tempo queria usar um for-
no de micro-ondas. Gostaria de saber quando vai poder assar seus pães
de queijos prontos no micro-ondas.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
52
Esta breve história nos faz lembrar que a inovação é difícil de ser aceita, mas
ao ser absorvida se torna parte da rotina e não conseguimos viver sem ela. O que
dona Ana não sabia, também, é que a empresa que fabrica os pães de queijo, que
ela assou, possui um certificado ISO 9001:2008 de qualidade total no processo
produtivo básico.
A INFORMÁTICA
Se avaliarmos, a informática foi um dos diversos elementos que surgiram ao
longo do tempo, o que teve maior impacto como inovação tecnológica. Com me-
nos de um século de existência ela mudou totalmente a forma que trabalhamos
e interagimos, seja nos processos de automação, seja nos hábitos de compras, de
ouvir música, ver filmes ou escrever uma carta. Hoje os computadores saltaram de
nossas mesas para os notebooks e celulares permitindo a portabilidade.
A internet é outro exemplo de inovação que praticamente trouxe o “mundo
inteiro” para dentro de nossas casas, permitindo acesso à infinita quantidade de
informações de qualquer lugar do planeta, mudando substancialmente como as
empresas funcionam e trabalham. Conceitos como internet banking, home offi-
ce são possíveis apenas com o uso da internet e informática, marcando a tônica
de como trabalhamos atualmente. Até nossas relações passam a ser virtuais por
meio das redes sociais. O Facebook é o novo clube da esquina.
AS MUDANÇAS
Entretanto, as inovações tecnológicas não trouxeram apenas impactos positi-
vos. Um ponto negativo é a poluição, especialmente gerada pelo lixo tecnológico
eletrônico, que traz sensíveis alterações no clima, contaminação dos rios e do ar,
causando danos ao meio ambiente. Uma solução parcial consiste na conscienti-
zação sobre o descarte adequado de lixo eletrônico para devida reciclagem, bem
como a produção de eletrônicos que sigam a Diretiva 2002/95/EC emitida pelo
Parlamento e pelo Conselho da União Europeia conhecida como RoHS (Restriction
of Hazardous Substances – Restrição de substâncias perigosas).
SAIBA
MAIS
Para saber mais sobre RoHS, visite a página: <http://www.
rohsguide.com/>.
Outro elemento bastante conhecido é o desemprego, gerado pelo alto nível
de automação comercial, que passou a exigir maior qualificação por parte das
3 Inovação Tecnológica
53
pessoas na execução de seus trabalhos, que necessitam da devida reciclagem
profissional para permanecer no mercado de trabalho.
A COMPETITIVIDADE
Finalmente, um impacto importante associado às inovações tecnológicas é o
aumento da competitividade entre as empresas. A competitividade é formada
por um conjunto de fatores culturais, econômicos, intelectuais que fazem com
que um consumidor prefira um produto ou serviço, em detrimento de outro. Os
consumidores passaram a ter acesso a informações comparativas sobre preço,
qualidade, eficácia, manutenção, treinamento e facilidade de uso antes de efe-
tuar uma compra. Podemos afirmar, então, que um impacto vantajoso relacio-
nado à competitividade é a redução de custos, aumento da produção, melhoria
na comunicação e refinamento da qualidade dos produtos que são inseridos no
mercado diariamente.
Portanto, podemos observar que as inovações estão acompanhadas por im-
pactos positivos e negativos, mas que são necessárias para o desenvolvimento
mundial.
Segundo os dados apresentados por uma pesquisa realizada pelo IPEA (Insti-
tuto de Pesquisa Econômica Aplicada) “Inovar e investir mais em P&D (Pesquisa e
Desenvolvimento) aumentam em 16% as chances de uma empresa ingressar em
um mercado internacional, como exportadora.”
Devemos ter claro que a inovação tecnologia traz mudanças no mercado,
abrindo e fechando negócios. Se não estivermos atentos, podemos seguir os
exemplos de diversas funções que foram extintas devido à internet e a informáti-
ca, como temos o agente de viagens, que emitia passagens áreas ou o livreiro que
vendia livros. Trate a inovação sempre de forma positiva e como parceira, nunca
como concorrente, ou não obterá sucesso.
3.3 INOVAÇÃO DE PRODUTOS
"Plut, plat, zum!!
Não vai a lugar nenhum!
Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado
se quiser voar!
Pra lua tá cheropa, e o sol indentidade, vá já pro seu foguete
viajar pelo universo é preciso o meu carimbozinho, zinho,
zinho, zinho."
(Raul Seixas, Plut plat Zum)
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
54
Thereza
Eugênia
(2012)
Figura 36 − Raul Seixas
Você já parou para pensar em como as coisas evoluem? Veja o caso dos veí-
culos, por exemplo. Lembra-se da quantidade de inovações que a indústria auto-
mobilística lançou nos últimos tempos? Motores bicombustíveis, freios ABS, sus-
pensão inteligente e computadores de bordo, entre várias outras. A esse tipo de
inovação, chamamos de inovação de produtos. Seu principal objetivo é modificar
as características dos produtos, melhorando sua qualidade, e alterando a forma
como é percebido pelos seus consumidores. É fácil perceber a importância disso,
não é?
Neste tópico, você entenderá por que as empresas devem inovar seus produ-
tos e vai conhecer alguns dos principais produtos inovadores que surgiram em
função do desenvolvimento da área de TI ao longo da história.
POR QUE AS EMPRESAS DEVEM INOVAR SEUS PRODUTOS?
ESTE PRODUTO
DÁ A VIDA ETERNA!
COMO VENDEREMOS
ATUALIZAÇÃOES?
Denis
Pacher
(2012)
Figura 37 − Inovação de produto
3 Inovação Tecnológica
55
Segundo o SEBRAE:
[...] há inúmeras razões que justificam a necessidade de uma
empresa inovar. O motivo mais forte é o seguinte: o negó-
cio que não inovar está destinado a desaparecer! É inovar ou
morrer!
A inovação possibilita que empresa se mantenha adequada
ao mercado, ou seja, seus produtos, processos e práticas de
marketing permitem que esteja em permanente sintonia com
as necessidades dos clientes. O destino de quem não acom-
panha a voz do mercado é perecer. É preciso inovar e renovar
a organização do empreendimento e acelerar e aumentar a
produtividade.
Além disso, a inovação contribui para que um negócio dispute
a preferência do mercado em pé de igualdade com a concor-
rência, cada vez mais exacerbada. Também é um meio para
que o empresário encontre novos nichos para sua empresa no
mercado, aumentando assim o lucro e renovando ou criando
ciclos de vida para os produtos.
A inovação é, portanto, o caminho que as empresas devem
permanentemente percorrer para enfrentar os desafios do
mercado, mantendo-se jovens e competitivas.
PRODUTOS INOVADORES RELACIONADOS À ÁREA DE TI
Desde o surgimento da área de TI vários produtos marcaram época, tanto pela
inovação que promoveram, quanto pela importância na história da TI. A seguir,
veja alguns exemplos de produtos transformadores.
a) Apple I: em 1976 Steve Jobs e Steve Worzinak colocam no mercado o Apple
I, primeiro microcomputador que já vinha com os componentes internos sol-
dados no gabinete. O Apple I permitiu a não técnicos o uso da computação.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
56
Vip
Magazines
(2012)
Figura 38 − Jobs e Wozinak observam placa principal do Apple I
b) IBM 5150: em 12/08/1981 a empresa americana IBM, observando o suces-
so obtido pela Apple com seu microcomputador, lançou um produto que
deu início a uma nova era na indústria de tecnologia de consumo. Em uma
conferência de imprensa na cidade de Nova York, a empresa anunciou o IBM
Personal Computer (IBM 5150), por um preço de US$ 1.565.
Ruben
de
Rijcke
(2010)
Figura 39 − IBM 5150
c) Macintosh: lançado em 1984, foi um sucesso de público. Valia US$ 2,5 mil e
trazia inovações como a interface gráfica e o mouse. Competiu ativamente no
mercado contra a IBM na década de 1980, e foi determinante para a IBM e a
Microsoft buscarem o desenvolvimento de uma interface gráfica no IBM PC.
3 Inovação Tecnológica
57
wUserGrm_wnr
(2006)
Figura 40 − Apple Macintosh Original
d) iMac: surgiu em 1998. Inovou na época ao integrar em um mesmo aparelho
monitor e o disco rígido. O iMac marca a preocupação da Apple em entender
que um excelente produto deve ter um design adequado.
wUserGrm_wnr
(2006)
Figura 41 − Apple iMac
e) Internet: é um ótimo exemplo de produto inovador. Criada com objetivos
militares na década de 70, evoluiu até o ponto de se tornar uma das princi-
pais ferramentas de comunicação, lazer, trabalho e educação, entre outras,
da sociedade atual.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
58
f) Web (World Wide Web): marca uma forma inovadora de se usar um produto
já existente. A internet da década de 70, restritas aos pesquisadores da com-
putação, se torna um produto inovador acessível a todos por meio de uma
interface interativa e intuitiva provida pelos navegadores internet.
g) iPod: foi lançado em 2001. Com mais de 220 milhões de unidades vendidas,
este tocador de MP3 e de vídeos tornou-se um enorme sucesso, podendo
ser considerado o produto responsável por resgatar as finanças da Apple.
Inicialmente a ideia era tratar o aparato tecnológico como extensão corpo-
ral. O I dos produtos Apple vem de “Eu”, em inglês, associando a visão de
extensão do eu com o produto inovador.
Eduardo
Lopez
(2011)
Figura 42 − Apple IPod
AS REDES SOCIAIS:
Dreamstime
(2012)
Figura 43 − Exemplos de redes sociais
No começo da internet surgiu o conceito de newsgroup que consistia em lista
de distribuição de e-mails na qual as pessoas se inscreviam para receber e enviar
mensagens sobre temas que gostavam ou interessavam. Os newsgroups existem
na internet, mas o que surge e se firma aglutinando e integrando pessoas são as
3 Inovação Tecnológica
59
redes sociais. São representadas pelos mais diversos produtos (Twitter, Google+,
Facebook e tantos outros) apresentam uma nova dinâmica de organização das
pessoas, seja por afinidades pessoais ou profissionais. Eles permitem a prática do
uso da tecnologia e da internet com foco nas pessoas e não nos computadores,
levando a novo patamar de convivência e integração, independente do local em
que estejam praticando a ideia de aldeia global de Mcluhan.
Dreamstime
(2012)
Figura 44 − A aldeia global
É interessante notar, neste produto, o conflito de gerações. Enquanto a cha-
mada geração X tenta entender e usar o fenômeno de redes sociais, a geração Y
tenta entender empresas que não as usam como elemento de suporte do desen-
volvimento e sucesso, por exemplo, bloqueando o acesso a elas, tratando como
algo ruim aos negócios. Talvez este entendimento seja o ponto principal de tran-
sição entre gerações, mais do que usar informática como apoio, estamos viven-
do através dela, como vivíamos com base em outras inovações tecnológicas no
passado recente.
MUDANÇAS
O que tem em comum nesses diversos produtos citados?
Essencialmente marcam uma alteração de paradigma no seu momento de
criação. Pense na década de 80 sem o microprocessador (1972) ou os dias atuais
com a internet da década de 70? Seria possível idealizar o Facebook sem a web?
Talvez, mas com certeza não teria o sucesso devido.
Um produto inovador marca época e gera mudanças. Algumas vezes o temos
como base para um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento. Se tivéssemos aces-
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
60
so a uma rede sem fio de velocidade e alcance muito grandes e com baixo custo,
tranquilamente toda uma nova gama de produtos surgiria para empregar essa
inovação. Vamos a um teste rápido: o que tem de errado na foto abaixo?
FabriCO
(2012)
Figura 45 − Mapa em papel
Bem, se você tem mais de 30 anos talvez não tenha visto nada de errado. E na
verdade não há. Está apenas faltando trocar o mapa em papel por um GPS. O sur-
gimento de novas tecnologias levam as coisas a serem feitas de forma diferente,
é improdutivo pensar que podemos voltar ao passado.
Neste tópico você aprendeu o conceito de inovação de produtos e entendeu
por que as empresas devem inovar seus produtos. Conheceu ainda alguns dos
principais produtos inovadores que surgiram em função do desenvolvimento da
área de TI ao longo da história.
3.4 INOVAÇÃO DO PROCESSO
Dreamstime
(2012)
Figura 46 − Tempos modernos
3 Inovação Tecnológica
61
A figura anterior é uma das cenas de “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin
(1936), que retrata os conflitos ocorridos pelo processo de Henry Ford: a fábrica
como conhecemos.
O FORDISMO
Com as inovações tecnológicas que surgiam no dia a dia, aumentava a deman-
da por novos produtos de consumo no mercado global e local nos Estados Uni-
dos. Ao observar o processo produtivo das fábricas instaladas, Henry Ford notou
que o método produtivo não era eficaz.
Alfredo
Júnior
(2012)
Figura 47 − Henry Ford
Ao iniciar sua indústria de carros, Ford propôs um novo modelo de processo
produtivo conhecido como Fordismo, em que se utiliza do conceito de linha de
montagem.
Em uma indústria clássica teríamos vários funcionários, cada um montando
um carro como um todo. Ford propôs que a linha de produção fosse segmentada
por especialidade na qual cada empregado executava uma tarefa simples, mas de
forma rápida. Alguém montava as rodas, outro o chassis, outro as portas e outro
pintava. Com esta segmentação notou-se que cada empregado conseguia, ao se
especializar em uma tarefa e com ferramentas adequadas (evitando o trabalho
manual), ter o desempenho maximizado. Isso permitia que enquanto em uma
indústria clássica fossem produzidos 10 carros por semana por 10 empregados,
na fabrica de Ford 10 funcionários produziriam 100 carros em uma semana.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
62
O Fordismo é um exemplo claro de inovação de processo em que, ao se mudar
o modo de fazer algo e empregando os mesmos recursos, se obtém um melhor
resultado com o mesmo custo ou até custo menor. Como nem tudo “eram flores”,
existia uma crítica pesada ao modelo fordista de fábrica, em especial por focar e
incentivar o consumo em massa, contudo não podemos negar sua eficácia.
PROCESSOS
Você já ouviu a seguinte frase: “Processo bom, resultado bom; processo ruim,
resultado ruim”?
Essa é uma das premissas da área de desenvolvimento de software que pode
ser levada para todas as outras áreas. Quando queremos produzir um produto, te-
mos que ter um processo. O processo é um roteiro, uma sequência de passos que
deve ser seguida para criação de um produto. Quanto melhor (mais maduro) o
processo, melhor tende a ser o produto final. Logo, a inovação de processo pode
ser considerada um aprimoramento de processos.
INOVAÇÃO DE PROCESSO
A inovação de processo é o conjunto de mudanças no processo de produção
de um produto ou serviço, em que se busca melhorar a qualidade do produto fi-
nal, geralmente associado a aumentos de produtividade, cumprimento de prazo
e redução de custos.
À inovação dos processos também está relacionada a questões como a im-
plementação de novos métodos ou de melhorias significativas no processo de
produção ou logística de bens ou serviços, por intermédio de técnicas, equipa-
mentos e softwares.
Além de aprimorar a qualidade dos produtos e serviços, quais são os outros
motivos que levam as empresas a inovar seus processos?
POR QUE INOVAR PROCESSOS?
Existem diversas motivações para a empresa inovar seus processos, sendo que
podemos citar duas razões principais:
a) Razões tecnológicas
a) melhorar o desempenho de técnicas já existentes: obtendo ganhos me-
diante economia no desenvolvimento ou um produto de melhor quali-
dade;
3 Inovação Tecnológica
63
b) desenvolver novos produtos e serviços: garantindo melhor competiti-
vidade no mercado por meio da diversificação da gama de produtos;
c) adaptar as tecnologias desenvolvidas por outras empresas às suas ne-
cessidades: reduzindo o custo de desenvolvimento destas tecnologias
do zero, bem como pulando fases deste desenvolvimento. O uso do
chamado software livre pode ser enquadrado aqui.
b) Razões econômicas
a) melhorar as condições de trabalho;
b) melhorar a flexibilidade na fabricação;
c) reduzir os custos de fabricação;
d) reduzir os custos com pessoal;
e) reduzir os custos de material;
f) reduzir os custo de energia;
g) reduzir os custos com projeto e embalagem dos produtos;
h) reduzir a taxa de defeitos de fabricação;
i) reduzir a poluição do meio ambiente.
Vamos conhecer agora alguns exemplos de melhoria de processos?
EXEMPLOS DE MELHORIA DE PROCESSOS
Em todas as áreas existe uma forte busca de melhoria nos processos, seja por
razões tecnológicas ou econômicas.
a) Código de Barras:
FabriCO
(2012)
Figura 48 − Código de barras
Pense num supermercado em que não usa código de barras nos produtos? A
demora seria imensa. A utilização do código de barras no processo de vendas de
produtos foi uma inovação importante. Tornou o processo mais ágil, gerando um
novo processo de vendas.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
64
b) GPS:
Dreamstime
(2012)
Figura 49 − GPS
Os primeiros navegadores viajavam o mundo com uma bússola. Hoje não con-
seguiríamos o mesmo feito em uma grande cidade. A introdução do GPS trouxe
ganhos tanto na possibilidade de escolha de rotas mais adequadas, quanto em
atividades como o monitoramento de serviços de transporte e entrega de mer-
cadorias.
c) Cartão de Crédito/Débito: FabriCO
(2012)
Figura 50 − Cartões de crédito ou débito
O uso de cartões de crédito e de débito marcou uma profunda mudança no
comércio e em transações financeiras como um todo, garantindo uma maior se-
gurança e agilidade nos negócios.
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  • 2.
  • 3. Série TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - hardware TENDÊNCIAS E DEMANDAS TECNOLÓGICAS EM TI
  • 4. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor-Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações
  • 5. Série TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - hardware TENDÊNCIAS E DEMANDAS TECNOLÓGICAS EM TI
  • 6. SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317- 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional de Goiás A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ- nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo Integrado de Educação a Distância do SENAI de Goiás, em parceria com os Departamentos Regionais do Distrito Federal, Bahia e Paraíba, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de Goiás Núcleo Integrado de Educação a Distância – NIEaD ______________________________________________________________ S477t SENAI-Departamento Regional de Goiás Tendências e demandas tecnológicas em TI /SENAI – Departamento Regional de Goiás – Goiânia, 2012. 154p.: il. 3 Tendências em TI. 2. Demandas por novos produtos. 3.Inovação Tecnológica..4. Aplicação de novas tecnologias. 5. Educação a distância. I. Autor. II. Título. CDD – 004 ______________________________________________________________
  • 7. Lista de ilustrações Figura 1 − Antoine Laurent de Lavoisier....................................................................................................................14 Figura 2 − Davi x Golias....................................................................................................................................................16 Figura 3 − Dexter ...............................................................................................................................................................17 Figura 4 − Narciso...............................................................................................................................................................18 Figura 5 − Leão pronto para atacar..............................................................................................................................19 Figura 6 − Antiga produção de tecido........................................................................................................................20 Figura 7 − Tear mecânico.................................................................................................................................................21 Figura 8 − Lâmpada de tungstênio.............................................................................................................................22 Figura 9 − O mundo digital.............................................................................................................................................23 Figura 10 − Sardinha enlatada.......................................................................................................................................25 Figura 11 − Ideia conceitual de tablet apresentada na série Star Trek.............................................................26 Figura 12 − Abacaxi...........................................................................................................................................................26 Figura 13 − Colmeia...........................................................................................................................................................27 Figura 14 − Representação do círculo vicioso.........................................................................................................28 Figura 15 − Convergência digital..................................................................................................................................30 Figura 16 − Harry Nyquist...............................................................................................................................................30 Figura 17 − Digitalização conforme o teorema de Nyquist................................................................................31 Figura 18 − Processo de digitalização.........................................................................................................................32 Figura 19 − Exemplo de onda sonora.........................................................................................................................33 Figura 20 − Exemplo de imagem..................................................................................................................................34 Figura 21 − Pintura rupestre ..........................................................................................................................................34 Figura 22 − Vídeo................................................................................................................................................................35 Figura 23 − Ícones de mídias..........................................................................................................................................36 Figura 24 − Modelo antigo de televisão....................................................................................................................36 Figura 25 − Fonógrafo de Edison..................................................................................................................................37 Figura 26 − Livros...............................................................................................................................................................38 Figura 27 − Carta................................................................................................................................................................39 Figura 28 − Modelo de telefone antigo......................................................................................................................40 Figura 29 − Modelo de Smartphone............................................................................................................................41 Figura 30 − Caminhos.......................................................................................................................................................42 Figura 31 − Nave estelar Enterprise.............................................................................................................................46 Figura 32 − Steve Jobs......................................................................................................................................................47 Figura 33 − Inovação ........................................................................................................................................................48 Figura 34 − Navegar é preciso, viver não é preciso....................................................................................................49 Figura 35 − Cesta de pão de queijo.............................................................................................................................51 Figura 36 − Raul Seixas.....................................................................................................................................................54 Figura 37 − Inovação de produto.................................................................................................................................54 Figura 38 − Jobs e Wozinak observam placa principal do Apple I...................................................................56 Figura 39 − IBM 5150........................................................................................................................................................56
  • 8. Figura 40 − Apple Macintosh Original........................................................................................................................57 Figura 41 − Apple iMac....................................................................................................................................................57 Figura 42 − Apple IPod.....................................................................................................................................................58 Figura 43 − Exemplos de redes sociais.......................................................................................................................58 Figura 44 − A aldeia global.............................................................................................................................................59 Figura 45 − Mapa em papel............................................................................................................................................60 Figura 46 − Tempos modernos......................................................................................................................................60 Figura 47 − Henry Ford.....................................................................................................................................................61 Figura 48 − Código de barras.........................................................................................................................................63 Figura 49 − GPS...................................................................................................................................................................64 Figura 50 − Cartões de crédito ou débito..................................................................................................................64 Figura 51 − Internet Banking .........................................................................................................................................65 Figura 52 − MPS BR ...........................................................................................................................................................65 Figura 53 − Dilbert e a inovação organizacional....................................................................................................66 Figura 54 − Papéis arquivados.......................................................................................................................................68 Figura 55 − Dilbert e o marketing ................................................................................................................................69 Figura 56 − Exemplos de banners.................................................................................................................................72 Figura 57 − Marketing via e-mail ..................................................................................................................................72 Figura 58 − Vídeo marketing ..........................................................................................................................................73 Figura 59 − Exemplos de redes sociais.......................................................................................................................73 Figura 60 − Dilbert e a inovação...................................................................................................................................74 Figura 61 − Inovação.........................................................................................................................................................75 Figura 62 − Riscos ..............................................................................................................................................................77 Figura 63 − Comunicação ao redor da fogueira .....................................................................................................84 Figura 64 − Sistema de comunicação ........................................................................................................................85 Figura 65 − Ideograma chinês para PAZ ...................................................................................................................85 Figura 66 − Capa do Livro“Understanding the media: the extensions of man”..............................................87 Figura 67 − Computadores.............................................................................................................................................89 Figura 68 − Programação do Eniac..............................................................................................................................89 Figura 69 − Rede computacional..................................................................................................................................90 Figura 70 − Ambiente thin client...................................................................................................................................91 Figura 71 − Google Chromebook.................................................................................................................................91 Figura 72 − Smartphone...................................................................................................................................................92 Figura 73 − Tablet...............................................................................................................................................................93 Figura 74 − Geladeira com internet.............................................................................................................................94 Figura 75 − Televisão digital...........................................................................................................................................94 Figura 76 − Logo Ginga....................................................................................................................................................95 Figura 77 − Tela de toque (touch screen)....................................................................................................................96 Figura 78 − Wii remote......................................................................................................................................................97 Figura 79 − Microsoft Kinect..........................................................................................................................................98 Figura 80 − Kinect em uso médico..............................................................................................................................98 Figura 81 − Impressora 3D..............................................................................................................................................99
  • 9. Figura 82 − Realidade aumentada............................................................................................................................100 Figura 83 − Ilustração de conectividade ................................................................................................................101 Figura 84 − Home plug ..................................................................................................................................................101 Figura 85 − Rede sem fio .............................................................................................................................................102 Figura 86 − Rede mesh .................................................................................................................................................102 Figura 87 − IEEE 802.22 ................................................................................................................................................103 Figura 88 − QoS................................................................................................................................................................104 Figura 89 − Nuvem ........................................................................................................................................................105 Figura 90 − Computação em Nuvem.......................................................................................................................106 Figura 91 − Tempestade................................................................................................................................................108 Figura 92 − Armazém antigo .....................................................................................................................................109 Figura 93 − E-commerce................................................................................................................................................110 Figura 94 − Canal de Retorno.....................................................................................................................................111 Figura 95 − Mercado Global........................................................................................................................................112 Figura 96 − Cartões de crédito e débito..................................................................................................................113 Figura 97 − Impostos.....................................................................................................................................................113 Figura 98 − Documentos de identidade ................................................................................................................114 Figura 99 − Redes sociais..............................................................................................................................................115 Figura 100 − Pessoas conectadas..............................................................................................................................115 Figura 101 − Cuidado.....................................................................................................................................................118 Figura 102 − Usuário de rede social.........................................................................................................................119 Figura 103 − TI Verde......................................................................................................................................................123 Figura 104 − Cuidado com a natureza.....................................................................................................................124 Figura 105 − Reciclagem de lixo eletrônico...........................................................................................................125 Figura 106 − Documentos............................................................................................................................................128 Figura 107 − Logicaldoc................................................................................................................................................132 Figura 108 − Goldendoc...............................................................................................................................................132 Figura 109 − Carteira de trabalho.............................................................................................................................133 Figura 110 − SBC..............................................................................................................................................................134 Figura 111 − Congresso Nacional..............................................................................................................................136 Figura 112 − O Homem de seis milhões de dólares...........................................................................................138 Figura 113 − Frankenstein............................................................................................................................................139 Figura 114 − Pirata com algumas próteses ...........................................................................................................140 Figura 115 − Mão robótica segurando um ovo ...................................................................................................141 Figura 116 − Paciente com retina eletrônica.........................................................................................................142 Quadro 1 − Habilitação Profissional Técnica em Manutenção e Suporte em Informática......................11 Quadro 2 − Redes sociais mais populares..............................................................................................................117 Tabela 1 − Índice de energia limpa utilizado por empresas de TI..................................................................127
  • 10.
  • 11. Sumário 1 Introdução.........................................................................................................................................................................11 2 Demanda de Novos Produtos Industrializados...................................................................................................13 2.1 A demanda por novos produtos.............................................................................................................14 2.2 A revolução industrial.................................................................................................................................19 2.3 O ciclo virtuoso.............................................................................................................................................24 2.4 A convergência digital................................................................................................................................30 2.5 A convergência digital – produtos.........................................................................................................36 3 Inovação Tecnológica....................................................................................................................................................45 3.1 O que é inovação..........................................................................................................................................46 3.2 Impacto no mercado...................................................................................................................................49 3.3 Inovação de produtos.................................................................................................................................53 3.4 Inovação do processo.................................................................................................................................60 3.5 Inovação organizacional............................................................................................................................66 3.6 Inovação de marketing...............................................................................................................................69 3.7 Gestão da inovação.....................................................................................................................................74 4 Aplicações de Novas Tecnologias 4.1 Comunicação.................................................................................................................................................84 4.2 Era pós-PC.......................................................................................................................................................89 4.3 Os periféricos.................................................................................................................................................95 4.4 Conectividade............................................................................................................................................101 4.5 Computação em nuvem.........................................................................................................................105 4.6 O comércio...................................................................................................................................................109 4.7 A vida social: as redes sociais................................................................................................................115 4.8 As redes sociais – comportamento.....................................................................................................119 4.9 TI verde..........................................................................................................................................................123 4.10 Gestão Eletrônica De Documentos .................................................................................................128 4.11 A lei, a profissão e o profissional.......................................................................................................133 4.12 O homem, a fronteira final...................................................................................................................137 Referências.........................................................................................................................................................................147 Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................149 Índice...................................................................................................................................................................................151
  • 12.
  • 13. 1 Caro aluno, nesta unidade curricular você conhecerá a evolução do mercado e assim com- preender como funciona o ciclo de demandas por novos produtos. Aprenderemos sobre a inovação de produtos, processos, organizações e marketing ligados à área de TI e os possíveis impactos dessa inovação no mercado. E, por último, veremos a evo- lução sofrida pela comunicação nos últimos tempos, abordando inclusive as principais redes sociais da atualidade. A seguir, são descritos na matriz curricular os módulos e as unidades curriculares do curso, assim como suas cargas horárias. Quadro 1 - Habilitação Profissional Técnica em Manutenção e Suporte em Informática Módulos Unidades Curriculares Carga Horária Carga Horária Módulo Básico • Fundamentos para DocumentaçãoTécnica 140h 320h • Eletroeletrônica Aplicada 120h • Terminologia de Hardware, Software e Redes 60h Específico I • Arquitetura e Montagem de Computadores 160h 880h • Instalação e Manutenção de Computadores 250h • Instalação e Configuração de Rede 160h • Segurança de Dados 50h • Sistemas Operacionais 120h • Gerenciamento de Serviços deTI 80h • Tendências e DemandasTecnológicas emTI 60h Bons estudos! Introdução
  • 14.
  • 15. 2 Demanda por novos produtos industrializados Um dos resultados visíveis com as mudanças ocorridas durante a história é a constante bus- ca por novos produtos. Desde a Revolução Industrial vemos um grande desenvolvimento no processo, produtivida- de e qualidade de novos produtos, tornando-os ainda mais interessante com o surgimento da eletricidade e a chegada do mundo digital. Outro fator que devemos levar em consideração ao estudarmos a demanda por novos pro- dutos é o impacto do ciclo virtuoso na produção desses. Podemos observar que uma série de fatos ou fenômenos que naturalmente se interligam resultam numa repetição cíclica, promo- vendo inovação e aperfeiçoamento. Ao final deste capítulo você será capaz de definir e relacionar: a) as demandas por novos produtos; b) as constantes revoluções da aldeia global; c) o impacto do ciclo virtuoso sobre a demanda de novos produtos; d) a convergência digital e seus produtos.
  • 16. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 14 2.1 A DEMANDA POR NOVOS PRODUTOS "... Você me pergunta pela minha paixão Digo que estou encantado Com uma nova invenção Eu vou ficar nesta cidade Não vou voltar pro sertão Pois vejo vir vindo no vento O cheiro da nova estação … Você pode até dizer que eu tô por fora Ou então que eu tô inventando Mas é você que ama o passado e que não vê É você que ama o passado e que não vê Que o novo sempre vem." (Como Nossos Pais, Belchior) Belchior, em “Como nossos pais”, apresentou uma visão da mudança que se desejava causar no país no período da ditadura militar. Os versos da canção po- dem também ser usados para revelar a necessidade nata do ser humano pela inovação e a busca do novo, sendo que diversas vezes esta nos leva a mudanças de comportamentos sociais, a criação de novos produtos e demandas tecnológi- cas. A canção retrata também algo muito interessante: a resistência da estrutura estabelecida ao novo, a novidade. A inovação e o uso de novos produtos muitas vezes são afastados pelas pessoas e organizações. Vamos discutir neste tópico sobre demanda de novos produtos. A CRIAÇÃO Dreamstime (2012) Figura 1 − Antoine Laurent de Lavoisier
  • 17. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 15 Um sábio chamado Lavoisier disse um dia: “Nada se cria. Tudo se transforma”. Se observarmos a humanidade ao longo dos tempos, notamos um comporta- mento cíclico de reutilização das ideias. Vejamos um exemplo: a vila. No princípio as cidades eram organizadas atrás de grandes paredes protegi- das pelo aparato bélico do rei contra invasores externos. Ao longo do tempo, o conceito de cidade se estendeu para o de país. Atualmente repetimos a ideia de cidade medieval: condomínios horizontais onde seus muros protegem aqueles que estão em seu interior. Outros exemplos podem ser dados: o automóvel atual não passa da carroça na qual substituímos o cavalo por um motor a combustão ou a eletricidade. O cor- reio eletrônico substitui as cartas, e o Twitter substitui o mural do bairro. E tantas outras situações, em que apenas as incrementamos tecnologicamente. UM NOVO PRODUTO Vamos a uma pequena história: Há muito tempo, no século XVIII, a população enfrentava um problema para conservar alimentos contra a deterioração, em especial quando se realizava o seu transporte. Surgiu, então, a ideia de guardar a comida em latas lacradas e aquecê- -las a alta temperatura. Não se sabia na época, mas ao aquecer a lata, estavam eliminando quaisquer micro-organismos presentes na comida e o lacre evitava a entrada de novos micro-organismos, garantindo que o alimento não ia se dete- riorar por um tempo. A partir dessa ideia foi criada a comida enlatada, um produ- to muito útil atualmente. O que você talvez não saiba é de um fato muito curioso: o abridor de latas só foi inventado mais de 10 anos depois, e, durante aquele período, as latas eram abertas com martelo, talhadeira e outros instrumentos, in- cluindo pedras. Aqui temos exemplos interessantes: a) o surgimento de um novo produto pela demanda de mercado, a comida enlatada; b) a demanda por produtos que tornem o anterior de mais fácil uso e, portan- to, com maior utilidade, neste caso o abridor de latas. Novos produtos surgem pela inovação e criatividade do ser humano, através de pesquisa pura ou aplicada. Mas não necessariamente novos produtos são ne- cessários ou existirá demanda pelos mesmos. Logo uma excelente ideia pode de- terminar a quebra de uma empresa se não estiver atenta ao mercado.
  • 18. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 16 O MERCADO COMO FILTRO DO SUCESSO Não adianta ter os melhores produtos ou estruturas de suporte e não ter o cliente. Vamos a três pequenas histórias para ilustrar isso. DAVI E GOLIAS Dreamstime (2012) Figura 2 − Davi x Golias Você lembra a história do pequeno Davi? Ele vence o gigante Golias com o uso de um estilingue. Na década de 60/70, a AT&T (American Bell) possuía uma influência tão forte no mercado de telecomunicações americano que o governo decidiu, para o bem da população, que ela deveria ser fragmentada em empresas menores, as chama- das Baby Bell´s. Dessa forma, cada pequena empresa atuaria de forma regional e a AT&T trabalharia com os estados, em ligações a longa distância, como nosso DDD. A AT&T se manteve como empresa principal na área nas décadas de 70,80,
  • 19. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 17 e 90, contudo, a poucos anos, foi adquirida por uma das empresas originarias dela na divisão. O que aconteceu? Em última instância ela foi vítima da crença de que o VOIP (nova tecnologia), voz sobre IP, não afetaria seus negócio de chamadas a longa distância. O grande problema para a mesma é que o VOIP se tornou uma realidade e afetou suas receitas. Não acreditar em inovação pode matar. DEXTER Vector Junky (2012) Figura 3 − Dexter Dexter é um menino cientista dos desenhos animados que vive no laboratório, está ligado em tudo e nos avanços tecnológicos. A Nortel Canadense também estava. Era uma das líderes do mercado mundial, mas era baseada na telefonia clássica, usando X. 25, depois Frame Relay fornecendo soluções para o mercado. Contudo, como era uma empresa a busca do novo, notou que o mercado ten- dia para a convergência digital usando ATM. Adquiriu a principal fornecedora de ATM, a americana Bay Networks, e investiu neste mercado. Em certo momento, com o crescimento da internet, apostou no chamado IP Over Sonet, ou protocolo IP diretamente sobre a fibra ótica, mais barato, mais simples que ATM e seria o futuro. Apenas um pequeno problema aconteceu: o mercado não comprou a ideia da Nortel e ela que passou a ter uma excelente solução para os próximos anos, infe- lizmente quebrou e está terminando de ter suas patentes vendidas no mercado para pagar as dívidas. Ideias revolucionárias cedo demais podem quebrar.
  • 20. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 18 NARCISO Peintures des Musées de France (2012) Figura 4 − Narciso A Apple, após fornecer o primeiro microcomputador para pessoas comuns usarem, por já vir montado, sofreu uma forte concorrência com o lançamento pela IBM, uma empresa muito maior que a Apple, do IBM PC, em 1981. Enquanto a IBM tinha um século, a Apple, 5 anos. O que fazer? A resposta veio em inovação: a Apple introduziu o Macintosh com interface gráfica e multimídia no início dos anos 80 (1984), sendo o sucesso tal que rapidamente recuperou o mercado per- dido para o IBM PC. Com as ações da Apple na Bolsa de Valores, Steve Jobs contratou um adminis- trador para a empresa e passou a se dedicar à criação de novos produtos. O admi- nistrador entendeu que Jobs não devia mexer com inovação já que o Macintosh era um sucesso e o demitiu. Depois de algum tempo, a Apple não conseguiu ino- var mais o Macintosh e passou a ter prejuízos, quase indo à falência. Recuperou-se quando adquiriu a nova empresa fundada por Jobs após sua demissão, a Next, recolocando-o como presidente da Apple. Basicamente os produtos da Next fo- ram e são os Macintoshs atuais. Ficar parado no tempo, curtindo o próprio sucesso, pode ser mortal. O QUE FAZER? Usando uma expressão popular: “se correr o bicho pega se ficar o bicho come!”
  • 21. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 19 Dreamstime (2012) Figura 5 − Leão pronto para atacar Se não procurar inovação e novos produtos a empresa quebra e se buscar pro- dutos muito inovadores, quebra também. Não é bem assim, o que apresentamos foram casos infelizes no mercado, que afetaram empresas líderes e com mais de 50 anos de mercado. Devemos entender que existe forte demanda por novos produtos, inovação, e que acima de tudo o mercado é dinâmico e muda constantemente. Uma ideia boa hoje pode ser péssima amanhã e vice-versa. A Apple com o Ipad nos pro- va isso. Várias empresas tentaram montar um tablet com funções parecidas, sem sucesso. O Ipad não. Ele era o produto certo, na hora certa, no formato e design certo. Isso se chama sucesso de vendas. Pense um pouco nas palavras de Cazuza, em o Tempo Não Para. … Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não para Não para, não, não para… O novo sempre vem. Mesmo que revisite o passado. 2.2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL "Sinais de vida no país vizinho Eu já não ando mais sozinho Toca o telefone, Chega um telegrama enfim Ouvimos qualquer coisa de Brasília Rumores falam em guerrilha
  • 22. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 20 Foto no jornal, Cadeia nacional ... Viola o canto ingênuo do caboclo ..." (Revoluções por Minuto, RPM) As mudanças sempre vêm. O novo sempre vem, gostemos ou não. O mundo está em uma constante revolução: a revolução da informática, da conectividade, da aldeia global. Mas como diriam os autores do texto acima, a mudança é emi- nente. Outro ícone, Renato Russo, expressou em Fátima: Mas acontece que tudo tem começo… Se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês E o começo foi há muito tempo. Ao falarmos em revolução da informática, veremos que começou há dois séculos. DO TEAR AO TEAR Dreamstime (2012) Figura 6 − Antiga produção de tecido
  • 23. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 21 A revolução industrial tem início na Inglaterra do século XVIII com a mecaniza- ção dos sistemas de produção. Elementos marcantes, como a locomotiva a vapor e o tear, surgem. Na segun- da metade do século XIX, ocorre a segunda revolução industrial com um forte cunho tecnológico, merecendo destaque a eletricidade, os processos vindos dela e novas tecnologias. Com os avanços da tecnologia da informação e da genética, estamos na tercei- ra fase, ou terceira revolução industrial. Um fato marcante no início da revolução industrial foi a automação dos teares manuais que produziam tecido. Foi desenvolvido um tear mecânico programá- vel, que mediante um cartão perfurado se especificava o padrão do tecido e os desenhos a serem produzidos. Foi um progresso notável para a época, possibili- tando ganho em produtividade e qualidade. Dreamstime (2012) Figura 7 − Tear mecânico A criação do tear mecanizado abriu a mente da população da época para um novo mundo de oportunidades com a automação, surgindo então uma forte de- manda por novos produtos que resolvessem problemas do cotidiano, em espe- cial no chão de fábrica da indústria. O cartão perfurado de comandos usado pelo tear automatizado foi empre- gado até a década de 50, quando surgiram os terminais interativos. Com a nova tecnologia, os cartões deixaram de ser usados como principal forma de entrada de dados para computadores. A posse da matriz energética é elemento determinante nesse momento para o sucesso.
  • 24. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 22 A REVOLUÇÃO ELÉTRICA Dreamstime (2012) Figura 8 − Lâmpada de tungstênio O surgimento da eletricidade é ponto marcante na chamada segunda revo- lução industrial, e podemos notar alguns elementos lógicos. Com a eletricidade temos a matriz energética, enquanto geradora, localizada em local não determi- nado. Deixamos de ter estoque de óleo, carvão e outros insumos e tratamos a fonte de energia como uma commodity. Outro elemento principal é a possibili- dade de criarmos novos engenhos, produtos, que ocupam menos espaço e são mais baratos. Em especial na área de comunicação, a eletricidade nos permite uma gama imensa de oportunidades. Saímos do papel utilizado a milhares de anos, o sim- ples desenho sobre uma superfície que necessitava ser transportada para ter seu conteúdo acessado, e chegamos aos meios de comunicação que não precisam de transporte. Podemos citar o telégrafo, o rádio, o telefone, a televisão. Esses meios de comunicação mudam totalmente a organização social, política e espacial com as quais as comunidades humanas estavam acostumadas. Uma nova humanida- de surge. Se novos conceitos surgem, as demandas por produtos adequados à nova re- alidade deixam de ser ocasionais e passam a ser demoradas. É claro que nessa época, final do século XIX, as capacidades apenas começam a ser imaginadas e transformadas em produtos. A posse da matriz energética passa a não ser determinante, mas meramente uma commodity. É elemento chave a fábrica, o processo fabril e a informação.
  • 25. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 23 A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO FabriCO (2012) Figura 9 − O mundo digital Se a capacidade de fornecer alimento e abrigo ao homem na pré-história foi fa- tor determinante para definir o espaço que o mesmo ocupava; e o fogo, elemento que permitia transformar o alimento, gerar proteção contra outros seres e aque- cer item básico de sobrevivência, algo quase místico dentro de um agrupamento humano e defendido vorazmente. A defesa do fogo perde a importância quando há a descoberta de como gerá-lo (lembramos que só conseguíamos fogo devido a algumas tempestades com raios que provocavam um incêndio). O fogo conti- nuou sendo importante, mas algo maior surge: a informação, o conhecimento. As tábuas de pedra, com os mandamentos que Moisés traz ao povo, são co- nhecimentos sociais que permitem que comunidades sobrevivam. A biblioteca de Alexandria é um repositório de conhecimento, algo que Alexandre, O Grande, entendeu ser mais importante que o ouro e riqueza dos povos que conquistou. A idade média é marcada pela Santa Inquisição e pelo Index (de livro proibido), novamente conhecimento que podemos acessar ou não. A igreja católica possuiu a posse do conhecimento humano durante séculos quando a única forma de se copiar livros era através de réplica manual, tão bem executada por monges copis- tas que dominavam várias línguas e técnicas. A implementação da imprensa por Gutenberg marca a possibilidade da divulgação da informação em escala. Qual- quer um poderia a baixo custo replicar informação. VOCÊ SABIA? Acredita-se que a imprensa foi inventada na China e Gutenberg apenas aperfeiçoou o processo trocando os blocos de impressão de barro por chumbo. A segunda revolução industrial transformou o modo de transportar a informa- ção, contudo, atualmente, a informação é gerada e consumida instantaneamente
  • 26. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 24 pela população mundial. Produzimos nos últimos 10 anos de existência da inter- net mais informação do que nos milênios anteriores de existência humana. Hoje, a posse da informação e seu uso adequado é o fator determinante no sucesso de um produto, bem como o uso adequado dos novos canais de comu- nicação, como as redes sociais, tem impacto maior do que qualquer marketing tradicional. A demanda por produtos e a forma que esperamos por eles passou a ser determinada de forma global e comunitária. A posse da fabrica é apenas um detalhe técnico, tanto que grande parte da factory, produção básica, foi migrada para a China. "Somos os filhos da revolução, Vamos fazer nosso dever de casa E aí então vocês vão ver Suas crianças derrubando reis Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola." (Renato Russo, Geração Coca-Cola) Renato Russo, ao escrever os versos sublimes de Geração Coca-Cola, estava quase certo: não somos escravos, somos produtos da internet. A nova tônica é a aldeia global. Nós, enquanto profissionais da tecnologia da informação, somos os alicerces de uma nova civilização que surge. Perceba a dimensão de nossa res- ponsabilidade. O mundo é informação e a informação é digital. 2.3 O CICLO VIRTUOSO "Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração..." (Chico Buarque, Roda Viva) A poesia detalha, tão bem, a vida como uma roda de desafios e mudanças. A própria vida é tratada como uma roda, um ciclo. O ciclo da vida. Começo, meio, fim e recomeço, já que em um ciclo não existe fim. A demanda por novos produ- tos e serviços pode ser vista da mesma forma. Como um ciclo de início, meio, fim e recomeço com um novo produto.
  • 27. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 25 Em administração, estamos interessados também em um ciclo específico: o virtuoso. Vamos discutir sobre ele e o impacto sobre a demanda de novos pro- dutos. ONDE TENHO UMA TOMADA LIVRE PARA A SARDINHA? Dreamstime (2012) Figura 10 − Sardinha enlatada Imagine o desafio de se comer sardinha. Há algum tempo o problema era achar uma frigideira para fritar as sardinhas. Hoje, é achar uma tomada para ligar um abridor de lata elétrico. O fato de criarmos novos produtos acaba alimentando a criação de novas so- luções para os novos produtos e, a partir daí, outros novos produtos são criados, estabelecendo-se um ciclo sem fim. Vamos explicar melhor: Se você desejava comer sardinha com Miojo há algum tempo, bastava fritá-las e pronto. Ao surgir comida enlatada foi interessante criar um novo produto base- ado nos enlatados: sardinhas em lata (molho de óleo ou tomate). Bom, era difícil abrir a lata de sardinha com um martelo, o sucesso e popularidade do produto enlatado levou a invenção de um novo produto: o abridor de latas. Agora era fácil abrir uma lata de sardinha. Como o abridor de latas foi criado, permitiu-se uma popularização maior de outros produtos em latas, causando mudanças na forma das pessoas se alimenta- rem. O que origina outra vez novos produtos, como um abridor de latas elétrico. Na área de informática encontramos o mesmo processo. Os primeiros compu- tadores eram máquinas imensas que resolviam poucos problemas e inacessíveis. Na década de 60, tínhamos máquinas menores e de menor custo. No cinema e TV
  • 28. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 26 passavam diversos filmes e seriados mostrando computadores de forma integra- da ao dia a dia. A série Jornada nas Estrelas (StarTrek) apresenta o conceito do que seriam os nossos tablets atuais, como podemos ver na figura a seguir, isso num tempo que não havia o computador pessoal, o microcomputador. Desilu Productions (1966-1967), Paramount Television (1967-1969) Figura 11 − Ideia conceitual de tablet apresentada na série Star Trek A fixação desta ideia de produto e as possibilidades geradas pelo transistor e circuitos integrados levaram a criação deste e de vários outros produtos nas duas décadas seguintes à de 60. Um novo produto puxa outro levando a uma demanda constante de inovação e novos produtos. CASOS E RELATOS FabriCO (2012) Figura 12 − Abacaxi A capital do abacaxi A cidade de Xique-xique vivia uma crise imensa, com seu comércio fe- chando, e com a economia local parada. Um dia, o novo prefeito resolveu que incrementaria a economia local.
  • 29. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 27 O seguinte anúncio foi colocado na entrada da cidade: “Venham conhe- cer a capital do Abacaxi”, e divulgou essa visão entre a população. Logo, os produtores agrícolas começaram a plantar abacaxi, o que demandou a contratação de pessoas, para o campo. A indústria local, vendo as possibilidades, montou uma fábrica de compotas e uma de doces de abacaxi, que gerou mais emprego e maior capacidade de consumo por parte da população. Hoje Xique-xique, por ter acreditado, é realmente a capital do abacaxi com uma economia rica que gira em torno da cultura do abacaxi. O prefeito, reeleito, agora tem uma nova ideia: “Xique-xique a capital do abacaxi, laranja e mel”. É que uma flor leva à outra e abelha gosta de mel, um ciclo evolutivo constante. Dreamstime (2012) Figura 13 − Colmeia Entende-se por ciclo virtuoso este processo contínuo de alimentação do siste- ma com crescimento e evolução. Um exemplo interessante seria na área de eco- nomia e finanças. Imagine uma determinada cidade com economia estacionária. Agora considere que você consiga aumentar empregos na cidade: isso vai levar a um aumento de renda da população e por consequência aquecerá o consumo. Se tivermos esse aquecimento, necessitamos de mais produtos e também de mais investimentos na indústria, o que vai gerar mais empregos na cidade, ocasionan- do um aumento de renda da população e assim repetitivamente. Devemos ser cautelosos ao ciclo virtuoso para que não tenhamos o “estouro da bolha” onde exista uma crise eminente.
  • 30. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 28 O CICLO VICIOSO Dreamstime (2012) Figura 14 − Representação do círculo vicioso Da mesma forma que a expressão ciclo virtuoso denota um arranjo econômico crescente, temos outra que expressa também um processo cíclico, mas negativo. O ciclo vicioso ou círculo vicioso. O conceito estabelece uma sequência de eventos, cíclica, que se repete le- vando não a melhoras, mas a uma piora. Um exemplo é a demanda por novos produtos tecnológicos sem razão justificada. Supondo que necessitamos de um novo sistema operacional, este precisa de um novo hardware, que demanda um novo sistema operacional, e assim por diante. No final não teremos ganhado, será apenas o uso e evolução da tecnologia por si só. A LEI DE MOORE E O CICLO VIRTUOSO Gordon Earl Moore, um dos criadores da Intel, em 1965, fez a seguinte afirma- tiva: The complexity for minimum component costs has increased at a rate of roughly a factor of two per year (seegraph on next page). Certainly over the short term this rate can be expected to conti- nue, if not to increase. Over the longer term, the rate of increase is a bit more uncertain, al-though there is no reason to believe it will not remain nearly constant for at least 10 years. Fonte: <ftp://download.intel.com/museum/Moores_Law/Arti- cles-press_Releases/Gordon_Moore_1965_Article.pdf>
  • 31. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 29 Em sua visão, a capacidade computacional, em termos de componentes por circuito integrado, dobraria a cada ano. Leia o artigo completo e entenderá a vi- são de Moore do ciclo virtuoso aplicado a produtos em tecnologia. Em suma: a) os circuitos integrados geram novos produtos, com preços menores; b) com os preços mais baixos, permite-se (induz) o surgimento de novos pro- dutos e aplicações: microcomputadores, video games; c) o surgimento de novas aplicações leva a uma maior demanda de mercado o que gera novas indústrias; d) novas indústrias geram concorrência; e) concorrência gera demanda por avanços tecnológicos; f) a demanda leva à manufatura de mais elementos por circuito integrado. A LEI DE NATHAN Computação é essencialmente software. Nathan Myhrvold nos apresenta uma série de conceitos muito interessantes sobre ele, conhecida como Lei de Nathan, vejamos: a) Primeira Lei: software é como gás, expande até preencher todo o container; b) Segunda Lei: software cresce até se tornar limitado pela lei de Moore; c) Terceira Lei: o crescimento do software torna a lei de Moore possível; d) QuartaLei:softwaresomenteélimitadopelaexpectativaeambiçãohumanas. SAIBA MAIS Para saber mais sobre as Leis de Nathan, leia o artigo origi- nal disponível em: <http://wm.microsoft.com/ms/acm97/ nm100.asf>. Se analisarmos as premissas, veremos que software acaba sendo o elemento determinante na evolução do hardware. Um exemplo recente é o Kinect da Micro- soft que nos apresenta uma nova forma de interagir com sistemas computacio- nais, possibilitando caminharmos para a realidade aumentada e a virtual. O Kinect hoje é limitado de forma eficaz ao Xbox, devido ao alto consumo de hardware. Com os sistemas computacionais evoluindo, teremos o mesmo no cotidiano e toda uma mudança na forma de trabalhar, gerando um novo ciclo, virtuoso, na área de TI. Devemos estar sempre atentos a manter nossa empresa em um constante ci- clo virtuoso.
  • 32. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 30 2.4 A CONVERGÊNCIA DIGITAL "Pane no sistema, alguém me desconfigurou Aonde estão meus olhos de robô? Eu não sabia, eu não tinha percebido Eu sempre achei que era vivo Parafuso e fluído em lugar de articulação" (Admirável chip novo, Pitty) Dreamstime (2012) Figura 15 − Convergência digital O ser humano é um ser social. Vive em grupos e para tal emprega a informação e meios de transmissão para se comunicar. No início eram as pinturas nas caver- nas e a conversa ao redor da fogueira, hoje é a internet. No mundo em que vivemos encontramos várias formas e fontes de informação, porém quase todas são analógicas. O mundo computacional é digital, devemos entender como digitalizar esta informação analógica para seu uso computacional. NYQUIST Rochester Institute of Technology (2012) Figura 16 − Harry Nyquist
  • 33. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 31 No ano de 1929, Harry Nyquist estabeleceu os requisitos e princípios básicos para a digitalização da informação. Notou que se obtivéssemos amostras do sinal/informação analógica que dese- jássemos digitalizar, em uma taxa que fosse o dobro da frequência e, neste ponto, pegássemos o valor do sinal, como uma amostra representada por um número, este poderia ser armazenado, anotado, transmitido. Ao se enviar as amostras para um ponto B diferente, bastaria ter uma onda com a mesma frequência da original e ajustarmos nela os valores da amostragem realizada para termos a informação integral original sem perdas. Denis Pacher (2012) Figura 17 − Digitalização conforme o teorema de Nyquist Fonte: http://www.emssiweb.com/2lMuneadLimin/inc/ckfinder/userfiles/images/MUESTREO1.jpg Parece confuso, mas não é. Vejamos um exemplo: Imagine uma onda com frequência de um hertz (1 Hz), que significa um ciclo por segundo. Pelo teorema de Nyquist, obtemos duas amostras do sinal no in- tervalo de 1 segundo. Essa informação serve para recriar o sinal original quando tivermos uma onda de mesma frequência no destino em que desejamos levar a informação. O teorema de Nyquist fala apenas em tempo. Contudo, um sinal também pos- sui amplitude (altura). Logo no eixo Y de amplitude, teremos que definir os pon- tos a serem marcados, de 0 a N. Em uma determinada amostra, em que o sinal esteja entre dois pontos marcados no eixo Y, podemos ter um valor não inteiro. Valores não inteiros são de difícil representação, em especial em informática. O teorema de Nyquist foi criado em um momento que não tínhamos compu- tadores, mas foi o elemento principal, de aplicação imediata, para a digitalização dos dados. QUANTIZAÇÃO Já que lidar com valores não inteiros é um problema, podemos resolver isto ar- redondando os mesmo. A solução que foi apresentada para o problema foi quan- tizar (aproximar) o sinal ajustando para o intervalo mais próximo. Por exemplo, um valor 2,1 iria para 2; um 2,9 para 3.
  • 34. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 32 O processo de quantização introduz pequenos erros na amostragem do sinal e leve distorção na sua amplitude na recriação, mas algo considerado tolerável dada a economia gerada. VOCÊ SABIA? Usuários de equipamentos de som com LP de vinil ale- gam que o CD não consegue representar o mesmo som. Estão certos. Os erros introduzidos na digitalização com quantização, mesmo mínimos, são notados por ouvidos bem treinados. A figura abaixo apresenta uma ilustração de um processo típico de digitaliza- ção. O item principal para o sucesso da digitalização é o codec (codificador/deco- dificador do sinal). Para se obter um desempenho maior, os codecs vêm normal- mente implementados em circuitos integrados denominados DSP (Digital Signal Processor), podendo, contudo, serem executados também em software. PAM Quantização Codificação binária Binário / codi- ficação digital 0001100000100110 +038 - 127 + 127 000 Direção da transferência +024 00110010000011000 Denis Pacher (2012) Figura 18 − Processo de digitalização Fonte: http://www.todomonografias.com/images/2007/03/102957.gif Observe que o teorema de Nyquist é uma aplicação na frequência e tempo, logo sinais estáticos, como uma foto, necessitam de outro tipo de tratamento para digitalização. AS MÍDIAS Diversas mídias são empregadas no dia a dia para representar a informação que desejamos no mundo real e por consequência no computacional: o áudio, o vídeo e as imagens. Discutamos, então, um pouco sobre as características de cada um e como digitalizar tais mídias.
  • 35. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 33 a) O áudio FabriCO (2012) Figura 19 − Exemplo de onda sonora A humanidade ao longo do tempo tem usado os mais diversos meios para se comunicar, em especial temos a voz, a música e outros sons que chamamos sim- plesmente de som ou áudio. Uma característica do áudio, enquanto sinal, é de ser uma modulação sobre uma onda analógica, ou seja, em todo momento temos o sinal sonoro, mesmo quando está em silêncio. A digitalização do som consiste em aplicar o teorema de Nyquist e armazenar os valores numéricos das amostras. Esses valores podem ser transmitidos em sis- temas de comunicação, como a telefonia, ou armazenados em CD ou DVD. Se você olhou o conteúdo de um CD de música, nele existem diversos arqui- vos com extensões como wav, mp3 e outros. Esses arquivos contêm os dados digitalizados e, devido ao grande tamanho dos dados, são comprimidos usando algoritmos especializados conhecidos como Codecs.
  • 36. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 34 b) A imagem FabriCO (2012) Figura 20 − Exemplo de imagem O uso de imagens para expressar, armazenar e transmitir informações é mile- nar, remete a representação através de pinturas rupestres, passando pela escrita nas suas mais variadas formas, incluindo a escrita atual latina que nada mais é do que a associação de fonemas a imagens e a partir daí temos textos que represen- tam sons que podem ser fonetizados1 e falados. Merece destaque a pintura e a fotografia como elemento de representação de informação. A característica principal de uma imagem é que é estática ou discreta, não ten- do como elemento componente o tempo. Como a imagem é estática, o processo de digitalização não aplica o teorema de Nyquist, e busca especificar que em uma área de uma polegada quadrada representamos N pontos, denominamos de dpi, ou dots per inch (pontos por polegada). Após a digitalização, procedemos com a compressão dos dados obtidos geran- do um arquivo de saída. Exemplo de arquivos digitais comprimidos são jpeg e png. Dreamstime (2012) Figura 21 − Pintura rupestre 1 FONETIZAR Tornar fonético. Examinar sob o ponto de vista fonético. Grafar (os vocábulos) segundo a fonética.
  • 37. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 35 c) O vídeo A fotografia em movimento e o som. FabriCO (2012) Figura 22 − Vídeo O vídeo consiste em uma mídia muito utilizada nos dias atuais por permitir capturar o movimento das coisas. No processo de digitalização de um vídeo são empregadas técnicas de amostragem temporal da imagem. No caso, o olho hu- mano é capaz de perceber 30 imagens por segundo, obtemos 30 fotos por segun- do e aplicamos técnicas de digitalização das fotos obtidas. Um segundo arquivo é gerado capturando o áudio e digitalizando o mesmo usando práticas já descritas. No final um arquivo de saída é gerado combinando os arquivos de vídeo e de áudio obtidos. Formatos conhecidos de arquivos de vídeo são mpeg4, mpeg2, avi, dvix. O TRATAMENTO DAS MÍDIAS Ao longo do tempo as diversas mídias (áudio, vídeo, imagens) são combinadas em diversos produtos que atendem à demanda, seja fotografia, jornal, revistas, rádio, tv, telefonia, equipamentos como cd player, gravador cassete etc. Cada mí- dia era tratada de forma separada com equipamentos separados.
  • 38. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 36 O procedimento de digitalização da informação associado à popularização da internet como rede de conectividade permite atualmente novos produtos, todos digitais. Os tipos de mídias se unem em único universo digital. Dreamstime (2012) Figura 23 − Ícones de mídias Denominamos de multimídia a grande área na computação que trata várias mídias, hoje quase sempre online, e produtos e métodos para lidar com elas. 2.5 A CONVERGÊNCIA DIGITAL – PRODUTOS Thiago Rocha (2012) Figura 24 − Modelo antigo de televisão
  • 39. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 37 Entendemos por convergência digital o processo de migração das nossas so- luções para o mundo digital. A convergência digital, magistralmente sentida na obra de Marshall McLuhan “Understanding the Media”, em 1963, atualmente se tornou produto, realidade palpável. Hoje, encontramos-nos em uma situação peculiar: quase tudo que conhece- mos está na internet de forma digital. SAIBA MAIS O pessoal de publicidade tem uma visão bem interessante da convergência. Em especial, veja os vídeos EPIC 2015, no link <https://www.youtube.com/watch?v=U2LcBmoE6Ws>, e Prometheus a Revolução da Mídia, em <https://www.youtu- be.com/watch?v=5SJup6CGiO4>. A MÚSICA Dreamstime (2012) Figura 25 − Fonógrafo de Edison No início, surgiu o fonógrafo de Edison, que depois foi modificado em toca discos com LPs (Long play) de vinil. O processo era todo analógico. Gravavam-se ranhuras no vinil que ao passar uma agulha sobre ele o som gravado era gerado e amplificado em caixas sonoras. Com a introdução dos primeiros CDs, os LPs de vinil começaram a sumir do mercado. Os toca-fitas que permitiam a portabilidade do áudio deram lugar aos toca-CDs portáteis, os chamados discman. A Apple introduziu a ideia do discman com mídia de estado sólido, o IPOD. Foi um sucesso absoluto. Isso levou à demanda de novos produtos na área, ex- terminando os tradicionais LPs e CDs. Hoje unimos a isto a conectividade, onde
  • 40. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 38 levamos a música para a internet, mudando completamente a forma de vender e comprar música. De um início conturbado, como sites onde as músicas eram disponibilizadas de forma ilegal, hoje temos o modelo do iTunes que nos permite adquirir músicas de forma legal. Um fato interessante foi quando a Apple propôs o iTunes: grande parte do mercado acreditou que seria um completo fracasso, uma perda de tempo e di- nheiro. Esse raciocínio partiu da visão de que se baixava música da internet por ser “de graça”, ou seja, com a intenção de não pagar, caracterizando roubo/pira- taria da música. A implementação do iTunes mostrou o contrário: foi um sucesso absoluto, tanto que o iTunes responde por uma parcela razoável dos lucros da Apple nos dias atuais. Os usuários desejavam comprar músicas digitais via down- load por um preço razoável. Ninguém havia oferecido tal serviço ainda, logo o mesmo foi implementado pela força: temos um caso interessante em que o mercado diz quais produtos deseja e como, se não fornecermos tal serviço, o mercado arruma uma forma de obtê-lo. No caso do iTunes temos ainda o choque claro entre gerações. Uma que acredita em uma forma de mundo, e outra que pratica outro formato, atualmente conectadas e em rede. O JORNAL E O LIVRO Dreamstime (2012) Figura 26 − Livros Se a música migrou para o online imagine o jornal e os livros. O Amazon Kindle e outros leitores de texto são os elementos chaves nos dias atuais. Encontramos modelos interessantes como os jornais que mantêm uma versão impressa e uma
  • 41. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 39 online e os casos, como o tradicional Jornal do Brasil, que optou por manter ape- nas uma versão online. A portabilidade de livros é um elemento interessante para o usuário e colabo- ra com a sustentabilidade. A impressão de documentos como um todo tende a diminuir ao longo do tempo, gerando um consumo de madeira menor para este fim, bem como a redução de custos e de espaço usado para guardar livros. AS CARTAS FabriCO (2012) Figura 27 − Carta O que são mesmos as cartas? Se você tem menos de 20 anos talvez nunca tenha escrito uma carta, mas se perguntar a sua avó ela poderá explicar. Talvez comece assim: “− Nos meus tempos as coisas eram melhores, não tínhamos essa coisa de computador com e-mail não, se queríamos falar com alguém, mandávamos uma carta.” Nos dias atuais, as cartas foram praticamente substituídas pelos e-mails que replicam o mesmo conceito. Um documento que enviamos de um endereço para outro, mas não um endereço físico, e sim um endereço do mundo digital na in- ternet. E-mails são muito usados, mas já percebemos claramente seu destino: a extinção. Da mesma forma que as músicas quando digitalizadas foram para o CD, e o mesmo desapareceu com o aparecimento da internet, o e-mail tem seguido o mesmo caminho. Não basta usar o mesmo conceito em uma nova mídia. A in- ternet é interativa e viva, e não estática como o papel. Soluções on the fly, como
  • 42. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 40 mensagens instantâneas e as redes sociais, são as novas tônicas de comunicação. E-mail é passado, não por ser ruim, mas pelo mercado exigir um novo produto e forma de trabalhar. O TELEFONE Dreamstime (2012) Figura 28 − Modelo de telefone antigo O telefone representa um elemento interessante de mudança. Nos primórdios das redes computacionais, a telefonia era usada, e ainda continua, como rede bá- sica de transmissão de dados. O tráfego de dados era tratado como uma aplica- ção extra, um subproduto, já que a lucratividade vinha dos serviços de voz. Ao longo do tempo, o telefone mudou. A rede telefônica foi digitalizada, mas para o usuário final nada mudou. Na década de 90 surge, em escala, a primeira grande evolução: a telefonia móvel celular. Existiam telefones móveis, mas liga- dos a carros devido ao grande consumo de energia para transmissão e recepção de sinal, tornando o uso em escala inviável. O surgimento do sistema de comunicação via rádio celular permitiu a popu- larização do serviço de telefonia no Brasil. Mesmo com o alto custo do serviço, muitas das vezes era a única alternativa disponível em determinados locais de- vido à escassez de linha fixa. O sistema celular permitiu a mobilidade do usuário, contudo era somente um telefone. Uma ideia interessante foi integrar a ele um serviço semelhante aos dos pagers de época com o envio de mensagens, este serviço foi chamado SMS (short message system), obtendo grande sucesso como serviço agregado.
  • 43. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 41 Com a digitalização da planta celular começaram a ser integrados serviços de comunicação de dados, primeiro serviços lentos, hoje 3G caminhando para o 4G (LTE). Mesmo com a baixa qualidade dos serviços 3G no Brasil e seu custo alto, o celular superou as instalações fixas de banda larga. Dreamstime (2012) Figura 29 − Modelo de Smartphone Se tivermos dados no celular, ele pode virar um computador. Consequência imediata: surgem os smartphones, basicamente computadores em um celular. A Blackberry, fabricante canadense, é um exemplo disto: vendia PDAs e em deter- minado momento integrou uma aplicação ao PDA, o acesso via celular. A telefonia fixa tem sido trocada para chamadas a longa distância por VOIP. Notamos uma mudança interessante: a rede celular, sendo usada para dados, e a fixa, sendo transformada em uma aplicação na internet. Produtos como iPhone e Android surgem neste contexto. Com as mudanças do modo de se usar a telefonia e as possibilidades são imen- sas. VOCÊ SABIA? Que o telefone celular enquanto equipamento móvel, não conectado ao carro é ideia e patente de um brasilei- ro? Isso também ocorre para o cartão telefônico! Conhe- ça estes dados e outros visitando o site do CPQD. AS MUDANÇAS A convergência digital levou todas as áreas a migrarem a forma de atuar. A telefonia foi para o voz sobre IP, televisão para IPtv (IP TV), tecnologia diferente
  • 44. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 42 da TV digital (conhecida como SBTVD no Brasil) por ser online e interativa, se co- meçarmos a enumerar, a lista é imensa no uso das mídias, e então temos várias mudanças. A demanda por novos produtos que aliem diversas mídias online apenas está começando. A TELEVISÃO Um fato curioso ocorreu com a tentativa de se replicar o nosso modelo de tele- visão aberto na internet. O Youtube oferece programação com horário marcado, além de seu tradicional sistema de vídeo armazenado. Lógica simples: existiam muitos usuários no Youtube que organizavam playlists. O Youtube poderia fazer isso para eles, porém não deu certo. As razões do não sucesso são várias, mas a principal: a televisão não possui interatividade na escolha da programação. O Youtube permitia isso. Temos um claro exemplo que não basta colocar o mesmo produto em uma nova mídia. COMO USAR A MÍDIA FabriCO (2012) Figura 30 − Caminhos Da mesma forma que um novo meio, no caso a internet, leva a uma forma diferente de tratar as mídias, o que fazemos com elas, agora digitais, muda subs- tancialmente. Alguns exemplos para refletirmos:
  • 45. 2 Demanda por Novos Produtos Industrializados 43 a) o ensino atual cada vez mais possui conteúdos online e caminha para o ensi- no não presencial a distância e a web é a alavanca deste processo; b) o diagnóstico de doenças é feito de forma colaborativa por especialista em rede; c) a edição de livros é realizada online por grupos de pessoas em países dife- rentes. A lista de possibilidades é imensa. Cada uma significa novos produtos, uma demanda constante em um ciclo virtuoso alimentando as probabilidades da cria- tividade humana. E do seu ponto de vista, profissional de tecnologia da informa- ção, abrindo novos campos de atuação. Nos dizeres de Aldous Huxely chegamos ao “admirável mundo novo” (the brave new world). Recapitulando Neste capítulo você compreendeu o que são as demandas por novos pro- dutos e como as revoluções influenciaram o caminho percorrido até a chegada do mundo digital. Entendeu a importância do ciclo virtuoso dentro da demanda por novos produtos e a promoção do aperfeiçoamento neste processo.
  • 46.
  • 47. 3 Inovação tecnológica A busca por novidades faz parte do homem desde a sua origem, estando presente nas mais diversas áreas do conhecimento. Pessoas e fatos inovadores transformaram produtos e conceitos, levando a indústria a uma dinâmica mais ágil e eficaz, impactando diretamente no mercado e sua competitividade. A inovação dos produtos e seus processos de fabricação é diretamente motivada pelo de- senvolvimento tecnológico e econômico do mercado. Em conjunto, a boa organização de uma empresa e um marketing bem planejado e executado propicia o máximo de eficiência, suprindo as necessidades demandadas. Ao final deste capítulo você será capaz de: a) definir o que é inovação e seu impacto no mercado; b) relacionar a inovação de produtos, processos, organizações e marketing à área de TI; c) entender o que é e como praticar a gestão da inovação.
  • 48. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 46 3.1 O QUE É INOVAÇÃO "Você me faz correr demais os riscos desta highway Você me faz correr atrás do horizonte desta highway Ninguém por perto, silêncio no deserto, deserta highway Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir..." (Infinita highway, Engenheiros do Hawaii) “Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise. Em sua missão de cinco anos: para explorar novos mundos, para procurar novas vi- das e novas civilizações, para audaciosamente ir aonde nenhum homem jamais esteve.” (Stark Trek, 1966). Poder Naval (2012) Figura 31 − Nave estelar Enterprise A procura do novo. O ser humano sempre esta buscando, como vimos nas palavras de Gessinger, do grupo Engenheiros do Hawaii, ou nas de Gene Rodden- berry, na série Jornada nas estrelas, a busca é constante. A Bíblia Sagrada nos traz a visão da procura de conhecimento do homem em sua origem por Adão e Eva. A maçã mordida é o conhecimento obtido. A busca da inovação é o motor da sociedade e seu objeto de destaque no mundo. A inovação está presente em diversas áreas do saber, alguns exemplos: a) Leonardo Da Vinci foi inovador em quase tudo o que fez, podemos citar seus conceitos de anatomia; b) Van Gogh e Picasso representam uma forma de ver o mundo diferente pela pintura; c) Freud apresentou um olhar inovador sobre o ser humano entendendo-o do ponto de vista psicológico e não somente físico;
  • 49. 3 Inovação Tecnológica 47 d) Ford foi inovador ao executar a linha de produção em série. Poderíamos listar, nas várias áreas do saber ou atuação, pessoas e fatos inova- dores que mudaram o ambiente e o tempo em que viveram. Estamos interessa- dos em elementos inovadores que permitam transformar produtos e conceitos, levando a uma indústria mais ágil e ao sucesso econômico. A APPLE E A INOVAÇÃO Na década de 70, a Apple foi responsável por popularizar o conceito de compu- tador entre a sociedade em geral. Na década de 80, a mesma empresa nos trouxe o uso da multimídia como elemento diário, bem como uma interface interativa. Nos anos 90, usando a base da Next, adquirida pela Apple, a empresa apresenta o computador como elemento também de design, não sendo importante ape- nas que funcionasse bem, mas que fosse um elemento do meio, que fosse belo. Década seguinte: a Apple nos traz a fase do I (eu): o iPod, sucessor do discman; o iPhone, sucessor do celular; o iPad sucessor do PDA, e talvez do computador. O que é mais interessante na história da Apple é o uso de inovação nos produ- tos. Toda a tecnologia para criar estes e outros produtos estava disponível para qualquer um usar e ter sucesso. Qual a razão do sucesso da Apple? Dreamstime (2012) Figura 32 − Steve Jobs A Apple foi fundada por dois Steves: Wornizak e Jobs. O primeiro, um enge- nheiro de computação; o segundo, um inovador. O diferencial da empresa foi Steve Jobs que sempre primou por ter produtos inovadores e usáveis por leigos.
  • 50. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 48 INOVAÇÃO Dreamstime (2012) Figura 33 − Inovação Algo importante é definirmos inovação. A FINEP, órgão federal que atua no fomento de projetos inovadores, define inovação como: Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práti- cas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Essa definição abrangente de uma inovação compreende um amplo conjunto de inovações possíveis. Uma inovação pode ser mais estrei- tamente categorizada em virtude da implementação de um ou mais tipos de inovação, por exemplo, inovações de produto e de processo. (FINEP, 2006, p. 55) SAIBA MAIS Para saber mais sobre inovação, leia o documento da FINEP na íntegra, por meio do link: <http://download.finep.gov.br/ dcom/brasil_inovador/capa.html>. Informações sobre inova- ções no dia a dia podem ser obtidas em: <www.inovacaotec- nologica.com.br/noticias>. Ou seja, a inovação é uma nova forma de fazer algo, trazer o novo. A Apple, como vimos a pouco, se enquadra perfeitamente na definição da FINEP.
  • 51. 3 Inovação Tecnológica 49 A NECESSIDADE DE INOVAÇÃO A inovação se faz necessária, principalmente, para a sustentabilidade das em- presas no mercado competitivo. Logo, se a empresa quer ser lembrada e ficar entre as melhores, tem que inovar. As inovações são importantes também porque permitem a conquista de no- vos mercados, aumentando a renda das empresas, consentindo a realização de novas parcerias, conquista de novos conhecimentos e consequente aumento do valor de suas marcas. Podemos notar isso em empresas como Microsoft, Apple e HP, que são marcas muito respeitadas, e que agregam valor aos seus produtos, sendo bem aceitos pelos clientes, alterando seu estilo de vida, hábitos e padrões de comportamento. Em geral, as empresas são o principal centro das inovações. É por intermédio delas que as tecnologias, invenções, ideias e produtos chegam ao mercado, com um processo de concepção, desenvolvimento e gestão da inovação, visto a ne- cessidade de investimento em pesquisa e aperfeiçoamento. Para realizar o processo de inovação, algumas empresas possuem áreas intei- ras dedicadas à inovação, com laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, con- tando com diversos pesquisadores e parceiros. Os principais fatores que influenciam a necessidade de inovação são: necessi- dade de mercado, mudanças na indústria, mudanças demográficas e culturais e novos conhecimentos técnicos. 3.2 IMPACTO NO MERCADO Navegar é preciso, viver não é preciso. (Pompeu). Viver não é necessário; o que é necessário é criar. (Fernando Pessoa) Brasil Escola (2012) Figura 34 − Navegar é preciso, viver não é preciso.
  • 52. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 50 Vamos a um exercício criativo. Feche os olhos. Imagine que você está em uma máquina do tempo e que foi para o ano de 1813. Não é tanto tempo assim. Pense que acabou de acordar em um novo dia. O que vai fazer hoje? Há 200 anos não tínhamos “alguns” produtos. Como a eletricidade, o telefone, a televisão, a internet, ou melhor, o computador. Se enumerarmos, a lista é imen- sa. Tanto elementos básicos como os citados quanto outros, como carros, aviões, ou mesmo um mero medicamento para um resfriado. Nos últimos 200 anos muita coisa mudou. Inovações foram colocadas na prática, novos produtos surgiram, o mundo mudou. Da mesma forma que se fossemos transportados ao passado, imagine alguém daqueles dias, 1813, sendo trazido ao presente. Seria interessante discutirmos e pensarmos qual seria o maior impacto e qual o maior choque gerado. Se a falta dos produtos atuais, que não existiam no passado, ou a presença do novo para aquele que vem para o futuro. Qual a sua opinião? Achamos que o choque do novo é maior. O novo causa mudança e gera desconforto, já que requer adapta- ções e aquisição de outros conhecimentos, desafios. Cazuza disse em “Só as mães são felizes”: ... Reparou como os velhos Vão perdendo a esperança Com seus bichinhos de estimação e plantas? Já viveram tudo E sabem que a vida é bela Reparou na inocência Cruel das criancinhas Com seus comentários desconcertantes? Adivinham tudo E sabem que a vida é bela… A presença de inovações tecnológicas, em especial na área de tecnologia da informação, tem mudando a forma que as empresas e indústrias funcionam, bem como a forma que as pessoas interagem e convivem. Hoje, por exemplo, é mar- cante o papel das redes sociais como elemento aglutinador das pessoas, algo não imaginável há 10 anos. Há alguns anos, o celular foi um avanço fantástico, atualmente não pensamos nele sem estar conectado a internet ou sem SMS. Já pensou um dia sem compu- tadores ou sem carro? O impacto seria grande.
  • 53. 3 Inovação Tecnológica 51 CASOS E RELATOS Fazendo pão de queijo Ju Melo (2012) Figura 35 − Cesta de pão de queijo Dona Ana, hoje com 60 anos de idade, aprendeu com sua vó, na infância, que para se fazer um bom pão de queijo o segredo é ter um queijo curado (seco) de boa qualidade, um bom polvilho e com as mãos amassar mis- turando bem, de forma a se obter uma massa uniforme até identificar o ponto da massa, fazer pequenas bolhas e colocar para assar. Ana cresceu e ao longo da vida sempre fez assim. Comprou o queijo, ralou no ralo manual, comprou o polvilho, os ovos e leite e preparou seu pão de queijo. Na idade adulta, encontrou um artefato estranho que era o multiprocessa- dordealimentos:colocavaoqueijoládentroeoaparelhosoltavaomesmo ralado. Mesmo acreditando que o sabor não seria o mesmo aderiu à facili- dade. Depois veio a batedeira elétrica, que facilitou mais ainda o trabalho, o forno não era mais a lenha, virou a gás e hoje elétrico. Muitas mudanças. Hoje ela está encucada. Ela pediu para sua bisneta mais velha comprar os produtos para fazer pão queijo e ela chegou com o pão de queijo pronto no saquinho lacrado, já pré-assado. Quase pronto. Dona Ana imaginou como da vez do multiprocessador, que o sabor não seria o mesmo, que não seria igual. Contudo, como a bisneta Mariana pediu, ela colocou no forno e esperou. Resignada foi comer o pão de queijo depois de pronto. E não é que ficou bom: “Ficou excelente” – exclamou ela – “Igual ao da minha vó!” Para a bisneta apenas disse, “Fazendo com amor, tudo fica bom”. Depois disso ficou pensativa. Há algum tempo queria usar um for- no de micro-ondas. Gostaria de saber quando vai poder assar seus pães de queijos prontos no micro-ondas.
  • 54. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 52 Esta breve história nos faz lembrar que a inovação é difícil de ser aceita, mas ao ser absorvida se torna parte da rotina e não conseguimos viver sem ela. O que dona Ana não sabia, também, é que a empresa que fabrica os pães de queijo, que ela assou, possui um certificado ISO 9001:2008 de qualidade total no processo produtivo básico. A INFORMÁTICA Se avaliarmos, a informática foi um dos diversos elementos que surgiram ao longo do tempo, o que teve maior impacto como inovação tecnológica. Com me- nos de um século de existência ela mudou totalmente a forma que trabalhamos e interagimos, seja nos processos de automação, seja nos hábitos de compras, de ouvir música, ver filmes ou escrever uma carta. Hoje os computadores saltaram de nossas mesas para os notebooks e celulares permitindo a portabilidade. A internet é outro exemplo de inovação que praticamente trouxe o “mundo inteiro” para dentro de nossas casas, permitindo acesso à infinita quantidade de informações de qualquer lugar do planeta, mudando substancialmente como as empresas funcionam e trabalham. Conceitos como internet banking, home offi- ce são possíveis apenas com o uso da internet e informática, marcando a tônica de como trabalhamos atualmente. Até nossas relações passam a ser virtuais por meio das redes sociais. O Facebook é o novo clube da esquina. AS MUDANÇAS Entretanto, as inovações tecnológicas não trouxeram apenas impactos positi- vos. Um ponto negativo é a poluição, especialmente gerada pelo lixo tecnológico eletrônico, que traz sensíveis alterações no clima, contaminação dos rios e do ar, causando danos ao meio ambiente. Uma solução parcial consiste na conscienti- zação sobre o descarte adequado de lixo eletrônico para devida reciclagem, bem como a produção de eletrônicos que sigam a Diretiva 2002/95/EC emitida pelo Parlamento e pelo Conselho da União Europeia conhecida como RoHS (Restriction of Hazardous Substances – Restrição de substâncias perigosas). SAIBA MAIS Para saber mais sobre RoHS, visite a página: <http://www. rohsguide.com/>. Outro elemento bastante conhecido é o desemprego, gerado pelo alto nível de automação comercial, que passou a exigir maior qualificação por parte das
  • 55. 3 Inovação Tecnológica 53 pessoas na execução de seus trabalhos, que necessitam da devida reciclagem profissional para permanecer no mercado de trabalho. A COMPETITIVIDADE Finalmente, um impacto importante associado às inovações tecnológicas é o aumento da competitividade entre as empresas. A competitividade é formada por um conjunto de fatores culturais, econômicos, intelectuais que fazem com que um consumidor prefira um produto ou serviço, em detrimento de outro. Os consumidores passaram a ter acesso a informações comparativas sobre preço, qualidade, eficácia, manutenção, treinamento e facilidade de uso antes de efe- tuar uma compra. Podemos afirmar, então, que um impacto vantajoso relacio- nado à competitividade é a redução de custos, aumento da produção, melhoria na comunicação e refinamento da qualidade dos produtos que são inseridos no mercado diariamente. Portanto, podemos observar que as inovações estão acompanhadas por im- pactos positivos e negativos, mas que são necessárias para o desenvolvimento mundial. Segundo os dados apresentados por uma pesquisa realizada pelo IPEA (Insti- tuto de Pesquisa Econômica Aplicada) “Inovar e investir mais em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) aumentam em 16% as chances de uma empresa ingressar em um mercado internacional, como exportadora.” Devemos ter claro que a inovação tecnologia traz mudanças no mercado, abrindo e fechando negócios. Se não estivermos atentos, podemos seguir os exemplos de diversas funções que foram extintas devido à internet e a informáti- ca, como temos o agente de viagens, que emitia passagens áreas ou o livreiro que vendia livros. Trate a inovação sempre de forma positiva e como parceira, nunca como concorrente, ou não obterá sucesso. 3.3 INOVAÇÃO DE PRODUTOS "Plut, plat, zum!! Não vai a lugar nenhum! Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado se quiser voar! Pra lua tá cheropa, e o sol indentidade, vá já pro seu foguete viajar pelo universo é preciso o meu carimbozinho, zinho, zinho, zinho." (Raul Seixas, Plut plat Zum)
  • 56. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 54 Thereza Eugênia (2012) Figura 36 − Raul Seixas Você já parou para pensar em como as coisas evoluem? Veja o caso dos veí- culos, por exemplo. Lembra-se da quantidade de inovações que a indústria auto- mobilística lançou nos últimos tempos? Motores bicombustíveis, freios ABS, sus- pensão inteligente e computadores de bordo, entre várias outras. A esse tipo de inovação, chamamos de inovação de produtos. Seu principal objetivo é modificar as características dos produtos, melhorando sua qualidade, e alterando a forma como é percebido pelos seus consumidores. É fácil perceber a importância disso, não é? Neste tópico, você entenderá por que as empresas devem inovar seus produ- tos e vai conhecer alguns dos principais produtos inovadores que surgiram em função do desenvolvimento da área de TI ao longo da história. POR QUE AS EMPRESAS DEVEM INOVAR SEUS PRODUTOS? ESTE PRODUTO DÁ A VIDA ETERNA! COMO VENDEREMOS ATUALIZAÇÃOES? Denis Pacher (2012) Figura 37 − Inovação de produto
  • 57. 3 Inovação Tecnológica 55 Segundo o SEBRAE: [...] há inúmeras razões que justificam a necessidade de uma empresa inovar. O motivo mais forte é o seguinte: o negó- cio que não inovar está destinado a desaparecer! É inovar ou morrer! A inovação possibilita que empresa se mantenha adequada ao mercado, ou seja, seus produtos, processos e práticas de marketing permitem que esteja em permanente sintonia com as necessidades dos clientes. O destino de quem não acom- panha a voz do mercado é perecer. É preciso inovar e renovar a organização do empreendimento e acelerar e aumentar a produtividade. Além disso, a inovação contribui para que um negócio dispute a preferência do mercado em pé de igualdade com a concor- rência, cada vez mais exacerbada. Também é um meio para que o empresário encontre novos nichos para sua empresa no mercado, aumentando assim o lucro e renovando ou criando ciclos de vida para os produtos. A inovação é, portanto, o caminho que as empresas devem permanentemente percorrer para enfrentar os desafios do mercado, mantendo-se jovens e competitivas. PRODUTOS INOVADORES RELACIONADOS À ÁREA DE TI Desde o surgimento da área de TI vários produtos marcaram época, tanto pela inovação que promoveram, quanto pela importância na história da TI. A seguir, veja alguns exemplos de produtos transformadores. a) Apple I: em 1976 Steve Jobs e Steve Worzinak colocam no mercado o Apple I, primeiro microcomputador que já vinha com os componentes internos sol- dados no gabinete. O Apple I permitiu a não técnicos o uso da computação.
  • 58. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 56 Vip Magazines (2012) Figura 38 − Jobs e Wozinak observam placa principal do Apple I b) IBM 5150: em 12/08/1981 a empresa americana IBM, observando o suces- so obtido pela Apple com seu microcomputador, lançou um produto que deu início a uma nova era na indústria de tecnologia de consumo. Em uma conferência de imprensa na cidade de Nova York, a empresa anunciou o IBM Personal Computer (IBM 5150), por um preço de US$ 1.565. Ruben de Rijcke (2010) Figura 39 − IBM 5150 c) Macintosh: lançado em 1984, foi um sucesso de público. Valia US$ 2,5 mil e trazia inovações como a interface gráfica e o mouse. Competiu ativamente no mercado contra a IBM na década de 1980, e foi determinante para a IBM e a Microsoft buscarem o desenvolvimento de uma interface gráfica no IBM PC.
  • 59. 3 Inovação Tecnológica 57 wUserGrm_wnr (2006) Figura 40 − Apple Macintosh Original d) iMac: surgiu em 1998. Inovou na época ao integrar em um mesmo aparelho monitor e o disco rígido. O iMac marca a preocupação da Apple em entender que um excelente produto deve ter um design adequado. wUserGrm_wnr (2006) Figura 41 − Apple iMac e) Internet: é um ótimo exemplo de produto inovador. Criada com objetivos militares na década de 70, evoluiu até o ponto de se tornar uma das princi- pais ferramentas de comunicação, lazer, trabalho e educação, entre outras, da sociedade atual.
  • 60. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 58 f) Web (World Wide Web): marca uma forma inovadora de se usar um produto já existente. A internet da década de 70, restritas aos pesquisadores da com- putação, se torna um produto inovador acessível a todos por meio de uma interface interativa e intuitiva provida pelos navegadores internet. g) iPod: foi lançado em 2001. Com mais de 220 milhões de unidades vendidas, este tocador de MP3 e de vídeos tornou-se um enorme sucesso, podendo ser considerado o produto responsável por resgatar as finanças da Apple. Inicialmente a ideia era tratar o aparato tecnológico como extensão corpo- ral. O I dos produtos Apple vem de “Eu”, em inglês, associando a visão de extensão do eu com o produto inovador. Eduardo Lopez (2011) Figura 42 − Apple IPod AS REDES SOCIAIS: Dreamstime (2012) Figura 43 − Exemplos de redes sociais No começo da internet surgiu o conceito de newsgroup que consistia em lista de distribuição de e-mails na qual as pessoas se inscreviam para receber e enviar mensagens sobre temas que gostavam ou interessavam. Os newsgroups existem na internet, mas o que surge e se firma aglutinando e integrando pessoas são as
  • 61. 3 Inovação Tecnológica 59 redes sociais. São representadas pelos mais diversos produtos (Twitter, Google+, Facebook e tantos outros) apresentam uma nova dinâmica de organização das pessoas, seja por afinidades pessoais ou profissionais. Eles permitem a prática do uso da tecnologia e da internet com foco nas pessoas e não nos computadores, levando a novo patamar de convivência e integração, independente do local em que estejam praticando a ideia de aldeia global de Mcluhan. Dreamstime (2012) Figura 44 − A aldeia global É interessante notar, neste produto, o conflito de gerações. Enquanto a cha- mada geração X tenta entender e usar o fenômeno de redes sociais, a geração Y tenta entender empresas que não as usam como elemento de suporte do desen- volvimento e sucesso, por exemplo, bloqueando o acesso a elas, tratando como algo ruim aos negócios. Talvez este entendimento seja o ponto principal de tran- sição entre gerações, mais do que usar informática como apoio, estamos viven- do através dela, como vivíamos com base em outras inovações tecnológicas no passado recente. MUDANÇAS O que tem em comum nesses diversos produtos citados? Essencialmente marcam uma alteração de paradigma no seu momento de criação. Pense na década de 80 sem o microprocessador (1972) ou os dias atuais com a internet da década de 70? Seria possível idealizar o Facebook sem a web? Talvez, mas com certeza não teria o sucesso devido. Um produto inovador marca época e gera mudanças. Algumas vezes o temos como base para um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento. Se tivéssemos aces-
  • 62. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 60 so a uma rede sem fio de velocidade e alcance muito grandes e com baixo custo, tranquilamente toda uma nova gama de produtos surgiria para empregar essa inovação. Vamos a um teste rápido: o que tem de errado na foto abaixo? FabriCO (2012) Figura 45 − Mapa em papel Bem, se você tem mais de 30 anos talvez não tenha visto nada de errado. E na verdade não há. Está apenas faltando trocar o mapa em papel por um GPS. O sur- gimento de novas tecnologias levam as coisas a serem feitas de forma diferente, é improdutivo pensar que podemos voltar ao passado. Neste tópico você aprendeu o conceito de inovação de produtos e entendeu por que as empresas devem inovar seus produtos. Conheceu ainda alguns dos principais produtos inovadores que surgiram em função do desenvolvimento da área de TI ao longo da história. 3.4 INOVAÇÃO DO PROCESSO Dreamstime (2012) Figura 46 − Tempos modernos
  • 63. 3 Inovação Tecnológica 61 A figura anterior é uma das cenas de “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin (1936), que retrata os conflitos ocorridos pelo processo de Henry Ford: a fábrica como conhecemos. O FORDISMO Com as inovações tecnológicas que surgiam no dia a dia, aumentava a deman- da por novos produtos de consumo no mercado global e local nos Estados Uni- dos. Ao observar o processo produtivo das fábricas instaladas, Henry Ford notou que o método produtivo não era eficaz. Alfredo Júnior (2012) Figura 47 − Henry Ford Ao iniciar sua indústria de carros, Ford propôs um novo modelo de processo produtivo conhecido como Fordismo, em que se utiliza do conceito de linha de montagem. Em uma indústria clássica teríamos vários funcionários, cada um montando um carro como um todo. Ford propôs que a linha de produção fosse segmentada por especialidade na qual cada empregado executava uma tarefa simples, mas de forma rápida. Alguém montava as rodas, outro o chassis, outro as portas e outro pintava. Com esta segmentação notou-se que cada empregado conseguia, ao se especializar em uma tarefa e com ferramentas adequadas (evitando o trabalho manual), ter o desempenho maximizado. Isso permitia que enquanto em uma indústria clássica fossem produzidos 10 carros por semana por 10 empregados, na fabrica de Ford 10 funcionários produziriam 100 carros em uma semana.
  • 64. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 62 O Fordismo é um exemplo claro de inovação de processo em que, ao se mudar o modo de fazer algo e empregando os mesmos recursos, se obtém um melhor resultado com o mesmo custo ou até custo menor. Como nem tudo “eram flores”, existia uma crítica pesada ao modelo fordista de fábrica, em especial por focar e incentivar o consumo em massa, contudo não podemos negar sua eficácia. PROCESSOS Você já ouviu a seguinte frase: “Processo bom, resultado bom; processo ruim, resultado ruim”? Essa é uma das premissas da área de desenvolvimento de software que pode ser levada para todas as outras áreas. Quando queremos produzir um produto, te- mos que ter um processo. O processo é um roteiro, uma sequência de passos que deve ser seguida para criação de um produto. Quanto melhor (mais maduro) o processo, melhor tende a ser o produto final. Logo, a inovação de processo pode ser considerada um aprimoramento de processos. INOVAÇÃO DE PROCESSO A inovação de processo é o conjunto de mudanças no processo de produção de um produto ou serviço, em que se busca melhorar a qualidade do produto fi- nal, geralmente associado a aumentos de produtividade, cumprimento de prazo e redução de custos. À inovação dos processos também está relacionada a questões como a im- plementação de novos métodos ou de melhorias significativas no processo de produção ou logística de bens ou serviços, por intermédio de técnicas, equipa- mentos e softwares. Além de aprimorar a qualidade dos produtos e serviços, quais são os outros motivos que levam as empresas a inovar seus processos? POR QUE INOVAR PROCESSOS? Existem diversas motivações para a empresa inovar seus processos, sendo que podemos citar duas razões principais: a) Razões tecnológicas a) melhorar o desempenho de técnicas já existentes: obtendo ganhos me- diante economia no desenvolvimento ou um produto de melhor quali- dade;
  • 65. 3 Inovação Tecnológica 63 b) desenvolver novos produtos e serviços: garantindo melhor competiti- vidade no mercado por meio da diversificação da gama de produtos; c) adaptar as tecnologias desenvolvidas por outras empresas às suas ne- cessidades: reduzindo o custo de desenvolvimento destas tecnologias do zero, bem como pulando fases deste desenvolvimento. O uso do chamado software livre pode ser enquadrado aqui. b) Razões econômicas a) melhorar as condições de trabalho; b) melhorar a flexibilidade na fabricação; c) reduzir os custos de fabricação; d) reduzir os custos com pessoal; e) reduzir os custos de material; f) reduzir os custo de energia; g) reduzir os custos com projeto e embalagem dos produtos; h) reduzir a taxa de defeitos de fabricação; i) reduzir a poluição do meio ambiente. Vamos conhecer agora alguns exemplos de melhoria de processos? EXEMPLOS DE MELHORIA DE PROCESSOS Em todas as áreas existe uma forte busca de melhoria nos processos, seja por razões tecnológicas ou econômicas. a) Código de Barras: FabriCO (2012) Figura 48 − Código de barras Pense num supermercado em que não usa código de barras nos produtos? A demora seria imensa. A utilização do código de barras no processo de vendas de produtos foi uma inovação importante. Tornou o processo mais ágil, gerando um novo processo de vendas.
  • 66. Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 64 b) GPS: Dreamstime (2012) Figura 49 − GPS Os primeiros navegadores viajavam o mundo com uma bússola. Hoje não con- seguiríamos o mesmo feito em uma grande cidade. A introdução do GPS trouxe ganhos tanto na possibilidade de escolha de rotas mais adequadas, quanto em atividades como o monitoramento de serviços de transporte e entrega de mer- cadorias. c) Cartão de Crédito/Débito: FabriCO (2012) Figura 50 − Cartões de crédito ou débito O uso de cartões de crédito e de débito marcou uma profunda mudança no comércio e em transações financeiras como um todo, garantindo uma maior se- gurança e agilidade nos negócios.