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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
CAMPINAS
INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM
Eliorefe Cruz Lima
A ENTREVISTA:
DO ORAL PARA O ESCRITO
Campinas, S.P.
2012
ELIOREFE CRUZ LIMA
A ENTREVISTA:
DO ORAL PARA O ESCRITO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Instituto de Estudos da Linguagem da
Universidade Estadual de Campinas como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista em Língua Portuguesa.
Orientador: Roxane Helena Rodrigues Rojo
Campinas
2012
i
Dedico este trabalho à minha esposa Elia
Maria e aos meus filhos Rayane Caroline
e Vinícius Augusto, pelo amor, apoio e
compreensão durante todo este Curso de
Especialização.
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro lugar, pela saúde e disposição a mim outorgadas, para que este
trabalho se concretizasse.
À minha querida esposa, professora Elia Maria, pelas revisões das minhas produções
textuais, pelo apoio, pela compreensão, pelo carinho, pela paciência com minhas
ausências. À minha filha Rayane Caroline e meu filho Vinícius Augusto.
À Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP), que, por meio
do Programa Rede São Paulo de Formação de Docente – REDEFOR, possibilitou a
realização deste Curso de Especialização em Língua Portuguesa, através de convênio
com o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP).
Às Profas
. Dras
. Fernanda Silva Veloso e Cibele Naidhig de Souza Carrascossi, pela
participação ativa e direta neste passo gigantesco a caminho do nosso
engrandecimento profissional, minha eterna gratidão.
Ao prof. Dr. José Geraldo Marques que esteve conosco no Módulo 1 em História da
Disciplina de Língua Portuguesa. Sua passagem foi rápida, mas o seu carisma e
apoio foram fundamentais para a realização deste trabalho, o meu agradecimento.
Agradeço, também, aos colegas de curso, pela companhia, pelo carinho e amizade,
pelas discussões nos fóruns e nos encontros presenciais, contribuindo com preciosas
lições.
A todos os alunos das primeiras séries A, B e C do Ensino Médio do ano de 2009. À
Direção da EE Edgard Francisco: Silvia, Sônia, e em especial ao vice-diretor João,
pela paciência e persistência nas orientações durante os encontros presenciais na
Escola. À Coordenação: Viviane e Val. A todas as pessoas que participaram,
contribuindo para a realização deste trabalho, direta ou indiretamente.
iii
iii
iii
O ensino das propriedades do texto na sala de aula deu
origem a uma gramaticalização dos eixos do ensino,
passando o texto a ser “pretexto” não somente para o
ensino da gramática normativa, mas também da
gramática textual, na crença de “quem sabe as regras
sabe proceder.”
Um texto é um tecido feito de palavras, ou seja,
escrever uma história exige habilidade de um tecelão
que trabalha com fios num tear.
Roxane Helena Rodrigues Rojo
Glaís Sales Cordeiro
Samira Youssef Campedelli
iv
RESUMO
Este trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo apresentar e discutir uma Sequência
Didática (SD) elaborada para alunos do Ensino Médio. Essa SD focaliza, dentro da esfera
jornalística, o gênero “entrevista”, presente em jornais impressos, digitais e em programas
jornalísticos de rádio e televisão. O ensino desse gênero justifica-se dada a importância desse
instrumento presente em diferentes situações comunicativas do mundo moderno. A entrevista
tem como prioridade apresentar o embate de ideias em relação a conceitos, propostas de
personalidades públicas e acontecimentos. No entanto, neste trabalho o enfoque não será debater
proposições de qualquer pessoa, mas enfatizar as etapas de planejamento, produção oral e
retextualização de entrevistas. Os objetivos dessa SD são levar o aluno a compreender, apreender
e aprender os conteúdos dos seguintes eixos de ensino: distinguir as características da língua oral
e da língua escrita; adequar um texto oral para a modalidade escrita; desenvolver habilidades no
uso do discurso direto, discurso indireto, concordância verbal, concordância nominal, coesão,
coerência, paragrafação textual e desenvolver a capacidade de síntese a partir do processo de
retextualização de entrevistas orais para a norma padrão da língua escrita. A expectativa é que a
SD, aqui proposta, além instrumentalizar alunos a serem leitores e escritores proficientes em sua
língua materna, possa contribuir, também, com docentes de Língua Portuguesa que possuem
dificuldades de contextualizar a gramática normativa no processo de ensino e aprendizagem a
partir da gramática internalizada ou implícita que o aluno já traz para a sala de aula antes de
adentrar no ensino do conhecimento sistematizado.
Palavras- chave: Esfera jornalística; Gênero “entrevista”; Sequência Didática; Língua Oral;
Língua Escrita; Língua Portuguesa; Retextualização; Ensino Médio.
v
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................01
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................02
2.1 O(s) gênero(s).......................................................................... .......................05
2.2 O trabalho com gêneros textuais no ensino de língua portuguesa .................06
2.3 A esfera comunicativa ...................................................................................09
3. ANÁLISE COMENTADA DA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA
3.1 Informações gerais ..........................................................................................10
3.1.1 Objetivos esperados.....................................................................................10
3.1.2 Características das turmas ............................................................................11
3.2 A organização da SD.......................................................................................12
3.3 As atividades propostas em cada unidade de trabalho ...................................12
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................18
REFERÊNCIAS ........................................................................................................19
ANEXO: A SD Elaborada..........................................................................................21
ANEXO 2- PRODUÇÕES DOS ALUNOS DOS ANOS DE 2011 E 2009............48
vi
1
1. INTRODUÇÃO
O corpus primário que serviu de exemplo para análise da Sequência Didática (SD) neste
Trabalho de Conclusão de Curso(TCC) é o resultado de experiências com alunos do primeiro ano
do Ensino Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo, do ano de 2009, especificamente da
Escola Estadual Edgard Francisco da cidade de Taboão da Serra. Como amostra para este trabalho,
escolhemos duas entrevistas.
Na época, ainda não conhecíamos a proposta de Dolz e Schneuwly (2004) de se trabalhar
com o aluno qualquer conteúdo por meio de uma SD. Tal proposta veio complementar o que já
havíamos trabalhado de como adequar a modalidade da língua oral (escrita) para a modalidade
escrita padrão à luz da gramática normativa.
Ao longo do curso estudamos várias esferas comunicativas. Dentre tantas possibilidades,
optamos por selecionar a esfera jornalística e o gênero entrevista. Os motivos que nos levaram a
selecionar esta esfera e este gênero para compor a SD, são basicamente, dois.
Primeiro, com a popularização da internet, a Tecnologia da Informação e Comunicação
(TIC) está cada vez mais presente e ao alcance dos alunos. Por isso, a esfera jornalística se tornou
mais acessível às classes sociais menos favorecidas. E o gênero entrevista é facilmente encontrado
nesta esfera de comunicação em vários lugares de circulação/ publicação (Revistas, jornais, sites,
blogs, programas jornalísticos de TV e rádio).
Segundo, o gênero entrevista tem sua origem, geralmente, na modalidade oral com suas
características intrínsecas, passíveis de hesitações, repetições, marcadores lexicalizados, marcadores
não lexicalizados, truncamentos frasais, etc. Estes elementos são materiais concretos de trabalho no
processo de adequação do material fônico escrito (texto oral) para a modalidade escrita, padrão
idealizado o mais próximo possível da gramática normativa, considerando, além disso, o contexto
de produção, o suporte de veiculação do texto e o público alvo.
Para chegar a este resultado (do texto ideal), a SD foi organizada, com base em Dolz e
Schneuwly (2004), em seis módulos:
Primeiro: Sondagem com a elaboração de uma entrevista. Segundo: Contato com a
teoria sobre a modalidade da língua oral. Terceiro: Planejamento ou a escolha da entrevista.
2
Quarto: Execução das entrevistas. Quinto: Transcrição das entrevistas. Sexto: retextualização
das entrevistas.
A SD foi direcionada a alunos da primeira série do Ensino Médio. Os objetivos são
ensinar o gênero entrevista e mostrar que elas , particularmente as da mídia impressa, passaram por
um processo de retextualização; ensinar-lhes como é o processo de supressão das marcas da
oralidade para a língua escrita padrão e mostrar as características e diferenças intrínsecas da língua
falada e da língua escrita.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica básica deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) está
embasada nas propostas de autores que versam sobre a modalidade oral da língua. E, a partir do
material fônico do texto falado, transcrito para algum suporte (papel/computador) com suas
características intrínsecas, passíveis de hesitações, repetições, marcadores lexicalizados e não
lexicalizados, truncamentos frasais, que, num processo de retextualização chega-se ao texto escrito
na norma padrão segundo os parâmetros da gramática normativa.
Marcuschi, em suas duas obras, “Da fala para a escrita: atividade de retextualização,”
(2001) e “Análise da Conversação” (1997), mostram que as diferenças entre o oral e o escrito não
são estanques nem dicotômicas, nem uma é superior à outra, mas as duas modalidades se
complementam em um processo contínuo.
As sugestões nos processos de retextualização (passagem de texto falado para o texto
escrito, também chamado de refacção e reescrita) não é demonstrar que a fala é caótica,
incompreensível, mas “é a passagem de uma ordem para outra ordem,” (MARCUSCHI, 2001,
p.47). Para isso, é de suma importância observar o suporte e o objetivo que se quer alcançar com
determinado texto.
Nesse sentido, o processo de retextualização engloba, a partir do texto transcrito
(passagem da realização sonora para a forma gráfica, com base em procedimentos
convencionalizados) certas variações de registros, de gêneros textuais, níveis linguísticos e estilos a
partir de um mesmo texto, ocorrendo, assim, transformações, reformulações, recriações e
3
modificações até o texto chegar à sua versão final para a publicação, levando em conta o suporte,
contexto e destinatário.
Assim, durante o processo de retextualização de um determinado texto falado grafado
no papel / computador, é importante o professor de Língua Portuguesa apontar para o aluno quais
são as características intrínsecas do texto oral na interação face a face.
Os sinais conversacionais verbais e “os recursos não verbais ou paralinguísticos,
presentes no texto falado escrito, tais como o olhar, o riso, os meneios de cabeça, a gesticulação,”
(MARCUSCHI, 1997, p.63), e as hesitações, repetições, marcadores conversacionais, elementos
lexicalizados, elementos não lexicalizados, truncamentos frasais, etc., são os elementos próprios da
fala e que precisam ser eliminados no momento da retextualização. (cf. MARCUSCHI, 2001, p.77).
E é fundamental, nesse momento, o professor orientar o aluno de como suprimir tais
marcas durante o processo de retextualização, levando-o a adequar o texto, em sua versão final,
próximo do idealizado, observando, também, o contexto de produção e o suporte de veiculação de
tal texto.
Para orientar o aluno de como fazer a transcrição do texto falado e, posteriormente,
fazer a retextualização, nos baseamos nas normas para a trancrição, convencionadas pelo Projeto
NURC.
A origem do Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta no Brasil (Projeto
NURC), deu-se em janeiro de 1969 durante o III Instituto Interamericano de Linguística promovido
em São Paulo pelo PILEI (Programa Interamericano de Linguística e Ensino de Idioma). Este
Projeto foi inspirado na proposta apresentada pelo professor Juan Lope Blanch da Universidade
Autônoma do México durante o II Simpósio do PILEI em agosto de 1964, em Bloomington nos
Estados Unidos da America. Segundo Blanch, a ideia era descrever a norma culta no espanhol
falado.
No Brasil, o Projeto NURC tem como objetivo documentar e descrever a norma do
português culto falado no Brasil. O Projeto está representado em cinco cidades brasileiras —
Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Em 1973, na VI Reunião Nacional, na
cidade de Porto Alegre, os objetivos foram definidos da seguinte forma:
1.Coletar material que possibilite o estudo da modalidade oral culta da língua
portuguesa, em seus aspectos fonético, fonológico, morfossintático, sintático,
lexical e estilístico.
4
2.Ajustar o ensino da língua portuguesa a uma realidade linguística concreta,
evitando a imposição indiscriminada de uma só norma histórico-literária, por meio
de um tratamento menos prescritivo e mais ajustado às diferenças linguísticas e
culturais do país.
3.Superar o empirismo na aprendizagem da língua-padrão pelo estabelecimento da
norma culta real.
4.Basear o ensino em princípios metodológicos apoiados em dados linguísticos
cientificamente estabelecidos.
5.Conhecer as normas tradicionais que estão vivas e quais as superadas, a fim de
não sobrecarregar o ensino com fatos linguísticos inoperantes.
6.Corrigir distorções do esquema tradicional da educação brasileira, entravado por
uma orientação acadêmica e beletrista.(SILVA,1996,p.85,86)
Em 1984, num seminário na UNICAMP, com o professor Luiz Antônio Marcuschi da
Univerisade Federal de Pernambuco,foram discutidas as normas para a trancrição do
corpus(gravações das entrevsitas ) e estratégias de análise da língua falada.
A partir de 1985,o professor Dino Preti constitui um grupo permanente de pesquisa .
Esse grupo fez a transcrição do material do Projeto NURC/SP para publicação e posterior
análise.(cf. SILVA,1996,p.87).
As normas para a trancrição do texto falado, discutidas em 1984 , são encontradas
em “Projetos Paralelos – NURC/SP” sob a organização do professor Dino Preti ( tabela no
ANEXO). Após a tabela, há as seguintes observações no momento de uma transcrição de um
texto falado para a modalidade escrita:
1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas (USP etc.).
2. Fáticos: ah, éh, ahn, ehn,tá? (não por está: tá? Você está brava?).
3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros em itálico.
4. Números: por extenso.
5. Não se indica o ponto de exclamação (frase exclamativa).
6. Não se anota o cadenciamento da frase.
7. Podem-se combinar sinais. Por exemplo: oh:::...(alongamento e pausa).
8. Não se utilizam sinais de pausa, típicos da língua escrita, como ponto-e-vírgula,
ponto final, dois pontos, vírgula. As reticências marcam qualquer pausa. (PRETI,
2002, p.15-16).
Ler um texto falado grafado com todas estas observações cumpridas, qualquer leitor
dirá que o texto não segue a convenção da modalidade padrão escrita. No processo de leitura,
escrita e reescrita é o momento propício de o professor abrir espaço para estudar estas questões de
ordem gramatical a partir do texto.
5
2.1 Os Gêneros
Para compreendermos melhor as propriedades do texto oral, é imprescindível inseri-lo
em seu contexto e em suas variantes linguísticas de cada região com suas peculiaridades, pois os
textos produzidos resultam de situações e contextos diferentes e cada um deles cumpre uma
finalidade específica. Sobre este assunto Bakhtin (2003) pontua a dificuldade de se definir os
gêneros e a natureza do enunciado em função da extrema heterogeneidade dos gêneros discursivos.
Apesar da diversidade de usos da linguagem, ela não entra em contradição com a
unidade nacional de uma determinada língua, seja ela oral ou escrita. Tais enunciados revelam as
condições e os seus propósitos, observando o campo da comunicação, o conteúdo temático, o
estilo da linguagem e acima de tudo a construção composicional de um dado texto / enunciado.
Esses três elementos em destaque são indissolúveis no ato de fala ou escrita, pois eles são
estabelecidos pelas particularidades de um determinado campo da comunicação. Cada enunciado
tem um caráter particular / individual.
No entanto, cada esfera de utilização da língua forma seus tipos relativamente estáveis
de enunciados. São estes elementos (tipos estáveis) que Bakhtin denomina de gêneros do discurso.
O autor enfatiza que a riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas em
consequência da multiforme atividade humana como o diálogo do cotidiano com suas diversidades
conforme o tema, a condição e a composição dos seus participantes; o relato do dia a dia; a carta; o
comando militar lacônico padronizado; os gêneros literários, do provérbio ao romance, etc.
Por fim, o autor pontua a relevância de se considerar a estilística, demonstrando que
todo estilo é indissociável do enunciado oral ou escrito que por sua vez reflete a individualidade do
falante ou do escrevente em consequência de dado campo e atividade humana. Assim,
uma determinada função(científica, técnica, publicística, oficial, cotidiana) e
determinadas condições de comunicação discursiva, especificas de cada campo,
geram determinados gêneros, isto é, determinados tipos de enunciados estilísticos,
temáticos e composicionais relativamente estáveis.(BAKHTIN,2003,p.266).
Compreende-se, assim, que a existência da diversidade de gêneros do discurso está
ligada às diversidades de atividades (profissões) humanas, da diversidade cultural, da diversidade
tecnológica, diversidade econômica, diversidade religiosa, diversidade étnica, etc.
6
Marcuschi (2003), como Bakhtin (2003) pontua a dificuldade de se definir o que são
gêneros textuais, em função de sua diversidade. São fenômenos sócio-históricos, e culturalmente
sensíveis, por isso, não há como fazer uma lista fechada de todos eles, pois a sociedade está sempre
mudando. Eles expandem-se com o crescimento da cultura impressa. São caracterizados mais por
seus objetivos de comunicação do que por suas particularidades linguísticas estruturais.
Assim, os gêneros textuais surgem das necessidades e atividades socioculturais e das
inovações tecnológicas. Na modernidade tecnológica, por exemplo, “o telefone, o gravador, o rádio,
a TV, [...] o computador [...] a internet, presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas
formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita.” (MARCUSCHI, 2003, p.19).
Compreende-se, assim, que os gêneros textuais mudam conforme o contexto, o suporte
de veiculação e as funções comunicativas do que pelas suas particularidades linguísticas e
estruturais. Há diversidades de formas, assim como surgem,podem desaparecer, ou seja, surgem
para atender a uma necessidade da sociedade naquele momento histórico. Não estão ligados a uma
forma estrutural comparado a um texto narrativo, descritivo ou argumentativo, por exemplo.
Como exemplos de gêneros textuais, propiciados pelas novas tecnologias, o autor cita
alguns: “editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens,
teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas, (e-mails), bate-papos
virtuais (chats). Aulas virtuais (aulas chats)...” (2003, p.20).
Hoje podemos citar outros suportes como as redes sociais (Orkut, Facebook, MSN,
Twitter, etc.) que induzem o usuário a formatar / enquadrar / adequar o seu texto conforme o
suporte exige. Assim, o texto não está sujeito a regras estanques e enrijecedoras, ou seja, o texto
precisa adequar-se ao suporte, e não o contrário. Desta forma, o gênero entrevista, corpus básico
deste trabalho, foi formatado para ser veiculado no suporte impresso, o jornal, por exemplo, uma
vez que este tipo de gênero está ligado à esfera jornalística.
2.2 O trabalho com gêneros textuais no ensino de língua portuguesa
Como foi demonstrado sobre a heterogeneidade dos gêneros, trabalhar com gêneros
textuais diversos em Língua Portuguesa é um terreno fértil, em função da diversidade de
formatações possíveis de um texto, levando em consideração a sua funcionalidade, o gênero e o
suporte de veiculação. E, quando o aluno souber operar com essa diversidade de texto e
7
possibilidades de escrita e de forma composicional de um mesmo discurso, estará habilitado a ser
um usuário proficiente de sua língua materna, tanto escrita, quanto oral, em qualquer circunstância.
A análise da Sequência Didática sob o título “A entrevista: do oral para o escrito”
conforme o referencial teórico, a seguir, se justifica pela peculiaridade do gênero entrevista.
Trabalhar com este gênero textual abrange uma variedade considerável de suporte impresso / digital
como jornais, revistas, programas jornalísticos de rádio e televisão, a internet com sua diversidade
de suporte como o Youtube, os blogs, sites especializados em conteúdos diversos, como arquivos de
entrevistas, por exemplo. E a entrevista publicada nessa diversidade de suporte
pressupõe também um trabalho de edição posterior (exclusão de marcas da
oralidade, de repetições, de hesitações etc.) que visa a garantir: maior clareza e
objetividade ao texto; destaque para as falas que se supõem mais relevantes para o
leitor (a critério do entrevistador ou do editor); adequação do texto ao espaço
disponível da publicação,e[...] as etapas de planejamento, produção oral e escrita de
entrevistas.( CADERNOS..., 2010)
Para trabalhar com o gênero entrevista, seguiremos o roteiro proposto por Dolz e
Schneuwly (2004) no artigo “Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um
procedimento.” Neste artigo os autores propõem uma sequência didática como estratégia adequada
para elaboração do processo de ensino-aprendizagem. Tal procedimento compreende “um conjunto
de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou
escrito” (2004, p.97).
Os autores chamam a atenção do leitor para observar que o ato de comunicar ou escrever
um determinado texto, as regras de formatação não são estanques e enrijecedoras, ou seja, o texto
precisa adequar-se ao suporte, pois
quando nos comunicamos, adaptamo-nos à situação de comunicação. Não
escrevemos da mesma maneira quando redigimos uma carta de solicitação ou um
conto; não falamos da mesma maneira quando fazemos uma exposição diante de
uma classe ou quando conversamos à mesa com amigos. Os textos escritos ou orais
que produzimos diferenciam-se uns dos outros e isso porque são produzidos em
condições diferentes. (DOLZ e SCHNEUWLY ,2004, p.97)
8
Em seguida Dolz e Schneuwly (2004) (apud COUTINHO, 2012, s/p.) apresentam os
quatro componentes da SD como seguem:
Apresentação da situação: Nesta etapa são definidos o contexto, a forma e conteúdo
do gênero a ser estudado e produzido envolvendo duas ações. A primeira refere-se a situação de
comunicação e a escolha do gênero e a segunda diz respeito aos conteúdos a serem trabalhados.
Para ajudar na preparação da primeira ação, são apresentadas 4 questões que devem
necessariamente, serem respondidas: “Qual é o gênero que será abordado? A quem se dirige a
produção? Que forma assumirá a produção? Quem participará da produção?” (DOLZ e
SCHNEUWLY ,2004,p.99,100).
Primeira produção: Os alunos farão uma produção oral ou escrita dependendo do
gênero que será trabalhado. Essa produção tem uma dupla importância: para os alunos será o
momento de compreender o quanto sabem do gênero e do assunto a serem estudados e, ainda, se
entenderam a situação de comunicação à qual terão de responder; para os professores, a importância
é analisar o que os alunos já sabem, como por exemplo, identificar os problemas linguísticos do
gênero que deverão ser enfocados e definir a sequência didática.
Módulos: A quantidade e conteúdo dos módulos de ensino devem ser definidos de
acordo com as informações colhidas pelo professor da primeira produção dos alunos. Cada módulo
deve contemplar problemas específicos do gênero em questão a fim de garantir melhora dos alunos
na compreensão e uso da expressão oral ou escrita estudada.
Produção final: Após o processo os alunos deverão realizar uma produção que
demonstrará o domínio adquirido ao longo da aprendizagem acerca do gênero e do tema propostos e
permitirá ao professor avaliar o trabalho desenvolvido. Os autores esclarecem, contudo, ao final do
texto, que “as sequências devem funcionar como exemplos à disposição dos professores.” (2004,
p.128). Assim, dependendo da proposta e do gênero, o professor é livre para elaborar, por conta
própria, outras sequências.
Em linhas gerais, o artigo (Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de
um problema) sugere o ensino de gêneros textuais por meio desses módulos. É durante a produção
de um texto que o aluno depara-se, forçosamente com problemas relacionados a questões de
gramática, de ortografia e de sintaxe, como as maneiras de se utilizar e inserir os discursos diretos e
indiretos, os tempos e modos verbais adequados ao gênero textual e ao contexto de produção, frases
incompletas, falta de variedades nas construções frasais, pontuação precária, organização textual
9
deficiente, e a falta de coesão e coerência. No processo de leitura, escrita e reescrita é o momento
propício de se abrir espaço para estudar estas questões de ordem gramatical. Assim, o estudo da
gramática será mais significativo, pois ela estará sendo abordada dentro de um contexto e de uma
necessidade do momento. (cf. DOLZ e SCHNEUWLY, 2004, p.114, 115,118).
2.3 A esfera comunicativa
Ao estudar o gênero entrevista é importante, também, conhecer em que esfera
comunicativa ele se insere. Conforme apontado por Marcuschi (2003) e Bakhtin (2003), a esfera
comunicativa está relacionada à atividade humana, desde a cotidiana, escolar, literária, científica,
jornalística, publicitária, religiosa, etc., cada atividade tem, em seu bojo, gêneros próprios para
atender a uma necessidade. Pensando nessa perspectiva, o gênero entrevista, está relacionada à
esfera jornalística. Dessa forma, são vários os lugares de circulação/ publicação (Revistas, jornais,
sites, blogs, programas jornalísticos de TV e rádio). Por se tratar de entrevista, ela é um gênero
textual usado, geralmente, na modalidade oral com suas características intrínsecas, passíveis de
hesitações, repetições, elementos lexicalizados, elementos não lexicalizados, truncamentos frasais,
etc.:
a) hesitações (por exemplo: ah..., eh..., e... e... e, o... o..., o, de..., do..., da..., dos...),
b)elementos lexicalizados ou não-lexicalizados e tipicamente produzidos na fala,
tais como os marcadores conversacionais do tipo "sim", "claro", "certo", "viu", "en-
tendeu", "né", "sabe", "que acha?", "bem", "hã", principalmente quando aparecem
no interior de unidades discursivas,
c)segmentos de palavras iniciadas e não-concluídas que aparecem na transcrição e
por vezes são tributáveis a hesitações,
d)sobreposições e partes transcritas como duvidosas são aqui eliminadas.
(MARCUSCHI, 2001, p.77)
Segundo o autor, “a eliminção destes elementos já somam cerca de 10% a 20% do
material fônico do texto falado.” (2001, p.77).
10
Por ser a entrevista um gênero oral da esfera comunicativa jornalística - com suas
características intrínsecas, supracitadas - foi a escolhida para a análise da SD, para em seguida,
comparar o corpus, (as entrevistas) na modalidade oral (material fônico do texto falado escrito,
conforme a convenção do Projeto NURC) com a modalidade escrita na norma padrão da Língua
Portuguesa.
3. ANÁLISE COMENTADA DA PROPOSTA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Tendo como parâmetro trabalhar com uma SD em módulos, proposta por Dolz e
Schneuwly (2004) e com base na literatura analisada sobre gênero textual, esfera comunicativa,
modalidade oral e modalidade escrita com suas características intrínsecas, passamos a discorrer
como aplicamos a teoria na prática ao longo dos seis módulos na SD.
3.1 Informações gerais
Como já foi mencionado na introdução deste trabalho, o corpus primário, que serviu de
exemplo para análise da SD, é o resultado de experiências com alunos do primeiro ano do Ensino
Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo, especificamente da Escola Estadual Edgard
Francisco da cidade de Taboão da Serra.
3.1.1 Objetivos esperados
Os objetivos esperados na Sequência Didática (SD) são de instrumentalizar os alunos
como leitores e escritores proficientes em Língua Portuguesa. Geralmente eles apresentam muitas
dificuldades na escrita. Em suas produções textuais há marcas consideráveis da oralidade, muitos
vocábulos repetidos. Além disso, não há paragrafação, não há concordância segundo a norma
padrão, coesão, coerência, e a não observância de não grafar nomes próprios com letras maiúsculas,
entre outros.
Lidar com estes problemas, como saná-los e de como mostrá-los ao aluno e levá-lo à
solução deles, é a função do professor de Língua Portuguesa. Interagir com estas questões a partir
11
do texto e da gramática internalizada ou implícita do falante de língua materna é uma possibilidade
de estudar a estrutura e as regras da língua à luz da gramática normativa a partir da valorização da
gramática internalizada ou implícita do aluno.
Para minimizar os problemas de leitura e escrita,de toda a literatura analisada aqui, nos
apoiamos, principalmente, nas normas de transcrição do Projeto NURC, na proposta de Dolz e
Schneuwly (2004), e Marcuschi (1997,2001), pois, acreditamos que é possível reestruturar /
adequar bons textos na norma padrão da Língua Portuguesa a partir de um texto gravado pelo
próprio aluno ou de uma gravação capturada da internet, do rádio ou da televisão e transcrita com
as observações (mostradas anteriormente) e normas de transcrição do Projeto NURC.
Dessa forma, o aluno é levado a perceber, comparativamente, as características e
diferenças intrínsecas do texto falado e grafado, e o mesmo texto escrito, construído segundo as
normas da gramática tradicional, durante o processo de retextualização. Dessa forma, além dos
objetivos já citados, a SD pretende levar o aluno a aprender os conteúdos dos seguintes eixos de
ensino: distinguir as características da língua oral e da língua escrita; suprimir as marcas da
oralidade na língua escrita; desenvolver habilidades no uso do discurso direto, discurso indireto, da
concordância verbal, concordância nominal, coesão, coerência e paragrafação textual e desenvolver
a capacidade de síntese, no processo de retextualização de um texto a partir da intuição do aluno
por meio de sua gramática internalizada construída no processo de aquisição da língua.
3.1.2 Características das turmas
Os alunos que executaram a proposta de trabalhar com o gênero entrevista, foram
constituídos de três turmas (cerca de 120 alunos) da primeira série do Ensino Médio da Rede
Pública do Estado de São Paulo, do ano de 2009, especificamente da Escola Estadual Edgard
Francisco da cidade de Taboão da Serra. Mas as ideias aqui propostas são executáveis a partir das
séries iniciais até o nível superior. Tudo vai depender da proposta, do grau de dificuldade da turma
e dos objetivos do professor.
A escola está situada em uma região periférica. Os alunos são oriundos de vários
bairros próximos, outros distantes da escola. O nível socioeconômico dos alunos é bem variado. O
nível de aprendizagem é bastante heterogêneo, especialmente em relação às habilidades de leitura e
escrita.
12
3.2 A organização da SD
O modelo escolhido para a organização da SD foi o esquema proposto por Dolz e
Schneuwly (2004). Assim, a SD foi organizada em seis módulos, cada um com objetivos
específicos.
No primeiro módulo, a proposta foi a elaboração de uma entrevista com a finalidade de
sondar o conhecimento dos alunos sobre o gênero.
No segundo, o contato, por meio de leituras, com a teoria sobre o gênero entrevista e
textos sobre a modalidade da língua oral com finalidade de mostrar as suas características
intrínsecas, comparando com a modalidade padrão escrita.
No terceiro, com base nas leituras propostas no segundo módulo, a proposta foi o
planejamento ou a escolha (a escolha ficaria para quem optasse por uma entrevista pronta,
capturada na mídia falada) da entrevista, como por exemplo, o questionário relacionado com
escolha do tema pertinente ao contexto, o status do entrevistado, o público alvo pretendido e o
suporte de veiculação.
No quarto, a execução das entrevistas (para quem optasse por essa forma) ou a escolha
(para quem optasse pela entrevista capturada da mídia). O objetivo básico seria a aquisição do
material fônico para transcrevê-lo no quinto módulo.
No quinto, seria o módulo mais estafante, pois o processo de transcrição do material
fônico para o escrito exige muita paciência ao logo do processo de ida e de volta, na tentativa de
compreender tudo o que é dito na entrevista e de ser fiel às normas de transcrição.
No sexto e último módulo, com o material fônico escrito em mãos e com todos os
conhecimentos adquiridos durantes as leituras teóricas sobre as modalidades de língua oral e escrita,
é o momento da retextualização das entrevistas. Os objetivos nesta etapa final é trabalhar as
questões de gramática e sintaxe a partir do texto oral escrito, fazendo as adequações para a
modalidade padrão escrita.
3.3 As atividades propostas em cada unidade de trabalho
No primeiro módulo, antes da elaboração da SD, a primeira estratégia foi solicitarmos
a produção de uma primeira entrevista com os alunos da sala, divididos em grupos de 3 a 5 pessoas,
13
ou individual, se assim o aluno desejasse. Depois cada grupo apresentaria os resultados da
entrevista para a classe. Após a apresentação, orientamos cada grupo a descrever as características
desse gênero como as marcas linguísticas, a forma composicional, estilo, o registro, as etapas de
planejamento, produção oral e escrita de entrevistas. Os objetivos disso são avaliar o que os alunos
já sabem sobre o gênero, para, em seguida, trabalhar como se dá o processo de edição da entrevista
oral para a modalidade escrita, diagnosticando, assim, as dificuldades encontradas pelos alunos
sobre o tema com objetivos de avaliar em que patamar está a classe, e repensar/adaptar a SD de
acordo com as condições da classe ou até individualizar a proposta e instrumentalizar os alunos para
superar as dificuldades.
Depois dessa experiência, apresentamos algumas entrevistas publicadas em revistas
(impressa /digital), jornais (impresso/digital), blogs e elaboramos perguntas sobre elas para o grupo
confrontar com a que ele produziu.
Como exemplo, a proposta do questionário, elaborado com base na entrevista com o
ator Cauã Reymond (em anexo, na SD), foi levar o grupo / aluno a observar o gênero entrevista,
comparando-a com a que ele elaborou e verificar em que elas diferem. Além disso, levá-lo a indagar
como o entrevistado disse tal informação no modo oral e como ela foi editada para o suporte
impresso ou digital.
No segundo módulo, o contato com a teoria sobre a modalidade da língua oral é o
momento para o aluno compreender como se dá o processo de passagem da língua oral para a
modalidade escrita. Para isso, propomos a leitura e comparação de textos teóricos sobre o tema,
para a verificação das características da língua oral e da língua escrita a partir de um mesmo texto
após sua retextualização; os processos de atividades de retextualização; observações de entrevistas
veiculadas na mídia digital/ eletrônica (internet, rádio ou televisão); as normas para transcrição do
texto oral de acordo as convenções do Projeto NURC (PRETI, 2002) e (MARCUSCHI, 1997, 2001)
como subsídios de transcrição de texto falado e para , posteriormente, o aluno fazer uma boa
retextualização.
Os textos e trechos (completos no anexo, na SD) que auxiliam bastante no processo de
ensino e aprendizagem da modalidade oral para modalidade escrita, entre outros, sugerimos: “O que
é retextualização?”, “Narrativa Oral – uma jovem de 17 anos de idade”, “Quadro dos sinais
conversacionais verbais” e “Normas para transcrição.” (MARCUSCHI, 1997, 2001 ; PRETI,
2002).
14
Para exemplificar o que foi lido na teoria, resolvemos apresentar o texto “Narrativa
Oral – uma jovem de 17 anos de idade,” retextualizado. (retextualização feita pelo professor da sala,
anexo, na SD).
Após a leitura dos textos e exemplo propostos, a finalidade é habilitar o aluno a
observar, compreender e apreender as diferenças do ponto de vista da forma e do conteúdo de
qualquer texto na modalidade oral (falado escrito) para o mesmo texto retextualizado em sua
modalidade escrita, de acordo com os parâmetros da gramática normativa. Assim, solicitamos que
cada grupo /aluno comentasse as diferenças do ponto de vista da forma (como o texto está
estruturado: pontuação, paragrafação) e do conteúdo (extensão, vocabulário, coesão, coerência) do
texto original para o mesmo texto retextualizado no seguinte esquema:
Texto original Texto retextualizado
Forma: Texto sem paragrafação, sem pontuação.
Conteúdo: repetitivo, aparentemente caótico, frases
truncadas, vocábulos e expressões característicos da
fala: “eh...”; “sabe? entendeu?”; “ele foi criado/os
pais dele por um clima de... autoritarismo...
entendeu?”,etc.
Forma: Paragrafação e pontuação presentes,
características da norma padrão escrita.
Conteúdo: Sintético, coeso, coerente.
No entanto, é importante observar o contexto de produção textual, a sua finalidade, o
suporte de veiculação, o público pretendido, pois estas questões de ordem contextual, circunstancial
e adequação do texto, a gramática normativa não contempla.
No terceiro módulo, após o embasamento teórico trabalhado anteriormente, partimos
para o planejamento da entrevista.
Sugerimos ao aluno / grupo que escolhesse os temas, os entrevistados ou entrevistas
prontas , e os contextos com os quais gostaria de trabalhar e que tinha afinidades com ele.
Demos duas opções. Primeiro o aluno ou grupo poderia capturar uma entrevista pronta na mídia
eletrônica / digital( rádio,tv,internet).A segunda opção poderia ser elaborado um questionário,
como roteiro básico, para fazer as entrevistas, lembrando-o que, de acordo com o andamento da
entrevista, é comum surgirem outras peguntas que podem ser inseridas no momento da interação
face a face.
15
Orientamos cada grupo / aluno , na hora da elaboração do questionário ,a evitar
perguntas fechadas, pois os resultados são respostas com poucas marcas da oralidade como por
exemplo as “ hesitações ( ah..., eh..., e... e... e, o... o..., o, de..., do..., da..., dos...), [...]os marcadores
conversacionais[...]"sim", "claro", "certo", "viu", "entendeu", "né", "sabe", "que acha?", "bem",
"hã"[..]” etc. (Marcuschi (2001,p.77).
O ideal é fazer perguntas abertas que fazem o falante planejar e replanejar o
pensamento na hora da fala. Tendo o cuidado , entretanto , de não se estender muito, para o texto
não ficar muito longo. Isso também vale para quem optar pela entrevista capturada pronta da
mídia. O ideal é que a fala tenha entre dois a cinco minutos de duração , mas que tenha um início,
meio e fim, para não compometer o sentido global do texto no momento da trancrição e
retextualização.
No quarto módulo, cada grupo / aluno partiu para a execução ou escolha das
entrevistas. O objetivo básico desta etapa foi a aquisição do material fônico para transcrevê-lo no
módulo seguinte.
No quinto módulo com o material fônico gravado, partimos para a transcrição das
entrevistas.
Neste módulo , fizemos a transcrição de uma entrevista com a sala , conscientizando-
a da necessidade de ser persistente e de não parar com o projeto depois de um logo caminho já
percorrido. É nessa etapa que muitos reclamam, pois o processo de transcrição do material
fônico para o escrito exige-se muita paciência ao logo do processo de ida e de volta do áudio
/audiovisual, na tentativa de compreender tudo o que é dito na entrevista e de ser fiel às normas
de transcrição.
No sexto e último módulo, é o momento da retextualização. Propusemos, nessa etapa
final, que cada grupo / aluno fizesse duas retextualizações do mesmo texto: uma no discurso
direto e outra no discurso indireto. Foi nesta etapa, como já era esperado, que os alunos se
depararam com algumas questões relacionadas à gramática, como a ortografia, a sintaxe, a
paragrafação, a pontuação, as maneiras de se utilizar e inserir os discursos diretos e indiretos, os
tempos e modos verbais adequados, a coesão, a coerência, etc. A partir destes problemas
pontuados pelos alunos, no processo de leitura, escrita e reescrita, pudemos abrir espaço para
estudar ou rever estas questões de ordem gramatical. Assim, o estudo da gramática foi mais
16
significativo, pois ela estava sendo abordada dentro de um contexto e de uma necessidade do
momento. Não um estudo da gramática pela gramática, com frases soltas e descontextualizadas.
Pensando nestas questões, propusemos aos alunos a pesquisarem em livros didáticos,
paradidáticos, gramáticas, internet, os seguintes conteúdos:
Coesão, coerência, discurso direto e discurso indireto. Com o material em mãos,
propusemos a leitura e uma série de exercícios (conforme constam no anexo da SD) com textos
sem coesão e sem coerência, abordando algumas incoerências (narrativas, figurativas e
argumentativas). Após o estudo destes conteúdos, o desenvolvimento das retextualizações fluiu
naturalmente.
De todos os grupos / alunos que fizeram as entrevistas, (três turmas da primeira série do
Ensino Médio) escolhemos apenas duas, feitas individualmente, como exemplo para a análise.
Uma construída pelo próprio aluno e a segunda ,capturada pronta da Folha Online, na internet.
Por termos um espaço delimitado, transcrevemos aqui, as duas entrevistas, apenas no
discurso indireto para comentarmos os resultados. As entrevistas completas constam no anexo da
SD, nas duas modalidades, oral e escrita.
A entrevista sob o tema gravidez, elaborada pela própria aluna, no discurso indireto:
Segundo Larissa dos Santos, da cidade de Taboão da Serra, engravidou com
apenas 14 anos e o tema tratado da entrevista foi sobre gravidez. Larissa muito
simpática respondeu às perguntas e uma delas correspondia se sua gravidez fora
planejada. Larissa havia dito que foi sua primeira vez e não havia relacionado algo
antes e não tinha usado camisinha então o entrevistador indagou o porquê dela não
ter usado a camisinha e ela confidenciou que na hora nem tinha pensado no uso da
camisinha e que os seus hormônios estavam lá em cima no momento.
O entrevistador perguntou mais sobre sua realidade como sua vida estava
sendo e se ela havia parado de estudar, ela destacou que havia parado de estudar e
que está trabalhando para se sustentar e que o pai de seu filho foi irresponsável e a
largou na hora em que o bebê nasceu e que seus pais haviam expulsado de casa.
Nisso o entrevistador prosseguiu sua entrevista perguntando se ela esperava algo do
futuro. Larissa dos Santos apenas irá cuidar de seu filho e irá continuar trabalhando
como deve. Para finalizar o entrevistador perguntou-lhe se tinha alguma meta ou
sonho, nisso ela ressaltou que o seu único sonho é que o filho não cometesse o
mesmo erro que ela cometeu.
(Amanda Silva Viana. Aluna da 1ª série do Ensino Médio da EE Edgard Francisco).
17
Segunda entrevista, com Danilo Gentili, captada pronta da mídia digital (vídeo da
Folha Online):
Em uma entrevista à Folha Online, Danilo Gentili explicou sobre sua entrada no
programa CQC e, quais foram as mudanças que ocorreram em sua vida após este
fato. Disse que entrou no programa depois de ter feito uma entrevista com Agnaldo
Timóteo e que depois passou e logo que começou a fazer o programa até seu nome
mudou, porque agora todo mundo o conhece como "CQC". Logo depois foi
questionado sobre o grande sucesso que é o programa e, disse que nunca tinha
imaginado tudo isso. Disse também que seu contrato com a emissora de TV Band
vai até o fim de 2009 e que se sente bem no programa porque pode ser "ele
mesmo”. A Folha ainda perguntou sobre as piadas dele e, ele disse que tinha
ciúmes delas, mas que isso era normal.
(Cibele da Silva Simões. Aluna da 1ª série do Ensino Médio da EE Edgard
Francisco).
Diante destes resultados, comparando com os textos originais orais escritos, é fácil
percebermos o crescimento e as habilidades das alunas em manejar bem as regras estruturais de um
texto na modalidade padrão escrito. O que mais nos chamou a atenção foi a capacidade de síntese
na análise da aluna na entrevista com Danilo Gentili. O texto original, (oral escrito), com quase
duas páginas, foi sintetizado em apenas um parágrafo com menos de doze linhas, sem prejuízo das
informações essenciais. Diante disso, podemos garantir que a proposta alcançou, quase plenamente,
os seus objetivos.
Além disso, podemos observar que as alunas adquiriram habilidades gerais sobre o
gênero entrevista em relação ao “trabalho de edição (exclusão de marcas da oralidade, de
repetições, de hesitações etc.) que visa a garantir: maior clareza e objetividade ao texto; destaque
para as falas que se supõem mais relevantes para o leitor; [...] as etapas de planejamento, produção
oral” (CADERNOS..., 2010), transcrição e retextualização das entrevistas.
18
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi pontuado durante as atividades propostas nos módulos, especialmente no
sexto e último, no momento da retextualização observamos os comentários dos alunos tentando
resolver algumas questões relacionadas à gramática, como a ortografia, a sintaxe, a paragrafação, a
pontuação, as maneiras de se utilizar e inserir os discursos diretos e indiretos, os tempos e modos
verbais adequados, a coesão, a coerência. A partir destes problemas pontuados pelos alunos, no
processo de leitura, escrita e reescrita, podemos verificar o interesse para a pesquisa e o estudo ou
revisão destas questões de ordem gramatical. Percebemos, assim, que o estudo da gramática
naquele momento foi mais interessante significativo, pois ela estava sendo abordada dentro de um
contexto e de uma necessidade dos alunos durante o processo de retextualização.
Pudemos encontrar, ainda, nos resultados finais, alguns problemas de ordem gramatical.
No entanto, optamos por respeitar, de um modo geral, nesse primeiro momento, essas dificuldades
do aluno / grupo, deixando para saná-las em outro momento.
Entretanto, os resultados apresentados são perceptíveis. Comparando as duas
entrevistas, originais (amostra) com as mesmas retextualizadas no discurso direto / indireto, (em
anexo na SD) pudemos verificar a progressão das duas alunas em relação a aprendizagem dos
conteúdos propostos: a distinção das características da língua oral e da língua escrita; supressão
das marcas da oralidade na língua escrita; desenvolvimento das habilidades no uso do discurso
direto, discurso indireto, na concordância verbal e nominal, coesão e coerência; paragrafação
textual e do desenvolvimento da capacidade de síntese.
O interessante de tudo isso foi de não haver, de nossa parte, a preocupação de fazermos
os alunos memorizarem algumas regras de ordem gramatical, como a análise sintática, o discurso
direto, discurso indireto, coesão, coerência, paragrafação, concordância nominal, concordância
verbal, capacidade de síntese, etc. Mas, os resultados vieram a partir da necessidade de consultar
estes conteúdos para sanarem estes problemas (ordem gramatical) encontrados durante o processo
de retextualização. E o mais importante, foi valorizarmos a intuição do aluno e sua gramática
internalizada, construída ao longo do processo de aquisição da linguagem. Assim, a apresentação
dos resultados comparativos entre o texto original oral escrito e sua forma retextualizada na norma
padrão da Língua Portuguesa em discurso direto e discurso indireto por meio de uma SD bem
19
estruturada com boa base teórica, é, entre outras, uma estratégia possível que o professor pode se
apropriar para uma avaliação positiva no processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 4.ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2003[1952-53/1979], p. 261-306.
Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa / Programas: Ler e escrever e Orientações
curriculares. Livro do Professor. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010. Sexto ano. Disponível
em:
<http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/L
P6/LP_conteudo_Prof_6Ano.pdf >. Acesso em: 10 jun.2012.
DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral
e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ, Joaquim. et al.
Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Helena Rodrigues Rojo e
Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128.
__________ Gêneros e progressão em expressão oral e escrita. Elementos para reflexões sobre uma
experiência suíça. In: COUTINHO, Luciana Cristina Salvatti. Disponível em: <
http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/2009/12/dolz-j-e-schneuwly-b-generos-e_11.html>.
Acesso em: 25 nov.2012.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 3.ed., São Paulo:Ática,1997.
_________Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.
20
_________ Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva;
MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais e ensino.
2.ed.Rio de Janeiro: Lucerna,2003.
PRETI, Dino. Normas para transcrição. In: PRETI, Dino. (Org.) Interação na fala e na escrita.
São Paulo: Humanitas, 2002, p.17,18.
SILVA, Luiz Antônio. Síntese da história do projeto NURC. Linha d´Água, São Paulo, n.10,
jul.1996, p.83-90. Disponível em: < http://www.fflch.usp.br/dlcv/nurc/historico.htm>.Acesso em:
26 maio 2011.
OUTRAS REFERÊNCIAS DE APOIO
CITELI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994.
SAIEG-SIQUEIRA, João Hilton. Organização do texto dissertativo. São Paulo: Selinunte, 1995.
SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática,
1996.
SOUZA, Aguinaldo Gomes de. Gêneros virtuais – algumas observações. Letra Magna, São Paulo,
n.7, ano 4,2007. Disponível em<
http://www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf >>. Acesso em: 18 nov.2012.
TEERA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997.
21
Anexo - A SD Elaborada
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA ALUNOS DA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
A ENTREVISTA: DO ORAL PARA O ESCRITO
Por Eliorefe Cruz Lima
APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO
A ENTREVISTA: DO ORAL PARA O ESCRITO
PRIMEIRO MÓDULO
Tempo previsto: duas semanas
Fazer uma entrevista em dupla. Pode ser gravada entre os colegas da sala ou capturar pronta da
internet, do rádio ou da televisão.
IMPORTANTE:
Peguem /façam uma entrevista curta entre 2 e no máximo 3 minutos que tenham início, meio e
fim.(se for muito longa , poderá ser inviável a transcrição completa)
Em seguida, façam a transcrição da entrevista e tragam para apresentarem na sala, observando o
seguinte roteiro:
Como é a forma composicional da entrevista?
Como vocês planejaram ou quais as etapas de preparação da entrevista?.
Quais os objetivos da entrevista?
Como foi a transcrição e organização dos dados?
Em que tipo de suporte (veículo de comunicação) vocês pensaram em publicar a entrevista?
Quais seriam os potenciais leitores (tipo de perfil interessado) da entrevista?
22
SEGUNDO MÓDULO
Tempo previsto: uma semana
OS OBJETIVOS:
Esta Sequência Didática (SD) pretende sondar o que vocês já sabem sobre o gênero, para, em
seguida, trabalhar como se dá o processo de edição da entrevista oral para o escrito,
diagnosticando,assim, as dificuldades encontradas sobre o tema com a finalidade de avaliar em
que patamar vocês estão, e a partir disso, repensar/adaptar a SD de acordo com as condições
apresentadas , ou até individualizar a proposta e instrumentalizar vocês para superarem as
dificuldades.
Nesta Sequência Didática vamos abordar o processo de edição das entrevistas orais para a língua
escrita. E partir desse processo de edição, distinguir:
As características da língua oral e da língua escrita; saber o processo de supressão das marcas da
oralidade na língua escrita; desenvolver as habilidades no uso do discurso direto, discurso indireto,
concordância verbal, concordância nominal, coesão, coerência e paragrafação a partir de uma
entrevista elaborada/ capturada e transcrita por vocês; desenvolver a capacidade de síntese.
Leiam a seguinte entrevista:
FAMA NÃO ENCHE BARRIGA, DIZ CAUÃ REYMOND
"Trabalhar e ficar quieto" é a recomendação do ator Cauã Reymond, 27,
para seus colegas de profissão. Para ele, a classe artística não tem que dar
opinião sobre tudo.
Reymond já está na quinta novela --vive Lucas em "Eterna Magia--, se prepara para
filmar o terceiro longa-metragem (já fez "Ódiquê" e "Falsa Loura") e desfilou para grifes como Jean
Paul Gaultier. Também lavou banheiro, varreu chão e pintou parede para pagar estudos de
interpretação em Nova York.
23
Em entrevista à Folha Online, Cauã evita falar muito de sua vida pessoal (leia-se namoro com
Grazi Massafera e casamento com Alinne Moraes) e diz ser fã de Fernando Gabeira (PV-RJ). Leia
trechos da entrevista.
Folha Online - Qual é a sua esperança para o Brasil? Você é do time dos otimistas ou dos
pessimistas?
Cauã - Sou do time do [Fernando] Gabeira. Sou fã dele porque faz, fala e pensa de maneira
coerente.
Folha Online - O projeto mais polêmico dele é sobre descriminalização das drogas. Você é a
favor da liberação das drogas?
Cauã- Não vou entrar neste assunto de drogas porque acho que ator não tem que ficar dando
opinião sobre tudo. Ator pode ter suas opiniões pessoais, mas não é político. Tem que ir lá fazer seu
trabalho e ficar quieto.
Folha Online - Muita gente dá, como no movimento "Cansei", por exemplo.
Cauã - As pessoas têm que ter foco, saber seu papel. Foco no trabalho, nas coisas que são
realmente importantes. Quer ficar falando sobre política? Vá ser político, não vá ser ator. Está todo
mundo insatisfeito e é por isso que as pessoas tomam um monte de pilulazinha, de remedinho para
tudo.
Folha Online - Você, assim como outros tantos jovens atores, começou na TV em
"Malhação". O que acha que fez de diferente para conseguir estar na sua quinta novela, ter
feito dois filmes, enquanto outros galãs da novelinha sumiram?
Cauã - Tem ator que não consegue lidar com o assédio, fica metido, deslumbrado, acha que jabá e
baile de debutantes será sua fonte financeira para sempre. É uma verdade, mas não é definitiva.
Tem que estudar, e eu estudei.
Folha Online - E dá para passar ileso ao deslumbramento?
Cauã- Eu não passei ileso. Passei os quatro primeiros meses deslumbrado depois que entrei em
"Malhação". A fama seduz muita gente. Me seduziu um pouco, mas não muito. Minha família me
ajudou a colocar meus pés no chão. Faço análise desde os 14 anos.
Folha Online - Quando você percebeu esta sedução?
24
Cauã - A primeira vez que vi que fama não enche barriga foi quando desfilei para Jean Paul
Gaultier em Paris. Estava deslumbrado em desfilar para uma grife tão bacana. Depois que acabou o
desfile, fui para casa de metrô sozinho e "durão" [sem dinheiro].
Folha Online - Como você lida com o assédio da imprensa?
Cauã - O ator tem que tomar cuidado. Tem gente que fala que não quer ser vítima de fofoca, mas
sai com o novo namorado na praia do Leblon (RJ). É claro que vai ser fotografado. Quer
privacidade? Então não sai de casa.
Folha Online - Você gosta de fofoca?
Cauã - Todos gostam de fofocar. Eu mesmo fico pensando... 'Como será a
relação do Brad Pitt com a Angelina Jolie?'. Mas é uma curiosidade natural,
não é passional, entende?
Folha Online - Todo mundo também quer saber sobre seus namoros...
Cauã - Ah, você vai perguntar da minha vida pessoal? Vivi com a Alinne (Moraes) e tinha aquela
coisa de "casal 20", foi legal e acabou. Mas se você pensar no fim da relação, não vai namorar
ninguém. A Grazi é linda, maravilhosa, bem-humorada. Damos boas risadas juntos e é isso. Seja
gentil comigo, hein? Fui aberto com você.
......................................................................................
Fama não enche barriga. Folha Online. Disponível
em<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u321264.shtml>.Acesso em:26 ago.2012.
Respondam as seguintes perguntas em grupos de 3 a 5 pessoas:
Comparem a entrevista que vocês acabaram de lê com a que vocês escrevam. Em que elas
diferem?
Respostas pessoais
Em que mídia a entrevista foi publicada?Site?Jornal?
A entrevista foi publicada em mídia digital (Internet). No site UOL, jornal Folha Online.
Como a entrevista está estruturada?
A entrevista está estruturada no formato tradicional perguntas e respostas. Estas estão em negrito
para fácil localização, pelo leitor, do entrevistador e do entrevistado.
Qual o nome do entrevistador e do entrevistado?
O nome do entrevistador está representado pelo próprio jornal, a Folha Online.
25
Quem serão os possíveis leitores de tal entrevista?
Os possíveis leitores seriam variados: interessados na esfera artística, telespectadores de novelas
em geral,
Qual o título da entrevista? De onde ela foi retirada?
O título da entrevista é “Fama não enche barriga”, retirada da própria fala do entrevistado.
Característica comum das entrevistas, “de ter por título um trecho da fala do entrevistado ou uma
frase-síntese que revela a opinião do entrevistado”.
Qual é síntese exposta da entrevista?
"Trabalhar e ficar quieto" é a recomendação do ator Cauã Reymond, 27, para seus colegas de
profissão. Para ele, a classe artística não tem que dar opinião sobre tudo.
Como o entrevistado é apresentado antes de iniciar-se a entrevista?
Reymond é apresentado como ator da quinta novela --vive Lucas em "Eterna Magia--, se prepara
para filmar o terceiro longa-metragem (já fez "Ódiquê" e "Falsa Loura") e desfilou para grifes como
Jean Paul Gaultier. Também lavou banheiro, varreu chão e pintou parede para pagar estudos de
interpretação em Nova York. Cauã evita falar muito de sua vida pessoal e diz ser fã de Fernando
Gabeira (PV-RJ).
Qual (is) é (são) o (os) assunto(s) da entrevista?
A entrevista versa sobre alguns assuntos como política, descriminalização das drogas, fama, assédio
da imprensa, otimismo, fofoca e vida pessoal.
Qual é a opinião do entrevistado sobre o (s) assunto(s)?
O entrevistado se mostra cauteloso quanto à fama, ser realista, não deve ficar dando opinião sobre
tudo ,deve fazer o seu trabalho e ficar quieto.
Das perguntas anteriores é possível tirar algumas respostas das entrevistas que vocês
produziram? Qual (is?). Respostas pessoais
Qual (is) não é (são) possível (eis)? Respostas pessoais
Por quê? Respostas pessoais
TERCEIRO MÓDULO
Tempo previsto: três semanas
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
26
Agora vamos lê alguns textos. Estes ajudarão vocês a aprimorar o processo de retextualização
(reescrita) das entrevistas. Para isso, vamos nos basear em dois autores que abordam a questão da
língua oral. São eles: Dino Fioravante Preti e Luiz Antônio Marcuschi.
Há outras fontes que também tratam do assunto ( língua oral) e do gênero entrevista. Para ajudá-los
nessa caminhada, e quem tiver interesse em se aprofundar mais sobre esses temas , vejam a
bibliografia/ webgrafia :
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 4.ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2003[1952-53/1979]. p. 261-306.
Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa / Programas: Ler e escrever e Orientações
curriculares. Livro do Professor. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010. Sexto ano. Disponível
em:
<http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/L
P6/LP_conteudo_Prof_6Ano.pdf >. Acesso em: 10 jun.2012.
DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral
e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ, Joaquim. et al.
Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Helena Rodrigues Rojo e
Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128.
__________ Gêneros e progressão em expressão oral e escrita. Elementos para reflexões sobre uma
experiência suíça. In: COUTINHO, Luciana Cristina Salvatti. Disponível em: <
http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/2009/12/dolz-j-e-schneuwly-b-generos-e_11.html>.
Acesso em: 25 nov.2012.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 3.ed., São Paulo:Ática,1997.
_________Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.
27
_________ Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva;
MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais e ensino.
2.ed.Rio de Janeiro: Lucerna,2003.
Normas para transcrição. In: PRETI, Dino. (Org.) Interação na fala e na escrita. São Paulo:
Humanitas, 2002, p.17,18.
SILVA, Luiz Antônio. Síntese da história do projeto NURC. Linha d´Água, São Paulo, n.10,
jul.1996, p.83-90. Disponível em: < http://www.fflch.usp.br/dlcv/nurc/historico.htm>.Acesso em:
26 maio 2011.
OUTRAS REFERÊNCIAS DE APOIO
CITELI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994.
SAIEG-SIQUEIRA, João Hilton. Organização do texto dissertativo. São Paulo: Selinunte, 1995.
SAVIOLI, Francisco Platão ; FIORIN,José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 1996.
SOUZA, Aguinaldo Gomes de. Gêneros virtuais – algumas observações. Letra Magna, São Paulo,
n.7, ano 4,2007. Disponível em<
http://www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf >.Acesso em: 18 nov.2012.
TEERA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997.
Para esta Sequência Didática, vejamos os dois autores citados anteriormente:
Preti (2002, pp.15,16) afirma que na transcrição de uma fala para a língua escrita, devemos
observar os seguintes itens:
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“1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas( USP etc.).2. Fáticos: ah, éh, ahn,
ehn,tá? (não por está: ta? Você está brava?).3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros em
itálico. 4. Números: por extenso. 5. Não se indica o ponto de exclamação. 6. [...].7. Podem-se
combinar sinais. Por exemplo: oh:::...(alongamento e pausa).8. Não se utilizam sinais de pausa,
tipos da língua escrita, como ponto-e-vírgula, ponto final, dois pontos, vírgula. As reticências
marcam qualquer pausa”.
Assim, é possível, a partir de uma entrevista gravada por vocês, ou capturada da internet, do rádio
ou da televisão e transcrita com as observações supracitadas, termos bons textos na norma padrão
da Língua Portuguesa. Dessa forma, vocês podem observar, comparativamente, as diferenças --
entre o oral escrito e o texto escrito, construído segundo as normas da gramática tradicional,
[vamos estudar estas normas mais para frente] durante o processo de retextualização.
Vejamos um esquema exemplo, de como fazer uma transcrição.
TEXTO 1:
OCORRÊNCIAS SINAIS EXEMPLIFICAÇÃO
Incompreensão de
palavras ou
segmentos
( ) do nível de renda ( ) nível de renda nominal
Hipótese do que se
ouviu
( hipótese ) ( estou ) meio preocupado ( com o gravador )
Truncamentos
bruscos. Quando
um falante corta
uma unidade
/ (marca-se o
fato com uma
barra)
E comé/ e reinicia
Entonação enfática maiúscula porque as pessoas reTÊM moeda
Prolongamento de
vogal e consoante (
como s,r)
::podendo
aumentar para:::
ou mais
ao emprestarem... éh:::...dinheiro; co::mo; e::u
Silabação - Por motivo de tran-sa-ção
Interrogação ? e o Banco...Central...certo?
Qualquer pausa
... São três motivos... ou três razões...que se retenha moeda...existe
uma...retenção
Comentários
descritivos do
((minúscula)) ((tossiu))
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transcritor.Usam-se
parênteses duplos
Comentários que
quebram a
seqüência temática
da exposição;
desvio temático.
-- -- ....a demanda de moeda -- vamos dar essa notação -- demanda de
moeda por motivo
Sobreposição,
simultaneidade de
vozes.
ligando as
[
linhas
A. na casa da sua irmã
[
B. sexta-feira?
A. fizeram LÁ....
[
B. cozinharam lá?
Indicação de que a
fala foi tomada ou
interrompida em
determinado ponto.
Não no seu início,
por exemplo.
(...) (...) nós vimos por exemplo que existem...
Citações literais ou
leitura de textos,
durante a gravação.
“ ” Pedro Lima... éh escreve na ocasião.. “O cinema falado em língua
estrangeira não precisa de nenhuma baRREIra entre nós”...
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No texto dois vemos outro esquema exemplo, apontando quais são as marcas próprias da língua falada.
Texto 2:
No texto 3 temos a definição de retextualização e alguns exemplos de marcas da oralidade que são
passíveis de serem eliminadas na hora da reescrita ou retextualização de um texto oral.
TEXTO 3: O QUE É RETEXTUALIZAÇÃO?
É a passagem ou transformação do texto falado para o texto escrito. Poderíamos também definir de
reescrita. Alguns procedimentos básicos, para uma boa retextualização, são a eliminação de:
a) Hesitações: ah....,eh...,e...e...e...,.o...o..., de...,do....,da...dos..
b) Elementos lexicalizados (palavras dicionarizadas, que podemos encontrá-las no dicionário) ou
não lexicalizados (palavras não dicionarizadas, que não podemos encontrá-las no dicionário. São
encontradas apenas na fala cotidiana) e tipicamente produzidos na fala, tais como os operadores
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conversacionais do tipo: “sim”, “claro”, “certo”, “viu”, “entendeu”, “ né”, “sabe”, “que acha?” “
bem” “ hã ”
c) Segmentos de palavras iniciadas e não concluídas que aparecem na transcrição e, portanto são
tributáveis a hesitações.
d) Sobreposições (falas simultâneas em um mesmo local da entrevista) e partes transcritas como
duvidosas.
e) Frases truncadas (frases iniciadas e não finalizadas, deixando o raciocínio suspenso).
f) Repetições. (a mesma palavra repetida várias vezes numa mesma frase / texto)
Agora vejamos uma entrevista retirada do livro de Marcuschi (2001, p.112 e 113), transcrita do jeito que
o entrevistador e entrevistado falaram, com algumas marcas da língua oral, conforme mostradas nos
textos 1,2 e 3.
TEXTO 4 - EXEMPLO
Narrativa Oral – uma jovem de 17 anos de idade, Rio de Janeiro, 1993.
Texto Original
F1 - e::...Claire ...agora pra terminar ...eu quero que você ...dê a sua opinião pra mim...ou
sobre...amizade...namoro...vocação...vestibular...
F2 – eh ...eu vou falar sobre a minha família....sobre os meus pais...o que eu acho deles....como eles
me tratam....bem...eu tenho uma família....pequena ...ela é composta pelo meu pai...pela minha mãe
.... pelo meu irmão ...eu tenho um irmão pequeno de ... dez anos...eh o meu irmão não influencia
em nada.... a minha mãe é uma pessoa superlegal...sabe? ela ...é uma pessoa que conversa
comigo...é minha amiga...ela...me mostra sempre a realidade da vida...ela nunca...ela
nunca...esconde nada de mim...né? tenta ver o melhor para mim...me mostra a vida como ela
é....entendeu? o meu pai não...o meu pai já é uma pessoa ....ah....ele ...já....é uma pessoa muito
fechada...e... triste...porque a juventude dele...a criação dele...foi uma coisa...foi uma coisa/como é
que eu vou dizer? eh ...ele foi criado/os pais dele por um clima de ...autoritarismo...entendeu? meu
avô era autoritário...ele não via a justiça ...sabe?entendeu?ele foi criado no Norte...no
interior...então aque/as pessoas do interior geralmente têm uma mente mais fechada...entendeu?são
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uma pessoa tipo...entre aspas...ignorantes...nê?entendeu?então é isso que o meu pai ( ) uma visão
assim da vida...então é isso que ele passa pra mim...eu não acho certo...ele acha que...ele acha que a
pessoa tem que estudar....trabalhar...entendeu?ele não vê nada...ele não conversa comigo...ele não
amostra os pontos de vista dele...a minha família ...nesse ponto...eu acho que
é....errada...entendeu?porque eu acho que meu pai ...ele tinha que conversar mais comigo...ele tinha
que me amostrar mais os fatos...é isso que eu acho errado...às vezes eu fico revoltada com isso ...ele
sabe criticar...criticar...me criticar...me recriminar...dizer que eu estou errada...entendeu? é isso que
eu acho da minha família...que eu não acho que é um exemplo ...só isso....
(MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita. Atividade de retextualização, 2ª.ed.,São
Paulo,Cortez,2001,p.112,113).
Exercício em grupo de 3 a 5 pessoas ( localização das marcas da oralidade no texto oral escrito).
Leiam novamente o texto com bastante atenção e transcrevam as marcas da oralidade conforme
indicadas nos textos 1, 2 e 3:
a) Hesitações: “ah...eh”
b) Elementos lexicalizados: “ entendeu?” , “sabe?”, “ então”, “bem”, “sabe?”
c) Elementos não lexicalizados: “ nê?”
d) Segmentos de palavras iniciadas e não concluídas: “então aque/as pessoas do interior...”
e) Frases truncadas: “...ele foi criado/os pais dele por um clima de ...autoritarismo...” , “então
aque/as pessoas do interior...”
f) Repetições: “entendeu?”, “nê?” “...eu vou falar sobre a minha família....sobre os meus
pais...” “pelo meu pai...pela minha mãe .... pelo meu irmão...” “eu não acho certo...ele acha
que...ele acha que a pessoa tem que estudar....trabalhar..”
g) Hipótese do que se ouviu: “...é isso que o meu pai ( ) uma visão assim da vida...”
O MESMO TEXTO RETEXTUALIZADO
Uma das possibilidades de retextualização [ feita pelo professor da sala ]
Agora vocês vão ler o mesmo texto retextualizado pelo professor.
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F1: Claire, para terminar, dê-me a sua opinião sobre amizade, namoro, vocação ou
vestibular.
F2: Vou falar sobre a minha família. Ela é pequena, composta pelos meus pais e um
irmão de dez anos que não influencia em nada.
A minha mãe é uma pessoa muito amiga. Conversa comigo, mostra-me a realidade da
vida. Nunca esconde nada de mim.
Já o meu pai é uma pessoa muito fechada e triste. Ele foi criado no Norte num
clima de autoritarismo pelos meus avós. Por isso ele tem uma mente muito fechada. Não tem um
ponto de vista próprio nem dialoga comigo. Só sabe me recriminar e criticar. Ele acha que a vida é
só trabalhar e estudar. Eu acho esse tipo de comportamento errado. Isso, às vezes, me deixa
revoltada. As atitudes dele contribuem para que a minha família não seja um bom exemplo.
Exercícios em grupo de 3 a 5 pessoas
1. Comentem as diferenças do ponto de vista da forma (como o texto está estruturado:
pontuação, paragrafação) e do conteúdo (extensão, vocabulário, coesão, coerência) do texto
original para o mesmo texto retextualizado.
(Possíveis respostas)
Texto original Texto retextualizado
Forma: Texto sem paragrafação, sem
pontuação.
Conteúdo: repetitivo, aparentemente
caótico, frases truncadas, vocábulos e
expressões característicos da fala: “eh...”; “
sabe?entendeu?”; “ele foi criado/os pais
dele por um clima de
...autoritarismo...entendeu?”,etc.
Forma: Paragrafação e pontuação
presentes, características da norma
padrão escrita.
Conteúdo: Sintético, coeso, coerente.
2. Comentem por que houve as mudanças do texto original para o mesmo texto reescrito.
As mudanças ocorreram porque houve a supressão dos elementos característicos da lingua oral
como as hesitações, elementos lexicalizados, elementos não lexicalizados, segmentos de
palavras iniciadas e não concluídas, frases truncadas, repetições e hipótese do que se ouviu.
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QUARTO MÓDULO
Tempo previsto : duas semanas
Agora vocês( e professor também) vão pesquisar em livros didáticos, gramáticas, internet e
trazer para a sala , os seguintes contéudos:
Cosão,coerência, discurso direto,discurso indireto.
Com o contéudo em mãos vamos estudar,tirar dúvidas e fazer exercícios.
I) Coerência e seus níveis – teoria e exercícios
II) Coesão e síntese dos elementos coesivos
Leiam e façam os exercícios propostos no final.
I) Coerência: deve ser entendida como unidade do texto. Um texto coerente é um conjunto
harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que
não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. No texto
coerente, não há nenhuma parte que se não se solidarize com as demais.
Níveis de coerência - Há três níveis em que a coerência deve ser observada:
1.Coerência narrativa:A estrutura narrativa tem quatro fases distintas:
- manipulação, fase em que alguém é induzido a querer ou dever realizar uma ação;
- competência, em que esse alguém adquire um poder ou um saber para realizar aquilo que ele quer
ou deve;
- performance, a fase em que de fato se realiza a ação;
- sanção, fase em que se recebe a recompensa ou o castigo por aquilo que realizou.
Essas quatro fases, conforme os autores, se pressupõem, ou seja, a posterior depende da anterior.
Ele exemplifica, afirmando que um sujeito só pode fazer algo (performance) se souber ou puder
fazê-la (competência). É incoerência narrativa relatar uma ação realizada por alguém que não tinha
competência para realizá-la.
Exemplo sugerido:
É incoerente narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira num carro sem freio,
que para imediatamente, depois de ser brecado, quando uma criança lhe corta a frente.
2. Coerência figurativa: Por coerência figurativa endente-se a articulação harmônica das figuras
do texto, com base na relação de significado que mantêm entre si. As várias figuras que ocorrem
num texto devem articular-se de maneira coerente para constituir um único bloco temático. A
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ruptura dessa coerência pode produzir efeitos desconcertantes. Todas as figuras que pertencem ao
mesmo tema devem pertencer ao mesmo universo de significado.
Exemplos sugeridos:
a) Suponhamos que se deseje figurativizar o tema “despreocupação.” Podem-se usar figuras como
“pessoas deitadas à beira de uma piscina”, “drinques gelados”, “passeios pelos shoppings”. Não
caberia, no entanto, na figurativização desse tema, a utilização de figuras como “pessoas indo
apressadas para o trabalho”, “fábricas funcionando a pleno vapor”.
b) Suponhamos (...) que se pretenda figurativizar o tema do requinte e da sofisticação para
caracterizar um certo personagem. Para ser coerente, é necessário que todas as figuras encaminhem
para o tema do requinte. Pode-se citar, ao descrever sua casa: a lareira, o tapete persa, os cristais da
Boêmia, a porcelana de Sévres, o doberman ressonando no tapete, um quadro de Portinari e outras
figuras do mesmo campo de significado. Constituiria incoerência figurativa gritante incluir nesse
conjunto de elementos Agnaldo Timóteo cantando na vitrola um bolero sentimentaloide. Essa
ruptura se justificaria se a intenção fosse o humor, a piada, a ridicularização, ou mostrar o paradoxo
de que o requinte é apenas exterior.
c) Suponhamos que se queira mostrar a vida no Polo Norte. Podem-se para isso usar figuras como
“neve”, pessoas vestidas com roupas de pele”, “renas” “treinós, Não podem porém, utilizar figuras
como “palmeiras”, cactos”, “camelos”, estradas poeirentas”.
3. Coerência argumentativa: Quando se defende o ponto de vista de que o homem deve buscar o
amor e a amizade, não se pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por isso
é melhor viver só.
(...)
Se o texto parte da premissa de que todos são iguais perante a lei, cai na incoerência se
defender posteriormente o privilégio de algumas categorias profissionais não estarem obrigadas a
pagar imposto de renda.
O argumentador pode até defender essas regalias, mas não pode partir da premissa de que
todos são iguais perante a lei.
Assim também é incoerente defender ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e
ser favorável à pena de morte, a não ser que não considere a ação de matar uma ação violenta.
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Exercícios em grupo de 3 a 5 pessoas
Leiam os textos a seguir e aponte em cada um:
1. O nível de incoerência. (se é narrativa, figurativa ou argumentativa)
2. Aponte qual é a incoerência.
3. Reescreva os textos, coerentemente.
Texto 1:“Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas
de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos
de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade,
perdeu a direção. O carro capotou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para
o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um
carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida”.
Texto 2:“Sem entusiasmo, Júlio foi assistir à partida do Grêmio, pois já esperava ver um mau jogo.
Decepcionado, com o péssimo futebol apresentado, seguiu para casa”
Texto 3:“Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós
víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito densa”.
Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei
observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas,
pretas, amarelas, altas, baixas, etc.”
Texto 4:“O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar
livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso:
raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as
peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de Shakespeare”.
Texto 5:Os números da educação do Censo 2000 são animadores. Os dados mostram que mais da
metade (59,9%) da população brasileira com mais de dez anos não conseguiu concluir o ensino
fundamental (antigo primeiro grau), pois tem menos de oito anos completos de estudo.
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Texto 6:“O verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido.
Para distraí-lo, conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair-
se bem das situações. Isso, com certeza, vai melhorar o estado de espírito do infeliz.”
Texto 7:O sonho de João era conhecer o Polo Norte. Um dia ele teve o privilégio de chegar lá.
Ficou assustado como as pessoas se comportam devido ao clima: as casas não têm cobertura nem
portas, além disso, elas dormem no chão porque lá ninguém aguenta o calor. E o pior,ninguém
consegue andar sem tapar as narinas com um pano ou uma máscara,pois as estradas são muito
poeirentas.
Respostas:
1)Texto 1: Incoerência narrativa.Texto 2: Incoerência narrativa. Texto 3: Incoerência narrativa.
Texto 4: Incoerência figurativa. Texto 5: Incoerência argumentativa. Texto 6: Incoerência
argumentativa. Texto 7: Incoerência figurativa.
2)Texto 1: Se o garoto mal podia carregar uma cesta de amendoim,seria incoerente carregar um
homem corpulento, pois ele não tinha forças para fazer isso. Texto 2: Se Júlio foi assistir à partida
do Grêmio sem entusiasmo , seria incoerente voltar decepcionado, pois ele já esperava ver um mau
jogo.Texto 3: Se a fumaça formada pela maconha não deixava que o personagem visse qualquer
pessoa no ambiente em que ele estava , seria incoerente, logo em seguida, descrever como eram as
pessoas que lá estavam: ruivas, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc .Texto 4: Se o esportista
adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais, seria incoerente
constar em seu quarto um tabuleiro de xadrez e as obras completas de Shakespeare, pois tais
elementos sãos coerentes para quem gosta da vida intelectual da leitura e de jogar xadrez, uma vez
que tais atividades exigem esforços do intelecto para compreendê-las e realizá-las. Texto 5: Se
mais da metade (59,9%) da população brasileira com mais de dez anos não conseguiu concluir o
ensino fundamental , é incoerente afirmar que os dados são animadores. Texto 6: Se no início do
texto há o argumento de que o verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o
outro está deprimido, é contraditório, logo em seguida conta-lhe sobre seu prestígio profissional,
conquistas amorosas e capacidade de sair-se bem das situações, tais argumentos tornará seu amigo
mais depressivo , e não vai melhorar o estado de espírito do infeliz.Texto 7: Espera-se, quem for
conhecer o Polo Norte, encontrar por lá muito frio, gelo, neve .Seria incoerente sentir calor, vê
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estradas poeirentas, pois isso seria apropriado para um local seco como algumas regiões da África,
nordeste do Brasil,etc.
Coesão textual
Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos por entre os enunciados
que o constituem, nem perdemos a noção de conjunto. Com efeito, é possível perceber a conexão
existente entre os vários segmentos de um texto e compreender que todos estão interligados entre si.
Veja um exemplo:
É sabido que o sistema do Império Romano dependia da escravidão, sobretudo para a
produção agrícola . É sabido ainda que a população escrava era recrutada principalmente entre
os prisioneiros de guerra.
Em vista disso, a pacificação das fronteiras fez consideravelmente a população escrava.
Como o sistema não podia prescindir da mão-de-obra escrava , foi necessário encontrar
outra forma de manter inalterada essa população.
..............................................
(...) os enunciados desse texto não estão amontoados caoticamente, mas estritamente
interligados entre si: ao ler ,percebe-se que há conexão entre cada uma das partes.
A essa conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de
coesão. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente
articulados entre si, quando há concatenação entre eles.
A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto
do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de sentido são
manifestadas, sobretudo, por certa categoria de palavras, as quais são chamadas de conectivos ou
elementos de coesão. Sua função no texto é, exatamente, a de pôr em evidencia as várias relações de
sentido que existem entre os enunciados.
No caso do texto citado (...) pode-se observar a função de alguns desses elementos de
coesão. A palavra “ainda” (...) no primeiro parágrafo serve para dar continuidade ao que foi dito
anteriormente e acrescentar ou outro dado: “que o recrutamento de escravos era feito junto dos
prisioneiros de guerra.”
O segundo parágrafo inicia-se com a expressão “em vista disso,” que estabelece uma
relação de implicação causal entre o dado anterior e o que vem a seguir: “a pacificação das
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fronteiras diminui o fornecimento de escravos porque estes eram recrutados principalmente entre os
prisioneiros de guerra.”
O terceiro parágrafo inicia-se pelo conectivo “como”, que manifesta outra relação causal,
isto é: “foi necessário encontrar outra forma de fornecimento de escravos porque o sistema não
podia prescindir deles.”
São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou elementos de
coesão:
- as preposições: a, de ,para, com, por, etc;
- as conjunções : que, para que, quando, embora, mas e, ou, etc;
- os advérbios : aqui, aí, lá, assim, etc.
O uso adequado desses elementos de coesão confere a unidade ao texto e contribui
consideravelmente para a expressão clara das ideias. O uso inadequado sempre tem efeitos
perturbadores, tornando certas passagens incompreensíveis.
.........................................................................
Síntese de coesão: é a conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto. Essa coesão é
feita pelos conectivos ou elementos de coesão: preposições, conjunções e advérbios.
Síntese de alguns elementos coesivos
1.Indicadores de oposição, contraste, adversão
Preposições,
conjunções e
locuções
mas, porém, todavia,contudo,entretanto,no entanto,embora, contra,
apesar de, não obstante,ao contrário , etc.
2.Indicadores de causa e consequência
Preposições, conjunções e locuções
porque, visto que, em virtude de, uma vez que,
devido a, por motivo de, graças a, sem razão de,
em decorrência de, por causa de, etc.
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3.Indicadores de finalidade
Preposições, conjunções e locuções
afim de, a fim de que, com o intuito de, para,
para a, para que, com o objetivo de, etc.
4.Indicadores de esclarecimento
Preposições, conjunções e locuções vale dizer, ou seja, quer dizer, isto é, etc.
5.Indicadores de proporção
Preposições, conjunções e locuções
à medida que, à proporção que, ao passo que,
tanto quanto, tanto mais, a menos que, etc.
6.Indicadores de tempo
Preposições, conjunções e locuções
em pouco tempo, em muito tempo, logo que,
assim que, antes que, depois que, quando, de
quando em quando, sempre que,etc.
7.Indicadores de condição
Preposições, conjunções e locuções
se, caso, contanto que, a não ser que, a menos
que, etc.
8.Indicadores de conclusão
Preposições, conjunções e locuções
portanto, então, assim, logo, por isso, por
conseguinte, pois, de modo que, em vista
disso, etc.
Referências bibliográficas / WEB gráficas
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 12.ed. São Paulo: Ática,1996
41
Disponível em: <http://paginasclandestinas.blogspot.com.br/2011/11/niveis-de-coerencia.html>. Acesso em: 02 set.2012.
CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994.
Exercícios de coesão em grupo de 3 a 5 pessoas
Repetência escolar
1. Leia o texto a seguir e substitua os termos que estão entre parênteses por um adequado de
acordo com o contexto do texto.
Muitas vezes a repetência escolar não é sinônimo de vadiagem. Segundo os especialistas,
quando uma criança tem problemas de visão, todo o seu desenvolvimento pode ser afetado e é
muito importante que a deficiência visual seja logo detectada e tratada.(Por isso) a maioria dos pais
não desconfia que seus filhos possam ter algum problema de visão.
O garoto Jorge Mota, de 12 anos, é um exemplo. Quando não passava de ano, sua mãe
achava que ele era preguiçoso e não estudava, ( porque) um exame oftalmológico indicou que ele
precisava usar óculos. Segundo os médicos, os teste mostraram problemas na retina do garoto que,
provavelmente, surgiram durante a gravidez da mãe, que ingeriu carne de porco contaminada por
algum micro-organismo. Atualmente, o desempenho escolar de Jorge, que já tinha repetido três
vezes, melhorou muito.
(...)
2. Leia atentamente o texto que segue:
A busca da razão
Sofreu muito com a adolescência.
Jovem, ainda se queixava.
Depois, todos os dias subia numa cadeira, agarrava uma argola presa ao teto e, pendurado,
deixava-se ficar.
Até a tarde em que se desprendeu esborrachando-se no chão:estava maduro
Releia o ultimo parágrafo do texto e responda: qual ou quais conjunções poderia ser
utilizadas em substituição aos dois pontos?
3. O emprego equivocado de um elemento coesivo prejudica a estruturação e compreensão de
frases e textos. Comente o uso da conjunção destacada na frase seguinte e proponha
formas mais eficientes de reescrevê-las ou substitua a conjunção por outra adequada.
A maior parte dos trabalhadores brasileiros não recebe um salário digno, mas enfrenta
problemas de sobrevivência.
42
DISCURSO DIRETO E DISCURSO INDIRETO
Algumas modificações nas estruturas gramaticais na transcrição do discurso direto para o indireto
Na transcrição indireta do discurso, há modificações em algumas estruturas gramaticais, como no
tempo verbal (quero, queria; roubei, tinha roubado), nos pronomes (deste, daquele), advérbios (aqui,
etc.) Confira a tabela de transposição do discurso direto para o indireto:
DIRETO - Enunciado em primeira ou em segunda pessoa: “Eu não confio mais na Justiça”; ”
Delegado, o senhor vai me prender?”
INDIRETO - Enunciado em terceira pessoa: O detento disse que (ele) não confiava mais na Justiça;
Logo depois, perguntou ao delegado se (ele) iria prendê-lo.
DIRETO - Verbo no presente: “Eu não confio mais na Justiça”
INDIRETO - Verbo no pretérito imperfeito do indicativo: O detento disse que não confiava mais na
Justiça.
DIRETO - Verbo no pretérito perfeito: “Eu não roubei nada”
INDIRETO - Verbo no pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo ou no pretérito mais-
que-perfeito: O acusado defendeu-se, dizendo que não tinha roubado (que não roubara) nada
DIRETO - Verbo no futuro do presente: “Faremos justiça de qualquer maneira”
INDIRETO - Verbo no futuro do pretérito: Declararam que fariam justiça de qualquer maneira.
DIRETO - Verbo no imperativo: “Saia da delegacia”, disse o delegado ao promotor.
INDIRETO - Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo: O delegado ordenou ao promotor que
saísse da delegacia.
DIRETO - Pronomes este, esta, isto, esse, essa, isso: “A esta hora não responderei nada”
INDIRETO - Pronomes aquele, aquela, aquilo: O gerente da empresa tentou justificar-se, dizendo
que àquela hora não responderia nada à imprensa.
DIRETO - Advérbio aqui: “Daqui eu não saio tão cedo”
INDIRETO - Advérbio ali: O grevista certificou os policiais de que dali não sairia tão cedo.
43
Exercícios sobre discurso direto e discurso indireto em grupo de 3 a 5 pessoas
Com base nos dados anteriores, passe os textos seguintes para o discurso indireto fazendo as
modificações gramaticais necessárias.
- Que crepúsculo fez hoje! - disse-lhes eu, ansioso de comunicação.
- Não, não reparamos em nada - respondeu uma delas. - Nós estávamos aqui esperando Cezimbra.
"Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse-lhe:
- Sonhei que vai faltar feijão."
“Saia da delegacia”, disse o delegado ao promotor.”
E Carlos, indignado, gritou:- Onde estão todos?
..............................................................................
CATARINO, Dílson. Disponível em: <http://variandonavida.blogspot.com/2007/11/discurso-direto-discurso-indireto-
e.html>.Acesso em: 8 nov 2009.
QUINTO MÓDULO
Tempo previsto: três semanas
Com base nos exercícios anteriores, peguem entrevistas feitas / escolhidas aplicando o seguinte
roteiro:
Transcrição das entrevistas ( seguindo as normas apresentadas nos textos 1,2 e 3) conforme o
entrevistador e entrevistado falaram, observando todos os elementos característicos da lingua oral
como as hesitações, elementos lexicalizados, elementos não lexicalizados, segmentos de palavras
iniciadas e não concluídas, frases truncadas, repetições e hipótese do que se ouviu.
SEXTO MÓDULO
De acordo com os conhecimentos adquiridos sobres as questões gramaticais, estudadas no quarto
módulo, façam as retextualizações das entrevistas.
Entrevista (1)- Construída pelo(s) próprio (s) aluno(s)
TEMA: Gravidez
Dados do documentador (a):
Entrevistador (a): A.S.V. Estudante da escola E.E. Edgard Francisco (Primeira Série do Ensino
Médio)
Dados do (a) entrevistado (a): L.S.
44
F1: boa tarde...estamos aqui em Taboão da Serra...((tossiu))com Larissa dos Santos de ;;;apenas 14 anos e o
tema tratado sobre este assunto será sobre Gravidez ;;; então Larissa sua gravidez foi planejada ?
F2: boa tarde ((riu)) , na verdade num;;;nada foi programado , pois foi a minha primeira vez () nunca havia
me relacionado ((pensando)) antes , não colo;;;usei camisinha antes e a consequência foi botar um filho no
mundo (( olhar chateado ))
F1: uhn...e qual foi o GRANDE motivo para não .. usar a camisinha ?
F2: Na hora né ;;; os HORMôNIOS lá encima, nem cheguei a pensa;;r no uso da... Camisinha
F1: Entendii.../ Mas e como está sua vida hoje naa na escola ?
F2: Infelizmente ((pensando)) parei de estudar e agora trabalho para me sustentar ...meus pais
me;;;expulsaram eu... de casa e assim que o bebe nasceu o vaga..( ) do pai foi embora ,
F1: (...) E o que você acha ;;; ou espera de seu..futuro ?
F2: Aaaaaaah sei lá;..só quero cuidar do meu filho..esquecer o erro ( bate palma ) e olhar pra frente néé.;; ?
esperoo;;eu quero voltar a estudar e continuar trabalhando
F1: Parabéns, só mais outra perguntinha..você tem (...) algum sonho, ou meta;;;alguma meta ?
F2: Meu único sonho..só este sonho (( pensando )) ;;; que meu filho [ não cometa..os erro que cometi.
Retextualização para a modalidade escrita padrão (discurso direto)
F1- Essa gravidez foi planejada?
F2- Não. Na verdade foi minha primeira vez . Nunca havia me relacionado antes. Não usei camisinha antes e
a conseqüência foi um filho no mundo.
F1-Por que não usou camisinha?
F2- Na hora os hormônios lá em cima, nem pensei no uso da camisinha.
F1- Como ficou sua vida hoje, na escola?
F2- A escola eu deixei e trabalho para me sustentar. Meus pais me expulsaram de casa e ele me largou assim
que o bebe nasceu.
F1- O que você espera do futuro?
F2-Sei lá! Só quero cuidar do meu filho e esquecer o erro e olhar pra frente quero voltar a estudar e continuar
a trabalhar.
F1-Você tem algum sonho, alguma meta?
F2- Meu único sonho é meu filho não cometer o mesmo erro que eu.
Retextualização da mesma entrevista para a norma padrão da língua escrita (discurso
indireto)
Segundo Larissa dos Santos, da cidade de Taboão da Serra, engravidou com apenas 14 anos e o
tema tratado da entrevista foi sobre gravidez. Larissa muito simpática respondeu as perguntas e umas delas
correspondiam se sua gravidez foi planejada. Larissa havia dito que foi sua primeira vez e não havia
relacionado algo antes e não tinha usado camisinha então o entrevistador indagou o porquê dela não ter
usado a camisinha e ela confidenciou que na hora nem tinha pensado no uso da camisinha e que os seus
hormônios estavam lá encima no momento.
O entrevistador perguntou mais sobre sua realidade como sua vida estava sendo e se ela havia
parado de estudar, ela destacou que havia parado de estudar e que está trabalhando para se sustentar e que o
45
pai de seu filho foi irresponsável e o largou na hora em que o bebê nasceu e que seus pais haviam a
expulsado de casa. Nisso o entrevistador prosseguiu sua entrevista perguntando se ela esperava algo do
futuro. Larissa dos Santos apenas irá cuidar de seu filho e irá continuar trabalhando como deve. Para finalizar
o entrevistador pergunto-lhe se tinha alguma meta ou sonho, nisso ela ressaltou que o seu único sonho é que
o filho não cometesse o mesmo erro que ela cometeu.
Entrevista (2) - Captada pronta da mídia digital (vídeo da Folha Online)
Dados do documentador (a): C.S.S. Aluna da 1ª série do Ensino Médio da EE Edgard Francisco.
Dados do entrevistado: Danilo Gentili
Entrevistador : Folha Online
Folha Online - o que:: mudou na sua vida depois que::... você entrou no "CQC" ?
Gentili - meu:...tiipo mudou coisa pra caramba .... eu já tinha um reconhecimento do meu trabalho no teatro
... mas ... agora:... nossa ... agora ele é bem maior ... uma coisa que mudou foi o meu nome .. eu não chamo
mais Danilo ... agora meu nome é "CQC"... o cara passa na rua e fala:e aí 'CQC' ? (risos)...
Folha Online - como ... você:... entrou no::: programa ?
Gentili - o: Diego Barreto ... o diretor do "CQC" ... me:: assistiu no "Clube da Comédia" e:::... me convidou
para fazer um teste ... fiz uma entrevista com o:: Agnaldo Timóteo e:: passei...
Folha Online - o:: seu grande sucesso no começo do "CQC" foi:: o quadro do repórter inexperiente ... você
se:: arrepende de::... não ter gravado mais entrevistas antes da estreia do ... programa ?
Gentili - é::: uma mistura de:: sentimentos ... eu gostaria .. sim ... de ter feito muito mais... só que ... durante
o processo ... eu tava de saco cheio e achava que já tava bom .... mas ... se pudesse voltar no tempo ... eu teria
feito mais... sim ...
Folha Online - você: tinha idéia que:... o "CQC" ia fazer um sucesso TÃO grande ?
Gentili - não tinha a menor idéia ... a Band não tem muita tradição de::... programa de:: humor e isso era
uma incógnita ... na minha cabeça ... eu só pensava na diversão ... eu apenas gravava com prazer ...
Folha Online - além de comediante:... você também é repórter na prática... como:: você encara o:::
cotidiano de jornalista ?
Gentili - tem dia que é::... foda ... na matéria do Daniel Dantas ... por exemplo ... o processo não foi nada
prazeroso ... cheguei na pauta às 8h e só saí de lá às 22h ... mas o resultado final foi muito bacana ... que
compensou toda aquela espera ...
Folha Online - como que: é:: a relação entre vocês do:... "CQC" ?
Gentili - a...a: gente trabalha num mesmo programa .... mas não trabalha junto ... o::: Cortez faz as matérias
dele ... o::: Andreoli ... as dele ... e o Oscar Filho ... as dele ...a nossa relação é de trabalho ... eu adorei fazer
a cobertura do debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo ... tem uma amizade também ... sou amigo do
Cortez ... apesar dele ser gay ... e do Andreoli ... apesar dele ser bi (risos) ...
Folha Online - ficar famoso mexeu com você ?
Gentili - eu não acho que fiquei famoso ... eu tenho: a::... sorte de trabalhar em algo que o público vê: com
carinho ... eu não tenho a ilusão da fama ... a:: gente tá numa roda-gigante ... amanhã pode baixar ...
Folha Online - e::... seu contrato com a Band vai: até quando ?
Gentili - até o:: fim de 2009 ...
Folha Online - você iria para uma:: outra emissora ?
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Eliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard francisco

  • 1. 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM Eliorefe Cruz Lima A ENTREVISTA: DO ORAL PARA O ESCRITO Campinas, S.P. 2012
  • 2. ELIOREFE CRUZ LIMA A ENTREVISTA: DO ORAL PARA O ESCRITO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Língua Portuguesa. Orientador: Roxane Helena Rodrigues Rojo Campinas 2012 i
  • 3. Dedico este trabalho à minha esposa Elia Maria e aos meus filhos Rayane Caroline e Vinícius Augusto, pelo amor, apoio e compreensão durante todo este Curso de Especialização. ii
  • 4. AGRADECIMENTOS A Deus, em primeiro lugar, pela saúde e disposição a mim outorgadas, para que este trabalho se concretizasse. À minha querida esposa, professora Elia Maria, pelas revisões das minhas produções textuais, pelo apoio, pela compreensão, pelo carinho, pela paciência com minhas ausências. À minha filha Rayane Caroline e meu filho Vinícius Augusto. À Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP), que, por meio do Programa Rede São Paulo de Formação de Docente – REDEFOR, possibilitou a realização deste Curso de Especialização em Língua Portuguesa, através de convênio com o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Às Profas . Dras . Fernanda Silva Veloso e Cibele Naidhig de Souza Carrascossi, pela participação ativa e direta neste passo gigantesco a caminho do nosso engrandecimento profissional, minha eterna gratidão. Ao prof. Dr. José Geraldo Marques que esteve conosco no Módulo 1 em História da Disciplina de Língua Portuguesa. Sua passagem foi rápida, mas o seu carisma e apoio foram fundamentais para a realização deste trabalho, o meu agradecimento. Agradeço, também, aos colegas de curso, pela companhia, pelo carinho e amizade, pelas discussões nos fóruns e nos encontros presenciais, contribuindo com preciosas lições. A todos os alunos das primeiras séries A, B e C do Ensino Médio do ano de 2009. À Direção da EE Edgard Francisco: Silvia, Sônia, e em especial ao vice-diretor João, pela paciência e persistência nas orientações durante os encontros presenciais na Escola. À Coordenação: Viviane e Val. A todas as pessoas que participaram, contribuindo para a realização deste trabalho, direta ou indiretamente. iii iii iii
  • 5. O ensino das propriedades do texto na sala de aula deu origem a uma gramaticalização dos eixos do ensino, passando o texto a ser “pretexto” não somente para o ensino da gramática normativa, mas também da gramática textual, na crença de “quem sabe as regras sabe proceder.” Um texto é um tecido feito de palavras, ou seja, escrever uma história exige habilidade de um tecelão que trabalha com fios num tear. Roxane Helena Rodrigues Rojo Glaís Sales Cordeiro Samira Youssef Campedelli iv
  • 6. RESUMO Este trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo apresentar e discutir uma Sequência Didática (SD) elaborada para alunos do Ensino Médio. Essa SD focaliza, dentro da esfera jornalística, o gênero “entrevista”, presente em jornais impressos, digitais e em programas jornalísticos de rádio e televisão. O ensino desse gênero justifica-se dada a importância desse instrumento presente em diferentes situações comunicativas do mundo moderno. A entrevista tem como prioridade apresentar o embate de ideias em relação a conceitos, propostas de personalidades públicas e acontecimentos. No entanto, neste trabalho o enfoque não será debater proposições de qualquer pessoa, mas enfatizar as etapas de planejamento, produção oral e retextualização de entrevistas. Os objetivos dessa SD são levar o aluno a compreender, apreender e aprender os conteúdos dos seguintes eixos de ensino: distinguir as características da língua oral e da língua escrita; adequar um texto oral para a modalidade escrita; desenvolver habilidades no uso do discurso direto, discurso indireto, concordância verbal, concordância nominal, coesão, coerência, paragrafação textual e desenvolver a capacidade de síntese a partir do processo de retextualização de entrevistas orais para a norma padrão da língua escrita. A expectativa é que a SD, aqui proposta, além instrumentalizar alunos a serem leitores e escritores proficientes em sua língua materna, possa contribuir, também, com docentes de Língua Portuguesa que possuem dificuldades de contextualizar a gramática normativa no processo de ensino e aprendizagem a partir da gramática internalizada ou implícita que o aluno já traz para a sala de aula antes de adentrar no ensino do conhecimento sistematizado. Palavras- chave: Esfera jornalística; Gênero “entrevista”; Sequência Didática; Língua Oral; Língua Escrita; Língua Portuguesa; Retextualização; Ensino Médio. v
  • 7. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................01 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................02 2.1 O(s) gênero(s).......................................................................... .......................05 2.2 O trabalho com gêneros textuais no ensino de língua portuguesa .................06 2.3 A esfera comunicativa ...................................................................................09 3. ANÁLISE COMENTADA DA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA 3.1 Informações gerais ..........................................................................................10 3.1.1 Objetivos esperados.....................................................................................10 3.1.2 Características das turmas ............................................................................11 3.2 A organização da SD.......................................................................................12 3.3 As atividades propostas em cada unidade de trabalho ...................................12 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................18 REFERÊNCIAS ........................................................................................................19 ANEXO: A SD Elaborada..........................................................................................21 ANEXO 2- PRODUÇÕES DOS ALUNOS DOS ANOS DE 2011 E 2009............48 vi
  • 8. 1 1. INTRODUÇÃO O corpus primário que serviu de exemplo para análise da Sequência Didática (SD) neste Trabalho de Conclusão de Curso(TCC) é o resultado de experiências com alunos do primeiro ano do Ensino Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo, do ano de 2009, especificamente da Escola Estadual Edgard Francisco da cidade de Taboão da Serra. Como amostra para este trabalho, escolhemos duas entrevistas. Na época, ainda não conhecíamos a proposta de Dolz e Schneuwly (2004) de se trabalhar com o aluno qualquer conteúdo por meio de uma SD. Tal proposta veio complementar o que já havíamos trabalhado de como adequar a modalidade da língua oral (escrita) para a modalidade escrita padrão à luz da gramática normativa. Ao longo do curso estudamos várias esferas comunicativas. Dentre tantas possibilidades, optamos por selecionar a esfera jornalística e o gênero entrevista. Os motivos que nos levaram a selecionar esta esfera e este gênero para compor a SD, são basicamente, dois. Primeiro, com a popularização da internet, a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) está cada vez mais presente e ao alcance dos alunos. Por isso, a esfera jornalística se tornou mais acessível às classes sociais menos favorecidas. E o gênero entrevista é facilmente encontrado nesta esfera de comunicação em vários lugares de circulação/ publicação (Revistas, jornais, sites, blogs, programas jornalísticos de TV e rádio). Segundo, o gênero entrevista tem sua origem, geralmente, na modalidade oral com suas características intrínsecas, passíveis de hesitações, repetições, marcadores lexicalizados, marcadores não lexicalizados, truncamentos frasais, etc. Estes elementos são materiais concretos de trabalho no processo de adequação do material fônico escrito (texto oral) para a modalidade escrita, padrão idealizado o mais próximo possível da gramática normativa, considerando, além disso, o contexto de produção, o suporte de veiculação do texto e o público alvo. Para chegar a este resultado (do texto ideal), a SD foi organizada, com base em Dolz e Schneuwly (2004), em seis módulos: Primeiro: Sondagem com a elaboração de uma entrevista. Segundo: Contato com a teoria sobre a modalidade da língua oral. Terceiro: Planejamento ou a escolha da entrevista.
  • 9. 2 Quarto: Execução das entrevistas. Quinto: Transcrição das entrevistas. Sexto: retextualização das entrevistas. A SD foi direcionada a alunos da primeira série do Ensino Médio. Os objetivos são ensinar o gênero entrevista e mostrar que elas , particularmente as da mídia impressa, passaram por um processo de retextualização; ensinar-lhes como é o processo de supressão das marcas da oralidade para a língua escrita padrão e mostrar as características e diferenças intrínsecas da língua falada e da língua escrita. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica básica deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) está embasada nas propostas de autores que versam sobre a modalidade oral da língua. E, a partir do material fônico do texto falado, transcrito para algum suporte (papel/computador) com suas características intrínsecas, passíveis de hesitações, repetições, marcadores lexicalizados e não lexicalizados, truncamentos frasais, que, num processo de retextualização chega-se ao texto escrito na norma padrão segundo os parâmetros da gramática normativa. Marcuschi, em suas duas obras, “Da fala para a escrita: atividade de retextualização,” (2001) e “Análise da Conversação” (1997), mostram que as diferenças entre o oral e o escrito não são estanques nem dicotômicas, nem uma é superior à outra, mas as duas modalidades se complementam em um processo contínuo. As sugestões nos processos de retextualização (passagem de texto falado para o texto escrito, também chamado de refacção e reescrita) não é demonstrar que a fala é caótica, incompreensível, mas “é a passagem de uma ordem para outra ordem,” (MARCUSCHI, 2001, p.47). Para isso, é de suma importância observar o suporte e o objetivo que se quer alcançar com determinado texto. Nesse sentido, o processo de retextualização engloba, a partir do texto transcrito (passagem da realização sonora para a forma gráfica, com base em procedimentos convencionalizados) certas variações de registros, de gêneros textuais, níveis linguísticos e estilos a partir de um mesmo texto, ocorrendo, assim, transformações, reformulações, recriações e
  • 10. 3 modificações até o texto chegar à sua versão final para a publicação, levando em conta o suporte, contexto e destinatário. Assim, durante o processo de retextualização de um determinado texto falado grafado no papel / computador, é importante o professor de Língua Portuguesa apontar para o aluno quais são as características intrínsecas do texto oral na interação face a face. Os sinais conversacionais verbais e “os recursos não verbais ou paralinguísticos, presentes no texto falado escrito, tais como o olhar, o riso, os meneios de cabeça, a gesticulação,” (MARCUSCHI, 1997, p.63), e as hesitações, repetições, marcadores conversacionais, elementos lexicalizados, elementos não lexicalizados, truncamentos frasais, etc., são os elementos próprios da fala e que precisam ser eliminados no momento da retextualização. (cf. MARCUSCHI, 2001, p.77). E é fundamental, nesse momento, o professor orientar o aluno de como suprimir tais marcas durante o processo de retextualização, levando-o a adequar o texto, em sua versão final, próximo do idealizado, observando, também, o contexto de produção e o suporte de veiculação de tal texto. Para orientar o aluno de como fazer a transcrição do texto falado e, posteriormente, fazer a retextualização, nos baseamos nas normas para a trancrição, convencionadas pelo Projeto NURC. A origem do Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta no Brasil (Projeto NURC), deu-se em janeiro de 1969 durante o III Instituto Interamericano de Linguística promovido em São Paulo pelo PILEI (Programa Interamericano de Linguística e Ensino de Idioma). Este Projeto foi inspirado na proposta apresentada pelo professor Juan Lope Blanch da Universidade Autônoma do México durante o II Simpósio do PILEI em agosto de 1964, em Bloomington nos Estados Unidos da America. Segundo Blanch, a ideia era descrever a norma culta no espanhol falado. No Brasil, o Projeto NURC tem como objetivo documentar e descrever a norma do português culto falado no Brasil. O Projeto está representado em cinco cidades brasileiras — Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Em 1973, na VI Reunião Nacional, na cidade de Porto Alegre, os objetivos foram definidos da seguinte forma: 1.Coletar material que possibilite o estudo da modalidade oral culta da língua portuguesa, em seus aspectos fonético, fonológico, morfossintático, sintático, lexical e estilístico.
  • 11. 4 2.Ajustar o ensino da língua portuguesa a uma realidade linguística concreta, evitando a imposição indiscriminada de uma só norma histórico-literária, por meio de um tratamento menos prescritivo e mais ajustado às diferenças linguísticas e culturais do país. 3.Superar o empirismo na aprendizagem da língua-padrão pelo estabelecimento da norma culta real. 4.Basear o ensino em princípios metodológicos apoiados em dados linguísticos cientificamente estabelecidos. 5.Conhecer as normas tradicionais que estão vivas e quais as superadas, a fim de não sobrecarregar o ensino com fatos linguísticos inoperantes. 6.Corrigir distorções do esquema tradicional da educação brasileira, entravado por uma orientação acadêmica e beletrista.(SILVA,1996,p.85,86) Em 1984, num seminário na UNICAMP, com o professor Luiz Antônio Marcuschi da Univerisade Federal de Pernambuco,foram discutidas as normas para a trancrição do corpus(gravações das entrevsitas ) e estratégias de análise da língua falada. A partir de 1985,o professor Dino Preti constitui um grupo permanente de pesquisa . Esse grupo fez a transcrição do material do Projeto NURC/SP para publicação e posterior análise.(cf. SILVA,1996,p.87). As normas para a trancrição do texto falado, discutidas em 1984 , são encontradas em “Projetos Paralelos – NURC/SP” sob a organização do professor Dino Preti ( tabela no ANEXO). Após a tabela, há as seguintes observações no momento de uma transcrição de um texto falado para a modalidade escrita: 1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas (USP etc.). 2. Fáticos: ah, éh, ahn, ehn,tá? (não por está: tá? Você está brava?). 3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros em itálico. 4. Números: por extenso. 5. Não se indica o ponto de exclamação (frase exclamativa). 6. Não se anota o cadenciamento da frase. 7. Podem-se combinar sinais. Por exemplo: oh:::...(alongamento e pausa). 8. Não se utilizam sinais de pausa, típicos da língua escrita, como ponto-e-vírgula, ponto final, dois pontos, vírgula. As reticências marcam qualquer pausa. (PRETI, 2002, p.15-16). Ler um texto falado grafado com todas estas observações cumpridas, qualquer leitor dirá que o texto não segue a convenção da modalidade padrão escrita. No processo de leitura, escrita e reescrita é o momento propício de o professor abrir espaço para estudar estas questões de ordem gramatical a partir do texto.
  • 12. 5 2.1 Os Gêneros Para compreendermos melhor as propriedades do texto oral, é imprescindível inseri-lo em seu contexto e em suas variantes linguísticas de cada região com suas peculiaridades, pois os textos produzidos resultam de situações e contextos diferentes e cada um deles cumpre uma finalidade específica. Sobre este assunto Bakhtin (2003) pontua a dificuldade de se definir os gêneros e a natureza do enunciado em função da extrema heterogeneidade dos gêneros discursivos. Apesar da diversidade de usos da linguagem, ela não entra em contradição com a unidade nacional de uma determinada língua, seja ela oral ou escrita. Tais enunciados revelam as condições e os seus propósitos, observando o campo da comunicação, o conteúdo temático, o estilo da linguagem e acima de tudo a construção composicional de um dado texto / enunciado. Esses três elementos em destaque são indissolúveis no ato de fala ou escrita, pois eles são estabelecidos pelas particularidades de um determinado campo da comunicação. Cada enunciado tem um caráter particular / individual. No entanto, cada esfera de utilização da língua forma seus tipos relativamente estáveis de enunciados. São estes elementos (tipos estáveis) que Bakhtin denomina de gêneros do discurso. O autor enfatiza que a riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas em consequência da multiforme atividade humana como o diálogo do cotidiano com suas diversidades conforme o tema, a condição e a composição dos seus participantes; o relato do dia a dia; a carta; o comando militar lacônico padronizado; os gêneros literários, do provérbio ao romance, etc. Por fim, o autor pontua a relevância de se considerar a estilística, demonstrando que todo estilo é indissociável do enunciado oral ou escrito que por sua vez reflete a individualidade do falante ou do escrevente em consequência de dado campo e atividade humana. Assim, uma determinada função(científica, técnica, publicística, oficial, cotidiana) e determinadas condições de comunicação discursiva, especificas de cada campo, geram determinados gêneros, isto é, determinados tipos de enunciados estilísticos, temáticos e composicionais relativamente estáveis.(BAKHTIN,2003,p.266). Compreende-se, assim, que a existência da diversidade de gêneros do discurso está ligada às diversidades de atividades (profissões) humanas, da diversidade cultural, da diversidade tecnológica, diversidade econômica, diversidade religiosa, diversidade étnica, etc.
  • 13. 6 Marcuschi (2003), como Bakhtin (2003) pontua a dificuldade de se definir o que são gêneros textuais, em função de sua diversidade. São fenômenos sócio-históricos, e culturalmente sensíveis, por isso, não há como fazer uma lista fechada de todos eles, pois a sociedade está sempre mudando. Eles expandem-se com o crescimento da cultura impressa. São caracterizados mais por seus objetivos de comunicação do que por suas particularidades linguísticas estruturais. Assim, os gêneros textuais surgem das necessidades e atividades socioculturais e das inovações tecnológicas. Na modernidade tecnológica, por exemplo, “o telefone, o gravador, o rádio, a TV, [...] o computador [...] a internet, presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita.” (MARCUSCHI, 2003, p.19). Compreende-se, assim, que os gêneros textuais mudam conforme o contexto, o suporte de veiculação e as funções comunicativas do que pelas suas particularidades linguísticas e estruturais. Há diversidades de formas, assim como surgem,podem desaparecer, ou seja, surgem para atender a uma necessidade da sociedade naquele momento histórico. Não estão ligados a uma forma estrutural comparado a um texto narrativo, descritivo ou argumentativo, por exemplo. Como exemplos de gêneros textuais, propiciados pelas novas tecnologias, o autor cita alguns: “editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens, teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas, (e-mails), bate-papos virtuais (chats). Aulas virtuais (aulas chats)...” (2003, p.20). Hoje podemos citar outros suportes como as redes sociais (Orkut, Facebook, MSN, Twitter, etc.) que induzem o usuário a formatar / enquadrar / adequar o seu texto conforme o suporte exige. Assim, o texto não está sujeito a regras estanques e enrijecedoras, ou seja, o texto precisa adequar-se ao suporte, e não o contrário. Desta forma, o gênero entrevista, corpus básico deste trabalho, foi formatado para ser veiculado no suporte impresso, o jornal, por exemplo, uma vez que este tipo de gênero está ligado à esfera jornalística. 2.2 O trabalho com gêneros textuais no ensino de língua portuguesa Como foi demonstrado sobre a heterogeneidade dos gêneros, trabalhar com gêneros textuais diversos em Língua Portuguesa é um terreno fértil, em função da diversidade de formatações possíveis de um texto, levando em consideração a sua funcionalidade, o gênero e o suporte de veiculação. E, quando o aluno souber operar com essa diversidade de texto e
  • 14. 7 possibilidades de escrita e de forma composicional de um mesmo discurso, estará habilitado a ser um usuário proficiente de sua língua materna, tanto escrita, quanto oral, em qualquer circunstância. A análise da Sequência Didática sob o título “A entrevista: do oral para o escrito” conforme o referencial teórico, a seguir, se justifica pela peculiaridade do gênero entrevista. Trabalhar com este gênero textual abrange uma variedade considerável de suporte impresso / digital como jornais, revistas, programas jornalísticos de rádio e televisão, a internet com sua diversidade de suporte como o Youtube, os blogs, sites especializados em conteúdos diversos, como arquivos de entrevistas, por exemplo. E a entrevista publicada nessa diversidade de suporte pressupõe também um trabalho de edição posterior (exclusão de marcas da oralidade, de repetições, de hesitações etc.) que visa a garantir: maior clareza e objetividade ao texto; destaque para as falas que se supõem mais relevantes para o leitor (a critério do entrevistador ou do editor); adequação do texto ao espaço disponível da publicação,e[...] as etapas de planejamento, produção oral e escrita de entrevistas.( CADERNOS..., 2010) Para trabalhar com o gênero entrevista, seguiremos o roteiro proposto por Dolz e Schneuwly (2004) no artigo “Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento.” Neste artigo os autores propõem uma sequência didática como estratégia adequada para elaboração do processo de ensino-aprendizagem. Tal procedimento compreende “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito” (2004, p.97). Os autores chamam a atenção do leitor para observar que o ato de comunicar ou escrever um determinado texto, as regras de formatação não são estanques e enrijecedoras, ou seja, o texto precisa adequar-se ao suporte, pois quando nos comunicamos, adaptamo-nos à situação de comunicação. Não escrevemos da mesma maneira quando redigimos uma carta de solicitação ou um conto; não falamos da mesma maneira quando fazemos uma exposição diante de uma classe ou quando conversamos à mesa com amigos. Os textos escritos ou orais que produzimos diferenciam-se uns dos outros e isso porque são produzidos em condições diferentes. (DOLZ e SCHNEUWLY ,2004, p.97)
  • 15. 8 Em seguida Dolz e Schneuwly (2004) (apud COUTINHO, 2012, s/p.) apresentam os quatro componentes da SD como seguem: Apresentação da situação: Nesta etapa são definidos o contexto, a forma e conteúdo do gênero a ser estudado e produzido envolvendo duas ações. A primeira refere-se a situação de comunicação e a escolha do gênero e a segunda diz respeito aos conteúdos a serem trabalhados. Para ajudar na preparação da primeira ação, são apresentadas 4 questões que devem necessariamente, serem respondidas: “Qual é o gênero que será abordado? A quem se dirige a produção? Que forma assumirá a produção? Quem participará da produção?” (DOLZ e SCHNEUWLY ,2004,p.99,100). Primeira produção: Os alunos farão uma produção oral ou escrita dependendo do gênero que será trabalhado. Essa produção tem uma dupla importância: para os alunos será o momento de compreender o quanto sabem do gênero e do assunto a serem estudados e, ainda, se entenderam a situação de comunicação à qual terão de responder; para os professores, a importância é analisar o que os alunos já sabem, como por exemplo, identificar os problemas linguísticos do gênero que deverão ser enfocados e definir a sequência didática. Módulos: A quantidade e conteúdo dos módulos de ensino devem ser definidos de acordo com as informações colhidas pelo professor da primeira produção dos alunos. Cada módulo deve contemplar problemas específicos do gênero em questão a fim de garantir melhora dos alunos na compreensão e uso da expressão oral ou escrita estudada. Produção final: Após o processo os alunos deverão realizar uma produção que demonstrará o domínio adquirido ao longo da aprendizagem acerca do gênero e do tema propostos e permitirá ao professor avaliar o trabalho desenvolvido. Os autores esclarecem, contudo, ao final do texto, que “as sequências devem funcionar como exemplos à disposição dos professores.” (2004, p.128). Assim, dependendo da proposta e do gênero, o professor é livre para elaborar, por conta própria, outras sequências. Em linhas gerais, o artigo (Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um problema) sugere o ensino de gêneros textuais por meio desses módulos. É durante a produção de um texto que o aluno depara-se, forçosamente com problemas relacionados a questões de gramática, de ortografia e de sintaxe, como as maneiras de se utilizar e inserir os discursos diretos e indiretos, os tempos e modos verbais adequados ao gênero textual e ao contexto de produção, frases incompletas, falta de variedades nas construções frasais, pontuação precária, organização textual
  • 16. 9 deficiente, e a falta de coesão e coerência. No processo de leitura, escrita e reescrita é o momento propício de se abrir espaço para estudar estas questões de ordem gramatical. Assim, o estudo da gramática será mais significativo, pois ela estará sendo abordada dentro de um contexto e de uma necessidade do momento. (cf. DOLZ e SCHNEUWLY, 2004, p.114, 115,118). 2.3 A esfera comunicativa Ao estudar o gênero entrevista é importante, também, conhecer em que esfera comunicativa ele se insere. Conforme apontado por Marcuschi (2003) e Bakhtin (2003), a esfera comunicativa está relacionada à atividade humana, desde a cotidiana, escolar, literária, científica, jornalística, publicitária, religiosa, etc., cada atividade tem, em seu bojo, gêneros próprios para atender a uma necessidade. Pensando nessa perspectiva, o gênero entrevista, está relacionada à esfera jornalística. Dessa forma, são vários os lugares de circulação/ publicação (Revistas, jornais, sites, blogs, programas jornalísticos de TV e rádio). Por se tratar de entrevista, ela é um gênero textual usado, geralmente, na modalidade oral com suas características intrínsecas, passíveis de hesitações, repetições, elementos lexicalizados, elementos não lexicalizados, truncamentos frasais, etc.: a) hesitações (por exemplo: ah..., eh..., e... e... e, o... o..., o, de..., do..., da..., dos...), b)elementos lexicalizados ou não-lexicalizados e tipicamente produzidos na fala, tais como os marcadores conversacionais do tipo "sim", "claro", "certo", "viu", "en- tendeu", "né", "sabe", "que acha?", "bem", "hã", principalmente quando aparecem no interior de unidades discursivas, c)segmentos de palavras iniciadas e não-concluídas que aparecem na transcrição e por vezes são tributáveis a hesitações, d)sobreposições e partes transcritas como duvidosas são aqui eliminadas. (MARCUSCHI, 2001, p.77) Segundo o autor, “a eliminção destes elementos já somam cerca de 10% a 20% do material fônico do texto falado.” (2001, p.77).
  • 17. 10 Por ser a entrevista um gênero oral da esfera comunicativa jornalística - com suas características intrínsecas, supracitadas - foi a escolhida para a análise da SD, para em seguida, comparar o corpus, (as entrevistas) na modalidade oral (material fônico do texto falado escrito, conforme a convenção do Projeto NURC) com a modalidade escrita na norma padrão da Língua Portuguesa. 3. ANÁLISE COMENTADA DA PROPOSTA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA Tendo como parâmetro trabalhar com uma SD em módulos, proposta por Dolz e Schneuwly (2004) e com base na literatura analisada sobre gênero textual, esfera comunicativa, modalidade oral e modalidade escrita com suas características intrínsecas, passamos a discorrer como aplicamos a teoria na prática ao longo dos seis módulos na SD. 3.1 Informações gerais Como já foi mencionado na introdução deste trabalho, o corpus primário, que serviu de exemplo para análise da SD, é o resultado de experiências com alunos do primeiro ano do Ensino Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo, especificamente da Escola Estadual Edgard Francisco da cidade de Taboão da Serra. 3.1.1 Objetivos esperados Os objetivos esperados na Sequência Didática (SD) são de instrumentalizar os alunos como leitores e escritores proficientes em Língua Portuguesa. Geralmente eles apresentam muitas dificuldades na escrita. Em suas produções textuais há marcas consideráveis da oralidade, muitos vocábulos repetidos. Além disso, não há paragrafação, não há concordância segundo a norma padrão, coesão, coerência, e a não observância de não grafar nomes próprios com letras maiúsculas, entre outros. Lidar com estes problemas, como saná-los e de como mostrá-los ao aluno e levá-lo à solução deles, é a função do professor de Língua Portuguesa. Interagir com estas questões a partir
  • 18. 11 do texto e da gramática internalizada ou implícita do falante de língua materna é uma possibilidade de estudar a estrutura e as regras da língua à luz da gramática normativa a partir da valorização da gramática internalizada ou implícita do aluno. Para minimizar os problemas de leitura e escrita,de toda a literatura analisada aqui, nos apoiamos, principalmente, nas normas de transcrição do Projeto NURC, na proposta de Dolz e Schneuwly (2004), e Marcuschi (1997,2001), pois, acreditamos que é possível reestruturar / adequar bons textos na norma padrão da Língua Portuguesa a partir de um texto gravado pelo próprio aluno ou de uma gravação capturada da internet, do rádio ou da televisão e transcrita com as observações (mostradas anteriormente) e normas de transcrição do Projeto NURC. Dessa forma, o aluno é levado a perceber, comparativamente, as características e diferenças intrínsecas do texto falado e grafado, e o mesmo texto escrito, construído segundo as normas da gramática tradicional, durante o processo de retextualização. Dessa forma, além dos objetivos já citados, a SD pretende levar o aluno a aprender os conteúdos dos seguintes eixos de ensino: distinguir as características da língua oral e da língua escrita; suprimir as marcas da oralidade na língua escrita; desenvolver habilidades no uso do discurso direto, discurso indireto, da concordância verbal, concordância nominal, coesão, coerência e paragrafação textual e desenvolver a capacidade de síntese, no processo de retextualização de um texto a partir da intuição do aluno por meio de sua gramática internalizada construída no processo de aquisição da língua. 3.1.2 Características das turmas Os alunos que executaram a proposta de trabalhar com o gênero entrevista, foram constituídos de três turmas (cerca de 120 alunos) da primeira série do Ensino Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo, do ano de 2009, especificamente da Escola Estadual Edgard Francisco da cidade de Taboão da Serra. Mas as ideias aqui propostas são executáveis a partir das séries iniciais até o nível superior. Tudo vai depender da proposta, do grau de dificuldade da turma e dos objetivos do professor. A escola está situada em uma região periférica. Os alunos são oriundos de vários bairros próximos, outros distantes da escola. O nível socioeconômico dos alunos é bem variado. O nível de aprendizagem é bastante heterogêneo, especialmente em relação às habilidades de leitura e escrita.
  • 19. 12 3.2 A organização da SD O modelo escolhido para a organização da SD foi o esquema proposto por Dolz e Schneuwly (2004). Assim, a SD foi organizada em seis módulos, cada um com objetivos específicos. No primeiro módulo, a proposta foi a elaboração de uma entrevista com a finalidade de sondar o conhecimento dos alunos sobre o gênero. No segundo, o contato, por meio de leituras, com a teoria sobre o gênero entrevista e textos sobre a modalidade da língua oral com finalidade de mostrar as suas características intrínsecas, comparando com a modalidade padrão escrita. No terceiro, com base nas leituras propostas no segundo módulo, a proposta foi o planejamento ou a escolha (a escolha ficaria para quem optasse por uma entrevista pronta, capturada na mídia falada) da entrevista, como por exemplo, o questionário relacionado com escolha do tema pertinente ao contexto, o status do entrevistado, o público alvo pretendido e o suporte de veiculação. No quarto, a execução das entrevistas (para quem optasse por essa forma) ou a escolha (para quem optasse pela entrevista capturada da mídia). O objetivo básico seria a aquisição do material fônico para transcrevê-lo no quinto módulo. No quinto, seria o módulo mais estafante, pois o processo de transcrição do material fônico para o escrito exige muita paciência ao logo do processo de ida e de volta, na tentativa de compreender tudo o que é dito na entrevista e de ser fiel às normas de transcrição. No sexto e último módulo, com o material fônico escrito em mãos e com todos os conhecimentos adquiridos durantes as leituras teóricas sobre as modalidades de língua oral e escrita, é o momento da retextualização das entrevistas. Os objetivos nesta etapa final é trabalhar as questões de gramática e sintaxe a partir do texto oral escrito, fazendo as adequações para a modalidade padrão escrita. 3.3 As atividades propostas em cada unidade de trabalho No primeiro módulo, antes da elaboração da SD, a primeira estratégia foi solicitarmos a produção de uma primeira entrevista com os alunos da sala, divididos em grupos de 3 a 5 pessoas,
  • 20. 13 ou individual, se assim o aluno desejasse. Depois cada grupo apresentaria os resultados da entrevista para a classe. Após a apresentação, orientamos cada grupo a descrever as características desse gênero como as marcas linguísticas, a forma composicional, estilo, o registro, as etapas de planejamento, produção oral e escrita de entrevistas. Os objetivos disso são avaliar o que os alunos já sabem sobre o gênero, para, em seguida, trabalhar como se dá o processo de edição da entrevista oral para a modalidade escrita, diagnosticando, assim, as dificuldades encontradas pelos alunos sobre o tema com objetivos de avaliar em que patamar está a classe, e repensar/adaptar a SD de acordo com as condições da classe ou até individualizar a proposta e instrumentalizar os alunos para superar as dificuldades. Depois dessa experiência, apresentamos algumas entrevistas publicadas em revistas (impressa /digital), jornais (impresso/digital), blogs e elaboramos perguntas sobre elas para o grupo confrontar com a que ele produziu. Como exemplo, a proposta do questionário, elaborado com base na entrevista com o ator Cauã Reymond (em anexo, na SD), foi levar o grupo / aluno a observar o gênero entrevista, comparando-a com a que ele elaborou e verificar em que elas diferem. Além disso, levá-lo a indagar como o entrevistado disse tal informação no modo oral e como ela foi editada para o suporte impresso ou digital. No segundo módulo, o contato com a teoria sobre a modalidade da língua oral é o momento para o aluno compreender como se dá o processo de passagem da língua oral para a modalidade escrita. Para isso, propomos a leitura e comparação de textos teóricos sobre o tema, para a verificação das características da língua oral e da língua escrita a partir de um mesmo texto após sua retextualização; os processos de atividades de retextualização; observações de entrevistas veiculadas na mídia digital/ eletrônica (internet, rádio ou televisão); as normas para transcrição do texto oral de acordo as convenções do Projeto NURC (PRETI, 2002) e (MARCUSCHI, 1997, 2001) como subsídios de transcrição de texto falado e para , posteriormente, o aluno fazer uma boa retextualização. Os textos e trechos (completos no anexo, na SD) que auxiliam bastante no processo de ensino e aprendizagem da modalidade oral para modalidade escrita, entre outros, sugerimos: “O que é retextualização?”, “Narrativa Oral – uma jovem de 17 anos de idade”, “Quadro dos sinais conversacionais verbais” e “Normas para transcrição.” (MARCUSCHI, 1997, 2001 ; PRETI, 2002).
  • 21. 14 Para exemplificar o que foi lido na teoria, resolvemos apresentar o texto “Narrativa Oral – uma jovem de 17 anos de idade,” retextualizado. (retextualização feita pelo professor da sala, anexo, na SD). Após a leitura dos textos e exemplo propostos, a finalidade é habilitar o aluno a observar, compreender e apreender as diferenças do ponto de vista da forma e do conteúdo de qualquer texto na modalidade oral (falado escrito) para o mesmo texto retextualizado em sua modalidade escrita, de acordo com os parâmetros da gramática normativa. Assim, solicitamos que cada grupo /aluno comentasse as diferenças do ponto de vista da forma (como o texto está estruturado: pontuação, paragrafação) e do conteúdo (extensão, vocabulário, coesão, coerência) do texto original para o mesmo texto retextualizado no seguinte esquema: Texto original Texto retextualizado Forma: Texto sem paragrafação, sem pontuação. Conteúdo: repetitivo, aparentemente caótico, frases truncadas, vocábulos e expressões característicos da fala: “eh...”; “sabe? entendeu?”; “ele foi criado/os pais dele por um clima de... autoritarismo... entendeu?”,etc. Forma: Paragrafação e pontuação presentes, características da norma padrão escrita. Conteúdo: Sintético, coeso, coerente. No entanto, é importante observar o contexto de produção textual, a sua finalidade, o suporte de veiculação, o público pretendido, pois estas questões de ordem contextual, circunstancial e adequação do texto, a gramática normativa não contempla. No terceiro módulo, após o embasamento teórico trabalhado anteriormente, partimos para o planejamento da entrevista. Sugerimos ao aluno / grupo que escolhesse os temas, os entrevistados ou entrevistas prontas , e os contextos com os quais gostaria de trabalhar e que tinha afinidades com ele. Demos duas opções. Primeiro o aluno ou grupo poderia capturar uma entrevista pronta na mídia eletrônica / digital( rádio,tv,internet).A segunda opção poderia ser elaborado um questionário, como roteiro básico, para fazer as entrevistas, lembrando-o que, de acordo com o andamento da entrevista, é comum surgirem outras peguntas que podem ser inseridas no momento da interação face a face.
  • 22. 15 Orientamos cada grupo / aluno , na hora da elaboração do questionário ,a evitar perguntas fechadas, pois os resultados são respostas com poucas marcas da oralidade como por exemplo as “ hesitações ( ah..., eh..., e... e... e, o... o..., o, de..., do..., da..., dos...), [...]os marcadores conversacionais[...]"sim", "claro", "certo", "viu", "entendeu", "né", "sabe", "que acha?", "bem", "hã"[..]” etc. (Marcuschi (2001,p.77). O ideal é fazer perguntas abertas que fazem o falante planejar e replanejar o pensamento na hora da fala. Tendo o cuidado , entretanto , de não se estender muito, para o texto não ficar muito longo. Isso também vale para quem optar pela entrevista capturada pronta da mídia. O ideal é que a fala tenha entre dois a cinco minutos de duração , mas que tenha um início, meio e fim, para não compometer o sentido global do texto no momento da trancrição e retextualização. No quarto módulo, cada grupo / aluno partiu para a execução ou escolha das entrevistas. O objetivo básico desta etapa foi a aquisição do material fônico para transcrevê-lo no módulo seguinte. No quinto módulo com o material fônico gravado, partimos para a transcrição das entrevistas. Neste módulo , fizemos a transcrição de uma entrevista com a sala , conscientizando- a da necessidade de ser persistente e de não parar com o projeto depois de um logo caminho já percorrido. É nessa etapa que muitos reclamam, pois o processo de transcrição do material fônico para o escrito exige-se muita paciência ao logo do processo de ida e de volta do áudio /audiovisual, na tentativa de compreender tudo o que é dito na entrevista e de ser fiel às normas de transcrição. No sexto e último módulo, é o momento da retextualização. Propusemos, nessa etapa final, que cada grupo / aluno fizesse duas retextualizações do mesmo texto: uma no discurso direto e outra no discurso indireto. Foi nesta etapa, como já era esperado, que os alunos se depararam com algumas questões relacionadas à gramática, como a ortografia, a sintaxe, a paragrafação, a pontuação, as maneiras de se utilizar e inserir os discursos diretos e indiretos, os tempos e modos verbais adequados, a coesão, a coerência, etc. A partir destes problemas pontuados pelos alunos, no processo de leitura, escrita e reescrita, pudemos abrir espaço para estudar ou rever estas questões de ordem gramatical. Assim, o estudo da gramática foi mais
  • 23. 16 significativo, pois ela estava sendo abordada dentro de um contexto e de uma necessidade do momento. Não um estudo da gramática pela gramática, com frases soltas e descontextualizadas. Pensando nestas questões, propusemos aos alunos a pesquisarem em livros didáticos, paradidáticos, gramáticas, internet, os seguintes conteúdos: Coesão, coerência, discurso direto e discurso indireto. Com o material em mãos, propusemos a leitura e uma série de exercícios (conforme constam no anexo da SD) com textos sem coesão e sem coerência, abordando algumas incoerências (narrativas, figurativas e argumentativas). Após o estudo destes conteúdos, o desenvolvimento das retextualizações fluiu naturalmente. De todos os grupos / alunos que fizeram as entrevistas, (três turmas da primeira série do Ensino Médio) escolhemos apenas duas, feitas individualmente, como exemplo para a análise. Uma construída pelo próprio aluno e a segunda ,capturada pronta da Folha Online, na internet. Por termos um espaço delimitado, transcrevemos aqui, as duas entrevistas, apenas no discurso indireto para comentarmos os resultados. As entrevistas completas constam no anexo da SD, nas duas modalidades, oral e escrita. A entrevista sob o tema gravidez, elaborada pela própria aluna, no discurso indireto: Segundo Larissa dos Santos, da cidade de Taboão da Serra, engravidou com apenas 14 anos e o tema tratado da entrevista foi sobre gravidez. Larissa muito simpática respondeu às perguntas e uma delas correspondia se sua gravidez fora planejada. Larissa havia dito que foi sua primeira vez e não havia relacionado algo antes e não tinha usado camisinha então o entrevistador indagou o porquê dela não ter usado a camisinha e ela confidenciou que na hora nem tinha pensado no uso da camisinha e que os seus hormônios estavam lá em cima no momento. O entrevistador perguntou mais sobre sua realidade como sua vida estava sendo e se ela havia parado de estudar, ela destacou que havia parado de estudar e que está trabalhando para se sustentar e que o pai de seu filho foi irresponsável e a largou na hora em que o bebê nasceu e que seus pais haviam expulsado de casa. Nisso o entrevistador prosseguiu sua entrevista perguntando se ela esperava algo do futuro. Larissa dos Santos apenas irá cuidar de seu filho e irá continuar trabalhando como deve. Para finalizar o entrevistador perguntou-lhe se tinha alguma meta ou sonho, nisso ela ressaltou que o seu único sonho é que o filho não cometesse o mesmo erro que ela cometeu. (Amanda Silva Viana. Aluna da 1ª série do Ensino Médio da EE Edgard Francisco).
  • 24. 17 Segunda entrevista, com Danilo Gentili, captada pronta da mídia digital (vídeo da Folha Online): Em uma entrevista à Folha Online, Danilo Gentili explicou sobre sua entrada no programa CQC e, quais foram as mudanças que ocorreram em sua vida após este fato. Disse que entrou no programa depois de ter feito uma entrevista com Agnaldo Timóteo e que depois passou e logo que começou a fazer o programa até seu nome mudou, porque agora todo mundo o conhece como "CQC". Logo depois foi questionado sobre o grande sucesso que é o programa e, disse que nunca tinha imaginado tudo isso. Disse também que seu contrato com a emissora de TV Band vai até o fim de 2009 e que se sente bem no programa porque pode ser "ele mesmo”. A Folha ainda perguntou sobre as piadas dele e, ele disse que tinha ciúmes delas, mas que isso era normal. (Cibele da Silva Simões. Aluna da 1ª série do Ensino Médio da EE Edgard Francisco). Diante destes resultados, comparando com os textos originais orais escritos, é fácil percebermos o crescimento e as habilidades das alunas em manejar bem as regras estruturais de um texto na modalidade padrão escrito. O que mais nos chamou a atenção foi a capacidade de síntese na análise da aluna na entrevista com Danilo Gentili. O texto original, (oral escrito), com quase duas páginas, foi sintetizado em apenas um parágrafo com menos de doze linhas, sem prejuízo das informações essenciais. Diante disso, podemos garantir que a proposta alcançou, quase plenamente, os seus objetivos. Além disso, podemos observar que as alunas adquiriram habilidades gerais sobre o gênero entrevista em relação ao “trabalho de edição (exclusão de marcas da oralidade, de repetições, de hesitações etc.) que visa a garantir: maior clareza e objetividade ao texto; destaque para as falas que se supõem mais relevantes para o leitor; [...] as etapas de planejamento, produção oral” (CADERNOS..., 2010), transcrição e retextualização das entrevistas.
  • 25. 18 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como foi pontuado durante as atividades propostas nos módulos, especialmente no sexto e último, no momento da retextualização observamos os comentários dos alunos tentando resolver algumas questões relacionadas à gramática, como a ortografia, a sintaxe, a paragrafação, a pontuação, as maneiras de se utilizar e inserir os discursos diretos e indiretos, os tempos e modos verbais adequados, a coesão, a coerência. A partir destes problemas pontuados pelos alunos, no processo de leitura, escrita e reescrita, podemos verificar o interesse para a pesquisa e o estudo ou revisão destas questões de ordem gramatical. Percebemos, assim, que o estudo da gramática naquele momento foi mais interessante significativo, pois ela estava sendo abordada dentro de um contexto e de uma necessidade dos alunos durante o processo de retextualização. Pudemos encontrar, ainda, nos resultados finais, alguns problemas de ordem gramatical. No entanto, optamos por respeitar, de um modo geral, nesse primeiro momento, essas dificuldades do aluno / grupo, deixando para saná-las em outro momento. Entretanto, os resultados apresentados são perceptíveis. Comparando as duas entrevistas, originais (amostra) com as mesmas retextualizadas no discurso direto / indireto, (em anexo na SD) pudemos verificar a progressão das duas alunas em relação a aprendizagem dos conteúdos propostos: a distinção das características da língua oral e da língua escrita; supressão das marcas da oralidade na língua escrita; desenvolvimento das habilidades no uso do discurso direto, discurso indireto, na concordância verbal e nominal, coesão e coerência; paragrafação textual e do desenvolvimento da capacidade de síntese. O interessante de tudo isso foi de não haver, de nossa parte, a preocupação de fazermos os alunos memorizarem algumas regras de ordem gramatical, como a análise sintática, o discurso direto, discurso indireto, coesão, coerência, paragrafação, concordância nominal, concordância verbal, capacidade de síntese, etc. Mas, os resultados vieram a partir da necessidade de consultar estes conteúdos para sanarem estes problemas (ordem gramatical) encontrados durante o processo de retextualização. E o mais importante, foi valorizarmos a intuição do aluno e sua gramática internalizada, construída ao longo do processo de aquisição da linguagem. Assim, a apresentação dos resultados comparativos entre o texto original oral escrito e sua forma retextualizada na norma padrão da Língua Portuguesa em discurso direto e discurso indireto por meio de uma SD bem
  • 26. 19 estruturada com boa base teórica, é, entre outras, uma estratégia possível que o professor pode se apropriar para uma avaliação positiva no processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003[1952-53/1979], p. 261-306. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa / Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010. Sexto ano. Disponível em: <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/L P6/LP_conteudo_Prof_6Ano.pdf >. Acesso em: 10 jun.2012. DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ, Joaquim. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Helena Rodrigues Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. __________ Gêneros e progressão em expressão oral e escrita. Elementos para reflexões sobre uma experiência suíça. In: COUTINHO, Luciana Cristina Salvatti. Disponível em: < http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/2009/12/dolz-j-e-schneuwly-b-generos-e_11.html>. Acesso em: 25 nov.2012. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 3.ed., São Paulo:Ática,1997. _________Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.
  • 27. 20 _________ Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais e ensino. 2.ed.Rio de Janeiro: Lucerna,2003. PRETI, Dino. Normas para transcrição. In: PRETI, Dino. (Org.) Interação na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas, 2002, p.17,18. SILVA, Luiz Antônio. Síntese da história do projeto NURC. Linha d´Água, São Paulo, n.10, jul.1996, p.83-90. Disponível em: < http://www.fflch.usp.br/dlcv/nurc/historico.htm>.Acesso em: 26 maio 2011. OUTRAS REFERÊNCIAS DE APOIO CITELI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994. SAIEG-SIQUEIRA, João Hilton. Organização do texto dissertativo. São Paulo: Selinunte, 1995. SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. SOUZA, Aguinaldo Gomes de. Gêneros virtuais – algumas observações. Letra Magna, São Paulo, n.7, ano 4,2007. Disponível em< http://www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf >>. Acesso em: 18 nov.2012. TEERA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997.
  • 28. 21 Anexo - A SD Elaborada SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA ALUNOS DA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO A ENTREVISTA: DO ORAL PARA O ESCRITO Por Eliorefe Cruz Lima APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO A ENTREVISTA: DO ORAL PARA O ESCRITO PRIMEIRO MÓDULO Tempo previsto: duas semanas Fazer uma entrevista em dupla. Pode ser gravada entre os colegas da sala ou capturar pronta da internet, do rádio ou da televisão. IMPORTANTE: Peguem /façam uma entrevista curta entre 2 e no máximo 3 minutos que tenham início, meio e fim.(se for muito longa , poderá ser inviável a transcrição completa) Em seguida, façam a transcrição da entrevista e tragam para apresentarem na sala, observando o seguinte roteiro: Como é a forma composicional da entrevista? Como vocês planejaram ou quais as etapas de preparação da entrevista?. Quais os objetivos da entrevista? Como foi a transcrição e organização dos dados? Em que tipo de suporte (veículo de comunicação) vocês pensaram em publicar a entrevista? Quais seriam os potenciais leitores (tipo de perfil interessado) da entrevista?
  • 29. 22 SEGUNDO MÓDULO Tempo previsto: uma semana OS OBJETIVOS: Esta Sequência Didática (SD) pretende sondar o que vocês já sabem sobre o gênero, para, em seguida, trabalhar como se dá o processo de edição da entrevista oral para o escrito, diagnosticando,assim, as dificuldades encontradas sobre o tema com a finalidade de avaliar em que patamar vocês estão, e a partir disso, repensar/adaptar a SD de acordo com as condições apresentadas , ou até individualizar a proposta e instrumentalizar vocês para superarem as dificuldades. Nesta Sequência Didática vamos abordar o processo de edição das entrevistas orais para a língua escrita. E partir desse processo de edição, distinguir: As características da língua oral e da língua escrita; saber o processo de supressão das marcas da oralidade na língua escrita; desenvolver as habilidades no uso do discurso direto, discurso indireto, concordância verbal, concordância nominal, coesão, coerência e paragrafação a partir de uma entrevista elaborada/ capturada e transcrita por vocês; desenvolver a capacidade de síntese. Leiam a seguinte entrevista: FAMA NÃO ENCHE BARRIGA, DIZ CAUÃ REYMOND "Trabalhar e ficar quieto" é a recomendação do ator Cauã Reymond, 27, para seus colegas de profissão. Para ele, a classe artística não tem que dar opinião sobre tudo. Reymond já está na quinta novela --vive Lucas em "Eterna Magia--, se prepara para filmar o terceiro longa-metragem (já fez "Ódiquê" e "Falsa Loura") e desfilou para grifes como Jean Paul Gaultier. Também lavou banheiro, varreu chão e pintou parede para pagar estudos de interpretação em Nova York.
  • 30. 23 Em entrevista à Folha Online, Cauã evita falar muito de sua vida pessoal (leia-se namoro com Grazi Massafera e casamento com Alinne Moraes) e diz ser fã de Fernando Gabeira (PV-RJ). Leia trechos da entrevista. Folha Online - Qual é a sua esperança para o Brasil? Você é do time dos otimistas ou dos pessimistas? Cauã - Sou do time do [Fernando] Gabeira. Sou fã dele porque faz, fala e pensa de maneira coerente. Folha Online - O projeto mais polêmico dele é sobre descriminalização das drogas. Você é a favor da liberação das drogas? Cauã- Não vou entrar neste assunto de drogas porque acho que ator não tem que ficar dando opinião sobre tudo. Ator pode ter suas opiniões pessoais, mas não é político. Tem que ir lá fazer seu trabalho e ficar quieto. Folha Online - Muita gente dá, como no movimento "Cansei", por exemplo. Cauã - As pessoas têm que ter foco, saber seu papel. Foco no trabalho, nas coisas que são realmente importantes. Quer ficar falando sobre política? Vá ser político, não vá ser ator. Está todo mundo insatisfeito e é por isso que as pessoas tomam um monte de pilulazinha, de remedinho para tudo. Folha Online - Você, assim como outros tantos jovens atores, começou na TV em "Malhação". O que acha que fez de diferente para conseguir estar na sua quinta novela, ter feito dois filmes, enquanto outros galãs da novelinha sumiram? Cauã - Tem ator que não consegue lidar com o assédio, fica metido, deslumbrado, acha que jabá e baile de debutantes será sua fonte financeira para sempre. É uma verdade, mas não é definitiva. Tem que estudar, e eu estudei. Folha Online - E dá para passar ileso ao deslumbramento? Cauã- Eu não passei ileso. Passei os quatro primeiros meses deslumbrado depois que entrei em "Malhação". A fama seduz muita gente. Me seduziu um pouco, mas não muito. Minha família me ajudou a colocar meus pés no chão. Faço análise desde os 14 anos. Folha Online - Quando você percebeu esta sedução?
  • 31. 24 Cauã - A primeira vez que vi que fama não enche barriga foi quando desfilei para Jean Paul Gaultier em Paris. Estava deslumbrado em desfilar para uma grife tão bacana. Depois que acabou o desfile, fui para casa de metrô sozinho e "durão" [sem dinheiro]. Folha Online - Como você lida com o assédio da imprensa? Cauã - O ator tem que tomar cuidado. Tem gente que fala que não quer ser vítima de fofoca, mas sai com o novo namorado na praia do Leblon (RJ). É claro que vai ser fotografado. Quer privacidade? Então não sai de casa. Folha Online - Você gosta de fofoca? Cauã - Todos gostam de fofocar. Eu mesmo fico pensando... 'Como será a relação do Brad Pitt com a Angelina Jolie?'. Mas é uma curiosidade natural, não é passional, entende? Folha Online - Todo mundo também quer saber sobre seus namoros... Cauã - Ah, você vai perguntar da minha vida pessoal? Vivi com a Alinne (Moraes) e tinha aquela coisa de "casal 20", foi legal e acabou. Mas se você pensar no fim da relação, não vai namorar ninguém. A Grazi é linda, maravilhosa, bem-humorada. Damos boas risadas juntos e é isso. Seja gentil comigo, hein? Fui aberto com você. ...................................................................................... Fama não enche barriga. Folha Online. Disponível em<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u321264.shtml>.Acesso em:26 ago.2012. Respondam as seguintes perguntas em grupos de 3 a 5 pessoas: Comparem a entrevista que vocês acabaram de lê com a que vocês escrevam. Em que elas diferem? Respostas pessoais Em que mídia a entrevista foi publicada?Site?Jornal? A entrevista foi publicada em mídia digital (Internet). No site UOL, jornal Folha Online. Como a entrevista está estruturada? A entrevista está estruturada no formato tradicional perguntas e respostas. Estas estão em negrito para fácil localização, pelo leitor, do entrevistador e do entrevistado. Qual o nome do entrevistador e do entrevistado? O nome do entrevistador está representado pelo próprio jornal, a Folha Online.
  • 32. 25 Quem serão os possíveis leitores de tal entrevista? Os possíveis leitores seriam variados: interessados na esfera artística, telespectadores de novelas em geral, Qual o título da entrevista? De onde ela foi retirada? O título da entrevista é “Fama não enche barriga”, retirada da própria fala do entrevistado. Característica comum das entrevistas, “de ter por título um trecho da fala do entrevistado ou uma frase-síntese que revela a opinião do entrevistado”. Qual é síntese exposta da entrevista? "Trabalhar e ficar quieto" é a recomendação do ator Cauã Reymond, 27, para seus colegas de profissão. Para ele, a classe artística não tem que dar opinião sobre tudo. Como o entrevistado é apresentado antes de iniciar-se a entrevista? Reymond é apresentado como ator da quinta novela --vive Lucas em "Eterna Magia--, se prepara para filmar o terceiro longa-metragem (já fez "Ódiquê" e "Falsa Loura") e desfilou para grifes como Jean Paul Gaultier. Também lavou banheiro, varreu chão e pintou parede para pagar estudos de interpretação em Nova York. Cauã evita falar muito de sua vida pessoal e diz ser fã de Fernando Gabeira (PV-RJ). Qual (is) é (são) o (os) assunto(s) da entrevista? A entrevista versa sobre alguns assuntos como política, descriminalização das drogas, fama, assédio da imprensa, otimismo, fofoca e vida pessoal. Qual é a opinião do entrevistado sobre o (s) assunto(s)? O entrevistado se mostra cauteloso quanto à fama, ser realista, não deve ficar dando opinião sobre tudo ,deve fazer o seu trabalho e ficar quieto. Das perguntas anteriores é possível tirar algumas respostas das entrevistas que vocês produziram? Qual (is?). Respostas pessoais Qual (is) não é (são) possível (eis)? Respostas pessoais Por quê? Respostas pessoais TERCEIRO MÓDULO Tempo previsto: três semanas FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
  • 33. 26 Agora vamos lê alguns textos. Estes ajudarão vocês a aprimorar o processo de retextualização (reescrita) das entrevistas. Para isso, vamos nos basear em dois autores que abordam a questão da língua oral. São eles: Dino Fioravante Preti e Luiz Antônio Marcuschi. Há outras fontes que também tratam do assunto ( língua oral) e do gênero entrevista. Para ajudá-los nessa caminhada, e quem tiver interesse em se aprofundar mais sobre esses temas , vejam a bibliografia/ webgrafia : REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003[1952-53/1979]. p. 261-306. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa / Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010. Sexto ano. Disponível em: <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/L P6/LP_conteudo_Prof_6Ano.pdf >. Acesso em: 10 jun.2012. DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ, Joaquim. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Helena Rodrigues Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. __________ Gêneros e progressão em expressão oral e escrita. Elementos para reflexões sobre uma experiência suíça. In: COUTINHO, Luciana Cristina Salvatti. Disponível em: < http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/2009/12/dolz-j-e-schneuwly-b-generos-e_11.html>. Acesso em: 25 nov.2012. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 3.ed., São Paulo:Ática,1997. _________Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.
  • 34. 27 _________ Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais e ensino. 2.ed.Rio de Janeiro: Lucerna,2003. Normas para transcrição. In: PRETI, Dino. (Org.) Interação na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas, 2002, p.17,18. SILVA, Luiz Antônio. Síntese da história do projeto NURC. Linha d´Água, São Paulo, n.10, jul.1996, p.83-90. Disponível em: < http://www.fflch.usp.br/dlcv/nurc/historico.htm>.Acesso em: 26 maio 2011. OUTRAS REFERÊNCIAS DE APOIO CITELI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994. SAIEG-SIQUEIRA, João Hilton. Organização do texto dissertativo. São Paulo: Selinunte, 1995. SAVIOLI, Francisco Platão ; FIORIN,José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. SOUZA, Aguinaldo Gomes de. Gêneros virtuais – algumas observações. Letra Magna, São Paulo, n.7, ano 4,2007. Disponível em< http://www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf >.Acesso em: 18 nov.2012. TEERA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997. Para esta Sequência Didática, vejamos os dois autores citados anteriormente: Preti (2002, pp.15,16) afirma que na transcrição de uma fala para a língua escrita, devemos observar os seguintes itens:
  • 35. 28 “1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas( USP etc.).2. Fáticos: ah, éh, ahn, ehn,tá? (não por está: ta? Você está brava?).3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros em itálico. 4. Números: por extenso. 5. Não se indica o ponto de exclamação. 6. [...].7. Podem-se combinar sinais. Por exemplo: oh:::...(alongamento e pausa).8. Não se utilizam sinais de pausa, tipos da língua escrita, como ponto-e-vírgula, ponto final, dois pontos, vírgula. As reticências marcam qualquer pausa”. Assim, é possível, a partir de uma entrevista gravada por vocês, ou capturada da internet, do rádio ou da televisão e transcrita com as observações supracitadas, termos bons textos na norma padrão da Língua Portuguesa. Dessa forma, vocês podem observar, comparativamente, as diferenças -- entre o oral escrito e o texto escrito, construído segundo as normas da gramática tradicional, [vamos estudar estas normas mais para frente] durante o processo de retextualização. Vejamos um esquema exemplo, de como fazer uma transcrição. TEXTO 1: OCORRÊNCIAS SINAIS EXEMPLIFICAÇÃO Incompreensão de palavras ou segmentos ( ) do nível de renda ( ) nível de renda nominal Hipótese do que se ouviu ( hipótese ) ( estou ) meio preocupado ( com o gravador ) Truncamentos bruscos. Quando um falante corta uma unidade / (marca-se o fato com uma barra) E comé/ e reinicia Entonação enfática maiúscula porque as pessoas reTÊM moeda Prolongamento de vogal e consoante ( como s,r) ::podendo aumentar para::: ou mais ao emprestarem... éh:::...dinheiro; co::mo; e::u Silabação - Por motivo de tran-sa-ção Interrogação ? e o Banco...Central...certo? Qualquer pausa ... São três motivos... ou três razões...que se retenha moeda...existe uma...retenção Comentários descritivos do ((minúscula)) ((tossiu))
  • 36. 29 transcritor.Usam-se parênteses duplos Comentários que quebram a seqüência temática da exposição; desvio temático. -- -- ....a demanda de moeda -- vamos dar essa notação -- demanda de moeda por motivo Sobreposição, simultaneidade de vozes. ligando as [ linhas A. na casa da sua irmã [ B. sexta-feira? A. fizeram LÁ.... [ B. cozinharam lá? Indicação de que a fala foi tomada ou interrompida em determinado ponto. Não no seu início, por exemplo. (...) (...) nós vimos por exemplo que existem... Citações literais ou leitura de textos, durante a gravação. “ ” Pedro Lima... éh escreve na ocasião.. “O cinema falado em língua estrangeira não precisa de nenhuma baRREIra entre nós”...
  • 37. 30 No texto dois vemos outro esquema exemplo, apontando quais são as marcas próprias da língua falada. Texto 2: No texto 3 temos a definição de retextualização e alguns exemplos de marcas da oralidade que são passíveis de serem eliminadas na hora da reescrita ou retextualização de um texto oral. TEXTO 3: O QUE É RETEXTUALIZAÇÃO? É a passagem ou transformação do texto falado para o texto escrito. Poderíamos também definir de reescrita. Alguns procedimentos básicos, para uma boa retextualização, são a eliminação de: a) Hesitações: ah....,eh...,e...e...e...,.o...o..., de...,do....,da...dos.. b) Elementos lexicalizados (palavras dicionarizadas, que podemos encontrá-las no dicionário) ou não lexicalizados (palavras não dicionarizadas, que não podemos encontrá-las no dicionário. São encontradas apenas na fala cotidiana) e tipicamente produzidos na fala, tais como os operadores
  • 38. 31 conversacionais do tipo: “sim”, “claro”, “certo”, “viu”, “entendeu”, “ né”, “sabe”, “que acha?” “ bem” “ hã ” c) Segmentos de palavras iniciadas e não concluídas que aparecem na transcrição e, portanto são tributáveis a hesitações. d) Sobreposições (falas simultâneas em um mesmo local da entrevista) e partes transcritas como duvidosas. e) Frases truncadas (frases iniciadas e não finalizadas, deixando o raciocínio suspenso). f) Repetições. (a mesma palavra repetida várias vezes numa mesma frase / texto) Agora vejamos uma entrevista retirada do livro de Marcuschi (2001, p.112 e 113), transcrita do jeito que o entrevistador e entrevistado falaram, com algumas marcas da língua oral, conforme mostradas nos textos 1,2 e 3. TEXTO 4 - EXEMPLO Narrativa Oral – uma jovem de 17 anos de idade, Rio de Janeiro, 1993. Texto Original F1 - e::...Claire ...agora pra terminar ...eu quero que você ...dê a sua opinião pra mim...ou sobre...amizade...namoro...vocação...vestibular... F2 – eh ...eu vou falar sobre a minha família....sobre os meus pais...o que eu acho deles....como eles me tratam....bem...eu tenho uma família....pequena ...ela é composta pelo meu pai...pela minha mãe .... pelo meu irmão ...eu tenho um irmão pequeno de ... dez anos...eh o meu irmão não influencia em nada.... a minha mãe é uma pessoa superlegal...sabe? ela ...é uma pessoa que conversa comigo...é minha amiga...ela...me mostra sempre a realidade da vida...ela nunca...ela nunca...esconde nada de mim...né? tenta ver o melhor para mim...me mostra a vida como ela é....entendeu? o meu pai não...o meu pai já é uma pessoa ....ah....ele ...já....é uma pessoa muito fechada...e... triste...porque a juventude dele...a criação dele...foi uma coisa...foi uma coisa/como é que eu vou dizer? eh ...ele foi criado/os pais dele por um clima de ...autoritarismo...entendeu? meu avô era autoritário...ele não via a justiça ...sabe?entendeu?ele foi criado no Norte...no interior...então aque/as pessoas do interior geralmente têm uma mente mais fechada...entendeu?são
  • 39. 32 uma pessoa tipo...entre aspas...ignorantes...nê?entendeu?então é isso que o meu pai ( ) uma visão assim da vida...então é isso que ele passa pra mim...eu não acho certo...ele acha que...ele acha que a pessoa tem que estudar....trabalhar...entendeu?ele não vê nada...ele não conversa comigo...ele não amostra os pontos de vista dele...a minha família ...nesse ponto...eu acho que é....errada...entendeu?porque eu acho que meu pai ...ele tinha que conversar mais comigo...ele tinha que me amostrar mais os fatos...é isso que eu acho errado...às vezes eu fico revoltada com isso ...ele sabe criticar...criticar...me criticar...me recriminar...dizer que eu estou errada...entendeu? é isso que eu acho da minha família...que eu não acho que é um exemplo ...só isso.... (MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita. Atividade de retextualização, 2ª.ed.,São Paulo,Cortez,2001,p.112,113). Exercício em grupo de 3 a 5 pessoas ( localização das marcas da oralidade no texto oral escrito). Leiam novamente o texto com bastante atenção e transcrevam as marcas da oralidade conforme indicadas nos textos 1, 2 e 3: a) Hesitações: “ah...eh” b) Elementos lexicalizados: “ entendeu?” , “sabe?”, “ então”, “bem”, “sabe?” c) Elementos não lexicalizados: “ nê?” d) Segmentos de palavras iniciadas e não concluídas: “então aque/as pessoas do interior...” e) Frases truncadas: “...ele foi criado/os pais dele por um clima de ...autoritarismo...” , “então aque/as pessoas do interior...” f) Repetições: “entendeu?”, “nê?” “...eu vou falar sobre a minha família....sobre os meus pais...” “pelo meu pai...pela minha mãe .... pelo meu irmão...” “eu não acho certo...ele acha que...ele acha que a pessoa tem que estudar....trabalhar..” g) Hipótese do que se ouviu: “...é isso que o meu pai ( ) uma visão assim da vida...” O MESMO TEXTO RETEXTUALIZADO Uma das possibilidades de retextualização [ feita pelo professor da sala ] Agora vocês vão ler o mesmo texto retextualizado pelo professor.
  • 40. 33 F1: Claire, para terminar, dê-me a sua opinião sobre amizade, namoro, vocação ou vestibular. F2: Vou falar sobre a minha família. Ela é pequena, composta pelos meus pais e um irmão de dez anos que não influencia em nada. A minha mãe é uma pessoa muito amiga. Conversa comigo, mostra-me a realidade da vida. Nunca esconde nada de mim. Já o meu pai é uma pessoa muito fechada e triste. Ele foi criado no Norte num clima de autoritarismo pelos meus avós. Por isso ele tem uma mente muito fechada. Não tem um ponto de vista próprio nem dialoga comigo. Só sabe me recriminar e criticar. Ele acha que a vida é só trabalhar e estudar. Eu acho esse tipo de comportamento errado. Isso, às vezes, me deixa revoltada. As atitudes dele contribuem para que a minha família não seja um bom exemplo. Exercícios em grupo de 3 a 5 pessoas 1. Comentem as diferenças do ponto de vista da forma (como o texto está estruturado: pontuação, paragrafação) e do conteúdo (extensão, vocabulário, coesão, coerência) do texto original para o mesmo texto retextualizado. (Possíveis respostas) Texto original Texto retextualizado Forma: Texto sem paragrafação, sem pontuação. Conteúdo: repetitivo, aparentemente caótico, frases truncadas, vocábulos e expressões característicos da fala: “eh...”; “ sabe?entendeu?”; “ele foi criado/os pais dele por um clima de ...autoritarismo...entendeu?”,etc. Forma: Paragrafação e pontuação presentes, características da norma padrão escrita. Conteúdo: Sintético, coeso, coerente. 2. Comentem por que houve as mudanças do texto original para o mesmo texto reescrito. As mudanças ocorreram porque houve a supressão dos elementos característicos da lingua oral como as hesitações, elementos lexicalizados, elementos não lexicalizados, segmentos de palavras iniciadas e não concluídas, frases truncadas, repetições e hipótese do que se ouviu.
  • 41. 34 QUARTO MÓDULO Tempo previsto : duas semanas Agora vocês( e professor também) vão pesquisar em livros didáticos, gramáticas, internet e trazer para a sala , os seguintes contéudos: Cosão,coerência, discurso direto,discurso indireto. Com o contéudo em mãos vamos estudar,tirar dúvidas e fazer exercícios. I) Coerência e seus níveis – teoria e exercícios II) Coesão e síntese dos elementos coesivos Leiam e façam os exercícios propostos no final. I) Coerência: deve ser entendida como unidade do texto. Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. No texto coerente, não há nenhuma parte que se não se solidarize com as demais. Níveis de coerência - Há três níveis em que a coerência deve ser observada: 1.Coerência narrativa:A estrutura narrativa tem quatro fases distintas: - manipulação, fase em que alguém é induzido a querer ou dever realizar uma ação; - competência, em que esse alguém adquire um poder ou um saber para realizar aquilo que ele quer ou deve; - performance, a fase em que de fato se realiza a ação; - sanção, fase em que se recebe a recompensa ou o castigo por aquilo que realizou. Essas quatro fases, conforme os autores, se pressupõem, ou seja, a posterior depende da anterior. Ele exemplifica, afirmando que um sujeito só pode fazer algo (performance) se souber ou puder fazê-la (competência). É incoerência narrativa relatar uma ação realizada por alguém que não tinha competência para realizá-la. Exemplo sugerido: É incoerente narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira num carro sem freio, que para imediatamente, depois de ser brecado, quando uma criança lhe corta a frente. 2. Coerência figurativa: Por coerência figurativa endente-se a articulação harmônica das figuras do texto, com base na relação de significado que mantêm entre si. As várias figuras que ocorrem num texto devem articular-se de maneira coerente para constituir um único bloco temático. A
  • 42. 35 ruptura dessa coerência pode produzir efeitos desconcertantes. Todas as figuras que pertencem ao mesmo tema devem pertencer ao mesmo universo de significado. Exemplos sugeridos: a) Suponhamos que se deseje figurativizar o tema “despreocupação.” Podem-se usar figuras como “pessoas deitadas à beira de uma piscina”, “drinques gelados”, “passeios pelos shoppings”. Não caberia, no entanto, na figurativização desse tema, a utilização de figuras como “pessoas indo apressadas para o trabalho”, “fábricas funcionando a pleno vapor”. b) Suponhamos (...) que se pretenda figurativizar o tema do requinte e da sofisticação para caracterizar um certo personagem. Para ser coerente, é necessário que todas as figuras encaminhem para o tema do requinte. Pode-se citar, ao descrever sua casa: a lareira, o tapete persa, os cristais da Boêmia, a porcelana de Sévres, o doberman ressonando no tapete, um quadro de Portinari e outras figuras do mesmo campo de significado. Constituiria incoerência figurativa gritante incluir nesse conjunto de elementos Agnaldo Timóteo cantando na vitrola um bolero sentimentaloide. Essa ruptura se justificaria se a intenção fosse o humor, a piada, a ridicularização, ou mostrar o paradoxo de que o requinte é apenas exterior. c) Suponhamos que se queira mostrar a vida no Polo Norte. Podem-se para isso usar figuras como “neve”, pessoas vestidas com roupas de pele”, “renas” “treinós, Não podem porém, utilizar figuras como “palmeiras”, cactos”, “camelos”, estradas poeirentas”. 3. Coerência argumentativa: Quando se defende o ponto de vista de que o homem deve buscar o amor e a amizade, não se pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por isso é melhor viver só. (...) Se o texto parte da premissa de que todos são iguais perante a lei, cai na incoerência se defender posteriormente o privilégio de algumas categorias profissionais não estarem obrigadas a pagar imposto de renda. O argumentador pode até defender essas regalias, mas não pode partir da premissa de que todos são iguais perante a lei. Assim também é incoerente defender ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser favorável à pena de morte, a não ser que não considere a ação de matar uma ação violenta.
  • 43. 36 Exercícios em grupo de 3 a 5 pessoas Leiam os textos a seguir e aponte em cada um: 1. O nível de incoerência. (se é narrativa, figurativa ou argumentativa) 2. Aponte qual é a incoerência. 3. Reescreva os textos, coerentemente. Texto 1:“Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida”. Texto 2:“Sem entusiasmo, Júlio foi assistir à partida do Grêmio, pois já esperava ver um mau jogo. Decepcionado, com o péssimo futebol apresentado, seguiu para casa” Texto 3:“Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito densa”. Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc.” Texto 4:“O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de Shakespeare”. Texto 5:Os números da educação do Censo 2000 são animadores. Os dados mostram que mais da metade (59,9%) da população brasileira com mais de dez anos não conseguiu concluir o ensino fundamental (antigo primeiro grau), pois tem menos de oito anos completos de estudo.
  • 44. 37 Texto 6:“O verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. Para distraí-lo, conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair- se bem das situações. Isso, com certeza, vai melhorar o estado de espírito do infeliz.” Texto 7:O sonho de João era conhecer o Polo Norte. Um dia ele teve o privilégio de chegar lá. Ficou assustado como as pessoas se comportam devido ao clima: as casas não têm cobertura nem portas, além disso, elas dormem no chão porque lá ninguém aguenta o calor. E o pior,ninguém consegue andar sem tapar as narinas com um pano ou uma máscara,pois as estradas são muito poeirentas. Respostas: 1)Texto 1: Incoerência narrativa.Texto 2: Incoerência narrativa. Texto 3: Incoerência narrativa. Texto 4: Incoerência figurativa. Texto 5: Incoerência argumentativa. Texto 6: Incoerência argumentativa. Texto 7: Incoerência figurativa. 2)Texto 1: Se o garoto mal podia carregar uma cesta de amendoim,seria incoerente carregar um homem corpulento, pois ele não tinha forças para fazer isso. Texto 2: Se Júlio foi assistir à partida do Grêmio sem entusiasmo , seria incoerente voltar decepcionado, pois ele já esperava ver um mau jogo.Texto 3: Se a fumaça formada pela maconha não deixava que o personagem visse qualquer pessoa no ambiente em que ele estava , seria incoerente, logo em seguida, descrever como eram as pessoas que lá estavam: ruivas, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc .Texto 4: Se o esportista adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais, seria incoerente constar em seu quarto um tabuleiro de xadrez e as obras completas de Shakespeare, pois tais elementos sãos coerentes para quem gosta da vida intelectual da leitura e de jogar xadrez, uma vez que tais atividades exigem esforços do intelecto para compreendê-las e realizá-las. Texto 5: Se mais da metade (59,9%) da população brasileira com mais de dez anos não conseguiu concluir o ensino fundamental , é incoerente afirmar que os dados são animadores. Texto 6: Se no início do texto há o argumento de que o verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido, é contraditório, logo em seguida conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair-se bem das situações, tais argumentos tornará seu amigo mais depressivo , e não vai melhorar o estado de espírito do infeliz.Texto 7: Espera-se, quem for conhecer o Polo Norte, encontrar por lá muito frio, gelo, neve .Seria incoerente sentir calor, vê
  • 45. 38 estradas poeirentas, pois isso seria apropriado para um local seco como algumas regiões da África, nordeste do Brasil,etc. Coesão textual Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos por entre os enunciados que o constituem, nem perdemos a noção de conjunto. Com efeito, é possível perceber a conexão existente entre os vários segmentos de um texto e compreender que todos estão interligados entre si. Veja um exemplo: É sabido que o sistema do Império Romano dependia da escravidão, sobretudo para a produção agrícola . É sabido ainda que a população escrava era recrutada principalmente entre os prisioneiros de guerra. Em vista disso, a pacificação das fronteiras fez consideravelmente a população escrava. Como o sistema não podia prescindir da mão-de-obra escrava , foi necessário encontrar outra forma de manter inalterada essa população. .............................................. (...) os enunciados desse texto não estão amontoados caoticamente, mas estritamente interligados entre si: ao ler ,percebe-se que há conexão entre cada uma das partes. A essa conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de coesão. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles. A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas, sobretudo, por certa categoria de palavras, as quais são chamadas de conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é, exatamente, a de pôr em evidencia as várias relações de sentido que existem entre os enunciados. No caso do texto citado (...) pode-se observar a função de alguns desses elementos de coesão. A palavra “ainda” (...) no primeiro parágrafo serve para dar continuidade ao que foi dito anteriormente e acrescentar ou outro dado: “que o recrutamento de escravos era feito junto dos prisioneiros de guerra.” O segundo parágrafo inicia-se com a expressão “em vista disso,” que estabelece uma relação de implicação causal entre o dado anterior e o que vem a seguir: “a pacificação das
  • 46. 39 fronteiras diminui o fornecimento de escravos porque estes eram recrutados principalmente entre os prisioneiros de guerra.” O terceiro parágrafo inicia-se pelo conectivo “como”, que manifesta outra relação causal, isto é: “foi necessário encontrar outra forma de fornecimento de escravos porque o sistema não podia prescindir deles.” São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou elementos de coesão: - as preposições: a, de ,para, com, por, etc; - as conjunções : que, para que, quando, embora, mas e, ou, etc; - os advérbios : aqui, aí, lá, assim, etc. O uso adequado desses elementos de coesão confere a unidade ao texto e contribui consideravelmente para a expressão clara das ideias. O uso inadequado sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passagens incompreensíveis. ......................................................................... Síntese de coesão: é a conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto. Essa coesão é feita pelos conectivos ou elementos de coesão: preposições, conjunções e advérbios. Síntese de alguns elementos coesivos 1.Indicadores de oposição, contraste, adversão Preposições, conjunções e locuções mas, porém, todavia,contudo,entretanto,no entanto,embora, contra, apesar de, não obstante,ao contrário , etc. 2.Indicadores de causa e consequência Preposições, conjunções e locuções porque, visto que, em virtude de, uma vez que, devido a, por motivo de, graças a, sem razão de, em decorrência de, por causa de, etc.
  • 47. 40 3.Indicadores de finalidade Preposições, conjunções e locuções afim de, a fim de que, com o intuito de, para, para a, para que, com o objetivo de, etc. 4.Indicadores de esclarecimento Preposições, conjunções e locuções vale dizer, ou seja, quer dizer, isto é, etc. 5.Indicadores de proporção Preposições, conjunções e locuções à medida que, à proporção que, ao passo que, tanto quanto, tanto mais, a menos que, etc. 6.Indicadores de tempo Preposições, conjunções e locuções em pouco tempo, em muito tempo, logo que, assim que, antes que, depois que, quando, de quando em quando, sempre que,etc. 7.Indicadores de condição Preposições, conjunções e locuções se, caso, contanto que, a não ser que, a menos que, etc. 8.Indicadores de conclusão Preposições, conjunções e locuções portanto, então, assim, logo, por isso, por conseguinte, pois, de modo que, em vista disso, etc. Referências bibliográficas / WEB gráficas FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 12.ed. São Paulo: Ática,1996
  • 48. 41 Disponível em: <http://paginasclandestinas.blogspot.com.br/2011/11/niveis-de-coerencia.html>. Acesso em: 02 set.2012. CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994. Exercícios de coesão em grupo de 3 a 5 pessoas Repetência escolar 1. Leia o texto a seguir e substitua os termos que estão entre parênteses por um adequado de acordo com o contexto do texto. Muitas vezes a repetência escolar não é sinônimo de vadiagem. Segundo os especialistas, quando uma criança tem problemas de visão, todo o seu desenvolvimento pode ser afetado e é muito importante que a deficiência visual seja logo detectada e tratada.(Por isso) a maioria dos pais não desconfia que seus filhos possam ter algum problema de visão. O garoto Jorge Mota, de 12 anos, é um exemplo. Quando não passava de ano, sua mãe achava que ele era preguiçoso e não estudava, ( porque) um exame oftalmológico indicou que ele precisava usar óculos. Segundo os médicos, os teste mostraram problemas na retina do garoto que, provavelmente, surgiram durante a gravidez da mãe, que ingeriu carne de porco contaminada por algum micro-organismo. Atualmente, o desempenho escolar de Jorge, que já tinha repetido três vezes, melhorou muito. (...) 2. Leia atentamente o texto que segue: A busca da razão Sofreu muito com a adolescência. Jovem, ainda se queixava. Depois, todos os dias subia numa cadeira, agarrava uma argola presa ao teto e, pendurado, deixava-se ficar. Até a tarde em que se desprendeu esborrachando-se no chão:estava maduro Releia o ultimo parágrafo do texto e responda: qual ou quais conjunções poderia ser utilizadas em substituição aos dois pontos? 3. O emprego equivocado de um elemento coesivo prejudica a estruturação e compreensão de frases e textos. Comente o uso da conjunção destacada na frase seguinte e proponha formas mais eficientes de reescrevê-las ou substitua a conjunção por outra adequada. A maior parte dos trabalhadores brasileiros não recebe um salário digno, mas enfrenta problemas de sobrevivência.
  • 49. 42 DISCURSO DIRETO E DISCURSO INDIRETO Algumas modificações nas estruturas gramaticais na transcrição do discurso direto para o indireto Na transcrição indireta do discurso, há modificações em algumas estruturas gramaticais, como no tempo verbal (quero, queria; roubei, tinha roubado), nos pronomes (deste, daquele), advérbios (aqui, etc.) Confira a tabela de transposição do discurso direto para o indireto: DIRETO - Enunciado em primeira ou em segunda pessoa: “Eu não confio mais na Justiça”; ” Delegado, o senhor vai me prender?” INDIRETO - Enunciado em terceira pessoa: O detento disse que (ele) não confiava mais na Justiça; Logo depois, perguntou ao delegado se (ele) iria prendê-lo. DIRETO - Verbo no presente: “Eu não confio mais na Justiça” INDIRETO - Verbo no pretérito imperfeito do indicativo: O detento disse que não confiava mais na Justiça. DIRETO - Verbo no pretérito perfeito: “Eu não roubei nada” INDIRETO - Verbo no pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo ou no pretérito mais- que-perfeito: O acusado defendeu-se, dizendo que não tinha roubado (que não roubara) nada DIRETO - Verbo no futuro do presente: “Faremos justiça de qualquer maneira” INDIRETO - Verbo no futuro do pretérito: Declararam que fariam justiça de qualquer maneira. DIRETO - Verbo no imperativo: “Saia da delegacia”, disse o delegado ao promotor. INDIRETO - Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo: O delegado ordenou ao promotor que saísse da delegacia. DIRETO - Pronomes este, esta, isto, esse, essa, isso: “A esta hora não responderei nada” INDIRETO - Pronomes aquele, aquela, aquilo: O gerente da empresa tentou justificar-se, dizendo que àquela hora não responderia nada à imprensa. DIRETO - Advérbio aqui: “Daqui eu não saio tão cedo” INDIRETO - Advérbio ali: O grevista certificou os policiais de que dali não sairia tão cedo.
  • 50. 43 Exercícios sobre discurso direto e discurso indireto em grupo de 3 a 5 pessoas Com base nos dados anteriores, passe os textos seguintes para o discurso indireto fazendo as modificações gramaticais necessárias. - Que crepúsculo fez hoje! - disse-lhes eu, ansioso de comunicação. - Não, não reparamos em nada - respondeu uma delas. - Nós estávamos aqui esperando Cezimbra. "Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse-lhe: - Sonhei que vai faltar feijão." “Saia da delegacia”, disse o delegado ao promotor.” E Carlos, indignado, gritou:- Onde estão todos? .............................................................................. CATARINO, Dílson. Disponível em: <http://variandonavida.blogspot.com/2007/11/discurso-direto-discurso-indireto- e.html>.Acesso em: 8 nov 2009. QUINTO MÓDULO Tempo previsto: três semanas Com base nos exercícios anteriores, peguem entrevistas feitas / escolhidas aplicando o seguinte roteiro: Transcrição das entrevistas ( seguindo as normas apresentadas nos textos 1,2 e 3) conforme o entrevistador e entrevistado falaram, observando todos os elementos característicos da lingua oral como as hesitações, elementos lexicalizados, elementos não lexicalizados, segmentos de palavras iniciadas e não concluídas, frases truncadas, repetições e hipótese do que se ouviu. SEXTO MÓDULO De acordo com os conhecimentos adquiridos sobres as questões gramaticais, estudadas no quarto módulo, façam as retextualizações das entrevistas. Entrevista (1)- Construída pelo(s) próprio (s) aluno(s) TEMA: Gravidez Dados do documentador (a): Entrevistador (a): A.S.V. Estudante da escola E.E. Edgard Francisco (Primeira Série do Ensino Médio) Dados do (a) entrevistado (a): L.S.
  • 51. 44 F1: boa tarde...estamos aqui em Taboão da Serra...((tossiu))com Larissa dos Santos de ;;;apenas 14 anos e o tema tratado sobre este assunto será sobre Gravidez ;;; então Larissa sua gravidez foi planejada ? F2: boa tarde ((riu)) , na verdade num;;;nada foi programado , pois foi a minha primeira vez () nunca havia me relacionado ((pensando)) antes , não colo;;;usei camisinha antes e a consequência foi botar um filho no mundo (( olhar chateado )) F1: uhn...e qual foi o GRANDE motivo para não .. usar a camisinha ? F2: Na hora né ;;; os HORMôNIOS lá encima, nem cheguei a pensa;;r no uso da... Camisinha F1: Entendii.../ Mas e como está sua vida hoje naa na escola ? F2: Infelizmente ((pensando)) parei de estudar e agora trabalho para me sustentar ...meus pais me;;;expulsaram eu... de casa e assim que o bebe nasceu o vaga..( ) do pai foi embora , F1: (...) E o que você acha ;;; ou espera de seu..futuro ? F2: Aaaaaaah sei lá;..só quero cuidar do meu filho..esquecer o erro ( bate palma ) e olhar pra frente néé.;; ? esperoo;;eu quero voltar a estudar e continuar trabalhando F1: Parabéns, só mais outra perguntinha..você tem (...) algum sonho, ou meta;;;alguma meta ? F2: Meu único sonho..só este sonho (( pensando )) ;;; que meu filho [ não cometa..os erro que cometi. Retextualização para a modalidade escrita padrão (discurso direto) F1- Essa gravidez foi planejada? F2- Não. Na verdade foi minha primeira vez . Nunca havia me relacionado antes. Não usei camisinha antes e a conseqüência foi um filho no mundo. F1-Por que não usou camisinha? F2- Na hora os hormônios lá em cima, nem pensei no uso da camisinha. F1- Como ficou sua vida hoje, na escola? F2- A escola eu deixei e trabalho para me sustentar. Meus pais me expulsaram de casa e ele me largou assim que o bebe nasceu. F1- O que você espera do futuro? F2-Sei lá! Só quero cuidar do meu filho e esquecer o erro e olhar pra frente quero voltar a estudar e continuar a trabalhar. F1-Você tem algum sonho, alguma meta? F2- Meu único sonho é meu filho não cometer o mesmo erro que eu. Retextualização da mesma entrevista para a norma padrão da língua escrita (discurso indireto) Segundo Larissa dos Santos, da cidade de Taboão da Serra, engravidou com apenas 14 anos e o tema tratado da entrevista foi sobre gravidez. Larissa muito simpática respondeu as perguntas e umas delas correspondiam se sua gravidez foi planejada. Larissa havia dito que foi sua primeira vez e não havia relacionado algo antes e não tinha usado camisinha então o entrevistador indagou o porquê dela não ter usado a camisinha e ela confidenciou que na hora nem tinha pensado no uso da camisinha e que os seus hormônios estavam lá encima no momento. O entrevistador perguntou mais sobre sua realidade como sua vida estava sendo e se ela havia parado de estudar, ela destacou que havia parado de estudar e que está trabalhando para se sustentar e que o
  • 52. 45 pai de seu filho foi irresponsável e o largou na hora em que o bebê nasceu e que seus pais haviam a expulsado de casa. Nisso o entrevistador prosseguiu sua entrevista perguntando se ela esperava algo do futuro. Larissa dos Santos apenas irá cuidar de seu filho e irá continuar trabalhando como deve. Para finalizar o entrevistador pergunto-lhe se tinha alguma meta ou sonho, nisso ela ressaltou que o seu único sonho é que o filho não cometesse o mesmo erro que ela cometeu. Entrevista (2) - Captada pronta da mídia digital (vídeo da Folha Online) Dados do documentador (a): C.S.S. Aluna da 1ª série do Ensino Médio da EE Edgard Francisco. Dados do entrevistado: Danilo Gentili Entrevistador : Folha Online Folha Online - o que:: mudou na sua vida depois que::... você entrou no "CQC" ? Gentili - meu:...tiipo mudou coisa pra caramba .... eu já tinha um reconhecimento do meu trabalho no teatro ... mas ... agora:... nossa ... agora ele é bem maior ... uma coisa que mudou foi o meu nome .. eu não chamo mais Danilo ... agora meu nome é "CQC"... o cara passa na rua e fala:e aí 'CQC' ? (risos)... Folha Online - como ... você:... entrou no::: programa ? Gentili - o: Diego Barreto ... o diretor do "CQC" ... me:: assistiu no "Clube da Comédia" e:::... me convidou para fazer um teste ... fiz uma entrevista com o:: Agnaldo Timóteo e:: passei... Folha Online - o:: seu grande sucesso no começo do "CQC" foi:: o quadro do repórter inexperiente ... você se:: arrepende de::... não ter gravado mais entrevistas antes da estreia do ... programa ? Gentili - é::: uma mistura de:: sentimentos ... eu gostaria .. sim ... de ter feito muito mais... só que ... durante o processo ... eu tava de saco cheio e achava que já tava bom .... mas ... se pudesse voltar no tempo ... eu teria feito mais... sim ... Folha Online - você: tinha idéia que:... o "CQC" ia fazer um sucesso TÃO grande ? Gentili - não tinha a menor idéia ... a Band não tem muita tradição de::... programa de:: humor e isso era uma incógnita ... na minha cabeça ... eu só pensava na diversão ... eu apenas gravava com prazer ... Folha Online - além de comediante:... você também é repórter na prática... como:: você encara o::: cotidiano de jornalista ? Gentili - tem dia que é::... foda ... na matéria do Daniel Dantas ... por exemplo ... o processo não foi nada prazeroso ... cheguei na pauta às 8h e só saí de lá às 22h ... mas o resultado final foi muito bacana ... que compensou toda aquela espera ... Folha Online - como que: é:: a relação entre vocês do:... "CQC" ? Gentili - a...a: gente trabalha num mesmo programa .... mas não trabalha junto ... o::: Cortez faz as matérias dele ... o::: Andreoli ... as dele ... e o Oscar Filho ... as dele ...a nossa relação é de trabalho ... eu adorei fazer a cobertura do debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo ... tem uma amizade também ... sou amigo do Cortez ... apesar dele ser gay ... e do Andreoli ... apesar dele ser bi (risos) ... Folha Online - ficar famoso mexeu com você ? Gentili - eu não acho que fiquei famoso ... eu tenho: a::... sorte de trabalhar em algo que o público vê: com carinho ... eu não tenho a ilusão da fama ... a:: gente tá numa roda-gigante ... amanhã pode baixar ... Folha Online - e::... seu contrato com a Band vai: até quando ? Gentili - até o:: fim de 2009 ... Folha Online - você iria para uma:: outra emissora ?