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ARTIGO




Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças
Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase
nas Alterações Musculoesqueléticas
Ana Paula Marega Cargnin*
Carla Mazzitelli**



                 RESUMO
                 A paralisia cerebral ou encefalopatia crônica não-progressiva é o termo usado para designar um grupo de desordens
                 sensoriomotoras, resultante de lesão cerebral nos primeiros estágios do desenvolvimento. Essas desordens caracterizam-se
                 pela falta de controle sobre os movimentos, por modificações adaptativas do comprimento muscular, podendo, em
                 alguns casos, resultar em deformidades ósseas. Este trabalho visa à elaboração de uma proposta de tratamento
                 fisioterapêutico com ênfase na abordagem das principais alterações musculoesqueléticas das crianças com paralisia
                 cerebral espástica tetraparética, diparética e hemiparética. Os resultados deste estudo detalham exercícios para mobilidade,
                 estabilidade articular, força e treino funcional, para que essas crianças obtenham independência e qualidade de vida.
                 Unitermos: Paralisia cerebral, tratamento fisioterapêutico, deformidades musculoesqueléticas.




Introdução                                                                  A espasticidade pode ser definida como “aumento
                                                                        na tensão do músculo quando ele é passivamente
    A paralisia cerebral (PC), também denominada                        alongado, a qual é causada por um exagero do reflexo de
encefalopatia crônica não-progressiva da infância, é                    estiramento muscular”22. A espasticidade pode afetar
conseqüência de uma lesão estática, ocorrida no                         de maneira adversa o desenvolvimento motor, levando
período pré, peri ou pós-natal que afeta o sistema                      a posturas e padrões de movimentos anormais,
nervoso central em fase de maturação estrutural e                       deformidades musculoesqueléticas e atrasos na
funcional 17. É uma disfunção predominantemente                         aquisição das habilidades motoras, nos quais incluem o
sensoriomotora, envolvendo distúrbios no tônus                          sentar-se, o engatinhar, o ficar em pé e o caminhar13.
muscular, na postura e na movimentação voluntária.
Esses distúrbios caracterizam-se pela falta de controle                     A criança com paralisia cerebral espástica comu-
sobre os movimentos, por modificações adaptativas                       mente evolui com alterações musculoesqueléticas
do comprimento muscular, resultando, em alguns                          secundárias à alteração do tônus muscular e conse-
casos, em deformidades ósseas21.                                        qüentemente dificuldade para o movimento voluntário.
    O comprometimento neuromotor dessa doença                               O tratamento da criança com paralisia cerebral
pode envolver partes distintas do corpo, resultando                     deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar
em classificações topográficas específicas (tetra-                      composta por médicos de várias especialidades,
plegia, hemiplegia e diplegia), sendo a forma espástica                 bem como por terapeuta ocupacional, fisiotera-
a mais encontrada em crianças com paralisia cerebral.                   peuta, fonoaudiólogo, assistente social, educador e
Outro tipo de classificação é a baseada nas alterações                  psicólogo 3,10,11,18 .
clínicas do tônus muscular e no tipo de desordem do                         Segundo Campbell 8, com um tratamento apro-
movimento (espástico, atetóide, atáxico e misto)19.                     priado, é possível diminuir as deficiências funcionais

*    Pós-graduanda em Fisioterapia Neurológica (Umesp). Fisioterapeuta Formada pela Unisul.
* * Mestre em Neurociências e Comportamento da Universidade de São Paulo (USP). Professora de Fisioterapia da Umesp. Fisioterapeuta
    formada pela USP.



                                                                                                    Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas           35
Alterações Musculoesqueléticas

em muitas crianças, sendo a meta de tratamento nos              Universidade Metodista de São Paulo, teve como obje-
casos de paralisia cerebral o aumento, tanto quanto             tivo verificar a incidência e os tipos de deformidades
possível, das habilidades do paciente e a diminuição            ortopédicas presentes nessas crianças. Foi observado
das suas deficiências.                                          que as principais alterações ortopédicas nos pacientes
    O ortopedista e o fisioterapeuta são responsáveis           tetraparéticos foram o pé eqüino, a rotação interna de
em prevenir e corrigir as deformidades dos membros              quadril e ombro e a flexão de cotovelo e punho. Nos
superiores e inferiores, contribuindo para que o                pacientes diparéticos foram observados pés planos e
paciente seja o mais independente possível nas suas             valgos, pés eqüinos, joelho valgo, flexão de joelho e
atividades da vida diária (AVD) e na sua locomoção10.           quadril. Já nos pacientes hemiparéticos, as alterações
    Não existe apenas um método ou um sistema de                mais encontradas foram pé plano e valgo, joelho valgo
tratamento para a criança com paralisia cerebral. Cada          e flexão de joelho. Com base nas principais alterações
paciente tem sua necessidade individual, e o trata-             observadas nesse estudo e na literatura pesquisada
mento depende da avaliação do paciente.                         como conduta fisioterapêutica para pacientes com
                                                                paralisia cerebral, elaboramos uma proposta de
    O tratamento dessas afecções pode compreender
                                                                intervenção fisioterapêutica.
fisioterapia, uso de recursos auxiliares (por exemplo
a órtese) e cirurgia corretiva em alguns casos.
    O tratamento fisioterapêutico é bastante abran-              Resultados
gente, devendo sempre considerar as alterações
funcionais secundárias ao comprometimento                       Membros inferiores
neurológico e as biomecânicas. Assim, devemos
considerar o alongamento muscular, a estabilidade
                                                                Pé e tornozelo
articular e a força associados ao controle central para
a realização das atividades funcionais diárias, que                 Pé eqüino
envolvem a capacidade para adoção e manutenção                      A deformidade em pé eqüino em crianças com
das diferentes posturas, assim como para a realização           paralisia cerebral é uma das manifestações motoras
de seus movimentos.                                             mais comuns 15.
                                                                    Como descrito por vários autores, o pé eqüino
                                                                está, na maioria dos casos, associado ao varismo de
Objetivo
                                                                retropé, adução e supinação de antepé e acentuação
    O objetivo deste trabalho é elaborar uma proposta           do cavo plantar. Por isso, é comumente denominado
de tratamento fisioterapêutico para crianças porta-             de deformidade em pé eqüino varo 6,12,18,21.
doras de paralisia cerebral espástica com ênfase nas                A deformidade em pé eqüino pode resultar em
alterações musculoesqueléticas, a fim de prevenir e             problemas na articulação do joelho, na marcha, no
corrigir deformidades, para que a criança tenha maior           equilíbrio e na propriocepção15.
capacidade de realizar atos indispensáveis para a vida              O tratamento deve ser realizado primeiramente de
cotidiana, com maior eficácia, obtendo, assim, melhor           maneira conservadora, sendo iniciado o mais precoce
qualidade de vida e independência.                              possível 12,18 . As estruturas mecânicas (tanto as
                                                                ósseas quanto os tecidos moles) se desenvolverão
                                                                de acordo com as solicitações que forem submetidas.
Metodologia                                                     Se o pé eqüino não for tratado, a estrutura óssea
    O presente trabalho trata-se de uma revisão                 estará sujeita a solicitações anormais e os tecidos
                                                                moles apresentarão novas alterações de caráter
bibliográfica, compreendendo artigos e livros
                                                                adaptativo, agravando a deformidade21.
científicos, desde 1973 a 2001. Os artigos foram
pesquisados em banco de dados, como o Medline e o                   A mobilização do pé eqüino deve ser realizada pelo
Pubmed. Nas bibliotecas da Umesp e BIREME, foram                fisioterapeuta que disponha de conhecimentos
pesquisados livros científicos relacionados à paralisia         detalhados sobre a anatomia e a mobilidade do pé12.
cerebral com ênfase nas alterações ortopédicas.                     Há vários procedimentos que podem ser reali-
    O estudo realizado por Amaral et al. (conferir              zados, tais como:
artigo da página 29, nesta edição) em 24 crianças,                  Exercício 1 (mobilização passiva): com uma das
incluindo ambos os sexos, com paralisia cerebral                mãos o fisioterapeuta segura o calcâneo e as
espástica tetraparética, diparética e hemiparética,             extremidades distais da tíbia e da fíbula. Dessa
atendida na Clínica-Escola de Fisioterapia da                   maneira, o fisioterapeuta é capaz de proteger as


                                                                                         Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
36         Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas
                                                                                             Alterações Musculoesqueléticas

epífases da fíbula e da tíbia contra a ação das forças         hemiparéticas e as diparéticas, o tratamento pode ser
tangenciais e de fixar a metade posterior do pé,               realizado ativamente:
enquanto a outra mão mobiliza a porção anterior do                 Exercício 1: estimular a criança a andar descalça
pé, corrigindo sua posição de adução e plantiflexão.           em diferentes tipos de solo, como areia e grama,
    Depois de se obter um certo grau de correção, o            proporciona aos pés maior mobilidade, além de servir
tendão de calcâneo poderá ser alongado de maneira              como estímulo proprioceptivo.
mais eficaz. Uma das mãos do fisioterapeuta segura                 Exercício 2: fazer com que o paciente caminhe
o pé, enquanto o calcanhar é tracionado para baixo,            em cama elástica, estimulando a propriocepção e
para alongar os músculos flexores da planta do pé21.           facilitando a formação do arco plantar.
    O paciente deve estar em decúbito dorsal e os                  Em crianças que não deambulam, o tratamento
joelhos mantidos em flexão, para evitar a distensão            pode ser realizado passivamente:
do ligamento interno do joelho21.                                  Exercício 3: com o paciente em decúbito ventral
    Exercício 2 (alongamento do músculo tibial                 em uma bola terapêutica, o terapeuta posiciona-se
posterior): com o paciente em decúbito dorsal, o               atrás do paciente, fazendo com que ele apóie as pontas
terapeuta segura a superfície plantar do pé com uma            dos pés no chão, passando para o apoio total e, em
das mãos, com a outra a face distal da tíbia e fíbula,         seguida, para o apoio nos calcanhares.
trazendo o pé para dorsiflexão e eversão, alongando,               Exercício 4: com o paciente sentado no feijão (com
assim, o tibial posterior14.                                   o feijão entre suas pernas), fazer com que a criança
    Exercício 3 (posição ortostática): após a mobili-          apóie os pés em inversão no chão.
zação passiva, o paciente pode ser posicionado em                  Exercício 5: se o paciente não possui controle de
ortostatismo, mesmo nos casos de tetraplegia, com o            tronco e cervical, como no caso da maioria das
auxílio de uma bola terapêutica. O fisioterapeuta per-         crianças tetraparéticas, uma forma é posicionar o
manece atrás do paciente corrigindo a posição do pé.           paciente sentado no chão ou no tablado, com o
    Exercício 4: estimular o paciente a fazer a dorsi-         terapeuta sentado atrás estimulando a propriocepção
                                                               do pé da criança com diferentes texturas, como
flexão ativa do pé, e, se possível, resistida.
                                                               bolinha ou esponja, para a formação do arco plantar.
    Pode-se também fazer uso de órtese, para que os
                                                                   Exercício 6: com o paciente sentado no chão, o
músculos permaneçam alongados.
                                                               terapeuta senta-se atrás dele, estimulando com as
    Pé plano                                                   mãos o pé da criança, fazendo contração da muscu-
    O pé plano, vulgarmente chamado de “pé chato”,             latura intrínseca do pé.
é uma deformidade que provoca um enorme
desperdício de energia4.                                       Quadril
    Até os três anos de idade, o pé da criança têm maior          As deformidades mais comuns do quadril na
grau de mobilidade que o pé do adulto, em conse-               paralisia cerebral espástica são adução, flexão e
qüência da maior elasticidade ligamentar peculiar do           rotação medial, isoladas ou combinadas entre si, e o
início da vida4. Esse fato, aliado ao alargamento da           tipo de deformidade depende do grau e da distribuição
base de sustentação da criança no início da marcha,            do envolvimento5,22.
facilita a queda do calcâneo em valgo3,4,12,16,18.                Flexão-Adução
    O pé plano na paralisia cerebral ocorre por                   Os músculos iliopsoas, sartório, retofemural,
encurtamento do tendão de aquiles 9 ou por uma                 gracilis e adutor médio são, pela ordem, os flexores
diminuição da descarga de peso, quando, por exemplo,           do quadril mais importantes. Esses músculos são
a criança demora para andar, o que, geralmente, está           sinérgicos, porém colaboram diferentemente na
associado ao valgismo do pé e do joelho1.                      flexão, dependendo da posição articular11.
    Durante muito tempo, o tratamento para os pés                 A deformidade em flexão-adução surge inicial-
planos consistia em aumentar o arco interno no sapato,         mente como conseqüência de um desequilíbrio entre
mas esse método nunca foi satisfatório20. De acordo            agonistas e antagonistas, agravando-se progres-
com muitos autores, o tratamento do pé plano deve              sivamente. Essas alterações musculares em pacientes
ser realizado de modo conservador 1,4,12,18,12. Em             que não deambulam determinam o aparecimento de
crianças com paralisia cerebral espástica, o trata-            deformidades ósseas, como o valgismo e a anteversão
mento fisioterapêutico do pé plano deve visar a forma-         exagerada do colo do fêmur, podendo levar à luxação
ção do arco. Em crianças que deambulam, como as                de quadril10.


                                                                                       Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas           37
Alterações Musculoesqueléticas

    A flexão do quadril também pode estar associada             peso para a perna hemiplégica. A criança deverá fazer
à flexão dos joelhos, produzindo a posição agachada             a transferência de peso para o hemicorpo afetado,
ou em crouch, que é agravada quando existe fraqueza             além da extensão do quadril. Cuidar para que o joelho
de sóleo por sua insuficiência ou por alongamento               permaneça alinhado, impedindo a ocorrência de
excessivo do tendão de Aquiles10,11.                            hiperextensão.
    Rotação interna                                                Exercício 7 (subir escadas): fazer o paciente subir
    A deformidade em rotação interna do quadril pode            escadas, fortalecendo a musculatura extensora do
ser causada por espasticidade dos músculos que rodam            quadril e do joelho. Cuidar para que não ocorra hiperex-
medialmente o quadril, que são o glúteo mínimo e a              tensão de joelho.
porção anterior do glúteo médio, o tensor da fáscia,               Exercício 8 (mobilidade do quadril): com o
os isquiotibiais mediais e a porção anterior dos adutores       paciente sentado na beira de um tablado, estando com
dos quadris 22. A rotação interna também pode ser               os pés sem apoio, o terapeuta à frente do paciente,
causada pelo valgismo e pela anteversão do colo do              com as mãos envolvendo a parte lateral do quadril,
fêmur, em virtude da flexão e da adução do quadril11.           segura a crista ilíaca anterior e posterior, fazendo a
    Exercício 1 (extensão de quadril): com o paciente           anteversão e retroversão do quadril.
em decúbito ventral na bola terapêutica, o terapeuta
                                                                   Exercício 9 (mobilidade de quadril): com o
apóia e segura a face anterior do fêmur do paciente
                                                                paciente sentado em uma bola ou em um banquinho,
distalmente e, com a outra, estabiliza as nádegas do
                                                                com os pés apoiados, o terapeuta mostra um brin-
paciente para prevenir os movimentos da pelve,
                                                                quedo acima da criança, pedindo a ela que o pegue. A
alongando, assim, o iliopsoas e estendendo o quadril.
                                                                criança, então, terá de estender o braço e o tronco,
    Exercício 2 (extensão de quadril): o paciente é             realizando a anteversão do quadril.
posicionado em decúbito lateral, com o membro de
                                                                   Exercício 10 (ponte): estimular a criança a fazer
baixo em flexão, facilitando a estabilização de sua
                                                                a posição de ponte e pedir a ela que tire as nádegas
postura. O terapeuta estabiliza a pelve com uma das
mãos na crista ilíaca e com a outra mão distalmente             do chão para fortalecer, assim, a musculatura
na face medial do fêmur traz o quadril para extensão,           extensora do quadril.
alongando os músculos flexores do quadril14.
                                                                 Joelho
    Exercício 3 (abdução de quadril): o paciente é
                                                                   Durante a marcha, o joelho deve ter uma ampla
posicionado em decúbito dorsal, o terapeuta com uma
das mãos apóia distalmente a coxa e, em seguida,                mobilidade na fase de apoio. Deve também trabalhar
com a outra mão, apóia o outro membro. Abduzir o                sinergicamente com os movimentos de tronco, quadril
quadril o máximo possível para alongar os adutores14.           e tornozelos. Tal situação não acontece adequa-
                                                                damente na paralisia cerebral e, com grande fre-
    Exercício 4 (abdução do quadril): com o paciente
                                                                qüência, ele fica muito rígido com flexão, pro-
sentado com as pernas abduzidas (cavalinho) no
                                                                porcionando a marcha com o joelho rígido ou a
feijão, com os pés apoiados no chão, associa-se a
                                                                marcha em tríplice flexão4,11.
isso a rotação externa do quadril.
                                                                    Flexão do joelho
    Exercício 5 (posição ajoelhada e semi-ajoelhada):
com o paciente na posição ajoelhada ou semi-                       A deformidade em flexão de joelho freqüentemente
ajoelhada, transfere-se o peso nos membros inferiores,          está presente na paralisia cerebral, sendo causada para
fortalecendo e melhorando a estabilidade do quadril.            compensar uma deformidade de pé eqüino e defor-
Se for preciso, o terapeuta pode dar suporte ao                 midade em flexão de quadril, por espasticidade dos
paciente, ou utilizar uma bola terapêutica na frente            flexores de joelho, principalmente os isquiotibiais, ou
da criança. Na posição semi-ajoelhada, o terapeuta              funcional, para mudar o centro de gravidade e alcançar
deve cuidar para que não ocorra a adução do quadril,            o equilíbrio4,11,22.
ou ainda, quando possível, estimular a abdução ativa/              Essa deformidade pode ser dinâmica ou fixa. A
resistida da perna que está na frente.                          deformidade dinâmica só aparece quando a criança
    Exercício 6 (descendo escadas): em pacientes                fica em pé ou anda; se não for tratada, acaba por se
hemiparéticos, uma boa alternativa é usar uma                   transformar em fixa. Tanto em uma quanto em outra
escada como recurso terapêutico. O terapeuta fica               coexiste encurtamento dos flexores de joelho, e,
na frente do paciente, fazendo com que a criança                quanto maior for o encurtamento dos flexores, maior
desça a escada com a perna sadia, transferindo o                será a tendência para a fixação da deformidade4.


                                                                                         Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
38         Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas
                                                                                             Alterações Musculoesqueléticas

    Joelho valgo                                               flexora pronadora 5. Deve-se, ainda, considerar a
    O joelho valgo caracteriza-se por uma angulação            possível presença de instabilidade escapular, que pode
com desvio medial, no qual os côndilos femurais tocam-         contribuir para o desalinhamento articular.
se entre si e os maléolos encontram-se afastados12,23.             Exercício 1 (abdução do ombro): com o paciente
    A maioria das crianças normais de dois a cinco             em decúbito dorsal no tablado, com o ombro fletido
anos de idade apresenta certo grau de joelho valgo,            a noventa graus, o terapeuta com uma das mãos
muitas vezes em combinação com os pés planos. Isso             segura distalmente o úmero, com a outra mão
por causa da mudança na distribuição do peso corporal          estabiliza a borda axilar da escápula, movendo o ombro
sobre os membros inferiores1,2,4,7,12,16,21. O grau do         em abdução completa, alongando os adutores14.
joelho valgo tende a regredir à medida que a criança               Exercício 2 (rotação externa do ombro): com o
cresce, embora seja normal um pequeno grau de                  paciente em decúbito dorsal no tablado, com o ombro
valgismo do joelho, em virtude das relações entre o            em abdução e o cotovelo fletido em noventa graus, o
fêmur e a tíbia21.                                             terapeuta segura distalmente o antebraço com uma das
    Na paralisia cerebral, o valgismo do joelho geral-         mãos e estabiliza o cotovelo com a outra. A escápula
mente está associado à rotação interna do quadril, pé          estará estabilizada pelo tablado. Rodar externamente o
plano valgo e flexão do joelho4.                               ombro do paciente, movendo seu antebraço para perto
                                                               do tablado e alongando os rotadores internos14.
    Exercício 1 (extensão do joelho): o paciente é
posicionado em decúbito ventral na bola terapêutica.               Exercício 3 (extensão do cotovelo): estando o
O terapeuta estabiliza o quadril colocando uma das             paciente posicionado em decúbito dorsal, o terapeuta
mãos ou antebraço na coxa do paciente e, com a                 segura distalmente com uma mão o antebraço e com a
outra mão, segura distalmente a tíbia. Aplica, assim,          outra mão estabiliza a escápula e a face anterior do
força na face posterior da tíbia, estendendo o joelho          úmero proximalmente, estendendo o cotovelo ao
e alongando os flexores.                                       máximo para alongar os flexores de cotovelo (executar
                                                               esse alongamento com o antebraço em supinação).
    Exercício 2 (extensão do joelho): com o paciente em
decúbito dorsal, apoiar o membro a ser alongado                    Exercício 4 (transferência de peso em MMSS): o
em um dos braços ou mão, estabilizar o membro                  paciente deve posicionar-se em decúbito ventral em uma
oposto na face anterior da coxa com a outra mão,               bola terapêutica ou feijão, com as mãos apoiadas no chão
                                                               com extensão de cotovelos, punhos e dedos, transferindo
para flexionar o quadril e estender o joelho, alongando
                                                               o peso para os membros superiores (MMSS).
os isquiotibiais.
                                                                   Exercício 5 (posição de gato – transferindo peso
    Exercício 3 (sentar e levantar): com o paciente
                                                               em MMSS): com o paciente na posição de gato (se
sentado em um banquinho, estimulá-lo a levantar para
                                                               for necessário o terapeuta dá suporte para posição),
pegar um brinquedo e em seguida a sentar, for-
                                                               realizar a transferência de peso em membros
talecendo o quadríceps. Cuidar para manter o
                                                               superiores, melhorando assim a estabilidade da cintura
alinhamento dos joelhos.
                                                               escapular e a força de MMSS. O terapeuta deve
    Exercício 4 (subir escadas): fazer com que o               manter a extensão de cotovelos do paciente,
paciente suba escadas para fortalecer a musculatura            prevenindo a ocorrência de hiperextensão.
extensora do quadril e do joelho.
                                                                   Exercício 6 (função): com o paciente sentado em
                                                               um banquinho, com os pés apoiados, estimular o
Membros superiores
                                                               paciente a pegar os objetos colocados nas diagonais.
   A postura típica do membro superior na paralisia
cerebral espástica é a adução e a rotação interna do
                                                               Discussão e conclusão
ombro, a flexão do cotovelo, a pronação de antebraço
e a flexão do punho e dos dedos4.                                 Esta proposta de tratamento tem como objetivo a
   A deformidade do ombro em adução e rotação                  correção ou a prevenção das deformidades muscu-
interna deve-se à espasticidade e ao encurtamento              loesqueléticas nas crianças com paralisia cerebral
dos músculos peitoral maior e subescapular, limitando          espástica tetraparética, diparética ou hemiparética.
a abdução e a rotação externa. A flexão do cotovelo               O estudo tem por finalidade mostrar melhor visão
varia de acordo com a gravidade da lesão cerebral, e           do tratamento, fazendo com que as crianças, com
a ação do bíceps e do braquial é a causa primária da           paralisia cerebral, usem o máximo de suas atividades
flexão. Já o padrão em flexão do punho e dos dedos             motoras e desempenhem as tarefas cotidianas, de
deve-se à espasticidade e ao encurtamento da massa             modo mais funcional e independente, prevenindo as


                                                                                       Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas                 39
Alterações Musculoesqueléticas

anormalidades de postura e as deformidades articu-                 3.    Behrman RM, Kliegman R, Arvin A. Tratado de pediatria.
                                                                         15 ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1997, v. 2,
lares decorrentes do déficit motor.                                      pp. 2223-4.
    O tratamento fisioterapêutico nas alterações mus-              4 .   Bruschini S et al. Ortopedia pediátrica. 2 ed. São Paulo,
culoesqueléticas em crianças com paralisia cerebral é                    Atheneu, 1998, pp. 172-258.
muito abrangente, pois as causas dessas alterações                 5.    Bruschini S et al. Ortopedia pediátrica. São Paulo,
                                                                         Atheneu, 1993, pp. 98-125.
podem ser diversas (espasticidade, encurtamento
                                                                   6.    Burns YR, MacDonalds J. Fisioterapia e crescimento na
muscular, instabilidade articular, fraqueza muscular).                   infância. São Paulo, Santos Livraria, 1999, pp. 274-6.
Nas crianças tetraparéticas, diparéticas e hemiparéticas,          7.    Camanho GL et al . Patologia do joelho. São Paulo, Sarvier,
o tratamento também será diferenciado, devendo-se                        1996, pp. 302-5.
sempre considerar a avaliação e o comportamento                    8.    Campbell. Cirurgia ortopédica de Campbell. 8 ed. São
para cada criança em particular.                                         Paulo, Manole, 1996.
                                                                   9.    Dimeglio A. Ortopedia pediátrica. 1 ed. São Paulo, Santos
    Assim, trazemos uma proposta de conduta a ser                        Livraria, 1990, pp. 372-99.
realizada nos pacientes com paralisia cerebral e                   10. Ferrareto I, Souza AMC. Como tratamos a paralisia
alterações ortopédicas, possibilitando correções ou                    cerebral: reabilitação. São Paulo, AACD escritório
reduções das dificuldades funcionais que decorrem                      editorial, 1997, pp. 5-19.
do comprometimento articular.                                      11. Ferrareto I, Souza AMC. Paralisia cerebral: aspectos
                                                                       práticos. São Paulo, ABPC, 1998.
                                                                   12. Hebert S, Xavier R, Pardini A, Barros TEP. Ortopedia e
SUMMARY                                                                traumatologia: princípios e prática. 2 ed. Porto Alegre,
                                                                       Artmed, 1998, pp. 238-92.
   Physiotherapeutic treatment proposal to                         13.   Keren M, Livanelioglua A, Topcu M. Effects of Johnstone
                                                                         pressure splints combined with neurodevelopmental
children with spastic cerebral palsy, emphasising                        terapy on spasticity and culaneus sensory inputs in spastc
musculoskeletal disorders                                                cerebral palsy. Dev Med Child Neurol, 43:307-12, 2001.
   Cerebral palsy or non evolutive chronic encephalo-              14. Kisner C, Colby LA. Exercícios terapêuticos: fundamentos
                                                                       e técnicas. 3 ed. São Paulo, Manole, 1998.
pathy is used to desingnate a group of sensorial and
                                                                   15. Koman A, Brashear A, Rosenfeld S, Chambers H,
motor neuron disorders resulted from cerebral lesions                  Russman B, Rang M, Root L, Ferrari E, Prous JGY, Smith B,
within the earlier stages of growth. These disorders                   Pharmd C, Walcott J, Molloy P. Butuliun toxin type a
                                                                       neuromuscular blockade in the treatment of equinus foot
are characterized by the lack of control upon                          deformith in cerebral palsy: a multicenter, open-lavel
movement, also by adaptive modification of the muscle                  clinical trial. Pediatrics, 108:1062-71, 2001.
length and, in some cases, they can even result in                 16. Kudo AM, Marcondes E, Lins L, Moriyama LT, Guimarães
orthopedic deformities. This article aims to elaborate                 ML, Juliana RC, Pierri AS. Fisioterapia, fonoaudiologia e
                                                                       terapia ocupacional em pediatria. 2 ed. São Paulo, Sarvier,
a physiotherapeutic treatment proposal which                           1997, pp. 36-45.
emphasizes the broach of the main musculoskeletal                  17. Lepage C, Noreall L, Bernard P. Association between
disorders from children with quadriplegic, diplegic and                characteristics of locomotion and accomplishment of life
hemiplegic spastic cerebral palsy. The results of this                 habits in children with cerebral palsy. Phys Ther, 78: 458-
                                                                       69, 1998.
research show exercises used to increase mobility as
                                                                   18. Marcondes E et al . Pediatria básica. 8 ed. São Paulo,
well as joint stability, its strength and functional training          Sarvier, 1991, v. 2, pp. 1770-1.
in order to obtain greater independency and enhance                19. Petersen MC, Kube DA, Palmer FB. Classification of
the life quality of those children.                                    developmental delays. Sem Ped Neural, 5:2-14, 1998.
                                                                   20. Rolf IP. Rolfing: a integração das estruturas humanas.
                                                                       2 ed. São Paulo, Martins Fontes, 1999, pp. 42-3.
Keywords                                                           21. Shepherd RB. Fisioterapia em pediatria. 3 ed. São Paulo,
                                                                       Livraria Santos, 1998, pp. 224-77.
   Cerebral palsy, physiotherapy treatment, ortho-                 22. Tachdjan MO. Ortopedia pediátrica. 2 ed. São Paulo,
pedic deformities.                                                     Manole, 1995, v. 3, pp. 1622-712.
                                                                   23. Tribastone F. Tratado de exercícios corretivos aplicados
                                                                       à reeducação motora postural. São Paulo, Manole, 2001.
Referências
1.   Alcantra P, Marcondes E. Pediatria básica. 4 ed. São Paulo,
     Sarvier, 1974, v. 2, 1421-2.
                                                                   Endereço para correspondência:
2.   Apley G, Solomon L. Ortopedia e fraturas em medicina e            Rua Arino Cargnin, 95 – Termas do Gravatal
     reabilitação. 6 ed. São Paulo, Atheneu, 1998, p. 296.             CEP 88735-000 – Gravatal, SC




                                                                                             Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003

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Tratamento fisioterapêutico para crianças com paralisia cerebral

  • 1. 34 ARTIGO Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas Alterações Musculoesqueléticas Ana Paula Marega Cargnin* Carla Mazzitelli** RESUMO A paralisia cerebral ou encefalopatia crônica não-progressiva é o termo usado para designar um grupo de desordens sensoriomotoras, resultante de lesão cerebral nos primeiros estágios do desenvolvimento. Essas desordens caracterizam-se pela falta de controle sobre os movimentos, por modificações adaptativas do comprimento muscular, podendo, em alguns casos, resultar em deformidades ósseas. Este trabalho visa à elaboração de uma proposta de tratamento fisioterapêutico com ênfase na abordagem das principais alterações musculoesqueléticas das crianças com paralisia cerebral espástica tetraparética, diparética e hemiparética. Os resultados deste estudo detalham exercícios para mobilidade, estabilidade articular, força e treino funcional, para que essas crianças obtenham independência e qualidade de vida. Unitermos: Paralisia cerebral, tratamento fisioterapêutico, deformidades musculoesqueléticas. Introdução A espasticidade pode ser definida como “aumento na tensão do músculo quando ele é passivamente A paralisia cerebral (PC), também denominada alongado, a qual é causada por um exagero do reflexo de encefalopatia crônica não-progressiva da infância, é estiramento muscular”22. A espasticidade pode afetar conseqüência de uma lesão estática, ocorrida no de maneira adversa o desenvolvimento motor, levando período pré, peri ou pós-natal que afeta o sistema a posturas e padrões de movimentos anormais, nervoso central em fase de maturação estrutural e deformidades musculoesqueléticas e atrasos na funcional 17. É uma disfunção predominantemente aquisição das habilidades motoras, nos quais incluem o sensoriomotora, envolvendo distúrbios no tônus sentar-se, o engatinhar, o ficar em pé e o caminhar13. muscular, na postura e na movimentação voluntária. Esses distúrbios caracterizam-se pela falta de controle A criança com paralisia cerebral espástica comu- sobre os movimentos, por modificações adaptativas mente evolui com alterações musculoesqueléticas do comprimento muscular, resultando, em alguns secundárias à alteração do tônus muscular e conse- casos, em deformidades ósseas21. qüentemente dificuldade para o movimento voluntário. O comprometimento neuromotor dessa doença O tratamento da criança com paralisia cerebral pode envolver partes distintas do corpo, resultando deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar em classificações topográficas específicas (tetra- composta por médicos de várias especialidades, plegia, hemiplegia e diplegia), sendo a forma espástica bem como por terapeuta ocupacional, fisiotera- a mais encontrada em crianças com paralisia cerebral. peuta, fonoaudiólogo, assistente social, educador e Outro tipo de classificação é a baseada nas alterações psicólogo 3,10,11,18 . clínicas do tônus muscular e no tipo de desordem do Segundo Campbell 8, com um tratamento apro- movimento (espástico, atetóide, atáxico e misto)19. priado, é possível diminuir as deficiências funcionais * Pós-graduanda em Fisioterapia Neurológica (Umesp). Fisioterapeuta Formada pela Unisul. * * Mestre em Neurociências e Comportamento da Universidade de São Paulo (USP). Professora de Fisioterapia da Umesp. Fisioterapeuta formada pela USP. Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
  • 2. Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas 35 Alterações Musculoesqueléticas em muitas crianças, sendo a meta de tratamento nos Universidade Metodista de São Paulo, teve como obje- casos de paralisia cerebral o aumento, tanto quanto tivo verificar a incidência e os tipos de deformidades possível, das habilidades do paciente e a diminuição ortopédicas presentes nessas crianças. Foi observado das suas deficiências. que as principais alterações ortopédicas nos pacientes O ortopedista e o fisioterapeuta são responsáveis tetraparéticos foram o pé eqüino, a rotação interna de em prevenir e corrigir as deformidades dos membros quadril e ombro e a flexão de cotovelo e punho. Nos superiores e inferiores, contribuindo para que o pacientes diparéticos foram observados pés planos e paciente seja o mais independente possível nas suas valgos, pés eqüinos, joelho valgo, flexão de joelho e atividades da vida diária (AVD) e na sua locomoção10. quadril. Já nos pacientes hemiparéticos, as alterações Não existe apenas um método ou um sistema de mais encontradas foram pé plano e valgo, joelho valgo tratamento para a criança com paralisia cerebral. Cada e flexão de joelho. Com base nas principais alterações paciente tem sua necessidade individual, e o trata- observadas nesse estudo e na literatura pesquisada mento depende da avaliação do paciente. como conduta fisioterapêutica para pacientes com paralisia cerebral, elaboramos uma proposta de O tratamento dessas afecções pode compreender intervenção fisioterapêutica. fisioterapia, uso de recursos auxiliares (por exemplo a órtese) e cirurgia corretiva em alguns casos. O tratamento fisioterapêutico é bastante abran- Resultados gente, devendo sempre considerar as alterações funcionais secundárias ao comprometimento Membros inferiores neurológico e as biomecânicas. Assim, devemos considerar o alongamento muscular, a estabilidade Pé e tornozelo articular e a força associados ao controle central para a realização das atividades funcionais diárias, que Pé eqüino envolvem a capacidade para adoção e manutenção A deformidade em pé eqüino em crianças com das diferentes posturas, assim como para a realização paralisia cerebral é uma das manifestações motoras de seus movimentos. mais comuns 15. Como descrito por vários autores, o pé eqüino está, na maioria dos casos, associado ao varismo de Objetivo retropé, adução e supinação de antepé e acentuação O objetivo deste trabalho é elaborar uma proposta do cavo plantar. Por isso, é comumente denominado de tratamento fisioterapêutico para crianças porta- de deformidade em pé eqüino varo 6,12,18,21. doras de paralisia cerebral espástica com ênfase nas A deformidade em pé eqüino pode resultar em alterações musculoesqueléticas, a fim de prevenir e problemas na articulação do joelho, na marcha, no corrigir deformidades, para que a criança tenha maior equilíbrio e na propriocepção15. capacidade de realizar atos indispensáveis para a vida O tratamento deve ser realizado primeiramente de cotidiana, com maior eficácia, obtendo, assim, melhor maneira conservadora, sendo iniciado o mais precoce qualidade de vida e independência. possível 12,18 . As estruturas mecânicas (tanto as ósseas quanto os tecidos moles) se desenvolverão de acordo com as solicitações que forem submetidas. Metodologia Se o pé eqüino não for tratado, a estrutura óssea O presente trabalho trata-se de uma revisão estará sujeita a solicitações anormais e os tecidos moles apresentarão novas alterações de caráter bibliográfica, compreendendo artigos e livros adaptativo, agravando a deformidade21. científicos, desde 1973 a 2001. Os artigos foram pesquisados em banco de dados, como o Medline e o A mobilização do pé eqüino deve ser realizada pelo Pubmed. Nas bibliotecas da Umesp e BIREME, foram fisioterapeuta que disponha de conhecimentos pesquisados livros científicos relacionados à paralisia detalhados sobre a anatomia e a mobilidade do pé12. cerebral com ênfase nas alterações ortopédicas. Há vários procedimentos que podem ser reali- O estudo realizado por Amaral et al. (conferir zados, tais como: artigo da página 29, nesta edição) em 24 crianças, Exercício 1 (mobilização passiva): com uma das incluindo ambos os sexos, com paralisia cerebral mãos o fisioterapeuta segura o calcâneo e as espástica tetraparética, diparética e hemiparética, extremidades distais da tíbia e da fíbula. Dessa atendida na Clínica-Escola de Fisioterapia da maneira, o fisioterapeuta é capaz de proteger as Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
  • 3. 36 Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas Alterações Musculoesqueléticas epífases da fíbula e da tíbia contra a ação das forças hemiparéticas e as diparéticas, o tratamento pode ser tangenciais e de fixar a metade posterior do pé, realizado ativamente: enquanto a outra mão mobiliza a porção anterior do Exercício 1: estimular a criança a andar descalça pé, corrigindo sua posição de adução e plantiflexão. em diferentes tipos de solo, como areia e grama, Depois de se obter um certo grau de correção, o proporciona aos pés maior mobilidade, além de servir tendão de calcâneo poderá ser alongado de maneira como estímulo proprioceptivo. mais eficaz. Uma das mãos do fisioterapeuta segura Exercício 2: fazer com que o paciente caminhe o pé, enquanto o calcanhar é tracionado para baixo, em cama elástica, estimulando a propriocepção e para alongar os músculos flexores da planta do pé21. facilitando a formação do arco plantar. O paciente deve estar em decúbito dorsal e os Em crianças que não deambulam, o tratamento joelhos mantidos em flexão, para evitar a distensão pode ser realizado passivamente: do ligamento interno do joelho21. Exercício 3: com o paciente em decúbito ventral Exercício 2 (alongamento do músculo tibial em uma bola terapêutica, o terapeuta posiciona-se posterior): com o paciente em decúbito dorsal, o atrás do paciente, fazendo com que ele apóie as pontas terapeuta segura a superfície plantar do pé com uma dos pés no chão, passando para o apoio total e, em das mãos, com a outra a face distal da tíbia e fíbula, seguida, para o apoio nos calcanhares. trazendo o pé para dorsiflexão e eversão, alongando, Exercício 4: com o paciente sentado no feijão (com assim, o tibial posterior14. o feijão entre suas pernas), fazer com que a criança Exercício 3 (posição ortostática): após a mobili- apóie os pés em inversão no chão. zação passiva, o paciente pode ser posicionado em Exercício 5: se o paciente não possui controle de ortostatismo, mesmo nos casos de tetraplegia, com o tronco e cervical, como no caso da maioria das auxílio de uma bola terapêutica. O fisioterapeuta per- crianças tetraparéticas, uma forma é posicionar o manece atrás do paciente corrigindo a posição do pé. paciente sentado no chão ou no tablado, com o Exercício 4: estimular o paciente a fazer a dorsi- terapeuta sentado atrás estimulando a propriocepção do pé da criança com diferentes texturas, como flexão ativa do pé, e, se possível, resistida. bolinha ou esponja, para a formação do arco plantar. Pode-se também fazer uso de órtese, para que os Exercício 6: com o paciente sentado no chão, o músculos permaneçam alongados. terapeuta senta-se atrás dele, estimulando com as Pé plano mãos o pé da criança, fazendo contração da muscu- O pé plano, vulgarmente chamado de “pé chato”, latura intrínseca do pé. é uma deformidade que provoca um enorme desperdício de energia4. Quadril Até os três anos de idade, o pé da criança têm maior As deformidades mais comuns do quadril na grau de mobilidade que o pé do adulto, em conse- paralisia cerebral espástica são adução, flexão e qüência da maior elasticidade ligamentar peculiar do rotação medial, isoladas ou combinadas entre si, e o início da vida4. Esse fato, aliado ao alargamento da tipo de deformidade depende do grau e da distribuição base de sustentação da criança no início da marcha, do envolvimento5,22. facilita a queda do calcâneo em valgo3,4,12,16,18. Flexão-Adução O pé plano na paralisia cerebral ocorre por Os músculos iliopsoas, sartório, retofemural, encurtamento do tendão de aquiles 9 ou por uma gracilis e adutor médio são, pela ordem, os flexores diminuição da descarga de peso, quando, por exemplo, do quadril mais importantes. Esses músculos são a criança demora para andar, o que, geralmente, está sinérgicos, porém colaboram diferentemente na associado ao valgismo do pé e do joelho1. flexão, dependendo da posição articular11. Durante muito tempo, o tratamento para os pés A deformidade em flexão-adução surge inicial- planos consistia em aumentar o arco interno no sapato, mente como conseqüência de um desequilíbrio entre mas esse método nunca foi satisfatório20. De acordo agonistas e antagonistas, agravando-se progres- com muitos autores, o tratamento do pé plano deve sivamente. Essas alterações musculares em pacientes ser realizado de modo conservador 1,4,12,18,12. Em que não deambulam determinam o aparecimento de crianças com paralisia cerebral espástica, o trata- deformidades ósseas, como o valgismo e a anteversão mento fisioterapêutico do pé plano deve visar a forma- exagerada do colo do fêmur, podendo levar à luxação ção do arco. Em crianças que deambulam, como as de quadril10. Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
  • 4. Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas 37 Alterações Musculoesqueléticas A flexão do quadril também pode estar associada peso para a perna hemiplégica. A criança deverá fazer à flexão dos joelhos, produzindo a posição agachada a transferência de peso para o hemicorpo afetado, ou em crouch, que é agravada quando existe fraqueza além da extensão do quadril. Cuidar para que o joelho de sóleo por sua insuficiência ou por alongamento permaneça alinhado, impedindo a ocorrência de excessivo do tendão de Aquiles10,11. hiperextensão. Rotação interna Exercício 7 (subir escadas): fazer o paciente subir A deformidade em rotação interna do quadril pode escadas, fortalecendo a musculatura extensora do ser causada por espasticidade dos músculos que rodam quadril e do joelho. Cuidar para que não ocorra hiperex- medialmente o quadril, que são o glúteo mínimo e a tensão de joelho. porção anterior do glúteo médio, o tensor da fáscia, Exercício 8 (mobilidade do quadril): com o os isquiotibiais mediais e a porção anterior dos adutores paciente sentado na beira de um tablado, estando com dos quadris 22. A rotação interna também pode ser os pés sem apoio, o terapeuta à frente do paciente, causada pelo valgismo e pela anteversão do colo do com as mãos envolvendo a parte lateral do quadril, fêmur, em virtude da flexão e da adução do quadril11. segura a crista ilíaca anterior e posterior, fazendo a Exercício 1 (extensão de quadril): com o paciente anteversão e retroversão do quadril. em decúbito ventral na bola terapêutica, o terapeuta Exercício 9 (mobilidade de quadril): com o apóia e segura a face anterior do fêmur do paciente paciente sentado em uma bola ou em um banquinho, distalmente e, com a outra, estabiliza as nádegas do com os pés apoiados, o terapeuta mostra um brin- paciente para prevenir os movimentos da pelve, quedo acima da criança, pedindo a ela que o pegue. A alongando, assim, o iliopsoas e estendendo o quadril. criança, então, terá de estender o braço e o tronco, Exercício 2 (extensão de quadril): o paciente é realizando a anteversão do quadril. posicionado em decúbito lateral, com o membro de Exercício 10 (ponte): estimular a criança a fazer baixo em flexão, facilitando a estabilização de sua a posição de ponte e pedir a ela que tire as nádegas postura. O terapeuta estabiliza a pelve com uma das mãos na crista ilíaca e com a outra mão distalmente do chão para fortalecer, assim, a musculatura na face medial do fêmur traz o quadril para extensão, extensora do quadril. alongando os músculos flexores do quadril14. Joelho Exercício 3 (abdução de quadril): o paciente é Durante a marcha, o joelho deve ter uma ampla posicionado em decúbito dorsal, o terapeuta com uma das mãos apóia distalmente a coxa e, em seguida, mobilidade na fase de apoio. Deve também trabalhar com a outra mão, apóia o outro membro. Abduzir o sinergicamente com os movimentos de tronco, quadril quadril o máximo possível para alongar os adutores14. e tornozelos. Tal situação não acontece adequa- damente na paralisia cerebral e, com grande fre- Exercício 4 (abdução do quadril): com o paciente qüência, ele fica muito rígido com flexão, pro- sentado com as pernas abduzidas (cavalinho) no porcionando a marcha com o joelho rígido ou a feijão, com os pés apoiados no chão, associa-se a marcha em tríplice flexão4,11. isso a rotação externa do quadril. Flexão do joelho Exercício 5 (posição ajoelhada e semi-ajoelhada): com o paciente na posição ajoelhada ou semi- A deformidade em flexão de joelho freqüentemente ajoelhada, transfere-se o peso nos membros inferiores, está presente na paralisia cerebral, sendo causada para fortalecendo e melhorando a estabilidade do quadril. compensar uma deformidade de pé eqüino e defor- Se for preciso, o terapeuta pode dar suporte ao midade em flexão de quadril, por espasticidade dos paciente, ou utilizar uma bola terapêutica na frente flexores de joelho, principalmente os isquiotibiais, ou da criança. Na posição semi-ajoelhada, o terapeuta funcional, para mudar o centro de gravidade e alcançar deve cuidar para que não ocorra a adução do quadril, o equilíbrio4,11,22. ou ainda, quando possível, estimular a abdução ativa/ Essa deformidade pode ser dinâmica ou fixa. A resistida da perna que está na frente. deformidade dinâmica só aparece quando a criança Exercício 6 (descendo escadas): em pacientes fica em pé ou anda; se não for tratada, acaba por se hemiparéticos, uma boa alternativa é usar uma transformar em fixa. Tanto em uma quanto em outra escada como recurso terapêutico. O terapeuta fica coexiste encurtamento dos flexores de joelho, e, na frente do paciente, fazendo com que a criança quanto maior for o encurtamento dos flexores, maior desça a escada com a perna sadia, transferindo o será a tendência para a fixação da deformidade4. Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
  • 5. 38 Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas Alterações Musculoesqueléticas Joelho valgo flexora pronadora 5. Deve-se, ainda, considerar a O joelho valgo caracteriza-se por uma angulação possível presença de instabilidade escapular, que pode com desvio medial, no qual os côndilos femurais tocam- contribuir para o desalinhamento articular. se entre si e os maléolos encontram-se afastados12,23. Exercício 1 (abdução do ombro): com o paciente A maioria das crianças normais de dois a cinco em decúbito dorsal no tablado, com o ombro fletido anos de idade apresenta certo grau de joelho valgo, a noventa graus, o terapeuta com uma das mãos muitas vezes em combinação com os pés planos. Isso segura distalmente o úmero, com a outra mão por causa da mudança na distribuição do peso corporal estabiliza a borda axilar da escápula, movendo o ombro sobre os membros inferiores1,2,4,7,12,16,21. O grau do em abdução completa, alongando os adutores14. joelho valgo tende a regredir à medida que a criança Exercício 2 (rotação externa do ombro): com o cresce, embora seja normal um pequeno grau de paciente em decúbito dorsal no tablado, com o ombro valgismo do joelho, em virtude das relações entre o em abdução e o cotovelo fletido em noventa graus, o fêmur e a tíbia21. terapeuta segura distalmente o antebraço com uma das Na paralisia cerebral, o valgismo do joelho geral- mãos e estabiliza o cotovelo com a outra. A escápula mente está associado à rotação interna do quadril, pé estará estabilizada pelo tablado. Rodar externamente o plano valgo e flexão do joelho4. ombro do paciente, movendo seu antebraço para perto do tablado e alongando os rotadores internos14. Exercício 1 (extensão do joelho): o paciente é posicionado em decúbito ventral na bola terapêutica. Exercício 3 (extensão do cotovelo): estando o O terapeuta estabiliza o quadril colocando uma das paciente posicionado em decúbito dorsal, o terapeuta mãos ou antebraço na coxa do paciente e, com a segura distalmente com uma mão o antebraço e com a outra mão, segura distalmente a tíbia. Aplica, assim, outra mão estabiliza a escápula e a face anterior do força na face posterior da tíbia, estendendo o joelho úmero proximalmente, estendendo o cotovelo ao e alongando os flexores. máximo para alongar os flexores de cotovelo (executar esse alongamento com o antebraço em supinação). Exercício 2 (extensão do joelho): com o paciente em decúbito dorsal, apoiar o membro a ser alongado Exercício 4 (transferência de peso em MMSS): o em um dos braços ou mão, estabilizar o membro paciente deve posicionar-se em decúbito ventral em uma oposto na face anterior da coxa com a outra mão, bola terapêutica ou feijão, com as mãos apoiadas no chão com extensão de cotovelos, punhos e dedos, transferindo para flexionar o quadril e estender o joelho, alongando o peso para os membros superiores (MMSS). os isquiotibiais. Exercício 5 (posição de gato – transferindo peso Exercício 3 (sentar e levantar): com o paciente em MMSS): com o paciente na posição de gato (se sentado em um banquinho, estimulá-lo a levantar para for necessário o terapeuta dá suporte para posição), pegar um brinquedo e em seguida a sentar, for- realizar a transferência de peso em membros talecendo o quadríceps. Cuidar para manter o superiores, melhorando assim a estabilidade da cintura alinhamento dos joelhos. escapular e a força de MMSS. O terapeuta deve Exercício 4 (subir escadas): fazer com que o manter a extensão de cotovelos do paciente, paciente suba escadas para fortalecer a musculatura prevenindo a ocorrência de hiperextensão. extensora do quadril e do joelho. Exercício 6 (função): com o paciente sentado em um banquinho, com os pés apoiados, estimular o Membros superiores paciente a pegar os objetos colocados nas diagonais. A postura típica do membro superior na paralisia cerebral espástica é a adução e a rotação interna do Discussão e conclusão ombro, a flexão do cotovelo, a pronação de antebraço e a flexão do punho e dos dedos4. Esta proposta de tratamento tem como objetivo a A deformidade do ombro em adução e rotação correção ou a prevenção das deformidades muscu- interna deve-se à espasticidade e ao encurtamento loesqueléticas nas crianças com paralisia cerebral dos músculos peitoral maior e subescapular, limitando espástica tetraparética, diparética ou hemiparética. a abdução e a rotação externa. A flexão do cotovelo O estudo tem por finalidade mostrar melhor visão varia de acordo com a gravidade da lesão cerebral, e do tratamento, fazendo com que as crianças, com a ação do bíceps e do braquial é a causa primária da paralisia cerebral, usem o máximo de suas atividades flexão. Já o padrão em flexão do punho e dos dedos motoras e desempenhem as tarefas cotidianas, de deve-se à espasticidade e ao encurtamento da massa modo mais funcional e independente, prevenindo as Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003
  • 6. Proposta de Tratamento Fisioterapêutico para Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral Espástica, com Ênfase nas 39 Alterações Musculoesqueléticas anormalidades de postura e as deformidades articu- 3. Behrman RM, Kliegman R, Arvin A. Tratado de pediatria. 15 ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1997, v. 2, lares decorrentes do déficit motor. pp. 2223-4. O tratamento fisioterapêutico nas alterações mus- 4 . Bruschini S et al. Ortopedia pediátrica. 2 ed. São Paulo, culoesqueléticas em crianças com paralisia cerebral é Atheneu, 1998, pp. 172-258. muito abrangente, pois as causas dessas alterações 5. Bruschini S et al. Ortopedia pediátrica. São Paulo, Atheneu, 1993, pp. 98-125. podem ser diversas (espasticidade, encurtamento 6. Burns YR, MacDonalds J. Fisioterapia e crescimento na muscular, instabilidade articular, fraqueza muscular). infância. São Paulo, Santos Livraria, 1999, pp. 274-6. Nas crianças tetraparéticas, diparéticas e hemiparéticas, 7. Camanho GL et al . Patologia do joelho. São Paulo, Sarvier, o tratamento também será diferenciado, devendo-se 1996, pp. 302-5. sempre considerar a avaliação e o comportamento 8. Campbell. Cirurgia ortopédica de Campbell. 8 ed. São para cada criança em particular. Paulo, Manole, 1996. 9. Dimeglio A. Ortopedia pediátrica. 1 ed. São Paulo, Santos Assim, trazemos uma proposta de conduta a ser Livraria, 1990, pp. 372-99. realizada nos pacientes com paralisia cerebral e 10. Ferrareto I, Souza AMC. Como tratamos a paralisia alterações ortopédicas, possibilitando correções ou cerebral: reabilitação. São Paulo, AACD escritório reduções das dificuldades funcionais que decorrem editorial, 1997, pp. 5-19. do comprometimento articular. 11. Ferrareto I, Souza AMC. Paralisia cerebral: aspectos práticos. São Paulo, ABPC, 1998. 12. Hebert S, Xavier R, Pardini A, Barros TEP. Ortopedia e SUMMARY traumatologia: princípios e prática. 2 ed. Porto Alegre, Artmed, 1998, pp. 238-92. Physiotherapeutic treatment proposal to 13. Keren M, Livanelioglua A, Topcu M. Effects of Johnstone pressure splints combined with neurodevelopmental children with spastic cerebral palsy, emphasising terapy on spasticity and culaneus sensory inputs in spastc musculoskeletal disorders cerebral palsy. Dev Med Child Neurol, 43:307-12, 2001. Cerebral palsy or non evolutive chronic encephalo- 14. Kisner C, Colby LA. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 3 ed. São Paulo, Manole, 1998. pathy is used to desingnate a group of sensorial and 15. Koman A, Brashear A, Rosenfeld S, Chambers H, motor neuron disorders resulted from cerebral lesions Russman B, Rang M, Root L, Ferrari E, Prous JGY, Smith B, within the earlier stages of growth. These disorders Pharmd C, Walcott J, Molloy P. Butuliun toxin type a neuromuscular blockade in the treatment of equinus foot are characterized by the lack of control upon deformith in cerebral palsy: a multicenter, open-lavel movement, also by adaptive modification of the muscle clinical trial. Pediatrics, 108:1062-71, 2001. length and, in some cases, they can even result in 16. Kudo AM, Marcondes E, Lins L, Moriyama LT, Guimarães orthopedic deformities. This article aims to elaborate ML, Juliana RC, Pierri AS. Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional em pediatria. 2 ed. São Paulo, Sarvier, a physiotherapeutic treatment proposal which 1997, pp. 36-45. emphasizes the broach of the main musculoskeletal 17. Lepage C, Noreall L, Bernard P. Association between disorders from children with quadriplegic, diplegic and characteristics of locomotion and accomplishment of life hemiplegic spastic cerebral palsy. The results of this habits in children with cerebral palsy. Phys Ther, 78: 458- 69, 1998. research show exercises used to increase mobility as 18. Marcondes E et al . Pediatria básica. 8 ed. São Paulo, well as joint stability, its strength and functional training Sarvier, 1991, v. 2, pp. 1770-1. in order to obtain greater independency and enhance 19. Petersen MC, Kube DA, Palmer FB. Classification of the life quality of those children. developmental delays. Sem Ped Neural, 5:2-14, 1998. 20. Rolf IP. Rolfing: a integração das estruturas humanas. 2 ed. São Paulo, Martins Fontes, 1999, pp. 42-3. Keywords 21. Shepherd RB. Fisioterapia em pediatria. 3 ed. São Paulo, Livraria Santos, 1998, pp. 224-77. Cerebral palsy, physiotherapy treatment, ortho- 22. Tachdjan MO. Ortopedia pediátrica. 2 ed. São Paulo, pedic deformities. Manole, 1995, v. 3, pp. 1622-712. 23. Tribastone F. Tratado de exercícios corretivos aplicados à reeducação motora postural. São Paulo, Manole, 2001. Referências 1. Alcantra P, Marcondes E. Pediatria básica. 4 ed. São Paulo, Sarvier, 1974, v. 2, 1421-2. Endereço para correspondência: 2. Apley G, Solomon L. Ortopedia e fraturas em medicina e Rua Arino Cargnin, 95 – Termas do Gravatal reabilitação. 6 ed. São Paulo, Atheneu, 1998, p. 296. CEP 88735-000 – Gravatal, SC Rev. Neurociências 11(1): 34-39, 2003