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Manual de Sistematização
de Jornada Integral
para Negócios de
Impacto de Periferia
DA EXPERIÊNCIA,
UM MÉTODO
Manual de Sistematização
de Jornada Integral
para Negócios de
Impacto de Periferia
DA EXPERIÊNCIA,
UM MÉTODO
O R G A N I Z A D O P O R
Silvia Caironi • Vinícius R. R. Dutra • Luiza Kormann Carvalho da Fonseca
Nº ISBN: 978-65-999276-0-7
P A R C E I R O E S T R AT É G I C O
A P O I O
3
A Angelo Abbondio (1941 - 2022),
do qual aprendemos este olhar
inteligente e profundo que valoriza
e transforma o que encontra
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
4
Introdução
A Aventura de Construir (AdC) é uma associação sem fins lucrativos
com sede física em São Paulo/SP que, desde 2012, fortalece atores
locais com foco em microempreendedores de baixa renda (tradicio-
nais e de impacto social) das periferias brasileiras.
Acompanhamos o desenvolvimento e crescimento do ecossistema
de impacto brasileiro, em amplitude e profundidade, ao longo da
última década. Com nossa experiência, buscamos colaborar para a
inclusão do empreendedor de periferia nestes espaços, democrati-
zando oportunidades e enriquecendo as trocas - para todos. E tudo
começa com a educação: prepará-los para o movimento de “atravessar
as pontes” com um processo de autoconhecimento, capacitação
técnica, inclusão tecnológica e capacidades interpessoais.
É desta movimentação que nasce a JornadaIntegralcomNegócios
de Impacto de Periferia. Compartilhamos aqui nossa experiência
adquirida em incubar, acelerar e prototipar negócios de impacto de
periferia com intuito de multiplicar boas práticas e convidar a todos
os stakeholders para a reflexão: estamos fazendo nossa parte para
a inclusão e participação de negócios de impacto de periferias em
nossasagendaseespaçosdoecossistemadenegóciosdeimpacto?
Vamos pensar juntos?!
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
5
Índice
Capítulo 1
A AVENTURA
DE CONSTRUIR
p. 09
Capítulo 2
EXPERIÊNCIAS
PRÁTICAS
p. 17
Capítulo 3
TRILHA
COMPLETA
p. 36
Capítulo 4
APRENDIZADOS,
MENSURAÇÃO
E RESULTADOS
p. 45
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
6
P R E FÁ C I O
Negócios de impacto e filantropia no
Brasil: complementares e parceiros
Em muitos espaços se percebe uma inquietude sobre
o direcionamento de recursos filantrópicos para os negócios
de impacto. Quase como se pudesse existir uma “concor-
rência” entre o setor filantrópico e os negócios de impacto.
Na realidade, os negócios de impacto são complementares à
filantropia na agenda de transformação e podem, em muitos
momentos, ser relevantes parceiros.
Um estudo feito pelo Pipe.Labo em 2021 indicou que
cerca de 1300 empresas brasileiras se declaram “negó-
cios de impacto”, 29% a mais do que o levantamento de
2019. Mas o que são de fato esses negócios? Basicamente são
empreendimentos que oferecem, por meio de seus produtos
e serviços, soluções para desafios socioambientais e geram
mudanças positivas ao mesmo tempo em que geram resul-
tados financeiros .
Já o conceito de filantropia estratégica, ou investimento
socialprivado,éaalocaçãovoluntáriaeestratégicaderecursos
privados, sejam eles financeiros, em espécie, humanos,
técnicos ou gerenciais, para o benefício público. Diferente do
que possa parecer, os recursos filantrópicos para orga-
nizações da sociedade civil e negócios de impacto não
competementresi, há espaço (e necessidade) na sociedade
para ambos coexistirem e crescerem.
Em geral, os negócios de impacto possuem um tempo de
maturaçãomaislongodoqueempresas“comuns”,justamente
porque surgem com a proposta de criar um novo mercado,
ou apresentam soluções para um mercado que ainda está
maturando. E aí está a importância do capital filantrópico
neste início, oferecendo capital não reembolsável para esse
período em que a maioria dos negócios fracassa.
Exemplo disso é o de negócios de Energia Solar, uma
forma de energia mais limpa e menos agressiva ao meio
ambiente. No Brasil, até meia década atrás, este setor não
possuía relevância tão expressiva no país. Com a mudança
da mentalidade, compreensão de alguns conceitos e movi-
mentação do mercado, atualmente este formato de energia
cresce em 1GW de capacidade por mês. Isso significa que, se
continuar nesse ritmo, em fevereiro de 2023 atingirá o dobro
da capacidade de abastecimento elétrico da Usina Hidroelé-
trica de Itaipu – até então, a maior fonte de energia elétrica
nacional.
A sustentabilidade financeira é também prioridade
para as organizações da sociedade civil. Há inúmeras
possibilidades para que isso seja alcançado, dependendo da
natureza de sua missão. Para algumas, é inevitável escapar
ao modelo de financiamento por meio de doações, outras,
operam por meio de convênios junto ao poder público, e há
ainda aquelas que oferecem produtos e serviços mantendo
a característica de não ter fins lucrativos. Mas, em alguns
casos,vemosumaadaptaçãoparaomodelodenegócio
de impacto. Por exemplo, organizações que nascem para
fomentar pequenos empreendedores em regiões vulneráveis
e se estruturam depois em modelo de negócio para apoiar a
comercialização da produção. Seja qual for o caso, o capital
filantrópico é importante, sempre com a perspectiva de que
as organizações beneficiadas são os vetores da transfor-
mação desejada.
Por Paula Fabiani | CEO do IDIS
Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
7
Instrumentos para
o investimento de impacto
Em recente relatório publicado pela Latimpacto,
a associação pontua que “se de um lado temos os
filantropos tradicionais, que possuem conhecimento
sobre as causas em que atuam e um grande senso de
responsabilidade, do outro lado, estão os investidores,
cada vez mais interessados por impacto social e
ambiental, mas que precisam do capital paciente e
catalisadorfornecidopelosfilantropos”.Corroborando
com a ideia de que as diversas pontas colaboram
entre si e não o contrário.
Nesse contexto é que surge uma modalidade de
investimentodeimpacto–quepodeserfilantrópico,mas
pode ser capital financeiro – que é o “Venture Philan-
thropy”. Neste modelo, o investidor decide assumir
riscos ao apostar em potenciais mudanças sistêmicas e
prioriza o impacto positivo ao retorno financeiro, com
financiamento personalizado, apoio estratégico, moni-
toramento e avaliação do impacto.
Um instrumento interessante para colocar tal moda-
lidade em prática é o “Blended Finance”, ou finanças
híbridas, que são estruturas que combinam capital filan-
trópico e o capital financeiro para operacionalizar essas
iniciativas de impacto socioambiental. Elas podem
combinar instrumentos de financiamento diversos,
como por exemplo dívida, equity (participação acio-
nária), garantias, seguros, programas ou fundos garan-
tidores, grants (doações), etc.
Outra ferramenta disponível são os Fundos Patrimo-
niais Filantrópicos (endowments) em que o doador, de
um lado disponibiliza recursos para apoiar uma causa
(ou várias) no longo prazo, e direciona os rendimentos
da aplicação financeira destes recursos a uma ou várias
organizações sem fins lucrativos. E do outro lado, nas
aplicaçõesfinanceirasdestesfundospodemosencontrar
investimentos de impacto. Ou seja, este doador pode
apoiar ao mesmo tempo projetos e instituições filantró-
picas e negócios de impacto. Os endowments já são os
maiores investidores em negócios de impacto ao
redor do mundo.
E o potencial dos negócios de impacto aliados às
organizações da sociedade civil são reforçados por
movimento globais como o Catalyst 2030, que possui
um capítulo brasileiro que busca promover a colabo-
ração entre seus membros e com outras instituições
o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Susten-
tável (ODS) no Brasil.
P R E FÁ C I O
“Se de um lado temos os
filantropos tradicionais, que
possuem conhecimento sobre
as causas em que atuam e um
grande senso de responsabi-
lidade, do outro lado, estão os
investidores, cada vez mais
interessados por impacto social
e ambiental, mas que precisam
do capital paciente e catalisador
fornecido pelos filantropos”
Paula Fabiani
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
8
Cenário brasileiro
Atualmente, o Brasil já possui uma estrutura legal e
institucional que permite que o país seja um grande
celeiro para negócios de impacto e quem sabe até
uma liderança nessa temática na América Latina.
Temos a Estratégia Nacional de Investimentos e
Negócios de Impacto (ENIMPACTO), que é uma
articulação de órgãos e entidades da administração
pública federal, do setor privado e da sociedade
civil com o objetivo de promover um ambiente
favorável ao desenvolvimento de investimentos e
negócios de impacto. E temos uma legislação para
a criação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos,
a Lei 13.800/19, que traz segurança aos doadores
para o estabelecimento deste mecanismo.
Outro fator que favorece a filantropia e os
negócios de impacto é o crescimento da chamada
“agenda ESG” no Brasil e no mundo. A sigla
que em português significa “agenda Social,
Ambiental e de Governança” tem chamado
bastante atenção das empresas e do mercado
financeiro, que passaram a direcionar essas ques-
tões dentro de suas próprias estratégias de atuação.
As empresas estão sendo cada vez mais chamadas
a participar da solução dos nossos problemas
socioambientais.
Mas ainda é importante disseminar o conceito
e modelos possíveis de negócios de impacto no
país. Esta publicação é relevante nesta jornada pois
traz a experiência da Aventura de Construir
na periferia, apoiando iniciativas em regiões
de alta vulnerabilidade que trazem soluções
e produtos para atender um público muitas
vezes excluído na nossa sociedade. Muitas
dessas iniciativas necessitaram desse suporte e
de recursos filantrópicos para decolar, reforçando
como negócios de impacto e filantropia são comple-
mentares e parceiros no Brasil.
Os desafios que enfrentamos aumentaram signi-
ficativamente com o impacto da pandemia. Aliar a
filantropia aos negócios de impacto é certamente
promissor. Entretanto, apesar do ambiente favo-
rável, ainda é necessário no Brasil uma mudança
de mentalidade. Famílias e indivíduos investidores
precisam se tornar protagonistas desta mudança e
direcionar mais recursos visando este caminho e,
assim, fomentar iniciativas com potencial de trans-
formar o Brasil num país mais justo e sustentável.
P R E FÁ C I O
9
Capítulo 1
A AVENTURA
DE CONSTRUIR
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
10
— A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R
1Partir da
realidade
local.
2
Impulsionar
protagonismo
acreditando na
centralidade
da pessoa.
4
Apostar na
formação
humano integral.
3
Proximidade no
relacionamento
com o
empreendedor.
5
A transformação
da sociedade
parte da
mudança positiva
da pessoa, que
passa a ser uma
multiplicadora.
6
Atuar em rede,
criando pontes
e fortalecendo
trabalho
conjunto entre os
beneficiários.
7
Transparência
e ética.
A AdC acredita que é possível promover o desenvolvimento
territorial inclusivo por meio do apoio oferecido a micro-
empreendedores de periferia. Abaixo, apresentamos o
contexto no qual a ONG atua, os pilares e pontos de método
que guiam o nosso trabalho, as frentes de atuação e os
projetos realizados com foco em negócios de impacto social
de periferia, além da equipe que torna tudo isso possível.
E M B A S A M O S N O S S O T R A B A L H O E M N O S S O S 7 P O N TO S D E M É TO D O
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
11
— A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R
Aventura nos ODS
Desde 2018 somos integrantes do Pacto Global (UN
Global Compact), iniciativa que monitora e orienta
a implementação da Agenda 2030 para alcançar
os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS) da ONU e de 2020 do Catalyst 2030 do
Foro Económico Mundial. Os ODS nos quais a
AdC traz um impacto de forma direta são:
Kátia Roque - Salão de Beleza, Brasilândia/SP.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
12
— A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R
Os órgãos de governança
da Aventura de Construir
são: Diretoria e Conselho
Fiscal, que junto com outros
profissionais voluntários,
integram a Assembleia e o
Conselho Consultivo. Para
além de nomes ou status,
os membros destes órgãos,
em especial da Diretoria e
do Conselho Consultivo,
são ativos no dia-a-dia da
organização, mesmo que
nos bastidores. Reúnem-se
periodicamente, nas reuniões
ordinárias quinzenais
(Diretoria) e trimestrais
(Conselho Consultivo), onde
são designadas atividades
paralelas de nível mais
estratégico, de construção de
longo prazo e visibilidade.
Vale mencionar que há apro-
ximadamente 1 ano a parti-
cipação de empreendedores
na reunião do Conselho
Consultivo vem acontecendo
de forma sistemática, no
sentido de aproximar os
órgãos diretivos do dia-a-dia
da organização, além de
seguir na lógica da criação
de pontes que é parte da
metodologia AdC. Além disso,
dois membros do Conselho
foram integrantes da equipe
operativa AdC, especifica-
mente da área de Desen-
volvimento de Projetos.
Equipe
DIRETORIA
Silvia Caironi
Marcelo Turri
Patrícia Soares Molina
Rafael Mahfoud Marcoccia
CONSELHO FISCAL
Carlos Otávio da Costa Silva
Fabrizio Pellicelli
Ademar Lourenço
CONSELHO CONSULTIVO
Álvaro Manoel
Carlos Ferreirinha
Cinzia Abbondio
Kalil Farran
Leonardo Valentinis
Marcelo Lucato
Martus Tavares
Percival Caropreso
Rafael N. Fonseca
Selma Pantel
Taynara Alves
MEMBROS DA EQUIPE OPERATIVA
Área Administrativa
Matilde Silva
Dia-a-dia da organização
Área de Comunicação
Maria Gabrielly Marcelino
Vinicius Dutra
Área de Desenvolvimento
Econômico e Social
Adriano Gaved
Raquel Santos
Bruno Athanasio
Franklin Menezes
Lilian Zimmermann
Lucas Faustino
Luiza Kormann Carvalho da Fonseca
Paulo Felletti
Área de Sustentabilidade
e Captação de Recursos
Vitoria Barros
Coordenação Geral
Silvia Caironi
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
13
— A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R
Contexto
Os efeitos da pandemia da Covid-19 são transversais e
ainda presentes: seja da perspectiva da saúde pública,
educação, qualidade de vida ou economia, o fato é
que as demandas econômicas e sociais dispararam.
Mais do que nunca aqueles que trabalham com causas
sociais precisam atuar de maneira estratégica.
No contexto que atuamos, com a precari-
zação laboral e a alta do desemprego, hoje em
10,1milhões(2ºtrimestrede2022)depessoas
segundo IBGE, tendo atingido um pico de
14,8milhões nofim doprimeirotrimestrede
2021, é observada uma alta no número de novos
empreendedores - o ano de 2021 contabilizou
mais de 3,9 milhões de novas empresas, um
incremento de 19,8% na comparação com o
ano anterior. Destes, 80% - ou 3,1 milhões - são
MEIs, e é crucial notar aqui a movimentação do
empreender por necessidade como fator incidente
nessa alta, como aponta o presidente do Sebrae,
Carlos Melles, quando destaca que deste total
de novas empresas, ⅓ teriam a pandemia como
maior motivação para abertura de CNPJ. Ou seja,
uma vez desempregadas, as pessoas apostam no
empreendedorismo como alternativa de renda.
A realidade chama. O trabalho desenvolvido
largamente pelo Sebrae busca, assim como outras
iniciativas pelo território nacional, responder às
demandas da movimentação de empreender por
necessidade. Quadro este que envolve, em muitos
dos casos, uma menor experiência na área e/ou
conhecimento técnico que embasariam a sobre-
vivência do negócio, o que nos leva a dados como
Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/traba-
lho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.
html?=&t=series-historicas&utm_source=landing&utm_medium=explica&utm_campaign=desemprego
Taxa de desocupação
J A N , F E V, M A R 2 0 12 — M A I , J U N , J U L 2 0 2 2
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
14
— A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R
o de que três a cada 10 MEIs fecham suas
portas em até 5 anos de existência.
A importância de capacitar o pequeno
empreendedoréevidenciadaatravésdosdados
macros. Contrariamente, as melhores práticas
em atendê-los estão no detalhe, no micro. Os
dadostrazemopanorama,masacentrali-
dade da pessoa, de seus sonhos, objetivos
e empecilhos particulares não cabem em
uma fórmula ou qualquer genericidade
feitacomrelaçãoàperiferia,seucotidiano
e pessoas que nela vivem.
Quando recortamos o quadro para
negócios de impacto social, é percebido
um perfil “(...) delineado por pessoas de
rendafamiliaralta,comaltaescolaridade
e predominantemente do sexo mascu-
lino.” (ROSSONI, 2006). Estamos na lógica
do “fazer para”, quando é necessário “fazer
com”: é preciso chamar a periferia para a cons-
trução de soluções de seus problemas - quem
os conhece melhor que aqueles que vivenciam
seus efeitos na prática, no dia-a-dia?
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
15
— A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R
Frentes de atuação
1Capacitações:
Cursos e oficinas práticas
(presenciais e online). A
frente de capacitações
preocupa-se com a instru-
mentalização dos empre-
endedores, preparando-os
para os desafios do mercado
dentro dos macrotemas de
empreendedorismo, inovação,
administração e gestão,
financeiro, relacionamentos
institucionais e parcerias,
marketing, entre outros.
2
Assessorias:
Nos formatos individual
e em grupo, a frente de
assessorias garante o acom-
panhamento em profundi-
dade. É aqui que realizamos
a definição de metas,
prioridades, responsabilidades
e dinâmicas de follow-up.
3
Acesso ao mercado:
Todo o conhecimento é
colocado em prática com
a conexão entre empreen-
dedores acompanhados e
stakeholders parceiros.
4
Criação e Fortale-
cimento de Redes:
5
Acesso a
microcrédito:
Apoio ao planejamento
financeiro e análise
de caso a caso para
eventual contratação de
microcrédito, através de
organizações parceiras.
Para além do fortalecimento
via assessorias coletivas, a
Aventura de Construir atua
ativamente para a contínua
troca entre empreendedores
também por meio da rede
institucional de empreende-
dores Avante Empreendedor,
que se encontra mensalmente
para tratar de temas do
empreendedorismo definidos
e pautados pela própria rede.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
16
— A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R
1Democratização:
Buscamos democratizar o ecossistema
de impacto social, diminuindo as
distâncias entre financiadores e
microempreendedores sociais e
fomentando o protagonismo dos micro-
empreendedores em entenderem-se
como parte ativa do ecossistema.
2
Método:
Compartilhamos nossa expertise com
metodologia de Avaliação de Impacto
socioambiental e também avançamos na
inserção da dimensão de impacto social
no sistema de avaliação/monitoramento.
3
Rede:
Prezamos por relações de longo
prazo com os microempreende-
dores e parceiros do ecossistema,
mantendo uma grande proximidade
com nosso público. Mantemos atenção
às tendências e ativamente desen-
volvemos diferentes possibilidades
de colaboração com outras redes.
4
Catálise:
Fortalecemos os microempreendedores
a identificarem suas necessidades e,
de forma protagonista, construírem
estratégias e ações que respondam
concretamente ao que precisam.
Neste sentido, somos catalisadores de
parcerias e relações entre participantes.
Pilares de atuação
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
17
Capítulo 2
EXPERIÊNCIAS
PRÁTICAS
Conheça o trabalho realizado pela Aventura de
Construir, nos últimos anos, para colocar em prática
os pilares e pontos de método, acompanhando os
protagonistas, ou seja, os microempreendedores, e
realizando o desenvolvimento territorial inclusivo.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
18
— E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S
Projetos desenvolvidos com foco em negócios de impacto social de periferia:
4. Crescendo em Rede
7. Reciclando Oportunidades
JUN AGO
Linha do tempo
2019 2020 2021 2022
NOV ABR JUL SET OUT ABR MAIO JUN JUL AGO NOV
1. ProtagonizAí
10. Pontes com mídias / Eventos com terceiro setor
2. Acesso ao mercado /
Apoio na captação de recursos
5. Rede Avante Empreendedor (encontros mensais)
8. Aventure-se I 8. Aventure-se II
3. Fortalecendo Protagonistas
9. Fundo Patrimonial AdC
6. Compartir Vedacit
• Avaliação de impacto de negócios sociais de periferia periódica: semestralmente desde março de 2021
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
19
— E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S
ProtagonizAí
Realizado em 2019, o ProtagonizAí foi a primeira experiência
da Aventura de Construir no recorte específico de negócios
de impacto social de periferia. Dedicado inteiramente aos
microempreendedores já acompanhados pela AdC à época,
foi idealizado com o intuito de auxiliar os participantes a
navegarem pelo mercado de negócios de impacto social,
promovendo uma transformação na realidade deles e de
suas comunidades através de iniciativas do próprio trabalho.
A movimentação para sua realização
veio da percepção de um aumento de casos
de empreendedores atendidos enquadrados
como de impacto social, atrelada a dificul-
dade que existe em participar do ecossis-
tema como um todo: seja na inscrição em
editais (questionários complexos e, muitas
vezes, excludentes), no acesso à informação
da existência dos editais e até mesmo na
participação de eventos do meio. Falar de
impacto social com a periferia é falar de
democratização de acessos. Assim nasceu
o ProtagonizAí.
Neste encontro visamos dar voz aos
microempreendedores para que falassem
livremente sobre suas iniciativas de impacto,
que já estão em prática e aquelas que estão em
fase de idealização, assim como promover a
conversa e as possíveis parcerias, através de
rodadas de negócio.
1
1 . P R O TA G O N I Z A Í
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
20
— E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S
O evento foi presencial,
com duração de 8 horas e
dividido em 3 momentos:
➀
Uma palestra sobre os negócios de
impacto social e os editais: a definição
do termo negócio de impacto social,
como eles se ligam aos editais, como
achar os editais para participar, como
preencher os requisitos e como saber
se meu negócio se enquadra no edital;
➁
Um trabalho de grupo usando a
metodologia do World Café e uma rodada
de negócios, incentivando as parcerias
entre participantes e promovendo a
definição de ações de negócios conjuntas;
➂
Um painel de debate entre 3 personali-
dades do mercado de negócios de impacto
social: Fabio Deboni (Instituto Sabin);
Paulo Marcelo Ribeiro (ADE Sampa) e a
Jaubra, o Uber da periferia, debatendo
sobre cenários e oportunidades de
formação e financiamento no tema
1 . P R O TA G O N I Z A Í
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
21
— E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S
Acesso ao mercado - apoio na captação
de recursos e Fortalecendo Protagonistas
Uma parceria com o ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), o projeto teve como objetivo
central acompanhar e auxiliar – através de assessorias remotas – pessoas da base da
pirâmide a tornarem-se protagonistas do fortalecimento de economias locais, gerando
desenvolvimento territorial inclusivo. Durante o projeto, a AdC orientou os microempreen-
dedores para o uso mais adequado e planejado de recursos recebidos durante a pandemia.
Além de oferecer o suporte técnico necessário para atender
as demandas dos empreendedores neste momento, incluindo o
acesso a ferramentas tecnológicas, a AdC também se mantém
atenta às oportunidades relacionadas ao nosso público.
Elenca-se as seguintes
ações de apoio direto:
1. Plataforma de financiamento coletivo Matchfunding Enfrente,
lançado pela Fundação Tide Setubal em parceria com a
Benfeitoria, para responder às demandas da nova realidade
imposta pela emergência da Covid-19, onde para cada real
arrecadado, o Matchfunding entrava com mais dois;
2. Rede de doação e apoio mútuo de mulheres LeVila;
2 3 3. Outras iniciativas pontuais, como o apoio oferecido
pela Casas Bahia e o Grupo Pão de Açúcar;
4. Apoio direto da AdC através das doações recebidas
por muitos doadores PF no Fundo emergencial COVID 19.
Dentro das assessorias, orientamos mais de vinte empre-
endedores a aplicar em pelo menos uma das iniciativas
citadas acima. A orientação uniu saberes técnicos com
impacto social positivo.
Os envolvidos garantiram, de forma geral, a conti-
nuidade de seus negócios, geração de renda, forta-
lecimento do comércio local, doação de máscaras e
alimentos orgânicos e muita… muita conscientização!
2 , 3 . A C E S S O A O M E R C A D O - A P O I O N A C A P TA Ç Ã O D E R E C U R S O S E F O R TA L E C E N D O P R O TA G O N I S TA S
e
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
22
— E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S
David dos Santos, dono de um estúdio
musical, viu seu faturamento cair a
zero nos meses de março e abril de
2020, mas no mês de junho conse-
guiu R$12.000,00 em doações na
plataforma Benfeitoria com o projeto
Carro do Ovo Contra o Covid.
Para que toda esta reinvenção
siga caminhando é preciso de
diferentes formas de apoio. E ele
veio tanto pela confiança dos empre-
endedores para com o nosso trabalho
quanto pela confiança de institui-
ções que toparam financiar um novo
projeto em meio a uma pandemia.
O Instituto de Cidadania Empre-
sarial (ICE) é o exemplo vivo que
queremos falar! O Instituto possibi-
litou a existência do projeto “Fortale-
cendo Protagonistas”, o qual foi idea-
lizado pela AdC em junho de 2020
com o objetivo de acompanhar, por
meio de assessorias remotas, empre-
endedores que captaram recursos
(e seguem captando) por meio dos
projetos LeVila, Tide Setubal &
Benfeitoria – e possuem potencial
de gerar impacto positivo em suas
comunidades.
A equipe de assessores da AdC
acompanha de perto o gerencia-
mento desses recursos, sempre esti-
mulando a consciência das pessoas
em relação às necessidades de cada
empreendimento. Para aprender é
preciso estar aberto e ser protago-
nista. Para estes empreendedores é
mais uma oportunidade concreta de
garantir a sustentabilidade financeira
de seus empreendimentos.
E todo esse trabalho, que segue
a todo vapor, só foi possível devido
a parceria com o Instituto de Cida-
dania Empresarial (ICE), uma orga-
nização da sociedade civil sem fins
de lucrativos, que atua na articulação
de líderes e no fomento de iniciativas
transformadoras, com foco em gerar
impacto social positivo na população
de baixa renda.
2 , 3 . A C E S S O A O M E R C A D O - A P O I O N A C A P TA Ç Ã O D E R E C U R S O S E F O R TA L E C E N D O P R O TA G O N I S TA S
David Maderit - Estúdio de Música, Brasilândia/SP.
Maria Alcione e Wagner Felix - Projeto
“Costurando Proteção”, Morro Doce/SP. Oseni da Silva - Bolos e doces, Santana da Parnaíba/SP.
Encerramento do projeto “Fortalecendo Protagonistas”.
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Crescendo em Rede
Realizado em 2020, o projeto Crescendo em Rede
foi o primeiro projeto robusto da Aventura de Construir
em formação de empreendedores de impacto social
de periferia. Concebido e desenhado em parceria
com o Insper e a consultoria de impacto Catálise
Social para desenvolver a metodologia utilizada.
Foram disponibilizadas 100 vagas
para participar da formação, que aconteceu
de forma totalmente online. A primeira fase
da capacitação foi composta por 12 encon-
tros ao longo de seis semanas. Após essa fase,
foi iniciado um período de assessorias em
grupo, com foco em apoiar os participantes
na inscrição no edital interno do projeto, que
concedeu8prêmioscapital-semente(variaram
entre R$ 3 mil e R$ 10 mil). Os selecionados
ainda receberam outras 6 semanas de assesso-
rias individuais.
Para colocar em prática a democrati-
zação do sistema de negócio de impacto
social é fundamental repensar a maneira
como a solução vem sendo construída - é
imprescindível evitar a lógica do fazer-para,
com soluções pré-concebidas, caminhando
rumo a um fazer-com e, principalmente, valo-
rizando as propostas de soluções daqueles que
vivenciam os problemas analisados. Para iden-
tificar os problemas e idear soluções, é preciso
treinar nosso olhar, por isso o Crescendo em
Rede existe. Trata-se de um conhecimento
que se expande para alcançar novos objetivos
de acordo com a jornada pessoal de cada um,
lançando mão de um método para enxergar
problemas e potenciais soluções.
4 “Temos uma natureza
muito comum de pensarmos
soluções de formas preci-
pitadas, somos enviesados
por experiências passadas,
tecnologias que somos mais
familiarizados, o que nos leva
a trazer soluções prontas.
O design nos convida para
entender o problema”
Vinícius Picanço, professor de
Operações e Sustentabilidade do Insper
4 . C R E S C E N D O E M R E D E
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O Design Thinking foi o método que
suportou as atividades do Crescendo em
Rede. Na prática, o design ajuda a entender
problemasepensaremsoluçõespormeiode
dinâmicas, reflexões internas e atividades.
É muito comum que pessoas distantes
das realidades periféricas criem negó-
cios para esse público. A proposta do
Crescendo em Rede é o contrário disso.
“A intenção com o design é que as
próprias pessoas que sofrem o problema
possam criar soluções para ele”, diz Tomaz
Vicente Santos, co-fundador da Catálise
Social.
Trazer o design para a frente das solu-
ções é a premissa da construção do projeto.
“Temos uma natureza muito comum de
pensarmos soluções de formas precipi-
tadas, somos enviesados por experiências
passadas, tecnologias que somos mais
familiarizados, o que nos leva a trazer
soluções prontas. O design nos convida
para entender o problema”, reflete Vinícius
Picanço, professor de Operações e Susten-
tabilidade do Insper e também responsável
pela metodologia do Crescendo em Rede.
Além disso, os responsáveis pela
metodologia afirmam que a empatia, o
processo de diálogo e a escuta são os
principais norteadores das oficinas,
que também teve como base os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável, da ONU.
Após as fases de capacitação e asses-
soria em grupos, foi iniciado o período de
análise das inscrições e deliberação sobre
aqueles que seriam contemplados. Para a
tarefa, foram acionados parceiros estraté-
gicos da AdC, que compuseram uma banca
de avaliação composta por membros da
academia, setor privado e fomentadores
do ecossistema.
A escolha dos membros da banca
examinadora se deu em respeito àquelas
pessoas que marcaram e ainda marcam
a trajetória da Aventura de Construir no
espaço de impacto social. O diálogo com
diferentes vozes do ecossistema possi-
bilitou a construção de uma banca
diversa, com olhares da academia, com
a presença de Vinícius Picanço (Insper)
e Edgard Barki (FGV), do corporativo
Luis Fernando Guggenberger (Vedacit
– Sustentabilidade), das empreendedoras
sociais Adriana Barros (ABarros Editora)
e Taynara Alves (InQuímica) e vozes de
fomentadoras de impacto social Bruno
Rizardi (Catálise Social), Vivianne Naige-
borin (Fundação ARYMAX) e Mariana
Almeida (Fundação Tide Setubal).
Da análise minuciosa dos 25 projetos
finais, foi unânime entre os avaliadores a
qualidade percebida entre os projetos e a
maneira como seguiam as tendências do
ecossistema de impacto em seus desenvol-
vimentos e temas. “Um aspecto muito
interessanteeanimadoréveroempre-
endedorismoperiféricoantenadocom
as tendências mais importantes nesse
momento de transição que vivemos.
Então pudemos ver projetos que falam
de economia circular, de alimentação
saudável, sustentabilidade ambiental, e
pudemos ver projetos que falam de dois
mercadosmuitoimportantes,datecnologia
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e da saúde e cuidados” compartilhou
Vivianne.
O legado do Crescendo em Rede é
multifacetado. A experiência do projeto
nos levou, no dia 9 de setembro de 2021,
junto à Catálise e ao Insper, para a edição
de 2021 do ISIRC (International Social
Innovation Research Conference, ou
Conferência Internacional de Pesquisa
de Inovação Social, em português). O
evento foi organizado pela Universidade
Católica do Sagrado Coração, de Milão,
Itália, e teve como tema “Possibilitando
a mudança! Inovação social e empresas
para um futuro melhor”.
Participando remotamente do evento,
Luiza Kormann, consultora da área
técnica da AdC, e Tomaz Vicente, co-fun-
dador da Catálise, falaram em uma das
sessões paralelas do evento, intitulada
“Novas Abordagens para Inovação Social:
Design Thinking e Além”. No painel, foi
apresentado um relato do projeto Cres-
cendo em Rede (também realizado em
parceria com o Insper) já que um dos
objetivos era a troca de experiências
sobre o uso de ferramentas de design
com projetos de educação, lidando com
microempreendedorismo. Na fala, Luiza
e Tomaz apresentaram a experiência no
Crescendo em Rede sobre o uso de ferra-
mentas de design e, especificamente,
do conceito de desvio positivo, além de
outras ferramentas utilizadas para estru-
turaçãoeadaptaçãodeempreendimentos
de impacto social periféricos. Na abor-
dagem utilizada, se busca promover a
mudança via reprodução e adaptação
daquilo que já vem dando certo em
dada comunidade, e não simplesmente
analisando os problemas existentes em
busca de “reinventar a roda”.
Desta experiência nasce o sistema de
avaliação de impacto para negócios de
impacto social de periferia que seguimos
aplicando semestralmente a um grupo de
negócios de todo o Brasil, aprimorando
a metodologia e ampliando a aplicação a
mais negócios interessados.
4 . C R E S C E N D O E M R E D E
David Maderit - Estúdio de Música, Brasilândia/SP.
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Rede Avante Empreendedor
Tendo como premissas o trabalho em equipe, a colaboração e
a manutenção de um espaço seguro, participantes do projeto
Crescendo em Rede estabeleceram, entre si e com a equipe
Aventura de Construir, laços que potencializam suas trajetórias.
Uma das grandes dores do empreender, o sentir-se só em suas dificuldades e dúvidas,
é posto em cheque quando trocas são possibilitadas. O projeto contou com participantes
das cinco regiões do país, de periferias urbanas e rurais. Logo, tal identificação não era
algo esperado. Se deu de tal forma que não poderia ser ignorada, mas sim estimulada.
A Avante Empreendedor
Assim, em março de 2021 realizamos o primeiro
encontro pós Crescendo em Rede tendo como
tema “A potência das redes” com a condução do
professor diretor do Centro de Empreendedo-
rismo da FGV e nosso parceiro, Edgard Barki.
A partir deste encontro demos início a um
processo de co-construção com os empreen-
dedores para a formação de uma rede na
verdade já estabelecida em laços. Coube a
nós da AdC a condução do processo pelo qual
definiram a frequência dos encontros, seus
temas e o nome da rede: Avante Empreendedor.
O objetivo é aprofundar temas especí-
ficos e conhecimentos, compartilhando
experiências dos microempreendedores
que participam. Desta forma as perguntas
de um fortalecem outros e as experiências de
alguns se tornam fator de construção para
outros.
A Aventura de Construir facilita este espaço
e eventualmente oferece especialistas que
podem ajudar a tratar os temas durante os
encontros mensais que se realizam. Porém,
os protagonistas deste espaço são os próprios
microempreendedores.
5
Eventos mensais:
Resenhas
Empreendedoras
Todos os meses o Avante se encontra
para as Resenhas Empreendedoras,
evento online fechado para os partici-
pantes da rede, que passou a contar
com empreendedores de outros projetos
da Aventura, além da realização de
Resenhas em parceria com a ANIP.
Os temas dos encontros são definidos
por meio de votação e, a partir do tema,
são convidados para conduzir a Resenha
dois participantes de acordo com suas
expertises e trajetórias particulares.
Partindo da experiência concreta dos
empreendedores convidados em um
espaço seguro para participação de
todos, o resultado é, nas palavras deles:
“A troca de experiências é sempre
maravilhosa. Poder conversar com
pessoas de diferentes áreas de atuação
profissional e poder contar resultados
a partir de experiências é muito
especial” fala uma das participantes.
5 . R E D E AVA N T E E M P R E E N D E D O R
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Compartir Vedacit
Em parceria com o Instituto Vedacit, mobilizamos
colaboradores da empresa para atuarem como
mentores, doando parte de seu tempo de trabalho
para microempreendedores acompanhados pela AdC.
O chamado “Compartir Vedacit”
trouxe para a AdC grandes aprendizados,
gerou valor concreto para os empreen-
dedores e fortaleceu o senso de perten-
cimento entre colaboradores Vedacit.
No projeto utilizamos nossa tecno-
logia social, o método de trabalho
AdC aplicado ao processo de asses-
sorias, como base para a formação e
acompanhamento dos voluntários.
Sabemos o quanto o dia-a-dia corpo-
rativo é corrido, razão pela qual toda
jornada foi preparada de forma a valo-
rizar e otimizar o máximo possível a
troca entre empreendedor e voluntário,
garantindo assim o atendimento dos
objetivos centrais do projeto:
Capacitar microempreendedores
a utilizar diferentes ferramentas de
gestão de negócios; e desenhar solu-
ções personalizadas que respondessem
às problemáticas e dificuldades do
negócio identificadas por cada volun-
tário em conjunto com a equipe AdC.
A gestão geral envolveu, logo de
cara, a pergunta: como melhor atender
as necessidades dos empreendedores e
melhor aproveitar o tempo dos volun-
tários? Em tempos de Tinder e Casamento
6 Foram
58
assessorias no
período, contabilizando
um total de mais de
115
HORAS
doadas pelos
colaboradores Vedacit,
que tiveram uma média
de 3,8 assessorias
por voluntário.
6 . C O M PA R T I R V E D A C I T
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às Cegas esse questionamento inicial se
transformou em: como dar match?
O Instituto Vedacit apostou conosco
nessa nova tecnologia: mapear as habi-
lidades e conhecimentos dos volun-
tários de um lado e as necessidades
dos empreendedores de outro para
gerar, através dos dados coletados, as
conexões mais propícias.
A inovação testada resultou em
processos de assessoria efetivos em
resultados ao mesmo tempo que esti-
mulantes para ambas as partes, uma vez
que havia sinergia entre empreendedor e
voluntário.
Da parte dos voluntários, percebemos
em seus relatos a valorização de encarar
outras realidades, refletir e buscar solu-
ções para problemas diferentes e colocar
a mão na massa fazendo a diferença para
o outro.
É o voltar ao trabalho com um novo
olhar, ainda exercitando o gerencia-
mentodetemponaprofissão.Alémdisso,
foi notável o senso de pertencimento e
orgulho em fazer parte de uma empresa
que coloca em prática seus ideais.
Os empreendedores sublinham a
importância da forma estruturada
de se trabalhar trazida pelos volun-
tários Vedacit, conseguindo realizar
muito mais com o destrinchar dos
grandes objetivos.
Palavras como: foco, metas, organi-
zação e planejamento aparecem recor-
rentemente em suas falas. Em parte
dos processos, voluntários prepararam
planilhas financeiras especificamente
para as necessidades da empresa.
Outros evoluíram a elaboração de seus
Planos de Negócio, enquanto outros
projetos no papel desenvolveram seus
modelos de negócios.
Prática de discurso de vendas, iden-
tificação de diferenciais competitivos,
mapeamento de objeções… As entregas
foram muitas porém, mais do que
entregas, Compartir foi sobre trocas.
“A troca de experiências é sempre
maravilhosa. Poder conversar
com pessoas de diferentes áreas
de atuação profissional e poder
contar resultados a partir de
experiências é muito especial”
6 . C O M PA R T I R V E D A C I T
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Reciclando Oportunidades
O projeto “Reciclando Oportunidades”, desenhado em parceria com a Fundação
Tide Setubal, tem como objetivo central acompanhar a incubação, aceleração e
gerenciamento de uma franquia de ecoponto de reciclagem administrada por uma
família de microempreendedores na periferia Leste de São Paulo, no Jardim Lapenna.
O objetivo do projeto, ainda em execução,
é fornecer capacitação ao longo da jornada empre-
endedora da Márcia, proporcionando a oportuni-
dade de crescimento nos aspectos pessoal e profis-
sional, catalisando o impacto em sua formação
como “eu-protagonista”. A partir disso, gerando
desdobramentos em sua própria família e entorno,
através da multiplicação dessa transformação
interna – este que por sinal, é um dos pontos de
métodos da AdC (atuação com visão G-local).
A AdC tem como responsabilidade o acompa-
nhamento da Márcia (e das pessoas de sua família
envolvidas no negócio) no processo pré empreendi-
mentoatéoseudesenvolvimentoeaceleração.Este
trabalho tem sido realizado através de assessorias
semanais (presencial e online), traçando um fio
condutor desde a formação humana inte-
gral até o fortalecimento de temas técnicos
voltados para o novo negócio.
Ela atua com o seu esposo Anderson na área de
reciclagem informal há mais de 8 anos, coletando
materiais recicláveis e os revendendo no ferro velho.
Dependendo do momento que a família vivencia,
os filhos eventualmente os ajudam.
Ao longo dos 7 meses de trabalho, um dos
maioresdesafiosfoioatrasodainauguraçãodonovo
negócio (franquia) por motivos que fugiam do seu
controle. Atrelado a isso, haviam diversas questões
queestavamsendoenfrentadasemsuasaúdefísica,
emoções e família que acentuavam a situação.
Diante deste cenário, as assessorias eram, mais
uma vez, a partir da realidade que estava proposta.
O trabalho foi focado no desenvolvimento humano
integral com maior força no início e com a criação
de um espaço seguro. Com um relacionamento
de confiança estabelecido, pontos como gerencia-
mento das emoções (identificar e como lidar) e
atitudes protagonistas (focar na solução ao invés
do problema, saber dizer não, pedir ajuda quando
necessário, etc) tiveram destaques fundamentais
de fortalecimento nessa jornada.
Os temas de característica técnica foram sendo
introduzidos de acordo com a necessidade e aber-
tura, sendo planejamento o de maior ênfase,
seguido de orçamento doméstico e classificação de
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7. R E C I C L A N D O O P O R T U N I D A D E S
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despesas. Eles são essenciais nessa cons-
trução, tendo aplicação prática no dia a
dia da casa, estabelecendo conexão para o
empreendimento.
Com certeza, a inauguração do empreendi-
mento foi uma imensa conquista, acontecendo
neste mês de janeiro de 2022. Afinal, foram ao
todo pouco mais de 6 meses de espera até a
sua abertura de fato.
Contudo, essa conquista tem um gosto
ainda melhor em vista dos crescimentos no
decorrer do trabalho pré inauguração. Nele,
foi constatado a maior maturidade e auto-
nomiadaMárciacomrelaçãoassuasemoções
e necessidades, uma maior busca por conhe-
cimento e esclarecimento de assuntos que
tinha medo, e até mesmo o protagonismo de
fazer um discurso, de última hora, em público
para uma reunião de bairro e engajar pessoas
da comunidade em seu negócio, visando o
desenvolvimento sustentável ambiental e
econômico do entorno e famílias, através de
renda, parcerias e conscientização.
Com as ferramentas aprendidas, Márcia,
juntamente com uma de suas filhas e enteada,
estruturaram a primeira viagem em família.
Planejaramaviagemdesdedestinoatédivisão
de tarefas e formas de levantar o recurso. Em
um mês e três dias, arrecadaram mais do que
o dobro de renda que tinham com relação
ao mês passado. Nessa ação em conjunto,
puderam realizar a viagem em família,
passando o final de semana na praia com
pelo menos 19 familiares (bebês e crianças
inclusos). A maior lição aprendida por ela foi
“eu vi que posso acreditar, que posso realizar
os meus sonhos”.
A jornada continua, com o empreendi-
mento aberto, os novos desafios batem à
porta constantemente, assim como a trans-
formação e crescimento seguem firmes. Com
alegria e força, a Márcia tem conseguido
enfrentar cada empecilho, reconhecendo
quando precisa de ajuda, trazendo novas
ideias e buscando aprender ainda mais
para o desenvolvimento da sua empresa.
Na medida que novos passos são dados e
conquista novos espaços, sua própria família
passa a acreditar também no seu sonho, reco-
nhecendo o que está tomando forma.
7. R E C I C L A N D O O P O R T U N I D A D E S
Márcia Silva - Franquia Coletando, Jardim Lapenna/SP.
Anderson Roberto - Franquia Coletando, Jardim Lapenna/SP.
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Campanhas Aventure-se
e Aventure-se II
Nos anos de 2021 e 2022, diversos rostos
conhecidos pela Aventura de Construir estamparam
cartazes expostos nas linhas amarela e lilás do
metrô de São Paulo. Trataram-se das campanhas
Aventure-se e Aventure-se II, realizadas em
parceria com a ViaQuatro e ViaMobilidade.
Na campanha de 2022, por meio de
10 cartazes diferentes, espalhados por
26 estações, evidenciamos os desafios
enfrentados por empreendedores da peri-
feria, que foram identificados por meio
de pesquisa que realizamos em parceria
com a Catálise Social. E como resposta
a esses desafios, apresentamos exem-
plos positivos de protagonistas aten-
didos pela AdC e seus negócios.
Todos esses cartazes só “ganharam
vida”,pormeiodotrabalhodaONComuni-
cação, que realizou a impressão, instalação
e fez a manutenção das mídias físicas nas
estações. Sempre mostrando uma sensibi-
lidade para causas sociais, Marco Antônio
Ortega comanda a empresa desde 2000.
Nas palavras de Ortega:
“É uma oportunidade para pequenos e
médios empresários, para fazer com que
8
8 . C A M PA N H A S AV E N T U R E - S E E AV E N T U R E - S E I I
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tenham novos profissionais por aí. Tem muita
gente de talento que não têm oportunidade.
Como o programa The Voice, em que muitos só
são descobertos por ganhar uma oportunidade,
um empreendedor pode ter talento mas não
conseguir se destacar se não tiver uma ajuda.
A maioria das pessoas que querem oportuni-
dade não desperdiçam, acabam deslanchando
quando a recebem. Tem vários casos de sucesso
por aí. Acho esse trabalho muito importante
e muito bacana para todo mundo, para o país,
para a sociedade e para o futuro.
Eu vejo com bons olhos esse trabalho e
vou reparar na campanha quando passar nas
estações.”
Relato de David Maderit: “Participar da
campanha trouxe uma visibilidade pro
negócio que não seria possível sem a ajuda
da Aventura de Construir. A sensação de
reconhecimento é um passo a mais na jornada
de transformar o Beat Orgânico Áudio Solu-
ções em um empreendimento sólido, próspero
eduradouro,com amissãodeajudarosartistas
e trazer novas oportunidades para a periferia.”
8 . C A M PA N H A S AV E N T U R E - S E E AV E N T U R E - S E I I
Sandra Maria, Valdenir e Dara Silva - Hamburgueria, Nova Odessa/SP.
Carlos Raposo - Cafeteria, Veleiros/SP. Adriana e Arthur Barros - Editora, Casa Verde/SP.
Vagner Pinheiro - Cutelaria, Nova Odessa/SP.
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Fundo Patrimonial AdC
Em 2019, foi sancionada a Lei 13.800, regulamentando fundos de endowment, ou Fundos
Patrimoniais, no país. Desde então “ligamos as antenas” para o tema, que poderia apoiar a
instituição, especialmente pensando na sustentabilidade financeira de longo prazo da AdC.
A partir de 2020 começamos a estudar de
forma sistemática o tema dentro da instituição de
forma transversal: desde a Diretoria, Conselho
Consultivoedemaisórgãosdiretivos,atéacoorde-
nação geral da Aventura e áreas operativas como
Sustentabilidade e Comunicação foram envol-
vidas nas etapas de pesquisa, reuniões, tratativas
e decisões estratégicas.
Foi entendido que a criação de um fundo pa-
trimonial, primeiramente, estaria alinhada
aoEstatutodaAdC, onde lê-se:
“(...) - promoção do desenvolvimento econô-
mico e social e combate à pobreza
- experimentação, não lucrativa, de novos
modelossocioprodutivosedesistemasalternativos
de produção, comércio, emprego e crédito (...)”
Iniciaram-se então os trabalhos nesse sentido
em 2021, quando começamos, embrionariamente,
a “deixar separados” recursos, pensando no futuro
fundo patrimonial da Aventura de Construir, que
teve seu início em 2022, atualmente gerido pela
Ágora Investimentos, e é o primeiro fundo patri-
monial nacional operando diretamente sobre a
missão de desenvolvimento territorial inclusivo.
O panorama geral ainda é recente e são poucos
os fundos patrimoniais brasileiros - 52 mapeados
no Panorama dos Fundos Patrimoniais Brasileiros
pelo IDIS, em publicação de mesmo nome, lançada
em 2022. A questão foi deixada de lado por muito
tempo no país, mesmo considerando que em 2022
o país passou a ter mais de 60 bilionários nacio-
nais: 62 indivíduos ou famílias acumulam fortunas
acima de 1 bilhão de dólares segundo o 36º ranking
anual da Forbes das pessoas mais ricas do planeta.
A legislação de 2019 garante a seguridade para que
doadoresexploremas-aindamuitopoucas-opções
de fundos. É perceptível a ascensão da pauta, espe-
cialmente a partir dos anos 2000 e especialmente
a partir da década de 2010, nota-se, por exemplo, a
partir da criação dos fundos listados pelo IDIS em
sua publicação anteriormente mencionada, dos 52
fundos, 36 surgiram de 2010 em diante.
Entendemos que esta é uma oportuni-
dade de liderarmos uma iniciativa pioneira
no Brasil e construir um legado no tempo,
em conjunto, em um contexto de franca expansão
e crescimento de interesse e engajamento em
doações para causas sociais.
9
9 . F U N D O PAT R I M O N I A L A D C
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
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Pontes com mídias / eventos do terceiro setor
O trabalho realizado pela AdC não é possível sozinho. Dentro de um cenário
de mais de 14 milhões de desempregados, uma alta taxa de negócios
informais e milhões de MEIs (Microempreendedor Individual) no Brasil
inteiro, a AdC necessita de parcerias para impactar positivamente
os empreendedores atendidos. Nesse sentido, vemos que um grande
papel exercido pela nossa instituição é o de construtora de pontes.
Essa perspectiva vai ao encontro com o ODS
17, da ONU, que fala sobre Parcerias e Meios
deImplementação.Damesmaforma,umdos
pontos do método de trabalho da Aventura de
Construir propõe “Atuar em rede, criando
pontes e fortalecendo trabalho conjunto
entre os beneficiários”. Ou seja, construir
pontes faz parte da essência da AdC.
De um lado, estão as empresas, muitas já
com trabalhos importantíssimos realizados
pelos seus institutos, e uma nítida respon-
sabilidade social corporativa. E em paralelo
ao mundo empresarial, está o mundo acadê-
mico, que forma os profissionais do futuro
e produz ciência que irá beneficiar a todos.
Todavia, no outro lado se encontra a Periferia
e seus empreendedores, clientes e forma-
dores de opinião. Mesmo que possam existir
conexões entre os diferentes mundos, ainda
há um abismo que separa boa parte dessas
realidades. Por isso, a importância da Aven-
tura de Construir edificar essas pontes e agir
como uma intermediadora destes mundos é
gigantesca.
10
1 0 . P O N T E S C O M M Í D I A S / E V E N T O S D O T E R C E I R O S E T O R
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“Vivendo essa
aventura de construir
pontes e parcerias,
conseguimos unir
diferentes perspec-
tivas para olhar a
realidade e responder
a tantos novos e
gigantes desafios.”
Alguns exemplos
aconteceram em
outubro de 2021.
No dia 6, Luiza Kormann, consultora
da AdC, participou de um encontro
sobre Voluntariado Empresarial e
Empreendedorismo Social, organi-
zado pelo GEVE, o Grupo de Estudos
de Voluntariado Empresarial. Na
ocasião, foi compartilhada a experi-
ência do projeto de Compartir Vedacit,
que consiste em assessorias de volun-
tários da Vedacit para empreende-
dores da periferia, sempre com acom-
panhamento da nossa equipe. Tanto
no projeto, quanto no painel em si, há
uma troca de ideias e experiências que
elevam o potencial de cada um.
Já nos dias 6, 7 e 8 de outubro de
2021, foi realizada a Semana de Empre-
endedorismo da FECAP (Fundação
Escola de Comércio Álvares Penteado)
que teve a parceria da Aventura de
Construir nos dois primeiros dias.
Com a participação de empreende-
dores acompanhados pela AdC, como
Adriana Barros, Amen Khalil, Amanda
Gonçalves, Vagner Pinheiro e Natália
Guasso, foram realizadas lives, nas
quais os convidados debateram sobre
empreendedorismo e a inovação sob
vários prismas.
TambémemparceriacomaFECAP,
foi realizada uma ação de produção e
divulgação de artigos escritos pelos
alunos da instituição, sobre empre-
endedorismo social e o trabalho da
AdC. Com apoio do professor Edson
Barbero e de Rodrigo Fadelli, foi
criada uma atividade complementar
voluntária para os alunos do curso de
administração, para que os estudantes
do primeiro semestre produzissem
textos relacionados ao nosso trabalho.
O objetivo foi aproximar esses alunos
de experiências da vida real, em situa-
ções de vulnerabilidade. Já em 2022, a
parceria com a instituição se deu por
meio da Benjamin - Agência Experi-
mental FECAP, na qual as estudantes
de Relações Públicas participantes
produziram conteúdos sobre comuni-
cação institucional, relacionando com
os projetos e trabalho da AdC.
Confiamos nos nossos parceiros
eseguimossempreestecaminhode
unirmundos,intermediarrelações
e, assim, alcançar nossa missão de
apoiar o crescimento pessoal e a
transformação socioeconômica de
microempreendedores de baixa
renda da periferia e promover o
desenvolvimento territorial local
e inclusivo. Vivendo essa aventura
de construir pontes e parcerias, conse-
guimos unir diferentes perspectivas
para olhar a realidade e responder a
tantos novos e gigantes desafios. Como
escreveuMarcelProust,“Aúnicaverda-
deira viagem para uma descoberta não
consiste na busca de novidades, mas
em saber observar com olhos novos”.
1 0 . P O N T E S C O M M Í D I A S / E V E N T O S D O T E R C E I R O S E T O R
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
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— T R I L H A C O M P L E TA
Capítulo 3
TRILHA
COMPLETA
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
37
— T R I L H A C O M P L E TA
A trilha completa é aquela que
envolve as 4 frentes de atuação AdC
e é adaptada, inicialmente, de acordo
com o público a ser desenvolvido:
Aceleração
PÚBLICO: possui um
empreendimento
➀ Conexão;
➁ Diagnóstico;
➂ Validação;
➃ Construção de
Plano de Negócios;
➄ Pré-mercado;
➅ Acesso ao mercado
Incubação
PÚBLICO: possui uma ideia
de empreendimento
➀ Conexão;
➁ Ideação;
➂ Público-alvo;
➃ Prototipação;
➄ Suporte operacional
e estratégico;
➅ Habilidades interpessoais;
➆ Planejamento dos
próximos passos
Após o primeiro recorte feito de acordo com o nível de
maturidade do empreendimento, a jornada de acompanha-
mento Aventura de Construir para negócios de impacto social
de periferias ainda pode ser adaptada de acordo com necessi-
dades/demandas projetuais por parte dos financiadores,
tratando um público-alvo mais delimitado (de um território,
segmento ou outras características específicas).
Cada uma das Trilhas possui tempo mínimo de
execução estipulado em 6 meses. No caso de inves-
tidores necessitarem de um ciclo menor que 24
semanas para a realização do projeto, ele poderá:
Co-financiar uma trilha (ficando como
financiador de fases específicas)*;
Desenhar um projeto específico com a
equipe de Sustentabilidade da AdC.
*Visando sempre a melhor experiência dos participantes, Aventura de Construir
reforça que as jornadas só serão iniciadas mediante financiamento completo (no
caso de cofinanciamento, só é dado início uma vez todas as fases financiadas).
Para ambas as trilhas é indicado
um número máximo de 30
empreendimentos participantes.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
38
— T R I L H A C O M P L E TA
Incubação
O objetivo da trilha de
incubação da jornada
de acompanhamento
Aventura de Construir
para negócios de impacto
social de periferias é tirar
uma ideia do abstrato e
trazê-la à realidade.
PÚBLICO:
pessoas de
periferias
(urbana ou rural)
que queiram
empreender com
impacto social
PERÍODO:
06
meses
Fase Objetivo Período mínimo
Conexão Estabelecimento de acordos e criação de espaço seguro de
aprendizagem. Trazer mais intimidade entre participantes
1 semana
Ideação Identificação dos problemas da comunidade; pesquisa
de mercado (oportunidades); análise concorrentes
4 semanas
Público-alvo Desenho de personas; proposta de valor e diferen-
ciais; definição de hipótese; validação de hipótese
4 semanas
Prototipação Jornada do cliente/usuário; construção
de MVP; validação MVP
8 semanas
Suporte operacional
e estratégico
Modelo de receitas; contabilidade; preci-
ficação; ponto de equilíbrio
4 semanas
Habilidades
interpessoais
Pitch; marketing; mapeamento objeções
de vendas e retornos
2 semanas
Planejamento
próximos passos
Motivacional; planejamento contínuo; indicação acelerações 1 semana
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
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— T R I L H A C O M P L E TA
Protagonistas que percorreram a Jornada
A curitibana Amanda Gonçalves é uma voz
bastante ativa nos espaços de proteção à igualdade racial
e cultura negra na capital paranaense, tendo atuado como
conselheira de Igualdade Racial municipal de 2019 a 2022.
Sua trajetória pessoal de imersão e apropriação
da cultura afro a levou a fundar o Tabuleiro Odara,
empreendimento social que busca apresentar a
panificação como alternativa de renda a mulheres
periféricas que necessitam de uma fonte de sustento,
inicialmente realizado no terreiro de candomblé yle Ase
alaketu Oya segun.
Com formação e experiência profissional em gastro-
nomia, Amanda oferece os cursos de panificação e conta
com uma equipe multidisciplinar para apoiar as partici-
pantes (administração, comunicação, design, pedagogia,
nutrição e apoio psicológico individual ou em grupo).
O Tabuleiro resgata a atividade ancestral de mulheres
africanas escravizadas em terras brasileiras, que vendiam
seus quitutes em tabuleiros como forma de sustento e
apoio coletivo.
O relacionamento com a Aventura de Construir se
iniciou com a participação de Amanda e Patrícia Pereira
no projeto Crescendo em Rede. Desde então elas partici-
param de outros projetos, assim como da rede de empre-
endedores Avante Empreendedor.
DentrodoprojetoCompartirVedacit,Amandarecebeu
o suporte para uma mudança estrutural no empre-
endimento, ocasionados por eventos adversos. O
curso original para 10 mulheres acontecia no espaço
embaixo da casa de Amanda – que foi reformado como
cozinha. Atualmente em um apartamento menor,
foi necessária uma reformatação no curso para uma
versão pocket, com duas participantes por vez. Para
isso foi importante um planejamento cuidadoso
e valorização dos pequenos passos para que a
empreendedora não se desanimasse.
Para a geração de capital, Amanda organizou uma
rifa, tendo como prêmios utensílios da cozinha original
que não puderam ser levados para a nova casa. Além
disso, ela contou com o apoio e entusiasmo do volun-
tário Vedacit, que preparou uma tabela otimizada
para organizar o planejamento financeiro do empre-
endimento, aproveitando o momento da assessoria para
demonstrar suas funcionalidades. Desde então, Amanda
vem utilizando sistematicamente.
A M A N DA G O N ÇA LV E S -
TA B U L E I R O O DA R A
Amanda Gonçalves e parceiros.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
40
— T R I L H A C O M P L E TA
O projeto Trançamor nasceu, como o nome indica, com
o olhar para o cabelo. Mais especificamente para apoiar a tran-
sição capilar de mulheres. A trancista Evelyn Daisy, moradora
deChácaraSantana,periferiasuldeSãoPaulo,contaque,aquilo
que começou pelos fios, se desdobrou para um apoio integral
à saúde de populações em situações de vulnerabilidade.
Atransiçãocapilaré,naprática,umprocessodeabandonode
químicas de alisamento para retornar o cabelo a sua curvatura
natural. Mas para mulheres pretas é um processo que mexe com
várias áreas, mexe com a saúde mental. Não sendo psicóloga,
Evelyn chamou psicólogos (alguns voluntários, outros pagos)
para dar suporte às mulheres que atendia. A partir desse ponto,
e então já em um contexto de pandemia da Covid-19, perce-
beram que essas pessoas precisam comer. E, já que estavam
falandodesaúde,aatençãosevoltaparaaqualidadedesses
alimentos, de comida boa, sem veneno. Pela alta demanda,
não é todo mundo que faz comida para pessoas de vulnerabili-
dade que pensa na qualidade da comida, a prioridade cessa em
saciar a fome. E assim, desde 2021 o Trançamor se transformou
em uma cozinha social.
Sendo um dos projetos contemplados pelo capital-semente
do Crescendo em Rede, a empreendedora social vem ganhando
espaço e relevância no ecossistema, tendo passado pela acele-
ração da Gastromotiva e agitando o ecossistema.
Hoje, o Trançamor Cozinha prepara e entrega de 1500 a
2000 marmitas por mês para famílias da periferia e pessoas em
situação de rua, além da realização de feiras gratuitas de orgâ-
nicos onde são distribuídos entre 300 e 500 quilos de frutas,
verduras e legumes para a comunidade de nosso território na
região do Jardim São Luis.
E V E LY N DA I SY -
P R O J E TO T R A N Ç A M O R
Protagonistas que percorreram a Jornada
Evelyn Daisy e marido.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
41
— T R I L H A C O M P L E TA
Aceleração
O objetivo da trilha de
aceleração da jornada
de acompanhamento
Aventura de Construir para
negócios de impacto social
de periferias é alavancar o
empreendimento existente.
PÚBLICO:
pessoas de
periferias (urbana
ou rural) que
possuam negócio
de impacto social
PERÍODO:
06ou 08
meses
Fase Objetivo Período mínimo
Conexão Estabelecimento de acordos e criação de espaço seguro de
aprendizagem. Trazer mais intimidade entre participantes
1 semana
Diagnóstico Assessoria individual inicial com consultor AdC;
mapeamento propósito, diferenciais, carro-chefe e
persona; definição de indicadores do negócio; desenho
de roadmap do processo de aceleração
5 semanas
Validação Ciclo construir-medir-aprender (customer/
market fit) 2 rodadas com grupo teste
4 semanas
One Page Elaboração do One Page do empreendimento em partes
(Sobre; O que Fazemos; Como fazemos; Difrenciais;
Resultado; O que vem por aí; Contatos)
2 semanas
Plano de Negócios Elaboração do Plano de Negócios em 5 partes (Sumário
Executivo; Análise de Mercado; Plano de Marketing; Plano
Operacional; Plano Financeiro; Considerações Finais)
10 semanas
Pré-mercado Template e projeções financeiras (cenários);
processo de precificação; funil de vendas;
métricas financeiras; 5W2H;
desenho de roadmap do próximo ano
8 semanas
Acesso ao
mercado
Rodadas de pitch; evento de conexão “demo day”;
ponte entre participantes e, pelo menos, 1 conexão direta de mercado
4 semanas
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
42
— T R I L H A C O M P L E TA
São 6 anos de existência do Coletivo Meninas
Mahin, negócio de impacto social que promove o
empreendedorismo entre mulheres negras. Carre-
gandoLuísaMahinemseunome,hojesãomaisde80parti-
cipantes, que, em sua maioria, começam a empreender por
necessidade, existindo muita insegurança. E daí a impor-
tância de apoiar esse movimento: desenvolvimento do
perfil empreendedor das integrantes, transforman-
do-asemgestorasautoconfianteseresponsáveispor
seus negócios.
Nasceu de forma orgânica em 2016. A partir da partici-
pação no projeto Itaquera do Futuro, Ednusa Ribeiro e as
demais fundadoras começaram com oficinas de turbante
e tranças. No fim do ciclo de aprendizagem decidiram
realizar uma feira de celebração e foi ali que notaram
a importância de um espaço contínuo para fortalecer o
afroempreendedorismoedisseminaraculturacomartistas
locais. O processo de amadurecimento das integrantes se
dá através de sua participação ativa nos encontros e feiras
abertas organizadas pelo Coletivo. Nesses momentos são
repassados os conhecimentos ao passo que já podem ser
praticados. Ednusa e as demais integrantes do Conselho
acompanham de perto todo o processo de venda, comu-
nicação com cliente, negociação e, juntas, crescem: é o
Ubuntu que se faz tão presente em suas falas e ações.
AdvindadalínguaBantudaÁfricaSubsaariana,Ubuntu
traduz-se para o português como: “Eu sou por que nós
somos”, e é trazido pelas Meninas Mahin com o provérbio
africano:“Sequiserirrápido,vásozinho.Sequiserirlonge,
vá em grupo.”
AcompanhadaspelaAventuradeConstruirdesde2020,
ano em que foram contempladas com capital-semente
do projeto Crescendo em Rede, as Meninas Mahin criam
vínculos e possibilitam trocas profundas de aprendizado
por onde passam.
Ednusa e as integrantes do Conselho Consultivo parti-
ciparam de ações como a distribuição de mais de 120
cartões alimentação – parte da ação junto ao Banco de
Alimentos realizada em outubro de 2021. Ednusa parti-
cipou também como mentora voluntária em assessorias
do projeto Lamberti Transforma, assim como todas as
membras se fazem presentes ativamente nos encontros do
Avante Empreendedor, rede de empreendedores AdC.
As Meninas Mahin engrandecem os espaços por onde
passameatrajetóriadeentregaprofundaparasonhosaltos
vem rendendo frutos. Podemos mencionar aqui alguns,
comooreconhecimentopelaPrefeituradeSãoPaulocomo
Selo de Igualdade Racial; Prêmio Luisa Mahin 2021; Perso-
nalidade do ano 2021/2022; Troféu Rainha Nizinga. As
parcerias são valorizadas e valorosas, como a Feira Preta,
que conta em seu e-commerce com a categoria Coletivo
Meninas Mahin, o Espaço Preta Brasileira Cultural, no Top
Center Paulista, onde o Coletivo realiza feiras periódicas,
assim como a Igreja Largo do Rosário. A mais recente
parceria é com o Centro de Formação e Pesquisa do SESC-
SP, parceria que estuda a metodologia prática das Meninas
Mahin como fonte de pesquisa. Sem deixar de mencionar
a crescente participação em eventos de formatos diversos:
• Dia do Empreendedorismo Feminino da Pepsico;
• Lançamento da campanha #CompreDelas
do Facebook;
• Encontro do Grupo de Estudos sobre
Voluntariado Corporativo para falar de sua
experiência dentro do projeto Compartir Vedacit;
E D N U S A R I B E I R O -
C O L E T I VO
M E N I N A S M A H I N
Protagonistas
que percorreram
a Jornada
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
43
— T R I L H A C O M P L E TA
“Nosso coração é a transformação de potencial turís-
tico em produto turístico. Produto que vai gerar renda e valor
paraessaspessoas.Queconstruímosescutandoaslideranças
comunitárias.” É assim que Leidson Nunes, fundador do
Roteiros Velho Chico, define a RVC (Roteiros Velho Chico).
Localizada no norte de Minas Gerais, iniciou as atividades
em 2012, especializando-se no Parque Nacional Cavernas do
Peruaçu e tudo que a região, banhada pelas águas do Rio São
Francisco,temaofereceraosturistas:aexperiênciadeconhecer
as maravilhas naturais enquanto imerso na cultura local.
A articulação em torno do potencial turístico da região
vem da paixão de Leidson pela região e seus encantos, que é
muito diferente da imagem que persiste no imaginário geral
de que seria uma região estéril, casa de pessoas em situação
de miséria. Ao passo que quebra tais estereótipos sobre
o local e seu povo, a RVC enfrenta o que entende como
problema central para o desenvolvimento da região:
a baixa renda da população e seus efeitos, como desvalori-
zação do próprio trabalho e baixa auto estima.
Ao longo dos anos, Roteiros Velhos Chico mobilizou e
mobiliza organizações locais de pequenos produtores, envol-
vendo-os na construção de roteiros turísticos que cons-
tituam um impacto real em suas rendas e produções.
Hoje conta com sete principais associações parceiras de
comunidades do entorno do Parque Nacional, que contabi-
lizam mais de 40 pessoas impactadas.
Desde 2012 a RVC já proporcionou a descoberta dos
encantos do norte de Minas Gerais para mais de 1.000
pessoas. Oferecendo roteiros turísticos de 1 a 7 dias de
duração, os visitantes adquirem uma média de 15 produtos
locais em suas estadias, injetando dinheiro nas comunidades
através de roteiros por elas pensadas e protagonizadas.
Geração de renda e trabalho, estamos falando de um
negóciodeimpactosocial!LeidsonNunesparticipouconosco
do projeto Crescendo em Rede, ao longo do qual comparti-
lhou suas experiências empreendedoras de forma extrema-
mente ativa e solicita, sendo o Roteiros Velho Chico um dos
empreendimentos contemplados pelo capital-semente Cres-
cendoemRede.Aolongodasassessoriasindividuais,Leidson
estruturou o Plano de Negócios do empreendimento.
No ano de 2019 o faturamento da RVC possibilitou que o
empreendedor criasse um caixa do empreendimento, guar-
dando cerca de 20% do faturamento total. O que possibilitou
a sobrevivência em meio à pandemia do empreendimento foi
o protagonismo e planejamento financeiro de Leidson. Com
a chegada da Covid-19, Leidson pode contar com o caixa que
consolidou.
Além disso, a RVC trabalhou criativamente em alterna-
tivasdecomplementoderendacomavendadeequipamentos
de escalada e rapel que estavam parados e o novo serviço
baseado na experiência turística de Leidson: a consultoria em
Levantamento de Potencial Turístico. É feita uma prospecção
das áreas de interesse turístico, avaliando o potencial das atra-
ções para que sejam desenvolvidos produtos turísticos. A RVC
entrega então um relatório do trabalho como forma de registro,
organização das informações e recomendações de ações neces-
sárias para a conversão do atrativo em produto turístico.
Umaempresaquemobilizaascomunidadesdeuma
região preciosa, trazendo-as ao centro da elaboração
dos produtos turísticos. Leidson assim garante que as
comunidades e, mais importante, as pessoas se entendam
como protagonistas dessa história, das vivências que os
turistas experimentam – e voltarão a experimentar -, no
Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu e região. As comu-
nidadessãotransformadasaoreceberemessesturistasquese
encantam com o estilo de vida local, artesanatos e quitutes.
L E I D S O N N U N E S -
R OT E I R O S
V E L H O C H I C O
Protagonistas
que percorreram
a Jornada
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
44
— T R I L H A C O M P L E TA
valorizar as competências e experiências dos
voluntários para que seus conhecimentos possam
sercompartilhadoséograndeobjetivodoprograma
de voluntariado da Aventura de Construir. Trata-se
de transformar os voluntários em agentes colabo-
radores do crescimento socioeconômico das comu-
nidades, assim como do crescimento pessoal de
cada um.
Contamosdesde2016comvoluntáriosoperativos
na AdC, que inicialmente participavam presencial-
mente das capacitações e assessorias. Assim como
a organização como um todo, o programa de volun-
tariado AdC se adaptou às mudanças dos últimos
anos, priorizando a atuação online. Em 2021, com o
Compartir Vedacit, estruturamos e validamos uma
experiência de voluntariado corporativo que otimi-
zasse o tempo empenhado pelos colaboradores ao
mesmo tempo que a entrega para o microempreen-
dedor fosse a mais significativa possível.
Daí nasceu a tecnologia de match de habili-
dades X necessidades: mapear as habilidades e
conhecimentos dos voluntários de um lado e
asnecessidadesdosempreendedoresdeoutro
para gerar, através dos dados coletados, as
conexões mais propícias.
Um programa de voluntariado próprio pretende funcionar
como uma ferramenta institucional para disseminar valores
como cidadania, solidariedade, ética, justiça social, tolerância
e inclusão social. Todos estes aspectos estão relacionados
à promoção de um desenvolvimento humano integral,
de modo que tanto os voluntários quanto os receptores do
voluntariado sejam beneficiados. Isso resulta em uma cadeia
onde todos os envolvidos ganham de alguma forma.
Voluntariado corporativo
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
45
— T R I L H A C O M P L E TA
Capítulo 4
APRENDIZADOS,
MENSURAÇÃO
E RESULTADOS
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
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— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
Ao longo destes anos de atuação, e dos projetos e ações descritas anteriormente, coletamos
alguns aprendizados valorosos em boas práticas com empreendedores sociais de
periferias, visando a entrega de valor aos participantes em suas jornadas protagonistas:
A proximidade com o
público é primordial para
eficácia das atividades,
tanto em disponibilidade
da equipe quanto no
fazer valer uma relação
que se estabelece
entre pessoas.
Nem entramos no assunto
escalabilidade se entendida
como uma produção
em massa: somente um
sujeito protagonista se
torna multiplicador e muda
seu entorno no tempo e,
para a geração de prota-
gonismo é necessário
acompanhamento e tempo.
Jamais tratar qualquer
tema como óbvio.
O espaço de aprendizado
seguro é vital para
o processo e nele
toda pergunta é uma
boa pergunta.
Aceleração e incubação são
processos separados por
se tratarem de demandas
diferentes, o que não
impede que os partici-
pantes se conectem - pelo
contrário, redes devem
ser estimuladas.
O processo de
aprendizado é facilitado
quando feito em grupo.
Aprofundar conceitos
a partir da explicação
ou experiência de um
par gera protagonismo,
cria referências, estreita
vínculos e vem demons-
trando maior eficácia.
Ferramentas de design são
bem vindas, sendo uma
forma de otimizar a entrega
a partir de práticas mais
mão na massa e não neces-
sariamente expositivas.
Os esforços são no sentido
de apoiar a tomada de
consciência da mudança
que aconteceu, apoiando
assim a solidificação de seu
protagonismo. Ou seja: é
recomendada atenção para
garantir o olhar, antes de tudo,
para o conteúdo e a entrega
de resultados tangíveis. A
forma deve ser um facilitador,
não o objetivo em si.
1 2 5 6
4
3
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
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— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
Mensuração de impacto
Tendo a Aventura de Construir vasta experiência com
mensuração de impacto, compartilhamos algumas dicas para
mensurar a partir de nossa experiência concreta:
➀
Defina o que se deseja medir, para gerar perguntas
que entreguem dados relevantes.
➁
Na medida do possível, defina os seus processos antes:
como lidar com valores extremos (outliers)? Como substituir
sujeitos que saem dos grupos analisados?
➂
Faça perguntas simples e com respostas objetivas: não “Você
gosta de ler?” mas “Quantos livros você leu no último mês?”
➃
Na análise, não espere dos números mais do que eles podem
oferecer: “Nem tudo o que é importante pode ser medido,
e nem tudo o que pode ser medido é importante”.
Um programa de
avaliação de impacto
aumenta a transparência
mostrando se os recursos
empenhados de fato
geraram os resultados
objetivados ou se
servem apenas para a
autoconservação da
organização pública ou
privada que os gerencia.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
48
— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
Sistema de avaliação de impacto para
negócios de impacto de periferia
O sistema de avaliação de impacto da
Aventura de Construir foi desenvolvido
em parceria com a ALTIS (Alta Escola de
Negócios da Universidade Católica de
Milão-Itália); Kellogg Institute (Estados
Unidos); e Consultoria de Ana M. Pelliano,
Professores Sérgio Lazzarini (Insper
Metricis) e Edgard Barki (FGV). O questio-
nário é aplicado desde 2015 e é composto
por16métricasem8categoriasquecobrem
controle financeiro, resultados econômicos
e iniciativas pelo meio ambiente.
Acompanhando a crescente relevância
(em recorrência e efeitos) de negócios de
impacto social nos espaços periféricos,
percebemos a inadequação de indicadores
tradicionaisparaavaliaroimpactodenegó-
cios focados em resolver problemas sociais.
Então, em 2020, estabelecemos o
sistema de avaliação de impacto para
negócios sociais de periferias AdC. O
trabalho realizado baseou-se em nossa
avaliação tradicional, a aplicação da Teoria
da Mudança para mapearmos aquilo que
buscamos alcançar (o que deveria ser
mensurado) e o estudo aprofundado de
materiais referência, num benchmark
internacional, envolvendo materiais como
o Guia Metricis do Insper Metricis, Impact
Report da E4 Impact/ALTIS, além do
acompanhamento com parceiros da área.
O resultado foi um sistema de
avaliação de impacto para negócios de
impacto social* composto por 5 catego-
riase12métricasgenéricas.Osetécomple-
mentado por uma categoria específica para
cada empreendimento de acordo com seu
propósito específico. A fonte primária de
aprendizado é a evolução temporal das
métricas, que deve ser acompanhada de
forma semestral, nos meses de abril e
outubro.
A partir da P2 (segundo momento de aplicação do questionário, levantamento de resultados e análise estatística
dos mesmos), iniciamos um trabalho de retorno com os empreendimentos envolvidos na avaliação, preparando um
relatório individual de acompanhamento ao longo do tempo nos indicadores, com pontos de destaque, recomenda-
ções e panorama geral. A ideia é empoderar os empreendedores de seu impacto ao mesmo tempo que se instrumen-
taliza a tomada de decisão, entrando na lógica
orientada por dados (data driven).
CATEGORIA MÉTRICA
#1 Meio ambiente 1) iniciativas para o meio ambiente no período
#2 Captação
de recursos
2) Recebimento (em R$) de: editais públicos ou privados,
capitais-semente, investidores-anjo, etc.
#3 Relacio-
namentos
institucionais
3) Número de parcerias ativas no período de referência.
#4 Sustentabili-
dade financeira
4) Receita no período; 5) Lucro no período;
6) Realização de previsão de orçamento para o período;
7) Acompanhamento do orçamento no período.
#5 Impacto
na Rede
8) Número de pessoas que geram renda
a partir do empreendimento;
9) Número de pessoas que trabalham a partir do empreendimento;
10) Número mulheres que trabalham a partir do empreendimento;
11) Número de ações desenvolvidas para educação financeira,
12) Número de pessoas que trabalham de forma formalizada na rede;
13) Exposição em veículos de comunicação;
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
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— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
RESULTADOS À
SOCIEDADE
Teoria da mudança
O processo de execução da Teoria da Mudança
do sistema de avaliação para uma avaliação de negócios
de impacto social pode ser visto no infográfico que segue.
Paraumamelhorcompreensãodoprocesso,valeadefi-
nição do que vem a ser a Teoria da Mudança, tal qual apre-
sentada em um dos materiais utilizados no benchmark,
o Guia Metricis da Insper Metricis: trata-se de “(...) uma
forma clara e lógica de articular a conexão entre as ativi-
dades realizadas e os resultados socioambientais preten-
didos. (...) as cinco etapas de uma teoria da mudança,
cujo mapeamento é essencial em um plano de medição:
insumos e atividades, que geram produtos ofertados à
população-alvo (outputs); os quais, por sua vez, conduzem
a resultados (outcomes) ligados tanto às atividades prin-
cipais do projeto, quanto a transformações mais amplas
para a sociedade.
Essa etapa se beneficia diretamente das etapas ante-
riores do plano: a definição dos objetivos do projeto e
da população-alvo direciona a identificação de resul-
tados mais específicos almejados, enquanto a análise
de benchmarking permite identificar quais potenciais
insumos e atividades podem ser mais efetivos para gerar
esses resultados.”
PRODUTOS
INSUMOS ATIVIDADES RESULTADOS
DAS ATIVIDADES
Geração de
trabalho e renda
Negócios
de impacto
acelerados
e contem-
plados por
capital-semente
Incubação
e divulgação
dos demais
projetos não
contemplados
AdC com
alcance nas
5 regiões de
todo o território
nacional
Criação e
fortalecimento
de negócios de
impacto social
periféricos
Criação de
rede empreen-
dedores sociais
periféricos
nacional
Banca
avaliadora
representativa
do ecossitema
Parceiros
participativos
Voluntários
engajados
Equipe
qualificada
Recursos
tecnológicos
Estruturar
edital, critérios
de avaliação e
conduzir banca
examinadora
Estimular
engajamento de
inscritos(as)
Organizar
e conduzir
assessorias
individuais
temáticas
Estruturar
e conduzir
assessorias em
grupo com base
na metodologia
AdC
Adaptar
conteúdo a
linguagem a
aulas online
Participantes
melhoram em
comunicação,
captação e
administração
Participantes
participam de
outros editais,
acelerações
e afins
Participantes
engajam no
fortalecimento
de seus pares
da rede
Maior número
de empreen-
dedores fora
de São Paulo
Democratização
conhecimento
ecossistema
impacto social
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
50
— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
INSUMOS ATIVIDADES PRODUTOS RESULTADOS DAS ATIVIDADES RESULTADOS À SOCIEDADE
Equipe qualificada Divulgação e recruiting Prêmios para negócios de
impacto periféricos
Participantes criam empresas
sustentáveis em menor tempo
Aumento na geração
de trabalho e renda
Parceiros acadêmicos e
corporativos participativos
Train the Trainers Maior número de empreendedores
fora de São Paulo
Participantes mais capacitados em
skills de comunicação, captação
e administração podem atrair
mais recursos autonomamente
Democratização
conhecimento ecossistema
impacto social
Banca avaliadora representativa
do ecossistema
Palestras e "lives" para
identificação dos problemas
sociais com Design Thinking
AdC com alcance nas 5 regiões
de todo o território nacional
Participantes se entendem como
geradores de impacto social,
atuando como multiplicadores e
engajando no
fortalecimento de seus
pares da rede
Criação e fortalecimento
de negócios de impacto
social periféricos
Voluntários
engajados
Assessorias em grupo e individuais
com base na metodologia AdC
Aceleração de negócios de
impacto social periféricos
Criação de rede de
empreendedores sociais
periféricos nacional
Relacionamentos
com o público alvo e canais
de comunicação
Edital Incubação e divulgação dos demais
projetos não contemplados
Financiador Sessões de desenho de
potenciais soluções
Modelo de mensuração de
impacto socioambiental
*Na lógica de conhecimento compartilhado, o set proposto pode ser solicitado via sustentabilidade@aventuradeconstruir.org.br.
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
51
— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
RESULTADOS
A aplicação dos
aprendizados adquiridos
têm seus resultados
demonstrados na prática:
O estreitamento de vínculos a
partir da realidade acarreta em
projetos educacionais que mantém
o engajamento de participantes
de ponta a ponta, com uma
média de 30 empreendedores
formados por turma
O fomento de redes entre
empreendedores fortalece a
economia de base por meio
de parcerias ganha-ganha
7.521
acompanhadas
diretamente
37.605
pessoas impactadas
indiretamente
525
capacitações
realizadas
3.820
assessorias
(individuais ou
coletivas) realizadas
MAIS DE
65
microempreendedores
de impacto social
inseridos em rede
de cooperação e
acompanhados com
avaliação de impacto
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
52
— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
“Receber treinamento adequado possibilitou
transformação. De pais que queriam realizar o
sonho do filho autista, hoje somos empreendedores
de impacto social, alcançando milhares de pessoas
pelo Brasil, oferecendo serviços de edição para
autores com e sem deficiência, livros que levam
mensagens de esperança e palestras que instruem.
A ABarros Editora existe porque começou da forma
correta e isso só foi possível porque a AdC nos
entregou ferramentas, estudo e aprendizado com
muita atenção, carinho e até amizade. Onde mais a
gente poderia aprender sobre precificação, fluxo de
caixa, planejamento? O trabalho da AdC é incrível
e saber que é multiplicado para muitos outros, nos
enche de orgulho e esperança.”
➀
Adriana Barros, Empreendedora da ABarros Editora
“Trabalhamos no segmento de turismo na região
norte de Minas Gerais, uma região com baixo IDH.
Por isso, atuamos como um negócio de impacto
social na região, com o objetivo de melhorar esses
índices de desenvolvimento humano, através
do turismo como ferramenta de transformação
dessa realidade. Eu vejo que ajudar a AdC a
desenvolver os seus projetos é fundamental para
ajudar pequenos negócios como o meu. A Aventura
ajudou-me a me comunicar, a ter um negócio
melhor posicionado no mercado, ajudou com a
parte financeira, precificação. Foram diversas
assessorias que me ajudaram a me desenvolver
como profissional e a gerir o meu negócio.”
➁
Leidson Nunes, Empreendedor da agência de turismo Roteiros do Velho Chico
O testemunho dos protagonistas
D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
53
— A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S
A periferia no centro
Retomando os 7 pontos de método de
trabalho, partimos da realidade de uma socie-
dade desigual seja no recorte paulistano,
nacional ou global. As relações centro - periferia
continuam a favorecer iniciativas e recursos dos
seus, enquanto aqueles “do lado de lá” da ponte,
fora do eixo Rio-São Paulo ou do Norte global
seguem estigmatizados, postos como “benefici-
ários” de programas pensados por pessoas bem
longe da realidade na qual incidirão.
A Aventura de Construir nasce na cidade de
São Paulo, atendendo inicialmente periferias
da Zona Oeste da capital. As lições aprendidas
nestes 10 anos de atuação envolvem, primei-
ramente, reconhecer que não somos da peri-
feria e, assim sendo, não nos cabe dizer o que
pessoas que vivem nesta realidade (que também
é diversa entre periferias) precisam. O que nos
compete, e que buscamos fazer com afinco,
é escutar as demandas dos empreende-
dores atendidos, acompanhar sua jornada
e capacitá-los para que alcancem seus obje-
tivos. O protagonismo não é nosso e sempre
será deles.
Além disso, pelo fato de a AdC ter uma boa
circulação entre academia e setor privado,
estamos constantemente atentos às tendências
do mercado, tendo em vista o ponto de método 6
(fazer pontes) e os pilares de atuação 1 e 4 (demo-
cratização e catalisadora). De forma concreta, no
desenvolvimento dos projetos buscamos a apro-
ximação de financiadores e participantes, esti-
mulamos as conexões centro-periferia e
periferia-periferia de forma a potencializar
as soluções dos empreendedores.
As trilhas completas de incubação e
aceleração são construídas de forma a
potencializartrocaseprepararosempreen-
dedores para “atravessar a ponte” em busca
de recursos.
A sistematização de uma avaliação de
impacto específica para negócios sociais de peri-
ferias vem nesta esteira: oportunidades de ISP
(Investimento Social Privado) significativas para
os empreendedores demandam um certo nível
de mensuração. Para negócios de impacto do
centro essa mensuração é natural, muitas vezes
existente desde sua fundação. Com negócios de
impacto de periferia, muitas vezes o fazer vem
antes.
Daí a importância de um conjunto de indi-
cadores que, por um lado, possibilita a recali-
bragem do empreendimento e o direcionamento
de próximas ações a partir de dados que ajudam
a responder o “Estamos no caminho certo?” e,
por outro, torna-se um facilitador no diálogo com
o lado de lá da ponte. É sobre ocupar espaços,
principalmente aqueles que lhes dizem
respeito. Na Aventura de Construir estamos
orgulhosos do trabalho desenvolvido até aqui e
com garra para fazer mais e fazer em conjunto.
Acreditamos no poder do coletivo, na potência
incomparável de um trabalho feito a várias mãos.
A jornada para negócios sociais de perife-
rias é uma tecnologia em desenvolvimento
aberta para todos.
Esperamos você no embarque
para esta Aventura!
Manual de Sistematização
de Jornada Integral
para Negócios de
Impacto de Periferia
DA EXPERIÊNCIA,
UM MÉTODO
P A R C E I R O E S T R AT É G I C O
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O R G A N I Z A D O P O R
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Nº ISBN: 978-65-999276-0-7
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de Jornada Integral
para Negócios de
Impacto de Periferia
DA EXPERIÊNCIA,
UM MÉTODO
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  • 3. 3 A Angelo Abbondio (1941 - 2022), do qual aprendemos este olhar inteligente e profundo que valoriza e transforma o que encontra
  • 4. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 4 Introdução A Aventura de Construir (AdC) é uma associação sem fins lucrativos com sede física em São Paulo/SP que, desde 2012, fortalece atores locais com foco em microempreendedores de baixa renda (tradicio- nais e de impacto social) das periferias brasileiras. Acompanhamos o desenvolvimento e crescimento do ecossistema de impacto brasileiro, em amplitude e profundidade, ao longo da última década. Com nossa experiência, buscamos colaborar para a inclusão do empreendedor de periferia nestes espaços, democrati- zando oportunidades e enriquecendo as trocas - para todos. E tudo começa com a educação: prepará-los para o movimento de “atravessar as pontes” com um processo de autoconhecimento, capacitação técnica, inclusão tecnológica e capacidades interpessoais. É desta movimentação que nasce a JornadaIntegralcomNegócios de Impacto de Periferia. Compartilhamos aqui nossa experiência adquirida em incubar, acelerar e prototipar negócios de impacto de periferia com intuito de multiplicar boas práticas e convidar a todos os stakeholders para a reflexão: estamos fazendo nossa parte para a inclusão e participação de negócios de impacto de periferias em nossasagendaseespaçosdoecossistemadenegóciosdeimpacto? Vamos pensar juntos?!
  • 5. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 5 Índice Capítulo 1 A AVENTURA DE CONSTRUIR p. 09 Capítulo 2 EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS p. 17 Capítulo 3 TRILHA COMPLETA p. 36 Capítulo 4 APRENDIZADOS, MENSURAÇÃO E RESULTADOS p. 45
  • 6. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 6 P R E FÁ C I O Negócios de impacto e filantropia no Brasil: complementares e parceiros Em muitos espaços se percebe uma inquietude sobre o direcionamento de recursos filantrópicos para os negócios de impacto. Quase como se pudesse existir uma “concor- rência” entre o setor filantrópico e os negócios de impacto. Na realidade, os negócios de impacto são complementares à filantropia na agenda de transformação e podem, em muitos momentos, ser relevantes parceiros. Um estudo feito pelo Pipe.Labo em 2021 indicou que cerca de 1300 empresas brasileiras se declaram “negó- cios de impacto”, 29% a mais do que o levantamento de 2019. Mas o que são de fato esses negócios? Basicamente são empreendimentos que oferecem, por meio de seus produtos e serviços, soluções para desafios socioambientais e geram mudanças positivas ao mesmo tempo em que geram resul- tados financeiros . Já o conceito de filantropia estratégica, ou investimento socialprivado,éaalocaçãovoluntáriaeestratégicaderecursos privados, sejam eles financeiros, em espécie, humanos, técnicos ou gerenciais, para o benefício público. Diferente do que possa parecer, os recursos filantrópicos para orga- nizações da sociedade civil e negócios de impacto não competementresi, há espaço (e necessidade) na sociedade para ambos coexistirem e crescerem. Em geral, os negócios de impacto possuem um tempo de maturaçãomaislongodoqueempresas“comuns”,justamente porque surgem com a proposta de criar um novo mercado, ou apresentam soluções para um mercado que ainda está maturando. E aí está a importância do capital filantrópico neste início, oferecendo capital não reembolsável para esse período em que a maioria dos negócios fracassa. Exemplo disso é o de negócios de Energia Solar, uma forma de energia mais limpa e menos agressiva ao meio ambiente. No Brasil, até meia década atrás, este setor não possuía relevância tão expressiva no país. Com a mudança da mentalidade, compreensão de alguns conceitos e movi- mentação do mercado, atualmente este formato de energia cresce em 1GW de capacidade por mês. Isso significa que, se continuar nesse ritmo, em fevereiro de 2023 atingirá o dobro da capacidade de abastecimento elétrico da Usina Hidroelé- trica de Itaipu – até então, a maior fonte de energia elétrica nacional. A sustentabilidade financeira é também prioridade para as organizações da sociedade civil. Há inúmeras possibilidades para que isso seja alcançado, dependendo da natureza de sua missão. Para algumas, é inevitável escapar ao modelo de financiamento por meio de doações, outras, operam por meio de convênios junto ao poder público, e há ainda aquelas que oferecem produtos e serviços mantendo a característica de não ter fins lucrativos. Mas, em alguns casos,vemosumaadaptaçãoparaomodelodenegócio de impacto. Por exemplo, organizações que nascem para fomentar pequenos empreendedores em regiões vulneráveis e se estruturam depois em modelo de negócio para apoiar a comercialização da produção. Seja qual for o caso, o capital filantrópico é importante, sempre com a perspectiva de que as organizações beneficiadas são os vetores da transfor- mação desejada. Por Paula Fabiani | CEO do IDIS Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
  • 7. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 7 Instrumentos para o investimento de impacto Em recente relatório publicado pela Latimpacto, a associação pontua que “se de um lado temos os filantropos tradicionais, que possuem conhecimento sobre as causas em que atuam e um grande senso de responsabilidade, do outro lado, estão os investidores, cada vez mais interessados por impacto social e ambiental, mas que precisam do capital paciente e catalisadorfornecidopelosfilantropos”.Corroborando com a ideia de que as diversas pontas colaboram entre si e não o contrário. Nesse contexto é que surge uma modalidade de investimentodeimpacto–quepodeserfilantrópico,mas pode ser capital financeiro – que é o “Venture Philan- thropy”. Neste modelo, o investidor decide assumir riscos ao apostar em potenciais mudanças sistêmicas e prioriza o impacto positivo ao retorno financeiro, com financiamento personalizado, apoio estratégico, moni- toramento e avaliação do impacto. Um instrumento interessante para colocar tal moda- lidade em prática é o “Blended Finance”, ou finanças híbridas, que são estruturas que combinam capital filan- trópico e o capital financeiro para operacionalizar essas iniciativas de impacto socioambiental. Elas podem combinar instrumentos de financiamento diversos, como por exemplo dívida, equity (participação acio- nária), garantias, seguros, programas ou fundos garan- tidores, grants (doações), etc. Outra ferramenta disponível são os Fundos Patrimo- niais Filantrópicos (endowments) em que o doador, de um lado disponibiliza recursos para apoiar uma causa (ou várias) no longo prazo, e direciona os rendimentos da aplicação financeira destes recursos a uma ou várias organizações sem fins lucrativos. E do outro lado, nas aplicaçõesfinanceirasdestesfundospodemosencontrar investimentos de impacto. Ou seja, este doador pode apoiar ao mesmo tempo projetos e instituições filantró- picas e negócios de impacto. Os endowments já são os maiores investidores em negócios de impacto ao redor do mundo. E o potencial dos negócios de impacto aliados às organizações da sociedade civil são reforçados por movimento globais como o Catalyst 2030, que possui um capítulo brasileiro que busca promover a colabo- ração entre seus membros e com outras instituições o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Susten- tável (ODS) no Brasil. P R E FÁ C I O “Se de um lado temos os filantropos tradicionais, que possuem conhecimento sobre as causas em que atuam e um grande senso de responsabi- lidade, do outro lado, estão os investidores, cada vez mais interessados por impacto social e ambiental, mas que precisam do capital paciente e catalisador fornecido pelos filantropos” Paula Fabiani
  • 8. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 8 Cenário brasileiro Atualmente, o Brasil já possui uma estrutura legal e institucional que permite que o país seja um grande celeiro para negócios de impacto e quem sabe até uma liderança nessa temática na América Latina. Temos a Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO), que é uma articulação de órgãos e entidades da administração pública federal, do setor privado e da sociedade civil com o objetivo de promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de investimentos e negócios de impacto. E temos uma legislação para a criação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, a Lei 13.800/19, que traz segurança aos doadores para o estabelecimento deste mecanismo. Outro fator que favorece a filantropia e os negócios de impacto é o crescimento da chamada “agenda ESG” no Brasil e no mundo. A sigla que em português significa “agenda Social, Ambiental e de Governança” tem chamado bastante atenção das empresas e do mercado financeiro, que passaram a direcionar essas ques- tões dentro de suas próprias estratégias de atuação. As empresas estão sendo cada vez mais chamadas a participar da solução dos nossos problemas socioambientais. Mas ainda é importante disseminar o conceito e modelos possíveis de negócios de impacto no país. Esta publicação é relevante nesta jornada pois traz a experiência da Aventura de Construir na periferia, apoiando iniciativas em regiões de alta vulnerabilidade que trazem soluções e produtos para atender um público muitas vezes excluído na nossa sociedade. Muitas dessas iniciativas necessitaram desse suporte e de recursos filantrópicos para decolar, reforçando como negócios de impacto e filantropia são comple- mentares e parceiros no Brasil. Os desafios que enfrentamos aumentaram signi- ficativamente com o impacto da pandemia. Aliar a filantropia aos negócios de impacto é certamente promissor. Entretanto, apesar do ambiente favo- rável, ainda é necessário no Brasil uma mudança de mentalidade. Famílias e indivíduos investidores precisam se tornar protagonistas desta mudança e direcionar mais recursos visando este caminho e, assim, fomentar iniciativas com potencial de trans- formar o Brasil num país mais justo e sustentável. P R E FÁ C I O
  • 9. 9 Capítulo 1 A AVENTURA DE CONSTRUIR D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O
  • 10. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 10 — A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R 1Partir da realidade local. 2 Impulsionar protagonismo acreditando na centralidade da pessoa. 4 Apostar na formação humano integral. 3 Proximidade no relacionamento com o empreendedor. 5 A transformação da sociedade parte da mudança positiva da pessoa, que passa a ser uma multiplicadora. 6 Atuar em rede, criando pontes e fortalecendo trabalho conjunto entre os beneficiários. 7 Transparência e ética. A AdC acredita que é possível promover o desenvolvimento territorial inclusivo por meio do apoio oferecido a micro- empreendedores de periferia. Abaixo, apresentamos o contexto no qual a ONG atua, os pilares e pontos de método que guiam o nosso trabalho, as frentes de atuação e os projetos realizados com foco em negócios de impacto social de periferia, além da equipe que torna tudo isso possível. E M B A S A M O S N O S S O T R A B A L H O E M N O S S O S 7 P O N TO S D E M É TO D O
  • 11. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 11 — A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R Aventura nos ODS Desde 2018 somos integrantes do Pacto Global (UN Global Compact), iniciativa que monitora e orienta a implementação da Agenda 2030 para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e de 2020 do Catalyst 2030 do Foro Económico Mundial. Os ODS nos quais a AdC traz um impacto de forma direta são: Kátia Roque - Salão de Beleza, Brasilândia/SP.
  • 12. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 12 — A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R Os órgãos de governança da Aventura de Construir são: Diretoria e Conselho Fiscal, que junto com outros profissionais voluntários, integram a Assembleia e o Conselho Consultivo. Para além de nomes ou status, os membros destes órgãos, em especial da Diretoria e do Conselho Consultivo, são ativos no dia-a-dia da organização, mesmo que nos bastidores. Reúnem-se periodicamente, nas reuniões ordinárias quinzenais (Diretoria) e trimestrais (Conselho Consultivo), onde são designadas atividades paralelas de nível mais estratégico, de construção de longo prazo e visibilidade. Vale mencionar que há apro- ximadamente 1 ano a parti- cipação de empreendedores na reunião do Conselho Consultivo vem acontecendo de forma sistemática, no sentido de aproximar os órgãos diretivos do dia-a-dia da organização, além de seguir na lógica da criação de pontes que é parte da metodologia AdC. Além disso, dois membros do Conselho foram integrantes da equipe operativa AdC, especifica- mente da área de Desen- volvimento de Projetos. Equipe DIRETORIA Silvia Caironi Marcelo Turri Patrícia Soares Molina Rafael Mahfoud Marcoccia CONSELHO FISCAL Carlos Otávio da Costa Silva Fabrizio Pellicelli Ademar Lourenço CONSELHO CONSULTIVO Álvaro Manoel Carlos Ferreirinha Cinzia Abbondio Kalil Farran Leonardo Valentinis Marcelo Lucato Martus Tavares Percival Caropreso Rafael N. Fonseca Selma Pantel Taynara Alves MEMBROS DA EQUIPE OPERATIVA Área Administrativa Matilde Silva Dia-a-dia da organização Área de Comunicação Maria Gabrielly Marcelino Vinicius Dutra Área de Desenvolvimento Econômico e Social Adriano Gaved Raquel Santos Bruno Athanasio Franklin Menezes Lilian Zimmermann Lucas Faustino Luiza Kormann Carvalho da Fonseca Paulo Felletti Área de Sustentabilidade e Captação de Recursos Vitoria Barros Coordenação Geral Silvia Caironi
  • 13. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 13 — A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R Contexto Os efeitos da pandemia da Covid-19 são transversais e ainda presentes: seja da perspectiva da saúde pública, educação, qualidade de vida ou economia, o fato é que as demandas econômicas e sociais dispararam. Mais do que nunca aqueles que trabalham com causas sociais precisam atuar de maneira estratégica. No contexto que atuamos, com a precari- zação laboral e a alta do desemprego, hoje em 10,1milhões(2ºtrimestrede2022)depessoas segundo IBGE, tendo atingido um pico de 14,8milhões nofim doprimeirotrimestrede 2021, é observada uma alta no número de novos empreendedores - o ano de 2021 contabilizou mais de 3,9 milhões de novas empresas, um incremento de 19,8% na comparação com o ano anterior. Destes, 80% - ou 3,1 milhões - são MEIs, e é crucial notar aqui a movimentação do empreender por necessidade como fator incidente nessa alta, como aponta o presidente do Sebrae, Carlos Melles, quando destaca que deste total de novas empresas, ⅓ teriam a pandemia como maior motivação para abertura de CNPJ. Ou seja, uma vez desempregadas, as pessoas apostam no empreendedorismo como alternativa de renda. A realidade chama. O trabalho desenvolvido largamente pelo Sebrae busca, assim como outras iniciativas pelo território nacional, responder às demandas da movimentação de empreender por necessidade. Quadro este que envolve, em muitos dos casos, uma menor experiência na área e/ou conhecimento técnico que embasariam a sobre- vivência do negócio, o que nos leva a dados como Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/traba- lho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral. html?=&t=series-historicas&utm_source=landing&utm_medium=explica&utm_campaign=desemprego Taxa de desocupação J A N , F E V, M A R 2 0 12 — M A I , J U N , J U L 2 0 2 2
  • 14. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 14 — A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R o de que três a cada 10 MEIs fecham suas portas em até 5 anos de existência. A importância de capacitar o pequeno empreendedoréevidenciadaatravésdosdados macros. Contrariamente, as melhores práticas em atendê-los estão no detalhe, no micro. Os dadostrazemopanorama,masacentrali- dade da pessoa, de seus sonhos, objetivos e empecilhos particulares não cabem em uma fórmula ou qualquer genericidade feitacomrelaçãoàperiferia,seucotidiano e pessoas que nela vivem. Quando recortamos o quadro para negócios de impacto social, é percebido um perfil “(...) delineado por pessoas de rendafamiliaralta,comaltaescolaridade e predominantemente do sexo mascu- lino.” (ROSSONI, 2006). Estamos na lógica do “fazer para”, quando é necessário “fazer com”: é preciso chamar a periferia para a cons- trução de soluções de seus problemas - quem os conhece melhor que aqueles que vivenciam seus efeitos na prática, no dia-a-dia?
  • 15. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 15 — A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R Frentes de atuação 1Capacitações: Cursos e oficinas práticas (presenciais e online). A frente de capacitações preocupa-se com a instru- mentalização dos empre- endedores, preparando-os para os desafios do mercado dentro dos macrotemas de empreendedorismo, inovação, administração e gestão, financeiro, relacionamentos institucionais e parcerias, marketing, entre outros. 2 Assessorias: Nos formatos individual e em grupo, a frente de assessorias garante o acom- panhamento em profundi- dade. É aqui que realizamos a definição de metas, prioridades, responsabilidades e dinâmicas de follow-up. 3 Acesso ao mercado: Todo o conhecimento é colocado em prática com a conexão entre empreen- dedores acompanhados e stakeholders parceiros. 4 Criação e Fortale- cimento de Redes: 5 Acesso a microcrédito: Apoio ao planejamento financeiro e análise de caso a caso para eventual contratação de microcrédito, através de organizações parceiras. Para além do fortalecimento via assessorias coletivas, a Aventura de Construir atua ativamente para a contínua troca entre empreendedores também por meio da rede institucional de empreende- dores Avante Empreendedor, que se encontra mensalmente para tratar de temas do empreendedorismo definidos e pautados pela própria rede.
  • 16. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 16 — A AV E N T U R A D E C O N S T R U I R 1Democratização: Buscamos democratizar o ecossistema de impacto social, diminuindo as distâncias entre financiadores e microempreendedores sociais e fomentando o protagonismo dos micro- empreendedores em entenderem-se como parte ativa do ecossistema. 2 Método: Compartilhamos nossa expertise com metodologia de Avaliação de Impacto socioambiental e também avançamos na inserção da dimensão de impacto social no sistema de avaliação/monitoramento. 3 Rede: Prezamos por relações de longo prazo com os microempreende- dores e parceiros do ecossistema, mantendo uma grande proximidade com nosso público. Mantemos atenção às tendências e ativamente desen- volvemos diferentes possibilidades de colaboração com outras redes. 4 Catálise: Fortalecemos os microempreendedores a identificarem suas necessidades e, de forma protagonista, construírem estratégias e ações que respondam concretamente ao que precisam. Neste sentido, somos catalisadores de parcerias e relações entre participantes. Pilares de atuação
  • 17. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 17 Capítulo 2 EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS Conheça o trabalho realizado pela Aventura de Construir, nos últimos anos, para colocar em prática os pilares e pontos de método, acompanhando os protagonistas, ou seja, os microempreendedores, e realizando o desenvolvimento territorial inclusivo.
  • 18. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 18 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Projetos desenvolvidos com foco em negócios de impacto social de periferia: 4. Crescendo em Rede 7. Reciclando Oportunidades JUN AGO Linha do tempo 2019 2020 2021 2022 NOV ABR JUL SET OUT ABR MAIO JUN JUL AGO NOV 1. ProtagonizAí 10. Pontes com mídias / Eventos com terceiro setor 2. Acesso ao mercado / Apoio na captação de recursos 5. Rede Avante Empreendedor (encontros mensais) 8. Aventure-se I 8. Aventure-se II 3. Fortalecendo Protagonistas 9. Fundo Patrimonial AdC 6. Compartir Vedacit • Avaliação de impacto de negócios sociais de periferia periódica: semestralmente desde março de 2021
  • 19. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 19 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S ProtagonizAí Realizado em 2019, o ProtagonizAí foi a primeira experiência da Aventura de Construir no recorte específico de negócios de impacto social de periferia. Dedicado inteiramente aos microempreendedores já acompanhados pela AdC à época, foi idealizado com o intuito de auxiliar os participantes a navegarem pelo mercado de negócios de impacto social, promovendo uma transformação na realidade deles e de suas comunidades através de iniciativas do próprio trabalho. A movimentação para sua realização veio da percepção de um aumento de casos de empreendedores atendidos enquadrados como de impacto social, atrelada a dificul- dade que existe em participar do ecossis- tema como um todo: seja na inscrição em editais (questionários complexos e, muitas vezes, excludentes), no acesso à informação da existência dos editais e até mesmo na participação de eventos do meio. Falar de impacto social com a periferia é falar de democratização de acessos. Assim nasceu o ProtagonizAí. Neste encontro visamos dar voz aos microempreendedores para que falassem livremente sobre suas iniciativas de impacto, que já estão em prática e aquelas que estão em fase de idealização, assim como promover a conversa e as possíveis parcerias, através de rodadas de negócio. 1 1 . P R O TA G O N I Z A Í
  • 20. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 20 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S O evento foi presencial, com duração de 8 horas e dividido em 3 momentos: ➀ Uma palestra sobre os negócios de impacto social e os editais: a definição do termo negócio de impacto social, como eles se ligam aos editais, como achar os editais para participar, como preencher os requisitos e como saber se meu negócio se enquadra no edital; ➁ Um trabalho de grupo usando a metodologia do World Café e uma rodada de negócios, incentivando as parcerias entre participantes e promovendo a definição de ações de negócios conjuntas; ➂ Um painel de debate entre 3 personali- dades do mercado de negócios de impacto social: Fabio Deboni (Instituto Sabin); Paulo Marcelo Ribeiro (ADE Sampa) e a Jaubra, o Uber da periferia, debatendo sobre cenários e oportunidades de formação e financiamento no tema 1 . P R O TA G O N I Z A Í
  • 21. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 21 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Acesso ao mercado - apoio na captação de recursos e Fortalecendo Protagonistas Uma parceria com o ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), o projeto teve como objetivo central acompanhar e auxiliar – através de assessorias remotas – pessoas da base da pirâmide a tornarem-se protagonistas do fortalecimento de economias locais, gerando desenvolvimento territorial inclusivo. Durante o projeto, a AdC orientou os microempreen- dedores para o uso mais adequado e planejado de recursos recebidos durante a pandemia. Além de oferecer o suporte técnico necessário para atender as demandas dos empreendedores neste momento, incluindo o acesso a ferramentas tecnológicas, a AdC também se mantém atenta às oportunidades relacionadas ao nosso público. Elenca-se as seguintes ações de apoio direto: 1. Plataforma de financiamento coletivo Matchfunding Enfrente, lançado pela Fundação Tide Setubal em parceria com a Benfeitoria, para responder às demandas da nova realidade imposta pela emergência da Covid-19, onde para cada real arrecadado, o Matchfunding entrava com mais dois; 2. Rede de doação e apoio mútuo de mulheres LeVila; 2 3 3. Outras iniciativas pontuais, como o apoio oferecido pela Casas Bahia e o Grupo Pão de Açúcar; 4. Apoio direto da AdC através das doações recebidas por muitos doadores PF no Fundo emergencial COVID 19. Dentro das assessorias, orientamos mais de vinte empre- endedores a aplicar em pelo menos uma das iniciativas citadas acima. A orientação uniu saberes técnicos com impacto social positivo. Os envolvidos garantiram, de forma geral, a conti- nuidade de seus negócios, geração de renda, forta- lecimento do comércio local, doação de máscaras e alimentos orgânicos e muita… muita conscientização! 2 , 3 . A C E S S O A O M E R C A D O - A P O I O N A C A P TA Ç Ã O D E R E C U R S O S E F O R TA L E C E N D O P R O TA G O N I S TA S e
  • 22. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 22 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S David dos Santos, dono de um estúdio musical, viu seu faturamento cair a zero nos meses de março e abril de 2020, mas no mês de junho conse- guiu R$12.000,00 em doações na plataforma Benfeitoria com o projeto Carro do Ovo Contra o Covid. Para que toda esta reinvenção siga caminhando é preciso de diferentes formas de apoio. E ele veio tanto pela confiança dos empre- endedores para com o nosso trabalho quanto pela confiança de institui- ções que toparam financiar um novo projeto em meio a uma pandemia. O Instituto de Cidadania Empre- sarial (ICE) é o exemplo vivo que queremos falar! O Instituto possibi- litou a existência do projeto “Fortale- cendo Protagonistas”, o qual foi idea- lizado pela AdC em junho de 2020 com o objetivo de acompanhar, por meio de assessorias remotas, empre- endedores que captaram recursos (e seguem captando) por meio dos projetos LeVila, Tide Setubal & Benfeitoria – e possuem potencial de gerar impacto positivo em suas comunidades. A equipe de assessores da AdC acompanha de perto o gerencia- mento desses recursos, sempre esti- mulando a consciência das pessoas em relação às necessidades de cada empreendimento. Para aprender é preciso estar aberto e ser protago- nista. Para estes empreendedores é mais uma oportunidade concreta de garantir a sustentabilidade financeira de seus empreendimentos. E todo esse trabalho, que segue a todo vapor, só foi possível devido a parceria com o Instituto de Cida- dania Empresarial (ICE), uma orga- nização da sociedade civil sem fins de lucrativos, que atua na articulação de líderes e no fomento de iniciativas transformadoras, com foco em gerar impacto social positivo na população de baixa renda. 2 , 3 . A C E S S O A O M E R C A D O - A P O I O N A C A P TA Ç Ã O D E R E C U R S O S E F O R TA L E C E N D O P R O TA G O N I S TA S David Maderit - Estúdio de Música, Brasilândia/SP. Maria Alcione e Wagner Felix - Projeto “Costurando Proteção”, Morro Doce/SP. Oseni da Silva - Bolos e doces, Santana da Parnaíba/SP. Encerramento do projeto “Fortalecendo Protagonistas”.
  • 23. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 23 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Crescendo em Rede Realizado em 2020, o projeto Crescendo em Rede foi o primeiro projeto robusto da Aventura de Construir em formação de empreendedores de impacto social de periferia. Concebido e desenhado em parceria com o Insper e a consultoria de impacto Catálise Social para desenvolver a metodologia utilizada. Foram disponibilizadas 100 vagas para participar da formação, que aconteceu de forma totalmente online. A primeira fase da capacitação foi composta por 12 encon- tros ao longo de seis semanas. Após essa fase, foi iniciado um período de assessorias em grupo, com foco em apoiar os participantes na inscrição no edital interno do projeto, que concedeu8prêmioscapital-semente(variaram entre R$ 3 mil e R$ 10 mil). Os selecionados ainda receberam outras 6 semanas de assesso- rias individuais. Para colocar em prática a democrati- zação do sistema de negócio de impacto social é fundamental repensar a maneira como a solução vem sendo construída - é imprescindível evitar a lógica do fazer-para, com soluções pré-concebidas, caminhando rumo a um fazer-com e, principalmente, valo- rizando as propostas de soluções daqueles que vivenciam os problemas analisados. Para iden- tificar os problemas e idear soluções, é preciso treinar nosso olhar, por isso o Crescendo em Rede existe. Trata-se de um conhecimento que se expande para alcançar novos objetivos de acordo com a jornada pessoal de cada um, lançando mão de um método para enxergar problemas e potenciais soluções. 4 “Temos uma natureza muito comum de pensarmos soluções de formas preci- pitadas, somos enviesados por experiências passadas, tecnologias que somos mais familiarizados, o que nos leva a trazer soluções prontas. O design nos convida para entender o problema” Vinícius Picanço, professor de Operações e Sustentabilidade do Insper 4 . C R E S C E N D O E M R E D E
  • 24. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 24 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S O Design Thinking foi o método que suportou as atividades do Crescendo em Rede. Na prática, o design ajuda a entender problemasepensaremsoluçõespormeiode dinâmicas, reflexões internas e atividades. É muito comum que pessoas distantes das realidades periféricas criem negó- cios para esse público. A proposta do Crescendo em Rede é o contrário disso. “A intenção com o design é que as próprias pessoas que sofrem o problema possam criar soluções para ele”, diz Tomaz Vicente Santos, co-fundador da Catálise Social. Trazer o design para a frente das solu- ções é a premissa da construção do projeto. “Temos uma natureza muito comum de pensarmos soluções de formas precipi- tadas, somos enviesados por experiências passadas, tecnologias que somos mais familiarizados, o que nos leva a trazer soluções prontas. O design nos convida para entender o problema”, reflete Vinícius Picanço, professor de Operações e Susten- tabilidade do Insper e também responsável pela metodologia do Crescendo em Rede. Além disso, os responsáveis pela metodologia afirmam que a empatia, o processo de diálogo e a escuta são os principais norteadores das oficinas, que também teve como base os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU. Após as fases de capacitação e asses- soria em grupos, foi iniciado o período de análise das inscrições e deliberação sobre aqueles que seriam contemplados. Para a tarefa, foram acionados parceiros estraté- gicos da AdC, que compuseram uma banca de avaliação composta por membros da academia, setor privado e fomentadores do ecossistema. A escolha dos membros da banca examinadora se deu em respeito àquelas pessoas que marcaram e ainda marcam a trajetória da Aventura de Construir no espaço de impacto social. O diálogo com diferentes vozes do ecossistema possi- bilitou a construção de uma banca diversa, com olhares da academia, com a presença de Vinícius Picanço (Insper) e Edgard Barki (FGV), do corporativo Luis Fernando Guggenberger (Vedacit – Sustentabilidade), das empreendedoras sociais Adriana Barros (ABarros Editora) e Taynara Alves (InQuímica) e vozes de fomentadoras de impacto social Bruno Rizardi (Catálise Social), Vivianne Naige- borin (Fundação ARYMAX) e Mariana Almeida (Fundação Tide Setubal). Da análise minuciosa dos 25 projetos finais, foi unânime entre os avaliadores a qualidade percebida entre os projetos e a maneira como seguiam as tendências do ecossistema de impacto em seus desenvol- vimentos e temas. “Um aspecto muito interessanteeanimadoréveroempre- endedorismoperiféricoantenadocom as tendências mais importantes nesse momento de transição que vivemos. Então pudemos ver projetos que falam de economia circular, de alimentação saudável, sustentabilidade ambiental, e pudemos ver projetos que falam de dois mercadosmuitoimportantes,datecnologia 4 . C R E S C E N D O E M R E D E
  • 25. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 25 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S e da saúde e cuidados” compartilhou Vivianne. O legado do Crescendo em Rede é multifacetado. A experiência do projeto nos levou, no dia 9 de setembro de 2021, junto à Catálise e ao Insper, para a edição de 2021 do ISIRC (International Social Innovation Research Conference, ou Conferência Internacional de Pesquisa de Inovação Social, em português). O evento foi organizado pela Universidade Católica do Sagrado Coração, de Milão, Itália, e teve como tema “Possibilitando a mudança! Inovação social e empresas para um futuro melhor”. Participando remotamente do evento, Luiza Kormann, consultora da área técnica da AdC, e Tomaz Vicente, co-fun- dador da Catálise, falaram em uma das sessões paralelas do evento, intitulada “Novas Abordagens para Inovação Social: Design Thinking e Além”. No painel, foi apresentado um relato do projeto Cres- cendo em Rede (também realizado em parceria com o Insper) já que um dos objetivos era a troca de experiências sobre o uso de ferramentas de design com projetos de educação, lidando com microempreendedorismo. Na fala, Luiza e Tomaz apresentaram a experiência no Crescendo em Rede sobre o uso de ferra- mentas de design e, especificamente, do conceito de desvio positivo, além de outras ferramentas utilizadas para estru- turaçãoeadaptaçãodeempreendimentos de impacto social periféricos. Na abor- dagem utilizada, se busca promover a mudança via reprodução e adaptação daquilo que já vem dando certo em dada comunidade, e não simplesmente analisando os problemas existentes em busca de “reinventar a roda”. Desta experiência nasce o sistema de avaliação de impacto para negócios de impacto social de periferia que seguimos aplicando semestralmente a um grupo de negócios de todo o Brasil, aprimorando a metodologia e ampliando a aplicação a mais negócios interessados. 4 . C R E S C E N D O E M R E D E David Maderit - Estúdio de Música, Brasilândia/SP.
  • 26. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 26 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Rede Avante Empreendedor Tendo como premissas o trabalho em equipe, a colaboração e a manutenção de um espaço seguro, participantes do projeto Crescendo em Rede estabeleceram, entre si e com a equipe Aventura de Construir, laços que potencializam suas trajetórias. Uma das grandes dores do empreender, o sentir-se só em suas dificuldades e dúvidas, é posto em cheque quando trocas são possibilitadas. O projeto contou com participantes das cinco regiões do país, de periferias urbanas e rurais. Logo, tal identificação não era algo esperado. Se deu de tal forma que não poderia ser ignorada, mas sim estimulada. A Avante Empreendedor Assim, em março de 2021 realizamos o primeiro encontro pós Crescendo em Rede tendo como tema “A potência das redes” com a condução do professor diretor do Centro de Empreendedo- rismo da FGV e nosso parceiro, Edgard Barki. A partir deste encontro demos início a um processo de co-construção com os empreen- dedores para a formação de uma rede na verdade já estabelecida em laços. Coube a nós da AdC a condução do processo pelo qual definiram a frequência dos encontros, seus temas e o nome da rede: Avante Empreendedor. O objetivo é aprofundar temas especí- ficos e conhecimentos, compartilhando experiências dos microempreendedores que participam. Desta forma as perguntas de um fortalecem outros e as experiências de alguns se tornam fator de construção para outros. A Aventura de Construir facilita este espaço e eventualmente oferece especialistas que podem ajudar a tratar os temas durante os encontros mensais que se realizam. Porém, os protagonistas deste espaço são os próprios microempreendedores. 5 Eventos mensais: Resenhas Empreendedoras Todos os meses o Avante se encontra para as Resenhas Empreendedoras, evento online fechado para os partici- pantes da rede, que passou a contar com empreendedores de outros projetos da Aventura, além da realização de Resenhas em parceria com a ANIP. Os temas dos encontros são definidos por meio de votação e, a partir do tema, são convidados para conduzir a Resenha dois participantes de acordo com suas expertises e trajetórias particulares. Partindo da experiência concreta dos empreendedores convidados em um espaço seguro para participação de todos, o resultado é, nas palavras deles: “A troca de experiências é sempre maravilhosa. Poder conversar com pessoas de diferentes áreas de atuação profissional e poder contar resultados a partir de experiências é muito especial” fala uma das participantes. 5 . R E D E AVA N T E E M P R E E N D E D O R
  • 27. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 27 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Compartir Vedacit Em parceria com o Instituto Vedacit, mobilizamos colaboradores da empresa para atuarem como mentores, doando parte de seu tempo de trabalho para microempreendedores acompanhados pela AdC. O chamado “Compartir Vedacit” trouxe para a AdC grandes aprendizados, gerou valor concreto para os empreen- dedores e fortaleceu o senso de perten- cimento entre colaboradores Vedacit. No projeto utilizamos nossa tecno- logia social, o método de trabalho AdC aplicado ao processo de asses- sorias, como base para a formação e acompanhamento dos voluntários. Sabemos o quanto o dia-a-dia corpo- rativo é corrido, razão pela qual toda jornada foi preparada de forma a valo- rizar e otimizar o máximo possível a troca entre empreendedor e voluntário, garantindo assim o atendimento dos objetivos centrais do projeto: Capacitar microempreendedores a utilizar diferentes ferramentas de gestão de negócios; e desenhar solu- ções personalizadas que respondessem às problemáticas e dificuldades do negócio identificadas por cada volun- tário em conjunto com a equipe AdC. A gestão geral envolveu, logo de cara, a pergunta: como melhor atender as necessidades dos empreendedores e melhor aproveitar o tempo dos volun- tários? Em tempos de Tinder e Casamento 6 Foram 58 assessorias no período, contabilizando um total de mais de 115 HORAS doadas pelos colaboradores Vedacit, que tiveram uma média de 3,8 assessorias por voluntário. 6 . C O M PA R T I R V E D A C I T
  • 28. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 28 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S às Cegas esse questionamento inicial se transformou em: como dar match? O Instituto Vedacit apostou conosco nessa nova tecnologia: mapear as habi- lidades e conhecimentos dos volun- tários de um lado e as necessidades dos empreendedores de outro para gerar, através dos dados coletados, as conexões mais propícias. A inovação testada resultou em processos de assessoria efetivos em resultados ao mesmo tempo que esti- mulantes para ambas as partes, uma vez que havia sinergia entre empreendedor e voluntário. Da parte dos voluntários, percebemos em seus relatos a valorização de encarar outras realidades, refletir e buscar solu- ções para problemas diferentes e colocar a mão na massa fazendo a diferença para o outro. É o voltar ao trabalho com um novo olhar, ainda exercitando o gerencia- mentodetemponaprofissão.Alémdisso, foi notável o senso de pertencimento e orgulho em fazer parte de uma empresa que coloca em prática seus ideais. Os empreendedores sublinham a importância da forma estruturada de se trabalhar trazida pelos volun- tários Vedacit, conseguindo realizar muito mais com o destrinchar dos grandes objetivos. Palavras como: foco, metas, organi- zação e planejamento aparecem recor- rentemente em suas falas. Em parte dos processos, voluntários prepararam planilhas financeiras especificamente para as necessidades da empresa. Outros evoluíram a elaboração de seus Planos de Negócio, enquanto outros projetos no papel desenvolveram seus modelos de negócios. Prática de discurso de vendas, iden- tificação de diferenciais competitivos, mapeamento de objeções… As entregas foram muitas porém, mais do que entregas, Compartir foi sobre trocas. “A troca de experiências é sempre maravilhosa. Poder conversar com pessoas de diferentes áreas de atuação profissional e poder contar resultados a partir de experiências é muito especial” 6 . C O M PA R T I R V E D A C I T
  • 29. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 29 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Reciclando Oportunidades O projeto “Reciclando Oportunidades”, desenhado em parceria com a Fundação Tide Setubal, tem como objetivo central acompanhar a incubação, aceleração e gerenciamento de uma franquia de ecoponto de reciclagem administrada por uma família de microempreendedores na periferia Leste de São Paulo, no Jardim Lapenna. O objetivo do projeto, ainda em execução, é fornecer capacitação ao longo da jornada empre- endedora da Márcia, proporcionando a oportuni- dade de crescimento nos aspectos pessoal e profis- sional, catalisando o impacto em sua formação como “eu-protagonista”. A partir disso, gerando desdobramentos em sua própria família e entorno, através da multiplicação dessa transformação interna – este que por sinal, é um dos pontos de métodos da AdC (atuação com visão G-local). A AdC tem como responsabilidade o acompa- nhamento da Márcia (e das pessoas de sua família envolvidas no negócio) no processo pré empreendi- mentoatéoseudesenvolvimentoeaceleração.Este trabalho tem sido realizado através de assessorias semanais (presencial e online), traçando um fio condutor desde a formação humana inte- gral até o fortalecimento de temas técnicos voltados para o novo negócio. Ela atua com o seu esposo Anderson na área de reciclagem informal há mais de 8 anos, coletando materiais recicláveis e os revendendo no ferro velho. Dependendo do momento que a família vivencia, os filhos eventualmente os ajudam. Ao longo dos 7 meses de trabalho, um dos maioresdesafiosfoioatrasodainauguraçãodonovo negócio (franquia) por motivos que fugiam do seu controle. Atrelado a isso, haviam diversas questões queestavamsendoenfrentadasemsuasaúdefísica, emoções e família que acentuavam a situação. Diante deste cenário, as assessorias eram, mais uma vez, a partir da realidade que estava proposta. O trabalho foi focado no desenvolvimento humano integral com maior força no início e com a criação de um espaço seguro. Com um relacionamento de confiança estabelecido, pontos como gerencia- mento das emoções (identificar e como lidar) e atitudes protagonistas (focar na solução ao invés do problema, saber dizer não, pedir ajuda quando necessário, etc) tiveram destaques fundamentais de fortalecimento nessa jornada. Os temas de característica técnica foram sendo introduzidos de acordo com a necessidade e aber- tura, sendo planejamento o de maior ênfase, seguido de orçamento doméstico e classificação de 7 7. R E C I C L A N D O O P O R T U N I D A D E S
  • 30. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 30 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S despesas. Eles são essenciais nessa cons- trução, tendo aplicação prática no dia a dia da casa, estabelecendo conexão para o empreendimento. Com certeza, a inauguração do empreendi- mento foi uma imensa conquista, acontecendo neste mês de janeiro de 2022. Afinal, foram ao todo pouco mais de 6 meses de espera até a sua abertura de fato. Contudo, essa conquista tem um gosto ainda melhor em vista dos crescimentos no decorrer do trabalho pré inauguração. Nele, foi constatado a maior maturidade e auto- nomiadaMárciacomrelaçãoassuasemoções e necessidades, uma maior busca por conhe- cimento e esclarecimento de assuntos que tinha medo, e até mesmo o protagonismo de fazer um discurso, de última hora, em público para uma reunião de bairro e engajar pessoas da comunidade em seu negócio, visando o desenvolvimento sustentável ambiental e econômico do entorno e famílias, através de renda, parcerias e conscientização. Com as ferramentas aprendidas, Márcia, juntamente com uma de suas filhas e enteada, estruturaram a primeira viagem em família. Planejaramaviagemdesdedestinoatédivisão de tarefas e formas de levantar o recurso. Em um mês e três dias, arrecadaram mais do que o dobro de renda que tinham com relação ao mês passado. Nessa ação em conjunto, puderam realizar a viagem em família, passando o final de semana na praia com pelo menos 19 familiares (bebês e crianças inclusos). A maior lição aprendida por ela foi “eu vi que posso acreditar, que posso realizar os meus sonhos”. A jornada continua, com o empreendi- mento aberto, os novos desafios batem à porta constantemente, assim como a trans- formação e crescimento seguem firmes. Com alegria e força, a Márcia tem conseguido enfrentar cada empecilho, reconhecendo quando precisa de ajuda, trazendo novas ideias e buscando aprender ainda mais para o desenvolvimento da sua empresa. Na medida que novos passos são dados e conquista novos espaços, sua própria família passa a acreditar também no seu sonho, reco- nhecendo o que está tomando forma. 7. R E C I C L A N D O O P O R T U N I D A D E S Márcia Silva - Franquia Coletando, Jardim Lapenna/SP. Anderson Roberto - Franquia Coletando, Jardim Lapenna/SP.
  • 31. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 31 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Campanhas Aventure-se e Aventure-se II Nos anos de 2021 e 2022, diversos rostos conhecidos pela Aventura de Construir estamparam cartazes expostos nas linhas amarela e lilás do metrô de São Paulo. Trataram-se das campanhas Aventure-se e Aventure-se II, realizadas em parceria com a ViaQuatro e ViaMobilidade. Na campanha de 2022, por meio de 10 cartazes diferentes, espalhados por 26 estações, evidenciamos os desafios enfrentados por empreendedores da peri- feria, que foram identificados por meio de pesquisa que realizamos em parceria com a Catálise Social. E como resposta a esses desafios, apresentamos exem- plos positivos de protagonistas aten- didos pela AdC e seus negócios. Todos esses cartazes só “ganharam vida”,pormeiodotrabalhodaONComuni- cação, que realizou a impressão, instalação e fez a manutenção das mídias físicas nas estações. Sempre mostrando uma sensibi- lidade para causas sociais, Marco Antônio Ortega comanda a empresa desde 2000. Nas palavras de Ortega: “É uma oportunidade para pequenos e médios empresários, para fazer com que 8 8 . C A M PA N H A S AV E N T U R E - S E E AV E N T U R E - S E I I
  • 32. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 32 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S tenham novos profissionais por aí. Tem muita gente de talento que não têm oportunidade. Como o programa The Voice, em que muitos só são descobertos por ganhar uma oportunidade, um empreendedor pode ter talento mas não conseguir se destacar se não tiver uma ajuda. A maioria das pessoas que querem oportuni- dade não desperdiçam, acabam deslanchando quando a recebem. Tem vários casos de sucesso por aí. Acho esse trabalho muito importante e muito bacana para todo mundo, para o país, para a sociedade e para o futuro. Eu vejo com bons olhos esse trabalho e vou reparar na campanha quando passar nas estações.” Relato de David Maderit: “Participar da campanha trouxe uma visibilidade pro negócio que não seria possível sem a ajuda da Aventura de Construir. A sensação de reconhecimento é um passo a mais na jornada de transformar o Beat Orgânico Áudio Solu- ções em um empreendimento sólido, próspero eduradouro,com amissãodeajudarosartistas e trazer novas oportunidades para a periferia.” 8 . C A M PA N H A S AV E N T U R E - S E E AV E N T U R E - S E I I Sandra Maria, Valdenir e Dara Silva - Hamburgueria, Nova Odessa/SP. Carlos Raposo - Cafeteria, Veleiros/SP. Adriana e Arthur Barros - Editora, Casa Verde/SP. Vagner Pinheiro - Cutelaria, Nova Odessa/SP.
  • 33. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 33 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Fundo Patrimonial AdC Em 2019, foi sancionada a Lei 13.800, regulamentando fundos de endowment, ou Fundos Patrimoniais, no país. Desde então “ligamos as antenas” para o tema, que poderia apoiar a instituição, especialmente pensando na sustentabilidade financeira de longo prazo da AdC. A partir de 2020 começamos a estudar de forma sistemática o tema dentro da instituição de forma transversal: desde a Diretoria, Conselho Consultivoedemaisórgãosdiretivos,atéacoorde- nação geral da Aventura e áreas operativas como Sustentabilidade e Comunicação foram envol- vidas nas etapas de pesquisa, reuniões, tratativas e decisões estratégicas. Foi entendido que a criação de um fundo pa- trimonial, primeiramente, estaria alinhada aoEstatutodaAdC, onde lê-se: “(...) - promoção do desenvolvimento econô- mico e social e combate à pobreza - experimentação, não lucrativa, de novos modelossocioprodutivosedesistemasalternativos de produção, comércio, emprego e crédito (...)” Iniciaram-se então os trabalhos nesse sentido em 2021, quando começamos, embrionariamente, a “deixar separados” recursos, pensando no futuro fundo patrimonial da Aventura de Construir, que teve seu início em 2022, atualmente gerido pela Ágora Investimentos, e é o primeiro fundo patri- monial nacional operando diretamente sobre a missão de desenvolvimento territorial inclusivo. O panorama geral ainda é recente e são poucos os fundos patrimoniais brasileiros - 52 mapeados no Panorama dos Fundos Patrimoniais Brasileiros pelo IDIS, em publicação de mesmo nome, lançada em 2022. A questão foi deixada de lado por muito tempo no país, mesmo considerando que em 2022 o país passou a ter mais de 60 bilionários nacio- nais: 62 indivíduos ou famílias acumulam fortunas acima de 1 bilhão de dólares segundo o 36º ranking anual da Forbes das pessoas mais ricas do planeta. A legislação de 2019 garante a seguridade para que doadoresexploremas-aindamuitopoucas-opções de fundos. É perceptível a ascensão da pauta, espe- cialmente a partir dos anos 2000 e especialmente a partir da década de 2010, nota-se, por exemplo, a partir da criação dos fundos listados pelo IDIS em sua publicação anteriormente mencionada, dos 52 fundos, 36 surgiram de 2010 em diante. Entendemos que esta é uma oportuni- dade de liderarmos uma iniciativa pioneira no Brasil e construir um legado no tempo, em conjunto, em um contexto de franca expansão e crescimento de interesse e engajamento em doações para causas sociais. 9 9 . F U N D O PAT R I M O N I A L A D C
  • 34. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 34 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S Pontes com mídias / eventos do terceiro setor O trabalho realizado pela AdC não é possível sozinho. Dentro de um cenário de mais de 14 milhões de desempregados, uma alta taxa de negócios informais e milhões de MEIs (Microempreendedor Individual) no Brasil inteiro, a AdC necessita de parcerias para impactar positivamente os empreendedores atendidos. Nesse sentido, vemos que um grande papel exercido pela nossa instituição é o de construtora de pontes. Essa perspectiva vai ao encontro com o ODS 17, da ONU, que fala sobre Parcerias e Meios deImplementação.Damesmaforma,umdos pontos do método de trabalho da Aventura de Construir propõe “Atuar em rede, criando pontes e fortalecendo trabalho conjunto entre os beneficiários”. Ou seja, construir pontes faz parte da essência da AdC. De um lado, estão as empresas, muitas já com trabalhos importantíssimos realizados pelos seus institutos, e uma nítida respon- sabilidade social corporativa. E em paralelo ao mundo empresarial, está o mundo acadê- mico, que forma os profissionais do futuro e produz ciência que irá beneficiar a todos. Todavia, no outro lado se encontra a Periferia e seus empreendedores, clientes e forma- dores de opinião. Mesmo que possam existir conexões entre os diferentes mundos, ainda há um abismo que separa boa parte dessas realidades. Por isso, a importância da Aven- tura de Construir edificar essas pontes e agir como uma intermediadora destes mundos é gigantesca. 10 1 0 . P O N T E S C O M M Í D I A S / E V E N T O S D O T E R C E I R O S E T O R
  • 35. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 35 — E X P E R I Ê N C I A S P R ÁT I C A S “Vivendo essa aventura de construir pontes e parcerias, conseguimos unir diferentes perspec- tivas para olhar a realidade e responder a tantos novos e gigantes desafios.” Alguns exemplos aconteceram em outubro de 2021. No dia 6, Luiza Kormann, consultora da AdC, participou de um encontro sobre Voluntariado Empresarial e Empreendedorismo Social, organi- zado pelo GEVE, o Grupo de Estudos de Voluntariado Empresarial. Na ocasião, foi compartilhada a experi- ência do projeto de Compartir Vedacit, que consiste em assessorias de volun- tários da Vedacit para empreende- dores da periferia, sempre com acom- panhamento da nossa equipe. Tanto no projeto, quanto no painel em si, há uma troca de ideias e experiências que elevam o potencial de cada um. Já nos dias 6, 7 e 8 de outubro de 2021, foi realizada a Semana de Empre- endedorismo da FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) que teve a parceria da Aventura de Construir nos dois primeiros dias. Com a participação de empreende- dores acompanhados pela AdC, como Adriana Barros, Amen Khalil, Amanda Gonçalves, Vagner Pinheiro e Natália Guasso, foram realizadas lives, nas quais os convidados debateram sobre empreendedorismo e a inovação sob vários prismas. TambémemparceriacomaFECAP, foi realizada uma ação de produção e divulgação de artigos escritos pelos alunos da instituição, sobre empre- endedorismo social e o trabalho da AdC. Com apoio do professor Edson Barbero e de Rodrigo Fadelli, foi criada uma atividade complementar voluntária para os alunos do curso de administração, para que os estudantes do primeiro semestre produzissem textos relacionados ao nosso trabalho. O objetivo foi aproximar esses alunos de experiências da vida real, em situa- ções de vulnerabilidade. Já em 2022, a parceria com a instituição se deu por meio da Benjamin - Agência Experi- mental FECAP, na qual as estudantes de Relações Públicas participantes produziram conteúdos sobre comuni- cação institucional, relacionando com os projetos e trabalho da AdC. Confiamos nos nossos parceiros eseguimossempreestecaminhode unirmundos,intermediarrelações e, assim, alcançar nossa missão de apoiar o crescimento pessoal e a transformação socioeconômica de microempreendedores de baixa renda da periferia e promover o desenvolvimento territorial local e inclusivo. Vivendo essa aventura de construir pontes e parcerias, conse- guimos unir diferentes perspectivas para olhar a realidade e responder a tantos novos e gigantes desafios. Como escreveuMarcelProust,“Aúnicaverda- deira viagem para uma descoberta não consiste na busca de novidades, mas em saber observar com olhos novos”. 1 0 . P O N T E S C O M M Í D I A S / E V E N T O S D O T E R C E I R O S E T O R
  • 36. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 36 — T R I L H A C O M P L E TA Capítulo 3 TRILHA COMPLETA
  • 37. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 37 — T R I L H A C O M P L E TA A trilha completa é aquela que envolve as 4 frentes de atuação AdC e é adaptada, inicialmente, de acordo com o público a ser desenvolvido: Aceleração PÚBLICO: possui um empreendimento ➀ Conexão; ➁ Diagnóstico; ➂ Validação; ➃ Construção de Plano de Negócios; ➄ Pré-mercado; ➅ Acesso ao mercado Incubação PÚBLICO: possui uma ideia de empreendimento ➀ Conexão; ➁ Ideação; ➂ Público-alvo; ➃ Prototipação; ➄ Suporte operacional e estratégico; ➅ Habilidades interpessoais; ➆ Planejamento dos próximos passos Após o primeiro recorte feito de acordo com o nível de maturidade do empreendimento, a jornada de acompanha- mento Aventura de Construir para negócios de impacto social de periferias ainda pode ser adaptada de acordo com necessi- dades/demandas projetuais por parte dos financiadores, tratando um público-alvo mais delimitado (de um território, segmento ou outras características específicas). Cada uma das Trilhas possui tempo mínimo de execução estipulado em 6 meses. No caso de inves- tidores necessitarem de um ciclo menor que 24 semanas para a realização do projeto, ele poderá: Co-financiar uma trilha (ficando como financiador de fases específicas)*; Desenhar um projeto específico com a equipe de Sustentabilidade da AdC. *Visando sempre a melhor experiência dos participantes, Aventura de Construir reforça que as jornadas só serão iniciadas mediante financiamento completo (no caso de cofinanciamento, só é dado início uma vez todas as fases financiadas). Para ambas as trilhas é indicado um número máximo de 30 empreendimentos participantes.
  • 38. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 38 — T R I L H A C O M P L E TA Incubação O objetivo da trilha de incubação da jornada de acompanhamento Aventura de Construir para negócios de impacto social de periferias é tirar uma ideia do abstrato e trazê-la à realidade. PÚBLICO: pessoas de periferias (urbana ou rural) que queiram empreender com impacto social PERÍODO: 06 meses Fase Objetivo Período mínimo Conexão Estabelecimento de acordos e criação de espaço seguro de aprendizagem. Trazer mais intimidade entre participantes 1 semana Ideação Identificação dos problemas da comunidade; pesquisa de mercado (oportunidades); análise concorrentes 4 semanas Público-alvo Desenho de personas; proposta de valor e diferen- ciais; definição de hipótese; validação de hipótese 4 semanas Prototipação Jornada do cliente/usuário; construção de MVP; validação MVP 8 semanas Suporte operacional e estratégico Modelo de receitas; contabilidade; preci- ficação; ponto de equilíbrio 4 semanas Habilidades interpessoais Pitch; marketing; mapeamento objeções de vendas e retornos 2 semanas Planejamento próximos passos Motivacional; planejamento contínuo; indicação acelerações 1 semana
  • 39. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 39 — T R I L H A C O M P L E TA Protagonistas que percorreram a Jornada A curitibana Amanda Gonçalves é uma voz bastante ativa nos espaços de proteção à igualdade racial e cultura negra na capital paranaense, tendo atuado como conselheira de Igualdade Racial municipal de 2019 a 2022. Sua trajetória pessoal de imersão e apropriação da cultura afro a levou a fundar o Tabuleiro Odara, empreendimento social que busca apresentar a panificação como alternativa de renda a mulheres periféricas que necessitam de uma fonte de sustento, inicialmente realizado no terreiro de candomblé yle Ase alaketu Oya segun. Com formação e experiência profissional em gastro- nomia, Amanda oferece os cursos de panificação e conta com uma equipe multidisciplinar para apoiar as partici- pantes (administração, comunicação, design, pedagogia, nutrição e apoio psicológico individual ou em grupo). O Tabuleiro resgata a atividade ancestral de mulheres africanas escravizadas em terras brasileiras, que vendiam seus quitutes em tabuleiros como forma de sustento e apoio coletivo. O relacionamento com a Aventura de Construir se iniciou com a participação de Amanda e Patrícia Pereira no projeto Crescendo em Rede. Desde então elas partici- param de outros projetos, assim como da rede de empre- endedores Avante Empreendedor. DentrodoprojetoCompartirVedacit,Amandarecebeu o suporte para uma mudança estrutural no empre- endimento, ocasionados por eventos adversos. O curso original para 10 mulheres acontecia no espaço embaixo da casa de Amanda – que foi reformado como cozinha. Atualmente em um apartamento menor, foi necessária uma reformatação no curso para uma versão pocket, com duas participantes por vez. Para isso foi importante um planejamento cuidadoso e valorização dos pequenos passos para que a empreendedora não se desanimasse. Para a geração de capital, Amanda organizou uma rifa, tendo como prêmios utensílios da cozinha original que não puderam ser levados para a nova casa. Além disso, ela contou com o apoio e entusiasmo do volun- tário Vedacit, que preparou uma tabela otimizada para organizar o planejamento financeiro do empre- endimento, aproveitando o momento da assessoria para demonstrar suas funcionalidades. Desde então, Amanda vem utilizando sistematicamente. A M A N DA G O N ÇA LV E S - TA B U L E I R O O DA R A Amanda Gonçalves e parceiros.
  • 40. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 40 — T R I L H A C O M P L E TA O projeto Trançamor nasceu, como o nome indica, com o olhar para o cabelo. Mais especificamente para apoiar a tran- sição capilar de mulheres. A trancista Evelyn Daisy, moradora deChácaraSantana,periferiasuldeSãoPaulo,contaque,aquilo que começou pelos fios, se desdobrou para um apoio integral à saúde de populações em situações de vulnerabilidade. Atransiçãocapilaré,naprática,umprocessodeabandonode químicas de alisamento para retornar o cabelo a sua curvatura natural. Mas para mulheres pretas é um processo que mexe com várias áreas, mexe com a saúde mental. Não sendo psicóloga, Evelyn chamou psicólogos (alguns voluntários, outros pagos) para dar suporte às mulheres que atendia. A partir desse ponto, e então já em um contexto de pandemia da Covid-19, perce- beram que essas pessoas precisam comer. E, já que estavam falandodesaúde,aatençãosevoltaparaaqualidadedesses alimentos, de comida boa, sem veneno. Pela alta demanda, não é todo mundo que faz comida para pessoas de vulnerabili- dade que pensa na qualidade da comida, a prioridade cessa em saciar a fome. E assim, desde 2021 o Trançamor se transformou em uma cozinha social. Sendo um dos projetos contemplados pelo capital-semente do Crescendo em Rede, a empreendedora social vem ganhando espaço e relevância no ecossistema, tendo passado pela acele- ração da Gastromotiva e agitando o ecossistema. Hoje, o Trançamor Cozinha prepara e entrega de 1500 a 2000 marmitas por mês para famílias da periferia e pessoas em situação de rua, além da realização de feiras gratuitas de orgâ- nicos onde são distribuídos entre 300 e 500 quilos de frutas, verduras e legumes para a comunidade de nosso território na região do Jardim São Luis. E V E LY N DA I SY - P R O J E TO T R A N Ç A M O R Protagonistas que percorreram a Jornada Evelyn Daisy e marido.
  • 41. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 41 — T R I L H A C O M P L E TA Aceleração O objetivo da trilha de aceleração da jornada de acompanhamento Aventura de Construir para negócios de impacto social de periferias é alavancar o empreendimento existente. PÚBLICO: pessoas de periferias (urbana ou rural) que possuam negócio de impacto social PERÍODO: 06ou 08 meses Fase Objetivo Período mínimo Conexão Estabelecimento de acordos e criação de espaço seguro de aprendizagem. Trazer mais intimidade entre participantes 1 semana Diagnóstico Assessoria individual inicial com consultor AdC; mapeamento propósito, diferenciais, carro-chefe e persona; definição de indicadores do negócio; desenho de roadmap do processo de aceleração 5 semanas Validação Ciclo construir-medir-aprender (customer/ market fit) 2 rodadas com grupo teste 4 semanas One Page Elaboração do One Page do empreendimento em partes (Sobre; O que Fazemos; Como fazemos; Difrenciais; Resultado; O que vem por aí; Contatos) 2 semanas Plano de Negócios Elaboração do Plano de Negócios em 5 partes (Sumário Executivo; Análise de Mercado; Plano de Marketing; Plano Operacional; Plano Financeiro; Considerações Finais) 10 semanas Pré-mercado Template e projeções financeiras (cenários); processo de precificação; funil de vendas; métricas financeiras; 5W2H; desenho de roadmap do próximo ano 8 semanas Acesso ao mercado Rodadas de pitch; evento de conexão “demo day”; ponte entre participantes e, pelo menos, 1 conexão direta de mercado 4 semanas
  • 42. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 42 — T R I L H A C O M P L E TA São 6 anos de existência do Coletivo Meninas Mahin, negócio de impacto social que promove o empreendedorismo entre mulheres negras. Carre- gandoLuísaMahinemseunome,hojesãomaisde80parti- cipantes, que, em sua maioria, começam a empreender por necessidade, existindo muita insegurança. E daí a impor- tância de apoiar esse movimento: desenvolvimento do perfil empreendedor das integrantes, transforman- do-asemgestorasautoconfianteseresponsáveispor seus negócios. Nasceu de forma orgânica em 2016. A partir da partici- pação no projeto Itaquera do Futuro, Ednusa Ribeiro e as demais fundadoras começaram com oficinas de turbante e tranças. No fim do ciclo de aprendizagem decidiram realizar uma feira de celebração e foi ali que notaram a importância de um espaço contínuo para fortalecer o afroempreendedorismoedisseminaraculturacomartistas locais. O processo de amadurecimento das integrantes se dá através de sua participação ativa nos encontros e feiras abertas organizadas pelo Coletivo. Nesses momentos são repassados os conhecimentos ao passo que já podem ser praticados. Ednusa e as demais integrantes do Conselho acompanham de perto todo o processo de venda, comu- nicação com cliente, negociação e, juntas, crescem: é o Ubuntu que se faz tão presente em suas falas e ações. AdvindadalínguaBantudaÁfricaSubsaariana,Ubuntu traduz-se para o português como: “Eu sou por que nós somos”, e é trazido pelas Meninas Mahin com o provérbio africano:“Sequiserirrápido,vásozinho.Sequiserirlonge, vá em grupo.” AcompanhadaspelaAventuradeConstruirdesde2020, ano em que foram contempladas com capital-semente do projeto Crescendo em Rede, as Meninas Mahin criam vínculos e possibilitam trocas profundas de aprendizado por onde passam. Ednusa e as integrantes do Conselho Consultivo parti- ciparam de ações como a distribuição de mais de 120 cartões alimentação – parte da ação junto ao Banco de Alimentos realizada em outubro de 2021. Ednusa parti- cipou também como mentora voluntária em assessorias do projeto Lamberti Transforma, assim como todas as membras se fazem presentes ativamente nos encontros do Avante Empreendedor, rede de empreendedores AdC. As Meninas Mahin engrandecem os espaços por onde passameatrajetóriadeentregaprofundaparasonhosaltos vem rendendo frutos. Podemos mencionar aqui alguns, comooreconhecimentopelaPrefeituradeSãoPaulocomo Selo de Igualdade Racial; Prêmio Luisa Mahin 2021; Perso- nalidade do ano 2021/2022; Troféu Rainha Nizinga. As parcerias são valorizadas e valorosas, como a Feira Preta, que conta em seu e-commerce com a categoria Coletivo Meninas Mahin, o Espaço Preta Brasileira Cultural, no Top Center Paulista, onde o Coletivo realiza feiras periódicas, assim como a Igreja Largo do Rosário. A mais recente parceria é com o Centro de Formação e Pesquisa do SESC- SP, parceria que estuda a metodologia prática das Meninas Mahin como fonte de pesquisa. Sem deixar de mencionar a crescente participação em eventos de formatos diversos: • Dia do Empreendedorismo Feminino da Pepsico; • Lançamento da campanha #CompreDelas do Facebook; • Encontro do Grupo de Estudos sobre Voluntariado Corporativo para falar de sua experiência dentro do projeto Compartir Vedacit; E D N U S A R I B E I R O - C O L E T I VO M E N I N A S M A H I N Protagonistas que percorreram a Jornada
  • 43. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 43 — T R I L H A C O M P L E TA “Nosso coração é a transformação de potencial turís- tico em produto turístico. Produto que vai gerar renda e valor paraessaspessoas.Queconstruímosescutandoaslideranças comunitárias.” É assim que Leidson Nunes, fundador do Roteiros Velho Chico, define a RVC (Roteiros Velho Chico). Localizada no norte de Minas Gerais, iniciou as atividades em 2012, especializando-se no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e tudo que a região, banhada pelas águas do Rio São Francisco,temaofereceraosturistas:aexperiênciadeconhecer as maravilhas naturais enquanto imerso na cultura local. A articulação em torno do potencial turístico da região vem da paixão de Leidson pela região e seus encantos, que é muito diferente da imagem que persiste no imaginário geral de que seria uma região estéril, casa de pessoas em situação de miséria. Ao passo que quebra tais estereótipos sobre o local e seu povo, a RVC enfrenta o que entende como problema central para o desenvolvimento da região: a baixa renda da população e seus efeitos, como desvalori- zação do próprio trabalho e baixa auto estima. Ao longo dos anos, Roteiros Velhos Chico mobilizou e mobiliza organizações locais de pequenos produtores, envol- vendo-os na construção de roteiros turísticos que cons- tituam um impacto real em suas rendas e produções. Hoje conta com sete principais associações parceiras de comunidades do entorno do Parque Nacional, que contabi- lizam mais de 40 pessoas impactadas. Desde 2012 a RVC já proporcionou a descoberta dos encantos do norte de Minas Gerais para mais de 1.000 pessoas. Oferecendo roteiros turísticos de 1 a 7 dias de duração, os visitantes adquirem uma média de 15 produtos locais em suas estadias, injetando dinheiro nas comunidades através de roteiros por elas pensadas e protagonizadas. Geração de renda e trabalho, estamos falando de um negóciodeimpactosocial!LeidsonNunesparticipouconosco do projeto Crescendo em Rede, ao longo do qual comparti- lhou suas experiências empreendedoras de forma extrema- mente ativa e solicita, sendo o Roteiros Velho Chico um dos empreendimentos contemplados pelo capital-semente Cres- cendoemRede.Aolongodasassessoriasindividuais,Leidson estruturou o Plano de Negócios do empreendimento. No ano de 2019 o faturamento da RVC possibilitou que o empreendedor criasse um caixa do empreendimento, guar- dando cerca de 20% do faturamento total. O que possibilitou a sobrevivência em meio à pandemia do empreendimento foi o protagonismo e planejamento financeiro de Leidson. Com a chegada da Covid-19, Leidson pode contar com o caixa que consolidou. Além disso, a RVC trabalhou criativamente em alterna- tivasdecomplementoderendacomavendadeequipamentos de escalada e rapel que estavam parados e o novo serviço baseado na experiência turística de Leidson: a consultoria em Levantamento de Potencial Turístico. É feita uma prospecção das áreas de interesse turístico, avaliando o potencial das atra- ções para que sejam desenvolvidos produtos turísticos. A RVC entrega então um relatório do trabalho como forma de registro, organização das informações e recomendações de ações neces- sárias para a conversão do atrativo em produto turístico. Umaempresaquemobilizaascomunidadesdeuma região preciosa, trazendo-as ao centro da elaboração dos produtos turísticos. Leidson assim garante que as comunidades e, mais importante, as pessoas se entendam como protagonistas dessa história, das vivências que os turistas experimentam – e voltarão a experimentar -, no Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu e região. As comu- nidadessãotransformadasaoreceberemessesturistasquese encantam com o estilo de vida local, artesanatos e quitutes. L E I D S O N N U N E S - R OT E I R O S V E L H O C H I C O Protagonistas que percorreram a Jornada
  • 44. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 44 — T R I L H A C O M P L E TA valorizar as competências e experiências dos voluntários para que seus conhecimentos possam sercompartilhadoséograndeobjetivodoprograma de voluntariado da Aventura de Construir. Trata-se de transformar os voluntários em agentes colabo- radores do crescimento socioeconômico das comu- nidades, assim como do crescimento pessoal de cada um. Contamosdesde2016comvoluntáriosoperativos na AdC, que inicialmente participavam presencial- mente das capacitações e assessorias. Assim como a organização como um todo, o programa de volun- tariado AdC se adaptou às mudanças dos últimos anos, priorizando a atuação online. Em 2021, com o Compartir Vedacit, estruturamos e validamos uma experiência de voluntariado corporativo que otimi- zasse o tempo empenhado pelos colaboradores ao mesmo tempo que a entrega para o microempreen- dedor fosse a mais significativa possível. Daí nasceu a tecnologia de match de habili- dades X necessidades: mapear as habilidades e conhecimentos dos voluntários de um lado e asnecessidadesdosempreendedoresdeoutro para gerar, através dos dados coletados, as conexões mais propícias. Um programa de voluntariado próprio pretende funcionar como uma ferramenta institucional para disseminar valores como cidadania, solidariedade, ética, justiça social, tolerância e inclusão social. Todos estes aspectos estão relacionados à promoção de um desenvolvimento humano integral, de modo que tanto os voluntários quanto os receptores do voluntariado sejam beneficiados. Isso resulta em uma cadeia onde todos os envolvidos ganham de alguma forma. Voluntariado corporativo
  • 45. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 45 — T R I L H A C O M P L E TA Capítulo 4 APRENDIZADOS, MENSURAÇÃO E RESULTADOS
  • 46. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 46 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S Ao longo destes anos de atuação, e dos projetos e ações descritas anteriormente, coletamos alguns aprendizados valorosos em boas práticas com empreendedores sociais de periferias, visando a entrega de valor aos participantes em suas jornadas protagonistas: A proximidade com o público é primordial para eficácia das atividades, tanto em disponibilidade da equipe quanto no fazer valer uma relação que se estabelece entre pessoas. Nem entramos no assunto escalabilidade se entendida como uma produção em massa: somente um sujeito protagonista se torna multiplicador e muda seu entorno no tempo e, para a geração de prota- gonismo é necessário acompanhamento e tempo. Jamais tratar qualquer tema como óbvio. O espaço de aprendizado seguro é vital para o processo e nele toda pergunta é uma boa pergunta. Aceleração e incubação são processos separados por se tratarem de demandas diferentes, o que não impede que os partici- pantes se conectem - pelo contrário, redes devem ser estimuladas. O processo de aprendizado é facilitado quando feito em grupo. Aprofundar conceitos a partir da explicação ou experiência de um par gera protagonismo, cria referências, estreita vínculos e vem demons- trando maior eficácia. Ferramentas de design são bem vindas, sendo uma forma de otimizar a entrega a partir de práticas mais mão na massa e não neces- sariamente expositivas. Os esforços são no sentido de apoiar a tomada de consciência da mudança que aconteceu, apoiando assim a solidificação de seu protagonismo. Ou seja: é recomendada atenção para garantir o olhar, antes de tudo, para o conteúdo e a entrega de resultados tangíveis. A forma deve ser um facilitador, não o objetivo em si. 1 2 5 6 4 3
  • 47. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 47 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S Mensuração de impacto Tendo a Aventura de Construir vasta experiência com mensuração de impacto, compartilhamos algumas dicas para mensurar a partir de nossa experiência concreta: ➀ Defina o que se deseja medir, para gerar perguntas que entreguem dados relevantes. ➁ Na medida do possível, defina os seus processos antes: como lidar com valores extremos (outliers)? Como substituir sujeitos que saem dos grupos analisados? ➂ Faça perguntas simples e com respostas objetivas: não “Você gosta de ler?” mas “Quantos livros você leu no último mês?” ➃ Na análise, não espere dos números mais do que eles podem oferecer: “Nem tudo o que é importante pode ser medido, e nem tudo o que pode ser medido é importante”. Um programa de avaliação de impacto aumenta a transparência mostrando se os recursos empenhados de fato geraram os resultados objetivados ou se servem apenas para a autoconservação da organização pública ou privada que os gerencia.
  • 48. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 48 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S Sistema de avaliação de impacto para negócios de impacto de periferia O sistema de avaliação de impacto da Aventura de Construir foi desenvolvido em parceria com a ALTIS (Alta Escola de Negócios da Universidade Católica de Milão-Itália); Kellogg Institute (Estados Unidos); e Consultoria de Ana M. Pelliano, Professores Sérgio Lazzarini (Insper Metricis) e Edgard Barki (FGV). O questio- nário é aplicado desde 2015 e é composto por16métricasem8categoriasquecobrem controle financeiro, resultados econômicos e iniciativas pelo meio ambiente. Acompanhando a crescente relevância (em recorrência e efeitos) de negócios de impacto social nos espaços periféricos, percebemos a inadequação de indicadores tradicionaisparaavaliaroimpactodenegó- cios focados em resolver problemas sociais. Então, em 2020, estabelecemos o sistema de avaliação de impacto para negócios sociais de periferias AdC. O trabalho realizado baseou-se em nossa avaliação tradicional, a aplicação da Teoria da Mudança para mapearmos aquilo que buscamos alcançar (o que deveria ser mensurado) e o estudo aprofundado de materiais referência, num benchmark internacional, envolvendo materiais como o Guia Metricis do Insper Metricis, Impact Report da E4 Impact/ALTIS, além do acompanhamento com parceiros da área. O resultado foi um sistema de avaliação de impacto para negócios de impacto social* composto por 5 catego- riase12métricasgenéricas.Osetécomple- mentado por uma categoria específica para cada empreendimento de acordo com seu propósito específico. A fonte primária de aprendizado é a evolução temporal das métricas, que deve ser acompanhada de forma semestral, nos meses de abril e outubro. A partir da P2 (segundo momento de aplicação do questionário, levantamento de resultados e análise estatística dos mesmos), iniciamos um trabalho de retorno com os empreendimentos envolvidos na avaliação, preparando um relatório individual de acompanhamento ao longo do tempo nos indicadores, com pontos de destaque, recomenda- ções e panorama geral. A ideia é empoderar os empreendedores de seu impacto ao mesmo tempo que se instrumen- taliza a tomada de decisão, entrando na lógica orientada por dados (data driven). CATEGORIA MÉTRICA #1 Meio ambiente 1) iniciativas para o meio ambiente no período #2 Captação de recursos 2) Recebimento (em R$) de: editais públicos ou privados, capitais-semente, investidores-anjo, etc. #3 Relacio- namentos institucionais 3) Número de parcerias ativas no período de referência. #4 Sustentabili- dade financeira 4) Receita no período; 5) Lucro no período; 6) Realização de previsão de orçamento para o período; 7) Acompanhamento do orçamento no período. #5 Impacto na Rede 8) Número de pessoas que geram renda a partir do empreendimento; 9) Número de pessoas que trabalham a partir do empreendimento; 10) Número mulheres que trabalham a partir do empreendimento; 11) Número de ações desenvolvidas para educação financeira, 12) Número de pessoas que trabalham de forma formalizada na rede; 13) Exposição em veículos de comunicação;
  • 49. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 49 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S RESULTADOS À SOCIEDADE Teoria da mudança O processo de execução da Teoria da Mudança do sistema de avaliação para uma avaliação de negócios de impacto social pode ser visto no infográfico que segue. Paraumamelhorcompreensãodoprocesso,valeadefi- nição do que vem a ser a Teoria da Mudança, tal qual apre- sentada em um dos materiais utilizados no benchmark, o Guia Metricis da Insper Metricis: trata-se de “(...) uma forma clara e lógica de articular a conexão entre as ativi- dades realizadas e os resultados socioambientais preten- didos. (...) as cinco etapas de uma teoria da mudança, cujo mapeamento é essencial em um plano de medição: insumos e atividades, que geram produtos ofertados à população-alvo (outputs); os quais, por sua vez, conduzem a resultados (outcomes) ligados tanto às atividades prin- cipais do projeto, quanto a transformações mais amplas para a sociedade. Essa etapa se beneficia diretamente das etapas ante- riores do plano: a definição dos objetivos do projeto e da população-alvo direciona a identificação de resul- tados mais específicos almejados, enquanto a análise de benchmarking permite identificar quais potenciais insumos e atividades podem ser mais efetivos para gerar esses resultados.” PRODUTOS INSUMOS ATIVIDADES RESULTADOS DAS ATIVIDADES Geração de trabalho e renda Negócios de impacto acelerados e contem- plados por capital-semente Incubação e divulgação dos demais projetos não contemplados AdC com alcance nas 5 regiões de todo o território nacional Criação e fortalecimento de negócios de impacto social periféricos Criação de rede empreen- dedores sociais periféricos nacional Banca avaliadora representativa do ecossitema Parceiros participativos Voluntários engajados Equipe qualificada Recursos tecnológicos Estruturar edital, critérios de avaliação e conduzir banca examinadora Estimular engajamento de inscritos(as) Organizar e conduzir assessorias individuais temáticas Estruturar e conduzir assessorias em grupo com base na metodologia AdC Adaptar conteúdo a linguagem a aulas online Participantes melhoram em comunicação, captação e administração Participantes participam de outros editais, acelerações e afins Participantes engajam no fortalecimento de seus pares da rede Maior número de empreen- dedores fora de São Paulo Democratização conhecimento ecossistema impacto social
  • 50. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 50 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S INSUMOS ATIVIDADES PRODUTOS RESULTADOS DAS ATIVIDADES RESULTADOS À SOCIEDADE Equipe qualificada Divulgação e recruiting Prêmios para negócios de impacto periféricos Participantes criam empresas sustentáveis em menor tempo Aumento na geração de trabalho e renda Parceiros acadêmicos e corporativos participativos Train the Trainers Maior número de empreendedores fora de São Paulo Participantes mais capacitados em skills de comunicação, captação e administração podem atrair mais recursos autonomamente Democratização conhecimento ecossistema impacto social Banca avaliadora representativa do ecossistema Palestras e "lives" para identificação dos problemas sociais com Design Thinking AdC com alcance nas 5 regiões de todo o território nacional Participantes se entendem como geradores de impacto social, atuando como multiplicadores e engajando no fortalecimento de seus pares da rede Criação e fortalecimento de negócios de impacto social periféricos Voluntários engajados Assessorias em grupo e individuais com base na metodologia AdC Aceleração de negócios de impacto social periféricos Criação de rede de empreendedores sociais periféricos nacional Relacionamentos com o público alvo e canais de comunicação Edital Incubação e divulgação dos demais projetos não contemplados Financiador Sessões de desenho de potenciais soluções Modelo de mensuração de impacto socioambiental *Na lógica de conhecimento compartilhado, o set proposto pode ser solicitado via sustentabilidade@aventuradeconstruir.org.br.
  • 51. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 51 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S RESULTADOS A aplicação dos aprendizados adquiridos têm seus resultados demonstrados na prática: O estreitamento de vínculos a partir da realidade acarreta em projetos educacionais que mantém o engajamento de participantes de ponta a ponta, com uma média de 30 empreendedores formados por turma O fomento de redes entre empreendedores fortalece a economia de base por meio de parcerias ganha-ganha 7.521 acompanhadas diretamente 37.605 pessoas impactadas indiretamente 525 capacitações realizadas 3.820 assessorias (individuais ou coletivas) realizadas MAIS DE 65 microempreendedores de impacto social inseridos em rede de cooperação e acompanhados com avaliação de impacto
  • 52. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 52 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S “Receber treinamento adequado possibilitou transformação. De pais que queriam realizar o sonho do filho autista, hoje somos empreendedores de impacto social, alcançando milhares de pessoas pelo Brasil, oferecendo serviços de edição para autores com e sem deficiência, livros que levam mensagens de esperança e palestras que instruem. A ABarros Editora existe porque começou da forma correta e isso só foi possível porque a AdC nos entregou ferramentas, estudo e aprendizado com muita atenção, carinho e até amizade. Onde mais a gente poderia aprender sobre precificação, fluxo de caixa, planejamento? O trabalho da AdC é incrível e saber que é multiplicado para muitos outros, nos enche de orgulho e esperança.” ➀ Adriana Barros, Empreendedora da ABarros Editora “Trabalhamos no segmento de turismo na região norte de Minas Gerais, uma região com baixo IDH. Por isso, atuamos como um negócio de impacto social na região, com o objetivo de melhorar esses índices de desenvolvimento humano, através do turismo como ferramenta de transformação dessa realidade. Eu vejo que ajudar a AdC a desenvolver os seus projetos é fundamental para ajudar pequenos negócios como o meu. A Aventura ajudou-me a me comunicar, a ter um negócio melhor posicionado no mercado, ajudou com a parte financeira, precificação. Foram diversas assessorias que me ajudaram a me desenvolver como profissional e a gerir o meu negócio.” ➁ Leidson Nunes, Empreendedor da agência de turismo Roteiros do Velho Chico O testemunho dos protagonistas
  • 53. D A E X P E R I Ê N C I A , U M M É T O D O 53 — A P R E N D I Z A D O S , M E N S U R A Ç Ã O E R E S U LTA D O S A periferia no centro Retomando os 7 pontos de método de trabalho, partimos da realidade de uma socie- dade desigual seja no recorte paulistano, nacional ou global. As relações centro - periferia continuam a favorecer iniciativas e recursos dos seus, enquanto aqueles “do lado de lá” da ponte, fora do eixo Rio-São Paulo ou do Norte global seguem estigmatizados, postos como “benefici- ários” de programas pensados por pessoas bem longe da realidade na qual incidirão. A Aventura de Construir nasce na cidade de São Paulo, atendendo inicialmente periferias da Zona Oeste da capital. As lições aprendidas nestes 10 anos de atuação envolvem, primei- ramente, reconhecer que não somos da peri- feria e, assim sendo, não nos cabe dizer o que pessoas que vivem nesta realidade (que também é diversa entre periferias) precisam. O que nos compete, e que buscamos fazer com afinco, é escutar as demandas dos empreende- dores atendidos, acompanhar sua jornada e capacitá-los para que alcancem seus obje- tivos. O protagonismo não é nosso e sempre será deles. Além disso, pelo fato de a AdC ter uma boa circulação entre academia e setor privado, estamos constantemente atentos às tendências do mercado, tendo em vista o ponto de método 6 (fazer pontes) e os pilares de atuação 1 e 4 (demo- cratização e catalisadora). De forma concreta, no desenvolvimento dos projetos buscamos a apro- ximação de financiadores e participantes, esti- mulamos as conexões centro-periferia e periferia-periferia de forma a potencializar as soluções dos empreendedores. As trilhas completas de incubação e aceleração são construídas de forma a potencializartrocaseprepararosempreen- dedores para “atravessar a ponte” em busca de recursos. A sistematização de uma avaliação de impacto específica para negócios sociais de peri- ferias vem nesta esteira: oportunidades de ISP (Investimento Social Privado) significativas para os empreendedores demandam um certo nível de mensuração. Para negócios de impacto do centro essa mensuração é natural, muitas vezes existente desde sua fundação. Com negócios de impacto de periferia, muitas vezes o fazer vem antes. Daí a importância de um conjunto de indi- cadores que, por um lado, possibilita a recali- bragem do empreendimento e o direcionamento de próximas ações a partir de dados que ajudam a responder o “Estamos no caminho certo?” e, por outro, torna-se um facilitador no diálogo com o lado de lá da ponte. É sobre ocupar espaços, principalmente aqueles que lhes dizem respeito. Na Aventura de Construir estamos orgulhosos do trabalho desenvolvido até aqui e com garra para fazer mais e fazer em conjunto. Acreditamos no poder do coletivo, na potência incomparável de um trabalho feito a várias mãos. A jornada para negócios sociais de perife- rias é uma tecnologia em desenvolvimento aberta para todos. Esperamos você no embarque para esta Aventura!
  • 54. Manual de Sistematização de Jornada Integral para Negócios de Impacto de Periferia DA EXPERIÊNCIA, UM MÉTODO P A R C E I R O E S T R AT É G I C O A P O I O O R G A N I Z A D O P O R Silvia Caironi • Vinícius R. R. Dutra • Luiza Kormann Carvalho da Fonseca Nº ISBN: 978-65-999276-0-7
  • 55. Manual de Sistematização de Jornada Integral para Negócios de Impacto de Periferia DA EXPERIÊNCIA, UM MÉTODO P A R C E I R O E S T R AT É G I C O A P O I O