2. Os princípios do treinamento
físico são regras gerais, com
base nas ciências biológicas e
pedagógicas, cuja importância
deve-se à influência deles na
melhoria ou na manutenção da
aptidão física.
4. Na hipótese de um dos
princípios ser desrespeitado,
perdem-se as diretrizes de
controle do treinamento e,
consequentemente, a obtenção
de resultados.
5. Cada princípio será analisado,
assim, individualmente, para
utilização posterior no
planejamento, no controle e na
aplicação da carga de treino.
6. A lógica do treinamento
esportivo
Estímulo
Carga
Fadiga
Recuperação
Supercompensação
Adaptação
7. Definições (Manso, et al. 1996)
• Meios
São os os aparatos ou materiais utilizados durante a preparação de um
atleta e que servem para desenvolver a capacidade de rendimento
esportivo de forma sistemática
• Método
É o procedimento sistemático e planificado dos conteúdos de
preparação de um atleta que tem o propósito de alcançar os objetivos
previamente estipulados (ex: intervalado, contínuo, fartlek, etc...)
8. Forma Esportiva (Manso, et al. 1996)
• É o estado de capacidade de rendimento ótimo que o atleta alcança
em cada fase do desenvolvimento esportivo devido ao treinamento
adequado
• Em algumas fases do treinamento em razão do volume, da
intensidade ou da carga de treinamento, a forma esportiva pode
ser afetada negativamente, mas isso não significa que ele está em
má forma esportiva
• As modalidades esportivas e a forma esportiva
Dificilmente as diferentes características do rendimento esportivo
estejam em nível máximo ao mesmo tempo
O fato de uma das características estar em nível máximo, não significa
que a forma esportiva também esteja
Em razão dos calendário prolongados a forma esportiva é mantida em
níveis ótimos, mas não em máximos
9. Forma Esportiva (Manso, et al. 1996)
• As fases da forma esportiva são
Desenvolvimento
Manutenção
Perda
• A perda da forma esportiva pode ocorrer de duas formas
De maneira programada nos períodos de transição (em razão da
diminuição das cargas de treinamento)
De maneira imprevista em razão de treinamento excessivo, esforço
excessivo, deficiências físicas e por fatores externos perturbadores
10. Forma Esportiva (Manso, et al. 1996)
• A ótima forma esportiva é caracterizada quando o atleta
Consegue alcançar seu melhor resultado
As condições musculares estão elevadas
As qualidades motoras estão no nível da competição
Resolve rapidamente situações táticas
Desempenha uma tarefa motora com economia de energia
Demora a aparecer os sintomas de fadiga
Recupera rapidamente as condições metabólicas após o esforço
Consegue manter a concentração nos objetivos competitivos
Consegue superar os obstáculos inesperados durante a competição
É capaz de controlar seu estado emocional
11. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da unidade funcional
Na hora de aplicar os diferentes métodos de treinamento é preciso
entender que o organismo é um todo indivisível
O desenvolvimento dos sistemas (circulatório, respiratório, neural,
etc..) não deve ser feito de maneira escalonada, mas simultaneamente
com ênfase de acordo com a forma do atleta, com a fase da
preparação e com os objetivos estipulados
No entanto, um tipo de treinamento pode atuar positivamente em uma
capacidade motora e negativamente em outra
Exemplo: um atleta que treinar muito a resistência aeróbia e afetar
negativamente sua velocidade (vias metabólicas e fibras musculares)
Se a característica da modalidade esportiva praticada pelo atleta
envolver os dois tipos de capacidades motoras, será preciso treiná-las
de acordo com o segundo item
12. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio do treino multilateral
Está relacionado ao item anterior. Se o treino for unilateral o sistema
ou a capacidade treinada pode ser influenciada negativamente por
outros sistemas ou capacidades que não foram treinados
É preciso analisar cuidadosamente as relações existentes entre os
sistemas e capacidades motoras (ex: capacidade de força e de
velocidade com o objetivo da potência)
É preciso diferenciar o treino multilateral do poliesportivo
Multilateral: vários sistemas e capacidades motoras
Poliesportivo: várias modalidades esportivas
A idade é fator fundamental para esse princípio, pois as crianças e
adolescentes precisam de um treino harmônico quanto aos sistemas e
capacidades motoras
No caso de adultos, algumas influências podem passar a ser negativas,
como a citada no slide anterior
13. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da especificidade
Existem algumas semelhanças entre as modalidades esportivas que
permitiriam que os métodos de treino fossem bem similares (remo e
maratona: ambas precisam de uma condição aeróbia excelente)
No entanto algumas características necessitam ser treinadas
especificamente (a técnica de ambas é diferente)
O treino específico será mais efetivo para o rendimento específico de
uma modalidade esportiva
Porém, alguns autores afirmam que o treino específico necessita ser
precedido do treino geral e outros que pode haver uma barreira de
rendimento (homeostase)
14. Princípios Biológicos
• Argumentos a favor do treino específico (Marques, 1997)
Não há transferência motora da PG para a especificidade do esporte
A PG serve apenas para elevar o estado geral de treino e este já é
muito elevado nos atletas com muitos anos de treinamento
A PG não desencadeia os processos de adaptação necessários para
uma nova elevação da performance
O tempo disponível no quadro de otimização do rendimento em alguns
esportes para a utilização dos meios de PG e cada vez mais reduzido
15. Princípios Biológicos
• Argumentos a favor do treino geral (Marques, 1997)
Melhoria da capacidade geral de trabalho do organismo
Melhor adaptação para elevadas cargas físicas e psíquicas do treino
Recuperação mais rápida
Reduz as chances do aparecimento do excesso de treino
Menor freqüência de lesões
As adaptações funcionais vão diminuindo com o tempo, assim quanto
maior a idade do atleta maior a necessidade do treino geral
Aumenta o tempo de atividade de alto nível
16. Princípios Biológicos
• Argumentos a favor do treino geral (Marques, 1997)
A preparação geral serve como efeito compensatório de alguns grupos
musculares que são negligenciados pelo treinamento específico
O treino geral serve para evitar a monotonia e saturação do treino
diário
Para muitas modalidades esportivas os meios específicos não são
efetivamente suficientes para obter níveis superiores de capacidade
cardiorrespiratória
Os resultados esportivos são dependentes de um desenvolvimento
multilateral devido a unidade do organismo humano e à interação
entre as diferentes capacidades motoras
Cargas específicas e unilaterais não submetem a estímulos eficazes
certos aparelhos importantes que desta forma se desenvolvem
insuficientemente. A longo prazo isto destrói a harmonia operativa dos
aparelhos e sistemas do corpo e das capacidades motoras
17. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da sobrecarga
As modificações causadas no organismo mediante a um esforço físico
só permitem melhorar a forma esportiva quando o estimulo é
suficiente para provocar alterações morfológicas e funcionais
De acordo com a lógica do treinamento nos anos iniciais a preferência
é para o volume de treino (menor carga) e com o desenvolvimento da
forma esportiva, para a intensidade (maior carga)
Existe uma relação direta da sobrecarga com a capacidade motora. No
caso da força é preciso aumentar a carga e no caso da resistência o
número de repetições
18. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da sobrecarga
Tolerância
máxima
Limite
Sem efeito Manutenção Efeito ótimo Efeito prejudicial
19. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da supercompensação
Quando a sobrecarga aplicada é ideal e o tempo de recuperação
também o organismo recompões as substâncias depletadas
(catabolismo) em níveis mais elevados (anabolismo)
Esforços prolongados podem depletar quase que totalmente o
glicogênio. Nesses casos uma alimentação adequada pode diminuir o
tempo de recuperação e otimizar o anabolismo (de 5 dias pode passar
a ser em 72 ou 96 horas)
Em esforços intensos e de longa duração (anaeróbio láctico) a
recuperação pode variar de 48 a 72 horas. Nesses casos uma
recuperação ativa pode diminuir o tempo total de recuperação
20. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da supercompensação
Em nível muscular a supercompensação depende da relação entre a
carga, o volume e a intensidade do treino, do nível de microruptura
muscular e das fontes energéticas depletadas. Pode variar de 24 a 72
horas
Alguns estudos evidenciam que a suplementação nutricional pode
acelerar a ressíntese protéica, diminuir o catabolismo e acelerar a
recuperação metabólica, mas é preciso mais evidencias
Em nível muscular a supercompensação ocorre primeiro na parte
funcional e depois na somática, ou seja, primeiro é aumentado o nível
da força e depois a hipertrofia
21. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da continuidade (reversibilidade)
Este princípio está associado à periodização, quando deve haver
continuidade no processo do treinamento de uma capacidade motora
Um treinamento muito distante do outro não permitirá que haja a
supercompensação e ao mesmo tempo não existirá a adaptação do
organismo às cargas de treinamento
É preciso entender que o princípio da continuidade não desconsidera a
recuperação a que o atleta deve ser submetido, mas se o efeito do
treinamento anterior não for efetivo, não existirá desenvolvimento da
forma esportiva
Quanto maior o tempo de treinamento do atleta maior a estabilidade
de sua forma esportiva
Após longos períodos de recesso a recuperação da forma esportiva é
atingida mais rapidamente por atletas com maior tempo de
treinamento
22. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da continuidade (reversibilidade)
A perda da forma em razão da falta de treino de uma capacidade ou
habilidade motora não é linear
A força máxima e a resistência aeróbia possuem um valor residual
maior, a resistência anaeróbia láctica e a resistência de força mediano
e a resistência anaeróbia láctica baixo
Quanto as habilidades motoras, quando o atleta alcança o estágio
autônomo, a técnica está estabilizada e se recupera rapidamente após
os períodos de interrupção do treino
Porém, quanto mais dependente uma habilidade motora for de uma
capacidade motora, maior será o tempo necessário para a sua
estabilização, em casos de períodos prolongados de interrupção do
treino
23. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da continuidade (reversibilidade)
Hollmann e Hettinger (1980) encontraram uma perda de 21% do VO2
máximo, em atletas treinados, após 9 dias na cama
Van Handel et al. (1988)
Nadadores de alto nível
60 dias de treino (10 a 12 km dia / 7 dias da semana)
Aumento do VO2 de 61,5 para 65,4 (ml/kg/mn)
Depois de 20 dias de diminuição progressiva do volume de treino (2 a 3 Km
dia) e manutenção ou aumento da intensidade(aumento do trabalho
intervalado) o VO2 se manteve estável
24. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da continuidade (reversibilidade)
Neufer et al. (1987)
Nadadores de alto nível
Após cindo meses de treino (8 km dia / 6 dias semana)
Dois grupos (3 dias semana e 1 dia semana / 2.7 km dia / 80% e 95 % das
intensidades de treino)
Primeiro grupo manteve o VO2 e o segundo retornou aos estágios iniciais
Hortobagyi et al. (1993)
Sujeitos altamente treinados na capacidade de força
14 dias parados
Força isométrica, isocinética, e salto vertical não mostraram alteração
O quadríceps apresentou uma redução na fase excêntrica
25. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da progressão
É o principio de incremento do treino que está associado ao volume, à
intensidade e à carga
Se não houver o incremento, à forma esportiva se estabilizará e em
alguns casos pode haver a perda (adaptação)
O incremento para jovens deve ser mais lento que para adultos
A progressão pode ser feita por meio de ondas ascendentes, de
maneira ondulatória (Matveiev) ou por meio de choque (Verjochanski)
De acordo com Ozolin o incremento do treino causa a melhora das
capacidades motoras da seguinte forma
Flexibilidade dia a dia
Força semana a semana
Velocidade mês a mês
Resistência ano a ano
Ressalva: depende do método utilizado e da qualidade do incremento
da carga, volume e intensidade do treino
28. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da diminuição da forma esportiva
No início da carreira de um atleta a melhora da forma esportiva pode
ser muito rápida, porém, com o passar do tempo ela se estabiliza e
com uma certa idade, pode cair
Em determinados períodos da carreira do atleta não adianta mudar a
carga, volume, intensidade e método de treinamento que o atleta não
melhora sua forma esportiva
Em alguns casos o organismo do atleta pode estar em homeostase em
razão do treino específico
Em outros, a sua unidade funcional pode estar se degenerando
Alguns atletas costumam adotar longos períodos de regeneração,
quando a carga, volume e intensidade são diminuídos.
Em alguns casos se altera um elemento e mantém os outros
(principalmente a intensidade)
29. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da recuperação
Este princípio está intrinsecamente associado ao da sobrecarga e da
supercompensação, pois quando há uma sobrecarga, se a recuperação
não for ideal, não acontece a supercompensação
Se a recuperação não for realizada de maneira correta ainda pode
ocorrer o overtraining
A recuperação pode ser dividida da seguinte forma:
Contínua: na própria competição ou treino
Rápida: recuperação de componentes como a CP
Lenta: como a recomposição do glicogênio e remoção do ácido láctico. É
quando ocorre a supercompensação
A recuperação pode ser feita de maneira ativa ou passiva e depende
No tipo de sobrecarga (estímulo)
Do objetivo posterior ao estímulo
30. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da individualidade
É o principio que engloba todos os outros
É o mais importante de todos, pois diferencia a aplicação dos
anteriores
A individualidade é determinada de um lado pela genética (herança) e
pelo ambiente (influência do treino)
Em termos fenotípicos a individualidade pode ser identificada por meio
de características morfológicas (antropometria) e funcionais (aptidão
física, habilidade motora, psicologia, etc..)
O ideal é que a individualização do treino seja feita por meio de
análises minuciosas de cada fator que influencia a forma esportiva
Na maior parte dos casos essa análise é subjetiva e observacional, mas
deveria ser feita por meio de testes evasivos e não evasivos
Uma analogia pode ser feita com a medicina no caso de transplantes
de órgãos: em alguns casos não existe a adaptação
31. Princípios Biológicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da individualidade
O bom profissional é aquele que elabora o treino pensando nas
necessidades individuais dos atletas
O profissional medíocre é aquele que elabora um treino geral e faz
com o atleta se adapte a ele. Alguns conseguirão outros sucumbirão
Ao cometer esse equívoco o profissional acredita que o grupo deve ser
treinado com base na forma esportiva manifestada pelo melhor atleta
Se o treino deu certo para ele, os outros precisam se adaptar
O treino executado por grandes campeões não é, necessariamente,
efetivo para todos atletas
Um outro campeão pode ser formado com outros tipos de treino
A maior parte dos estudos é elaborado por meio de média, correlação
e agrupamento de indivíduos, no entanto o mais importante é verificar
as diferenças existentes e qual o seu grau de importância
32. Princípios Pedagógicos (Manso, et al. 1996)
• Princípio da participação ativa e consciente no treino
É um erro do treinador transformar o atleta em mero receptor do
treino. Os atletas devem saber o que, como, e para estão realizando
determinados tipos de treino
Para que esse objetivo seja alcançado é preciso
Munir o atleta de conhecimentos que estejam vinculados às tarefas
realizadas no treino
Formular exigências que requeiram reflexões, iniciativa e responsabilidade
por parte do atleta
Participar o atleta da preparação, estruturação e avaliação do treino
Educar o atleta para que ele saiba avaliar sua própria forma esportiva (fim
da carreira esportiva
Capacitar o atleta para que ele tenha um controle consciente de seus
próprios movimentos
Confiar aos atletas mais adiantados meios pedagógicos para a instrução
dos menos adiantados
Comunicar o atleta sobre as alterações no planejamento no decorrer da
temporada e seus respectivos motivos
O técnico terá sua autonomia e não precisará transformar o atleta em um
teórico, mas essas medidas podem influenciar positivamente a forma
esportiva do atleta