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O FUNCIONALISMO
EM LINGUÍSTICA
Prof. Ms. Silvio Luis da Silva
Pertinentes são as palavras de Maria
Helena de Moura Neves (2004: 1), que
assim se expressou:
• “Caracterizar o funcionalismo é uma tarefa difícil, já que os
rótulos que se conferem aos estudos ditos “funcionalistas”
mais representativos geralmente se ligam diretamente aos
nomes dos estudiosos que os desenvolveram, não a
características definidoras da corrente teórica em que eles se
colocam. Prideaux (1994) afirma que provavelmente existem
tantas versões do funcionalismo quantos lingüistas que se
chamam funcionalistas, denominação que abrange desde os
que simplesmente rejeitaram o formalismo até os que criam
uma teoria. A verdade é que, dentro do que vem sendo
denominado – ou autodenominado –
“funcionalismo”, existem modelos muito diferentes”. (grifo
nosso)
A base corrente funcionalista
• A linguagem é um instrumento de comunicação e interação
social;
• Estabelece um objeto de estudo baseado no uso real da
língua;
• Assim, não pode haver separação entre o sistema da língua e
seu uso pelos falantes.
• A linguística funcional encontra bases explanatórias na função
que exercem as unidades estruturais e em processos
diacrônicos recorrentes que tem motivação funcional.
A explicação linguística
• O princípio de toda explicação deve encontrar-se na relação
entre linguagem e uso em contexto social. Por isso, a
explicação linguística deve ser feita com base nas relações
contraídas pelos falantes, ouvintes e a informação pragmática
de ambos, para revelar a instrumentalidade da língua.

• A análise funcional deve descrever a língua como um requisito
pragmático para a interação verbal.
O conceito de função
•
•
•
•

A função pode designar as relações
A) entre uma forma e outra - função interna;
B) entre uma forma e seu significado – função semântica; e
C) entre o sistema de formas e seu contexto – função externa.

• Segundo van Dijk, uma gramática funcional deve atentar para
três princípios:
• - adequação pragmática;
• - adequação psicológica; e
• - adequação tipológica.
As adequações:
• Pragmática: revelar as relações das propriedades linguísticas
em relação à descrição de regras que regem a interação
verbal.
• Psicológica: dizem respeito tanto ao modo como os falantes
constróem e formulam expressões linguísticas (modelos de
produção) quanto ao modo como o ouvinte processa e
interpreta essas expressões (modelos de compreensão).
• Tipológica: deve explicar as semelhanças e diferenças entre os
sistemas linguísticos e fornecer gramáticas para línguas
tipologicamente diferentes.
O modelo funcional
• O uso comunicativo da língua envolve funções humanas de
nível mais elevado do que a função linguística, assim, um
usuário de língua natural deve possuir:
• - capacidade linguística: produzir e interpretar sentenças;
• - capacidade epistêmica: construir, manter e interpretar uma
base de conhecimento organizado;
• - capacidade lógica: derivar conhecimentos adicionais com
princípios de lógica dedutiva e probalística;
• - capacidade perceptual: perceber o ambiente e derivar
conhecimentos a partir dele;
• - capacidade social: saber como dizer e o que dizer em
determinada situação.
Interação social = atividade
estruturada
• A análise linguística envolve:
• - as regras que governam a constituição das expressões
linguísticas (semânticas, sintáticas, morfológicas e fonológicas)
• - as regras que governam os padrões de interação verbal em
que as expressões linguísticas são empregadas (regras
pragmáticas)
• O sistema de regras é:
• - visto como instrumental com relação aos objetivos e
propósitos do sistema de regras e
• - deve entender que as expressões linguísticas são descritas e
explicadas pela organização (framework) estabelecido pelo
sistema de interação verbal
Os níveis das relações funcionais
• - funções semânticas: especificam os papéis
estabelecidos dentro de um estado de coisas
designado pela predicação em que ocorrem tais
como Agente, Paciente, recipiente etc;
• - funções sintáticas: a perspectiva do estado de
coisas dentro da expressão linguística, ou seja, a
perspectiva da sintaxe – sujeito, objeto, advérbios
etc.
• - função pragmática: especificam o estatuto
informacional dos usuários no contexto em que
ocorrem: a noção de tópico e foco.
A sentença
• A sentença contém o ponto de partida, a noção
inicial, e o objetivo do discurso, sendo o primeiro
o ponto de encontro entre falante e ouvinte, e o
segundo a informação que deve ser partilhada
com o ouvinte: o movimento da noção inicial em
direção ao objetivo do discurso revela o
movimento da mente.
• ORDEM:
• TEMA – TRANSIÇÃO – REMA = não emotivo
• REMA – TRANSIÇÃO – TEMA = emotivo, marcado
A perspectiva funcional da
sentença
• De acordo com a exigências do contexto, as unidades
lexicais adquirem significados específicos, e a
sentença, que gramaticalmente consiste de sujeito e
predicado, divide-se em tema e rema.
• Assim, as noções de tema e rema são definidas em
termos da estrutura informacional do enunciado, como
sendo, respectivamente, sua porção que constitui a
informação previamente dada, ou inferível, portanto não
(ou menos) relevante para a comunicação (o tema) e a
parte que corresponde a sua informação central, nova (o
rema, ou foco).
A perspectiva funcional da sentença
Noção de tema-rema
•
•
•
•
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•

1) [Quais as novidades?]
[José pintou o muro ontem]R
(2) [O que José fez?]
[José]T [pintou o muro ontem]R
(3) [O que José pintou?]
[José pintou]T [o muro ontem]R
(4) [Quando José pintou o muro?]
[José pintou o muro]T [ ontem]R
(5) [Quem pintou o muro ontem?]
[José]R [pintou o muro ontem]T
(6) [Que houve com o muro ontem?]
[José pintou]R [o muro ontem]T
(7) [O que foi feito ontem?]
[José pintou o muro]R [ ontem]T
DINAMISMO COMUNICATIVO: O
movimento da mente
• João escreveu um poema.
• PADRÃO SEMÂNTICO: Agente-Ação-Objeto
• PADRÃO SINTÁTICO: Sujeito-Verbo-Objeto
• PADRÃO COMUNICACIONAL: Tema-Transição-Rema.
• O objeto contextualmente carrega um Dinamismo
Comunicativo maior do que o verbo e este, por sua
vez, maior do que o sujeito; ou seja, o rema (a
informação nova) é a parte mais importante da
sentença porque apresenta a novidade.
As funções, segundo Halliday
• A função ideacional: diz respeito à interpretação e a
expressão de nossa experiência acerca dos processos do
mundo exterior e dos processos mentais materiais abstratos
de todo tipo: a sentença é entendida como um processo.
• A função textual: nos habilita a criar um texto de maneira que
as sentenças sejam entendida como uma mensagem.
• A função interpessoal: nos habilita a participar da situação de
fala, utilizando-se da linguagem para expressar um julgamento
pessoal.
O estatuto informacional:
dado e novo
• O dado (ou informação velha) é o conhecimento
que o falante assume que o interlocutor possui a
respeito do tema a ser tratado.
• O novo (ou informação nova) é a informação que
o falante acredita não possuir o interlocutor
e, por isso a introduz na sentença (o rema).

• Obs: a informação velha é transmitida de forma
mais “baixa” na fala, ao passo que a informação
nova tem tom mais alto.
Texto: conjunto de instruções do
falante
Familiaridade
presumida

Nova

Novíssima

Ancorada

Inferível

Não usada

Não
ancorada

Inferível

Evocada

Inferível
contida

Textual

Situacional
A familiaridade presumida
Entidades novas: o que é introduzido pela primeira vez
no discurso. São de dois tipos:
• a) Novíssima: o ouvinte tem de criar uma nova
entidade;
• b) Não usada: o ouvinte pode presumir a entidade
correspondente.
• Entidades Inferíveis: o falante presume que o ouvinte
pode inferir o que está sendo dito.
• Entidades Evocadas: aquelas que já ocorreram no
discurso e são recuperáveis.
O conceito de tópico
• O tópico deve ser sempre definido, ao passo que
o sujeito, não.
• O sujeito necessita, sempre, ser um argumento
do verbo.
• O tópico tem sempre um papel funcional e
especifica o domínio em que se mantém a
predicação: é o centro de atenção e anuncia o
tema do discurso.
• O tópico aparece sempre no início da sentença:
• Ex: Casa, o Pedro comprou uma nova.
Ponto de vista e fluxo de atenção

• Há um fluxo de atenção e um ponto de vista, de
ordem natural, que se referem às estratégias
perceptuais, e um fluxo de atenção e um ponto
de vista de ordem linguística. Do ponto de vista
linguístico, os marcadores temporais, e a ordem
dos elementos são os principais marcadores do
fluxo de atenção.
• Ex: João comprou um carro novo.
• Carro, o João comprou um novo.
• Novo, o João comprou um carro.
• Comprou, João, um carro.
Transitividade e relevância
discursiva
• O pensamento e a comunicação humana
registram o universo individual como uma
hierarquia de graus de
centralidade/perifericidade a fim de facilitar
tanto a representação interna quanto a
exteriorização para as pessoas.
• Por isso, os usuários constroem sentenças de
acordo com os seus objetivos comunicativos e
com sua percepção da necessidade do ouvinte,
pois há parte da comunicação mais relevantes do
que as outras.
Estrutura argumental e fluxo
de informação
• Empacotamento – articulação entre as frases de uma
mesma fase (pode ser de ligação (justaposição ou
coordenação) ou de encaixamento (subordinação)).
• Du Bois:
• 1 – regra de um único argumento novo: evite mais de um
argumento novo por oração;
• 2 – regra de Argumento dado: evite argumento novo.

• protagonistas humanos tendem a ser participantes centrais
de narrativas e devem a ser mantidos como tema em
sucessivas orações, são definidos como dado.
Gramaticalização
• Gramaticalização é um processo pelo qual
um item lexical, ou uma estrutura lexical
passa, em certos contextos, a exercer
função gramatical ou um item gramatical
passa a exercer essa função com mais
ênfase. A gramaticalização é um processo
dinâmico, unidirecional e diacrônico
mediante o qual, na evolução
temporal, um item lexical adquire um
estatuto gramatical.
Em suma:
•
•
•
•

A interação por meio da linguagem depende:
- da intenção do falante;
- de sua informação pragmática;
- da antecipação que ele faz da interpretação do
ouvinte, com base na informação pragmática que o falante
acredita ter o ouvinte.

•
•
•
•

A interpretação do ouvinte depende:
- da expressão linguística;
- de sua informação pragmática;
- da hipótese do ouvinte sobre a intenção do falante.

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O funcionalismo em linguística

  • 1. O FUNCIONALISMO EM LINGUÍSTICA Prof. Ms. Silvio Luis da Silva
  • 2. Pertinentes são as palavras de Maria Helena de Moura Neves (2004: 1), que assim se expressou: • “Caracterizar o funcionalismo é uma tarefa difícil, já que os rótulos que se conferem aos estudos ditos “funcionalistas” mais representativos geralmente se ligam diretamente aos nomes dos estudiosos que os desenvolveram, não a características definidoras da corrente teórica em que eles se colocam. Prideaux (1994) afirma que provavelmente existem tantas versões do funcionalismo quantos lingüistas que se chamam funcionalistas, denominação que abrange desde os que simplesmente rejeitaram o formalismo até os que criam uma teoria. A verdade é que, dentro do que vem sendo denominado – ou autodenominado – “funcionalismo”, existem modelos muito diferentes”. (grifo nosso)
  • 3. A base corrente funcionalista • A linguagem é um instrumento de comunicação e interação social; • Estabelece um objeto de estudo baseado no uso real da língua; • Assim, não pode haver separação entre o sistema da língua e seu uso pelos falantes. • A linguística funcional encontra bases explanatórias na função que exercem as unidades estruturais e em processos diacrônicos recorrentes que tem motivação funcional.
  • 4. A explicação linguística • O princípio de toda explicação deve encontrar-se na relação entre linguagem e uso em contexto social. Por isso, a explicação linguística deve ser feita com base nas relações contraídas pelos falantes, ouvintes e a informação pragmática de ambos, para revelar a instrumentalidade da língua. • A análise funcional deve descrever a língua como um requisito pragmático para a interação verbal.
  • 5. O conceito de função • • • • A função pode designar as relações A) entre uma forma e outra - função interna; B) entre uma forma e seu significado – função semântica; e C) entre o sistema de formas e seu contexto – função externa. • Segundo van Dijk, uma gramática funcional deve atentar para três princípios: • - adequação pragmática; • - adequação psicológica; e • - adequação tipológica.
  • 6. As adequações: • Pragmática: revelar as relações das propriedades linguísticas em relação à descrição de regras que regem a interação verbal. • Psicológica: dizem respeito tanto ao modo como os falantes constróem e formulam expressões linguísticas (modelos de produção) quanto ao modo como o ouvinte processa e interpreta essas expressões (modelos de compreensão). • Tipológica: deve explicar as semelhanças e diferenças entre os sistemas linguísticos e fornecer gramáticas para línguas tipologicamente diferentes.
  • 7. O modelo funcional • O uso comunicativo da língua envolve funções humanas de nível mais elevado do que a função linguística, assim, um usuário de língua natural deve possuir: • - capacidade linguística: produzir e interpretar sentenças; • - capacidade epistêmica: construir, manter e interpretar uma base de conhecimento organizado; • - capacidade lógica: derivar conhecimentos adicionais com princípios de lógica dedutiva e probalística; • - capacidade perceptual: perceber o ambiente e derivar conhecimentos a partir dele; • - capacidade social: saber como dizer e o que dizer em determinada situação.
  • 8. Interação social = atividade estruturada • A análise linguística envolve: • - as regras que governam a constituição das expressões linguísticas (semânticas, sintáticas, morfológicas e fonológicas) • - as regras que governam os padrões de interação verbal em que as expressões linguísticas são empregadas (regras pragmáticas) • O sistema de regras é: • - visto como instrumental com relação aos objetivos e propósitos do sistema de regras e • - deve entender que as expressões linguísticas são descritas e explicadas pela organização (framework) estabelecido pelo sistema de interação verbal
  • 9. Os níveis das relações funcionais • - funções semânticas: especificam os papéis estabelecidos dentro de um estado de coisas designado pela predicação em que ocorrem tais como Agente, Paciente, recipiente etc; • - funções sintáticas: a perspectiva do estado de coisas dentro da expressão linguística, ou seja, a perspectiva da sintaxe – sujeito, objeto, advérbios etc. • - função pragmática: especificam o estatuto informacional dos usuários no contexto em que ocorrem: a noção de tópico e foco.
  • 10. A sentença • A sentença contém o ponto de partida, a noção inicial, e o objetivo do discurso, sendo o primeiro o ponto de encontro entre falante e ouvinte, e o segundo a informação que deve ser partilhada com o ouvinte: o movimento da noção inicial em direção ao objetivo do discurso revela o movimento da mente. • ORDEM: • TEMA – TRANSIÇÃO – REMA = não emotivo • REMA – TRANSIÇÃO – TEMA = emotivo, marcado
  • 11. A perspectiva funcional da sentença • De acordo com a exigências do contexto, as unidades lexicais adquirem significados específicos, e a sentença, que gramaticalmente consiste de sujeito e predicado, divide-se em tema e rema. • Assim, as noções de tema e rema são definidas em termos da estrutura informacional do enunciado, como sendo, respectivamente, sua porção que constitui a informação previamente dada, ou inferível, portanto não (ou menos) relevante para a comunicação (o tema) e a parte que corresponde a sua informação central, nova (o rema, ou foco).
  • 12. A perspectiva funcional da sentença Noção de tema-rema • • • • • • • • • • • • • 1) [Quais as novidades?] [José pintou o muro ontem]R (2) [O que José fez?] [José]T [pintou o muro ontem]R (3) [O que José pintou?] [José pintou]T [o muro ontem]R (4) [Quando José pintou o muro?] [José pintou o muro]T [ ontem]R (5) [Quem pintou o muro ontem?] [José]R [pintou o muro ontem]T (6) [Que houve com o muro ontem?] [José pintou]R [o muro ontem]T (7) [O que foi feito ontem?] [José pintou o muro]R [ ontem]T
  • 13. DINAMISMO COMUNICATIVO: O movimento da mente • João escreveu um poema. • PADRÃO SEMÂNTICO: Agente-Ação-Objeto • PADRÃO SINTÁTICO: Sujeito-Verbo-Objeto • PADRÃO COMUNICACIONAL: Tema-Transição-Rema. • O objeto contextualmente carrega um Dinamismo Comunicativo maior do que o verbo e este, por sua vez, maior do que o sujeito; ou seja, o rema (a informação nova) é a parte mais importante da sentença porque apresenta a novidade.
  • 14. As funções, segundo Halliday • A função ideacional: diz respeito à interpretação e a expressão de nossa experiência acerca dos processos do mundo exterior e dos processos mentais materiais abstratos de todo tipo: a sentença é entendida como um processo. • A função textual: nos habilita a criar um texto de maneira que as sentenças sejam entendida como uma mensagem. • A função interpessoal: nos habilita a participar da situação de fala, utilizando-se da linguagem para expressar um julgamento pessoal.
  • 15. O estatuto informacional: dado e novo • O dado (ou informação velha) é o conhecimento que o falante assume que o interlocutor possui a respeito do tema a ser tratado. • O novo (ou informação nova) é a informação que o falante acredita não possuir o interlocutor e, por isso a introduz na sentença (o rema). • Obs: a informação velha é transmitida de forma mais “baixa” na fala, ao passo que a informação nova tem tom mais alto.
  • 16. Texto: conjunto de instruções do falante Familiaridade presumida Nova Novíssima Ancorada Inferível Não usada Não ancorada Inferível Evocada Inferível contida Textual Situacional
  • 17. A familiaridade presumida Entidades novas: o que é introduzido pela primeira vez no discurso. São de dois tipos: • a) Novíssima: o ouvinte tem de criar uma nova entidade; • b) Não usada: o ouvinte pode presumir a entidade correspondente. • Entidades Inferíveis: o falante presume que o ouvinte pode inferir o que está sendo dito. • Entidades Evocadas: aquelas que já ocorreram no discurso e são recuperáveis.
  • 18. O conceito de tópico • O tópico deve ser sempre definido, ao passo que o sujeito, não. • O sujeito necessita, sempre, ser um argumento do verbo. • O tópico tem sempre um papel funcional e especifica o domínio em que se mantém a predicação: é o centro de atenção e anuncia o tema do discurso. • O tópico aparece sempre no início da sentença: • Ex: Casa, o Pedro comprou uma nova.
  • 19. Ponto de vista e fluxo de atenção • Há um fluxo de atenção e um ponto de vista, de ordem natural, que se referem às estratégias perceptuais, e um fluxo de atenção e um ponto de vista de ordem linguística. Do ponto de vista linguístico, os marcadores temporais, e a ordem dos elementos são os principais marcadores do fluxo de atenção. • Ex: João comprou um carro novo. • Carro, o João comprou um novo. • Novo, o João comprou um carro. • Comprou, João, um carro.
  • 20. Transitividade e relevância discursiva • O pensamento e a comunicação humana registram o universo individual como uma hierarquia de graus de centralidade/perifericidade a fim de facilitar tanto a representação interna quanto a exteriorização para as pessoas. • Por isso, os usuários constroem sentenças de acordo com os seus objetivos comunicativos e com sua percepção da necessidade do ouvinte, pois há parte da comunicação mais relevantes do que as outras.
  • 21. Estrutura argumental e fluxo de informação • Empacotamento – articulação entre as frases de uma mesma fase (pode ser de ligação (justaposição ou coordenação) ou de encaixamento (subordinação)). • Du Bois: • 1 – regra de um único argumento novo: evite mais de um argumento novo por oração; • 2 – regra de Argumento dado: evite argumento novo. • protagonistas humanos tendem a ser participantes centrais de narrativas e devem a ser mantidos como tema em sucessivas orações, são definidos como dado.
  • 22. Gramaticalização • Gramaticalização é um processo pelo qual um item lexical, ou uma estrutura lexical passa, em certos contextos, a exercer função gramatical ou um item gramatical passa a exercer essa função com mais ênfase. A gramaticalização é um processo dinâmico, unidirecional e diacrônico mediante o qual, na evolução temporal, um item lexical adquire um estatuto gramatical.
  • 23. Em suma: • • • • A interação por meio da linguagem depende: - da intenção do falante; - de sua informação pragmática; - da antecipação que ele faz da interpretação do ouvinte, com base na informação pragmática que o falante acredita ter o ouvinte. • • • • A interpretação do ouvinte depende: - da expressão linguística; - de sua informação pragmática; - da hipótese do ouvinte sobre a intenção do falante.