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MODA E ECONOMIA CRIATIVA - CAMINHOS E DESCAMINHOS DA
INFLUÊNCIA MÚTUA
DILARA RUBIA PEREIRA1
, FERNANDA MARINHO DA SILVA2
, LÍDIA ALVES DE TOLEDO3
,
NATÁLIA ALVES DE TOLEDO4
1
SENAI/SP, DILARA RUBIA PEREIRA1, dilararubia@terra.com.br
2
SENAI/SP, FERNANDA MARINHO PEREIRA DA SILVA, fernandamarinho1978@uol.com.br
³SENAI/SP, LIDIA ALVES DE TOLEDO, lidia.toledo@gmail.com
⁴SENAI/SP, NATÁLIA ALVES DE TOLEDO, natalia.vestuario@gmail.com
Resumo: O objetivo dessa pesquisa é o de verificar de que forma a Indústria da Moda pode influenciar e ser
influenciada pela economia criativa. O resultado esperado é delimitar o espaço desse tipo economia dentro
de uma produção industrial de moda. Nota-se então a necessidade de identificar em quais pontos ocorre
tal intersecção. Antes de fazê-la é preciso conceituar a economia criativa e determinar o que se considera
Indústria da Moda.
Palavras chave: moda, economia criativa, Indústria da Moda.
Abstract: The aim of this research is to determine how the Fashion Industry can influence and be
influenced by the creative economy. The expected result is to delimit the space of such an economy within
the industrial production of fashion. It is necessary to identify points at which such intersection occurs.
Before, is needed conceptualize the creative economy and after, to determine what the Fashion Industry is
considered.
Keywords: fashion, creative economy, fashion industry.
Economia criativa e a Indústria da Moda
O Ministério da Cultura do Brasil, considerando a relevância da temática, criou a Secretaria
Nacional da Economia Criativa, em 2011. Segundo o seu Plano Ministerial, politicas, diretrizes e
ações 2011 a 2014:
“a economia criativa engloba a criatividade, cultura, economia e
tecnologia em um mundo contemporâneo dominado por imagens, sons,
textos e símbolos e é considerado como um dos setores mais
dinâmicos da nova economia mundial” (Plano da Secretaria da
Economia Criativa, 2011)
Tanta dinamicidade e englobando tantas áreas do conhecimento, levam a múltiplos olhares e
entendimentos sobre a mesma. Não é diferente com a moda, acentuando-se por esta também ser
ampla e multifacetada. A economia criativa tem como base a inclusão social, sustentabilidade,
inovação e diversidade cultural brasileira. O que carrega de riqueza e significado, carrega também
de complexidade e dificuldade de compreensão do escopo.
O Ministério da Cultura Brasileiro conceitua a economia criativa como economia do intangível, do
simbólico.
“Ela [a economia criativa]se alimenta dos talentos criativos, que se
organizam individual ou coletivamente para produzir bens e serviços
criativos. Por se caracterizar pela abundância e não pela escassez, a
nova economia possui dinâmica própria e, por isso, desconcerta os
modelos econômicos tradicionais, pois seus novos modelos de negócio
ainda se encontram em construção, carecendo de marcos legais e de
bases conceituais consentâneas com os novos tempos.” (Plano da
Secretaria da Economia Criativa, 2011)
Segundo o ministério, a moda é reconhecida como participante da economia criativa por empregar
a criatividade artística como forma de agregar valor e diferenciação a produtos e gerar lucro como
objetivo maior, portanto faz parte dos setores criativos. E assim , como os demais participantes
dessa economia, precisa definir novos marcos legais, construir conceitos e em especial ,
determinar seu espaço, seu escopo; definir como se dá esta economia dinâmica, dentro de uma
Cadeia de Valor Têxtil e Confecção-Moda, que carrega fortes marcas dos modelos econômicos
tradicionais.
Continua o documento referenciado acima:
"os setores criativos são todos aqueles cujas atividades produtivas têm
como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico,
elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de
riqueza cultural e econômica" (Plano da Secretaria da Economia
Criativa, 2011)
Na Indústria da Moda,cabe-nos delimitar quais momentos e ações constituem um “ato criativo
gerador de valor simbólico”, e este é o objeto de investigação desta pesquisa.
Cabe aqui, ingressar no universo da moda e seus conceitos.Atualmente a moda não deve ser
pensada de forma dicotômica entre a moda-arte e a moda-produto-industrial. A moda-arte pode
ser comercial, como acontece com a moda feita pelo estilista brasileiro Ronaldo FRAGA e a
moda-produto-industrial pode ser artística como ocorre com algumas sandálias fabricadas pelas
Havaianas. Embora, pode ser percebido que quanto mais a moda aproxima-se da arte menos
comercial e de uso diário tende a ser.
Alguns estudiosos analisam a moda com um olhar empírico como o faz a escritora Cristiane
MESQUITA (2007), que diz que a “moda é sonho que veste a realidade, é desejo, atitude,
expressão pessoal e disfarce.”
A jornalista Érika PALOMINO (2007) costuma dizer que moda não é roupa, que é tudo menos a
roupa. Moda é , portanto, um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o
simples uso das roupas no dia a dia a um contexto maior, político, social, sociológico.
Para o estilista brasileiro Alexandre HERCHCOVITCH (2007),moda é muito mais do que tecidos
costurados, para ele “moda é a maneira que eu escolhi de mostrar tudo aquilo que eu sinto, tudo
aquilo que eu vivo. É tudo aquilo que você carrega, independente de ser roupa ou não.”
O modo como as pessoas se apresentam é esteticamente formulado e daí essa relação com a
Moda, que é o nome dado, para a maneira como as pessoas transformam seu corpo, constroem a
sua identidade, através da materialidade do próprio corpo.
Segundo definição de PIERCE trazida por Lucy NIEMEYER (2010): signo é algo que representa
alguma coisa para alguém em determinado contexto. Portanto é inerente à constituição do signo o
seu caráter de representação, de se fazer presente, de estar em lugar de algo, de não ser o
próprio algo. O signo tem o papel de mediador entre algo ausente e um intérprete presente. A
moda ao representar, exteriorizar, a subjetividade do indivíduo torna-se signo. Portanto, comunica
algo para alguém. Não há comunicação sem propósito, o ato da comunicação sempre busca um
interpretador, portanto não há comunicação inocente. A interpretação é sempre subjetiva, ou seja,
está relacionada ao sujeito que percebe, seja ele o que se veste ou seja o que vê. Isto é, um
significado desejado pelo que veste, pode ser interpretado de forma distinta pelos que as vêem,
de acordo com suas idiossincrasias. Quando o indivíduo se veste está comunicando para o outro
o que realmente é, ou o que gostaria, desejaria ser. Ao mesmo tempo em que é levado em conta
o aparentar também é o aparecer, o vestir implica na auto-imagem e também na auto-estima. O
indivíduo veste-se para si e para o outro.
Neste vários sentidos da moda, vêem-se expressos os significados da Economia Criativa. Mas
como identificarmos na grande Indústria que ampara o setor, o momento desta produção criativa?
Como determinar o começo e o fim da criação? E como fazê-lo não na Moda, mas na Indústria da
Moda, que compõe a Cadeia de Valor Têxtil e confecção, eis o desafio das autoras.
A Indústria da Moda no mundo é indubitavelmente grandiosa. No Brasil, apesar de não ter a
tradição dos grandes centros de moda europeus, tem demonstrado grande crescimento, em
especial com a recuperação e ampliação do poder aquisitivo do povo brasileiro, na última década.
O Brasil é o quinto produtor mundial de têxteis e o quarto produtor mundial de
vestuário(RELATÓRIO SETORIAL DA INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA-IEMI,2011). Segundo a
ABIT(Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção), “O setor têxtil do Brasil
compreende mais de 30 mil empresas e gera 1,65 milhão de empregos em toda a cadeia que
inclui fio, fibras, tecelagem e confecções”.
Os dados da APEX BRASIL(2011) apontam que a Cadeia de Valor Têxtil e Confecção, investe
US$1,4bilhão por ano em tecnologia e produtividade. Este potencial relacionado à Economia
Criativa, poderia promover o fortalecimento dos bens culturais intangíveis, assim como trazer
frescor e criatividade, autoria e inovação ao design de moda e outros processos constitutivos do
binômio Moda e Economia Criativa.
Referências
Mesquita, C., 2004. Moda contemporânea: quatro ou cinco conexões possíveis. São Paulo: Editora Anhembi
Morumbi.
Niemeyer, L., 2010. Elementos de semiótica aplicados ao design. 4 ed. Rio de Janeiro: 2AB.
Palomino, E.,2002. A MODA.São Paulo:Publifolha.
Plano da secretaria da economia criativa: politicas, diretrizes e ações, 2011-2014. Brasilia, Ministério da
Cultura.
Prado, M. 2011. Relatório setorial da indústria têxtil brasileira-IEMI. São Paulo, BR.

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Moda Criativa - caminhos e Descaminhos

  • 1. MODA E ECONOMIA CRIATIVA - CAMINHOS E DESCAMINHOS DA INFLUÊNCIA MÚTUA DILARA RUBIA PEREIRA1 , FERNANDA MARINHO DA SILVA2 , LÍDIA ALVES DE TOLEDO3 , NATÁLIA ALVES DE TOLEDO4 1 SENAI/SP, DILARA RUBIA PEREIRA1, dilararubia@terra.com.br 2 SENAI/SP, FERNANDA MARINHO PEREIRA DA SILVA, fernandamarinho1978@uol.com.br ³SENAI/SP, LIDIA ALVES DE TOLEDO, lidia.toledo@gmail.com ⁴SENAI/SP, NATÁLIA ALVES DE TOLEDO, natalia.vestuario@gmail.com Resumo: O objetivo dessa pesquisa é o de verificar de que forma a Indústria da Moda pode influenciar e ser influenciada pela economia criativa. O resultado esperado é delimitar o espaço desse tipo economia dentro de uma produção industrial de moda. Nota-se então a necessidade de identificar em quais pontos ocorre tal intersecção. Antes de fazê-la é preciso conceituar a economia criativa e determinar o que se considera Indústria da Moda. Palavras chave: moda, economia criativa, Indústria da Moda. Abstract: The aim of this research is to determine how the Fashion Industry can influence and be influenced by the creative economy. The expected result is to delimit the space of such an economy within the industrial production of fashion. It is necessary to identify points at which such intersection occurs. Before, is needed conceptualize the creative economy and after, to determine what the Fashion Industry is considered. Keywords: fashion, creative economy, fashion industry. Economia criativa e a Indústria da Moda O Ministério da Cultura do Brasil, considerando a relevância da temática, criou a Secretaria Nacional da Economia Criativa, em 2011. Segundo o seu Plano Ministerial, politicas, diretrizes e ações 2011 a 2014: “a economia criativa engloba a criatividade, cultura, economia e tecnologia em um mundo contemporâneo dominado por imagens, sons, textos e símbolos e é considerado como um dos setores mais dinâmicos da nova economia mundial” (Plano da Secretaria da Economia Criativa, 2011) Tanta dinamicidade e englobando tantas áreas do conhecimento, levam a múltiplos olhares e entendimentos sobre a mesma. Não é diferente com a moda, acentuando-se por esta também ser ampla e multifacetada. A economia criativa tem como base a inclusão social, sustentabilidade, inovação e diversidade cultural brasileira. O que carrega de riqueza e significado, carrega também de complexidade e dificuldade de compreensão do escopo. O Ministério da Cultura Brasileiro conceitua a economia criativa como economia do intangível, do simbólico.
  • 2. “Ela [a economia criativa]se alimenta dos talentos criativos, que se organizam individual ou coletivamente para produzir bens e serviços criativos. Por se caracterizar pela abundância e não pela escassez, a nova economia possui dinâmica própria e, por isso, desconcerta os modelos econômicos tradicionais, pois seus novos modelos de negócio ainda se encontram em construção, carecendo de marcos legais e de bases conceituais consentâneas com os novos tempos.” (Plano da Secretaria da Economia Criativa, 2011) Segundo o ministério, a moda é reconhecida como participante da economia criativa por empregar a criatividade artística como forma de agregar valor e diferenciação a produtos e gerar lucro como objetivo maior, portanto faz parte dos setores criativos. E assim , como os demais participantes dessa economia, precisa definir novos marcos legais, construir conceitos e em especial , determinar seu espaço, seu escopo; definir como se dá esta economia dinâmica, dentro de uma Cadeia de Valor Têxtil e Confecção-Moda, que carrega fortes marcas dos modelos econômicos tradicionais. Continua o documento referenciado acima: "os setores criativos são todos aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica" (Plano da Secretaria da Economia Criativa, 2011) Na Indústria da Moda,cabe-nos delimitar quais momentos e ações constituem um “ato criativo gerador de valor simbólico”, e este é o objeto de investigação desta pesquisa. Cabe aqui, ingressar no universo da moda e seus conceitos.Atualmente a moda não deve ser pensada de forma dicotômica entre a moda-arte e a moda-produto-industrial. A moda-arte pode ser comercial, como acontece com a moda feita pelo estilista brasileiro Ronaldo FRAGA e a moda-produto-industrial pode ser artística como ocorre com algumas sandálias fabricadas pelas Havaianas. Embora, pode ser percebido que quanto mais a moda aproxima-se da arte menos comercial e de uso diário tende a ser. Alguns estudiosos analisam a moda com um olhar empírico como o faz a escritora Cristiane MESQUITA (2007), que diz que a “moda é sonho que veste a realidade, é desejo, atitude, expressão pessoal e disfarce.” A jornalista Érika PALOMINO (2007) costuma dizer que moda não é roupa, que é tudo menos a roupa. Moda é , portanto, um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia a dia a um contexto maior, político, social, sociológico. Para o estilista brasileiro Alexandre HERCHCOVITCH (2007),moda é muito mais do que tecidos costurados, para ele “moda é a maneira que eu escolhi de mostrar tudo aquilo que eu sinto, tudo aquilo que eu vivo. É tudo aquilo que você carrega, independente de ser roupa ou não.” O modo como as pessoas se apresentam é esteticamente formulado e daí essa relação com a Moda, que é o nome dado, para a maneira como as pessoas transformam seu corpo, constroem a sua identidade, através da materialidade do próprio corpo. Segundo definição de PIERCE trazida por Lucy NIEMEYER (2010): signo é algo que representa alguma coisa para alguém em determinado contexto. Portanto é inerente à constituição do signo o seu caráter de representação, de se fazer presente, de estar em lugar de algo, de não ser o próprio algo. O signo tem o papel de mediador entre algo ausente e um intérprete presente. A moda ao representar, exteriorizar, a subjetividade do indivíduo torna-se signo. Portanto, comunica algo para alguém. Não há comunicação sem propósito, o ato da comunicação sempre busca um interpretador, portanto não há comunicação inocente. A interpretação é sempre subjetiva, ou seja, está relacionada ao sujeito que percebe, seja ele o que se veste ou seja o que vê. Isto é, um significado desejado pelo que veste, pode ser interpretado de forma distinta pelos que as vêem,
  • 3. de acordo com suas idiossincrasias. Quando o indivíduo se veste está comunicando para o outro o que realmente é, ou o que gostaria, desejaria ser. Ao mesmo tempo em que é levado em conta o aparentar também é o aparecer, o vestir implica na auto-imagem e também na auto-estima. O indivíduo veste-se para si e para o outro. Neste vários sentidos da moda, vêem-se expressos os significados da Economia Criativa. Mas como identificarmos na grande Indústria que ampara o setor, o momento desta produção criativa? Como determinar o começo e o fim da criação? E como fazê-lo não na Moda, mas na Indústria da Moda, que compõe a Cadeia de Valor Têxtil e confecção, eis o desafio das autoras. A Indústria da Moda no mundo é indubitavelmente grandiosa. No Brasil, apesar de não ter a tradição dos grandes centros de moda europeus, tem demonstrado grande crescimento, em especial com a recuperação e ampliação do poder aquisitivo do povo brasileiro, na última década. O Brasil é o quinto produtor mundial de têxteis e o quarto produtor mundial de vestuário(RELATÓRIO SETORIAL DA INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA-IEMI,2011). Segundo a ABIT(Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção), “O setor têxtil do Brasil compreende mais de 30 mil empresas e gera 1,65 milhão de empregos em toda a cadeia que inclui fio, fibras, tecelagem e confecções”. Os dados da APEX BRASIL(2011) apontam que a Cadeia de Valor Têxtil e Confecção, investe US$1,4bilhão por ano em tecnologia e produtividade. Este potencial relacionado à Economia Criativa, poderia promover o fortalecimento dos bens culturais intangíveis, assim como trazer frescor e criatividade, autoria e inovação ao design de moda e outros processos constitutivos do binômio Moda e Economia Criativa. Referências Mesquita, C., 2004. Moda contemporânea: quatro ou cinco conexões possíveis. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi. Niemeyer, L., 2010. Elementos de semiótica aplicados ao design. 4 ed. Rio de Janeiro: 2AB. Palomino, E.,2002. A MODA.São Paulo:Publifolha. Plano da secretaria da economia criativa: politicas, diretrizes e ações, 2011-2014. Brasilia, Ministério da Cultura. Prado, M. 2011. Relatório setorial da indústria têxtil brasileira-IEMI. São Paulo, BR.