O documento discute virtudes e o exercício do poder. Aprendemos que virtudes requerem humildade e que poder e autoridade são delegados por Deus para promover evolução, não orgulho. Devemos amar inimigos, investir em virtudes diariamente e lembrar que, para Deus, não há superiores ou inferiores, apenas diferenças em virtudes.
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A virtude e os superiores e os inferiores
1.
2. Capítulo XVII – Sede Perfeitos - Itens 8 e 9
Devemos ficar atentos ao que nos é informado, não simplesmente aos itens
que são objetos do estudo, mas, também, as ligações desses itens com outros
capítulos e passagens de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
A VIRTUDE
“A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais
que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio,
modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as
acompanham pequenas enfermidades morais que as desornam e atenuam”.
( François-Nicolas-Madeleine )
Isto é, tiram os adornos, desfiguram e enfraquecem as qualidades (grifo
nosso).
3. Com estas palavras, o autor da mensagem quer dizer que nós, mesmo tendo
essas virtudes, ainda estamos sujeitos a pequenos deslizes, que prejudicarão
o brilho dessas mesmas virtudes. Fica bem claro que essa instrução se refere
à pessoas que, supomos, já dispõem de algumas virtudes, e não àquelas que
ainda estão engatinhando no processo evolutivo, e que não são possuidoras
de uma grande quantidade de virtudes.
Nós viemos a este mundo para deixarmos de lado as nossas imperfeições, os
nossos erros, e adquirir a verdadeira riqueza, o verdadeiro bem, que todos
nós precisamos para nossa evolução. E esse bem é a virtude moral. Riqueza
que ninguém pode retirar de nós, porque nos pertence.
4. Nós, que estamos interessados em aprender o Evangelho de Jesus, já estamos
em um nível diferente, porque já demonstramos estar com vontade de mudar
nossa orientação de comportamento, já estamos nos preparando para sermos
verdadeiros homens de bem. É claro que ainda falta muito, mas já
começamos a caminhada.
Quando não agimos discretamente, e ficamos alardeando o nosso feito,
tecendo elogios a nós mesmos, que somos isso ou aquilo, que fizemos tal
coisa, não estamos contribuindo para que tal virtude fique agregada a nós e
sim acrescentando mais um defeito, a falta de modéstia, acentuando o nosso
orgulho, comprometendo a nossa escalada evolutiva.
Em casos especiais, no meio de uma conversa, quando não pudermos evitar
de citar um fato de que tenhamos participado, isso deve ser feito da forma
mais natural possível, e não com o sentido de nos engrandecer.
5. Quando estamos trabalhando no sentido de melhorar as nossas virtudes, com
certeza estamos diminuindo as nossas más tendências.
A Doutrina Espírita é uma via de acesso ao conhecimento das leis divinas.
Ela nos dá explicações tão claras que podemos associar itens de diferentes
capítulos, como por exemplo: vamos fazer uma relação desse assunto
(virtude) com a Parábola dos Talentos. Embora a parábola faça referência a
uma coisa monetária, porque TALENTO era uma moeda naquela época, hoje
a palavra talento tem outra conotação, significa virtude. Então, quando nós
recebemos virtudes, seja uma, duas, ou cinco como na parábola, nós temos
que multiplicar essas virtudes. Agora, de que maneira vamos multiplicar
essas virtudes? Colocando-as em prática, diariamente. Temos que investir
nessas virtudes a todo momento.
6. Jesus diz na parábola que o senhor veio um dia cobrar dos seus servos o que
eles haviam feito com os talentos. A maioria das outras religiões e filosofias
interpreta essa cobrança que o senhor fez a seus servos como sendo um dia
específico no futuro, como elas dizem, no juízo final. Mas nós espíritas
sabemos que a cobrança em relação aos talentos que temos e o que estamos
fazendo deles, no caso virtudes, é diária. Por isso não podemos esperar um
dia específico para prestarmos contas. Temos que investir nesses talentos.
Não podemos escondê-los. Muitos recebem virtudes e não sabem o que fazer
com elas. E é nesse ponto que se dá a ligação da parábola dos talentos com o
assunto virtude.
Outro ensinamento relacionado com esse item é amar os nossos inimigos.
7. Jesus nos disse que para combatermos o nosso egoísmo, o nosso orgulho, e a
nossa vaidade, a melhor maneira de fazê-lo seria amar os nossos inimigos.
Quem ama o inimigo já está despojado de orgulho, de vaidade e de egoísmo.
Então, nós já podemos avaliar as nossas virtudes pelo amor que dermos aos
nossos inimigos.
Jesus não disse que a aplicação desses talentos teria sempre que ser
venturosa. Por isso, ao tentarmos por em prática a nossa virtude de amar os
nossos inimigos poderemos correr o risco de o plano não dar certo de
imediato. O nosso desafeto pode não querer, pode nos responder
grosseiramente. Mas é o risco que temos que correr. Nós temos que fazer a
nossa parte, que é investir. Se der certo, tudo bem. Se não der, tudo bem
também, porque nós fizemos a nossa parte, nós escolhemos o caminho certo.
8. A atitude básica de amar o nosso inimigo foi tomada. Agora, se o
investimento não deu certo, esse talento investido vai retornar de alguma
forma. Com certeza não vamos perdê-lo, porque fizemos uso daquilo que
aprendemos, e fizemos uso daquilo que estamos pregando.
Aqueles que se interessam em cultivar a prática da Doutrina Espírita, tem
que ter isso em mente. Nós sabemos que não é fácil, mas temos que fazer.
Essa é a fundamental prática que nos leva às virtudes.
Daí nós concluirmos que a virtude é o conjunto de todas as qualidades que
caracterizam o homem de bem. Constitui a meta de perfeição que um dia
todos atingiremos. Assim, quando verificarmos que já estamos crescendo em
moralidade num determinado ponto, devemos colocar em prática a nossa
humildade.
9. Devemos utilizar as poucas virtudes que já adquirimos para trabalharmos,
cada vez mais, para a nossa evolução e para a evolução daqueles que estão à
nossa volta, e nunca para nos gloficarmos e nos elevarmos, em relação aos
nossos irmãos. Como nos ensinou Jesus, aquele que se eleva será rebaixado,
e aquele que se abaixa será elevado.
Os Superiores e os inferiores
A autoridade, tanto quanto a riqueza, é uma delegação de que terá de prestar
contas aquele que se ache dela investido. Não julgueis que lhe seja ela
conferida para lhe proporcionar o vão prazer de mandar; nem, conforme o
supõe a maioria dos potentados da Terra, como um direito, uma propriedade.
(François-Nicolas-Madeleine)
10. O Espírito mensageiro nos alerta dizendo que a autoridade tanto quanto a
riqueza é um empréstimo que nos é concedido como ferramenta para a nossa
evolução espiritual. Deus delega ao homem essas condições para que ele as
utilize em favor do próximo. Autoriza a agir, mas cobra atitude correta. Isto
é, nos responsabiliza pelo resultado daquilo que fazemos. A cobrança é tanto
maior, quanto maior for o conhecimento da verdade, que já estiver
desenvolvido em cada um de nós. Por isso, quando estivermos numa situação
de mando, de comando, tendo subordinados, não devemos esquecer que
temos almas a nosso cargo, que somos parcialmente responsáveis pelo mal
que eles venham a praticar, assim como, o bem que venham fazer, pois
aprenderam conosco.
11. A autoridade, que é representada pelo poder temporário, é outra prova difícil
de ser suportada. Pois, às vezes, aqueles que detêm o poder deixam que a
ilusão do orgulho turve sua visão para a sua real destinação. E o uso
indiscriminado do poder aprisiona o homem em grilhões de muito
sofrimento.
O poder é conferido por Deus como missão ou prova, para sermos testados
em nossas aquisições de luz, a fim de podermos galgar patamares mais
elevados. Esse poder é para ser usado com humildade, para a evolução do
mundo, e pode ser retirado a qualquer momento.
Para Deus não há superiores nem inferiores. As diferenças estão nas virtudes
que possuímos.
12. Nós já sabemos que a destinação do homem é o bem. Por isto, toda missão,
toda prova que ele recebe tem como objetivo a sua evolução. Se ele se deixar
vencer pela vaidade, pelo orgulho, com certeza ele estará falindo na sua
tarefa.
Haverá um momento em que todos nós teremos que prestar contas daquilo
que fizemos aqui na Terra. Seja na prova da riqueza, seja na prova do poder.
E a criatura que se deixou iludir pela condição de mando, não cumprindo sua
destinação aqui na Terra, terá que responder por que não empregou bem o
seu dom, no sentido de proporcionar novas oportunidades de trabalho,
distribuindo justiça, gerando a evolução e o progresso dos outros
semelhantes.
13. O superior verdadeiramente superior não teme ombrear-se com os humildes,
seus comandados, e auxilia-os nos trabalhos sempre que for necessário. Sabe
que se algo é necessário fazer deve ser feito, e realiza sem se preocupar com
posto ou conveniência. Este é o verdadeiro servidor de seu irmão, conforme
asseverou Jesus: “O que quiser ser maior no reino dos céus, seja este o
servidor de todos”. Por outro lado, os inferiores também têm um dever a
cumprir, e a sua conduta, seu proceder, deve ser de um subordinado que ele
gostaria de ter caso fosse o chefe.
O nosso amanhã será preenchido com os valores de hoje. Ou seja, seremos
tratados amanhã conforme tratamos hoje aqueles sobre os quais exercemos
nossa autoridade. Hoje nós podemos estar dando ordens, amanhã teremos
que obedecer e, normalmente, na mesma medida que foi exercida a
autoridade.
14. Portanto, devemos ensinar aos nossos subordinados que a vida é um
condomínio que compartilhamos com os outros nossos semelhantes, e
estimulá-los com nosso exemplo.
Daí nós concluirmos que cargos e funções de comando são talentos dados
por Deus à criatura para seu próprio crescimento. Em qualquer posição que
estejamos na vida, façamos o melhor. E Deus, que trata a todos com justiça e
bondade, nos acrescentará tudo mais de que necessitamos.
Muita Paz!
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